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MARINA RAISA VILELA DA SILVA

COMUNICAÇÃO DE DESASTRES: avaliação dos obstáculos e


da necessidade de melhorias
2022
MARINA RAISA VILELA DA SILVA

COMUNICAÇÃO DE DESASTRES: avaliação dos obstáculos e da necessidade de


melhorias

Projeto de Pesquisa apresentado ao Instituto de


Ciência e Tecnologia, Universidade Estadual
Paulista (Unesp), Campus de São José dos
Campos; Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), como
parte dos requisitos do Exame Geral de
Qualificação no Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em DESASTRES NATURAIS.
Área: Desastres Naturais. Linha de pesquisa:
Desastres associados a eventos extremos,
inundações e movimentos de massa.
.

Orientador: Dr. Osvaldo Luiz Leal de Moraes

São José dos Campos


2022
RESUMO

DA SILVA, MRV. Comunicação de Desastres: avaliação dos obstáculos e necessidade de


melhorias. Projeto de pesquisa. São José dos Campos: Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia; Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de
Desastres Naturais (Cemaden), 2022.

O desastre decorrente de causas naturais é uma ocorrência que gera uma grave suspensão do
funcionamento habitual de uma comunidade ou sociedade, afetando seu cotidiano. Essa
interrupção evolve conjuntamente danos materiais e econômicas, assim como prejuízos
ambientais e à saúde das comunidades, por meio de agravos e doenças que podem resultar em
óbitos imediatos e posteriores. O desastre sempre esteve presente no cotidiano do ser humano,
porém com o passar do tempo foram desenvolvidas formas de se comunicar para que estas
ações não fossem tão prejudiciais ao seu bem estar. Sistema de alerta é um conjunto de
competências imprescindíveis para criar e difundir, á tempo e de modo inteligível,
informações que permitam que indivíduos, comunidades e organizações vulneráveis a
desastres consigam se preparar e agir, de forma adequada e em tempo suficiente, para mitigar
o risco de sofrer danos e/ou perdas. organização se baseia em torno de quatro eixos
fundamentais: Conhecimento dos riscos; monitoramento; comunicação; capacidade de
resposta. O “Comunicar” dentro do eixo monitoramento e alerta é um dos mais importantes, a
comunicação do risco pode ser entendida como um processo de troca de informações e
avaliações claras e interpretativas entre os atores participantes. O alerta precoce é de grande
valor para os sistemas de gestão de desastres, eles providenciam aos cidadãos sobre um
evento perigoso iminente antes que ele aconteça, permitindo que eles se preparem. Evitando
parcialmente ou completamente o perigo. Todavia a forma como essa comunicação vem
sendo realizada tem apresentado certa deficiências, as quais necessitam de urgentes
modificações. Além disso, cidadãos, cientistas e gestores têm esse desafio em comum,
embora seus esforços nem sempre se conjuguem em torno dele. Dado o exposto, esse estudo
tem como objetivo verificar como são e discutir as formas de comunicação padrão de
desastres ambientais, no âmbito do sistema de monitoramento e alerta, de acordo com a
perspectiva de diferentes sujeitos. A fim de verificar se a forma de se comunicar atual é
suficiente para suprir a demanda dos os eventos que vêm ocorrendo. Assim como, para avaliar
se estes meios estão sendo verdadeiramente úteis no quesito de informar o perigo e evitar as
perdas e danos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada em estudos de caso do tipo
descritivo-analítico. A abordagem específica e contextual da comunicação em desastres a
partir da descrição de casos cuja percepção e vivência acerca do tema servirão como objeto de
estudo. Será realizada uma revisão bibliográfica sobre os sistemas de comunicação existentes
em diversos países. Subsequentemente, serão utilizados questionários padronizados para a
coleta de dados, que consistirá em entrevistas. Estas serão realizadas com os diversos
integrantes dos eixos do sistema de alerta.

Palavras-chave: Desastres ambientais. Comunicação. Sistema de alerta. Entrevistas. Cidadãos


ABSTRACT

DA SILVA, M.R.V. Disaster Communication: assessment of obstacles and need for


improvement. Research projetct. São José dos Campos: São Paulo State University (Unesp),
Institute of Science and Technology, National Center for Monitoring and Early Warning of
Natural Disasters (Cemaden), 2022.

The disaster resulting from natural causes is an occurrence that generates a serious
suspension of the usual functioning of a community or society, affecting its daily life. This
interruption jointly involves material and economic damage, as well as environmental and
health damage to communities, through injuries and diseases that can result in immediate and
subsequent deaths. Disaster has always been present in the daily life of human beings, but
over time, ways of communicating were developed so that these actions were not so harmful
to their well-being. Alert system is a set of essential skills to create and disseminate, in a
timely and intelligible way, information that allows individuals, communities and
organizations vulnerable to disasters to prepare and act, in an adequate and timely manner,
to mitigate the risk of damage and/or loss. organization is based around four fundamental
axes: Knowledge of risks; monitoring; Communication; responsiveness. The “Communicate”
within the monitoring and alert axis is one of the most important, risk communication can be
understood as a process of exchanging information and clear and interpretive assessments
between the participating actors. Early warning is of great value to disaster management
systems, they provide citizens with an imminent dangerous event before it happens, allowing
them to prepare. Partially or completely avoiding the danger. However, the way in which this
communication has been carried out has shown certain deficiencies, which need urgent
changes. Furthermore, citizens, scientists and managers have this challenge in common,
although their efforts do not always converge around it. Given the above, this study aims to
verify how they are and discuss the standard forms of communication of environmental
disasters, within the scope of the monitoring and alert system, according to the perspective of
different subjects. In order to verify if the current way of communicating is sufficient to meet
the demand of the events that have been taking place. As well as, to assess whether these
means are being truly useful in terms of informing the danger and preventing losses and
damages. This is a qualitative research based on descriptive-analytical case studies. The
specific and contextual approach to disaster communication based on the description of cases
whose perception and experience on the subject will serve as an object of study. A
bibliographic review will be carried out on the existing communication systems in several
countries. Subsequently, standardized questionnaires will be used for data collection, which
will consist of interviews. These will be carried out with the various members of the alert
system axes.

Keywords: Environmental disasters. Communication. Alert system. Interviews. Citizens.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................5
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................7
2.1 Sistema de monitoramento e alerta 7
2.2 Eixos do sistema de monitoramento e alerta 8
2.3 Conhecimentos dos Riscos – Pesquisa e Desenvolvimento 9
2.3.1 CEMADEN, Universidade, Instituto de Pesquisa, Rede Pesquisa 9
2.4 Monitoramento e Alerta – Observar 10
2.4.1 Sala de Situação – CEMADEN/ANA 10
2.5 Educação e Comunicação – Formar e Informar 11
2.6 Capacidade de Resposta – Recursos e Habilidades Para Conviver e Reduzir os
Riscos 12
2.7 Comunicar, o que define esse eixo? 13
2.7.1 Comunicação do Risco no Brasil e ao Redor do Mundo 14
3 PROPOSTA DE PESQUISA.......................................................................................16
3.1 Objetivo Geral 16
3.2 Objetivos Específicos 16
4 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................17
4.1 Revisão Bibliográfica 17
4.2 Entrevistas 17
5 PLANO DE ATIVIDADES..........................................................................................18
REFERÊNCIAS...............................................................................................................19
5

1 INTRODUÇÃO

O desastre decorrente de causas naturais é uma ocorrência que gera uma grave suspensão
do funcionamento habitual de uma comunidade ou sociedade, afetando seu cotidiano. Essa
interrupção evolve conjuntamente danos materiais e econômicas, assim como prejuízos
ambientais e à saúde das comunidades, por meio de agravos e doenças que podem resultar em
óbitos imediatos e posteriores. Além disso, esses desastres podem ultrapassar a capacidade de
uma comunidade ou sociedade afetada em lidar com a situação utilizando seus próprios
recursos. O que pode gerar exacerbação das perdas e danos ambientais e na saúde para além
dos limites do lugar em que o evento ocorreu (EIRD, 2022; NARVÁEZ, LAVELL, ORTEGA
2009).

O desastre sempre esteve presente no cotidiano do ser humano, porém com o passar do
tempo foram desenvolvidas formas de se comunicar para que estas ações não fossem tão
prejudiciais ao seu bem estar. A comunicação se refere a qualquer comunicação pública ou
privada para trocar informações e opiniões entre as pessoas sobre a existência, a essência, a
forma, a gravidade, ou a aceitabilidade dos riscos de desastres. No sentido mais restrito, ela
focaliza uma transferência intencional de informações de especialistas para não especialistas,
com vistas a responder às preocupações ou necessidades do público leigo quanto a um
determinado perigo – real ou percebido (MONTEIRO, 2009).

O “Comunicar” dentro do eixo monitoramento e alerta é um dos mais importantes, este


está ligado diretamente ao sujeito que sofre com as consequências do desastre, a comunicação
do risco pode ser entendida como um processo de troca de informações e avaliações claras e
interpretativas entre os atores participantes. O alerta precoce é de grande valor para os
sistemas de gestão de desastres, eles providenciam aos cidadãos sobre um evento perigoso
iminente antes que ele aconteça, permitindo que eles se preparem. Evitando parcialmente ou
completamente o perigo (RANGEL, 2007).

Reduzir e gerir os riscos de desastres dependem dos seguintes procedimentos coordenação


intrassetorial e intersetorial e articulação com as partes interessadas em todos os níveis.
Também é indispensável o um compromisso abrangente de todas as instituições públicas nos
níveis local e nacional, mencionando as responsabilidades de cada parte interessada pública e
6

privada, incluindo empreendimentos e universidades para garantir comunicação, parceria e


correlação de papel, bem como prestação de contas e acompanhamento (SENDAI, 2015)

Todavia a forma como essa comunicação vem sendo realizada tem apresentado certas
deficiências, as quais necessitam de urgentes modificações. Ocorridos como em Franco da
Rocha, Embu das Artes, Francisco Morato entre outros municípios do Estado de São Paulo e
Petropolis - RJ, em janeiro deste ano, revelaram uma grave limitação dentro do sistema de
monitoramento e alerta. O segmento de comunicação se mostra deficiente. Os sistemas de
informação do governo em nível de subdistrito/município precisam estar preparados para
disseminar informações e conteúdo que possam controlar o pânico e a confusão nas
comunidades afetadas por desastres naturais.

Dado o exposto, esse estudo tem como objetivo verificar como são e discutir as formas de
comunicação padrão de desastres ambientais, no âmbito do sistema de monitoramento e
alerta, de acordo com a perspectiva de diferentes sujeitos. Serão entrevistados envolvidos no
sistema de comunicação a fim de verificar se a forma de se comunicar atual é suficiente para
suprir a demanda dos os eventos que vêm ocorrendo. Assim como, para avaliar se estes meios
estão sendo verdadeiramente úteis no quesito de informar o perigo e evitar as perdas e danos.
Hipotetizamos que o sistema atual apresenta múltiplas falhas e o conhecimento acerca de tais
deficiências pode favorecer a criação de políticas públicas para sanar tais problemas.
7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Sistema de monitoramento e alerta

Sistema de alerta é um conjunto de competências imprescindíveis para criar e difundir,


á tempo e de modo inteligível, informações que permitam que indivíduos, comunidades e
organizações vulneráveis a desastres consigam se preparar e agir, de forma adequada e em
tempo suficiente, para mitigar o risco de sofrer danos e/ou perdas (UNISDR, 2012). Os
sistemas de monitoramento e alerta devem integrar a comunidade técnica e científica, as
autoridades e a sociedade, para que os alertas de previsão e detecção de eventos extremos
orientem as respostas adequadas para se preparar contra os perigos naturais (UNISDR, 2004).

O governo federal estabelece a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Brasil,


2012), que prevê a introdução de sistema de alerta e alarme nas áreas cadastradas como
prioritárias, acionando um plano de emergência para que as pessoas evacuem suas residências
em direção aos pontos de apoio (abrigo temporário) (CARVALHO, 2018). Em áreas de risco,
onde a atividade humana já está consolidada, os sistemas de alerta são importantes
ferramentas de auxílio para a redução de danos e prejuízos (KOBIYAMA et al., 2006). A
necessidade de medidas para prevenir e mitigar os danos causados por inundações frequentes
em bacias hidrográficas transnacionais na Europa levou ao estabelecimento do Sistema
Europeu de Conscientização de Inundações (EFAS), que visa fornecer alerta precoce
adequado para as ações necessárias (THIELEN et al., 2009).

Os sistemas de monitoramento e alerta são projetados para prever alertas precoces de


risco de desastres em determinadas áreas, para que as populações locais estejam mais bem
preparadas para responder aos eventos. Em nível global existem vários sistemas de alerta
precoce, sendo um deles o Global Disaster Alert and Coordination System (GDACS). O
sistema, uma parceria entre as Nações Unidas e a Comissão Europeia, tem como objetivo
alertar sobre eventos extremos em todo o mundo, trocar informações e coordenar ações em
caso de desastres. Além de estimar o impacto após grandes eventos, o GDACS também
fornece alerta em tempo real de desastres iminentes.

A coleta de dados ocorre por meio de dados GIS, redes sociais e dados de campo. Os
dados GIS fornecem dados de sensores, áreas prioritárias, imagens de satélite e muito mais.
8

As redes sociais são usadas para identificar eventos ou desastres que ocorrem em tempo real.
Os dados de campo são relatórios, fotografias e/ou vídeos que podem gerar informações
importantes quanto à existência de desastres (MARCHEZINI et al. 2020).

Figura 1: fluxo de trabalho do Cemaden.

Fonte: Cemaden

2.2 Eixos do sistema de monitoramento e alerta

Inúmeros documentos nacionais, internacionais e pesquisas científicas foram


elaborados sobre sistemas de alerta e têm demonstrado que sua organização se baseia em
torno de quatro eixos fundamentais:

 Conhecimento dos Riscos;

 Monitoramento;

 Comunicação;

 Capacidade de Resposta.

Figura 2 – Eixos principais de um SARD


9

Fonte: Marchezini et al. (2017ª)

2.3 Conhecimentos dos Riscos – Pesquisa e Desenvolvimento

2.3.1 CEMADEN, Universidade, Instituto de Pesquisa, Rede Pesquisa

Os principais pilares que compõem os conhecimentos de riscos são a geração de


conhecimento, o aprimoramento de metodologias e banco de dados de pesquisas aplicadas a
desastres naturais (suscetibilidade, vulnerabilidade, risco). O aviso de desastre é sempre
definido em termos da relação entre o risco, vulnerabilidade, capacidade de proteção e
políticas públicas para mitigar/reduzir o risco. Compreender o risco significa analisar esses
diferentes componentes. As ameaças referentes aos fenômenos naturais (chuvas, tornados,
terremotos, secas, etc.), tecnológicos (barragens mal planejadas/mal construídas, usinas
nucleares, etc.) e biológicos (vírus, bactérias) podem desencadear danos potenciais
(MARCHEZINI et al 2020).

Efetivamente, a natureza dos fenômenos "naturais" tem sido questionada,


especialmente as ações humanas que contribuem para as mudanças climáticas. Algumas
dessas ameaças podem envolver diferentes escalas e intensidades espaciais e temporais. Em
relação à dimensão espaço-temporal, por exemplo, podemos ter eventos pluviométricos
extremos em minutos e/ou horas em áreas urbanas de regiões metropolitanas e/ou áreas rurais
10

em regiões semiáridas, que terão diferentes representações, nem sempre tão ameaçadoras.
(VALENCIO et al, 2005).

Mas devido ao El Niño, podemos experimentar secas prolongadas (5 anos) no


Nordeste, e durante este período, algumas áreas têm poucos eventos de chuvas fortes, o que
pode desencadear montanhas em um solo com pouca capacidade de retenção do solo, sendo
estes ocupados por cortes irregulares em encostas, que induzem a ocorrência de deslizamentos
de terra. No entanto, podemos ter escalas temporais de ameaças associadas às mudanças
climáticas, como a elevação do nível do mar e eventos de inundação e erosão costeira devido
à passagem de ciclones extratropicais. São análise de múltiplas ameaças que os sistemas de
alerta devem monitorar (UNISDR, 2015).

2.4 Monitoramento e Alerta – Observar

O monitoramento geo-hidrológico realizado pelo Cemaden Nacional é feito em regime


contínuo 24 horas por dia, sete dias por semana, todos os dias do ano. Este monitoramento é
feito por equipes constituídas por especialistas em Desastres, Geodinâmica, Extremos
Hidrológicos e Extremos Meteorológicos. O monitoramento utiliza a plataforma
computacional SALVAR, que foi criada para agregar diversos dados ambientais disponíveis.
Essa ferramenta facilita a previsão de riscos hidrológicos e geodinâmicos, uma vez que
permite combinar em um único ambiente, por meio de camadas, as áreas de risco mapeadas,
com dados instantâneos e acumulados de chuva estimada pelo radar, dados pluviométricos,
nível de rio, distribuição dos raios e imagens de satélite (MARCHEZINI et al., 2020).

2.4.1 Sala de Situação – CEMADEN/ANA

O Cemaden recebe dados e informações de diversas organizações federais, no que se


refere ao sistema nacional de monitoramento e alerta, estes são a CPRM, a Agência Nacional
de Águas (Ana), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estaduais e
municipais. A partir disso controla os dados e produz análises de risco de desastres associados
a inundações, deslizamentos e secas. Os alertas de risco de desastres associados a inundações
e deslizamentos são enviados para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
(Cenad), lotado na Sedec.

O Cenad redistribui esses alertas para as defesas civis estaduais e municipais. As


defesas civis estaduais e municipais geralmente comunicam esses alertas aos cidadãos por
11

meio de mensagens SMS, aplicativos, redes sociais (ver Figura 1). Ocasionalmente, se o
município recebe o alerta e entra em emergência, acionam-se formas de alarme por meio de
sirenes e outros com intuito que os moradores de áreas consideradas de risco realizem ações
de evacuação e as demais secretarias municipais possam prestar apoio às ações de resposta.

• desde dezembro de 2011; • monitoramento 24h/7 dias por semana; • alertas de risco de
movimentos de massa e inundações; boletins de previsão de riscos

Equipe multidisciplinar: Geólogos, Geógrafos, Engenheiros civis e agrônomos, Hidrólogos,


Meteorologistas, Profissionais de TI.

2.5 Educação e Comunicação – Formar e Informar

O ato de informar está em constante mudança, acima de tudo em um cenário de


surgimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs), que aprimoram as noções
de tempo e espaço, as relações sociais, os padrões de ética e moral, assim como as dimensões
da confiança e segurança. Tais modificações se fazem por mudanças inesperadas na duração e
nas formas de linguagem textual e audiovisual, assim como geram uma sensação de
insegurança a respeito da certeza das fontes de informação, sendo difícil reconhecer os papéis
de emissor e receptor de informação (MARCHEZINI et al,2018).

Moradores, cientistas e gestores têm esse desafio em comum, embora seus esforços
nem sempre se conjuguem em torno dele. Como comunicar as diferentes dimensões da
componente do risco? Como a comunicação pode ser facilitada durante uma conversa em que
os papéis tradicionais de emissor e receptor não são mais claros? O conceito de comunicação
de risco ainda é recente na comunidade científica e na prática da defesa civil, tendo sido
utilizado pela primeira vez em 1984 (LEISS, 1996).

A atenção em comunicar os possíveis riscos vem crescendo nos últimos anos que são
resultados do debate sobre a abertura na sociedade tomada de decisão, justiça, confiança,
participação pública e democracia; São temas que têm desempenhado um papel central no
desenvolvimento pesquisa e política. Sendo também uma percepção de que este é um
resultado possível de abordar de forma mais eficaz as respostas do público aos riscos se, em
oportunidades para aqueles afetados por decisões arriscadas participar efetivamente no
processo de tomada de decisão, resultando em processo analítico e prudente em que o risco
amplia o impacto listado como um fator importante na tomada de decisão discutir e tomar. A
12

amplificação social do risco é entendida como fenômeno de processamento de informação,


estrutura Instituições, comportamento de grupo social e respostas individuais moldar a
experiência social do risco e promover resultado (DI GIULIO et al. 2008).

2.6 Capacidade de Resposta – Recursos e Habilidade Para Conviver e Reduzir os Riscos

Na parte que tange à capacidade de resposta, incluem-se as formas de organização


local e as estratégias adotadas para responder aos eventos extremos e riscos em determinadas
áreas. Normalmente, as capacidades de resposta estão relacionadas às condições econômicas,
sociais, culturais e institucionais para fazer enfrentar às ameaças. Capacidade de resposta
também pode ser pensada como dimensão de risco, que se refere a instituições públicas e
entidades privadas devem suportar e mitigar os riscos, evitando tornar-se um desastre. A
informação é essencial, mas, neste caso, não é suficiente para agir. A forma de organização
social coletiva entre os moradores é caso, um exemplo de capital social que pode ser essencial
durante uma evacuação enfrentando inundações, como atestam os cidadãos de várias cidades.

Figura 3. Quatro eixos do sistema de alerta e abordagens primeira linha e fim de linha

Fonte:
MARCHEZINI, 2020

2.7 Comunicar, o que define esse eixo?

Pode-se afirmar que na busca sobre “comunicar” são encontradas duas perspectivas
para afirmação. Ademais, ela se refere a qualquer comunicação pública ou privada para trocar
informações e opiniões entre as pessoas sobre a existência, a essência, a forma, a gravidade,
13

ou a aceitabilidade dos riscos. No sentido mais restrito, ela focaliza uma transferência
intencional de informações de especialistas para não especialistas, com vistas a responder às
preocupações ou necessidades do público leigo quanto a um determinado perigo – real ou
percebido (MONTEIRO, 2009).

Algumas pessoas pensam que a mídia possui a responsabilidade de educar o público,


mas este não é seu papel principal. Os meios de comunicação são empresas e sua principal
missão é entreter o público com os anúncios que vendem e produzem notícias, que expressem,
por exemplo, "acidente-morte-desastre-guerra". Hoje, essas mídias são consideradas o quarto
poder, sua missão não é mais educar o público, mas capturar sua atenção, por esta motivo,
torna-se importante convencê-los de sua importância no sistema de alerta. A capacidade de
acessar e compartilhar grandes quantidades de informações para um grande número de
pessoas em um curto período de tempo mostra que “as TICs desempenham um papel
importante na facilitação do gerenciamento de risco de desastres” (ONU, 2013, p. 01).

Informar é um dos fundamentos mais relevantes dentro um sistema de alerta. "É muito
importante passar informações ao público, principalmente aos grupos de risco." A mensagem
deve incluir não apenas a data e a duração prevista do evento, mas também instruções claras e
precisas sobre os cuidados a serem tomados.

Os alertas devem ser comunicados a todas as pessoas vulneráveis. As informações


devem ser claras e conter informações simples e úteis. O uso de múltiplos canais de
comunicação (televisão, rádio, jornais, internet, etc.) É necessário garantir que o número
máximo de pessoas possa acessar os alertas emitidos (ISDR,2006). Uma das formas de
divulgação das informações sobre prevenção de eventos adversos é a comunicação de riscos
pelas autoridades de defesa e defesa civil e demais centros de monitoramento e operação e
órgãos governamentais (SORIANO, 2016).

A comunicação dos riscos retrata uma situação na qual a população tem acesso à
informação e, ao mesmo tempo, apresenta um comprometimento com a prevenção. Não É
simplesmente a divulgação de informações, mas se baseia na relação de entendimento e troca
de opiniões entre diversos atores sociais. “Compreender os riscos é tão importante quanto
entender sua realidade; sua aceitação depende mais da confiança pública na gestão eficaz dos
riscos do que de estimativas quantitativas”. Sua função primária é codificar análises
numéricas e probabilísticas em informações que sejam compreensíveis e acionáveis pelas
14

massas (ANGER, 2008). Sendo assim entende-se pela experiência, que existe muitas
dificuldades e incertezas científicas diante do assunto entre aqueles que gerenciam os riscos e
a coletividade que o vivencia, em face da dificuldade e às incertezas científicas do tema (DI
GIULIO et al. 2010)

Segundo Leiss (1996, apud Di Giulio 2006), o termo comunicação de risco é bastante
recente, utilizado pela primeira vez em 1984. Na época, houve uma discordância que se
baseou nas diferenças do conhecimento especializado na avaliação dos riscos e a sua relação
com entendimento da população. Rangel (2007) diz que o termo se manifestou como uma
estratégia para lidar com os riscos ambientais e ocupacionais, em função de uma série de
acidentes ocorridos no período como: Svezo- Itália (1976), México 1984, Bhopal-Índia
(1984), entre outros.

Em caso de desastre, a mídia atua como comunicadora porque faz parte de uma
cultura, com motivação, além do evidente interesse público e dever social de informar . O
objetivo de alertar os públicos para o qual a imprensa estará se direcionando, tanto no intuito
de informar o desastre, como discutir formas de prevenção. Cada veículo possui uma
linguagem diferente e, com a disseminação dos meios, estes públicos podem integrar-se.

2.7.1 Comunicação do Risco no Brasil e ao Redor do Mundo

Segundo Fraga (2017), o sistema de envio de SMS para alertas de desastres começou
no Japão em 2007, e ainda está operando em mais de 20 países. No Brasil, o projeto piloto foi
implantado inicialmente em 20 cidades do estado de Santa Catarina, onde há cerca de 500 mil
habitantes. Atualmente, o sistema está se espalhando para outras cidades dos estados
brasileiros monitorados pelo CEMADEN. Várias operadoras móveis ao redor do mundo estão
recrutando usuários para ajudar a divulgar e usar sistemas de alerta de desastres, que estão
ocorrendo com alta frequência à medida que grupos mais vulneráveis são expostos a ameaças,
e algumas estão até se unindo a redes sociais para ingressar no "Safe" para permitir que os
usuários saibam que estão "seguros". Isso faz sentido porque as primeiras pessoas a interagir
umas com as outras após um desastre são amigos e familiares. Isso criou competição entre
companhias telefônicas de diferentes partes do mundo (por exemplo, Tigo El Salvador, Smart,
Globe) para atualizar os sistemas de alerta de desastres, enviando mensagens e alertas aos
clientes. (FILDES, 2018).
15

Os sistemas de informação do governo central em nível de subdistrito/aldeia precisam


estar preparados para disseminar informações e conteúdo que possam controlar o pânico e a
confusão nas comunidades afetadas por desastres naturais. Ao receber informações, a mídia
eficaz é aquela que usa os meios eletrônicos e links para distribuir informações de líderes
comunitários e moradores afetados. Os meios eletrônicos mais utilizados são a televisão, o
rádio, internet e os telefones celulares, e a mídia não eletrônica, são mesquitas/igrejas, salas
de oração, líderes comunitários e propaganda boca a boca. No entanto, em circunstâncias
adversas como as de desastre, os dispositivos eletrônicos geralmente enfrentam problemas de
acesso e rede (BAKRI, 2022).
16

3 PROPOSTA DE PESQUISA
Será realizada uma revisão bibliográfica sobre os sistemas de comunicação existentes
em diversos países. Subsequentemente, serão utilizados questionários padronizados para a
coleta de dados, que consistirá em entrevistas. Estas serão realizadas com os diversos
integrantes dos eixos do sistema de alerta (jornalistas, pesquisadores, operadores de sala de
controle, defesa civil e moradores de locais ameaçados, principalmente aqueles que já
estiveram presente em alguma situação de risco).

O objetivo de usar esta técnica é entender as perspectivas e experiências das pessoas


em um evento ou tema específico. Perguntas da entrevista servirão para que os informantes
possam explicar e descrever as condições que ocorreram na comunidade em geral e as
respostas da comunidade durante a fase de resposta de emergência usando suas próprias
visões dos fatos.

3.1 Objetivo Geral

O objetivo deste artigo é responder as seguintes questões: Os sistemas que alertam


e/ou comunicam a população sobre perigos iminente alcançam o seu objetivo principal de
alertar a população sobre estas ameaças? Os órgãos responsáveis por comunicar e alertar os
cidadãos estão conseguindo o fazer? Levando em consideração a crescente frequência de
ocorrência de eventos extremos que resultam em desastres. A forma como a comunicação é
feita hoje apresenta deficiências pontuais e demanda urgente melhoria, tanto a níveis locais
quanto a níveis nacionais.

3.2 Objetivos Específicos

 Avaliar como os indivíduos que recebem estes comunicados lidam com esta informação, a
população consegue através destes alertas ponderar a dimensão do perigo que se
aproxima.

 Os comunicados realmente chegam a todos os moradores que residem em áreas de risco;

 Os comunicadores estão preparados para anunciar os eventos extremos que podem


deflagar em desastres de maneira inclusiva e compreensível;

 O que atrelada a comunicação pode ser decisivo na função de evitar que populações que
vivem em áreas de risco sejam atingidas de maneira fatal, o que fazer com estes informes,
se estes sabem como repassá-los ou como agir quando os recebem;
17

 Investigar como as novas tecnologias podem ser empregadas com intuito de tornar a
comunicação universal;
18

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Revisão Bibliográfica

Uma revisão de literatura sobre o comunicação em desastres naturais será realizada


usando bases de dados online, Elsiever, Scopus e Google acadêmico pesquisando palavras
chave ‘sistema de alerta’, ‘comunicação em desastres’ e ‘desastres ambientais e
comunicação’. Serão pesquisados estudos publicados até junho de 2023 (sem restrição de
idioma). Foram excluídos estudos que visavam apenas à detecção do desastre em si e não seu
informe. Além disso, será realizada uma busca manual em livros referente ao tema.
Serão reunidos e comparados os diferentes dados encontrados nas fontes de consulta
e listados os principais fatores que diferenciam os tipos de comunicação e como ela é
realizada no Brasil e em diferentes países; qual a diferença entre elas e como esta pode ser
melhorada em questões de potencializar a resposta para que seja mais imediata.

4.2 Entrevistas

Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada em estudos de caso do tipo descritivo-


analítico. A abordagem específica e contextual da comunicação em desastres a partir da
descrição de casos cuja percepção e vivência acerca do tema servirão como objeto de estudo.
Haverá uma descrição detalhada dos casos, das ocorrências a ele associados, e também será
feita sua problematização frente a referenciais teóricos relacionados ao assunto (YIN, 2001).

Participarão dos estudos de caso: jornalistas, pesquisadores da área de desastres,


operadores de sala de controle de centros de monitoramentos e alertas, membros da defesa
civil e moradores de locais ameaçados. Os casos foram eleitos por abrangerem versões
díspares de atores que estão envolvidos com a comunicação de riscos de diferentes formas.
19

5 PLANO DE ATIVIDADES

As atividades previstas neste projeto de pesquisa estão detalhadas no cronograma


apresentado a seguir e estão agrupadas em quatro ações gerais: Revisão bibliográfica, coleta
de dados por meio de entrevistas, análise de dados coletados, e redação do trabalho final.

Quadro 1 – Cronograma da pesquisa

Atividades 2022/1 2022/2 2023/1 2023/2


Realização das x x
disciplinas obrigatórias
do programa/ Revisão
bibliográfica
Redação do projeto de x x
pesquisa

Coleta de dados x

Análise dos dados x

Redação da dissertação x x

Fonte: Elaborado pelo autor.


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