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Mesmo reconhecida por decisão judicial que aos herdeiros de sócio falecido é

assegurada a apuração de haveres na data da morte do sócio, esses não têm o


direito de interferir na gestão da empresa e de fiscalizar os atos empresariais. Em
recurso de Apelação, os herdeiros de sócio falecido pretendem fiscalizar as contas e
os balanços das empresas rés, bem como impedir que os sócios supérstites
pratiquem qualquer ato de diminuição do patrimônio destas empresas. Para a
Turma, a sucessão societária não se confunde com a sucessão hereditária. O
Relator explicou que, uma vez extinto o vínculo societário pelo falecimento do sócio,
surge para os herdeiros o direito de, liquidadas as cotas do sócio falecido e
apurados seus haveres, receberem a parte que a ele cabia no patrimônio da
sociedade quando faleceu. O Magistrado fundamentou que, consoante o art. 1.028
do Código Civil, no caso de morte de sócio deve ocorrer, de regra, a resolução da
sociedade em relação àquele sócio, liquidando-se a sua cota e, desde a dissolução
parcial, os herdeiros do sócio falecido não mais participam nos resultados da
sociedade. Desta feita, para o Desembargador, mesmo se reconhecido por decisão
judicial que aos herdeiros do sócio falecido de sociedade empresarial é assegurada
a apuração de haveres na data da morte do sócio, a esses não assiste o direito de
interferir na gestão da empresa e nem de participar dos lucros e perdas posteriores
à data da morte.

Acórdão n. 885861, 20120110714087APC, Relator: JAIR SOARES, Revisor: JOSÉ


DIVINO DE OLIVEIRA, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 05/08/2015, Publicado
no DJE: 13/08/2015. Pág.: 196

AÇÃO DE COBRANÇA – HERDEIROS DE SÓCIO FALECIDO QUE PRETENDEM


RECEBER LUCROS E "PRO LABORE" RELATIVAMENTE A PERÍODO
POSTERIOR AO FALECIMENTO - INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DA EMPRESA
RÉ AO PAGAMENTO DE LUCROS E "PRO LABORE" AOS HERDEIROS DO
SÓCIO FALECIDO APÓS O ÓBITO – Contrato social que não previu o ingresso dos
herdeiros no quadro societário – Além disso, os haveres devidos aos herdeiros do
sócio falecido já constituem objeto de cumprimento de sentença, resultante de ação
de dissolução parcial de sociedade -– Se o espólio ou os herdeiros nunca integraram
o quadro societário, não lhes assiste o direito de postular lucros ou "pro labore" após
o falecimento do sócio. Não há, pois, que se falar em direito de cobrança de tais
valores no período de 1998 a 2010. E estando o feito em condições de julgamento
pelo mérito, julga-se improcedente a ação intentada pelos autores apelantes, nos
termos do art. 1.013, § 3º, CPC – RECURSO DESPROVIDO.

(TJ-SP - AC: 10058677420208260577 SP 1005867-74.2020.8.26.0577, Relator:


Sérgio Shimura, Data de Julgamento: 10/08/2021, 2ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial, Data de Publicação: 13/08/2021)

Conheço do agravo para não conhecer do recurso especial.

(STJ - AREsp: 2217724, Relator: MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de


Publicação: 03/11/2022)

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