Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
PLANO DE TRABALHO
PIBIC/PIBIC-AF/PIBITI (PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA)
Início Previsto: 01/10/2023
Término Previsto: 30/09/2023
4. INTRODUÇÃO
A DA foi descoberta pelo Dr. Aloïs Alzheimer, que em 1907 observou e descreveu a
ampla distribuição de placas amiloides e emaranhados neurofibrilares hiperfosforilados
presentes em cérebros de pessoas que apresentavam os sintomas desta doença (Kumar et al.,
2014). Após 112 anos desde a sua descoberta, a DA ainda permanece sem efeitos causais bem
estabelecidos, com o surgimento de várias hipóteses ao longo do tempo. Dentre as diferentes
hipóteses relacionadas aos diversos agentes causais, nos últimos 20 anos a hipótese da cascata
amiloide é a que tem predominado, fornecendo explicações para o período silencioso de eventos
que precedem a fase clínica e sintomática da doença (Kumar, et al., 2014; Strooper e Karran,
2016). Neste modelo, o principal fator associado com o surgimento da doença são os depósitos
de formas insolúveis do peptídeo β-amiloide (βA) nas paredes dos vasos sanguíneos cerebrais,
o que está associado com angiopatia cerebral amiloide e no espaço extracelular, levando à
formação das placas neuríticas, além do surgimento de emaranhados neurofibrilares
intracelulares derivados da agregação da proteína microtubular TAU hiperfosforilada (Masters
et al.,2015; Kumar et al., 2014).
Ao longo dos anos houve o surgimento de outra hipótese, a colinérgica, onde distúrbios
cognitivos presentes na DA podem estar relacionados às falhas no sistema colinérgico. Estudos
que avaliaram os níveis de importantes biomarcadores para DA, tal como níveis de Acetilcolina
(ACh), das enzimas Colina Acetiltransferase (ChAT) e Acetilcolinesterase (AChE)
demonstraram uma diminuição dos níveis dos respectivos biomarcadores no cérebro, de
indivíduos com DA, sinalizando decréscimo na função colinérgica (Gil-bea et al., 2004).
Juntamente com a vasta incidência da doença e crescentes gastos com a mesma, é de extrema
preocupação a necessidade de desenvolver terapias que retardem o progresso da doença para
melhorar a qualidade de vida dos pacientes com DA, seus familiares e cuidadores.
Desde 1998 pesquisadores têm se dedicado à pesquisa e desenvolvimento de fármacos
para a DA, entretanto, em 21 anos de pesquisa, apenas 100 fármacos foram testados e somente
quatro foram aprovadas para uso (Prince et al., 2018). Existem duas classes de fármacos
aprovados para o tratamento do Alzheimer, os inibidores de colinesterase (ChEis) e um
antagonista dos receptores NMDA, a Memantina (Masters et al., 2015; Kumar et al., 2014). Os
inibidores de colinesterase constituem a primeira estratégia farmacológica desenvolvida para o
tratamento da doença, atuando no tratamento dos sintomas relacionados à memória,
pensamento e linguagem (Silva et al., 2014). Estes fármacos atuam inibindo a AChE, principal
responsável por hidrolisar o neurotransmissor acetilcolina, e a butirilcolinesterase (BChE)
responsável por hidrolisar a butirilcolina (BCh), mas também realiza a degradação de ACh,
entretanto, possui menor afinidade pela mesma, promovendo sua hidrólise em menor escala e
assim, desempenha menor participação na manutenção dos níveis sinápticos de ACh. Ao inibir
a AChE, os fármacos reduzem o metabolismo extra-sináptico de ACh, fazendo com que este
neurotransmissor demore mais tempo para ser hidrolisado em acetato e colina (Figura 1),
permanecendo mais tempo na fenda sináptica, e dessa forma, ocorre a elevação dos níveis de
ACh, aumentando a estimulação pós-sináptica. (Marsters et al., 2015; Kandiah et al., 2017;
Ventura et al., 2010; Silva et al., 2014).
O O
N AChE N +
O HO O
Acetilcolina Colina Acetato
Figura 1. Processo de hidrólise da Acetilcolina catalisado pela Acetilcolinesterase (AChE).
Figura 3. Estrutura molecular da L-Hipaforina, Neostigmina e Acetilcolina, com o grupo amônio quaternário.
5. JUSTIFICATIVA
Em 2015, o número total de pessoas idosas no mundo estava estimado em 900 milhões
de pessoas. Com o aumento da expectativa de vida e a redução na taxa de mortalidade de
pessoas idosas, a longevidade humana aumentou consideravelmente. Com o aumento da
longevidade, as doenças crônicas tornaram-se mais proeminentes na população acima dos 60
anos (Prince et al., 2015). Em 2015, existiam 46,8 milhões de pessoas com a doença de
Alzheimer (DA) no mundo. A perspectiva é que este número aumente para 1,15 milhões em
2030 e 2,05 milhões em 2050, o que corresponde a um aumento de 172% apenas no continente
Sul-Americano (Prince et al., 2015).
Segundo o relatório Alzheimer’s Disease International de 2018, existem 50 milhões de
pessoas no mundo com a DA e os números estimados para 2030 e 2050 são de 82 milhões e
152 milhões, respectivamente (Prince et al., 2018) e um em cada dez idosos com idade ≥65
possui a DA (Hou et al., 2019). Com o aumento crescente do número de pessoas acometidas
com o mal de Alzheimer, houve aumento nos gastos destinados ao tratamento da doença. Em
2015, os gastos mundiais com a doença de Alzheimer foram estimados em US$ 818 bilhões
(Prince et al., 2015), atingindo US$ 1 trilhão em 2018 e com a possibilidade de alcançar US$ 2
trilhões em 2030 (Prince et al., 2018).
Juntamente com outros países da América Latina, o Brasil vem passando por constantes
mudanças em seu perfil populacional nas últimas décadas. Segundo dados do World population
prospects de 2019 a população brasileira estava estimada em aproximadamente 212 milhões de
pessoas e deste total, aproximadamente 9,6% corresponde a população com idade ≥ 65 anos,
totalizando aproximadamente 20,3 milhões, e estima-se que em 2030 13,6% da população
Coordenadoria de Pesquisa - PROPP
Cidade Universitária, s/n - Caixa Postal 549 - Fone: 067xx 3345-7193 - Fax 067xx 3345-7190
CEP 79070-900 - Campo Grande (MS)
http://www.propp.ufms.br e-mail: inic.propp@ufms.br
República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
6. OBJETIVOS
6.1. Objetivo Geral
Contribuir com o desenvolvimento de potenciais fármacos para o tratamento de doenças
neurodegenerativas
7. METODOLOGIA
A síntese dos ésteres (2) será realizada através da reação descrita no Esquema 1.
Incialmente, o L-tripatofano será diluído no álcool (ROH) e então, será adicionado o cloreto de
tionila (SOCl2) como catalizador da reação. Neste sentido, o SOCl 2 terá a função de formar
cloretos de ácidos in situ, ativado o grupo do ácido carboxílico para que o nucleófilo (ROH)
realize o ataque à carbonila (RAM e MEHER, 2000). O monitoramento das reações será feito
através de placas de cromatografia em camada delgada (CCD). Os meios reacionais serão
extraídos com acetato de etila, a fase orgânica será lavada com solução saturada de cloreto de
Coordenadoria de Pesquisa - PROPP
Cidade Universitária, s/n - Caixa Postal 549 - Fone: 067xx 3345-7193 - Fax 067xx 3345-7190
CEP 79070-900 - Campo Grande (MS)
http://www.propp.ufms.br e-mail: inic.propp@ufms.br
República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
sódio, seca com sulfato de sódio anidro e o solvente será evaporado a pressão reduzida. Se
necessário, os produtos obtidos serão purificados por meio de coluna cromatográfica utilizando
sílica gel 60 como fase estacionária e um eluente (fase móvel) apropriado ou através de placa
preparativa usando sílica gel 60 F254.
09) CRONOGRAMA
Mês
Atividade
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Revisão bibliográfica X X X X X X X X X X X X
Obtenção dos ésteres 2a-c X X X X
Obtenção dos ésteres 2d-f X X X X
Obtenção dos ésteres 2g-i X X X X
Purificação dos compostos
X X X X X X X X X X
obtidos
Identificação estrutural dos
X X X X X X X X X X X
compostos sintetizados
Elaboração de relatórios,
X X X X X X X X
resumos e artigo
HOU, Y.; DAN, X.; BABBAR, M.; WEI, Y.; HASSELBALCH, S.G.; CROTEAU, D.L.; BOHR, V.A.
Nature reviews neurology, v. 15, p. 565-581, 2019.
INMAN, M.; MOODY, C.J. Chemical Science, v.4, p. 29-41, 2013.
ISHII, M.; IADECOLA, C. Cell Metabolism, v. 22, p. 761-776, 2015.
KANDIAH, N.; PAI, M.C.; VORAPUN, S.; LOOI, I.; AMPIL, E., et al. Clinical Interventions in
Aging, v. 12, p. 697-707, 2017.
KIA, Y.; OSMAN, H.; KUMAR, R.S.; MURUGAIYAH, V., et al. Bioorganic & Medicinal
Chemistry, v. 21, p. 1696-1707, 2013.
KUMAR, A.; SINGH, A.; EKAVALI. Pharmacological Reports, v. 67, p. 195-203, 2014.
MASTERS, C.L.; BATEMAN, R.; BLENNOW, K.; ROWE, C.C.; SPERLING, R.A.; CUMMINGS,
J.L. Alzheimer’s disease. v. 1, p. 1-18, 2015.
PRINCE, M. et al. Alzheimer’s Disease International. The global impact of dementia: Na analysis of
prevalence, incidece, cost and trends. 2015.
PRINCE, M., et al. Alzheimer’s Disease International. World Alzheimer Report. London:
Alzheimer’s Disease International. 2018.
RAM, R. N.; MEHER, N. K. Journal of Chemical Research, v. 6, p. 282-283, 2000.
SCHELTENS, P.; BLENNOW, K.; BRETELER, M.M.B; STROOPER, B.D.; FRISONI, G.B.;
SALLOWAY, S.; FLIER, W.M.V.D. The Lancet, v. 388, p. 505-517, 2016.
SERENIKI, A.; VITAL, M. A. B. F. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 30, p. 1-17,
2008.
SILVA, T.; REIS J.; TEIXEIRA J, et al. Ageing Research Reviews, v.15, p. 116-145, 2014.
STROOPER, B. D.; KARRAN, E. Cell, v. 164, p. 603-615, 2016.
UNITED NATIONS, Department of Economic and social affairs, Population Division (2019) World
Population Prospects, v. 1, 2019.
VENTURA, A. L. M.; ABREU, P.A.; FREITAS, C.C.R.; SATHLER, P.C.; LOURREIRO, N.;
CASTRO, H.C. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 37, p. 66-72, 2010.
YONEKAWA, M. K., PENTEADO, B. D. B., RODRIGUES, A. D. O., LOURENÇO, E. M.,
BARBOSA, E. G., DAS NEVES, S. C., DE OLIVEIRA, R. J.; MARQUES, M. R.; SILVA, D. B.; DE
LIMA, D. P.; BEATRIZ, A.; OSES, J. P.; JAQUES, J. A. S.; DOS SANTOS, E. D. A. Bioorganic &
Medicinal Chemistry Letters, v. 47, 128206, 2021.
YU, Q.S.; HOLLOWAY, H.W.; LUO, W.; LAHIRI, D.K., et al. Bioorganic & Medicinal Chemistry,
v.18, p. 4687-4693, 2010.