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OFICINA DE DISCURSIVAS

DELEGADO PCSP

LÚCIO VALENTE
SUMÁRIO

RODADAS DE SIMULADOS PCSP 3


MAPA INCIDÊNCIA DISCURSIVAS VUNESP 4
DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL 4
INFORMAÇÕES SOBRE A BANCA 6
ESTRATÉGIAS DE PREPARAÇÃO 7
TÉCNICAS PARA REDIGIR RESPOSTAS EM PROVAS DISCURSIVAS 7
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL
EXEMPLOS DE QUESTÕES VUNESP 14
DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO 24
DIREITOS HUMANOS 36
RODADAS DE SIMULADOS PCSP 46

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RODADAS DE SIMULADOS PCSP

INÍCIO: 18/09/2023

https://materiais.vouserdelegado.com.br/rodada-de-simulados-pcsp

Jean: 61992711323 (Jean)

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MAPA INCIDÊNCIA DISCURSIVAS VUNESP

DIREITO PENAL, PROCESSO PENAL

● Magistratura Estadual - TJSP - Ano: 2019 - Banca: VUNESP - Direito Penal -


Princípios - Princípio da Insignificância
● Delegado de Polícia - Concurso: PCCE - Ano: 2014 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Penal - Assunto: Crime de Dano
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Penal - Assunto: Dolo
● Defensoria Pública Estadual - Concurso: DPE-MS - Ano: 2014 - Banca:
VUNESP - Disciplina: Direito Penal - Assunto: Conceitue os elementos objetivos,
normativos e subjetivos do tipo
● Ministério Público Estadual - Concurso: MPE-ES - Ano: 2013 - Banca:
VUNESP - Disciplina: Direito Penal - Assunto: Princípio da Correlação
● Ministério Público Estadual - Concurso: MPE-ES - Ano: 2013 - Banca:
VUNESP - Disciplina: Direito Penal - Assunto: Crimes Contra o Patrimônio (Furto)
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Penal - Assunto: Crime Eleitoral
● Ministério Público Estadual - Concurso: MPE-ES - Ano: 2013 - Banca:
VUNESP - Disciplina: Direito Penal - Assunto: Crimes - Crimes Contra a Dignidade
Sexual
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Penal - Assunto: Crimes Ambientais
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Penal - Assunto: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Provas

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● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Provas
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Provas
● Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Provas
● Delegado de Polícia - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal - Crimes -
Crime de violência institucional, previsto no artigo 15-A da Lei no 13.869/2019l.
● Ministério Público Estadual - MPE-RJ - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal -
Crimes - Lei de Drogas
● Ministério Público Estadual - MPE-RJ - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal -
Crimes Homicídio qualificado mediante tortura e tortura qualificada pela morte;
Lesão corporal qualificada pelo aborto e aborto provocado por terceiro, qualificado
por lesão corporal de natureza grave.
● Magistratura Estadual - TJSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal - Crimes
- Discorra a respeito do feminicídio (Lei no 13.104/2015),
● Ministério Público Estadual - MPE-RJ - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal -
Lei Maria da Penha
● Ministério Público Estadual - MPE-SP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal -
Aplicação da Pena - Reincidência
● Ministério Público Estadual - MPE-SP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal -
Aplicação da Pena -anistia, graça e indulto.
● Ministério Público Estadual - MPE-SP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal -
Crimes - Direito Penal O candidato deve dissertar sobre o tema “Tortura, Direito
Penal e a Dignidade Da Pessoa Humana
● Políca Civil - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal - Crimes Contra o
Patrimônio
● Políca Civil - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal - Furto
● Delegado de Polícia - PCRR - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Penal - Lei de
Abuso de Autoridade

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INFORMAÇÕES SOBRE A BANCA

Nota-se que a VUNESP cobrou assuntos ligados a leis mais recentes, como a Lei
de Abuso de Autoridade e a Lei 13.104/2015 sobre feminicídio. Isso sugere que a
banca tem uma inclinação para abordar temas que são contemporâneos ou que
tenham tido mudanças legislativas recentes.

Temas Clássicos vs. Temas Específicos: Enquanto a banca cobre assuntos


clássicos como "Dolo", "Princípio da Insignificância" e "Crime de Dano", ela também
entra em detalhes mais específicos como "Crime de violência institucional" e temas
específicos da legislação, como "Lei Maria da Penha" e "Lei de Drogas".

Variedade de Assuntos: Dentro do Direito Penal, a banca parece cobrir uma ampla
variedade de tópicos, desde princípios gerais, crimes contra o patrimônio, crimes
contra a dignidade sexual, até crimes ambientais. No entanto, certos assuntos,
como crimes contra o patrimônio, aparecem mais frequentemente.

Interdisciplinaridade: Algumas questões parecem buscar uma reflexão


interdisciplinar, como "Tortura, Direito Penal e a Dignidade Da Pessoa Humana". Isto
pode indicar uma tendência da banca em avaliar a capacidade do candidato de
relacionar diferentes áreas do direito ou abordar assuntos sob múltiplas
perspectivas.

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ESTRATÉGIAS DE PREPARAÇÃO

Atualização Legislativa: É fundamental se manter atualizado sobre as alterações


legislativas e novas leis, dada a tendência da VUNESP em cobrar assuntos
recentes.

Revisão de Assuntos Recorrentes: Concentre-se na revisão de tópicos que foram


repetidamente cobrados em anos anteriores.

Temas Contemporâneos e Debates Atuais: Dada a tendência de cobrar temas


interdisciplinares ou que estejam em voga no debate jurídico, é interessante
também acompanhar os debates atuais em jornais, revistas jurídicas e outros meios.

Resolução de Provas Anteriores: Uma das melhores formas de entender o padrão


da banca é resolvendo questões de concursos anteriores.

TÉCNICAS PARA REDIGIR RESPOSTAS EM PROVAS DISCURSIVAS

Apresentamos a seguir um material que aborda técnicas de redação para questões


discursivas, utilizando o silogismo jurídico como uma ferramenta poderosa para a
estruturação das respostas. Com base nas informações fornecidas, vamos explorar
como você pode melhorar seus textos e aumentar sua nota nas provas.

Como Estruturar a Resposta:

O silogismo jurídico é composto por três partes essenciais: a premissa maior


(constituição e leis), a premissa menor (análise do fato em confronto com a
premissa maior, utilizando as três mulheres: lei, doutrina e jurisprudência) e a
conclusão (desfecho com o posicionamento solicitado).

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1. Premissa maior: A premissa maior é a norma jurídica geral e abstrata que serve
como base para a argumentação. É a lei ou princípio que estabelece uma regra a
ser seguida. Por exemplo:

Premissa maior: A Constituição Federal estabelece que todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza.

2. Premissa menor: A premissa menor é a análise do caso concreto em confronto


com a premissa maior. É a aplicação da norma à situação específica em análise.
Por exemplo:

Premissa menor: No caso em questão, uma empresa discriminou um candidato a


emprego com base em sua orientação sexual, o que configura uma violação do
princípio constitucional da igualdade.

3. Conclusão: A conclusão é o desfecho lógico obtido a partir das premissas. É a


resposta ou posicionamento que se alcança ao aplicar a norma ao caso concreto.
Por exemplo:

Conclusão: Diante da discriminação ocorrida, a empresa deve ser responsabilizada


e deve-se assegurar ao candidato seus direitos à igualdade e à não discriminação,
conforme previsto na Constituição.

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Vantagens do Silogismo Jurídico:

● Proporciona uma estrutura clara e lógica para a resposta.


● Facilita a organização do raciocínio jurídico, seguindo uma sequência lógica
de argumentação.
● Permite uma análise sistemática dos fatos e das normas, garantindo maior
precisão e fundamentação nas respostas.

Para começar as premissas de uma peça jurídica, você pode usar as seguintes
frases:

1. Premissa Maior:

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a) "De acordo com a normatividade legal e os princípios constitucionais em
vigor..."

b) "Levando em consideração as disposições da Constituição e as normas


correlatas..."

c) "Com base nos princípios constitucionais e na legislação aplicável..."

d) "Considerando a Constituição e as normas pertinentes ao caso..."

e) "Com fulcro nos princípios constitucionais e nas normas atinentes à situação..."

2. Premissa Menor:

a) "Analisando o fato em questão..."

b) "Ao examinar o caso específico em tela..."

c) "Na análise do evento ocorrido..."

d) "Considerando os fatos concretos que se apresentam..."

e) "Diante do cenário fático em destaque..."

3. Conclusão:

a) "Por consequência, conclui-se que..."

b) "Portanto, é evidente que..."

c) "Dessa forma, infere-se que..."

d) "Nesse sentido, deduz-se que..."

e) "Logo, pode-se afirmar que..."

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Como Aumentar sua Nota na Prova:

1. Use Elementos de Entrada: Inicie o texto destacando o contexto do problema


apresentado, utilizando expressões como "Inicialmente" ou "Cuida-se de". Isso
ajuda a contextualizar a situação e a direcionar o raciocínio.

2. Utilize Elementos de Coesão: Para conectar as ideias e tornar o texto mais coeso,
utilize expressões como "Dessa forma", "Desse modo" ou "Além disso". Isso facilita
a compreensão do leitor e torna a argumentação mais clara.

3. Mencione as Três Mulheres: Ao analisar o fato, leve em consideração a


legislação, a doutrina e a jurisprudência relacionadas ao tema. Isso fortalece sua
fundamentação e demonstra um embasamento sólido em suas argumentações.

4. Utilize Frases Curtas: Evite frases muito longas e complexas, optando por frases
curtas e diretas. Isso facilita a leitura e torna o texto mais claro e objetivo.

O que é mais Cobrado em Provas Discursivas:

- Conceitos e Nomenclaturas: Compreender e diferenciar conceitos é fundamental,


especialmente quando confrontados na questão.

- Classificação e Enumeração: Esteja preparado para classificar e enumerar


hipóteses ou tipos relacionados ao tema abordado.

- Aplicação Prática de Institutos Jurídicos: Este tipo de questão exige que você
aplique um instituto jurídico específico a uma situação prática, baseando-se em
debates jurídicos e jurisprudenciais relevantes.

Dicas Finais

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1. Use linguagem técnica e precisa;

2. Objetividade e evite subjetivismo. Em vez de dizer "A conduta do réu é


extremamente nociva e gera muita raiva em todos nós", prefira "A conduta do réu é
nociva e gera clamor público".

3. Evitar muletas argumentativas (é notório, é consenso, é sabido, sabe-se etc). Em


vez de usar expressões como "É sabido que o réu matou a vítima com requintes de
crueldade", preferir "O Réu matou a vítima com requintes de crueldade".

4. Use períodos curtos e diretos.

Com essas técnicas e dicas, você estará preparado para estruturar suas respostas
de forma clara, objetiva e fundamentada, aumentando suas chances de obter uma
nota alta nas questões discursivas.

A IMPORTÂNCIA DO BRAINSTORMING

Brainstorming:

a) Introdução, conceito, finalidade(s), natureza jurídica e princípio(s)


conexo(s).

- Origem histórica: criação pelo jurista Claus Roxin.


- Conceito: Qual a essência do Princípio da Insignificância ou da Bagatela.
- Finalidades: evitar a banalização do Direito Penal.
- Natureza jurídica: Qual é a classificação do princípio enquanto excludente de
tipicidade material?
- Princípios conexos: Relação com a intervenção mínima e fragmentariedade.
Direito Penal Mínimo.

b) Requisitos objetivos e subjetivos à luz da doutrina e/ou jurisprudência


dominantes.

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- Citação da jurisprudência do STF e STJ.
- Requisitos objetivos: mínima ofensividade, ausência de periculosidade social,
reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da lesão.
- Requisito subjetivo: Capacidade financeira da vítima (entendimento do STJ).

c) (In)aplicabilidade ao ato infracional e à coisa julgada.

- Discussão sobre o ato infracional: por que é inaplicável? A importância da natureza


pedagógica das medidas socioeducativas.
- Coisa julgada material: Como o princípio interfere na decisão final de um processo.

d) Espécies de crimes que não admitem a aplicação do princípio, segundo a


jurisprudência dominante (motivar).

- Crimes de perigo abstrato: O que são e por que o princípio é inaplicável.


- Exemplo do delito de moeda falsa: Proteção da Fé Pública como bem jurídico
transindividual.
- Argumentação sobre a preservação de bens jurídicos transindividuais.
- Relevância da jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores sobre o tema.

Ao final do brainstorming, o aluno estará munido de uma lista organizada de tópicos


a serem desenvolvidos na redação, garantindo que todos os temas propostos sejam
abordados de forma coerente e aprofundada.

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DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL
EXEMPLOS DE QUESTÕES VUNESP

1. Delegado de Polícia - Concurso: PCCE - Ano: 2014 - Banca: VUNESP - Disciplina:


Direito Penal - Para a resolução dos itens a e b, considere o texto legal do art. 163 do CP, e
a hipótese a seguir. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a
seis meses, ou multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido: (...) III - contra o patrimônio
da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de
economia mista; (...) Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência. Imagine que o Prefeito Municipal procure a Delegacia de Polícia
noticiando que a Prefeitura teve a vidraça de sua sede histórica quebrada por um indivíduo,
que descuidadamente chutou uma bola durante uma partida de futebol. Em face do vultoso
prejuízo, o Prefeito pede a instauração de um inquérito policial pela prática do crime de
dano qualificado, por ter havido destruição de coisa pública. a) Responda
justificadamente: houve crime? Aplica-se a qualificadora supra transcrita? Deve ser
instaurado inquérito policial? b) Em continuidade ao item anterior, conceitue dolo e
culpa. Diferencie-os e exemplifique a partir de um resultado naturalístico que ofenda
o bem jurídico integridade física.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

O art. 163 do Código Penal (CP) dispõe sobre o crime de dano, definindo-o como a
conduta de "destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia". O parágrafo único traz
uma qualificadora quando o crime é cometido contra o patrimônio da União, Estado,
Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia
mista.

No caso em tela, um indivíduo descuidadamente chutou uma bola durante uma


partida de futebol, o que resultou na quebra da vidraça da sede histórica da
Prefeitura. Não houve intenção de causar dano, e sim uma conduta imprudente, o

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que caracteriza culpa. No entanto, para que se tipifique o crime de dano, na forma
simples ou qualificada, é necessário que o resultado tenha sido causado
dolosamente, em respeito ao princípio da excepcionalidade do crime culposo. Isso
porque o CP não prevê a modalidade culposa para o tipo do art. 163. Dessa forma,
não deve ser instaurado inquérito policial para apuração dos fatos, visto que não
houve a prática dolosa do delito.

Ainda sobre esse tema, é importante conceituar dolo e culpa, conforme o CP e a


melhor doutrina. Dolo e culpa são elementos subjetivos do tipo. O dolo é a vontade
livre e consciente de realizar a conduta descrita no tipo penal, enquanto a culpa é a
inobservância do dever de cuidado que gera um resultado não desejado, por
imprudência, negligência ou imperícia.

Um exemplo de dolo no tocante à integridade física é um indivíduo que,


intencionalmente, agride outro, causando-lhe lesões corporais. Em contrapartida, a
culpa se manifesta quando, por exemplo, um indivíduo, ao manusear
imprudentemente uma ferramenta cortante, acidentalmente fere outra pessoa, sem
a intenção de causar dano à integridade física da vítima.

Portanto, o dolo caracteriza-se pela intenção de produzir o resultado (dolo direto) ou


pela aceitação da ocorrência do resultado (dolo eventual), enquanto a culpa é
marcada pela ausência dessa intenção, mas por negligência, imprudência ou
imperícia. No caso apresentado sobre a quebra da vidraça, a conduta foi culposa, e
não dolosa.

2. ​Delegado de Polícia Concurso: PCBA Ano: 2018 Banca: VUNESP

O Delegado de Polícia recebe uma petição escrita, assinada por João, com o
seguinte teor:

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"Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia. Chamo-me João e sou pai de
Maria. Tenho 55 anos e minha filha tem 25 anos. Minha filha, infelizmente, faz uso
de drogas. Recentemente, Maria vem subtraindo objetos de minha residência para –
suponho – trocar por drogas. Nessas ocasiões de subtração, segundo relato dos
vizinhos, Maria sempre é auxiliada por Caio, um rapaz que não conheço, de
aproximadamente 30 anos, e que também parece usar drogas. Sempre na minha
ausência, e aproveitando-se que a casa fica sem qualquer outra pessoa durante o
período diurno, os dois, utilizando-se das chaves que Maria tem de casa, por morar
comigo, aproveitam para subtrair equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos,
todos de valor bem razoável. A situação está insustentável e gostaria de ter
providências dessa autoridade policial."

Considerando a situação apresentada, estude a narrativa diante da legislação


penal e processual penal e a) faça uma análise jurídica do caso, tipificando
a(s) conduta(s) narrada(s) e as b) providências de polícia judiciária a serem
tomadas.

O ordenamento jurídico brasileiro, em seu Código Penal (CP) e na Lei de Drogas


(Lei nº 11.343/2006) preveem os delitos de furto e de porte de substância
entorpecente. Ambos os crimes possuem natureza de ação penal pública
incondicionada, conforme a legislação. Adicionalmente, os princípios da legalidade,
da culpabilidade e da adequação social são basilares para a análise dos crimes em
tela.

Analisando a narrativa apresentada, identifica-se que Maria e Caio teriam cometido


o crime de furto, previsto no art. 155 do CP, consistente na subtração de coisa
alheia móvel, qualificado pelo concurso de pessoas (art. 155, § 4º, II, do CP).
Ademais, a prática de subtrair objetos de valor razoável, em momentos distintos,
caracteriza a continuidade delitiva, conforme art. 71 do CP. No entanto, importante
ressaltar que Maria, sendo filha de João, não pode ser apenada pelo crime de furto
em relação aos bens de propriedade do pai, visto que há escusa absolutória

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prevista no CP. Contudo, a narrativa sugere que Maria faz uso de drogas, podendo,
neste caso, ser imputada pelo crime de porte de drogas para consumo pessoal,
conforme art. 28 da Lei nº 11.343/2006.

Diante do exposto, é imprescindível a instauração de um inquérito policial para


apurar o crime de furto cometido em concurso de pessoas e em continuidade
delitiva, especificamente em relação a Caio. Já para Maria, apesar de ser afastada a
imputação pelo crime de furto devido à sua relação familiar com a vítima, deve ser
lavrado um Termo Circunstanciado para apurar o crime de porte de drogas para
consumo pessoal. Em ambos os casos, a ação penal é pública incondicionada,
sendo desnecessária a representação da vítima para o prosseguimento das ações.

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ANÁLISE DE RESPOSTA DE ALUNO

Magistratura Estadual - TJSP - Ano: 2019 - Banca: VUNESP


Discorra sobre o Princípio da Insignificância, abordando os seguintes temas:
a) Introdução, conceito, finalidade(s), natureza jurídica e princípio(s) conexo(s). b)
Requisitos objetivos e subjetivos à luz da doutrina e/ou jurisprudência dominantes.
c) (In)aplicabilidade ao ato infracional e à coisa julgada. d) Espécies de crimes que
não admitem a aplicação do princípio, segundo a jurisprudência dominante
(motivar).

RESPOSTA DO ALUNO RESPOSTA REESCRITA

Desenvolvido pelo ilustre jurista a) Introdução, conceito,


alemão Claus Roxin, o Princípio da finalidade(s), natureza jurídica e
Insignificância, também conhecido princípio(s) conexo(s):
como Princípio da Bagatela, reza que a
persecução penal do Estado não deve O Princípio da Insignificância,
recair sobre condutas incapazes de originário da doutrina germânica,
causar uma relevante lesão aos bens através da contribuição do renomado
jurídicos tutelados pelo Caderno jurista Claus Roxin, guarda profunda
Repressivo. Dessa forma, o referido relação com os postulados da
axioma possui o escopo de evitar a intervenção mínima e da
banalização do Direito Penal, além de fragmentariedade, pugnando pela tutela
conferir proporcionalidade ao aparelho penal apenas em face de bens jurídicos
persecutório. vitais à convivência harmoniosa em
sociedade.
Nessa esteira, vislumbra-se sua
íntima relação com os princípios da

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intervenção mínima e da Nesse sentido, o referido
fragmentariedade, uma vez que ambos princípio orienta que o aparato
compartilham a ideia de que a Tutela repressivo do Estado não deve
Penal deve se restringir à proteção de voltar-se a condutas que não
pequenos fragmentos de bens jurídicos, representem considerável ofensa aos
considerados indispensáveis à vida em bens jurídicos protegidos pelo Direito
sociedade. Outrossim, insta salientar Penal.
que o princípio bagatelar possui
natureza jurídica de excludente de Sua finalidade primordial reside,
tipicidade material. portanto, em impedir a banalização da
intervenção penal, buscando a
proporcionalidade na atuação estatal.
Ademais, sua incidência
demanda o preenchimento de requisitos Em termos de sua natureza
fixados pela jurisprudência pátria. Em jurídica, é concebido como excludente
primeiro plano, o Supremo Tribunal de tipicidade material.
Federal estabeleceu os seguintes
aspectos objetivos, quais sejam, b) Requisitos objetivos e
mínima ofensividade da conduta, subjetivos à luz da doutrina e/ou
ausência de periculosidade social, jurisprudência dominantes:
reduzido grau de reprovabilidade e
inexpressividade da lesão causada ao Para que o Princípio da
bem jurídico. Noutra banda, o Superior Insignificância seja aplicado, é
Tribunal de Justiça consagrou o necessário que certos critérios sejam
requisito subjetivo, o qual leva em atendidos, conforme definido pela
consideração a capacidade financeira jurisprudência nacional. De acordo com
da vítima. o Supremo Tribunal Federal, os
requisitos objetivos compreendem:
mínima ofensividade da conduta,
ausência de periculosidade social,

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No tocante a aplicabilidade do reduzido grau de reprovabilidade e
Princípio da Insignificância aos atos inexpressividade da lesão ao bem
infracionais, a jurisprudência dominante jurídico tutelado. Por outro lado, o
advoga o seu não cabimento, tendo em Superior Tribunal de Justiça introduziu
vista a natureza pedagógica da medida um critério subjetivo, que considera a
socioeducativa, de forma que a sua capacidade econômica da vítima.
mitigação poderia difundir a ideia de
impunibilidade para os menores, em c) (In)aplicabilidade ao ato
observância a condição peculiar de infracional e à coisa julgada:
pessoa em desenvolvimento do menor
infrator. Quanto à sua aplicação aos atos
infracionais, o entendimento dominante
na doutrina e na jurisprudência é de sua
De mais a mais, é válido inaplicabilidade. Essa perspectiva
destacar que incidência do Princípio da fundamenta-se na finalidade
Bagatela faz coisa julgada material, pedagógica das medidas
haja vista sua natureza jurídica de socioeducativas, ponderando que a
excludente de tipicidade material. diminuição de sua aplicação poderia
veicular a sensação de impunidade aos
jovens, em especial considerando sua
Por derradeiro, conforme condição especial de desenvolvimento.
extrai-se da jurisprudência majoritária Importante frisar, ainda, que o
dos Tribunais Superiores, o Princípio da Princípio da Bagatela, uma vez
Insignificância não é aplicável aos aplicado, consolida coisa julgada
crimes de perigo abstrato e material, em virtude de sua
pluriofensivos. Nesse sentido, á titulo característica de excludente de
de exemplo, cite-se o delito de moeda tipicidade.
falsa, o qual visa a proteção da Fé
Pública, bem jurídico de natureza d) Espécies de crimes que não
transindividual, por conseguinte, aquele admitem a aplicação do princípio,

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que falsifica moeda, ainda que de valor segundo a jurisprudência dominante
insignificante, não lesa somente o (motivar):
particular que recebeu a nota falsa, mas
também a Fé Pública, portanto, deve Conforme se verifica na
ser submetido a pretensão punitiva jurisprudência majoritária, o Princípio da
estatal. Insignificância não se estende a crimes
de perigo abstrato e pluriofensivos. A
título ilustrativo, menciona-se o delito de
moeda falsa. Este crime protege a Fé
Pública, um bem jurídico de caráter
transindividual. Dessa forma, a
falsificação de moeda, mesmo que de
montante irrisório, afeta não somente o
particular lesado, mas também o
referido bem jurídico supraindividual,
justificando, assim, a intervenção
punitiva estatal.

PADRÃO DE RESPOSTA [COM BASE NO PADRÃO DA BANCA]

A evolução da função do Direito Penal evidencia o papel crucial que desempenha


na proteção de bens ou interesses jurídicos essenciais. Destaca-se o Funcionalismo
Sistêmico de Günther Jakobs e o Funcionalismo Teleológico de Claus Roxin, que
trouxe à tona o Princípio da Insignificância ou da Bagatela Própria. Ademais, é
relevante mencionar a Teoria da Tipicidade Conglobante de Eugênio Raul Zaffaroni,
que aborda o desvalor da conduta e do resultado.

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O conceito central do Princípio da Insignificância se origina do axioma latino
"minimis non curat praetor", ressaltando que o Direito Penal não deve se preocupar
com condutas que, mesmo sendo formalmente típicas, não impactam de maneira
relevante os bens ou interesses jurídicos. A finalidade desse princípio é atuar como
um vetor interpretativo restritivo do tipo penal, configurando-se em um princípio de
política criminal. Este entende que apenas agressões com impacto relevante em
bens jurídicos justificam a intervenção penal. Sobre sua natureza jurídica, é uma
causa supralegal que exclui a tipicidade material, ou seja, uma conduta pode ser
formalmente típica, mas materialmente não se enquadra no tipo penal.

Nessa discussão, é essencial abordar a tipicidade conglobante, a antinormatividade


e os princípios conexos, tais como o Sistema Constitucional Principiológico,
mencionado na C.F, art. 5o, §2o. Outros princípios relacionados são a última ratio do
Direito Penal e o Princípio da Intervenção Mínima, que engloba a Fragmentariedade
e a Subsidiariedade, além do Princípio da Ofensividade.

No que tange aos requisitos objetivos e subjetivos, os primeiros são definidos pelo
RHC 84.412, que inclui: mínima ofensividade da conduta, ausência de
periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
e inexpressividade da lesão jurídica. Já os subjetivos, conforme jurisprudência
dominante, abrangem condições pessoais do agente, sendo ele primário ou
reincidente, a reincidência específica e genérica, a figura do criminoso habitual, e a
consideração do agente militar. Também são importantes as condições da vítima,
como a extensão do dano e as circunstâncias do crime.

Sobre a aplicabilidade ao ato infracional e à coisa julgada, majoritariamente se


entende que o princípio se aplica ao ato infracional. Não seria justo um adolescente
receber uma punição mais severa que um adulto em circunstâncias similares.
Adicionalmente, é cabível tanto em Revisão Criminal quanto em habeas corpus.

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Por fim, alguns crimes não permitem a aplicação desse princípio, de acordo com a
jurisprudência dominante. Espera-se a menção de Crimes Contra a Administração
Pública (STJ, súmula 599), Crime de Desenvolvimento Clandestino de Atividade de
Telecomunicação (lei 9472/1997, STJ, súmula 606) e a Lei 11340/2006 (STJ,
súmula 589). A jurisprudência ainda inclui a Lei de Drogas, a Lei de Crimes
Ambientais, o Estatuto do Desarmamento, entre outros, com algumas ressalvas.

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DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

MAPA DE INCIDÊNCIA

DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL:

· Procurador Municipal - INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO


MUNICÍPIO DE CAMPINAS - Ano: 2023 - VUNESP - Direito Administrativo
– Licitação

· Procurador Municipal - INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO


MUNICÍPIO DE CAMPINAS - Ano: 2023 - VUNESP - Direito Constitucional
- Controle de Constitucionalidade

· Ministério Público Estadual - MPE-SP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Administrativo – Atos Administrativos –

· Ministério Público Estadual - MPE-SP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Administrativo – Improbidade Administrativa –

· Ministério Público Estadual - MPE-SP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Administrativo – Improbidade Administrativa –

· Notário - TJGO - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Administrativo –


Contratos

· Delegado de Polícia - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Administrativo - Servidores Públicos

24
· Ministério Público Estadual - MPE-RJ - Ano: 2022 - VUNESP - Direito
Administrativo – Servidores Públicos

· Ministério Público Estadual - MPE-RJ - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Administrativo – Servidores Públicos

· Ministério Público Estadual - MPE-RJ - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Constitucional – Direitos Individuais e Coletivos

· Magistratura Estadual - TJSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito


Constitucional - Poder Judiciário

· Magistratura Estadual - TJSP - Ano: 2019 - Banca: VUNESP - Direito


Constitucional - Controle de Constitucionalidade –

· Procurador Autárquico - UNICAMP - Ano: 2018 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Administrativo - Assunto: Administração Direta e
Indireta

· Procurador Autarquico - UNICAMP - Ano: 2018 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Constitucional - Assunto: Controle de
Constitucionalidade

· Magistratura Estadual - Concurso: TJPA - Ano: 2014 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Administrativo - Assunto: Contratos Públicos

· Magistratura Estadual - TJMS - Ano: 2015 - Banca: VUNESP - Disciplina:


Direito Administrativo -Improbidade Administrativa

· Procurador Autarquico - UNICAMP - Ano: 2018 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Administrativo - Assunto: Lei de Acesso à Informação

25
· Procurador Municipal - PGM-Sertãozinho-SP - Ano: 2017 - Banca:
VUNESP - Direito Administrativo – Licitação

· Magistratura Estadual - TJSP - Ano: 2017 - Banca: VUNESP - Direito


Administrativo – Poderes Administrativos

· Defensor Público Estadual - DPE-RO - Ano: 2017 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Administrativo - Assunto: Responsabilidade Civil

· Magistratura Estadual - TJMS - Ano: 2015 - Banca: VUNESP - Disciplina:


Direito Constitucional – Controle de Constitucionalidade

· Magistratura Estadual - Concurso: TJMT - Ano: 2006 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Constitucional - Assunto: Controle de
Constitucionalidade

· Analista - MPE-SP - Ano: 2015 - Banca: VUNESP - Disciplina: Direito


Constitucional - Direitos Individuais e Coletivos

· Magistratura Estadual - Concurso: TJPA - Ano: 2014 - Banca: VUNESP -


Disciplina: Direito Constitucional - Assunto: Poder Executivo

· Procurador Legislativo - Câmara de Mogi das Cruzes- SP - Ano: 2017 -


Banca: VUNESP – Direito Constitucional - Controle de
Constitucionalidade –

· Magistratura Estadual - TJMS - Ano: 2015 - Banca: VUNESP - Disciplina:


Direito Constitucional – Poder Judiciário

26
· Delegado de Polícia - Concurso: PCCE - Ano: 2014 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Constitucional - Assunto: Tratados posição
hierárquica dos tratados internacionais, incorporados ao direito interno
brasileiro.

ANÁLISE DO MAPA DE INCIDÊNCIA

Analisando o compilado de provas discursivas da banca VUNESP nas áreas


de Direito Administrativo e Constitucional, é possível identificar algumas
tendências e padrões que podem ser úteis na preparação:

Direito Administrativo:

1. Licitação: Este é um tema recorrente nas provas da VUNESP. Apareceu em


várias edições, incluindo o concurso de 2023 para Procurador Municipal.

2. Atos Administrativos e Improbidade Administrativa: Também são temas


frequentes. Ambos apareceram em várias edições recentes das provas.

3. Servidores Públicos: A gestão de servidores públicos é um tópico relevante,


presente em várias provas, especialmente nas do Ministério Público Estadual.

4. Contratos Administrativos: Embora menos frequente que os tópicos acima,


contratos públicos também foram cobrados em provas recentes.

5. Administração Direta e Indireta e Lei de Acesso à Informação: Foram temas


abordados em provas mais antigas, mas ainda podem ser relevantes.

Direito Constitucional:

27
1. Controle de Constitucionalidade: É um tema frequente e importante. Apareceu em
várias edições recentes, incluindo o concurso de 2023 para Procurador Municipal.

2. Direitos Individuais e Coletivos: Este tópico é recorrente e foi cobrado em


diversas provas.

3. Poder Judiciário e Poder Executivo: Questões relacionadas à estrutura e


funcionamento desses poderes também são relevantes, com destaque para o Poder
Judiciário.

4. Tratados: Embora menos comum, os tratados internacionais foram cobrados em


uma prova.

5. Poderes Administrativos e Responsabilidade Civil: São tópicos que apareceram


em edições passadas das provas, mas menos frequentemente.

Com base nessa análise, você pode concluir que a VUNESP tende a abordar temas
como Licitação, Controle de Constitucionalidade, Atos Administrativos, Improbidade
Administrativa e Direitos Individuais e Coletivos com maior frequência. Portanto, ao
se preparar para os concursos organizados por essa banca, é recomendável dar
uma atenção especial a esses tópicos.

No entanto, lembre-se de que não há garantia de que esses temas serão cobrados
em todas as edições das provas, e é importante manter uma preparação abrangente
em todas as áreas do Direito Administrativo e Constitucional. Use as tendências
como um guia, mas não deixe de estudar outros assuntos também.

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QUESTÃO RECENTE DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Procurador Municipal - INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO


DE CAMPINAS - Ano: 2023 - VUNESP - Direito Administrativo - Licitação -
Considere que a Autarquia responsável pela gestão do Regime de Próprio de
Previdência Social (RPPS) pretende contratar um sistema que agilize a análise do
cumprimento dos requisitos de aposentação/concessão de benefícios por parte de
agentes públicos municipais que buscam obter os benefícios. A medida visa
solucionar o problema do tempo de demora na análise desses pedidos, que
geralmente levam um prazo maior do que o fixado na legislação municipal para ter
uma solução. Isso tem resultado no surgimento de um número expressivo de ações
judiciais nas quais os interessados, para além do próprio benefício, pedem
indenizações em face da Autarquia em razão da demora, o que tem elevado a
dívida de precatórios da Entidade. O problema é que o setor não sabe especificar,
de antemão, o objeto da contratação, motivo pelo qual o Diretor do Setor de
Compras sugere o uso da licitação na modalidade diálogo competitivo. Com base na
situação hipotética, responda:

I. O Gestor poderá utilizar o diálogo competitivo no caso?


II. Quais são as principais características dessa modalidade de licitação, que
procedimento deve ser realizado antes da publicação do Edital de licitação e
que cautelas devem ser tomadas?

BRAINSTORMING

O que é diálogo competitivo:

● Modalidade de licitação com diálogos entre Administração e licitantes.

29
Características:

● Usada para inovação, adaptação, falta de especificações.


● Sigilo, igualdade e gravação de reuniões.
● Fase de diálogo flexível, possível em fases sucessivas.
● Encerramento inicia fase competitiva.

Procedimento:

● Manifestação de interesse após edital.


● Pré-seleção com base em requisitos objetivos.
● Esclarecimentos/ajustes permitidos.
● Proposta vencedora com critérios iniciais.
● Comissão de contratação, termo de confidencialidade e evitar conflito.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

PREMISSA MAIOR

O Direito Administrativo estabelece mecanismos licitatórios para assegurar à


Administração Pública a contratação mais vantajosa, observando-se os princípios
da isonomia, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência,
conforme previsto no art. 37 da Constituição Federal. A nova Lei de Licitações (Lei
nº 14.133/21) trouxe a modalidade de licitação denominada "diálogo competitivo",
visando justamente atender situações peculiares, como a apresentada no caso
hipotético.

PREMISSAS MENORES

Analisando-se a situação proposta, é plenamente viável e adequado o uso da


modalidade de licitação "diálogo competitivo" pela Autarquia, conforme previsto na

30
Lei nº 14.133/21, diante da impossibilidade de especificação técnica precisa e da
necessidade de adaptação de soluções de mercado,
A Lei nº 14.133/21, em seu artigo 32, I, c, preceitua que o diálogo competitivo é
aplicável quando há impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
com precisão suficiente pela Administração.

A modalidade de diálogo competitivo, instituída pela referida lei, é apropriada para


contratações que envolvam inovação tecnológica ou técnica ou nas situações em
que o órgão ou entidade não consiga satisfazer sua necessidade sem adaptações
de soluções existentes no mercado. Seu procedimento se inicia com a divulgação
de um edital de chamamento no sítio eletrônico oficial, no qual a Administração
estabelecerá prazo mínimo de 25 dias úteis para manifestação de interesse. Todos
os interessados que preencherem os requisitos objetivos serão admitidos. As
reuniões com licitantes pré-selecionados devem ser gravadas em áudio e vídeo.
Posteriormente, após conclusão do diálogo, a Administração inicia a fase
competitiva, divulga um edital com especificações da solução encontrada e critérios
objetivos para seleção da proposta mais vantajosa, abrindo prazo de, no mínimo, 60
dias úteis para propostas. Ao final, a proposta vencedora será definida conforme
critérios estabelecidos no início dessa fase.

CONCLUSÃO

Conclui-se que, modalidade se mostra como ferramenta apta a satisfazer as


peculiaridades da demanda apresentada, garantindo, assim, a eficiência e a
legalidade na contratação.

31
QUESTÃO RECENTE DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Procurador Municipal - INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO


DE CAMPINAS - Ano: 2023 VUNESP - Direito Constitucional

A origem do Estado de Direito está intimamente associada a movimentos


políticos/econômicos que tinham em vista a necessidade de proteger direitos
fundamentais, mediante a criação de um aparato institucional direcionado a essa
finalidade e a clara divisão entre os espaços público e privado. Esses direitos,
contudo, tiveram os seus contornos modificados/ampliados à medida que o Estado
assumiu novos papéis. Dentro desse contexto, responda:

a) O que é eficácia horizontal e explique se a sua aplicação depende de


intermediação legislativa.

b) De que forma a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal enfrenta o


assunto.

SUGESTÃO

O Estado de Direito, em sua origem, estava fortemente ligado à proteção dos


direitos fundamentais frente ao Estado, consagrando a eficácia vertical destes
direitos. No entanto, com a evolução societal, notou-se que os direitos fundamentais
poderiam ser violados não apenas pelo Estado, mas também nas relações entre
particulares. A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu art. 5º, garante os
direitos fundamentais e, junto a princípios jurídicos, orienta a aplicação desses
direitos.

Nesse sentido, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais refere-se à aplicação


desses direitos nas relações intersubjetivas, protegendo indivíduos contra violações

32
provenientes de outros particulares e não apenas do Estado. Nesta perspectiva, os
direitos fundamentais possuem eficácia direta e indireta. A eficácia indireta depende
da produção de leis infraconstitucionais para sua aplicação nas relações privadas.
Por outro lado, a eficácia direta permite que os direitos fundamentais vinculem
imediatamente os particulares, sem a necessidade de intermediação legislativa. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), exemplificada pelo RE
201.819/RJ e ADI 4.815/DF, confirma a eficácia horizontal imediata dos direitos
fundamentais, especialmente em relação a normas de natureza procedimental. O
STF entende que os direitos fundamentais possuem campo de incidência em
qualquer relação jurídica, sejam elas públicas, mistas ou privadas.

De tal modo, no contexto brasileiro, é indubitável que os direitos fundamentais,


assegurados pela Carta Magna, possuem eficácia imediata nas relações entre
particulares. A jurisprudência do STF tem reforçado essa interpretação,
especialmente ao ponderar a aplicação de direitos fundamentais frente à autonomia
privada, garantindo que as relações intersubjetivas respeitem os princípios e
garantias constitucionais.

REESCRITA DE DISCURSIVA

Defensoria Pública Estadual - Concurso: DPE-MS - Banca: VUNESP - Disciplina:


Direito Constitucional - Assunto: Controle de Constitucionalidade -

Discorra sobre o fenômeno do “simultaneus processus” relativo ao controle


concentrado de constitucionalidade, destacando o posicionamento do Supremo
Tribunal Federal sobre o tema [15 linhas].

33
RESPOSTA DA ALUNA RESPOSTA REESCRITA
[EXPANDIDA]

O fenômeno do simultaneus processus, As leis e a Constituição Federal


também chamado de simultaneidade de brasileira dispõem sobre o sistema de
ações diretas de inconstitucionalidade controle de constitucionalidade, em que
(ADI), refere-se à possibilidade de uma o Supremo Tribunal Federal (STF) tem
mesma lei estadual ser objeto de competência para avaliar a
controle concentrado de constitucionalidade das normas à luz da
constitucionalidade, de forma Constituição Federal, enquanto os
simultânea, uma no âmbito do Tribunal Tribunais de Justiça dos estados podem
de Justiça e uma no Supremo Tribunal analisar a constitucionalidade das leis
Federal (STF). estaduais conforme a Constituição
Destarte, é entendimento do Estadual. O princípio da supremacia da
Plenário do STF que o julgamento da Constituição e o sistema brasileiro de
ADI estadual somente prejudicará a ADI controle de constitucionalidade, tanto
no STF se preenchidas duas condições difuso quanto concentrado, são
cumulativas, quais sejam: decisão de fundamentais neste contexto.
procedência da ação pelo Tribunal de
Justiça; e, que a inconstitucionalidade Dentro desse quadro jurídico, surge o
ocorra por incompatibilidade com fenômeno do simultaneus processus,
preceito da Constituição Estadual sem que se refere à possibilidade de uma lei
correspondência na Constituição estadual ser avaliada, ao mesmo
Federal. tempo, pelo Tribunal de Justiça do
Ressalte-se que havendo respectivo estado e pelo STF. Segundo
correspondência do fundamento o entendimento atual do STF, para que
utilizado para defender a a decisão de um Tribunal de Justiça
inconstitucionalidade da norma tanto na sobre uma ADI prejudique a decisão do
Constituição Estadual, como na STF sobre a mesma lei, duas condições
Constituição da República, deve haver devem ser satisfeitas: (1) o Tribunal de
a suspensão prejudicial do processo de Justiça deve decidir pela

34
controle normativo abstrato instaurado inconstitucionalidade da lei, e (2) a
perante o Tribunal de Justiça, até a razão para essa inconstitucionalidade
deliberação final da Corte Suprema, a deve ser uma violação de um preceito
qual é a intérprete máximo da da Constituição Estadual que não tenha
Constituição Federal. correspondente na Constituição
Federal.

Em resumo, embora o simultaneus


processus permita uma análise
simultânea da constitucionalidade de
uma lei estadual em dois níveis
diferentes (estadual e federal), existem
condições específicas estabelecidas
pelo STF para que a decisão de um
Tribunal de Justiça possa interferir na
análise do STF. Isso é feito para
preservar a competência e autonomia
do STF na interpretação da
Constituição Federal e para garantir
que as decisões dos Tribunais de
Justiça sejam harmônicas com a
interpretação dada pelo STF à
Constituição Federal.

35
DIREITOS HUMANOS

· VUNESP - 2023 TJ-RJ - Juiz Substituto Sistema Interamericano de Proteção


aos Direitos Humanos: Instituições , Comissão Interamericana de Direitos
Humanos
· VUNESP - 2023 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto - Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
· VUNESP - 2023 - TJ-SP - Juiz Substituto - Assembleia Geral das Nações
Unidas
· VUNESP - 2022 - AL-SP - Procurador da Assembleia Legislativa - Evolução
histórica dos direitos humanos e Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão
· VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil - Declaração Universal
dos Direitos Humanos
· VUNESP - 2022 - TJ-SP - Assistente Social Judiciário - Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)
· VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia - Estatuto de Roma e o
Tribunal Penal Internacional
· VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia - Legislação internacional de
direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero
· Magistratura Federal - TRF3 - Ano: 2022 - VUNESP - Direitos Humanos -
proteção internacional dos direitos das pessoas com deficiência
· ***Delegado de Polícia - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Constitucional
- Direitos Humanos - Tratados
· ***Delegado de Polícia - Concurso: PCCE - Ano: 2014 - Banca: VUNESP -
Disciplina: Direito Constitucional - Assunto: Tratados
· ***Delegado de Polícia - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito
Constitucional - Direitos Humanos – Quais são as funções exercidas pela
Corte Interamericana de Direitos Humanos?

36
OS: A banca inclui perguntas sobre direitos humanos na matéria de
constitucional e aborda novamente o tema em questões relacionadas aos
direitos humanos

ANÁLISE DA BANCA

Com base nas informações fornecidas sobre questões da banca VUNESP em


concursos relacionadas a direitos humanos, podemos identificar alguns
temas que são mais frequentemente cobrados:

1. Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos: Questões que


envolvem a ratificação de tratados e convenções internacionais de direitos humanos
e suas implicações para o ordenamento jurídico brasileiro são comuns.

2. Declarações e Documentos Internacionais: A Declaração Universal dos


Direitos Humanos e outros documentos internacionais relacionados aos direitos
humanos também são temas recorrentes.

3. Órgãos e Instituições Internacionais: A atuação de órgãos como a Comissão


Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos
é frequentemente abordada.

4. Proteção de Grupos Vulneráveis: Questões relacionadas à proteção de grupos


específicos, como pessoas com deficiência, crianças e adolescentes, são comuns.

37
5. Evolução Histórica dos Direitos Humanos: Perguntas que abordam a evolução
histórica dos direitos humanos e sua relação com a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão também são frequentes.

Quanto ao padrão de cobrança, a banca VUNESP parece abordar temas


relacionados aos direitos humanos de maneira abrangente, com foco tanto em
aspectos teóricos (tratados, convenções, documentos) quanto em questões práticas
(proteção de grupos específicos, atuação de órgãos internacionais). Ela busca
avaliar o conhecimento dos candidatos não apenas sobre os conceitos, mas
também sobre a aplicação desses conceitos na prática.

Para se preparar para provas futuras com base nessas informações, você
pode adotar as seguintes estratégias:

1. Estude os Tratados e Convenções: Dedique tempo para estudar os principais


tratados e convenções internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil e
entenda suas implicações para o ordenamento jurídico nacional.

2. Conheça os Órgãos Internacionais: Familiarize-se com os órgãos e instituições


internacionais relacionados aos direitos humanos, como a Comissão e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.

3. Leia os Documentos Internacionais: Leia e compreenda os principais


documentos internacionais de direitos humanos, como a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.

38
4. Proteção de Grupos Vulneráveis: Esteja preparado para responder a perguntas
relacionadas à proteção de grupos específicos, como pessoas com deficiência e
crianças.

5. Contexto Histórico: Compreenda a evolução histórica dos direitos humanos e


sua relação com documentos como a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão.

6. Pratique com Questões Anteriores: Resolva questões de concursos anteriores


da banca VUNESP relacionadas a direitos humanos para se familiarizar com o estilo
de cobrança.

Lembre-se de que o estudo de direitos humanos não se limita a aspectos teóricos,


mas também envolve a compreensão das implicações práticas desses princípios.
Portanto, é importante abordar tanto os conceitos quanto os casos práticos em sua
preparação.

39
QUESTÃO INÉDITA [HOMOFOBIA E RACISMO]

Com base no julgamento da ADO 26 e MI 4.733 e considerando os princípios


constitucionais, a legislação e a doutrina vigente, discorra sobre o
entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito da equiparação do
preconceito contra pessoas transexuais ao crime de injúria racial. Como a
interpretação hermenêutica pode impactar na efetivação dos direitos das
vítimas de discriminação, segundo o STF?

Sugestão de Resposta:

PREMISSA MAIOR:

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, reforça a igualdade de todos


perante a lei, sem qualquer tipo de discriminação. No entanto, a ausência de
legislação específica para tratar da homotransfobia fez com que o STF interpretasse
a Lei 7.716/89, que versa sobre os crimes resultantes de preconceito de raça ou de
cor. O racismo, como conceito, não está apenas restrito à cor da pele ou etnia. No
julgamento do HC 82.424, adotou-se o conceito social de racismo, entendendo que
este se refere à valoração negativa de determinados grupos humanos com
características socialmente semelhantes, merecendo tratamento desigual.

PREMISSA MENOR:

Seguindo o conceito social de racismo, o reconhecimento do preconceito


homofóbico e transfóbico pela Corte decorre da noção de que a discriminação de
grupos, por sua identidade de gênero e orientação sexual, configura racismo. Assim,
como a injúria racial é uma espécie do crime de racismo, é possível afirmar que a

40
homotransfobia pode configurar crime de injúria racial, especialmente quando
proferida contra a honra subjetiva de um indivíduo LGBTQIA+.

CONCLUSÃO:

Em suma, o Supremo Tribunal Federal, ao interpretar hermeneuticamente a


Constituição e a legislação infraconstitucional, reconheceu que a omissão legislativa
não pode perpetuar situações de discriminação e sofrimento. Assim, a Corte
entendeu que, diante do atual cenário jurídico e social, a homotransfobia pode, sim,
ser enquadrada como crime de injúria racial, fortalecendo a proteção aos direitos de
indivíduos LGBTQIA+ e garantindo a efetivação dos princípios constitucionais de
igualdade e dignidade da pessoa humana.

- Referência:
https://www.conjur.com.br/2023-ago-21/stf-estende-entendimento-crime-injuria-racial
-transfobia

QUESTÃO INÉDITA [ITERSECCIONALIDADE]

Joana, mulher preta residente em uma comunidade carente de um grande


centro urbano, sofreu discriminação em seu ambiente de trabalho. Seus
colegas, ao comentarem sobre sua promoção a um cargo de gestão,
afirmavam que ela só havia sido promovida por ser mulher e preta, e não por
mérito próprio. Joana decide buscar seus direitos judiciais e alega ter sido
vítima de discriminação interseccional.

Com base no conceito de interseccionalidade e nas normativas vigentes sobre


direitos humanos e discriminação, explique o que é a discriminação
interseccional.

PREMISSA MAIOR:

41
A Constituição Federal de 1988 consagra o princípio da dignidade da pessoa
humana, e, juntamente com tratados internacionais, como a Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
ratifica a proibição de discriminações e a obrigatoriedade de promoção da
igualdade. Dentro desse escopo normativo, destaca-se a atuação da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, notadamente pelo reconhecimento de formas
interseccionais de discriminação, tal como verificado no caso Gonzales Lluy e outros
Vs. Equador, de 2015.

PREMISSA MENOR:

A noção de discriminação interseccional se refere à discriminação resultante da


combinação de diversos fatores sociais concomitantes, como raça, gênero e classe.
Analisando a situação hipotética de Joana sob essa ótica, é perceptível a
confluência desses fatores discriminatórios. Ressalta-se que, apesar dos avanços
jurisprudenciais no Sistema Interamericano, em determinadas ocasiões, prevalece
uma abordagem que privilegia determinadas categorias de mulheres,
desconsiderando, por vezes, aspectos pertinentes ao racismo e opressões
econômicas. A abordagem interseccional tem o potencial de desvelar tais nuances,
evidenciando obstáculos ao pleno reconhecimento e efetivação de direitos.

CONCLUSÃO:

Consoante o ordenamento jurídico brasileiro e o Sistema Interamericano de Direitos


Humanos, faz-se imperioso que o fenômeno da discriminação interseccional seja
plenamente reconhecido e combatido, a fim de que direitos sejam efetivamente
assegurados. Desse modo, o desiderato é que a compreensão jurídica da
interseccionalidade alcance a profundidade necessária, englobando todas as
nuances das experiências de mulheres em situações de múltiplas opressões,
garantindo uma aplicação mais integral e efetiva das normas protetivas.

42
Delegado de Polícia - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito Constitucional -
Direitos Humanos – Delegado de Polícia - PCSP - Ano: 2022 - VUNESP - Direito
Constitucional - Direitos Humanos - Quais são as funções exercidas pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos? Explique e fundamente se ela pode emitir
opinião.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A Corte Interamericana de Direitos Humanos tem três funções primordiais na


salvaguarda dos direitos humanos nas Américas: função contenciosa, função de
emitir medidas provisórias e função consultiva.

A Função Contenciosa é voltada a analisar e decidir se um Estado violou direitos


estipulados na Convenção Americana ou em outros tratados de direitos humanos do
Sistema Interamericano. Além disso, a Corte também supervisiona a execução de
suas sentenças, assegurando que sejam devidamente cumpridas pelos Estados
condenados.

Ademais, em circunstâncias de extrema gravidade e urgência, a Corte pode


determinar medidas provisórias. Estas são destinadas a prevenir danos irreparáveis
às vítimas. A concessão dessas medidas exige a comprovação, prima facie, de três
critérios: gravidade, urgência e risco de danos irreparáveis.

Por fim, por meio da função consultiva, a Corte responde a consultas formuladas por
Estados membros da OEA ou seus órgãos. As questões geralmente estão
relacionadas à compatibilidade das legislações internas dos Estados com a
Convenção Americana e à interpretação da própria Convenção ou de outros
tratados que versam sobre a proteção dos direitos humanos no continente.
Conforme o art. 64 da CADH, dentro dessa função, a Corte tem autorização para
emitir opiniões consultivas, abordando aspectos dos direitos humanos protegidos no
sistema Interamericano e a relação destes com as normas internas dos Estados
membros.

43
CONDENAÇÃO CRIMINAL E NOMEAÇÃO EM CONCURSOS

João, condenado por um crime de estelionato e atualmente em regime aberto, foi


aprovado em um concurso público para o cargo de técnico administrativo em uma
universidade federal. Contudo, o edital do concurso previa como requisito para a
investidura o pleno gozo dos direitos políticos. Após ser informado de sua
inabilitação para assumir o cargo, João recorreu judicialmente, alegando que a
restrição viola seus direitos fundamentais.

Considerando a decisão recente do Supremo Tribunal Federal acerca da nomeação


de condenados em concursos públicos, explique qual deverá ser a interpretação
acerca da nomeação de João, mencionando os princípios constitucionais envolvidos
e a tese de repercussão geral firmada pelo STF. Adicionalmente, aborde possíveis
conflitos entre as regras do edital e o entendimento jurisprudencial.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A Constituição Federal e as normas infraconstitucionais, como a Lei de Execuções


Penais (Lei 7.210/84), estabelecem regras e princípios que visam garantir os direitos
fundamentais dos indivíduos, mesmo quando condenados criminalmente. O artigo
15, inciso III da CF estabelece que os direitos políticos são suspensos em caso de
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. Por
outro lado, os princípios da dignidade da pessoa humana e do valor social do
trabalho, previstos no artigo 1°, incisos III e IV da CF, buscam assegurar o direito ao
trabalho e a reintegração do condenado à sociedade.

44
A recente decisão do STF no RE 1282553, com repercussão geral, estabeleceu que
a suspensão dos direitos políticos não impede a nomeação e posse de candidato
aprovado em concurso público, desde que o crime cometido não seja incompatível
com o cargo a ser exercido e não haja conflito de horários entre a jornada de
trabalho e o regime de cumprimento da pena. No caso em tela, João, condenado
por estelionato, busca assumir um cargo de técnico administrativo. Sua
condenação, a princípio, não apresenta incompatibilidade com o cargo pretendido, e
estando em regime aberto, não haveria conflito de horários.

Diante da tese de repercussão geral firmada pelo STF e dos princípios


constitucionais envolvidos, João tem o direito de ser nomeado e empossado no
cargo para o qual foi aprovado, desde que observadas as condições estabelecidas
pelo STF. Ademais, eventuais disposições editalícias que contrariem esse
entendimento devem ser consideradas inconstitucionais, pois o entendimento
jurisprudencial prevalece sobre as regras do edital. A decisão visa promover a
reintegração social do condenado, valorizando o princípio da dignidade da pessoa
humana e o direito ao trabalho.

45
RODADAS DE SIMULADOS PCSP

INÍCIO: 18/09/2023

https://materiais.vouserdelegado.com.br/rodada-de-simulados-pcsp

Jean: 61992711323 (Jean)

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