Você está na página 1de 1

“Quando ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito, duas

ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou


passivamente, conforme previsto no art. 113, inc. II, do Código de Processo Civil. O
juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na
fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento
da sentença.”

Acórdão 1062434, 07119613220178070000, Relator: CESAR LOYOLA, 2ª Turma


Cível, data de julgamento: 22/11/2017, publicado no DJE: 6/12/2017.

“Embora parte da doutrina entenda que em qualquer situação cabe ao juiz analisar a
viabilidade do litisconsórcio multitudinário, e, se for o caso, determinar o
desmembramento, é preciso fazer algumas ponderações.

Se o litisconsórcio puder comprometer a rápida solução do litígio, entendo que o


desmembramento dependerá de requerimento do réu, já que os eventuais prejuízos
em razão do número excessivo de autores serão suportados exclusivamente por ele.
Na hipótese de o juiz acatar o pedido de limitação sob esse fundamento, o prazo para
resposta será interrompido e recomeçará a correr da intimação da decisão (art. 113, §
2º).

Por outro lado, tratando-se de litisconsórcio que dificulte o cumprimento da sentença, a


limitação deverá ser pleiteada por aquele que sair vitorioso no processo, ou seja, pela
parte que quiser buscar a satisfação do conteúdo decisório.

Com relação à última hipótese, a providência poderá ser requerida pela parte
interessada (certamente o autor) ou determinada de ofício pelo juiz. O problema é que,
sendo o desmembramento de iniciativa do magistrado, este deverá oportunizar a
manifestação das partes, conforme determina o art. 10 do novo CPC. Nesse caso,
dependendo do número de litigantes, a intimação das partes poderá ter efeito reverso,
comprometendo a celeridade do processo. Deve-se, então, fazer um sopesamento
entre o direito de ação conferido aos litigantes e o comprometimento da celeridade
processual.

Vale observar que não há regra apriorística a respeito do litisconsórcio ativo


multitudinário. O número ideal e possível de litigantes deverá ser sempre determinado
diante do caso concreto, tendo em vista que cada demanda encerra peculiaridades e
características próprias que as distinguem das demais. O que se deve levar em conta
para limitação do litisconsórcio é a eventualidade de se comprometer a celeridade, a
efetividade ou a amplitude do direito de defesa.”

(DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil – 22. ed. – São Paulo:
Atlas, 2019, p. 272)

O § 1º do art. 113 – que se refere exclusivamente aos casos de litisconsórcio


facultativo – impõe a limitação do litisconsórcio quando não se confirmar, no caso
concreto, pressuposição de que o litígio conjunto tornará mais eficiente a atuação do
Estado-juiz sem prejuízo das garantias inerentes aos litigantes, inclusive a ‘ampla
defesa’. É feliz nesse sentido o texto do referido dispositivo ao estabelecer que a
limitação deve se dar sempre que o litisconsórcio ‘... comprometer a rápida solução do
litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença’.

(BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: volume único – 5. ed.
– São Paulo : Saraiva Educação, 2019, p. 190)

Você também pode gostar