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Túlio, nascido em 01/01/1996, primário, começa a namorar Joaquina, jovem que recém

completou 15 anos. Logo após o início do namoro, ainda muito apaixonado, é


surpreendido pela informação de que Joaquina estaria grávida de seu ex-namorado, o
adolescente João, com quem mantivera relações sexuais. Joaquina demonstra toda a sua
preocupação com a reação de seus pais diante desta gravidez quando tão jovem e, em
desespero, solicita ajuda de Túlio para realizar um aborto. Diante disso, no dia
03/01/2014, em Porto Alegre, Túlio adquire remédio abortivo cuja venda era proibida
sem prescrição médica e o entrega para a namorada, que, de imediato, passa a fazer uso
dele. Joaquina, então, expele algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o
feto. Os pais presenciam os fatos e levam a filha imediatamente ao hospital; em
seguida, comparecem à Delegacia e narram o ocorrido. No hospital, foi informado pelos
médicos que, na verdade, Joaquina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o
que fora expelido não era um feto. (crime impossível) Após investigação, no dia
20/01/2014, Túlio vem a ser denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o Art. 14,
inciso II, ambos do Código Penal, perante o juízo do Tribunal do Júri da Comarca de
Porto Alegre/RS, (absolvição) não sendo oferecido qualquer instituto despenalizador,
apesar do reclamo defensivo. A inicial acusatória foi recebida em 22/01/2014. Durante a
instrução da primeira fase do procedimento especial, são ouvidas as testemunhas e
Joaquina, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. As partes
apresentaram alegações finais orais, e o juiz determinou a conclusão do feito para decisão.
Antes de ser proferida decisão, mas após manifestação das partes em alegações finais,
foram juntados aos autos o boletim de atendimento médico de Joaquina, no qual
consta a informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de
Antecedentes Criminais de Túlio sem outras anotações e um exame de corpo de delito,
que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na adolescente. Com a juntada
da documentação, de imediato, sem a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu
decisão de pronúncia nos termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual
seja, 18 de junho de 2018, segunda-feira, ocasião em que as partes foram intimadas.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Túlio, redija
a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição,
considerando-se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. (Valor:
5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DO


TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS

Túlio, já devidamente qualificado nos autos do processo crime n°..., que lhe move a Justiça
Pública, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, não se conformando com a respeitável decisão que o pronunciou, interpor
Recurso em Sentindo Estrito, com fulcro no artigo 581, IV, do CPP

Requer que o presente recurso seja recebido e processado, com a reforma da decisão
impugnada em juízo de retratação, nos termos do artigo 589, CPP. Caso Vossa Excelência,
entenda que a respeitável decisão deve ser mantida, requer que seja encaminhado o recurso,
com as inclusas razões, ao Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Termos em que,

pede deferimento.

Local, 25 de junho de 2018.

Advogado...

OAB n°...

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Recorrente: Túlio

Recorrido: Justiça Pública

Processo crime n°...

Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,

Colenda Câmara,

Douto Procurador de Justiça.

Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz a quo, impõe-se a reforma da
respeitável sentença que pronunciou o Recorrente, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

I. DOS FATOS:

II. DO DIREITO:

PRESCRIÇÃO DA PRETENSAO PUNITIVA

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ARTIGO 107, IV, CP


A PRESCRIÇÃO OCORREU PORQUE, ENTRE A DATA DO RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA E DA PRONÚNCIA FOI ULTRAPASSADO O PRAZO DE 4 ANOS OU O
PRAZO DE 4 ANOS FOI ULTRAPASSADO PORQUE O PRAZO PRESCRICIONAL
DEVERIA SER COMPUTADO PELA METADE, JÁ QUE O RÉU ERA MENOR DE 21
ANOS

Nulidade em razão do não oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo -


at. 89, Lei 9.099

Nulidade em razão do cerceamento de defesa OU violação ao princípio da ampla defesa OU


violação ao princípio do contraditório, JÁ QUE O JUIZ PROFERIU DECISÃO APÓS
JUNTADA DE DOCUMENTAÇÃO, SEM DAR VISTA ÀS PARTES

Absolvição sumária - art. 415, III, C

O Recorrente deve ser absolvido do crime imputado a ele, uma vez que há ineficácia
absoluta do meio. Neste sentido, estamos diante do instituto crime impossível, previsto no
artigo 17, CP, que prevê que não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio, é impossível consumar-se o crime. No caso concreto, a vítima utilizou-se de remédio
abortivo fornecido pelo Recorrente, no entanto, a mesma não estava grávida, sendo
constatado pelos médicos que ela não estivera grávida no momento dos fatos. Além do
mais, foi constatado através de exame de corpo de delito que não causou na vítima nenhum
tipo de lesão.

Assim, não há que se falar na tentativa do crime de aborto provocado por terceiro, ou seja, a
tipificação imputada ao Recorrente (Art. 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do
Código Penal), visto que a vítima não estava grávida em nenhum momento, havendo a
ineficácia absoluta do meio OBJETO, pois nenhum bem jurídico foi lesado.

Desta forma, o Recorrente deve ser absolvido, nos termos do artigo 386, III, CPP, em vista
da atipicidade do crime, por circunstancia do fato ser considerado crime impossível previsto
no artigo 17, CP.

Subsidiariamente, caso não seja o entendimento desta Colenda Câmara, que a pena do
Recorrente seja reduzida para o mínimo legal, visto que o mesmo é primário, não
apresentando nenhuma circunstancia judicial negativa, artigo 59, CP.

Ainda, requer a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito, visto
que a pena mínima aplicada não é superior a 4 anos, o crime não foi cometido com
violência ou grave ameaça, o réu é primário, e ainda, as circunstancias indicam que essa
substituição é suficiente, artigo 44, CP.

Ademais, sendo o caso de condenação do Recorrente, requer que seja deferido o regime
inicial de cumprimento de pena o aberto, conforme dispõe o artigo 33, “c”, CP, haja vista a
pena de 4 anos.
Por fim, requer que o Recorrente exerça o seu direito de recorrer em liberdade, conforme
prevê o artigo 5°, inciso LVII,CF.

III. DOS PEDIDOS.

Ante o exposto requer que seja conhecido e provido o recurso, a absolvição do Recorrente,
nos termos do artigo 386, III, CPP, caso não seja este o entendimento, requer a redução da
pena para o mínimo legal, já que o Recorrente apresenta circunstancias judiciais positivas,
artigo 59, CP.

Ainda, requer a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito, artigo
44, CP.

Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelencia, requer que o Recorrente cumpra a
sua pena no regime inicial aberto, artigo 33, “c”, CP.

Por fim, requer que o Recorrente exerça o seu direito de recorrer em liberdade, conforme
prevê o artigo 5°, inciso LVII,CF.

Termos em que,

pede deferimento.

Local, XXXX de XXXXX.

Advogado...

OAB n°...

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