Você está na página 1de 26

Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Instituto Latino-Americano de Tecnologia, Infraestrutura e Território


Curso de Engenharia de Energia

EER0013 – Máquinas Térmicas

Parte 1

Aula 10 – Ciclos de Potência a Gás (Parte 2):


Ciclo Brayton Regenerativo, Ciclo Ericsson,
Ciclo para Motor Turbojato

Prof. Fabyo Luiz Pereira


fabyo.pereira@unila.edu.br

UNILA – ILATIT – CEEN Foz do Iguaçu / PR


Tópicos da Aula


Parte 1 – Aula 10 – Ciclos de Potência a Gás (Parte 2):

Ciclo Brayton regenerativo.

Exemplo 10.1.

Ciclo Ericsson.

Exemplo 10.2.

Ciclo para motor turbojato.

EER0013 – Máquinas Térmicas 2 / 26


Ciclo Brayton Regenerativo

Ciclo Brayton Regenerativo:

No ciclo Brayton regenerativo, utilizam-se regeneradores
para aumentar a eficiência térmica.

Conforme a figura abaixo e os diagramas P-v e T-s ao lado,
mostram o esquema de um ciclo Brayton com regenerador:

Trocador de calor → Transfere calor dos gases de
descarga da turbina (4) para os gases que saem do
compressor (2), uma vez que T4 > T2.
● Caso ideal → Ocorre quando Tx = T4, e o calor fornecido
no trocador de calor deve aumentar a temperatura
de Tx para T3 (área x-3-d-b-x), e não mais de T2 para T3,
enquanto a área y-c-a-1-y representa o calor rejeitado.

Só se pode utilizar um regenerador se T2 < T4, pois

Se T2 = T4 → Não há transferência de calor.

Se T2 > T4 → A transferência de calor é de 2 para 4.
EER0013 – Máquinas Térmicas 3 / 26
Ciclo Brayton Regenerativo


Conservação da massa e energia no regenerador:

Tomando o regenerador como volume de controle, a
vazão mássica em qualquer ponto é a do ar tomado da
atmosfera, e assim, aplicando a conservação da massa:
ṁ2 = ṁ x =ṁ 4 = ṁ y = ṁ

Aplicando a 1ª lei da termodinâmica em regime permanente
para sistemas abertos, identifica-se que Q̇ e Ẇ são nulos,
e desprezando Δec e Δep:

( 1 2
) (
1 2
Q̇+ ∑ ṁ e h e + V e + g z e =∑ ṁ s h s + V s + g z s + Ẇ
2 2 )
∑ ṁe he =∑ ṁs h s
ṁ2 h2 + ṁ 4 h 4= ṁ x h x + ṁ y h y
ṁ h 2 + ṁh 4 =ṁ h x + ṁ h y
h 2 + h4 =h x + h y
h x −h 2 =h 4−h y
c p (T x −T 2 )=c p (T 4−T y ) (1)
EER0013 – Máquinas Térmicas 4 / 26
Ciclo Brayton Regenerativo


Aplicando, em cada processo, a 1ª e a 2ª leis da termodinâmica
em regime permanente para sistemas abertos, desprezando Δec
e Δep:

1-2 → Compressão isentrópica no compressor (s=cte):
w c =h1 −h 2=c p (T 1−T 2) [ kJ / kg ] Ẇ c = ṁ ( h1−h2 ) = ṁ c p (T 1 −T 2 ) [kW ]

2-x → Regeneração (adição) de calor isobárica no regenerador (P=cte):
q reg ,2 x =h x −h2 =c p (T x −T 2 ) [kJ / kg ] Q̇ reg ,2 x = ṁ ( h x −h 2 )= ṁ c p (T x −T 2) [ kW ]

x-3 → Adição de calor isobárica no trocador de calor (P=cte):
q H =h3 −h x =c p (T 3 −T x ) [kJ / kg ] Q̇ H = ṁ ( h 3−h x )= ṁ c p (T 3−T x ) [kW ]

3-4 → Expansão isentrópica na turbina (s=cte):
w t =h3−h 4=c p (T 3−T 4) [kJ / kg ] Ẇ t = ṁ ( h 3−h4 ) = ṁc p (T 3−T 4 ) [kW ]

4-y → Regeneração (rejeição) de calor isobárica no regenerador (P=cte):
q reg ,4 y =h y −h 4=c p (T y −T 4 ) [kJ /kg ] Q̇ reg ,4 y =ṁ ( h y −h4 ) = ṁc p (T y −T 4 ) [ kW ]

y-1 → Rejeição de calor isobárica no trocador de calor (P=cte):
q L=h1 −h y =c p (T 1−T y ) [kJ / kg ] Q̇ L = ṁ ( h 1−h y ) =ṁ c p (T 1−T y ) [kW ]

EER0013 – Máquinas Térmicas 5 / 26


Ciclo Brayton Regenerativo


Observe que T2>T1 , T4>Ty e Ty>T1, o que faz com que wc, qreg,4y e qL sejam negativos.
Para determinar a eficiência térmica, trataremos todas as transferências de calor e
de trabalho como positivas, multiplicando o lado direito das equações de wc, qreg,4y e
qL por -1, e assim as transferências de calor e de trabalho dos processos ficam:

Em termos específicos [kJ/kg]: ●
Em termos de taxas [kW]:
w c =c p (T 1−T 2).(−1) → wc =c p (T 2 −T 1 ) Ẇ c = ṁ c p (T 2−T 1)
q reg ,2 x =c p (T x −T 2 ) (2) Q̇ reg ,2 x = ṁ c p ( T x −T 2) (4)
q H =c p (T 3−T x ) Q̇ H = ṁc p (T 3 −T x )
w t =c p (T 3−T 4) Ẇ t = ṁc p (T 3 −T 4 )
q reg ,4 y =c p (T y −T 4).(−1) → q reg =c p (T 4−T y ) (3) Q̇ reg ,4 y =ṁ c p (T 4 −T y ) (5)

q L=c p (T 1−T y ).(−1) → q L =c p (T y −T 1) Q̇ L = ṁc p (T y −T 1 )



Da equação (1), as equações (2) e (3) são iguais, assim como (4) e (5):
q reg =q reg ,2 x =qreg ,4 y → c p (T x −T 2 )=c p (T 4−T y ) → T x −T 2 =T 4 −T y
Q̇ reg = Q̇ reg ,2 x =Q̇ reg ,4 y
EER0013 – Máquinas Térmicas 6 / 26
Ciclo Brayton Regenerativo

A eficiência térmica do ciclo Brayton regenerativo é:
w líq w t −wc c p (T 3 −T 4 )−c p (T 2 −T 1) (T 3−T 4 )−(T 2−T 1)
ηt= = = → ηt=
qH qH c p (T 3−T x ) (T 3−T x )

Onde Tx é determinada quando a eficiência do regenerador ηreg é conhecida:
h x −h 2 c p (T x −T 2 ) T x −T 2
η reg = = → η reg =
h 4 −h 2 c p (T 4−T 2) T 4−T 2

Como P1=P4 e P2=P3, novamente tem-se que:

( ) ( )
k −1 k−1
T2 P2 k P3 k T3 T2 T 3 T1 T4
= = = → = → =
T1 P1 P4 T4 T1 T 4 T 2 T3

A eficiência térmica de um ciclo Brayton com um
regenerador ideal, onde T4 = Tx, é:
1
(T −T 4)−(T 2 −T 1) (T 3−T 4 )−(T 2 −T 1 ) (T 3 −T 4 ) (T 2−T 1) (T 2−T 1 )
ηt= 3 = = − =1−
(T 3−T x ) (T 3−T 4 ) (T 3 −T 4 ) (T 3−T 4 ) (T 3 −T 4 )
1
T2 ( 1−
T1
) T2 ( 1−
T1
)
( )
k −1
T2 T2 T2 T 1 P2 k T 1 (k−1 )/ k
η t =1− =1− =1− =1− → η t =1− r p

( ) ( )
T T T3 T 3 P1 T3
T 3 1− 4 T3 1− 1
T3 T2

Logo, a eficiência depende não só de rp, mas também da razão entre as tempera-
turas mínima e máxima, T1/T3.
EER0013 – Máquinas Térmicas 7 / 26
Exemplo 10.1

Exemplo 10.1 – Ciclo Brayton Regenerativo:

Reconsidere o exemplo 9.1, de um ciclo Brayton ideal onde T1 = 300 K,
T3 = 1.400 K, rp = 10 e P1 = 100 kPa. Porém, agora, considere que um regenerador,
com eficiência de 80%, é adicionado ao ciclo. Determine:
(a) A temperatura do gás nas saídas do compressor e da turbina.
(b) O calor adicionado, o calor rejeitado, o trabalho gerado pela turbina, o traba-
lho consumido pelo compressor, o trabalho líquido e a razão de consumo de tra-
balho.
(c) A eficiência térmica.

EER0013 – Máquinas Térmicas 8 / 26


Exemplo 10.1

Solução: compressor, o trabalho líquido, e a razão de con-

Considerando que os calores específicos do ar sumo de trabalho são (em parênteses a compa-
são constantes, as propriedades dos estados 1, ração percentual com resultados do exemplo
2, 3 e 4 são as mesmas do exemplo 9.1: 9.1):
T 1=300 K e P1 =100 kPa q H =c p (T 3−T x )=1,004 (1.400−695,95)
T 2 =579,21 K e P 2=1.000 kPa q H =706,87 kJ / kg (−14,2 %)
T 3=1.400 K e P3 =1.000 kPa q L=c p (T y −T 1)=1,004(608,39−300)
T 4 =725,13 K e P 4=100 kPa q L=309,62 kJ / kg (−27,5 %)

Da definição de eficiência do regenerador:
T −T 2 T x −579,21 w c =c p (T 2 −T 1)=1,004(579,21−300)
η reg = x → 0,80= w c =280,33 kJ / kg (+ 0,0 %)
T 4−T 2 725,13−579,21
T x =695,95 K w t =c p (T 3−T 4)=1,004(1.400−725,13)

Da regeneração de calor: w t =677,57 kJ / kg (+ 0,0 %)
T x −T 2=T 4−T y → 695,95−579,21=725,13−T y
w líq =w t −w c =677,57−280,33
T y =608,39 K

(a) As temperaturas na saída do compressor e na w líq =397,24 kJ / kg ( +0,0 %)
w c 280,33
saída da turbina são: r ct = = → r ct =0,4137 ( +0,0 %)
T 2=579,21 K e T 4 =725,13 K w t 677,57

(c) A eficiência térmica é:

(b) Considerando que cp = 1,004 kJ/kg.K, o calor (T −T 4)−( T 2 −T 1) (1.400−725,13)−(579,21−300)
ηt= 3 =
adicionado, o calor rejeitado, o trabalho gerado (T 3−T x ) (1.400−695,95)
pela turbina, o trabalho consumido pelo η t =0,5620 (+ 16,6 %)
EER0013 – Máquinas Térmicas 9 / 26
Ciclo Ericsson


Ciclo Ericsson:

Proposto pelo engenheiro sueco-estadunidense Johan Ericsson (1803-1889).

Ciclo Carnot:

Uso de processos isotérmicos para o compressor e para a turbina resulta em
maiores eficiências que o uso de processos isentrópicos.

Ciclo Brayton:

As vazões de fluido no compressor e na turbina são grandes, o que dificulta
transferir as quantidades de calor necessárias para que os processos ocor-
ram isotermicamente.

Ciclo Ericsson:

É um ciclo ideal, obtido adicionando, no ciclo Brayton:

Múltiplos estágios de compressão, com resfriamento entre eles.

Múltiplos estágios de expansão, com reaquecimento entre eles.

Assim, os processos isentrópicos do ciclo Brayton tendem a se transformar
em processos isotérmicos, o que resulta no ciclo Ericsson.
EER0013 – Máquinas Térmicas 10 / 26
Ciclo Ericsson

Conforme diagramas T-s ao lado:

(a) → Ciclo Brayton com múltiplos estágios de compressão e de expansão:

Processos 1-a, b-c, d-e e f-2 são os estágios de
compressão (s=cte), intercalados pelos processos de
resfriamento a-b, c-d e e-f (P=cte).

Processos 3-g, h-i, j-k e i-4 são os estágios de
expansão (s=cte), intercalados pelos processos de
reaquecimento g-h, i-j e k-l (P=cte).

(b) → Com infinitos estágios de compressão e de expansão, o ciclo Brayton se
torna o ciclo Ericsson, composto pelos seguintes quatro
processos reversíveis em RP em um sistema aberto:

1-2 → Compressão isotérmica (T=cte).

2-3 → Adição de calor isobárica (P=cte).

3-4 → Expansão isotérmica (T=cte).

4-1 → Rejeição de calor isobárica (P=cte).

EER0013 – Máquinas Térmicas 11 / 26


Ciclo Ericsson


A figura abaixo mostra a configuração de um ciclo Brayton regenerativo com 2 está-
gios de compressão e 2 de expansão, e seus diagramas T-s e P-v:
● T3, na saída do resfriador, é igual à T1, na entrada do compressor 1.

T6, na entrada da turbina 1, é igual à T8,
na saída da câmara de combustão 2.

T5, na saída do regenerador, é igual
à T9, na saída da turbina 2.

A eficiência térmica máxima é obtida
quando as relações de pressão são
iguais através dos dois compressores
(P2/P1 = P4/P3), e das duas turbinas
(P6/P7 = P8/P9).

Aplicações reais → Número de estágios
de compressão e expansão é de 2 ou 3.

EER0013 – Máquinas Térmicas 12 / 26


Ciclo Ericsson

Aplicando, em cada processo, a 1ª e a 2ª leis da termodinâmica em regime permanente para sistemas
abertos, desprezando Δec e Δep (considerando todas as transferências de calor e trabalho como positivas):

1-2 → Compressão isentrópica no compressor 1 (s=cte):
w c ,1 =h 2−h1=c p (T 2 −T 1) [kJ /kg ] Ẇ c ,1= ṁ ( h2 −h 1 )= ṁ c p (T 2−T 1) [ kW ]

2-3 → Rejeição de calor isobárica no ambiente (P=cte):
q L=h 2−h3=c p (T 2 −T 3 ) [kJ /kg ] Q̇ L = ṁ ( h 2 −h 3) = ṁ c p (T 2−T 3) [ kW ]

3-4 → Compressão isentrópica no compressor 2 (s=cte):
w c ,2 =h 4−h 3=c p (T 4−T 3 ) [kJ /kg ] Ẇ c ,2= ṁ ( h 4−h3 ) =ṁ c p (T 4 −T 3 ) [kW ]

4-5 → Regeneração (adição) de calor isobárica no regenerador (P=cte):
q reg ,45 =h 5−h4 =c p (T 5−T 4 ) [kJ / kg ] Q̇ reg ,45= ṁ ( h5 −h 4 )= ṁ c p (T 5−T 4 ) [ kW ]

5-6 → Adição de calor isobárica na câmara de combustão 1 (P=cte):
q H ,1=h 6−h5=c p (T 6−T 5) [kJ / kg ] Q̇ H ,1 = ṁ ( h6−h 5) = ṁ c p (T 6−T 5 ) [kW ]

6-7 → Expansão isentrópica na turbina 1 (s=cte):
w t ,1=h6 −h 7=c p (T 6−T 7 ) [kJ /kg ] Ẇ t ,1 = ṁ ( h 6−h 7) = ṁ c p (T 6−T 7) [ kW ]

7-8 → Adição de calor isobárica na câmara de combustão 2 (P=cte):
q H ,2 =h 8−h 7=c p (T 8−T 7) [ kJ / kg ] Q̇ H ,2 = ṁ ( h8−h7 ) = ṁ c p (T 8 −T 7 ) [kW ]

8-9 → Expansão isentrópica na turbina 2 (s=cte):
w t ,2=h8 −h 9=c p (T 8−T 9 ) [kJ / kg ] Ẇ t ,2 = ṁ ( h8−h9 ) = ṁc p (T 8 −T 9 ) [kW ]

9-10 → Regeneração (rejeição) de calor isobárica no regenerador (P=cte):
q reg ,910 =h 9−h10 =c p (T 9 −T 10) [kJ / kg ] Q̇ reg ,910= ṁ ( h9 −h 10) = ṁ c p (T 9−T 10 ) [kW ]
EER0013 – Máquinas Térmicas 13 / 26
Ciclo Ericsson

O calor adicionado ao ciclo (qH) é dado pela soma do calor adicionado na câmara de combustão 1 (q H,1)
com o calor adicionado na câmara de combustão 2 (q H,2):
q H =q H ,1 +q H ,2 → q H =c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7)

O trabalho gerado pela turbina (wt) é dado pela soma do trabalho gerado na turbina 1 (w t,1) com o
trabalho gerado na turbina 2 (wt,2):
w t =w t ,1 + w t ,2 → w t =c p (T 6 −T 7 )+c p (T 8 −T 9 )

O trabalho consumido pelo compressor (wc) é dado pela soma do trabalho consumido no compressor 1
(wc,1) com o trabalho consumido no compressor 2 (w c,2):
w c =w c ,1 + wc ,2 → w c =c p (T 2−T 1 )+c p (T 4−T 3 )

Para contabilizar o calor líquido, é necessário considerar todo o ciclo como volume de controle, e assim
identifica-se que entre os estados 10 e 1 há um calor rejeitado que não foi contabilizado porque a análise
de cada processo foi de sistema aberto, mas que deve entrar no balanço de energia, e assim:
q líq =q H −q L −c p (T 10 −T 1) → q líq =c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7 )−c p (T 2 −T 3 )−c p (T 10−T 1 )
=T 5 = T 10

O trabalho líquido é:
w líq =w t −w c → w líq =c p (T 6−T 7)+ c p (T 8−T⏞9 )−c p (T 2 −T 1)−c p ( T
⏞4 −T 3)
w líq =c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7 )−c p (T 2 −T 3 )−c p (T 10−T 1 )

Como a 1ª lei deve ser respeitada, o trabalho e o calor líquidos são iguais.

Como T4 = T10, e T5 = T9, tem-se que a adição de calor isobárica no regenerador é igual à rejeição de
calor isobárica no regenerador, que é o calor de regeneração:
q reg =q reg ,45 =qreg ,910 → c p (T 5−T 4)=c p (T 9 −T 10 )
EER0013 – Máquinas Térmicas 14 / 26
Ciclo Ericsson

A eficiência térmica do ciclo Brayton regenerativo com 2 estágios de compressão
e 2 estágios de expansão é:
w líq w t −wc w t ,1 + wt ,2 −w c ,1 −w c ,2 c p (T 6 −T 7 )+ c p (T 8 −T 9 )−c p (T 2−T 1)−c p (T 4−T 3 )
ηt= = = =
qH qH q H ,1 +q H ,2 c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7)
c p (T 6 −T 7 )+ c p (T 8 −T 9 )−c p (T 2−T 1)−c p (T 4 −T 3 )−c p T 5+ c p T 5
ηt=
c p (T 6 −T 5 )+ c p (T 8−T 7)
c p (T 6 −T 5 )+c p (T 8−T 7 )−c p (T 2−T 3)−c p (T 4 −T 1 )−c p (T 9−T 5)
ηt=
c p (T 6−T 5)+ c p (T 8 −T 7 )
qH = T 10 = 0 , pois T 5=T 9

ηt=

c (T −T )+ c (T −T ) [c
p 6 5
− p 8 7 p (T 2−T 3)+ c p ( T⏞4 −T 1 )]

cp ⏞
(T 9−T 5)
c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7 ) c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7 ) c p (T 6 −T 5 )+c p (T 8−T 7)

η =1−
[ c p (T 2−T 3)+ c p (T 10 −T 1 ) ]
(6)
t
c p (T 6−T 5)+ c p (T 8−T 7)

Se o ciclo fosse fechado, entre os estados 10 e 1 haveria um resfriador rejeitando
calor no ambiente, logo o termo entre colchetes na equação (6) representa a re-
jeição total de calor no ambiente (processos 2-3 e 10-1). Assim:
qL


[ c ( T −T )+ c (T −T )]
p 2 3 p 10 1 qL
η t =1− → η t =1−
c p (T 6 −T 5 )+c p (T 8−T 7 ) qH
EER0013 – Máquinas Térmicas 15 / 26
Ciclo Ericsson


Adicionando infinitos estágios de compressão e de expansão no ciclo Brayton
regenerativo, obtém-se o ciclo Ericsson:

Compressor → A compressão isotérmica é possível de ser realizada desde que
um calor qL seja rejeitado pelo compressor.

Turbina → A expansão isotérmica é possível de ser realizada desde que um
calor qH seja adicionado à turbina.

Regenerador ideal → O calor que aquece o ar na saída do compressor, no
processo 2-3, é igual ao calor que esfria o ar na saída da turbina, no processo
4-1.

EER0013 – Máquinas Térmicas 16 / 26


Ciclo Ericsson


Aplicando, em cada processo, a 1ª e a 2ª leis da
termodinâmica em regime permanente para sistemas abertos,
desprezando Δec e Δep:

1-2 → Compressão isotérmica (T=cte):
( ) ( )
2 2 2
RT dv v2 v2
w c =∫ P dv=∫ dv=R T 1∫ → w c =R T 1 ln Ẇ c = ṁ R T 1 ln
1 1 v 1 v v1 v1

q L + h1=h2 + w c → q L =w c → q L =R T 1 ln ( )
v2
v1
Q̇ L =Ẇ c → Q̇ L = ṁ R T 1 ln
( )
v2
v1

2-3 → Regeneração (adição) de calor isobárica no regenerador (P=cte):
q reg ,23 =h 3−h2 =c p (T 3−T 2 ) Q̇ reg ,23= ṁ ( h3 −h 2 )= ṁ c p (T 3−T 2 )

3-4 → Expansão isotérmica (T=cte):

( ) ( )
4 4 4
RT dv v4 v4
w t =∫ P dv =∫ dv =R T 3∫ → wt = RT 3 ln Ẇ t = ṁ R T 3 ln
3 3 v 3 v v3 v3

q H +h 3=h4 + w t → q H =w t → q H =R T 3 ln
( )
v4
v3
Q̇ H =Ẇ t → Q̇ H = ṁ RT 3 ln
( )
v4
v3

4-1 → Regeneração (rejeição) de calor isobárica no regenerador (P=cte):
q reg ,41 =h 1−h4 =c p (T 1−T 4 ) Q̇ reg ,41= ṁ ( h1−h 4 )= ṁ c p (T 1−T 4)

EER0013 – Máquinas Térmicas 17 / 26


Ciclo Ericsson

Observe que v1>v2 e T4>T1, o que faz com que wc (consequentemente qL também) e
qreg,41 sejam negativos. Para determinar a eficiência térmica, trataremos todas as
transferências de calor e de trabalho como positivas, multiplicando o lado direito
das equações de wc e qreg,41 por -1. Além disto, da aula 4 de revisão, relembramos a
relação entre pressões e volumes específicos para os processos isotérmicos 1-2 e
3-4. Assim, as transferências de calor e de trabalho dos processos ficam:

Em termos específicos [kJ/kg]: ●
Em termos de taxas [kW]:
w c = R T 1 ln
( )
v2
v1
=R T 1 ln
( )
P1
P2
→ w c =R T 1 ln
( )P1
P2
.(−1) → w c = RT 1 ln
( )
P2
P1
Ẇ c = ṁ R T 1 ln
( )
P2
P1

q L=w c → q L =R T 1 ln
( ) P2
P1
Q̇ L = ṁ R T 1 ln
( )
P2
P1

q reg ,23 =c p (T 3 −T 2 ) Q̇ reg ,23= ṁ c p ( T 3−T 2)

w t = RT 3 ln
( )
v4
v3
=R T 3 ln
P3
P4 ( ) → wt = RT 3 ln
( )
P3
P4
Ẇ t = ṁ R T 3 ln
( )
P3
P4

q H =w t → q H =R T 3 ln
( )
P3
P4
Q̇ H = ṁ R T 3 ln
( )
P3
P4
q reg ,41 =c p (T 1 −T 4 ) → q reg ,41 =[ c p (T 1−T 4) ] . (−1) → q reg ,41=c p (T 4 −T 1) Q̇ reg ,41= ṁ c p ( T 4−T 1)
EER0013 – Máquinas Térmicas 18 / 26
Ciclo Ericsson


O trabalho líquido é o trabalho de expansão menos o de compressão:

w líq =w t −w c = RT 3 ln
P3
P4( )
− R T 1 ln
( )
P2
P1 [ ( ) ( )]
→ w líq = R T 3 ln
P3
P4
−T 1 ln
P2
P1

O calor líquido é o calor adicionado na expansão isotérmica, processo 3-4, menos o
calor rejeitado na compressão isotérmica, processo 1-2 (observe que o calor de
regeneração não cruza o volume de controle composto pelo ciclo inteiro, logo ele
não entra na contabilização do calor líquido):

q líq =q H −q L = RT 3 ln
( )
P3
P4 ( )
P
−R T 1 ln 2
P1 [ ( ) ( )]
→ q líq =R T 3 ln
P3
P4
P
−T 1 ln 2
P1

Como a 1ª lei deve ser respeitada, o trabalho e o calor líquidos são iguais.

Como T1 = T2 = TL, e T3 = T4 = TH, tem-se que a adição de calor isobárica é igual à
rejeição de calor isobárica, que é o calor de regeneração:
q reg =q reg ,23 =qreg ,41=c p (T 3−T 2)=c p (T 4−T 1 )=c p (T H −T L )
q reg =c p (T H −T L )

EER0013 – Máquinas Térmicas 19 / 26


Ciclo Ericsson

A eficiência térmica do ciclo Ericsson é: qH qL

ηt=
w líq w t −w c
= =
[ ( ) ( )]
R T 3 ln
P3
P4
P
−T 1 ln 2
P1
=
⏞P ⏞P
R T 3 ln
( )
3
P4
− R T 1 ln
( )
2
P1

( ) ( )
qH qH P3 P3
R T 3 ln RT 3 ln
P4 P4
1

ηt=
R T 3 ln
( )
P3
P4

RT 1 ln
( )
P2
P1
=1−
R T 1 ln
( )
P2
P1
→ η t =1−
( )
T 1 ln
P2
P1
(7)
P
R T 3 ln 3
P4( ) P
R T 3 ln 3
( )
P4
R T 3 ln 3
P
( )
P4 ( )P
T 3 ln 3
P4
q
η t =1− L
qH

Como P3 = P2 e P4 = P1, então a equação (7) pode ser desenvolvida de modo a
demonstrar que a eficiência térmica do ciclo Ericsson é igual a do ciclo Carnot:
1

η t =1−
T 1 ln
( )
P2
P1
=1−
T 1 ln
( )
P2
P1
=1−
T1 T
→ η t =1− L

( ) ( )
P3 P2 T3 TH
T 3 ln T 3 ln
P4 P1
EER0013 – Máquinas Térmicas 20 / 26
Exemplo 10.2

Exemplo 10.2 – Ciclo Ericsson:

Uma usina de potência a gás opera segundo o ciclo Ericsson, usando uma turbina
a gás, cuja razão de pressão do compressor é 10. A pressão do gás na entrada do
compressor é 100 kPa. A temperatura do gás na entrada do compressor é 300 K, e
na entrada da turbina é 1.400 K. Modelando o gás como ar, determine:
(a) A temperatura do gás nas saídas do compressor e da turbina.
(b) O calor adicionado, o calor rejeitado, o trabalho gerado pela turbina, o traba-
lho consumido pelo compressor, o trabalho líquido e a razão de consumo de tra-
balho.
(c) A eficiência térmica.

EER0013 – Máquinas Térmicas 21 / 26


Exemplo 10.2


Solução:

Considerando que os calores específicos do ar
são constantes, as propriedades dos estados 1,
2, 3 e 4 são:

1 → As propriedades constam no enunciado:
T 1=300 K e P1 =100 kPa

2 → Da razão de pressão do compressor:
P2 P2
r p =10 → = =10 → P 2=1.000 kPa
P 1 100

Como o processo 1-2 é isotérmico:
T 2 =300 K

3 → Do enunciado:
T 3=1.400 K

Como o processo 2-3 é isobárico:
P 3=1.000 kPa

4 → Como o processo 4-1 é isobárico:
P 4 =100 kPa

Como o processo 3-4 é isotérmico:
T 4 =1.400 K
EER0013 – Máquinas Térmicas 22 / 26
Exemplo 10.2

(a) As temperaturas na saída do compressor e na saída da turbina são:
T 2=300 K e T 4=1.400 K

(b) Considerando que R = 0,287 kJ/kg.K, o calor adicionado, o calor rejeitado, o trabalho gerado pela
turbina, o trabalho consumido pelo compressor, o trabalho líquido, e a razão de consumo de trabalho
são (em parênteses a comparação percentual com resultados do exemplo 9.1):

q H = RT 3 ln (P3
P4 ) ( ) → q =925,18 kJ / kg (+12,3 %)
=0,287 .1.400 ln
1.000
100 H

q = R T ln
L
P
1
P ( 2

1
)
=0,287 .300 ln (
1.000
100 ) → q =198,25 kJ / kg (−53,6 %)
L

w = R T ln
c
P
P 1 ( 2

1
)
=0,287 .300 ln (
100 )
1.000
→ w =198,25 kJ / kg (−29,3 %)
c

w = RT ln
t
P
3
P ( 3

4
)
=0,287. 1.400 ln (
100 )
1.000
→ w =925,18 kJ / kg (+ 36,5 %)
t

w líq =w t −w c =925,18−198,25 → w líq =726,93 kJ / kg (+ 83,0 %)


w 198,25
r ct = c = → r ct =0,2143 (−48,2 %)
w t 925,18

(c) A eficiência térmica é:
T1 300
η t =1− =1− → η t =0,7857 (+ 63,0 %)
T3 1.400
EER0013 – Máquinas Térmicas 23 / 26
Ciclo para Motor Turbojato

Ciclo para Motor Turbojato:

Conforme figuras e diagramas T-s e P-v abaixo, o ciclo para motor turbojato é similar ao ciclo Brayton:

1-a → Compressão isentrópica no difusor (s=cte).

a-2 → Compressão isentrópica no compressor (s=cte).

2-3 → Adição de calor isobárica na câmara de combustão (P=cte).

3-4 → Expansão isentrópica na turbina (s=cte).

4-5 → Expansão isentrópica no bocal (s=cte).

5-1 → Rejeição de calor isobárica no ambiente (P=cte).

Características:

P e T aumentam levemente quando o ar passa pelo difusor.

P aumenta bastante quando o ar passa pelo compressor.

T aumenta bastante quando a combustão da mistura de ar
com combustível ocorre na câmara de combustão.

Os gases são expandidos na turbina até uma pressão P 4, de
forma que o trabalho gerado pela turbina é igual ao trabalho
consumido no compressor, ou seja, o trabalho líquido é zero.

Como P4 > P5 = Patm, o gás continua expandido num bocal
até P5, saindo a alta velocidade, com grande variação do
momento linear, resultando em grande empuxo.
EER0013 – Máquinas Térmicas 24 / 26
Ciclo para Motor Turbojato

Conservação da energia no difusor:

Tomando o difusor como volume de controle, aplica-se a 1ª lei
da termodinâmica em regime permanente para sistemas
abertos, identifica-se que Q̇ e Ẇ são nulos, despreza-se Δep, e
se considera que o ar sai do difusor com velocidade nula:

( 1
2 ) ( 1
2 ) 1
Q̇+ ṁ h1 + V 21 + g z 1 =ṁ h a + V 2a + g z a + Ẇ → ṁ h1 + ṁ V 21 = ṁh a
2
1 2
h 1+ V 1=h a → V 1= √ 2( h a−h1 ) → V 1= √ 2 c p (T a −T 1)
2

Conservação da energia no bocal:

Tomando o bocal como volume de controle, aplica-se a 1ª lei
da termodinâmica em regime permanente para sistemas
abertos, identifica-se que Q̇ e Ẇ são nulos, despreza-se Δep, e
se considera que o ar entra no bocal com velocidade nula:

( 1 2
2 ) ( 1 2
2 ) 1
2
2
Q̇+ ṁ h 4+ V 4 + g z 4 =ṁ h 5+ V 5 + g z 5 + Ẇ → ṁ h4 = ṁ h 5 + ṁV 5
1 2
h 4=h5 + V 5 → V 5= √ 2(h4 −h 5) → V 5=√ 2 c p ( T 4 −T 5)
2
EER0013 – Máquinas Térmicas 25 / 26
Ciclo para Motor Turbojato

Aplicando, em cada processo, a 1ª e a 2ª leis da termodinâmica
em regime permanente para sistemas abertos, desprezando
Δec e Δep (já considerando wc e qL positivos):

1-a → Compressão isentrópica no difusor (s=cte).
V 1 =√ 2(h a −h 1) → V 1= √ 2 c p (T a −T 1) [ m/ s ]

a-2 → Compressão isentrópica no compressor (s=cte):
w c =h 2−ha =c p (T 2−T a ) [ kJ / kg ] Ẇ c = ṁ ( h2 −h a ) = ṁ c p (T 2−T a ) [kW ]

2-3 → Adição de calor isobárica na câmara de combustão (P=cte):
q H =h3 −h 2=c p (T 3−T 2 ) [kJ / kg ] Q̇ H = ṁ ( h 3−h2 ) = ṁ c p (T 3−T 2 ) [ kW ]

3-4 → Expansão isentrópica na turbina (s=cte):
w t =h3−h 4=c p (T 3−T 4) [kJ / kg ] Ẇ t = ṁ ( h 3−h4 ) = ṁc p (T 3−T 4 ) [kW ]

4-5 → Expansão isentrópica no bocal (s=cte):
V 5 =√ 2 (h 4−h5 ) → V 5= √ 2 c p (T 4 −T 5 ) [m/ s ]

5-1 → Rejeição de calor isobárica no ambiente (P=cte):
q L=h 5−h 1=c p (T 5−T 1 ) [kJ / kg ] Q̇ L = ṁ ( h 5−h1 ) =ṁ c p (T 5−T 1) [ kW ]

EER0013 – Máquinas Térmicas 26 / 26

Você também pode gostar