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VIII Simpósio Nacional da ABCiber

COMUNICAÇÃO E CULTURA NA ERA DE TECNOLOGIAS


MIDIÁTICAS ONIPRESENTES E ONISCIENTES
ESPM-SP – 3 a 5 de dezembro de 2014

O sabor do saber:
Uma análise da relação entre cafés, livros e redes sociais segmentadas
através do Encontro dos Skoobers1

Ms. Tauana Mariana Weinberg Jeffman2


Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

Resumo:
O presente artigo propõe-se a compreender a relação entre redes sociais segmentadas, livros, leitores e
cafés. Para tanto, busca abarcar o percurso histórico da relação entre cafés e livros/cultura, para, então,
apresentar o objeto central da análise: o encontro dos skoobers, um dos interesses da tese da autora.
Contudo, neste primeiro contato com o objeto, (que é observado pelo viés da etnografia), a ecologia
das mídias de Marshall McLuhan e o mapeamento de Sara Cohen elucidam descobertas que já podem
ser percebidas durante a trajetória da pesquisa.

Palavras-chave: Café; Livros; Redes Sociais; Mapas; Ecologia das Mídias.

Introdução
Este artigo objetiva versar sobre a relação entre redes sociais, livros/leitores e
cafés/cafeterias. Tal relação será compreendida por meio do Skoob e do Encontro Skoob
Porto Alegre. Basicamente, o Skoob é uma rede social segmentada (RSS) que se dedica aos
livros, intitulando-se “a maior comunidade de leitores do Brasil” e uma “rede criada para
quem ama ler”3. Foi desenvolvido por Viviane Londello e Lindenberg Moreira em 2009. Estes
acreditam que por meio desta rede social, o hábito de encontrar pessoas para trocar
experiências e opiniões sobre livros tornou-se mais fácil, pois “quando um livro é bom, há a
necessidade de compartilhá-lo com o mundo”. Esclarecemos que, na concepção de Raquel
Recuero (2010, p. 24), as redes sociais podem ser definidas como a união de dois fatores
essenciais: conexões (laços ou interações sociais) e atores (os nós da rede, ou seja,
instituições, grupos ou pessoas). Deste modo, a utilização da expressão “rede” nada mais é do
que uma “metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das
conexões estabelecidas entre os diversos atores”. A rede, de um modo geral, é uma estrutura
social, onde não há atores isolados ou inexistência de conexões. Já uma rede social

1
Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho 7 – Novos Meios e Novas Linguagens, do VIII Simpósio Nacional
da ABCiber, realizado pelo ESPM Media Lab, nos dias 03, 04 e 05 de dezembro de 2014, na ESPM, SP.
2
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência da Comunicação – UNISINOS. Mestre em
Comunicação Social – PUCRS. Bacharel em Comunicação Social, habilitação Publicidade e Propaganda –
UNIPAMPA. E-mail: tauanamwj@hotmail.com.
3
(SKOOB, 2014, online).
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segmentada, como o próprio nome diz, refere-se a um determinado segmento. Sua diferença
perante as redes sociais generalistas (como o Facebook) é que nestas, o usuário geralmente
aceita em seu perfil pessoas que já conhece, ou que tem pretensões de conhecer. Dificilmente
um usuário aceitará um completo desconhecido em sua rede social, por questões de segurança
e privacidade. Nas RSS, o usuário não adiciona, necessariamente, as pessoas que já conhece,
mas aquelas que possuem interesses em comum. Conhecer ou não o outro usuário é um fator
independente.
Contudo, contrariando premissas de autores como Dominique Wolton (2004, p. 150),
para o qual rumamos às “solidões interativas”; além de incentivar a leitura, o Skoob também
promove a socialização presencial. A rede social denomina seus usuários como skoobers,
estes, por sua vez, unem-se por meio da referida rede social, mas também levam seus laços
sociais para além da interação online. De uma forma geral, cada capital do Brasil possui um
grupo oficial de Skoobers. O grupo de Porto Alegre, por exemplo, mostra-se ativo,
promovendo encontros presenciais. Possui um blog4 com fotos e informações dos encontros,
um grupo no Facebook5 e um grupo no próprio Skoob6. Foi a skoober Carolina Barcelos7
quem organizou o primeiro encontro dos skoobers em Porto Alegre, após perceber que outros
usuários demonstravam o desejo por uma socialização presencial. Ao longo dos encontros,
mais skoobers compareceram ao evento, sendo que alguns se mostram assíduos. Pablo
Aguiar8 afirma que o objetivo principal do encontro é a socialização entre os membros do
grupo, onde estes conversam, trocam dicas de livros e informações sobre leituras, além de
levar para o encontro livros que apreciam. Os skoobers interagem tanto nas múltiplas
plataformas que utilizam, quanto presencialmente, e essa socialização e interação possui um
objeto de apreço em comum: o livro. Sendo assim, percebe-se que este elemento é o totem de
uma determinada tribo: a tribo dos amantes dos livros9.
O Skoob e o Encontro Skoob Porto Alegre caracterizam-se como objetos da tese
doutoral da autora, que visa compreender a relação entre livros, leitores e redes, por meio da
segmentação de redes sociais, pelo consumo cultural e pela socialidade. A metodologia

4
Disponível em: <http://www.skooberspoa.blogspot.com.br>. Acesso em: 04 abr. 2014.
5
Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/153272928063832/?fref=ts>. Acesso em: 04 abr. 2014.
6
Disponível em: <http://www.skoob.com.br/grupo/1568-encontro-skoobers-porto-alegre>. Acesso em: 04 abr.
2014.
7
BARCELOS, Carolina. 2012, entrevista. Informação oral fornecida em entrevista durante o 22º encontro dos
Skoobers de Porto Alegre, no dia 27 de outubro de 2012.
8
AGUIAR, Pablo. 2012, entrevista. Informação oral fornecida em entrevista durante o 22º encontro dos
Skoobers de Porto Alegre, no dia 27 de outubro de 2012.
9
(MAFFESOLI, 1998).
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empregada é a etnografia, que para Angrosino (2009, p. 30), “é a arte e a ciência de descrever
um grupo humano – suas instituições, seus comportamentos interpessoais, suas produções
materiais e suas crenças”10. É neste momento que chegamos aos cafés e cafeterias. A
realização dos encontros ocorre a cada quinze dias. O primeiro deles acontece em uma
cafeteria escolhida pelos integrantes do grupo, onde o objetivo é conhecer as cafeterias da
cidade de Porto Alegre relacionadas à literatura e cultura, ao mesmo tempo em que se
socializa e conversa sobre livros. O segundo ocorre em um mesmo lugar todos os meses, onde
o local escolhido é o Bistrô do Margs. Deste modo, a observação participante ocorre no
primeiro encontro de cada mês, pois, além de nos interessarmos no grupo em si, também
interessa-nos acompanhar o percurso que este faz através das cafeterias de Porto Alegre.
Ao longo deste artigo, apresentamos as cafeterias que já foram observadas na tese,
focando-nos neste momento, em compreender a afinidade entre livros e cafés, auxiliados por
sua relação histórica, pela ecologia das mídias, calcados em McLuhan, e também através dos
preceitos cartográficos de Sara Cohen. Antes de apresentarmos os cafés pesquisados e a
estrutura teórica deste artigo, entendemos basicamente a história entre livros e cafés.

O café e o livro
A relação entre livros e cafés é de longa data. É considerado como “a bebida da razão”
e “o motor do iluminismo”, pois muitas “revoluções foram organizadas em torno de xícaras
de café e grandes obras da literatura foram escritas nas mesas das cafeterias”11.
Historicamente, Asa Briggs e Peter Burke (2006, p. 38, grifo nosso) contam-nos que no século
XVI, a cultura oral não se tornou apenas “um resíduo oral”, visto que, “na época
desenvolveram-se novas instituições que estruturaram esse tipo de comunicação oral,
inclusive grupos de discussão mais ou menos formais, como academias, sociedades
científicas, salões, clubes e cafés”. Deste modo, a “arte da conversação foi cultivada com
particular intensidade”. Contudo, os autores ressaltam que o local onde mais acontecia essa
comunicação oral era nas tabernas (onde “brigas eram comuns: altercações e desaforos
terminavam com facas entrando em ação em meio à intensa fumaceira dos cachimbos [...].
Era um lugar perigoso”12), nos banhos públicos e nos cafés.
Refletindo sobre a comunicação oral, Briggs e Burke (2006, p. 38) afirmam que, no

10
(ANGROSINO, 2009, p. 16).
11
(VIVANE, 2013, online).
12
(BUENO, 2011, p. 36).
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século XVI, a cidade de Istambul13 era famosa pelos seus cafés, contabilizando 600 deles. Os
cafés atuavam como locais onde “contadores de histórias faziam suas performances”. Para
Ricardo Bueno (2011, p. 29), através da perspectiva histórica, “observa-se que a infusão se
tornou a bebida favorita dos filósofos, dos escritores e dos poetas, da gente criativa e pensante
em geral, sendo o combustível fundamental para a eclosão da Revolução Iluminista que
emergiu a partir do século XVIII”. Ou seja, o “o motor do iluminismo”. Ao contrário dos
cafés do Oriente Médio, conhecidos como Qahveh Khaneh, onde por conta da escassez de
chuvas os consumidores podiam usufruir do café ao ar livro, em frente às cafeterias; na
Europa, por conta do tempo frio, os cafés eram desfrutados dentro dos estabelecimentos, que
ofereciam a sensação de acolhimento. Desta forma, as cafeterias tornaram-se “um local onde
se poderia ficar horas e horas sem ser perturbado por ninguém, desde que se solicitasse, ao
sentar, uma taça de café, que era servida com um copo de água”. Sobre o início da relação
entre cafés e livros, Bueno (2011, p. 30, grifo nosso) conta-nos:

Faz parte da lenda dos primeiros cafés vienenses a história de que coube a um
desconhecido fazer do café um ponto de leitura. Tinha ele o hábito de levar um
jornal e deixá-lo sobre a mesa, depois de pagar a conta. Com o tempo, os demais
fregueses, acreditando ser uma cortesia da casa, passaram a exigir os diários para lê-
los antes de seguir para a vida. Outro efeito do gesto foi atrair gente atrás de notícias
do mundo político ou para ler de perto a crítica teatral e musical, muito ativa a partir
do século XVIII. Como era inevitável, graças à busca por cultura dos
frequentadores, muitos cafés passaram a oferecer seu espaço para seções
literárias, nas quais jovens escritores e poetas podiam apresentar-se.

Deste modo, escritores como Herman Broch, Franz Kafka e Arthur Schnitzer, “faziam
e refaziam seus textos nos cafés da cidade”, locais que também atraiam músicos, inventores,
arquitetos, cientistas, etc14. Na concepção de Bueno (2011, pp. 34-35), os cafés eram um
“abelheiro de ideias”, uma “usina de sonhos”. O autor lembra-nos que, “ainda que não
conhecessem a existência do café, os ingleses do tempo de Shakespeare eram assíduos
frequentadores das tabernas de Londres”. O primeiro café da Inglaterra foi fundado entre os
anos 1650 e 1652, por Jacob, na cidade de Oxford, perto da célebre universidade15. Conforme
Bueno (2011, p. 38), “o café de Oxford logo tratou de atrair os acadêmicos e estudantes em
busca de um espaço livre para as discussões”.
Conforme relata-nos Briggs e Burke (2006, p. 38), autoridades de várias cidades
mantinham os cafés sob vigilância, apreensivos com “a possibilidade de os cafés estimularem

13
Foi em Istambul que o primeiro café foi aberto, em 1474, denominado Kiva Kan (BUENO, 2001, p. 29).
14
(BUENO, 2011, p. 33).
15
(BUENO, 2011, p. 38).
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comentários subversivos sobre o governo”. Nas palavras de Bueno (2011, pp. 29-38, grifo do
autor), “as autoridades religiosas de Meca, sempre atentas aos perigos do livre pensar,
decidiram, entre 1542 e 1526, fechar os cafés, porque eram espaços perigosos e, portanto, um
desafio à ortodoxia religiosa da capital do Islã”. Mais tarde, “exatamente por servirem como
uma área de livre circulação das ideias e das ideologias, o Governo de Carlos II [...] decidiu
fechar algumas das coffe houses, em 1675, por entender que abrigavam „pensamentos
subversivos‟”.
Em meados de 1714, Londres contava com 500 cafés, dando início ao que se chamou
de “terra dos clubes”, sendo que, a proliferação dos cafés pode ser atribuída ao contexto da
época, ou seja, ao Movimento Racionalista, que caracterizou o século XVII como “O Século
da Razão Clássica”16. Na cidade, “podiam-se presenciar discussões de assuntos científicos no
café Child’s, no Garraway ou no Grecian, onde era possível ver e ouvir sir Isaac Newton”.
Como as tabernas eram lugares relacionados à bebedeira e ao empanturramento, não eram os
locais mais propícios para os “duelos de inteligência”. Deste modo, o Movimento
Racionalista tornou os cafés sua morada. Tais estabelecimentos eram chamados de
“„universidades de um centavo‟, pois nelas se podia obter muito conhecimento ao custo de um
simples café”. Assim, as tabernas foram ultrapassadas pelos cafés, como locais de socialidade
“de uma sociedade requintada” 17. Sobre este aspecto, Bueno (2011, p. 45) pontua:

Nenhuma outra fonte de estímulo superou o café naqueles anos em que a Razão
passou a ser hegemônica, tornando-se, assim, o mais recorrente instrumento da
vitória da Ilustração contra o Despotismo e a Superstição. Em suas Confissões, Jean-
Jacques Rousseau comentou: „Voltaire tem a reputação de beber 40 taças de café por
dia para permanecer desperto, para pensar e pensar, pensar a maneira de lutar contra
os tiranos e os imbecis‟.

Na Cidade das Luzes, a chegada do café, vindo de Marselha, foi um sucesso


imediato18. Em Paris, no século XVIII, “os principais cafés incluíam o Café de Maugis, um
centro de ataques à religião”, e principalmente, o Le Procope19, fundado entre 1686-1689 (e
ainda funcionando20), que era frequentado pelos principais intelectuais do Iluminismo, como
Denis Diderot21, Voltaire e Jean-Jacques Rousseau. Briggs e Burke (2006, p. 39, grifo do
autor) relatam que “clubes e cafés inspiravam a criação de comunidades originais de

16
(BUENO, 2011, p. 41).
17
(BUENO, 2011, p. 41).
18
(BUENO, 2011, p. 45).
19
“Nome derivado do seu proprietário, o siciliano Francisco Procópio” (BUENO, 2011, p. 45).
20
Localizado na Rue de l‟Ancienne Comédie, 13, no bairro de Saint Germain-des-Prés.
21
(BRIGGS E BURKE, 2006, p. 38).
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comunicação oral”. Um dos exemplos mais famosos é o do jornal Il Café, que desempenhou
um papel importante no Iluminismo italiano. Assim, “várias peças eram apresentadas nesses
locais, culminando com a comédia de Voltaire Le Café ou L’ecossaire (1760), na qual são
representados clientes fazendo críticas a outras peças”.
Na década de 20, Ernest Hemingway utilizava os cafés como locais para escrever suas
novelas. Já em 1945, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir eram frequentadores assíduos
dos cafés parisienses de Flore, Le Deux Magots e Clos de Lilas22. Bueno (2011, p. 49) conta
que muitos cafés ainda procuram atrair um consumidor culto, “proporcionando encontros
literários ou espaços para declamações de poemas, sendo que o Café de Flore chegou a
instituir, desde 1933, um prêmio ao melhor romancista do ano”. Para o autor, “não há melhor
indicador da estreita ligação quase que universal dos cafés com as letras e com a inteligência”.
A contemporaneidade não acabou com a relação entre livros e cafés; tanto na
percepção dos leitores quanto na percepção dos empresários que investem em cafés literários.
Segundo Vivane (2013, online), “hoje em dia as cafeterias foram oficialmente incorporadas ao
ambiente das livrarias, em espaços multifuncionais que agradam gourmets e leitores”. Sobre
este aspecto, Guilherme Justino (2014, online) acredita que os “cafés com livraria atraem
quem gosta de conversar ou quer estudar”. Com um tom romantizado sobre o local, Justino
(2014, online) afirma: “o cheirinho da bebida contrasta com o odor típico de uma livraria – e,
ao vê-los juntos, é como se a fumacinha subindo da xícara levasse os olhos na direção das
estantes”.

Figuras 1 e 2: Imagens de leitores, cafés e livros presentes no Facebook.

O fato de os encontros dos skoobers ocorrerem em cafeterias elucida uma relação de


afeto entre os leitores, que é cultural e histórica: o amor pelos livros e pelos cafés. Em nossas
22
(BUENO, 2011, p. 48).
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pesquisas exploratórias iniciais no Facebook, também percebemos que leitores relacionam a


leitura com o café (Figuras 1 e 2). Não são raras as publicações que ilustram o momento da
leitura, onde o café é presença garantida tanto quanto o próprio leitor. Os skoobers¸ por sua
vez, também endossam a premissa de que há uma forte conexão emocional entre leitores,
livros e cafés. Posto isto, apresentamos os cafés escolhidos pelos skoobers como ponto de
encontro, que já foram observados durante nossa pesquisa etnográfica.

Etnografando os cafés dos Encontros Skoob Porto Alegre


No dia 27 de outubro de 2012 entrei23 pela primeira vez em contato com o grupo dos
Skoobers, em um encontro que aconteceu no Café Santo de Casa24, no 7º andar da Casa de
Cultura Mário Quintana. O objetivo principal, além de conhecer o grupo e me apresentar
enquanto pesquisadora; era obter permissão dos integrantes para que eu pudesse realizar meu
estudo. Nesta data, eu estava desenvolvendo o projeto de pesquisa para o doutorado, e tal
permissão era crucial para que eu me propusesse a pesquisar tal grupo em meu projeto. Os
Skoobers não apenas permitiram que eu desse início à pesquisa, como também se sentiram
empolgados em configurar-se como objeto de interesse acadêmico. Após o encontro, nos
deslocamos para a Feira do Livro de Porto Alegre. Durante o passeio, pude conversar e
conhecer melhor as pessoas que compõem o grupo, aproximando-me e iniciando a criação de
vínculos de amizade. Sobre este aspecto, Angrosino (2009, p. 52) afirma que “estabelecer e
manter vínculos é essencial para a condução da pesquisa etnográfica realizada com base na
observação participante”.

Figura 3: 22º Encontro (27/10/ 2012). Figura 4: 23º Encontro (24/11/2012).


Fonte: Acervo pessoal dos Skoobers. Fonte: Acervo pessoal dos Skoobers.

23
Ressalto que a apresentação do objeto será realizada na primeira pessoa do singular.
24
Disponível em: <https://www.facebook.com/pages/Caf%C3%A9-Santo-de-Casa/208409115868067?fref=ts>.
Acesso em: 04 set. 2014.
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Antes deste primeiro encontro, conheci um de seus integrantes, o Pablo Aguiar,


também conhecido como Pablito. Foi o Pablito quem me apresentou ao grupo e iniciou o
assunto sobre a pesquisa que eu viria a desenvolver. A partir de sua fala, apresentei-me
melhor e expliquei detalhadamente a pesquisa que almejava desenvolver, também
aproveitando a oportunidade para coletar informações pertinentes ao projeto de tese. Apesar
de ainda não estar desenvolvendo a pesquisa etnográfica de fato, continuei a comparecer a
alguns encontros com o objetivo de estreitar laços e não perder o contato com o grupo.

Figura 5: 25º Encontro (26/01/2013). Figura 6: Passeio pela exposição que acontecia na
Fonte: Acervo pessoal dos Skoobers. CCMQ. (26/01/2013).
Fonte: Acervo pessoal dos Skoobers.

As Figuras 3,4 e 5, registros dos 22º, 23º e 25º encontro, respectivamente, apresentam
o início da minha entrada a campo, época em que me aproximei do grupo e tornei-me
conhecida e próxima (na medida do possível) de seus integrantes. Após o 25º encontro,
acompanhei o grupo na visita a uma exposição que acontecia na Casa de Cultura Mário
Quintana (Figura 6). Compareci também ao 24º encontro, contudo, não há registros porque a
câmera do integrante que fotografou e gravou o grupo foi roubada antes mesmo de este salvar
os arquivos que constavam no equipamento.
Entretanto, iniciei de fato meu estudo etnográfico no dia 14 de junho de 2014, no 38º
Encontro Skoob Porto Alegre, que foi realizado no Gaudí Café. Como já mencionado
anteriormente, o encontro é quinzenal e possui um local fixo para o segundo encontro do mês
e um local que o grupo escolhe, para o primeiro encontro do mês. Por não residir mais em
Porto Alegre e ter que me deslocar à cidade para realizar a pesquisa; optei por acompanhar
um dos dois encontros que o grupo realiza por mês. Dentre estes dois encontros; acredito que
o mais interessante para minhas compreensões é acompanhar o grupo através dos cafés de

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Porto Alegre. Assim, posso compreender também a íntima relação entre cafeterias e os livros,
além de descobrir novos locais que se dedicam a esta temática na cidade.

Gaudí Café
Localiza-se na Rua Hilário Ribeiro – 328, no bairro Moinhos de Ventos25 e foi o local
onde foi realizado o 38º Encontro Skoob Porto Alegre. Era um sábado chuvoso e fazia um
friozinho, perfeito para ficar em casa e assistir um filme, ou para tomar um café e conversar
com os amigos sobre livros e literatura. Preferi a segunda opção, dando início à minha
pesquisa etnográfica. Acredito que devido ao clima, poucos integrantes compareceram ao
encontro (10 ao total). Além disso, também éramos o único grupo presente na cafeteria. Das
pessoas que compareceram ao encontro, eu só conhecia o Pablo Aguiar e a Carolina Barcelos,
então me apresentei novamente, expliquei a pesquisa para aqueles que não a conheciam e
informei que estava iniciando minhas observações. Por ser o primeiro encontro, e a primeira
vez que a maioria deles me via, decidi não tirar fotos, nem realizar entrevistas e também não
me deter por muito tempo em minhas anotações no diário de campo. Anotei apenas as
informações cruciais, e posteriormente, me dediquei a conversar e interagir com o grupo,
além de desfrutar do cappuccino que solicitei à garçonete, por indicação de um dos skoobers.
O grupo não conversa exclusivamente sobre livros e literatura. Neste encontro, um dos
assuntos que mais renderam conversações foram as histórias do Gaudí (devido ao nome do
local), e também a cultura e a arte da Espanha, pois o Pablo estava com viagem marcada para
o país e descobriu na ocasião que uma das meninas do grupo havia morado por três anos lá.

Vulp Bici Café


Localizado na Rua Miguel Tostes – 845, no bairro Rio Branco, o local é uma “mistura
de loja, café/bar e mini oficina, [...] inspirado pela cultura urbana e pela bicicleta”26. No dia
12 de julho de 2014 os skoobers compareceram ao Vulp Café para a realização do 40º
Encontro Skoob Porto Alegre. Este foi o primeiro encontro em que a fundadora do grupo, a
Carolina Barcelos, não compareceu, por isso ela está representada na foto oficial do encontro
por uma fotografia sua. Durante esse encontro, foi lançado o primeiro zine produzido pelos
skoobers, o Pseudo&Cult; material desenvolvido de forma colaborativa pelo grupo. Neste

25
Disponível em: <https://www.facebook.com/pages/Gaud%C3%ADCaf%C3%A9/706005499465577?fref=ts>.
Acesso em: 14 set. 2014.
26
Disponível em: <https://www.facebook.com/vulpbicicafe/info>. Acesso em: 14 set. 2014.
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encontro, fotos e entrevistas foram realizadas para a coleta de informações e registro de dados
para análises posteriores.

Figura 7: Foto oficial do 40º Encontro Skoob Porto Alegre. Figura8: 40º Encontro Skoob Porto Alegre.
Fonte: Acervo pessoal Vulp Bici Café. Fonte: Acervo pessoal da autora.

Pasito
O 42º Encontro Skoob Porto Alegre aconteceu no Pasito, uma cafeteria que também é
um restaurante vegetariano e vegano, localizado na Rua José do Patrocínio – 824, no bairro
Cidade Baixa. O evento teve um dos maiores índices de participação dos integrantes do
grupo. Isso pode se explicar porque era o último encontro do Pablo Aguiar, até o seu retorno
da Espanha. Assim, os amigos foram se despedir e colocar a conversa em dia. Na ocasião,
aproveitei para entrevistar o Pablo e estreitar laços com os skoobers que eu não conhecia até
então. Apesar de ser um dos encontros com o maior número de integrantes, a cafeteria não
estava preparada para recebê-lo, apesar de ser avisada antecipadamente. Não havia cadeiras o
suficiente e faltavam muitas opções que constavam no cardápio.

Figura 9: Foto oficial do 42º Encontro Skoob Porto Alegre. Figura10: 42º Encontro Skoob Porto Alegre.
Fonte: Acervo pessoal dos Skoobers. Fonte: Acervo pessoal.
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Café República
O Café República27 localiza-se na Rua da República – 38, no bairro Cidade Baixa. Seu
horário de funcionamento é: de terça a sábado, das 9h as 20 e aos domingos, das 10h às 20h.
Após votação pública no Grupo Skoob RS sobre onde seria realizado o 44º Encontro Skoob
Porto Alegre, o Café República foi escolhido com o maior número de votos. Nesta ocasião,
entrevistei a Carolina Barcelos, para compreender a história e o surgimento do Encontro
Skoob Porto Alegre. Não estou presente na foto oficial deste dia porque cheguei depois do
registro.

Figura11: Foto oficial do 44º Encontro Skoob Porto Alegre. Figura12: Café República.
Fonte: Acervo pessoal dos Skoobers. Fonte: Acervo pessoal.

O que observo, neste primeiro momento, é que os skoobers¸ após conhecerem-se


através do Skoob e socializarem por meio do Facebook e outras plataformas, ainda careciam
de uma socialização que utilizasse a comunicação oral. A conversa sobre literatura, cultura e
assuntos afins, flui em torno das mesas repletas de livros; sendo complementada com a
infusão escura. Isso lembra-nos que bons livros pedem bons cafés.

Cafés e livros através da Ecologia da Mídia e do mapeamento


Assim como Sara Cohen (2012, online) mapeou a música e a paisagem urbana através
de mapas conceituais, onde o mapa mostra a experiência musical da cidade e a relação entre a
música e o espaço (mais precisamente a relação do rock e do hip-hop em Liverpool); nós
também objetivamos mapear o percurso dos skoobers pelos cafés da cidade de Porto Alegre, e
assim conhecer tanto o grupo quanto a própria cidade. Se Cohen (2012, online) interessa-se
pela paisagem musical, nós nos interessamos pela paisagem gastronômico-literária. Através

27
Disponível em: <https://www.facebook.com/caferepublica38>. Acesso em: 14 set. 2014.
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deste mapeamento e da etnografia (com observação participante e entrevistas em


profundidade), a pesquisadora pretendia examinar a criatividade musical amadora da cidade e
sua complexa relação com os lugares em que ocorriam. Em outras palavras, interessava-se na
compreensão de como os músicos interagiam com o ambiente urbano. Cohen (2012, online)
também pesquisou mapas, folhetos e documentos para compreender a história da música em
Liverpool, e assim, inserir sua pesquisa em um contexto histórico. Em nosso estudo doutoral,
a compreensão do contexto histórico das cafeterias de Porto Alegre se faz necessária ao longo
de nossas descobertas. Assim como eram os músicos que definiam a rota da pesquisadora, e
muitas vezes quem desenhava o próprio mapa, nossa trajetória é composta pelos skoobers, e
não por nós. Durante suas pesquisas, Cohen (2012, online) percebeu que era evidente que em
Liverpool, a “música pode ser relacionada com a posição da cidade dentro da economia
política global”, e que “eventos e tendências influenciaram a reestruturação não só de
Liverpool, mas também de cidades de outras partes do mundo”. A música transformou a
cidade, assim como a cidade transformou a música. A seguir, podemos observar no mapa o
percurso percorrido até então pelos skoobers em nossa pesquisa.

Figura13: Mapa dos cafés visitados.

Além do mapeamento, neste primeiro momento, também podemos pensar na ecologia


da mídia para compreender a relação entre redes sociais, livros e comunicação oral; relação
esta que ocorre em nosso objeto de estudo. Tal teoria se mostra benéfica para entendermos
essa relação como um sistema de mídia, ou seja, um ecossistema complexo, com elementos
interdependentes, e que podem ser mapeados de acordo com suas características. Neste viés,
entendemos a ecologia da mídia basicamente através dos princípios de Marshall McLuhan.
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Contudo, foi Neil Postman o primeiro a definir o conceito, em 1970, acreditando que ecologia
da mídia é “o estudo das mídias como ambientes”. Explicando melhor, ele argumenta:

A ecologia da mídia investiga a questão de como os meios de comunicação afetam a


percepção, a compreensão, os sentimentos e valores humanos [...]. A palavra
ecologia implica no estudo de ambientes: sua estrutura, conteúdo e impacto sobre as
pessoas. Um ambiente é, afinal de contas, um sistema de mensagens complexo
que impõe aos seres humanos certas maneiras de pensar, sentir e se comportar.
• ele estrutura o que podemos ver e dizer e, portanto, fazer;
• ele nos atribui papéis e insiste em que os desempenhemos;
• ele especifica o que nos é permitido fazer e o que não é. Às vezes, como no caso de
um tribunal, ou sala de aula, ou escritório, as especificações são explícitas e formais.
No caso dos ambientes de mídia (ex. livros, rádio, filmes, televisão etc.), as
especificações são mais frequentemente implícitas e informais, semiocultas por
nossa premissa de que o que estamos lidando não é um ambiente, mas apenas uma
máquina. A ecologia da mídia busca tornar estas especificações explícitas 28.

É com McLuhan que a ecologia das mídias é amplamente percebida, por meio dos
seus preceitos “o meio é a mensagem” e “aldeia global”29. Sy Taffel (2013, online) conta-nos
que o MEA – Media Ecology Association, cujos trabalhos baseiam-se em Postman e
McLuhan, “está preocupada principalmente com atividades humanas com o meio ambiente
simbólico ou cultural dos meios de comunicação e as ramificações morais dessas interações”.
De acordo com Logran (2011, p. 7), a ecologia da mídia em McLuhan pode ser compreendida
como as Leis da Mídia, constituída de quatro preceitos:

1. Todo meio, tecnologia ou artefato feito pelo homem acentua alguma função
humana.
2. Ao fazê-lo, causa a obsolescência de algum meio, tecnologia ou artefato
anteriormente feito pelo homem, que antes era usado para cumprir a mesma função.
3. Ao cumprir sua função, o novo meio, tecnologia ou artefato feito pelo homem
recupera alguma forma mais antiga do passado.
4. E, quando levado longe o bastante, o novo meio, tecnologia ou artefato feito pelo
homem se inverte, dá uma reviravolta, tornando-se uma forma complementar ou
possivelmente oposta (LOGRAN, 2011, p. 7, grifo nosso).

Considerando o nosso objeto, percebemos que ele apresenta no mínimo duas das
quatro leis da mídia de McLuhan. Ele “acentua alguma função humana”, ou seja, o Skoob e o
Facebook possibilitaram que o grupo se formasse e conversasse, instigando assim, outro tipo
de conversa: a comunicação oral, e, desta maneira, recuperando “alguma forma mais antiga
do passado”. Essa recuperação também ocorre na medida em que o grupo, para socializar e
discutir sobre livros e cultura recorre ao espaço que possui relação histórica com livros. Em
outras palavras, cafés e livros ainda despertam uma conexão emocional e cultural para aqueles

28
Disponível em: www.media-ecology.org. Acesso em: 01 out. 2014.
29
(MCLUHAN, 1964).
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que deles desfrutam. Neste contexto, as redes sociais não baniram nem a socialização
presencial, nem o interesse por uma experiência de consumo compartilhada. Em nossa
pesquisa, elas potencializam tal desejo e auxiliam para que este se concretize. Levando em
consideração as palavras de Postman, percebemos que a internet, os livros e os cafés formam
um “um sistema de mensagens complexo”.
Também podemos pensar na teoria figura/fundo de McLuhan, explicada por Robert K.
Logran (2011). Para este, “o verdadeiro significado de qualquer „figura‟”, seja ela tecnologia,
pessoas, movimentos, texto, “só pode ser determinado levando-se em conta o fundo ou o
entorno que essa figura funciona. O fundo proporciona o contexto do qual emerge o pleno
significado ou importância de uma figura”. Deste modo, para McLuhan (1969, p. 30), “o
ambiente é processo, não recipiente. O ambiente sempre consegue, de algum modo, ser
invisível. Só o conteúdo [figura], o ambiente anterior, é perceptível”. Ou seja, quando os
skoobers frequentam as cafeterias, e complementam a socialização e a conversa sobre livros
com cafés e doces, não possuem o completo discernimento que esta ação não é algo atual, ou
próprio do grupo. A relação entre cafés, livros e comunicação oral é construída culturalmente
e historicamente. Em outras palavras, “o ambiente é processo”. A diferença, nos dias de hoje,
é o auxilio das redes sociais e suas conexões, possibilitando que pessoas que não se
conhecem, mas que apreciam livros e cafés, possam se encontrar presencialmente. Assim, o
ambiente é possibilitado pelas redes sociais, usufruído por pessoas com gostos em comum, e
composto por livros, cafés, conversas, cheiros, tato, doces, cultura, história, literatura e
pessoas. Este é o encontro dos skoobers.

Considerações
Neste primeiro momento, compreendemos que o os skoobers contradiz algumas
premissas que são defendidas, tanto no senso comum quanto na própria academia. Demonstra
que as redes sociais não só não afastam as pessoas, como também pode proporcionar que elas
se aproximem. Que o jovem, por mais que não seja a maioria, lê sim. Que apesar de haver
diversos livros para download na internet, o livro físico ainda é apreciado. Que compras pela
internet pode ser a maioria, mas a experiência de consumo ainda é muito vivida. Que a arte da
conversação ainda é praticada, e em locais que foram relacionados historicamente e
culturalmente a esta. Que ler é uma experiência que pode ser complementada; com conversas,
pessoas, cafés. Estes, por sua vez, estão presentes na vida dos leitores e arraigado no seu
cotidiano tanto quanto os livros. No entanto, é ator coadjuvante, mas quase sempre presente.
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