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CONCEITOS DE ELECTRICIDADE E ELECTRÓNICA – FÍSICA DO SEMICONDUTOR E DIODO

indicar que o potencial (potencial de ionização)


necessário para remover algum desses
1. FÍSICA DO electrões da estrutura atómica é
SEMICONDUTOR E significativamente menor do que requerido
para qualquer outro electrão na estrutura.
DÍODOS

1.1 Materiais Semicondutores


Intrínsecos: Ge, Si e GaAs
A construção de cada dispositivo
electrónico discreto (individual) de estado
sólido (estrutura de cristal rígido) ou circuito
integrado começa com um material
semicondutor da mais alta qualidade.

Os semicondutores são uma classe especial de


elementos cuja condutividade está entre a de um
bom condutor e a de um isolante.

Em geral, os materiais semicondutores


recaem em uma de duas classes: cristal
singular e composto. Semicondutores de
cristal singular, como Germânio (Ge) e Silício
(Si), têm uma estrutura de cristal repetitiva,
enquanto os semicondutores compostos, como
Figura 1-1. Estrutura atómica de (a) Silício, (b)
Arseneto de Gálio (GaAs), Sulfeto de Cádmio
Germânio e (c) Gálio e Arsénio.
(CdS), Nitreto de Gálio (GaN) e Fosfeto de
Arseneto de Gálio (GaAsP), compõem-se de Em um cristal puro de silício ou germânio,
dois ou mais materiais semicondutores de os quatro electrões de valência de um átomo
estruturas atómicas diferentes. formam um arranjo de ligação com quatro
átomos adjacentes, como mostrado na Figura 1-
Os três semicondutores mais 2.
frequentemente usados na construção de
dispositivos eletrônicos são Ge, Si e GaAs.

1.2 Ligações Covalentes e


Materiais Intrínsecos
A Figura 1-1 mostra as estruturas
atómicas de Silício, Germânio, Gálio e o Arsênio.
No germânio e no silício, há quatro electrões na
camada mais externa, o Gálio tem três electrões
de valência e o Arsênio, cinco. Os átomos que
possuem quatro electrões de valência são
chamados de tetravalentes, aqueles com três
electrões são os trivalentes e os com cinco, Figura 1-2. Ligação Covalente do átomo de Silício.
pentavalentes. O termo valência é usado para

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Visto que o GaAs é um semicondutor energia associados a cada camada e electrão em


composto, existe compartilhamento entre os órbita, como mostrado na Figura 1-4.
dois átomos diferentes, como mostrado na
Figura 1-3. Cada átomo, de Gálio ou Arsênio,
está rodeado por átomos do tipo complementar.
Há, ainda, um compartilhamento de electrões
estruturalmente semelhante ao de Ge e Si, mas
agora cinco electrões são fornecidos pelo átomo
As e três pelo Ga.

Figura 1-4. Níveis de energia em estruturas


atómicas isoladas.

Os níveis de energia associados a cada


camada serão diferentes para cada elemento.
No entanto, de modo geral:

Quanto maior a distância de um eletrão em


relação ao núcleo, maior o estado de energia, e
qualquer electrão que tenha deixado seu átomo
de origem tem um estado de energia mais alto do
que qualquer outro electrão na estrutura
Figura 1-3. Ligação Covalente do cristal de GaAs. atómica.

Embora a ligação covalente resulte em As Figuras 1-5 e 1-6 revelam claramente


uma ligação mais forte entre os electrões de que existe um nível mínimo de energia
valência e seu átomo de origem, ainda é possível associado aos electrões na banda de condução
que os electrões de valência absorvam energia e um nível máximo de energia de eletrões ligado
cinética suficiente de causas naturais externas à camada de valência do átomo. Entre ambos, há
para quebrar a ligação covalente e assumir o um gap de energia que o electrões na banda de
estado “livre”. valência têm de superar para se tornar um
Os electrões livres em um material devido portador livre. Esse gap de energia é diferente
somente a causas externas são chamados de para Ge, Si e GaAs; o Ge tem o menor gap, e o
portadores intrínsecos. GaAs, o maior.

O termo intrínseco aplica-se a qualquer


material semicondutor que tenha sido
cuidadosamente refinado para reduzir o número
de impurezas a um nível muito baixo —
essencialmente, com o grau máximo de pureza
disponibilizado pela tecnologia moderna.
Materiais semicondutores têm um
coeficiente de temperatura negativo.

1.3 Níveis de Energia


Dentro da estrutura atómica de todo e Figura 1-5. Bandas de Condução e de valência de
qualquer átomo isolado, há níveis específicos de um isolante e um semicondutor.

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liberada sob a forma de ondas de luz visível ou


invisível (luz infravermelha). Para os
condutores, a sobreposição de bandas de
valência e condução basicamente faz com que
toda a energia adicional captada pelos electrões
seja dissipada na forma de calor. De modo
análogo, no caso do Ge e do Si, visto que o gap de
energia é muito pequeno, a maioria dos
electrões que capta energia suficiente para sair
da banda de valência acaba na banda de
Figura 1-6. Bandas de Condução e de valência de condução e a energia é dissipada na forma de
um condutor. calor. Por outro lado, para o GaAs, o gap de
energia é suficientemente grande para resultar
Um electrão na banda de valência do Silício
em significativa radiação de luz.
deve absorver mais energia do que outro na
banda de valência do Germânio para se tornar 1.4 Materiais Tipos N e P
um portador livre. Da mesma forma, um electrão As características de um material
na banda de valência do Arseneto de Gálio deve semicondutor podem ser alteradas
ganhar mais energia do que outro no Silício ou significativamente pela adição de átomos
germânio para entrar na banda de condução. específicos de impureza ao material
semicondutor relativamente puro. Tais
Essa diferença nos requisitos do gap de
impurezas, embora apenas adicionadas na
energia revela a sensibilidade de cada tipo de
proporção de uma parte em 10 milhões, podem
semicondutor às variações de temperatura. Por
alterar a estrutura de banda a ponto de
exemplo, à medida que a temperatura de uma
modificar totalmente as propriedades elétricas
amostra de Ge sobe, o número de electrões que
do material.
podem absorver energia térmica e entrar na
banda de condução vai aumentar muito Um material semicondutor que tenha sido
rapidamente, porque o gap de energia é muito submetido ao processo de dopagem é chamado de
pequeno. Entretanto, o número de electrões que material extrínseco.
entra na banda de condução para Si ou GaAs
seria muito menor. Essa sensibilidade a Há dois materiais extrínsecos de enorme
alterações no nível de energia pode surtir importância para a fabricação de um dispositivo
efeitos positivos e negativos. Criar semicondutor: materiais do tipo n e do tipo p.
fotodetectores sensíveis à luz e sistemas de
segurança sensíveis ao calor poderia ser uma Material Tipo n
excelente área de aplicação dos dispositivos de Um material do tipo n é criado pela
Ge. No entanto, no caso das redes de introdução de elementos de impureza que têm
transístores, nas quais a estabilidade é alta cinco electrões de valência (pentavalentes), tais
prioridade, essa sensibilidade à temperatura ou como Antimônio, Arsênio e Fósforo. O efeito
à luz pode ser um fator prejudicial. desses elementos é indicado na Figura 1-7
(utilizando antimônio como a impureza em uma
O gap de energia também revela quais base de silício). Note que as quatro ligações
elementos são úteis na construção de covalentes ainda estão presentes. Há, porém,
dispositivos emissores de luz, como díodos um quinto electrão adicional devido ao átomo
emissores de luz (LEDs). Quanto maior o gap de de impureza, o qual está dissociado de qualquer
energia, maior a possibilidade de a energia ser ligação covalente em especial. Esse electrão

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restante, fracamente ligado ao seu átomo de


origem (antimônio), é relativamente livre para
se mover dentro do recém-formado material do
tipo n, uma vez que o átomo de impureza
inserido doou um electrões relativamente
“livre” para a estrutura:

Figura 1-8. Impureza de Boro em material tipo p.

Note que agora o número de electrões


é insuficiente para completar as ligações
covalentes da ligação recém-formada. O
espaço vazio resultante é chamado de
lacuna e representado por um círculo
pequeno ou um sinal positivo, indicando a
ausência de uma carga negativa. Uma vez
Figura 1-7. Impureza de Antimónio em material
tipo n. que a lacuna resultante aceitará
prontamente um electrão livre:
Impurezas difundidas com cinco electrões
de valência são chamadas de átomos doadores. As impurezas difundidas com três electrões
de valência são chamadas de átomos
É importante compreender que, aceitadores.
apesar de um grande número de portadores
livres ter se estabelecido no material do tipo Fluxo de electrões versus fluxo de
n, ele ainda é electricamente neutro, uma lacunas
vez que, em termos ideais, o número de O efeito da lacuna na condução é
protões com carga positiva nos núcleos mostrado na Figura 1-9. Se um electrão de
permanece igual ao número de electrões valência adquire energia cinética suficiente
livres com carga negativa em órbita na para quebrar sua ligação covalente e
estrutura. preenche o vazio criado por uma lacuna
existente, será criado um espaço vazio, ou
Material Tipo P lacuna, na ligação covalente que liberou o
O material do tipo p é formado pela electrão. Existe, portanto, um deslocamento
dopagem de um cristal puro de germânio ou de lacunas para a esquerda e de electrões
silício com átomos de impureza que para a direita, como mostrado na Figura 1-
possuem três electrões de valência. Os 9. O sentido a ser usado neste livro é o do
elementos mais comumente utilizados para fluxo convencional, que é indicado pelo
esse fim são boro, gálio e índio. O efeito de sentido do fluxo da lacuna.
um desses elementos, o boro, sobre uma
base de silício está indicado na Figura 1-8.

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Figura 1-9. Fluxo de Electrões versus fluxo de


lacunas.

Figura 1-10. Materiais tipo N e P.


Portadores Majoritários e Minoritários
No estado intrínseco, o número de 1.5 Díodo Semicondutor
electrões livres no Ge e no Si é resultante O díodo semicondutor é formado
apenas dos poucos electrões na banda de juntando-se simplesmente materiais
valência que adquiriram energia suficiente semicondutores do tipo N e P, conforme mostra
de fontes térmicas ou de luz para quebrar a a Figura 1-11. No momento em que são
ligação covalente ou das poucas impurezas “unidos”, os electrões e os buracos na região de
que não puderam ser removidas. Os espaços junção se combinam, resultando em uma
vazios deixados para trás na estrutura de ausência de portadores na região próxima à
junção.
ligação covalente representam nossa
quantidade bem limitada de lacunas. Em um Esta região de iões positivos e negativos
material do tipo n, o número de lacunas não não combinados é chamada de região de
se alterou significativamente a partir desse deplecção, devido à deplecção de portadores
nível intrínseco. nesta região.

O resultado líquido é, portanto, que o


número de electrões supera o de lacunas.
Por esse motivo:

Em um material do tipo n, o electrão é


chamado de portador majoritário e a lacuna de
portador minoritário. Em um material do tipo p,
a lacuna é o portador majoritário e o electrão é o
portador minoritário.
Figura 1-11. Junção p-n sem polarização externa.

Como o díodo é um dispositivo de dois


terminais, a aplicação de uma tensão através de
seus terminais conduz a três possibilidades:
nenhuma polarização (V D = 0 V), polarização
directa (V D > 0 V) e polarização inversa (V D < 0
V).

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Sem Polarização (VD = 0 V) Polarização Reversa (VD <0 V)


Sob condições de não polarização, Se um potencial externo de V volts é
quaisquer portadores minoritários (buracos) aplicado através da junção p-n em que o
no material tipo n que se encontrarem dentro da terminal positivo é conectado ao material tipo n
região de deplecção irão passar direitamente e o material negativo é ligado ao material tipo p,
para o material do tipo p. Quanto mais próximo conforme mostra a Figura 1-13, o número de
o portador minoritário estiver da junção, maior iões negativos não-combinados na região de
é a atracção para a camada de iões negativos, e deplecção do material tipo n aumentará, devido
menor a oposição dos iões positivos na região ao grande número de electrões “livres”
de deplecção do material do tipo n. O mesmo arrastados para o potencial positivo da tensão
tipo de argumento pode ser aplicado para o aplicada. Por motivos semelhantes, o número de
material tipo p. iões negativos não-combinados aumentará no
material tipo p. O efeito é, portanto, um
Os portadores majoritários (electrões) do alargamento da região de deplecção. Este
material tipo n devem superar as forças alargamento da região de deplecção
atractivas da camada de iões positivos no estabelecerá uma barreira tão grande para os
material tipo n e o campo de iões negativos do portadores majoritários superarem que,
material tipo p, a fim de migrarem para a área efectivamente, reduzirá o fluxo de portadores
da região de deplecção do material tipo p. majoritários a zero, conforme mostra a Figura 1-
Contudo o número de portadores majoritários é 13.
tão grande no material tipo n que existirá,
invariavelmente, um número pequeno de
portadores majoritários com energia suficiente
para passar pela região de deplecção para o
material tipo p. Novamente, o mesmo tipo de
argumento pode ser aplicado aos portadores
majoritários (buracos) do material tipo p. Em
resumo, então:

Na ausência de uma tensão de polarização,


o fluxo resultante de carga em qualquer direcção
para um díodo semicondutor é zero.
Figura 1-13. Junção p-n polarizada reversamente.
O símbolo para o díodo é representado na
A corrente que surge sob condições de
Figura 1-12 com regiões tipo n e p associadas.
polarização reversa é chamada de corrente de
Como indicado, para V D = 0 V, a corrente em
saturação reversa, e é representada por I S .
qualquer direcção é 0 mA.
O termo saturação vem do facto de ela
alcançar seu valor máximo rapidamente e não
mudar significativamente com aumento do
potencial de polarização reversa, como
mostrados nas curvas características do díodo
da Figura 1-15 para V D < 0 V.

Figura 1-12. Condições de não-polarização para Polarização Directa


um díodo semicondutor. Uma condição de polarização directa, ou
“ligada”, é estabelecida aplicando-se o potencial

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positivo ao material tipo p, e o potencial miliamperes e a escala horizontal na região de


negativo ao material tipo n, como mostrado na polarização directa tem um máximo de 1 V.
Figura 1-14. Tipicamente a tensão através de m díodo
polarizado directamente será menor do que 1 V.

Figura 1-14. Junção p-n polarizada directamente.

Portanto:

Um díodo semicondutor é polarizado


directamente quando a associação tipo p e
positivo, tipo n e negativo for estabelecida.

A aplicação de um potencial de
polarização directa V D irá “forçar” electrões no
material tipo n e lucanos no material tipo p a Figura 1-15. Curva característica do díodo
semicondutor de silício.
recombinarem-se com os iões próximos da
fronteira, e reduzir a largura da região de Região Zener
deplecção como mostrado na Fig. 1-14. O fluxo Na curva característica do díodo existe
de portadores minoritários resultantes de um ponto onde a aplicação de uma tensão
electrões de material tipo p para o tipo n (e negativa resulta em uma mudança brusca na
lacunas do material tipo n para o material tipo curva. A corrente aumenta a uma taxa muito
p) não muda nada em intensidade (pois o nível rápida na direcção oposta da região de tensão
de condução é controlado essencialmente pelo positiva. O potencial de polarização reverso que
número limitado de impurezas no material), resulta desta brusca mudança na curva
mas a redução da região de deplecção resultou característica é chamado de potencial de Zener,
em um fluxo denso de majoritários através da é dado pelo símbolo V z .
junção. Um electrão do material tipo n agora
“vê” uma barreira reduzida na junção, devido à A região de avalanche (V z ) pode ser
região de deplecção reduzida e uma forte aproximada do eixo vertical, aumentando-se os
atracção para o potencial positivo aplicado ao níveis de dopagem nos materiais p e n. Contudo,
material tipo p. À medida que a polarização à medida que V z diminui para níveis muito
aplicada aumenta em amplitude, a região de baixos, tais como -5 V, outro mecanismo,
deplecção continua a diminuir em largura até chamado roptura Zener, contribuirá para a
que o fluxo de electrões consiga atravessar a mudança brusca na curva característica. Isto
junção, resultando em um aumento exponencial ocorre porque existe um forte campo eléctrico
da corrente conforme mostrado na região de na região de junção que pode perturbar as
polarização directa da curva característica da forças de ligação dentro do átomo e “gerar”
Figura 3-5. Observe que a escala vertical está em portadores. Embora o mecanismo de roptura

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Zener seja um elemento considerável em níveis


menores de V z , esta mudança brusca na curva
característica em qualquer nível é chamada
Região Zener e os díodos que empregam
apenas esta porção da curva de uma junção p-n
são chamados díodos Zener.

A região Zener do díodo semicondutor


descrito deve ser evitada para que a resposta de
um sistema não seja completamente alterada
pela mudança brusca na curva característica
nesta região de tensão reversa.

O potencial máximo de polarização reversa


permitida, para que o díodo não entre na região
Zener, é chamado de tensão de pico inversa
(denotada por TPI nominal) ou tensão de pico Figura 1-17. Comparação dos díodos
reversa (denotada por TPR nominal). semicondutores de Si e Ge.

A forma da curva na região de polarização


reversa também é muito semelhante para cada
material, mas deve-se observar a diferença
mensurável nas magnitudes das correntes mais
comuns de saturação reversa. Para o GaAs, a
corrente de saturação reversa costuma ser de
cerca de 1 pA, em comparação com 10 pA para
Si e 1 μA para Ge, uma diferença significativa de
níveis.

Além disso, deve-se observar as


magnitudes relativas das tensões reversas de
Figura 1-16. Região Zener. roptura de cada material. As curvas da Figura 1-
17 são concebidas simplesmente para refletir
Si, Ge e GaAs tensões de ruptura relativas para os três
Um gráfico comparando as características materiais. Quando se analisam os níveis de
de díodos de Si, GaAs e Ge é fornecido na Figura correntes de saturação reversa e tensões de
1-17. O germânio está mais próximo do eixo ruptura, o Ge certamente desponta como aquele
vertical e o GaAs, mais distante. Como se que tem o mínimo de características desejáveis.
observa nas curvas, o centro do joelho (knee em
inglês, daí o K ser a notação de VK) da curva é de
aproximadamente 0,3 V para Ge, 0,7 V para Si e
1,2 V para GaAs.

Efeitos de Temperatura
A temperatura pode ter um efeito
marcante sobre as características de um díodo
semicondutor de silício.

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Na região de polarização direta, a curva temperatura aumenta, as curvas características


característica de um diodo de silício desvia-se estão se tornando mais “ideais”, mas
para a esquerda a uma taxa de 2,5 mV por temperaturas além da faixa normal de operação
aumento de grau centígrado na temperatura. podem ter um efeito muito prejudicial sobre a
potência máxima e níveis de corrente do díodo.
A corrente de saturação reversa I S terá o se Na região de polarização reversa, a tensão de
valor em amplitude aproximadamente dobrado ruptura cresce com a temperatura, este é um
para cada aumento de 10° C na temperatura. indesejável aumento na corrente de saturação
reversa.

1.6 Níveis de Resistência


À medida que o ponto de operação de um
díodo move-se de uma região para outra, a
resistência do díodo também será alterada
devido a forma não-linear da curva
característica.

Resistência CC ou Estática
A aplicação de uma tensão DC num
circuito contendo um díodo semicondutor
resultará em um ponto de operação sobre a
curva do díodo inalterado com o tempo. A
resistência do díodo no ponto de operação pode
ser encontrada simplesmente encontrando os
valores correspondentes de V D e I D aplicando-
Figura 1-18. Variação nas curvas características do
se a seguinte equação:
díodo com a mudança na temperatura.

Para aplicações de alta temperatura,


deve-se, portanto, buscar diodos de Si com Is à
temperatura ambiente mais próxima de 10 pA,
um nível comumente disponível hoje em dia, o Os níveis de resistência DC no joelho e
que limitaria a corrente a 2,62 μA. É realmente abaixo deste serão maiores do que os níveis de
uma sorte que tanto o Si quanto o GaAs tenham resistência obtidos para a região de aumento
correntes de saturação reversa relativamente vertical da curva. Os níveis de resistência na
pequenas à temperatura ambiente. Existem região de polarização reversa serão bem
dispositivos de GaAs que funcionam muito bem maiores.
na faixa de temperatura de –200 °C a +200 °C,
em alguns casos atingindo temperaturas De modo geral, portanto, quanto maior a
máximas que se aproximam de 400 °C. corrente que passa através de um díodo, menor o
nível de resistência CC.
A tensão de ruptura reversa de um díodo
semicondutor aumentará ou diminuirá em
função da temperatura.

Os crescentes níveis de I S com a


temperatura são responsáveis pelos diferentes
níveis de tensão limiar. À medida que a

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Uma linha recta desenhada tangente à


curva através do ponto Q definirá uma variação
particular da tensão e corrente, e pode ser usada
para determinar a resistência ac ou dinâmica
para esta região da curva do díodo. Um esforço
deveria ser feito para manter a variação em
tensão e corrente tão pequena quanto possível,
equidistante de cada lado do ponto Q. Na forma
de equação,
Figura 1-19. Determinação da resistência CC de
um díodo em um ponto de operação específico.

Resistência AC ou Dinâmica
A resistência CC de um díodo independente
da forma da curva característica na região que Quanto mais íngreme a inclinação, menor
circunda o ponto de interesse. o valor de ΔVd para a mesma variação em ΔId, e,
menor a resistência. A resistência ac na região
Se uma senoide, ao invés de uma entrada
de aumento vertical da curva característica é,
DC for aplicada, a situação mudará
portanto, bem pequena, enquanto que a
completamente. A entrada variando moverá o
resistência ac é muito maior em níveis de
ponto de operação instantâneo para cima e para
correntes baixas.
baixo em uma região da curva, definindo uma
mudança específica na corrente e tensão
conforme a Fig. 1-20. Sem variações da tensão
aplicada, o ponto de operação seria o ponto Q,
que aparece na Fig. 3-9 determinado pelos
níveis DC aplicados. A designação do ponto Q é
obtida da palavra quiesciente, que significa
“nível invariável ou estacionário”.

Figura 1-21. Determinação da resistência ac no


ponto Q.

Mas na prática usa-se a equação:

Ele indica que a resistência dinâmica pode


ser encontrada simplesmente substituindo-se o
valor quiescente da corrente de díodo na
equação. É importante ter em mente que a
equação acima é precisa apenas para valores de
Figura 1-20. Definição da resistência dinâmica o I D na região de aumento vertical da curva.
AC.

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De modo geral, portanto, quanto maior o características do dispositivo por segmentos de


ponto Q de operação (corrente menor ou tensão recta. O circuito equivalente resultante é
inferior), maior a resistência CA. naturalmente chamado circuito equivalente
linear por partes. Para a região de inclinação da
Resistência AC Média curva equivalente, a resistência ac média, é o
Se o sinal de entrada for suficientemente nível de resistência que aparece no circuito
grande para produzir a amplitude mostrada na equivalente, próximo ao dispositivo real. Em
Fig. 3-11, a resistência associada do dispositivo essência, ela define o nível de resistência do
para esta região é chamada resistência ac média. dispositivo quando ele está “ligado”. O díodo
A resistência ac média é por definição, ideal é incluído para estabelecer que só existe
determinada pela linha recta determinada entre uma direcção de condução através do
as duas intersecções estabelecidas pelos valores dispositivo e que uma condição de polarização
máximo e mínimo. Na forma de equação: reversa resulta no estado de circuito-aberto
para o circuito. Como o díodo semicondutor de
silício não alcança o estado de condução até V D
atingir 0,7 V para polarização directa, uma
bateria V T opondo-se à direcção de condução
deve aparecer ao circuito equivalente. A bateria
especifica simplesmente que a tensão através
do sistema deve ser maior do que a tensão
limiar da bateria para que a condução através
do dispositivo na direcção imposta pelo díodo
ideal possa ser estabelecida. Quando isso
ocorre, a resistência do díodo terá o específico
de r AV .

Figura 1-22. Componentes do circuito equivalente


linear.
Figura 1-22. Determinação da resistência ac média
Contudo deve-se ter em mente que V T no
entre os limites indicados.
circuito equivalente não é uma fonte de tensão
independente. Em geral o nível aproximado de
r AV pode ser determinado de um ponto de
1.7 Circuitos Equivalentes do operação específico da folha de especificações.
Díodo
Um circuito equivalente é uma combinação
de elementos adequadamente escolhidos para
melhor representarem as características reais de
um dispositivo, sistema ou região particular de
operação.

Circuito Equivalente Linear por Partes


Uma técnica para se obter um circuito
equivalente para o díodo é aproximar as

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Figura 1-25. Díodo ideal e sua curva característica.

1.8 Folhas de Especificações do


Díodo
Figura 1-23. Definição do circuito equivalente Os dados sobre dispositivos
linear, usando-se segmentos de recta para aproximar a semicondutores específicos são normalmente
curva característica.
fornecidos pelo fabricante de duas formas. Mais
Circuito Equivalente Simplificado fequentemente, trata-se de uma breve
descrição, limitada talvez a uma página. O outro
Para a maioria das aplicações, a
modo é uma análise completa das
resistência r AV é suficientemente pequena para
características, usando-se gráficos, desenhos,
ser desprezada em comparação com outros
tabelas e assim por diante. Em todo caso,
elementos do circuito. A retirada de r AV do
entretanto, existem dados específicos que
circuito equivalente é o mesmo que dizer que a
devem ser incluídos na utilização correcta do
curva característica do díodo apresenta a forma
dispositivo. São eles:
mostrada na Fig. 1-24.
1. Tensão directa V F (para uma corrente e
temperatura específicas).
2. A corrente direita máxima I F (para uma
temperatura específica).
3. A corrente de saturação reversa I R
(para uma tensão e temperatura
específicas).
4. A tensão reversa nominal (TPI ou TPR
ou T(BR), onde BR vem do termo
“ruptura” (breakdown) ( a uma
temperatura específica)).
5. O nível máximo de dissipação de
Figura 1-24. Circuito equivalente simplificado para
o díodo semicondutor de silício. potência para uma temperatura em
particular.
Circuito Equivalente Ideal 6. Níveis de capacitância.
Se depois de se remover r AV , estabelece-se 7. Tempo de recuperação reverso t rr .
que um nível 0,7 V pode ser ignorado em 8. Faixa de operação de temperatura.
comparação a nível de tensão aplicada. Neste Dependendo do tipo de díodo
caso, o circuito equivalente será reduzido para considerado, dados adicionais também podem
um díodo ideal somente. ser fornecidos.

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1.9 Análise por Recta de Carga


A intersecção da recta de carga com a
curva característica determinará o ponto de
operação do sistema. Esta análise é chamada de
análise por recta de carga. Calculados os parâmetros, o desenho da
recta será:
Consideremos o circuito da Fig. 1-26,
nota-se que a “pressão” estabelecida pela
bateria tenta forçar uma corrente através do
circuito no sentido horário. O facto de esta
corrente e o sentido de condução do díodo
estarem “casados” revela que o díodo está no
estado “ligado” e a condução foi estabelecida. A
polaridade resultante através do díodo será
como mostrada e o primeiro quadrante será a
região de interesse para a polarização directa. Figura 1-27. Desenho da recta de carga e o ponto
de operação.

1.10 Configurações
série/paralelo de díodos com
entradas DC
Para cada configuração, o estado de cada
díodo deve ser inicialmente determinado. Estes
Figura 1-26. Configuração série do díodo. devem ser substituídos pelos seus circuitos
equivalentes.
Aplicando a LKT no circuito vem:
Em geral, um díodo está no estado “ligado”
se a corrente estabelecida pelas fontes é tal que
sua direcção está no mesmo sentido que a seta do
símbolo do díodo, e V D ≥ 0,7 V para o silício, V D ≥
As duas variáveis da equação acima (V D e 0,3 V para o germânio e V D ≥ 1,2 V para o
I D ) são as mesmas representadas pelos eixos Arseneto de Gálio.
coordenadas na curva característica do díodo.
Se um díodo está no estado “ligado”, pode-
As intersecções da recta de carga com a se representar apenas a fonte com a tensão V D ,
curva característica do díodo determinam-se caso esteja “desligado” utiliza-se o circuito
fazendo V D = 0 V e I D = 0 A na equação acima. aberto.

e
Figura 1-28. Configuração série do díodo e o
modelo equivalente do díodo “ligado”.

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CONCEITOS DE ELECTRICIDADE E ELECTRÓNICA – FÍSICA DO SEMICONDUTOR E DIODO

A Figura 1-31a mostra uma fonte


conectada a um resistor em série com um LED.
Em um LED polarizado diretamente, os
electrões livres atravessam a junção pn e se
recombinam com as lacunas. À medida que
esses electrões passam de um nível maior de
Figura 1-29. Díodo invertido, determinação do energia para um menor, eles irradiam energia
estado do díodo e modelo equivalente. na forma de fótons. Nos diodos comuns, essa
Estes métodos podem ser estendidos à energia é irradiada sob a forma de calor; em um
análise de configurações paralela e série- LED, essa energia é irradiada sob a forma de luz.
paralela. Para cada aplicação, simplesmente Este efeito é conhecido como
eletroluminescência.
adapte as etapas sequenciais utilizadas nas
configurações série com díodo.

1.11 Tipos de díodos e suas


aplicações
Diodos rectificadores são os tipos mais
comuns. Eles são usados nas fontes de
Figura 1-31. LED como indicador. (a) Circuito
alimentação para converter a tensão CA em CC.
básico; (b) Circuito prático.
Além destes díodos, existem od díodos Zener
que são muitos importantes na regulação de A cor da luz, que corresponde ao
tensão. Também existem os díodos comprimento de onda da energia dos fótons,é
optoelectrónicos, incluindo o LED, Schottky, determinada principalmente pelo gap nas
varactores e outros. bandas de energia (espaço entre as bandas de
energia) dos materiais semicondutores que são
Diodo Emissor de Luz - LED
usados.
Os LEDs substituíram as lâmpadas
incandescentes em muitas aplicações devido a Usando elementos como o gálio, arsênio e
vários fatores: baixo consumo de energia, fósforo, um fabricante pode produzir LEDs que
tamanho reduzido, resposta rápida a irradiam luz vermelha, verde, amarela, azul,
chaveamentos e longo ciclo de vida. A Figura 1- laranja, branca ou infravermelha (invisível).
30 mostra as partes de um LED de baixa
potência padrão. Assim como num diodo LEDs que produzem radiação visível são
comum, o LED tem um anodo e um catodo que úteis como indicadores em aplicações como
necessitam ser adequadamente polarizados painéis de instrumentação, roteadores de
para que opere corretamente. Internet e assim por diante. O LED
infravermelho encontra aplicações em sistemas
de segurança, controles remotos, sistemas de
controle industriais e outras áreas que
necessitam de radiação invisível.

Para a maioria dos LEDs disponíveis


comercialmente, a queda de tensão típica é de
1,5 V a 2,5 V para correntes entre 10 mA e 50
mA. A queda de tensão exata depende da
Figura 1-30. Partes constituintes de um LED.
corrente no LED, da cor, da tolerância,
juntamente com outros fatores. A não ser

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CONCEITOS DE ELECTRICIDADE E ELECTRÓNICA – FÍSICA DO SEMICONDUTOR E DIODO

quando indicado em contrário, usaremos uma A Figura 1-32c mostra o símbolo


queda de tensão nominal de 2 V quando esquemático para um varactor. A inclusão de
estivermos a analisar com LED. um capacitor em série com o diodo é para
lembrar que o varactor é um dispositivo que foi
Diodo VARICAP otimizado para apresentar uma propriedade de
O varactor (também chamado de capacitância variável.
capacitância variável com tensão, varicape,
epicape e diodo de sintonia) é muito utilizado A Figura 1-32d mostra como a
nos receptores de televisão, receptores de FM e capacitância varia com a tensão reversa. Este
outros equipamentos de comunicação, pois gráfico mostra que a capacitância diminui
pode ser usado para sintonia electrónica. quando a tensão reversa aumenta. A ideia
realmente importante aqui é que a tensão
Na Figura 1-32a, a camada de depleção reversa controla a capacitância.
está entre a região p e a região n. Estas regiões
são como placas de um capacitor, e a camada de Durante o seu uso, ele é conectado em
depleção é como um dielétrico. Quando um paralelo com um indutor para formar um
diodo é polarizado reversamente, a largura da circuito ressonante paralelo. Esse circuito tem
camada de depleção aumenta com a tensão apenas uma frequência na qual a impedância
reversa. Como a camada de depleção fica mais máxima ocorre. A frequência é chamada de
larga com o aumento da tensão reversa, a frequência de ressonância. Se a tensão CC
capacitância diminui. A ideia é que a reversa no varactor mudar, a frequência de
capacitância pode ser controlada pela tensão ressonância também muda. Esse é o princípio
reversa. por trás da sintonia eletrônica de uma estação
de rádio, um canal de TV e outros.

Diodo Túnel
Aumentando o nível de dopagem de um
diodo de retaguarda, podemos obter uma
ruptura em 0 V. Além disso, uma dopagem forte
distorce a curva direta, como mostra a Figura 1-
33a. O diodo que apresenta um gráfico como
este é chamado de diodo túnel.

Figura 1-32. O Varactor. (a) As regiões dopadas


como placas de um capacitor separadas por um
dieléctrico; (b) Circuito equivalente CA; (c) Símbolo
esquemático; (d) Gráfico da capacitância versus tensão Figura 1-33. O Diodo Túnel. (a) Ruptura ocorre em
reversa. 0 V; (b) Símbolo Esquemático.

A Figura 1-32b mostra o circuito A Figura 1-33b mostra o símbolo


equivalente CA para um diodo reversamente esquemático para um diodo túnel. Esse tipo de
polarizado. Em outras palavras, assim que um diodo exibe um fenómeno conhecido como
sinal CA for aplicado, o varactor funciona como região de resistência negativa. Isso significa que
um capacitor variável. um aumento na tensão direta produz uma

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CONCEITOS DE ELECTRICIDADE E ELECTRÓNICA – FÍSICA DO SEMICONDUTOR E DIODO

diminuição na corrente direta, pelo menos terminais definindo a tensão de saída são
numa parte do gráfico entre VP e VV. A conectados directamente ao sinal de entrada via
resistência negativa dos diodos túneis é útil nos o curto-circuito produzido pelo díodo.
circuitos de alta frequência chamados de
osciladores.

Esses circuitos são capazes de gerar um


sinal senoidal, similar àqueles produzidos em
um gerador CA. Mas diferente do gerador CA
que converte energia mecânica em um sinal
senoidal, um oscilador converte energia CC em
um sinal senoidal.

1.12 Entradas Senoidais:


Rectificadores de Meia-Onda
Figura 1-35. Região de condução (0 →T/2).
Consideremos um circuito da Fig. 1-34. No
momento utilizaremos o modelo ideal para Para o período T/2 →T, a polaridade de
assegurarmos que a abordagem não inclua mais entrada v i é mostrada na Fig. 1-36, a polaridade
uma complexidade matemática. através do díodo ideal produz um estado
“desligado” com um circuito aberto como
modelo equivalente.

Figura 1-36. Região de não-condução (T/2 →T).


Figura 1-34. Rectificador de meia-onda.
O resultado é a ausência de um caminho
O circuito da figura acima é chamado de para que as cargas fluam e V D = 0 V para o
rectificador de meia-onda irá gerar uma forma período T/2 →T. A entrada v i e a saída v 0 foram
de onda v 0 que possuirá um valor médio de uso traçadas juntas na Fig. 1-37 para que possa
particular no processo de conversão ac-dc. haver uma comparação.

Durante o intervalo t = 0 →T/2 na Fig 1-


34, a polaridade da tensão aplicada v i é tal que
estabelece uma “pressão” no sentido indicado e
liga o díodo com a polaridade indicada.
Substituindo pelo curto-circuito equivalente
para o díodo ideal, resulta no circuito
equivalente da Fig. 1-35, onde o sinal de saída é
uma réplica exacta do sinal de entrada. Os dois

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Aplicando a LKT, torna-se óbvio que a TPI


máxima do díodo deve igualar-se ou ser maior
do que o valor de pico da tensão aplicada.

TPI máxima ≧ Vm

1.13 Rectificadores de Onda


Completa

Circuito Ponte
Figura 1-37. Sinal rectificado de meia-onda. O nível dc obtido a partir de uma entrada
senoidal pode ser melhorado 100% utilizando-
O sinal de saída v 0 tem agora uma área se um processo chamado rectificação de onda
resultante média determinada por: completa. O circuito mais usual empregado para
realizar tal função é mostrado na Fig. 1-39, com
Vcc = Vdc = 0,318Vm = Vm/π
seus quatro díodos com uma configuração em
O processo de se remover metade do sinal ponte.
de entrada para estabelecer um nível dc é
denominado rectificação de meia-onda. Para
situações onde V m >> V K , para determinar o
valor médio com um relativo alto grau de
precisão, pode ser utilizada a expressão:

Vdc = 0,318(Vm – V K )

Tensão de Pico Inverso - TPI Figura 1-39. Rectificador em ponte de onda


A tensão de pico inversa (TPI) ou TPR completa.
(tensão de pico reversa) é de suma importância
Durante o período de t = 0 até T/2, a
no projecto de sistemas de rectificação. Sabe-se
polaridade do sinal de entrada é mostrada na
que a tensão máxima nominal do díodo não deve
Fig. 1-40. As polaridades resultantes através dos
ser ultrapassada na região de polaridade
díodos ideais são mostradas, revelando que D 2
reversa, ou o díodo entrará na região de
e D 3 estão em condução enquanto que D 1 e D 4
avalanche Zener. A TPI máxima permitida para
estão no estado “desligado”.
o rectificador de meia-onda pode ser
determinada como na Fig. 1-38, que mostra o
díodo reversamente polarizado com uma tensão
aplicada máxima.

Figura 1-40. Circuito rectificador para o período


0→T/2 do sinal de entrada v i .
Figura 1-38. Determinação da TPI máxima exigida
para rectificador de meia-onda.

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O resultado é a configuração da Fig.


abaixo e uma vez que os díodos são ideais, a
tensão na carga v 0 = v i .

Figura 1-43. Formas de ondas dos sinais de


entrada e saídas para um rectificador de onda completa.

Como a área acima do eixo para o ciclo


completo é agora o dobro da área obtida por um
rectificador de meia-onda, o nível dc também
dobra:

Vcc = Vdc = 0,636Vm = 2Vm/π

Se os díodos de silício ao invés de díodos


ideais fossem empregados como mostra a Fig. 1-
44, aplicando LKT ao longo do caminho de
Figura 1-41. Caminho de condução para a região condução resulta em:
positiva de v i .

Para a região negativa do sinal de entrada,


os díodos D 1 e D 4 estão conduzindo, resultando
na configuração da Fig. 1-42. O resultado O valor de pico da tensão de saída V 0 é
importante é que a polaridade através do dado por:
resistor de carga R é a mesma, estabelecendo
um segundo pulso positivo.

Figura 1-44. Determinação de V 0max para díodos


de silício na configuração ponte.

Para situações onde V m >>2V K pode ser


aplicado à equação abaixo para o valor médio
com relativo alto grau de precisão.

Vdc = 0,636(Vm – 2V K )
Figura 1-42. Caminho de condução para a região
negativa de v i . A TPI ou PIV exigida para cada díodo
(ideal) pode ser determinada da Fig. 1-45,
Ao longo de um ciclo completo, as tensões
obtida do pico positivo do sinal de entrada. Para
de entrada e saída serão as mesmas como
o loop indicado, a tensão máxima através de T é
mostrada na Fig. 1-43.
V m e a TPI máxima é definida por:

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PIV ≧ Vm Durante a porção negativa do sinal de


entrada, o circuito comporta-se como mostra a
Fig. 1-48, invertendo as funções dos díodos, mas
mantendo a mesma polaridade da tensão
através do resistor de carga R.

Figura 1-45. Determinação de PIV permitida para


configuração ponte.

Transformador com Derivação


Central
Um rectificador de onda completa
também pode aparecer com dois díodos como
na Fig. 1-46. Neste caso há necessidade de um
transformador com derivação central para que
o sinal de entrada apareça em cada secção do
secundário do transformador.
Figura 1-48. Condições do circuito para a região
negativa.

O circuito da Fig. 1-49 nos auxiliará a


determinar a TPI para cada díodo neste
rectificador de onda completa.

Figura 1-46. Rectificador de onda completa,


utilizando transformador de derivação central.

Durante a porção positiva de v i aplicado


ao primário do transformador, o circuito se
comportará como mostra a Fig. 1-47. D 1 assume
o curto-circuito equivalente, e D 2 o circuito-
Figura 1-49. Determinando o valor da PIV para os
aberto equivalente, determinados pelas tensões
díodos do rectificador de onda completa com
no secundário e pelos sentidos das correntes transformador CT.
resultantes. A tensão de saída também é
mostrada na mesma figura. Aplicando a tensão máxima no
secundário, e V m sendo determinada pelo
adjacente, resulta em

TPI ≧ 2Vm
Figura 1-47. Condições do circuito para a região
positiva.

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1.14 O filtro de entrada com


Indutor
Observando a Figura 1-50a, temos o tipo
de filtro chamado de filtro de entrada com
Filtrando a saída de um
indutor (bobina ou choque). A fonte CA rectificador
produz uma corrente no indutor, capacitor e A Figura 1-51 mostra um filtro de entrada
resistor. A corrente CA em cada componente com bobina entre um retificador e uma carga. O
depende da reatância indutiva, reatância retificador pode ser de meia onda, onda
capacitiva e da resistência. completa com derivação central ou onda
completa em ponte.

Figura 1-50. (a) Filtro de entrada com indutor; (b)


Circuito equivalente CA.
Figura 1-51. Rectificador com filtro de entrada
O reactor (indutor, bobina ou choque) com bobina.
tem uma característica física primária de se
opor à variação da corrente. Por isto, o filtro de A saída do retificador tem dois
entrada com choque idealmente reduz a componentes diferentes: uma tensão CC (o valor
corrente CA no resistor de carga a zero. Para médio) e uma tensão CA (a parte flutuante),
uma segunda aproximação, ela reduz a corrente conforme mostra a Figura 1-52.
CA na carga para um valor muito baixo.

A primeira exigência para um bom


projeto do filtro de entrada com indutor é ter o
valor de X C na frequência de entrada muito
menor que R L . Quando essa condição é
satisfeita, podemos ignorar a resistência de Figura 1-52. A forma de onda da saída do
rectificador tem componente CC e CA.
carga e usar o circuito equivalente da Figura 1-
50b. A segunda exigência para um bom projeto Cada uma delas age como fontes
do filtro de entrada com bobina é ter o valor de separadas. Tão logo a tensão CA é concebida, X L
X L muito maior que X C na frequência de entrada. é muito maior do que X C e isto resulta numa
tensão CA muito baixa no resistor de carga.
Quando essa condição é satisfeita, a
tensão de saída CA se aproxima de zero. Por O circuito age tão logo a tensão CC é
outro lado, como a bobina se aproxima de um concebida conforme mostra a Figura 1-53. Com
curto-circuito na frequência de 0 Hz e o frequência de 0 Hz, a reatância indutiva é zero e
capacitor se aproxima de um circuito aberto na a reatância capacitiva é infinita. Resta apenas a
frequência de 0 Hz, a corrente pode passar para resistência em série com o indutor. Se R S é
a resistência da carga com um mínimo de perda. muito menor que R L , a maior parte da
componente CC aparecerá no resistor de carga.
O circuito funciona como um divisor de
tensão reativo, onde X L é muito maior que X C ,
quase toda a tensão CA fica na bobina. Neste
caso, a tensão na saída é igual a:

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Figura 1-53. Circuito equivalente CC.

É assim que o filtro de entrada com


bobina funciona: quase todo o componente CC
passa para o resistor de carga e quase todo o
componente CA é bloqueado.
Figura 1-55. (a) Filtro de entrada com capacitor
Desse modo, obtemos uma tensão CC
sem carga; (b) Tensão CC pura na saída; (c) O Capacitor
quase perfeita, uma tensão que é quase permanece carregado quando o díodo é desligado.
constante, como a tensão na saída de uma
bateria. A Figura 1-54 mostra a forma de onda Inicialmente o capacitor está
filtrada para um sinal de onda completa. A única descarregado. Durante o primeiro quarto de
diferença para uma tensão CC perfeita é a ciclo da Figura 1-55(b), o diodo está
pequena tensão CA na carga. Esse pequeno valor diretamente polarizado. Como ele idealmente
de tensão CA na carga é chamado de ondulação funciona com uma chave fechada, o capacitor
(ou ripple). carrega e sua tensão torna-se igual à da fonte em
cada instante do primeiro quarto de ciclo. A
carga continua até que a entrada alcance seu
valor máximo. Nesse ponto a tensão no
capacitor é igual a Vp.

Após a tensão de entrada alcançar o valor


de pico, ela começa a descarregar. Assim que a
tensão de entrada torna-se menor que Vp, o
Figura 1-54. A forma de onda da saída filtrada é diodo desliga. Nesse caso, ele funciona como
uma corrente direta com uma pequena ondulação. uma chave aberta na Figura 1-55c. Durante os
ciclos restantes, o capacitor permanece
1.15 O filtro de entrada com totalmente carregado e o diodo permanece
Capacitor aberto. É por isso que a tensão de saída é
O filtro de entrada com indutor produz constante e igual a Vp.
uma tensão CC de saída igual ao valor médio de
um retificador de tensão. O filtro de entrada Para o capacitor ser aplicado como filtro
com capacitor produz uma tensão CC de saída de entrada, precisamos conectar um resistor de
igual ao valor de pico da tensão retificada. Este carga em paralelo com o capacitor, conforme
tipo de filtro é muito mais usado nas fontes de mostra a Figura 1-56(a). Enquanto a constante
alimenta de tempo RLC for muito maior que o período, o
capacitor permanecerá quase que totalmente
A Figura 1-55(a) mostra uma fonte CA, um carregado e a tensão na carga será
diodo e um capacitor. O segredo para entender aproximadamente igual a Vp. A única diferença
o filtro de entrada com capacitor é compreender de uma tensão CC perfeita é a pequena
o que este circuito simples faz durante o ondulação vista na Figura 1-56(b). Quanto
primeiro quarto do ciclo. menor o valor de pico a pico desta ondulação
mais perfeita será a tensão CC na saída.

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CONCEITOS DE ELECTRICIDADE E ELECTRÓNICA – FÍSICA DO SEMICONDUTOR E DIODO

1.16 Díodos Zener


A análise de circuitos empregando díodo
Zener é muito semelhante aos anteriores.
Inicialmente o estado do díodo deve ser
determinado, e em seguida deve haver uma
substituição do modelo aproximado apropriado
e uma determinação de variáveis do circuito.
Figura 1-56. (a) Filtro de entrada com capacitor
com carga; (b) Tensão de saída é contínua com uma
pequena ondulação; (c) A saída com rectificador de onda
completa tem uma menor ondulação.

Entre os picos, o diodo está desligado e o


capacitor descarrega pelo resistor da carga. Em
outras palavras, o capacitor fornece corrente
para a carga. Como o capacitor descarrega
apenas um pouco entre os picos, a ondulação
Figura 1-57. Circuitos equivalentes aproximados
pico a pico é pequena. Quando chega o próximo
do díodo Zener nas três regiões possíveis de aplicação.
pico, o diodo conduz brevemente e descarrega o
capacitor do valor de pico. Vi e RL fixos
O circuito mais simples que utiliza díodo
Filtrando uma onda completa Zener aparece na figura 1-58. A tensão DC
Se conectarmos um retificador de onda aplicada é fixa, como resistor de carga. A análise
completa com tomada central ou em ponte a um pode fundamentalmente dividida em duas
filtro de entrada com capacitor, a ondulação de etapas.
pico a pico é cortada ao meio. A Figura 1-56c
mostra por quê. Quando uma tensão em onda
completa é aplicada ao circuito RC, o capacitor
descarrega apenas até a metade. Portanto, a
ondulação de pico a pico é a metade daquele
valor em relação ao retificador de meia onda.

Aqui está uma fórmula derivada que


utilizaremos para estimar o valor de pico a pico
Figura 1-58. Regulador Zener básico.
da ondulação de qualquer filtro de entrada com
capacitor: 1. Determine o estado do díodo Zener,
removendo este do circuito e calculando a tensão
através do circuito-aberto resultante.

Onde:

V R – Ondulação de pico a pico

I – Corrente CC na carga

f – Frequência da ondulação
Figura 1-59. Determinando o estado do díodo
C – Capacitância Zener.

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Se V ≥ Vz, o díodo Zener está “ligado” e se Zener está no estado “ligado” e que o díodo pode
V < Vz, o díodo está desligado. ser substituído por sua fonte Vz equivalente.

2. Substitua o circuito equivalente O I L máximo é dado pela lei de ohm:


apropriado e resolva as variáveis desejadas.

A potência dissipada pelo díodo Zener é


determinada por
Quando o díodo está no estado “ligado”, a
tensão através de R permanece fixa em:

Que deve ser menor do que a P ZM


especificada para o dispositivo.

Díodos Zener são frequentemente E I R permanece fixa em


utilizados em circuitos reguladores ou como
uma referência de tensão. O circuito anterior é
um regulador simples projectado para manter
uma tensão fixa através da carga R L . Para
A corrente no Zener
valores de tensão aplicada maiores do que a
exigida para “ligar” o díodo Zener, a tensão
através da carga será mantida em Vz volts. Se o
díodo Zener é empregado como uma tensão de
referência, ele fornecerá um nível para a Resultando em Iz mínimo, quando I L é
comparação com outras tensões. máximo, e um máximo Iz, quando I L é mínimo,
já que I R é constante.
Vi fixo e RL variável
Devido à tensão Vz, há uma faixa RL fixo, Vi variável
específica de valores de resistor (e, portanto, Para valores fixos de R L na Fig. 1-58, a
corrente de carga) que garantirá o estado tensão V i deve ser suficientemente grande para
“ligado” do Zener. Uma resistência de carga R L ligar o díodo Zener. A tensão mínima V i = V imin
muito pequena resultará em uma tensão V L que liga o díodo é determinada por
através do resistor de carga menor do que Vz, e
o dispositivo Zener estará no estado
“desligado”.

Para determinar a resistência de carga


O valor máximo de V i é limitado pela
mínima da Fig. 1-58 que ligará o díodo Zener,
corrente de Zener máxima I ZM . Então I Rmax é
calcula-se simplesmente o valor de R L que
dado por:
resultará em uma tensão na carga V L = Vz. Ou
seja:

Uma vez que I L está fixa e I ZM é o valor


máximo de Iz, a máxima tensão V i é definida por:
Qualquer valor de resistência de carga
maior do que R L obtido assegurará que o díodo

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1.17 Circuitos Limitadores abaixo, mas existem algumas ideias para se ter
Há uma variedade de circuitos com em mente que auxiliam na busca de uma
díodos chamados limitadores (ou ceifadores) solução.
que possuem características de “limitar” uma
porção do sinal de entrada, sem distorcer o
restante da fonte de onda alternada. O
rectificador de meia onda é um exemplo mais
simples de um limitador com díodo – um
resistor e díodo.

Há duas categorias gerais de limitadores:


série e paralelo. A configuração série é definida Figura 1-61. Limitador série com uma fonte DC.

como aquela que tem o díodo em série com a


1. Imagine um esboço da resposta do
carga, enquanto o paralelo tem o díodo em um
circuito baseado na direcção do
ramo paralelo à carga.
díodo e nos níveis de tensão
aplicada.
Série
2. Determine a tensão aplicada
A resposta da configuração série da Fig. 1-
(tensão de transição) que causará
60a para várias formas de onda é fornecida na
a mudança de estado do díodo.
Fig. 1-60b.
3. Esteja sempre ciente dos terminais
e da polaridade de v 0 .
4. Pode ser útil traçar o sinal de
entrada acima da saída, e
determinar a saída a partir de
valores instantâneos da entrada.

Paralelo
O circuito da Fig. 1-62 é a mais simples
das configurações em paralelo com díodos, com
a saída resultante para os mesmos sinais de
entrada da Fig. 1-60. A análise das configurações
em paralelo é muito semelhante à utilizada em
configurações série.

Figura 1-60. Limitador série.

Não há um procedimento geral para


análise de circuitos do tipo mostrado na figura

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Figura 1-62. Resposta ao limitador paralelo.

Figura 1-64. Díodo ligado e capacitor


4.6 Circuitos Grampeadores
carregando para V volts.
O circuito grampeador é aquele que
“grampeia” o sinal em um nível DC diferente. O Quando a entrada chaveia para o estado –
circuito deve ter um capacitor, um díodo e um V, o circuito comporta-se como mostra a Fig. 1-
elemento resistivo, mas pode empregar uma 65, com circuito aberto equivalente para o díodo
fonte independente para introduzir um determinado pelo sinal aplicado e a tensão
deslocamento adicional. O valor de R e C deve armazenada através do capacitor – ambos
ser escolhido de maneira que a constante de “pressionando” a corrente através do díodo do
tempo seja grande o suficiente para assegurar cátodo para o ânodo. Agora que R está de volta
que a tensão através do capacitor não ao circuito, a constante de tempo determinada
descarregue significativamente durante o pelo produto RC é suficientemente grande para
intervalo em que o díodo não está em condução. estabelecer um período de descarga maior.

O circuito da Fig. 1-63 grampeará o sinal


de entrada ao nível zero (para díodos ideais). O
resistor R pode ser o resistor de carga ou uma
combinação paralela de carga e um resistor
projectado para fornecer o valor desejado de R.

Figura 1-65. Determinando v 0 com díodo


“desligado”.

A forma resultante na saída aparece na


Fig. 1-66 com o sinal de entrada.
Figura 1-63. Grampeador.

Durante o intervalo 0→T/2, o circuito


comportar-se-á como mostra a Fig. 4-24, com o
díodo no estado “ligado”, “retirando” o efeito do
resistor. A constante de tempo RC resultante é
tão pequena que o capacitor se carregará a V
volts muito rápido. Durante este intervalo, a
tensão de saída está directamente através do
curto-circuito e v 0 = 0 V.

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estar de acordo com a excursão do


sinal de entrada.

4.7 Circuitos Multiplicadores


de Tensão
Circuitos multiplicadores de tensão são
empregados para manterem uma tensão de pico
relativamente pequena no transformador,
enquanto multiplica a tensão de pico na saída
em duas, três, quatro ou mais vezes da tensão de
pico rectificada.

Dobrador de Tensão
O circuito da Fig. 1-67 é um dobrador de
tensão de meia-onda.

Figura 1-66. Tacado de v 0 .

Para o circuito grampeador:

A excursão total da saída é igual à excursão


total de entrada.

Em geral, os seguintes passos podem ser


úteis na análise de circuitos grampeadores: Figura 1-67. Dobrador de tensão de meia-
onda.
1. Inicie a análise de circuitos
grampeadores considerando a Durante o meio ciclo de tensão positiva no
parte do sinal de entrada que transformador, o díodo D 1 no secundário
polarizará directamente o díodo. conduz (e o díodo D 2 está cortado), carregando
2. Durante o período que o díodo está o capacitor C 1 até a tensão de pico rectificada
no estado “ligado”, assuma que o (V m ). OOO díodo D 1 é idealmente um curto
capacitor carrega-se durante este meio ciclo, e a tensão de entrada
instantaneamente a um nível de carrega o capacitor C 1 até V m com a polaridade
tensão determinada pelo circuito. mostrada na Fig. 1-68a. Durante o meio
3. Assuma que, durante o período em negativo da tensão secundária, o díodo D 1 está
que o díodo está no estado cortado e o díodo D 2 continua carregando o
“desligado”, o capacitor se mantém capacitor C 2 . Uma vez que o díodo D 2 age como
em nível de tensão estabelecido. curto durante o meio ciclo negativo, podemos
4. Durante toda análise, possua um somar as tensões ao longo da malha de saída.
conhecimento contínuo da
localização e polaridade de
referência de v 0 para assegurar
que os níveis apropriados para v 0
foram obtidos.
5. Tenha em mente a regra geral que
a excursão total da saída deve

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No próximo meio-ciclo, o díodo D 2 não


está conduzindo, e o capacitor descarregará
através da carga. Se não há carga conectada no
capacitor C 2 , os capacitores mantêm-se
carregados – C 1 em V m e C 2 em 2V m . Se, como
seria esperado, há uma carga conectada na saída
do dobrador de tensão, a tensão através do
capacitor C 2 sofre uma queda durante o meio-
ciclo positivo (na entrada), e o capacitor é
recarregado até 2V m durante o meio ciclo
negativo. A forma de onda na saída através do
capacitor C 2 é a de um sinal de meia onda
filtrado por um capacitor.

Figura 1-68. Operação dupla, mostrando cada


meio-ciclo da operação: (a) meio ciclo positivo; (b) meio-
ciclo negativo.

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