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C A P Í T U L O 11
Sistema Respiratório
Desenvolvimento da Laringe
Desenvolvimento da Traqueia
Desenvolvimento dos Brônquios e dos Pulmões
Maturação dos Pulmões
Questões de Orientação Clínica
O s órgãos respiratórios inferiores (laringe, traqueia, brônquios e pulmões) começam a se formar durante a
quarta semana de desenvolvimento. O sistema respiratório é iniciado como um crescimento mediano – o sulco
laringotraqueal – que aparece no assoalho da extremidade caudal da faringe primitiva (Fig. 11-1A e B). O
primórdio da árvore traqueobrônquica se desenvolve caudalmente ao quarto par das bolsas faríngeas. O
revestimento endodérmico do sulco laringotraqueal dá origem ao epitélio pulmonar e glândulas da laringe, da
traqueia e dos brônquios. O tecido conjuntivo, a cartilagem e a musculatura lisa dessas estruturas se desenvolvem a
partir do mesoderma esplâncnico em torno do intestino anterior (Fig. 11-4A). As vias de sinalização BMP, Wnt e FGF
controlam o precoce padrão de expressão de Sox2 e Nkx2.1 no intestino anterior para a diferenciação da traqueia a partir do
esôfago. Nas áreas ventrais, Nkx2.1 é ativado, enquanto Sox2 é suprimido.
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FIGURA 11-1 A, Corte sagital da metade cranial de um embrião de 4 semanas. B, Seção horizontal do
embrião, que ilustra o assoalho da faringe primitiva e a localização do sulco laringotraqueal.
No final da quarta semana, o sulco laringotraqueal evagina-se (projeta) para formar o divertículo
laringotraqueal (broto pulmonar) saculiforme, que está localizado na porção ventral da região caudal do intestino
anterior (Figs. 11-1A e 11-2A).
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Conforme o divertículo se alonga, sua extremidade distal se amplia para formar o broto respiratório de forma
globular (Fig. 11-2B). O divertículo laringotraqueal logo se separa da faringe primitiva, mas esta mantém a
comunicação com ele através do orifício laríngeo primitivo (Fig. 11-2A e C). Conforme o divertículo se alonga, este
é circundado pelo mesoderma esplâncnico (Fig. 11-2B). As pregas traqueoesofágicas longitudinais se desenvolvem
no divertículo laringotraqueal, aproximand-se umas das outras, e se fusionam para formar uma partição – o septo
traqueoesofágico (Fig. 11-2D e E).
Este septo divide a parte cranial do intestino anterior em uma porção ventral, o tubo laringotraqueal (primórdio
da laringe, traqueia, brônquios e pulmões) e uma porção dorsal (primórdio da orofaringe e do esôfago) (Fig. 11-2F).
A abertura do tubo laringotraqueal na faringe torna-se o orifício laríngeo primitivo (Figs. 11-2F e 11-3C).
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Desenvolvimento da laringe
O revestimento epitelial da laringe se desenvolve a partir do endoderma da extremidade cefálica do tubo
laringotraqueal; as cartilagens da laringe, a partir de populações de células nos quarto e sexto pares dos arcos
faríngeos (Cap. 10). As cartilagens laríngeas se desenvolvem a partir do mesênquima, que é derivado de células da
crista neural. O mesênquima na extremidade cranial do tubo laringotraqueal prolifera rapidamente, produzindo o
par de saliências aritenoides (Fig. 11-3B). Tais saliências crescem em direção à língua, convertendo a glote
primitiva em um orifício laríngeo em formato de T (Fig. 11-3C e D). O epitélio laríngeo prolifera rapidamente,
resultando na oclusão temporária do lúmen da laringe. A recanalização da laringe ocorre até a 10ª semana. Os
ventrículos laríngeos formam-se durante esse processo de recanalização. Esses recessos são ligados por pregas da
membrana da mucosa que se desenvolmem nas pregas vocais (cordas) e nas pregas vestibulares.
A epiglote se desenvolve a partir da parte caudal da eminência hipofaríngea, uma proeminência produzida pela
proliferação do mesênquima nas extremidades ventrais do terceiro e quarto arcos da faringe (Cap. 10, Fig. 10-21, e
Fig. 11-3B a D). A parte rostral dessa eminência forma o terço posterior ou parte faríngea da língua (Cap. 10,
Fig. 10-21). Os músculos da laringe se desenvolvem a partir de mioblastos no quarto e sexto pares dos arcos
faríngeos e, portanto, são inervados pelos ramos laríngeos do nervo vago (NC X) que suprem esses arcos
(Tabela 10-1). O crescimento da laringe e epiglote é rápido durante os primeiros 3 anos após o nascimento, época
em que a epiglote já alcançou sua forma e posição adulta.
At r e s i a l a r í n g e a
A atresia laríngea (obstrução) é uma malformação congênita rara, que resulta na obstrução das vias aéreas
superiores do feto – síndrome congênita da obstrução das vias aéreas superiores. Distalmente à atresia ou
estenose (estreitamento), as vias aéreas se tornam dilatadas, os pulmões são hiperplásicos (causando
compressão do coração e grandes vasos), o diafragma é achatado ou invertido e há ocorrência de hidropsia
fetal (acúmulo de fluido em dois ou mais compartimentos) e/ou ascite (fluido abdominal). A ultrassonografia
pré-natal torna possível o diagnóstico dessas anomalias.
Desenvolvimento da traqueia
O revestimento endodérmico do tubo laringotraqueal distal à laringe se diferencia no epitélio e nas glândulas da
traqueia e do epitélio pulmonar. A cartilagem, o tecido conjuntivo e os músculos da traqueia são derivados do
mesoderma esplâncnico envolvendo o tubo laringotraqueal (Fig. 11-4).
FIGURA 11-4 Seções transversais do tubo laringotraqueal que ilustram etapas progressivas no
desenvolvimento da traqueia. A, 4 semanas. B, 10 semanas. C, 11 semanas (desenho da micrografia
em D). Observe que o endoderma do tubo dá origem ao epitélio e às glândulas da traqueia e que o
mesênquima em torno do tubo dá forma ao tecido conjuntivo, muscular e cartilagem (desenho da
micrografia mostrada em D). D, Fotomicrografia de uma seção transversal do desenvolvimento de
traqueia com 12 semanas. (De Moore KL, Persaud TVN, Shiota K: Color Atlas of Clinical Embryology, 2nd ed. Philadelphia, Saunders, 2000.)
Fístula traqueoesofágica
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Uma fístula traqueoesofágica (FTE) é uma passagem anormal entre a traqueia e o esôfago (Figs. 11-5 e 11-
6A). Este defeito de nascença ocorre a uma taxa em torno de 1 a cada 3.000 a 4.500 nascidos vivos, e afeta
predominantemente o sexo masculino. Na maioria dos casos, a fístula está associada à atresia esofágica. A FTE
resulta da divisão incompleta da parte cranial do intestino anterior nas partes respiratória e esofágica durante a
quarta semana. A fusão incompleta das pregas traqueoesofágicas resulta em um septo traqueoesofágico
defeituoso e na comunicação entre a traqueia e o esôfago.
FIGURA 11-5 As quatro principais variedades de fístula traqueoesofágica (FTE) são mostradas em
ordem de frequência. Possíveis direções do fluxo do conteúdo são indicadas por setas. A, A atresia
esofágica está associada à FTE em mais de 85% dos casos. B, A Fístula entre a traqueia e o
esôfago; este tipo de defeito de nascença representa em torno de 4% dos casos. C, Atresia do
esôfago proximal terminando em uma fístula traqueoesofágica com o esôfago distal tendo uma
bolsa cega. O ar não pode entrar no esôfago distal e no estômago. D, Atresia do segmento proximal
do esôfago com fístulas entre a traqueia e ambos os segmentos proximal e distal do esôfago. O ar
pode entrar no esôfago distal e estômago. Todos os recém-nascidos com FTE têm distúrbios de
motilidade esofágica, e a maioria tem refluxo (regurgitação do conteúdo do estômago).
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A FTE é a anomalia mais comum do trato respiratório inferior. Quatro principais variedades da FTE podem se
desenvolver (Fig. 11-5). A anomalia habitual é um fundo cego da parte superior do esôfago (atresia esofágica) e
uma junção da parte inferior da traqueia perto de sua bifurcação (Figs. 11-5A e 11-6B). As crianças com esse
tipo de FTE e atresia esofágica apresentam tosse e se asfixiam ao engolir em virtude do acúmulo excessivo de
líquido na boca e no trato respiratório superior. Quando o recém-nascido tenta engolir o leite, este rapidamente
preenche a bolsa esofágica e é regurgitado. O conteúdo gástrico também pode refluir do estômago para a
traqueia e pulmões através da fístula, o que pode resultar em pneumonia ou pneumonite (inflamação dos
pulmões). Outras variedades de FTE são mostradas na Figura 11-5B a D. O poli-hidrâmnio (Cap. 8) é
frequentemente associado à atresia esofágica. O líquido amniótico se acumula excessivamente, pois o fluido
não é capaz de passar para o estômago e intestinos para absorção e subsequente transferência através da
placenta para o sangue materno para eliminação.
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Juntamente com o mesoderma esplâncnico circundante, os brotos brônquicos se diferenciam nos brônquios e
suas ramificações nos pulmões (Fig. 11-7B). No início da quinta semana, a conexão de cada broto brônquico com a
traqueia se dilata para formar o primórdio dos brônquios principais (Fig. 11-8).
FIGURA 11-8 Estágios sucessivos no desenvolvimento dos brotos dos brônquicos, brônquiolos e dos
pulmões.
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O brônquio principal direito embrionário é ligeiramente maior que o esquerdo, e é orientado mais verticalmente.
Essa relação embrionária persiste em adultos; consequentemente, um corpo estranho é mais suscetível de entrar no
brônquio principal direito, e não no esquerdo.
O brônquio principal é subdividido em brônquios secundários, que formam os ramos lobar, segmentar e
intrassegmentar (Fig. 11-8). À direita, o brônquio secundário superior supre o lobo superior do pulmão, enquanto
o brônquio secundário inferior subdivide-se em dois brônquios – um se conecta ao lobo médio do pulmão direito e
o outro, ao lobo inferior. Do lado esquerdo, os dois brônquios secundários suprem os lobos superior e inferior do
pulmão. Cada brônquio secundário se ramifica progressivamente.
Os brônquios segmentares, 10 no pulmão direito e 8 ou 9 no pulmão esquerdo, começam a se formar pela sétima
semana. Enquanto isso ocorre, o mesênquima circundante também se divide. Cada brônquio segmentar, com sua
massa de mesênquima circundante, é o primórdio de um segmento broncopulmonar. Durante 24 semanas,
aproximadamente 17 gerações de ramos se formam e ocorre a formação dos brônquios respiratórios (Fig. 11-9 B).
Além disso, sete gerações das vias aéreas também se desenvolvem após o nascimento.
Conforme os brônquios se desenvolvem, placas cartilaginosas são formadas a partir do mesênquima esplâncnico
circundante. A musculatura lisa e o tecido conjuntivo bronquial e o tecido conjuntivo e os capilares pulmonares são
também derivados desse mesênquima. À medida que os pulmões se desenvolvem, eles adquirem uma camada de
pleura visceral a partir do mesoderma esplâncnico (Fig. 11-7). Com a expansão, os pulmões e as cavidades pleurais
crescem caudalmente no mesênquima da parede do corpo e logo se posicionam perto do coração. A parede torácica
do corpo é revestida pela camada de pleura parietal derivada do mesoderma somático (Fig. 11-7B). O espaço entre
a pleura visceral e a parietal é a cavidade pleural.
Durante a primeira parte deste período, os pulmões em desenvolvimento se assemelham histologicamente a uma
glândula exócrina (Fig. 11-9A). Durante 16 semanas, todos os principais elementos do pulmão se formam, exceto
aqueles envolvidos com a troca gasosa. A respiração não é possível; consequentemente, os fetos nascidos durante esse
período são incapazes de sobreviver.
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Hipoplasia pulmonar
Em crianças com uma hérnia diafragmática congênita (Cap. 9), os pulmões podem não se desenvolver
normalmente. Esta hipoplasia pode ser causada por alterações nos fatores de crescimento que existiam antes
das vísceras abdominais se tornarem anormalmente posicionadas. A hipoplasia pulmonar
(subdesenvolvimento) caracteriza-se pelo volume pulmonar marcadamente reduzido. Muitas crianças com
hérnia diafragmática congênita morrem de insuficiência pulmonar (apesar de ótimos cuidados pós- natal), pois
seus pulmões estão muito hipoplásicos para suportar a vida extrauterina.
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