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Revolução Sexual: Uma Nova Era de Liberdade e Empoderamento

A Revolução Sexual, ocorrida entre as décadas de 1960 e 1980, foi um período de mudança social e cultural
sem precedentes. Este movimento global, marcado por intensas discussões e transformações nas esferas
públicas e privadas, redefiniu as convenções sociais e as atitudes em relação à sexualidade, aos papeis de
género e à liberdade individual.

Um fator chave na Revolução Sexual foi a introdução e ampla disponibilidade de métodos anticoncecionais
eficazes, principalmente a pílula anticoncecional. Isto permitiu um controlo sem precedentes sobre
a reprodução e trouxe um grau de liberdade sexual que nunca tinha acontecido antes. As mulheres, em
particular, beneficiaram desta nova autonomia, e ganharam um maior controlo sobre os seus corpos e vidas
sexuais.

Além disso, a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho também desempenhou um papel
significativo nesta mudança cultural. As mulheres, que anteriormente eram vistas principalmente como
mães e esposas, começaram a entrar em campos profissionais e académicos em números cada vez maiores.
O que ajudou a desafiar e a alterar as normas de género existentes, proporcionando às mulheres uma maior
independência e novas oportunidades económicas.

A legalização do divórcio em muitos países também foi uma parte crucial da Revolução Sexual. Isto forneceu
uma saída para mulheres e homens insatisfeitos com os seus casamentos, e normalizou a ideia de que as
pessoas têm o direito de procurar a felicidade e a satisfação nos seus relacionamentos.

Paralelamente, a Revolução Sexual ajudou a estimular uma revisão dos papeis sexuais tradicionais e a aceitação
de identidades não-binárias. A sociedade tornou-se mais aberta à diversidade e começou a abraçar a ideia
de que a identidade e a expressão de género podem existir além das categorias binárias de “masculino” e
“feminino”.

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Em resumo, a Revolução Sexual marcou uma mudança significativa na forma em como a sociedade encara
a sexualidade, os papeis de género e os direitos individuais. Embora ainda haja muitos desafios a serem
enfrentados, o legado da Revolução Sexual continua a influenciar as discussões sobre estas questões na
sociedade contemporânea.

Revolução Sexual e sua Influência nos Relacionamentos Íntimos


A Revolução Sexual, que ocorreu entre as décadas de 1960 e 1980, provocou mudanças significativas na
forma como a sociedade percebe e vive os relacionamentos íntimos. Esta mudança cultural resultou numa
diversificação e complexificação dos relacionamentos, além de um novo foco na importância dos aspetos
psicológicos e emocionais das relações.

Os modelos tradicionais de família começaram a ser substituídos por uma variedade de arranjos familiares
alternativos, desde famílias monoparentais a casais que coabitam e famílias recompostas. Além disso, o
âmbito das preocupações familiares também mudou, com questões como: o abuso de drogas, alcoolismo e
desemprego que ganharam mais atenção, enquanto a gravidez deixou de ser a única preocupação dominante.

Em resposta à maior liberdade sexual e às mudanças nos papeis de género, mais pessoas começaram a morar
juntas antes do casamento, a ter filhos fora do casamento, ou a optar por não ter filhos. Paralelamente, os
relacionamentos homossexuais tornaram-se cada vez mais aceites e visíveis, refletindo uma sociedade mais
inclusiva e aberta à diversidade.

Com a valorização dos aspetos psicológicos e sentimentais nas relações, a qualidade dos relacionamentos
tornou-se um indicador essencial de saúde mental. As pessoas passaram a ter mais liberdade para escolher
os seus parceiros e a expressar as suas necessidades emocionais, resultando numa maior exigência na
qualidade dos relacionamentos. Se um relacionamento não é satisfatório, agora há uma maior disposição
para mudar e procurar algo melhor.

No campo da terapia de casal, estas mudanças oferecem uma nova perspetiva sobre como lidar com conflitos
e desafios. A compreensão destas transformações na dinâmica dos relacionamentos íntimos informa as
abordagens terapêuticas, que contribui para a criação de estratégias de tratamento mais eficazes e adaptadas
à realidade contemporânea dos casais. Em resumo, a Revolução Sexual trouxe uma nova abordagem aos
relacionamentos íntimos, e destacou a importância da satisfação emocional e da diversidade nas formas de
expressar e viver o amor.

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Ciência dos Relacionamentos
Psicologia do Amor
A ciência dos relacionamentos, em particular a Psicologia do Amor, é um campo fascinante e multifacetado
que procura desvendar os mistérios dos relacionamentos humanos, especialmente os românticos. Abrange
um espetro amplo de questões, desde os fundamentos biológicos da atração até às complexidades das
interações sociais e os efeitos das experiências pessoais sobre a formação e manutenção dos relacionamentos.

Um dos principais focos da Psicologia do Amor é a atração interpessoal. Este fenómeno é influenciado por
uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Biologicamente, a atração física pode ser
impulsionada por indicadores subconscientes de saúde e fertilidade, enquanto do ponto de vista psicológico, as
pessoas tendem a ser atraídas por aqueles que partilham características e valores semelhantes. Socialmente,
a atração pode ser moldada por normas culturais e expectativas sociais.

Aqui também é explorada a dinâmica do amor, uma emoção intensa e complexa que é frequentemente
central nos relacionamentos românticos. Através da Teoria Triangular do Amor de Sternberg, por exemplo,
o amor é categorizado em três componentes: intimidade, paixão e compromisso. Diferentes combinações
destas componentes resultam em diferentes tipos de amor, cada um com as suas características e desafios
únicos.

O compromisso, a decisão de manter um relacionamento a longo prazo, é outra questão importante na


Psicologia do Amor. O compromisso não é apenas uma escolha consciente, mas é também influenciado por
uma série de fatores, como satisfação no relacionamento, investimento no relacionamento e a qualidade das
alternativas percebidas.
Além disso, a satisfação no relacionamento é um indicador crucial da saúde do mesmo. A satisfação é
influenciada por muitos fatores, incluindo a comunicação, o apoio emocional, a compatibilidade sexual e a
divisão equitativa das tarefas domésticas.

Compreender a psicologia por detrás dos relacionamentos humanos é crucial, não apenas para ajudar as
pessoas a construir relacionamentos saudáveis e satisfatórios, mas também para ajudar os terapeutas e
conselheiros a fornecer intervenções eficazes para casais que estão a enfrentar desafios. Assim, a Psicologia
do Amor continua a ser um campo de estudo essencial e em constante evolução, revelando insights sobre
um dos aspetos mais fundamentais e universais da experiência humana: o amor.

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Estudos sobre atração interpessoal: Berscheid (anos 60/70)
Ellen Berscheid, durante a década de 1960 e 1970, iniciou uma série de pesquisas que revolucionaram a
maneira como entendemos a atração interpessoal. O seu trabalho baseou-se na premissa de que a atração é
uma atitude - um estado mental que envolve sentimentos e crenças sobre outras pessoas. Esta perspetiva vai
além da ideia de que a atração está relacionada unicamente com a aparência física. Pelo contrário, Berscheid
apontou que a forma como percebemos e avaliamos as características e personalidades individuais de alguém
é um fator crucial na atração.

A abordagem de Berscheid também se destacou pela ênfase dada ao indivíduo. Ela argumentou que, embora
o relacionamento possa ser uma entidade por si só, a maneira como cada indivíduo percebe e reage a outros
é o que determina a qualidade e a profundidade desse relacionamento. Esta perspetiva, focada no indivíduo,
destacou a importância das perceções e avaliações individuais na atração, criando uma maior compreensão
da complexidade dos relacionamentos humanos.

No entanto, Berscheid e seus colegas enfrentaram desafios significativos no seu trabalho. A terminologia
usada para se referir a atração e relacionamentos é variada e às vezes vaga. Termos como “relacionamento”
e “íntimo” podem ser usados para descrever uma ampla variedade de interações humanas, desde
relacionamentos casuais até ligações profundas e significativas. Esta diversidade nas terminologias reflete
a complexidade das relações humanas, mas também cria desafios para a pesquisa e a compreensão destes
conceitos.

Apesar destes obstáculos, a pesquisa de Berscheid teve um impacto duradouro no campo da psicologia do
amor e dos relacionamentos. Ela contribuiu para uma mudança fundamental na maneira como entendemos
a atração, tendo alterado o foco da aparência física para uma abordagem mais abrangente que inclui a
personalidade, as crenças e as atitudes de uma pessoa. Esta abordagem continua a influenciar a pesquisa
atual, moldando a maneira como os psicólogos estudam e entendem o amor e a atração.

Ainda mais, as descobertas de Berscheid têm implicações importantes para a prática clínica. Por exemplo,
compreender a atração como uma atitude que engloba crenças e sentimentos ajuda os terapeutas a explorar
as perceções individuais dos clientes sobre os seus parceiros, proporcionando insights valiosos que podem
ajudar a resolver problemas nos relacionamentos.

Portanto, apesar dos desafios enfrentados, a contribuição de Berscheid para a psicologia do amor e dos
relacionamentos é inegável. O seu trabalho continua a ser a base essencial para o estudo e a compreensão
da atração interpessoal.

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Teoria da Interdependência de Thibaut e Kelley:
A Teoria da Interdependência, proposta por John Thibaut
e Harold Kelley, é uma das principais teorias dentro da
psicologia do amor e dos relacionamentos. Esta teoria
foca-se no relacionamento e na interação entre indivíduos
em vez de se concentrar apenas no indivíduo em si. Os
principais conceitos da teoria incluem a matriz de interação,
transformações de valor e o dilema do prisioneiro.

A matriz de interação é uma ferramenta usada para


representar os potenciais resultados de diferentes ações
que um indivíduo pode tomar em relação ao outro. É
fundamental para a Teoria da Interdependência, pois
mostra como as ações de um indivíduo podem afetar os
resultados do outro. Isto destaca a ideia de que as ações de
uma pessoa num relacionamento não afetam apenas ela
própria, mas também o seu parceiro.

As transformações de valor referem-se à maneira de como


um indivíduo pode mudar as suas preferências com base
nos seus sentimentos que tem por outro. Por exemplo, uma
pessoa pode inicialmente não gostar de um determinado
filme, mas depois de assistir com o parceiro que gosta do filme, ela pode começar a gostar também. Este
conceito destaca como os sentimentos de um indivíduo pelo seu parceiro podem alterar as suas próprias
preferências e comportamentos.

O dilema do prisioneiro é um conceito que ilustra o potencial conflito de interesses individuais e coletivos.
No contexto de um relacionamento, cada pessoa pode tentar agir de acordo com os seus próprios interesses.
No entanto, se ambos agirem assim, os dois vão ficar pior do que se tivessem agido de forma cooperativa.

(O dilema do prisioneiro é um cenário hipotético que ilustra uma situação onde, apesar de a cooperação
mútua ser a opção mais benéfica para todos os envolvidos, os indivíduos podem ser tentados a agir em
benefício próprio. Denomina-se assim devido a uma situação hipotética na qual dois prisioneiros são detidos
sem a possibilidade de comunicarem. Cada um tem a opção de trair o outro (procurar benefício próprio)
ou permanecer em silêncio (cooperação). Se ambos permanecerem em silêncio, vão receber uma sentença
leve. Se ambos se traírem, mutuamente vão receber uma sentença mais grave. No entanto, se um trair e o
outro permanecer em silêncio, o traidor será libertado enquanto o outro vai receber a sentença máxima.

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Aplicado aos relacionamentos íntimos, este dilema ilustra o equilíbrio delicado entre a procura do benefício
pessoal e a consideração pelo bem-estar do parceiro ou da relação como um todo. Num relacionamento,
os indivíduos podem ser tentados a agir de acordo com os seus próprios interesses, como priorizar os seus
desejos e necessidades pessoais, mesmo que isso possa ter consequências negativas para o outro parceiro
ou para o relacionamento.

No entanto, a teoria sugere que se ambos os parceiros agirem de acordo com os seus próprios interesses,
que isso pode levar a conflitos, ressentimentos e até ao fim do relacionamento - uma situação pior para
ambos os parceiros do que se eles tivessem agido de forma cooperativa.

Por outro lado, se ambos os parceiros forem capazes de agir de maneira cooperativa e considerarem os
interesses e necessidades um do outro, vão ser capazes de criar um relacionamento mais equilibrado,
harmonioso e satisfatório. Este é o conceito de interdependência positiva - quando o sucesso de um parceiro
beneficia o outro.

Portanto, o dilema do prisioneiro dentro do contexto de um relacionamento destaca a importância da


cooperação, da comunicação e da consideração pelo bem-estar do parceiro e da relação como um todo.
Destaca que, embora possa haver tentações para agir de maneira egoísta em situações individuais, a longo
prazo, o sucesso e a satisfação do relacionamento depende da capacidade dos parceiros de trabalharem
juntos para alcançar os seus objetivos partilhados).

Thibaut e Kelley, através da sua Teoria da Interdependência, abordaram a complexidade dos relacionamentos
íntimos identificando quatro elementos cruciais: atração/gostar, satisfação, investimentos e amor.

Atração/gostar: Trata-se da predisposição para avaliar positivamente a outra pessoa, e envolve tanto a
atração física quanto a atração por atributos pessoais e características. Isto não está limitado apenas ao início
do relacionamento, mas é uma componente importante ao longo de todo o relacionamento, influenciando a
maneira como vemos e valorizamos o nosso parceiro.

Satisfação: Este é um conceito complexo que engloba uma variedade de fatores, incluindo a harmonia no
relacionamento, a compatibilidade entre as partes, a resolução eficaz de conflitos, entre outros. A satisfação
é uma avaliação subjetiva da qualidade do relacionamento e pode ser afetada tanto por fatores internos
(como a comunicação do casal) quanto externos (como o stress fora da relação).

Investimentos: Neste contexto, os investimentos referem-se a tudo o que uma pessoa coloca na relação e que
seria perdido caso o relacionamento terminasse. Isso pode incluir tempo, energia, recursos financeiros, e até
mesmo aspetos emocionais, como a autoestima e a identidade pessoal. Os investimentos podem aumentar
o compromisso de uma pessoa com o relacionamento, pois aumentam o custo de saída, tornando o fim do
relacionamento mais difícil.

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Amor: O amor é considerado um aspeto fundamental dos relacionamentos íntimos e é um conceito
complexo e multifacetado. Pode incluir sentimentos de afeição, vinculação, compromisso e intimidade, além
de componentes mais voláteis, como a paixão. O amor pode ser um poderoso motivador para manter um
relacionamento e trabalhar através de desafios e conflitos.

O entendimento destes quatro aspetos fornece uma estrutura importante para compreender os
relacionamentos íntimos e pode oferecer insights sobre a manutenção de relacionamentos saudáveis
e satisfatórios. É importante destacar que cada uma destas componentes está intrinsecamente ligada e
influencia os outros. Por exemplo, a satisfação no relacionamento pode ser influenciada pelo nível de atração,
pelos investimentos feitos no relacionamento e pelos sentimentos de amor entre os parceiros.

Ao analisar estes conceitos juntos, a Teoria da Interdependência fornece um quadro para compreender
como os indivíduos interagem num relacionamento e como as suas ações e sentimentos mútuos influenciam
a qualidade e a estabilidade do relacionamento. Ao fazer isso, a teoria oferece insights valiosos sobre a
dinâmica complexa dos relacionamentos humanos.

Teoria da Dissonância Cognitiva


A Teoria da Dissonância Cognitiva, proposta pelo psicólogo social Leon Festinger, é um marco importante na
compreensão dos conflitos intrapsíquicos que surgem quando os nossos pensamentos, crenças, atitudes ou
comportamentos entram em contradição. Segundo a teoria, nós, seres humanos, procuramos consistência
nas nossas cognições e, quando enfrentamos inconsistências (ou seja, dissonância), somos motivados a
reduzi-las para restaurar um estado de equilíbrio ou consonância.

No contexto dos relacionamentos íntimos, esta teoria tem implicações significativas. Por exemplo, quando
um indivíduo fez investimentos significativos num relacionamento (uma cognição) mas está insatisfeito (um
afeto), vai enfrentar uma dissonância cognitiva. Para resolver esta dissonância, a pessoa pode alterar o seu
afeto ou cognição. Neste caso, pode ser mais fácil para a pessoa alterar a sua avaliação do relacionamento,
acreditando que “não está tão mal” (mudando o afeto), em vez de admitir que os investimentos feitos não
foram devidamente apreciados (mudando a cognição).

Vamos explorar alguns fenómenos específicos que surgem na Teoria da Dissonância Cognitiva:
Dissonância pós-decisão: Este fenómeno ocorre após a tomada de uma decisão difícil, especialmente quando
a escolha foi entre opções igualmente atraentes ou desfavoráveis. A pessoa pode sentir dissonância entre a
escolha feita e a opção rejeitada. Para reduzir esta dissonância, a pessoa pode aumentar a atração da opção
escolhida e/ou diminuir a atração da opção rejeitada.

Dissonância e auto preservação: As pessoas geralmente têm uma imagem positiva de si mesmas e sentem
esta dissonância quando as suas ações não estão alinhadas com esta auto perceção. Por exemplo, se alguém
se considera uma pessoa leal, mas traiu o parceiro, essa pessoa vai passar por esta dissonância. Para resolver

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esta dissonância, a pessoa pode justificar o comportamento (por exemplo, “o meu parceiro também me deve
ter traído”) ou alterar o comportamento para o alinhar com a sua autoimagem.

Dissonância e persuasão: Este fenómeno ocorre quando as pessoas são confrontadas com informações
que contradizem as suas crenças ou atitudes existentes. Se uma pessoa acredita que o seu relacionamento
é saudável, mas é confrontada com evidências de que o parceiro está a ser infiel, essa pessoa passa por
esta dissonância. Para a resolver, a pessoa pode rejeitar a nova informação, alterar a crença existente, ou
integrar a nova informação de uma maneira que minimize o conflito (por exemplo, “ele estava a passar por
um momento difícil”).

Compreender a Teoria da Dissonância Cognitiva pode ajudar a compreender melhor como as pessoas lidam
com conflitos internos nos seus relacionamentos e como procurar restabelecer a harmonia mental quando
enfrentam contradições entre as suas crenças, sentimentos e ações.

Em resumo, tanto a Teoria da Interdependência como a Teoria da Dissonância Cognitiva podem fornecer
insights valiosos sobre a dinâmica dos relacionamentos íntimos. A Teoria da Interdependência destaca
a importância da reciprocidade e da conexão nos relacionamentos, enquanto a Teoria da Dissonância
Cognitiva explica a motivação interna para a consistência e a harmonia cognitiva. Ambas as teorias
contribuem para uma compreensão mais completa do amor e dos relacionamentos, embora também
destaquem diferentes aspetos destes fenómenos complexos.

Zick Rubin
Zick Rubin foi um dos primeiros investigadores a abordar
cientificamente o amor, desenvolvendo uma estrutura
que permite distinguir e medir o “gostar” e o “amar”. A
sua pesquisa teve um impacto significativo no campo da
psicologia social, e muitos dos conceitos que introduziu ainda
são usados e referenciados nos estudos de relacionamento
até hoje.

As duas escalas desenvolvidas por Zick Rubin, a Escala de


Amar e a Escala de Gostar, representam uma ferramenta
valiosa na psicologia social para explorar e medir as
complexidades do afeto humano.

A “Escala de Gostar” de Rubin concentra-se nos sentimentos


platónicos, ou seja, sentimentos que se desenvolvem devido
ao respeito, admiração e afinidade que uma pessoa pode
sentir por outra. Esta escala engloba aspetos da amizade e

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do companheirismo, bem como a apreciação das qualidades pessoais, talentos e características de alguém.
Os itens da Escala de Gostar podem incluir afirmações como “Eu gosto da maneira como esta pessoa pensa”
ou “Eu sinto um forte respeito por esta pessoa”. Esta escala, procura quantificar o quão profundamente e de
que maneira uma pessoa gosta de outra.

Por outro lado, a “Escala de Amar” de Rubin visa captar o sentimento mais profundo, intenso e pessoal
que geralmente associamos ao amor romântico. Este inclui elementos de conexão emocional profunda,
vinculação, desejo e atração. Os itens da Escala de Amar podem incluir afirmações como “Eu sinto um forte
desejo de estar perto desta pessoa” ou “Eu sinto um profundo carinho por esta pessoa”. A escala procura
quantificar a profundidade e a intensidade do amor romântico que uma pessoa sente por outra.

Em resumo, estas duas escalas tentam distinguir entre os diferentes níveis e tipos de afeição que podemos
sentir pelos outros. A Escala de Gostar está mais ligada aos sentimentos de admiração e respeito platónicos,
enquanto a Escala de Amar se concentra no amor romântico mais profundo e intenso.

A distinção entre “gostar” e “amar” proposta por Rubin desafiou conceções populares sobre o amor e
forneceu uma nova lente para compreender a complexidade dos relacionamentos interpessoais.
Rubin alegou que “gostar” e “amar” não são simplesmente pontos diferentes num um continuum de afeto,
mas sim dimensões independentes que podem coexistir em vários graus. Isso significa que é possível
gostar muito de alguém (respeitando e apreciando a pessoa pelas suas qualidades e características), sem
necessariamente sentir o amor romântico profundo e intenso, que é caracterizado por um forte desejo de
intimidade e um forte sentido de vinculação.

Da mesma forma, Rubin sustentou que é possível amar alguém profundamente sem necessariamente gostar
da pessoa. Embora isso possa parecer contraditório, este conceito reflete os relacionamentos onde a atração
romântica e a vinculação podem existir apesar das incompatibilidades de personalidade ou comportamento
que pode impedir uma apreciação mais profunda do caráter ou das qualidades da outra pessoa.

Esta separação entre “gostar” e “amar” ajuda-nos a compreender as diferentes tonalidades de afeto
humano que existem além das definições convencionais de amor. Ajuda a explicar como as pessoas podem
desenvolver fortes ligações românticas sem necessariamente ter uma amizade forte ou admiração por outra
pessoa. Alternativamente, também pode ajudar a compreender como uma amizade profunda pode existir
sem elementos de atração romântica ou desejo de intimidade.

Esta distinção também tem implicações práticas. Por exemplo, pode ajudar as pessoas a compreender e a
navegar melhor nos seus próprios sentimentos no relacionamento. Pode ajudar alguém a perceber que o
que eles inicialmente pensavam ser “amor” pode ser na verdade um profundo “gostar”, ou vice-versa.

Além disso, os terapeutas e conselheiros podem usar esta distinção para ajudar os clientes a explorar e a
compreender melhor as suas emoções e relacionamentos.

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Zick Rubin, na sua Escala de Amar, delineou quatro componentes essenciais do amor que ajudam a criar uma
estrutura mais tangível para compreender este sentimento complexo e multifacetado.

Precisar do outro: Esta componente reflete um forte desejo e anseio pela presença da pessoa amada. Isto
não se limita apenas à presença física, mas também à conexão emocional e psicológica. A pessoa sente uma
sensação de desconforto ou vazio na ausência do ente querido, indicando um nível profundo de vinculação e
dependência emocional. Esta necessidade é um reflexo da importância da pessoa amada na vida do indivíduo
e do papel que ela desempenha na sua felicidade e bem-estar.

Cuidado: O cuidado no contexto do amor de Rubin é um desejo intenso de garantir o bem-estar da pessoa
amada. Isso pode manifestar-se de várias maneiras, desde fornecer apoio emocional até ajudar em tarefas
práticas. Esta componente demonstra um nível de altruísmo e auto sacrifício, pois a pessoa está disposta a
colocar as necessidades do ente querido acima das suas próprias.

Confiança: A confiança é um elemento-chave de qualquer relacionamento íntimo. No contexto do amor,


refere-se à crença e confiança no julgamento, honestidade e integridade do ente querido. A confiança ajuda
a criar um ambiente seguro onde cada pessoa se sente valorizada e respeitada. A confiança também é
fundamental para a comunicação aberta e honesta, que é a base de um relacionamento saudável.

Tolerância: Esta componente reflete a capacidade de aceitar e lidar com as falhas e imperfeições do ente
querido. Num relacionamento amoroso, as pessoas reconhecem que todos têm falhas e cometem erros. A
tolerância implica uma aceitação dessas falhas e um compromisso de trabalhar através delas em vez de as
deixar interferir no relacionamento. A tolerância ajuda a criar um espaço para o crescimento e aprendizagem
mútuos.

Cada uma destas componentes pode variar em intensidade entre diferentes indivíduos e diferentes
relacionamentos. Por exemplo, para algumas pessoas, a necessidade pode ser o aspeto mais importante do
amor, enquanto para outras, a confiança pode ser a mais importante.
Os estudos de Rubin proporcionaram uma visão mais detalhada e matizada do amor, tratando-o como um
fenómeno multidimensional composto por uma série de sentimentos e atitudes que ocorrem simultaneamente.
Esta compreensão do amor ajudou a formar a base de muitas teorias e modelos subsequentes de amor e
intimidade.

Apesar das suas contribuições, Rubin reconheceu que a sua visão do amor não era completa ou definitiva.
Em vez disso, encorajou outros investigadores a expandir e a aprofundar a nossa compreensão do amor,
destacando a complexidade e a diversidade deste fenómeno humano universal.

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Definição do Amor

O amor é, de facto, um fenómeno complexo que passa por muitas facetas e experiências na nossa vida.
Envolve uma série de aspetos, tanto cognitivos, emocionais quanto comportamentais, e abrange várias
formas e graus. Vamos explorar cada um destes aspetos de forma mais aprofundada:

Cognitivo: A nível cognitivo, o amor envolve certas crenças e perceções sobre a pessoa amada e o
relacionamento. Isso pode incluir a perceção de que a outra pessoa tem atributos desejáveis ou admiráveis,
a crença de que a relação é única e insubstituível, ou a visão de que o relacionamento tem um futuro
promissor. Além disso, a pessoa amada é muitas vezes idealizada, com as suas qualidades positivas sendo
sobrevalorizadas e as suas qualidades negativas minimizadas ou ignoradas.

Emocional: Emocionalmente, o amor está associado a uma série de sentimentos positivos em relação à
pessoa amada. Estes podem incluir afeição, carinho, satisfação, felicidade e, em casos de amor romântico,
paixão e desejo. Além disso, o amor muitas vezes implica uma forte sensação de empatia em relação à pessoa
amada, um desejo da sua felicidade e bem-estar, e um sentimento de tristeza quando ela está a sofrer.

Comportamental: A nível comportamental, o amor é demonstrado através de ações que expressam cuidado,
afeto e compromisso em relação à pessoa amada. Isso pode incluir gestos de carinho, apoio emocional e
assistência prática, tempo e energia dedicados à pessoa amada e ao relacionamento, e sacrifícios pessoais
pelo bem da outra pessoa ou do relacionamento.

Estes aspetos cognitivos, emocionais e comportamentais do amor não operam de forma isolada, mas estão
intrinsecamente interconectados e influenciam-se mutuamente. Por exemplo, as nossas crenças e perceções
sobre uma pessoa (aspeto cognitivo) podem influenciar os nossos sentimentos em relação a ela (aspeto
emocional) e a maneira como agimos em relação a ela (aspeto comportamental).

Além disso, é importante referir que o amor não é estático, mas dinâmico. Pode mudar e evoluir ao longo do
tempo e em resposta a novas experiências e circunstâncias. O amor também pode ser diferenciado em várias
formas ou tipos, tais como amor familiar, amor romântico, amor platónico, amor incondicional, e assim por
diante, cada um dos quais tem as suas próprias características e dinâmicas únicas.

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Finalmente, a experiência e a expressão do amor podem ser influenciadas por uma variedade de fatores,
incluindo fatores individuais (por exemplo, personalidade, experiências passadas, crenças e valores), fatores
interpessoais (por exemplo, a natureza do relacionamento, a reciprocidade do amor), e fatores culturais (por
exemplo, normas e expectativas sociais sobre o amor).

Certamente, o amor pode manifestar-se de muitas formas diferentes, e estas três formas prototípicas de
amor - amor parental, amor filial e amor romântico - são apenas algumas das muitas maneiras pelas quais o
amor pode expressar-se.

Amor Paterno/Materno: Esta forma de amor é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento


da criança. Os pais ou cuidadores fornecem um ambiente seguro, amoroso e estimulante que atende
às necessidades físicas e emocionais da criança. O amor parental não é apenas um sentimento, mas um
compromisso de investir tempo, esforço e recursos no cuidado da criança. Este tipo de amor é incondicional
e não diminui com o tempo ou com as mudanças no comportamento ou nas circunstâncias da criança.
Mesmo que os pais se dececionem ou fiquem frustrados com os comportamentos dos seus filhos, o amor
que sentem por eles permanece estável.

Amor Filial: Este tipo de amor é uma resposta ao amor e ao cuidado recebidos dos pais. Quando os filhos
sentem que são amados e cuidados pelos pais, desenvolvem uma profunda afeição e gratidão por eles. Este
amor é frequentemente acompanhado por um desejo de fazer os pais felizes e orgulhosos. No entanto, o
amor filial também pode ser complexo e desafiante, especialmente quando as expectativas dos pais não
estão alinhadas com os desejos e interesses dos filhos.

Amor Romântico: O amor romântico é provavelmente a forma mais complexa e intensa de amor. Combina
elementos de amizade, atração sexual, admiração, carinho e compromisso. No amor romântico, as duas
pessoas partilham uma conexão especial que as faz sentir atraídas uma pela outra, não apenas fisicamente,
mas também emocional e espiritualmente. Este tipo de amor pode trazer grande alegria e satisfação, mas
também pode ser fonte de conflito e desgosto, especialmente quando o amor não é correspondido ou
quando as expectativas sobre o relacionamento não são atendidas.

Cada uma destas formas de amor tem as suas próprias características e dinâmicas únicas. No entanto, todas
são importantes e desempenham um papel crucial na nossa vida e nas relações humanas. Conectam-nos uns
aos outros, enriquecem-nos e dão sentido à nossa vida.

Estas três formas de amor não são mutuamente exclusivas, mas sim sobrepostas e interconectadas. Podem
coexistir na mesma pessoa e podem transformar-se de uma forma para outra com o passar do tempo.

Além disso, é importante notar que o amor não se limita apenas a estas formas. O amor também pode estar
presente em amizades, em relações de aconselhamento e nos laços emocionais entre colegas de trabalho,
membros de equipa, etc. Em todos estes casos, o amor é marcado por uma troca de ajuda, conforto e
aceitação, e envolve sentimentos fortes, compromisso e, muitas vezes, sacrifício.

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No campo da psicologia positiva, o amor é categorizado como uma das principais virtudes humanas,
juntamente com a bondade e a inteligência social. Estas virtudes são manifestações da personalidade que
indicam cuidado e consideração pelos outros.

Estudos de Berscheid e Walster


Elaine Berscheid e Elaine Hatfield Walster são duas figuras proeminentes na psicologia que contribuíram para
a nossa compreensão da atração interpessoal. A sua pesquisa centrou-se em vários fatores que influenciam
a atração, incluindo a beleza física.

Os estudos de Berscheid e Walster na década de 1960 e 1970 desempenharam um papel crucial no


desenvolvimento da compreensão da atração interpessoal. Um dos seus conceitos fundamentais foi o “efeito
da beleza física”, também conhecido como o “princípio da atração física”. Este princípio sugere que a beleza
física prevê a atração interpessoal. Segundo este princípio, as pessoas tendem a ser atraídas por outras que
consideram fisicamente atraentes e tendem a atribuir qualidades positivas a estas pessoas com base apenas
na sua aparência.

Este fenómeno é muitas vezes referido como o “efeito halo”, que é um conceito psicológico que se refere a
uma tendência cognitiva de fazer suposições gerais sobre uma pessoa com base numa única característica,
seja ela positiva ou negativa. Este viés cognitivo é chamado de “efeito halo” porque a impressão inicial
positiva (ou negativa) lança uma espécie de “halo” que afeta todas as avaliações subsequentes.

Quando o “efeito halo” está em jogo, percebemos que todas as características de uma pessoa são coloridas
por uma característica dominante. No contexto da atração física, um indivíduo que é considerado atraente
fisicamente é muitas vezes considerado também como tendo uma série de outras qualidades positivas. Isto
é conhecido como o “efeito da beleza”, que é uma manifestação específica do “efeito halo”.

Por exemplo, podemos supor que uma pessoa fisicamente atraente é mais amigável, inteligente, confiável ou
talentosa do que realmente é, simplesmente com base na sua aparência. Estudos têm demonstrado que as
pessoas atraentes muitas vezes recebem tratamento preferencial numa variedade de contextos, incluindo o
local de trabalho e no sistema judicial.

É importante notar, no entanto, que o “efeito halo” também pode funcionar em sentido inverso, num
fenómeno conhecido como “efeito chifres” (ou “efeito diabo”). Neste caso, uma característica negativa numa
pessoa pode levar os outros a ver todas as suas outras características de forma negativa.

Estes vieses cognitivos podem ter implicações significativas na forma como percebemos e interagimos com
os outros, e podem influenciar tudo, desde as decisões de contratação até às relações interpessoais. Ter
consciência destes vieses pode ajudar-nos a fazer julgamentos mais justos e precisos sobre os outros.

Além da atração física, há uma série de outros fatores que desempenham um papel na atração interpessoal.

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Alguns dos mais proeminentes, explorados por Elaine Berscheid e Elaine Hatfield Walster, incluem similaridade,
proximidade e reciprocidade.

Similaridade: A ideia de que “os opostos se atraem” pode ser um clichê popular, mas a pesquisa sugere que, na
realidade, tendemos a ser atraídos por pessoas que são semelhantes a nós. Isso pode aplicar-se a uma ampla
gama de características, incluindo atitudes, valores, antecedentes, interesses e traços de personalidade. Este
fenómeno, conhecido como “efeito de similaridade”, ocorre porque a similaridade nos proporciona validação
das nossas crenças e atitudes, e tende a levar a uma maior compreensão e comunicação, fundamentais para
um relacionamento saudável.

Proximidade: A proximidade física é outro fator importante na atração interpessoal. Em geral, somos mais
propensos a ser atraídos por pessoas com quem temos contacto frequente. Isso é conhecido como o “efeito
de proximidade” ou “efeito de mera exposição”. A ideia é que, quanto mais estamos expostos a alguém, mais
familiar e agradável essa pessoa se torna para nós.

Reciprocidade: O princípio da reciprocidade refere-se à tendência humana de responder à bondade com


bondade. No contexto dos relacionamentos interpessoais, isso significa que tendemos a gostar de pessoas
que demonstram afeto ou interesse por nós. A reciprocidade de sentimentos positivos pode reforçar a atração
mútua, criando um ciclo de afeto e apreciação que pode ajudar a fortalecer a conexão entre duas pessoas.

Estes fatores entrelaçam-se e interagem de maneiras complexas para influenciar a atração que sentimos
pelas pessoas à nossa volta. Eles ajudam a explicar por que somos atraídos por certas pessoas e não por
outras, e fornecem uma visão valiosa sobre a natureza dos relacionamentos interpessoais.

Em resumo, a pesquisa de Berscheid e Walster sobre atração interpessoal ajudou a estabelecer as bases
para o nosso entendimento atual de como e porque é que as pessoas são atraídas umas pelas outras.

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Teoria das Cores do Amor de Lee
John Allan Lee, psicólogo canadiano, propôs a Teoria das
Cores do Amor no final da década de 1970, na qual identificou
seis estilos de amor. A sua pesquisa é baseada em mais de
4.000 opiniões sobre o amor desde os tempos de Platão até
ao presente. Ele sugere que o amor é um conceito plural
e multidimensional, não existindo uma hierarquia entre os
tipos de amor. Os indivíduos podem adaptar-se e mudar
o seu estilo de amor dependendo de diversos fatores,
incluindo o estágio da vida em que se encontram e a pessoa
com quem estão num relacionamento.

Os seis estilos de amor identificados por Lee são:

Eros (Vermelho) - O amor Eros, conforme identificado por John Lee, reflete uma forma intensa e apaixonada
de amor, muitas vezes idealizada na cultura popular. No entanto, há mais nuances nesta forma de amor do
que simplesmente a atração física.

Eros é um amor profundamente apaixonado que é caracterizado por uma forte atração física e emocional.
É um amor que procurar a beleza, a sensualidade e as alegrias do contato íntimo. No entanto, não se limita
apenas ao físico. No seu melhor, Eros também é sobre a conexão profunda e a intensa emoção partilhada
entre os amantes.

A paixão de Eros pode ser maravilhosamente intensa, mas também tem os seus desafios. Devido à sua
natureza intensa e muitas vezes idealizada, Eros pode levar à deceção se a realidade do parceiro ou do
relacionamento não corresponder à idealização inicial. Além disso, uma vez que o amor Eros é muitas vezes
alimentado pela novidade e pelo desejo, pode diminuir com o tempo à medida que a relação se torna mais
familiar.

Contudo, Eros não é necessariamente uma forma “menor” de amor. Ele pode ser o gatilho para uma conexão
mais profunda e duradoura, à medida que o relacionamento se aprofunda e se desenvolve. Pode ser o início
de um caminho que leva a formas mais maduras de amor, que incorporam uma apreciação mais profunda do
parceiro como um todo, com todas as suas qualidades e imperfeições.

Em última análise, cada estilo de amor tem os seus pontos fortes e fracos, e diferentes estilos de amor podem
coexistir num único relacionamento. O importante é reconhecer o tipo de amor que estamos a experimentar
ou procurar, para podermos navegar melhor nos nossos relacionamentos e procurar o tipo de conexão que
desejamos.

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Storge (Amarelo) - O amor Storge, um dos seis tipos de amor identificados por John Lee, é caracterizado
pela sua natureza pacífica, estável e profunda. A palavra Storge deriva da mitologia grega e significa “amor
familiar” ou “amor de parentesco”, e é uma forma de amor que é marcada pela familiaridade, compatibilidade
e carinho profundo.

No amor Storge, a paixão não é o foco principal. Em vez disso, é o amor que cresce de uma amizade profunda,
da convivência, do conhecimento mútuo, da partilha de experiências e da confiança. Este amor é tranquilo
e constante, e muitas vezes começa como uma amizade que gradualmente se transforma em amor com o
passar do tempo.

Ao contrário do amor Eros, que é mais focado na paixão e na atração física, o amor Storge valoriza a
compatibilidade emocional e a amizade acima de tudo. A segurança, o conforto e o carinho são aspetos
cruciais deste tipo de amor. Há um elemento de ternura e afeição em Storge, um sentimento de “estar em
casa” com a outra pessoa.

No entanto, assim como qualquer tipo de amor, Storge também tem seus desafios. Pode, por vezes, carecer
do entusiasmo e da paixão que outros tipos de amor podem oferecer. Além disso, devido à sua ênfase na
familiaridade e no conforto, pode haver uma tendência para a complacência ou para tomar o parceiro como
garantido.

Apesar disso, o amor Storge é uma forma valiosa e profunda de amor. Oferece uma base sólida para um
relacionamento, onde a confiança mútua, a amizade e a compreensão têm prioridade. No seu melhor, é um
amor que oferece conforto, compreensão e um sensação de pertença.

Ludus (Azul) - Ludus, um dos seis tipos de amor identificados por John Lee, é muitas vezes referido como o
“amor lúdico” ou “amor como um jogo”. Aqueles que exibem este estilo de amor veem o romance mais como
uma atividade divertida do que um compromisso sério. A palavra “ludus” vem do latim e significa jogo, e é
uma descrição apropriada para este tipo de amor.

As pessoas com uma orientação predominante para o amor Ludus tendem a manter relacionamentos leves
e sem compromisso. Geralmente preferem a novidade e a emoção do início dos relacionamentos e podem
evitar o estabelecimento de laços emocionais profundos. Isto pode manifestar-se em comportamentos como
a manutenção de vários parceiros ao mesmo tempo, evitar compromissos de longo prazo, e o gosto pelo
namoro e pela conquista.

Para os ludus, o amor é uma experiência para ser desfrutada e um jogo a ser jogado. A diversão e a excitação
estão no centro deste tipo de amor. Valorizam a liberdade, a diversidade e a variedade nas suas relações
amorosas.

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No entanto, este estilo de amor também tem as suas desvantagens. A tendência para evitar o compromisso e
a profundidade emocional pode dificultar a formação de relacionamentos duradouros e significativos. Além
disso, o foco na diversão e no jogo pode às vezes levar a um tratamento insensível dos sentimentos dos
outros.

No entanto, é importante notar que nem todos os aspetos do amor Ludus são necessariamente negativos. A
capacidade de manter a leveza e a diversão num relacionamento pode ser uma qualidade valiosa, contanto
que seja acompanhada por respeito e consideração pelos sentimentos e necessidades do outro. Este estilo
de amor destaca a importância do jogo, da alegria e da novidade nas relações amorosas, que podem ser
componentes importantes para manter a chama acesa em qualquer tipo de relacionamento.

Mania (Violeta) - O estilo de amor maníaco, ou Mania, é caracterizado por uma intensidade emocional que
muitas vezes pode ser vista como obsessiva ou possessiva. Derivada das palavras gregas para “loucura” e
“insanidade”, a mania é muitas vezes associada a sentimentos extremos e comportamentos impulsionados
por paixão e obsessão.

As pessoas com uma orientação de amor maníaco tendem a experienciar altos e baixos emocionais extremos.
Quando estão apaixonadas, podem sentir uma euforia intensa, mas também podem cair rapidamente em
sentimentos de desespero e angústia se sentirem que o seu amor não está a ser retribuído. Elas podem ser
extremamente ciumentas, possessivas e necessitadas, ansiando constantemente por atenção e reafirmação
dos seus parceiros.

O amor maníaco é frequentemente caracterizado por pensamentos obsessivos e um desejo de fusão completa
com o outro. As pessoas que amam desta maneira podem sentir que não podem viver sem a outra pessoa, e
podem ir a extremos para manter a pessoa amada por perto. No entanto, esta intensidade emocional pode
também levar a um ciclo de altos e baixos, onde a felicidade e a satisfação no amor estão frequentemente
intercaladas com sentimentos de insegurança, ciúme e medo de rejeição.

Embora o amor maníaco possa parecer emocionante e romântico em certo sentido, pode também ser
problemático. A intensidade dos sentimentos envolvidos pode levar a um comportamento controlador ou
obsessivo, e pode ser mental e emocionalmente exaustivo para ambos os parceiros envolvidos.

Tratar de uma relação marcada por amor maníaco pode exigir um trabalho considerável, e em alguns casos, a
assistência de um profissional de saúde mental pode ser útil. Para transformar um amor maníaco num amor
mais saudável, pode ser necessário desenvolver uma maior autoestima, estabelecer limites claros e aprender
a construir um relacionamento baseado no respeito mútuo e na igualdade, em vez de o ser na obsessão e
possessividade.

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Pragma (Verde) - O amor Pragma, como descrito por John Lee, é um estilo de amor orientado para a realidade
e o futuro, muitas vezes considerado de uma forma mais madura de amor. O nome Pragma é derivado da
palavra grega para “prático”, e é exatamente essa a natureza deste tipo de amor: pragmático, focado no
longo prazo e no crescimento.

Aqueles que adotam o amor Pragma tendem a procurar um parceiro com base na compatibilidade lógica
e no potencial para um relacionamento duradouro e estável. Eles estão mais interessados em como um
relacionamento pode funcionar a longo prazo, e, portanto, atribuem grande importância à compatibilidade
em áreas como objetivos de vida, interesses partilhados, contexto socioeconómico, e até mesmo fatores
como educação e religião.

O amor Pragma também é caracterizado pela vontade de fazer compromissos e encontrar soluções práticas
para os problemas que surgem num relacionamento. Estes indivíduos estão dispostos a trabalhar através de
dificuldades e desafios, e podem ser muito pacientes e tolerantes com os defeitos e falhas do parceiro.

O amor Pragma é frequentemente associado a casais que estão juntos há muito tempo, onde o amor
apaixonado (Eros) evoluiu para um vínculo mais duradouro, caracterizado pelo compromisso mútuo e pela
realização de objetivos de vida partilhados. Contudo, isso não significa que o amor Pragma seja desprovido
de emoção ou paixão. Pelo contrário, pode haver um forte sentimento de amor e vinculação, mas é um
amor que foi temperado pelo tempo e pela experiência, e que é alimentado tanto pela compatibilidade e
compromisso quanto pela atração física.

Portanto, o amor Pragma representa uma abordagem realista e orientada para o futuro do amor, que equilibra
o lado emocional do amor com considerações práticas e lógicas.

Ágape (Laranja) - O amor Ágape é um tipo de amor que muitos consideram ser o mais puro e altruísta.
Este estilo de amor, originado da tradição cristã, é caracterizado por um amor altruísta, incondicional e de
sacrifício para com o outro. Ágape é um amor que não pede nada em troca e está disposto a dar tudo pelo
bem-estar e felicidade do amado, independentemente dos custos pessoais.

Num contexto de relacionamento romântico, o amor Ágape é expresso através de atos de bondade,
generosidade e dedicação ao parceiro. Os indivíduos que exibem este tipo de amor estão dispostos a fazer
grandes sacrifícios pelo parceiro, muitas vezes colocando as necessidades e desejos do parceiro acima dos
próprios.

O amor Ágape pode ser observado em atos de cuidado e apoio, como ajudar o parceiro em tempos de
dificuldade, oferecer conforto emocional, ou fazer qualquer coisa que possa contribuir para a felicidade e
o bem-estar do parceiro. Este estilo de amor também pode ser caracterizado por uma grande paciência e
perdão, com a pessoa amando incondicionalmente apesar das falhas ou erros do parceiro.

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Aqueles que exibem amor Ágape podem, no entanto, correr o risco de negligenciar as suas próprias
necessidades e desejos em favor do parceiro. Isto pode levar ao esgotamento emocional ou à perda da
própria identidade se não for equilibrado com um cuidado adequado de si mesmo. Por isso, é importante
que o amor Ágape seja expresso de uma maneira que seja mutuamente benéfica e equilibrada, promovendo
o bem-estar tanto do doador quanto do recetor do amor.

No geral, o amor Ágape representa um tipo ideal de amor que muitos aspiram alcançar nos seus
relacionamentos - um amor que é incondicional, de sacrificio e focado no bem-estar do outro. No entanto,
também é importante reconhecer que o amor em todas as suas formas é complexo e multifacetado, e que
todos os estilos de amor têm as suas próprias forças e desafios.

A Teoria das Cores do Amor de John Allan Lee proporciona um quadro útil para a compreensão dos diferentes
estilos de amor que as pessoas podem experimentar. No entanto, como acontece com qualquer teoria, é
importante lembrar que ela oferece uma simplificação da realidade e que as experiências individuais de
amor podem variar amplamente e não se encaixar perfeitamente em nenhum destes estilos.

Teoria Triangular do Amor de Robert Sternberg

A Teoria Triangular do Amor foi desenvolvida por Robert


Sternberg, um psicólogo de renome que acredita que
o amor pode ser entendido por três componentes que,
juntos, podem descrever a vasta gama de experiências
amorosas. Estas componentes são a intimidade, a paixão e o
compromisso. Segundo Sternberg, diferentes combinações
destas três componentes resultam em diferentes tipos de
amor.

Intimidade: A Fundação Emocional de um Relacionamento Amoroso


A intimidade é, sem dúvida, o alicerce emocional que sustenta qualquer relacionamento amoroso significativo.
É o laço invisível que une as pessoas, e permite que partilhem profundamente as suas experiências de vida,
sejam elas alegrias ou tristezas, medos ou sonhos. Quando a intimidade é profunda e recíproca, ela atua
como a cola que mantém o relacionamento coeso mesmo em tempos de desafios e mudanças.

A intimidade vai além da simples partilha de informações pessoais. Envolve uma exposição emocional,
um sentimento de vulnerabilidade acompanhado por um profundo senso de confiança. É neste espaço de
abertura e transparência que os parceiros se permitem ser vistos na sua autenticidade, com todas as suas
forças, fraquezas, medos e esperanças. Este grau de autenticidade gera uma conexão única e profunda, um
sentimento de ser completamente compreendido e aceite.

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No contexto de um relacionamento amoroso, a intimidade permite que cada parceiro se sinta valorizado e
amado por quem ele é realmente, e não por quem ele aparenta ser. Esta validação emocional é fundamental
para a construção da autoestima e para a sensação de pertença.

No entanto, a intimidade não é algo que simplesmente acontece; ela precisa ser cuidadosamente cultivada
e mantida. A comunicação aberta e eficaz é fundamental para este processo, pois permite que os parceiros
expressem os seus sentimentos, necessidades e expectativas de maneira clara e respeitosa. Além disso, a
intimidade requer empatia - a capacidade de compreender e partilhar os sentimentos do outro.

A intimidade pede também respeito mútuo. Respeitar o espaço, o tempo, as opiniões e as emoções do
outro é essencial para construir uma relação de confiança e segurança. Sem respeito, a intimidade pode ser
prejudicada e o relacionamento pode tornar-se insatisfatório ou até mesmo tóxico.

Resumidamente, a intimidade é um elemento vital de qualquer relacionamento amoroso. Ela promove a


ligação emocional, a confiança, a compreensão e a aceitação. Contudo, requer um esforço contínuo de ambos
os parceiros para ser mantida e aprofundada. E é esse esforço, essa dedicação à construção e manutenção
da intimidade, que ajuda a transformar um relacionamento amoroso numa jornada verdadeiramente
gratificante e enriquecedora.

Paixão: A Força Motriz do Desejo e Atração nos Relacionamentos


A paixão, com sua energia avassaladora e contagiosa, é frequentemente a faísca inicial que acende a chama
do amor num relacionamento. É a força motriz que cria o desejo e a atração, gerando uma intensa atração
física e emocional que transcende o ordinário. Mais do que apenas uma atração física, a paixão também
pode enraizar-se na atração por qualidades pessoais únicas, ideias afins ou experiências partilhadas.

No seu auge, a paixão é uma força poderosa que pode consumir os pensamentos, dominar as emoções e
desencadear comportamentos impulsivos. Tem a capacidade de criar uma conexão profunda e imediata,
dando ao relacionamento um sentimento de urgência e intensidade. Nestes momentos, a pessoa amada
pode parecer a única coisa que importa no mundo.

Contudo, é importante reconhecer que a natureza ardente da paixão pode, com o tempo, arrefecer. A
intensidade da paixão tende a diminuir à medida que a novidade do relacionamento desaparece e a rotina
se instala. Este processo é natural e não significa necessariamente que o amor desapareceu. Em vez disso,
a paixão pode transformar-se num tipo de amor mais profundo, mais estável e menos volátil - uma chama
constante em vez de um incêndio avassalador.

Entretanto, isso não significa que a paixão deve ser abandonada. Para manter a vitalidade da paixão, é
importante cultivar continuamente o desejo, a surpresa e a novidade no relacionamento. Isto pode ser
alcançado através de pequenos gestos românticos, passar tempo de qualidade juntos, experimentar novas
atividades ou aventuras juntos, ou simplesmente demonstrar apreciação e afeto de maneiras inesperadas.

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Manter a paixão viva num relacionamento requer esforço e dedicação de ambas as partes. Exige a disposição
para investir tempo e energia no relacionamento e a coragem para explorar novas experiências juntos.
Quando bem cultivada, a paixão pode ser um ingrediente vital que mantém o relacionamento vibrante,
excitante e profundamente gratificante.

Compromisso: A Âncora de Estabilidade em Relacionamentos Amorosos


O compromisso atua como a fundação que estabiliza e fortalece os relacionamentos amorosos ao
longo do tempo. Trata-se de uma escolha consciente e deliberada de permanecer leal à pessoa amada,
independentemente das circunstâncias que possam surgir. É o compromisso que permite que o
relacionamento resista a tempestades, turbulências e desafios inevitáveis que surgem na jornada conjunta,
proporcionando um sentimento de segurança e estabilidade que é essencial para a sobrevivência a longo
prazo do relacionamento.

Embora muitas vezes seja visto como um simples acordo ou promessa, o compromisso vai muito além disso.
Envolve uma profunda dedicação e um sentimento de responsabilidade para com a pessoa amada e para
com o relacionamento em si. Isto significa estar disposto a fazer sacrifícios, a tomar decisões que beneficiem
o relacionamento e a trabalhar de maneira proativa para resolver conflitos e superar obstáculos.

No entanto, é crucial compreender que um compromisso saudável não exige a renúncia à própria
individualidade ou ao abandono de suas próprias necessidades e desejos. Pelo contrário, um compromisso
verdadeiramente saudável reconhece e equilibra as necessidades do indivíduo com as necessidades do casal.

Preserva a autonomia e a identidade pessoal, mesmo ao cultivar a unidade e a intimidade.


Além disso, um compromisso autêntico não é rígido ou inflexível. Ele adapta-se e evolui com o tempo, refletindo
as mudanças nas circunstâncias da vida, no crescimento pessoal e nas dinâmicas do relacionamento. Este
tipo de compromisso é flexível o suficiente para acomodar mudanças, mas forte o suficiente para manter o
relacionamento firme e estável.

Em última análise, o compromisso é a cola que mantém um relacionamento unido no longo prazo. Ele
fortalece a confiança, fomenta a segurança e cria um ambiente onde o amor pode florescer e crescer. Com
compromisso, a intimidade e a paixão podem ser sustentadas e aprimoradas, construindo um relacionamento
amoroso verdadeiramente duradouro e gratificante.

A Teoria Triangular do Amor de Sternberg sugere que existem diferentes formas de amor com base na
presença ou ausência de cada uma destas componentes. Por exemplo:

Amor Romântico: Paixão e Intimidade sem Compromisso


O amor romântico, é uma combinação fascinante de intimidade e paixão, mas carece de compromisso. Essa
forma de amor é frequentemente representada na literatura e no cinema, pois seu ardor e sua emotividade
são cativantes e envolventes.

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A intimidade no amor romântico traduz-se numa conexão emocional profunda, caracterizada por sentimentos
de proximidade, ligação e carinho. Este é a componente que permite que duas pessoas partilhem segredos,
riam juntas e encontrem consolo uma na outra.

Por outro lado, a paixão é a força motriz que alimenta o amor romântico, responsável pela atração física, o
desejo e a excitação sexual. É a faísca que acende o fogo, que leva ao namoro ao romance e à intimidade
física. É a energia que impulsiona o relacionamento e o mantém vibrante e vivo.

Entretanto, a ausência de compromisso é o que define o amor romântico e o distingue de outras formas de
amor. A falta de compromisso significa que não há uma decisão deliberada de manter o amor a longo prazo.
Por um lado, isso dá ao amor romântico um elemento de liberdade, que permite as emoções flutuar e mudar.
Por outro lado, isso também pode levar à volatilidade, já que o amor romântico pode ser tão efêmero quanto
intenso. Ele pode queimar de forma brilhante e apaixonada, mas sem a estabilidade do compromisso, pode
se extinguir tão rapidamente quanto surgiu.

Portanto, embora o amor romântico possa ser arrebatador e emocionalmente gratificante, também pode ser
instável e incerto. É uma forma de amor que pode proporcionar experiências intensamente belas, mas que
requer cuidado e consciência para ser vivido de forma saudável.

Amor Companheiro: Intimidade e Compromisso Sem a Efervescência da Paixão


O amor companheiro é uma mistura de intimidade e compromisso, enquanto a paixão é notavelmente
ausente. Este tipo de amor é frequentemente observado em casamentos duradouros e amizades próximas,
constituindo a base de muitos relacionamentos duradouros e satisfatórios.

A intimidade num amor companheiro manifesta-se como uma conexão emocional profunda e aconchegante.
Este é o tipo de amor que permite que duas pessoas se conheçam profundamente, apreciem as suas
peculiaridades e idiossincrasias e as aceitem incondicionalmente. A intimidade envolve um nível de conforto
e familiaridade que só pode ser alcançado ao partilhar a vida com alguém ao longo do tempo.

O compromisso é outro pilar crucial do amor companheiro. Representa uma decisão consciente e contínua
de manter o amor e o carinho apesar das dificuldades e desafios que possam surgir. Este compromisso
oferece uma sensação de segurança e estabilidade que é extremamente valorizada num relacionamento a
longo prazo.

No entanto, o elemento ausente no amor companheiro é a paixão. A excitação inicial, a energia arrebatadora
e a intensidade da atração física que caracterizam a fase de “lua de mel” de um relacionamento podem
ter-se dissipado ou mesmo desaparecido. Embora isto possa parecer uma perda, a falta de paixão no amor
companheiro é muitas vezes compensada pela profundidade da conexão emocional e pelo compromisso
sólido.

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O amor companheiro pode não ter a chama ardente da paixão, mas tem seu próprio calor suave e constante.
É o tipo de amor que resiste ao teste do tempo, fornecendo um porto seguro de apoio, respeito e cuidado
mútuo. Embora possa ser menos emocionante do que o amor romântico, o amor companheiro é caracterizado
por uma profundidade e durabilidade que tornam a vida mais rica e mais gratificante.

Amor Vazio: Compromisso na Ausência de Paixão e Intimidade


O amor vazio é um tipo de amor marcado pelo compromisso, mas que carece dos elementos de paixão e
intimidade. Este amor é mais uma formalidade, mais um contrato do que um relacionamento alimentado por
emoções profundas ou atração física.

No amor vazio, o compromisso funciona como a cola que mantém o relacionamento intacto. Pode ser um
compromisso devido a razões práticas, tais como conveniência financeira, estabilidade social, ou pelo bem-
estar dos filhos. Em outros casos, o compromisso pode ser mantido por um sentido de dever, obrigação ou
pela ideia de cumprir uma promessa feita no passado.

No entanto, a paixão e a intimidade são notavelmente ausentes neste tipo de amor. A paixão, com o seu
fogo e intensidade, não está presente, levando a um relacionamento que pode parecer estéril ou frio. A
intimidade, que proporciona proximidade e conexão emocional, também está ausente, resultando numa
relação que pode ser mais parecida com uma parceria do que um romance.

O amor vazio pode ser um estado difícil e doloroso. Para aqueles que se encontram neste tipo de
relacionamento, pode haver um sentimento de insatisfação, solidão e frustração. No entanto, nem tudo está
perdido. Com a ajuda da terapia de casal, particularmente da hipnoterapia de casal, é possível reacender a
paixão e reconstruir a intimidade. A hipnoterapia de casal pode ajudar os parceiros a identificar os problemas
subjacentes, melhorar a comunicação e reavivar a chama do amor que uma vez existiu.

Amor Consumado: A União de Intimidade, Paixão e Compromisso


Amor consumado é o ideal do amor romântico. É o ápice onde a intimidade, a paixão e o compromisso
convergem, criando um relacionamento profundamente satisfatório e duradouro.

A intimidade no amor consumado envolve um profundo sentimento de conexão e entendimento mútuo.


Neste tipo de amor, os parceiros que se sentem próximos, conectados e compreendidos. Eles partilham as
suas alegrias, medos, sonhos e desafios, e têm um senso de segurança emocional que vem da abertura e da
confiança.

A paixão no amor consumado acrescenta excitação, atração e desejo à mistura. É a faísca que mantém
o relacionamento vivo e vibrante. Esta componente do amor mantém a chama acesa e acrescenta uma
intensidade que aumenta o nível de satisfação no relacionamento.

O compromisso, o terceiro pilar do amor consumado, é o que mantém o relacionamento ao longo do tempo.

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O compromisso implica uma decisão consciente de permanecer com o parceiro, de nutrir o relacionamento
e de trabalhar juntos para superar os desafios. É o que dá ao relacionamento a sua estabilidade e resiliência.

O amor consumado, embora profundamente gratificante, não é fácil de alcançar ou de manter. Exige um
trabalho contínuo, uma comunicação eficaz, e uma disposição para enfrentar e superar conflitos e desafios.
No entanto, o esforço vale a pena. Um relacionamento caracterizado pelo amor consumado pode trazer uma
satisfação imensa e uma sensação de realização.

Para casais que procuram alcançar ou manter o amor consumado, a hipnoterapia de casal pode ser uma
ferramenta valiosa. Ao ajudar os casais a aprofundar a intimidade, reacender a paixão e fortalecer o
compromisso, a hipnoterapia de casal pode ser uma ponte para o amor consumado.

No entanto, a Teoria Triangular do Amor também reconhece que o equilíbrio entre estes três componentes
pode mudar ao longo do tempo e que diferentes pessoas podem valorizar diferentes componentes mais do
que outros. Por exemplo, algumas pessoas podem valorizar a intimidade acima da paixão, enquanto outras
podem valorizar o compromisso acima de tudo. A chave para um relacionamento saudável e satisfatório, de
acordo com esta teoria, é compreender o que cada componente significa para a pessoa e para o seu parceiro
e trabalhar para nutrir cada um deles no seu relacionamento.

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As 5 linguagens do Amor de Gary Chapman

As Cinco Linguagens do Amor é um conceito desenvolvido


por Dr. Gary Chapman, um conselheiro de casamento e
terapeuta familiar. Chapman argumenta que as pessoas
expressam e recebem amor de cinco maneiras principais,
chamadas de “linguagens do amor”. Estas linguagens são:

A linguagem do amor “Palavras de Afirmação” foca-se em


expressar amor e carinho através da comunicação verbal e
escrita. Aqueles que preferem esta linguagem valorizam a
audição e a expressão explícita de sentimentos e pensamentos
afetuosos.

Aqui estão alguns aspetos mais detalhados sobre a linguagem


do amor “Palavras de Afirmação”:
Elogios: Elogiar o seu parceiro pode significar muito para quem valoriza as palavras de afirmação. Isto pode ser
qualquer coisa, desde elogiar a sua aparência, agradecer pela contribuição em algo específico, ou expressar
admiração por algo que ele fez bem. O importante aqui é ser genuíno - elogios vazios ou infundados podem
ter o efeito oposto.

Expressões Verbais de Amor e Carinho: Expressões simples de amor e carinho, como “Eu amo-te”, “Estou
orgulhoso de ti”, ou “És importante para mim” podem ter um impacto significativo em quem valoriza as
palavras de afirmação. Dizer estas coisas regularmente e em momentos inesperados pode ajudar a manter o
sentimento de amor e carinho vivo.

Encorajamento: As pessoas que valorizam as palavras de afirmação também tendem a responder bem ao
encorajamento verbal. Isso pode significar expressar confiança nas competência do seu parceiro, oferecer
palavras de conforto durante tempos difíceis, ou simplesmente expressar crença nos seus objetivos e
ambições.

Comunicação de Qualidade: Além das expressões explícitas de amor e carinho, as pessoas que preferem as
palavras de afirmação também valorizam conversas profundas e significativas. Isso pode ser falar sobre o dia
de trabalho, discutir questões mais profundas, ou partilhar sonhos e esperanças para o futuro. O ponto chave
aqui é o envolvimento ativo na conversa e a demonstração de interesse genuíno no que o seu parceiro está
a dizer.

Mensagens Escritas: Cartas de amor, notas, e-mails ou mesmo mensagens de texto rápidas que expressam
amor, apreciação e carinho podem ser extremamente significativas para as pessoas que falam esta linguagem

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do amor. Estes gestos mostram que está a pensar no seu parceiro, mesmo quando não estão juntos, e pode
proporcionar um lembrete tangível do seu amor.

Reconhecer e utilizar a linguagem do amor “Palavras de Afirmação” requer atenção, sinceridade e empenho.
Como cada gesto ou palavra afetuosa é importante, a consistência é a chave para se conectar com um
parceiro que valoriza esta linguagem do amor. Uma expressão regular e autêntica de amor e apreço através
das palavras pode fortalecer significativamente o vínculo emocional nos relacionamentos.

A linguagem do amor “Atos de Serviço” envolve expressar amor e carinho através de ações que sirvam ou
ajudem o seu parceiro de alguma maneira. Aqueles que preferem essa linguagem do amor tendem a apreciar
os atos de serviço que tornam a vida mais fácil ou mais agradável. A principal ideia aqui é que as ações, mais
do que as palavras, são a prova definitiva do amor.

Aqui estão alguns aspetos mais detalhados sobre a linguagem do amor “Atos de Serviço”:
Cozinhar uma Refeição: Uma das maneiras mais comuns de expressar amor através de atos de serviço é
preparar uma refeição para o seu parceiro. Isso pode ser qualquer coisa, desde um pequeno almoço surpresa
na cama até um jantar elaborado à noite. A preparação da refeição demonstra o cuidado e o esforço que está
disposto a investir para satisfazer o seu parceiro.

Tarefas Domésticas: Fazer tarefas domésticas que normalmente são responsabilidade do seu parceiro é outra
maneira significativa de demonstrar amor através de atos de serviço. Isso pode ser lavar a louça, passar a
roupa, ou limpar a casa. Fazer estas tarefas alivia o fardo do seu parceiro e mostra que está disposto a ajudar
no dia a dia.

Cuidado com o Carro: Para alguns, cuidar do carro do parceiro pode ser uma expressão de amor. Isso pode
ser fazer a manutenção regular, abastecer o tanque de gasolina, ou até mesmo lavar o carro. Cuidar do carro
de alguém é um ato de serviço que demonstra consideração e cuidado.

Pequenas Ações do quotidiano: Às vezes, são os pequenos atos de serviço que realmente contam. Isso pode
ser preparar um chá ou café da maneira que o seu parceiro gosta, levar o cão para passear, ou pegar o jornal
na porta. Estas pequenas ações demonstram que a pessoa conhece e valoriza as preferências do seu parceiro.

Ações que Aliviam o stress: Realizar ações que ajudam a aliviar o stress do seu parceiro também pode ser
uma poderosa expressão de amor. Isto pode ser dar uma massagem depois de um dia longo e stressante,
ajudar com um projeto de trabalho ou até mesmo cuidar das crianças para que o seu parceiro possa ter
algum tempo para relaxar.

Para aqueles que valorizam os atos de serviço, é o tempo, o esforço e a consideração por trás da ação que
realmente importa. Através destes atos, a pessoa diz: “Eu amo-te e estou disposto a fazer essas coisas por ti
para tornar a tua vida melhor”. Por isso, é fundamental que estes atos de serviço sejam realizados de forma
voluntária, sem ressentimento ou expectativa de reciprocidade.
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A linguagem do amor “Receber Presentes” baseia-se na ideia de que o ato de dar e receber presentes pode
ser uma expressão poderosa de amor e carinho. Para as pessoas que valorizam essa linguagem do amor, os
presentes são uma manifestação tangível de amor e cuidado.

Significado e Simbolismo: Para as pessoas que apreciam receber presentes como expressão de amor, o
valor do presente não está necessariamente no custo monetário, mas no significado e na intenção por trás
dele. Um presente pode ser qualquer coisa, desde um objeto feito à mão até uma flor apanhada durante um
passeio. O que é importante é que o presente representa que a pessoa estava a pensar no seu parceiro, e fez
um esforço consciente para expressar o seu amor.

Lembrança do Amor: Os presentes servem como lembretes físicos do amor e do carinho de alguém. Quando
alguém olha para um presente que recebeu, pode lembrar-se do amor e do carinho que a outra pessoa tem
por ela. Isto pode ser especialmente importante para as pessoas que passam muito tempo longe dos seus
parceiros, pois o presente serve como uma lembrança tangível de amor e conexão.

Momentos Especiais: Presentes também podem ser usados para comemorar ocasiões especiais, como
aniversários, aniversários de casamento, ou outras realizações importantes. Estes presentes marcam
momentos significativos na relação e demonstram a importância destas celebrações para ambos os parceiros.

Surpresas e Pensamento: Para aqueles que apreciam esta linguagem do amor, um presente inesperado pode
ser extremamente significativo. Mostra que o parceiro está constantemente a pensar neles, mesmo quando
não estão juntos. Além disso, mostra um nível de esforço e consideração, pois a pessoa precisa de pensar no
que o seu parceiro poderia apreciar e depois agir sobre isso.

Expressão de Conhecimento: Dar o presente certo também pode mostrar o quanto a pessoa conhece o
seu parceiro. Ao escolher um presente que reflete os gostos, interesses, ou paixões do seu parceiro, está a
demonstrar que entende e valoriza quem eles são como indivíduo.

Em resumo, para aqueles que valorizam receber presentes como uma linguagem do amor, não se trata de
materialismo, mas de se sentir amado e apreciado através da expressão tangível e simbólica do amor. Para
ser eficaz, a entrega do presente deve ser genuína e sem expectativa de reciprocidade.

A linguagem do amor “Tempo de Qualidade” é caracterizada por expressar amor e carinho através de
momentos intencionais e ininterruptos passados com a outra pessoa. Para pessoas que valorizam o tempo
de qualidade como a sua principal linguagem do amor, a atenção plena e a presença do parceiro são as
expressões mais fortes de amor e carinho.

Atenção Intencional: O tempo de qualidade envolve dar a outra pessoa a sua atenção total. Isso significa
mais do que apenas estar na mesma sala, mas estar emocional e mentalmente presente.

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Isto pode envolver ouvir ativamente quando a outra pessoa está a falar, fazer contacto visual, e demonstrar
através de linguagem corporal que está envolvido e interessado no que está a acontecer.

Atividades partilhadas: O tempo de qualidade pode ser passado numa variedade de atividades, dependendo
do que ambos os parceiros gostam de fazer juntos. Pode ser: assistir a um filme, fazer uma caminhada,
cozinhar uma refeição juntos, ou até mesmo fazer uma viagem de carro. O importante é que o tempo seja
dedicado à conexão e ao prazer da companhia um do outro.

Conversa de Qualidade: Para muitas pessoas que valorizam o tempo de qualidade, ter conversas profundas
e significativas é uma parte importante desta linguagem do amor. Isto pode envolver falar sobre os eventos
do dia, discutir ideias e opiniões, ou partilhar sonhos e aspirações. A conversa de qualidade permite que os
parceiros aprofundem a sua compreensão e apreciação um do outro.

Sem Interrupções: Para que o tempo de qualidade seja verdadeiramente significativo, é importante que seja
sem interrupções. Isto significa colocar de lado distrações, como telefones telemóveis ou televisões, e focar
totalmente na outra pessoa. O tempo de qualidade requer um espaço onde ambas as pessoas se sintam
ouvidas e valorizadas.

Demonstração de Valor: Ao dedicar tempo para focar completamente na outra pessoa, está a demonstrar
que o valoriza a sua companhia e que o seu relacionamento é uma prioridade. Isso pode ser extremamente
significativo para pessoas que valorizam o tempo de qualidade como a sua principal linguagem do amor.

Em resumo, o tempo de qualidade é uma poderosa linguagem do amor que envolve a presença plena e
atenção total para a outra pessoa. As atividades específicas podem variar, mas o elemento-chave é a dedicação
de tempo e atenção ininterrupta para aprofundar a conexão e demonstrar amor e apreço.

A linguagem do amor “Toque Físico” é caracterizada por uma apreciação e necessidade de contacto físico
para se sentir amado e valorizado. Para as pessoas que se identificam com essa linguagem do amor, o toque
físico é uma expressão poderosa de amor e carinho. O toque físico é uma linguagem do amor que abrange
uma grande variedade de expressões, incluindo abraços, beijos, carícias, ou até mesmo simples gestos como
tocar o braço ou a mão do parceiro.

Expressão de Afeto: Para pessoas que valorizam o toque físico, este tipo de contacto não é apenas uma
expressão de afeto, mas uma necessidade fundamental para se sentir amadas e valorizadas. Para elas, o
toque físico é a maneira mais direta e imediata de expressar amor.

Abraços e Beijos: Abraços e beijos são formas comuns e poderosas de expressar amor através do toque
físico. Eles proporcionam um sentimento imediato de proximidade e conexão, e podem servir como um
lembrete constante do amor e do afeto que o casal partilha.

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Contacto Casual: Nem todo toque físico precisa de ser tão íntimo quanto um abraço ou beijo. Para as pessoas
que valorizam o toque físico, mesmo o contacto casual, como segurar as mãos ou um toque suave no braço,
pode ter um significado profundo. Estes pequenos gestos podem servir como lembretes constantes do amor
e do carinho que o casal partilha.

Conforto e Segurança: O toque físico também pode proporcionar um sentido de conforto e segurança. Um
abraço caloroso ou um simples toque no braço pode ajudar a aliviar o stress e a ansiedade, e proporcionar
uma sensação de segurança e pertença.

Sexualidade: Num relacionamento romântico, o toque físico também pode incluir a intimidade sexual. Para
as pessoas que valorizam o toque físico como a sua linguagem do amor primária, a atividade sexual pode ser
uma forma importante e significativa de expressar amor e conexão.

Em suma, a linguagem do amor do toque físico é uma linguagem do amor muito direta e íntima. Para as
pessoas que valorizam essa linguagem, o toque físico é uma forma essencial de expressar amor e carinho,
proporcionando um sentido de conexão, conforto e segurança. É importante lembrar que o toque físico deve
sempre ser consensual e respeitoso, levando em consideração o conforto e as preferências do outro.

Chapman acredita que todos têm uma linguagem de amor principal e que pode ser diferente do parceiro.
Para um relacionamento eficaz, é importante compreender a sua própria linguagem do amor, bem como a
do seu parceiro, para que ambos se possam sentir amados e apreciados da maneira que mais lhes convém.

Por exemplo, se a sua principal linguagem do amor é “palavras de afirmação”, a pessoa pode sentir-se mais
amada quando o parceiro expressa verbalmente o seu amor e apreço. Se para o seu parceiro a principal
linguagem do amor é “atos de serviço”, ele pode sentir-se mais amado quando faz algo atencioso ou útil para
ele.
Ao compreender e atender à linguagem do amor principal do seu parceiro, é possível fortalecer o seu
relacionamento e fazer com que ambos se sintam mais amados e apreciados.

A Teoria da vinculação de John Bowlby descreve a importância das relações precoces e o impacto que
elas têm na nossa capacidade de formar vínculos seguros na idade adulta. De acordo com esta teoria, os
padrões de vinculação que formamos na infância continuam a influenciar o nosso comportamento nas
relações adultas. Hazan e Shaver mais tarde expandiram essa teoria para incluir estilos de vinculação
específicos em adultos, que são:

Vinculação segura (55%): A vinculação segura, um termo derivado da teoria da vinculação de John Bowlby
e Mary Ainsworth, é um estilo de vinculação que se caracteriza por uma visão positiva de si mesmo e dos
outros. Esta visão favorável reflete a confiança de que são dignos de amor e que os outros são confiáveis e
disponíveis para oferecer suporte quando necessário.

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Os indivíduos com vinculação segura mostram uma competência notável para equilibrar a proximidade e a
independência nos seus relacionamentos. Eles valorizam a intimidade e a conexão, mas também são capazes
de explorar e funcionar de forma autónoma. Isto é evidente desde a infância, quando crianças seguramente
vinculadas usam os seus cuidadores como uma “base segura” para explorar o mundo, e ainda na vida adulta,
quando podem manter relacionamentos próximos sem sentir-se asfixiados ou excessivamente dependentes.

Este estilo de vinculação tende a ser associado a relacionamentos saudáveis e satisfatórios. Os indivíduos
seguros costumam ser mais abertos e honestos nas suas comunicações, e tendem a abordar conflitos de
maneira construtiva. Eles também são mais propensos a oferecer e receber apoio de maneira eficaz, o que
pode aumentar a intimidade e a satisfação no relacionamento.

Do ponto de vista emocional, as pessoas com vinculação segura costumam ter uma maior regulação
emocional. São capazes de lidar com o stress e as adversidades de maneira eficaz e tendem a ter uma visão
positiva de si mesmos e das suas competências.

No entanto, é importante notar que a vinculação segura não significa que a pessoa estará livre de problemas
ou dificuldades nos relacionamentos. Todos os estilos de vinculação podem enfrentar desafios. No entanto,
as pessoas com vinculação segura tendem a ter mais ferramentas e competências para enfrentar estes
desafios de maneira saudável.

Vinculação Ansiosa-Ambivalente (20%): A vinculação ansiosa-ambivalente é um dos quatro estilos de


vinculação identificados na teoria do vinculação de John Bowlby e Mary Ainsworth. Este estilo de vinculação
é caracterizado por um alto nível de ansiedade e uma baixa capacidade de evitar intimidade.
Os indivíduos que apresentam vinculação ansiosa-ambivalente costumam ter uma autoimagem negativa,
acreditam que não são dignos de amor ou cuidado. Ao mesmo tempo, têm uma visão positiva dos outros,
vendo-os como desejáveis, mas inatingíveis ou inconsistentes no seu cuidado.

Uma característica distintiva deste estilo de vinculação é a tendência a experimentar níveis elevados de
ansiedade relacionada à separação e ao abandono. Os indivíduos ansiosos-ambivalentes podem ser muito
sensíveis a sinais de rejeição e podem interpretar erradamente ações neutras ou mesmo positivas como
sendo negativas. Eles também podem ter dificuldade em lidar com a incerteza nas relações, o que pode levar
a um comportamento inseguro, exigente e excessivamente dependente.

Os indivíduos ansiosos-ambivalentes também têm uma tendência a ter relacionamentos caracterizados por
altos níveis de conflito e instabilidade. Eles podem alternar entre o desejo extremo de proximidade e o
medo de rejeição ou abandono, levando a um padrão de vinculação que pode repelir o parceiro. Este “efeito
oscilante” pode causar tensão e instabilidade nos relacionamentos.

É importante salientar que, embora este estilo de vinculação possa trazer desafios significativos, também
pode ser influenciado e modificado através de terapias e intervenções. A terapia centrada na vinculação, por

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exemplo, pode ajudar os indivíduos a desenvolverem uma visão mais positiva de si mesmos e a estabelecerem
relacionamentos mais seguros e saudáveis.

Vinculação evitável (20%): A vinculação evitável, também conhecida como vinculação desapegada, é um
estilo de vinculação identificado pela teoria do vinculação de John Bowlby e Mary Ainsworth. Este tipo de
vinculação caracteriza-se por uma forte valorização da independência e uma relutância em estabelecer
conexões profundas com os outros.

Pessoas com vinculação evitável geralmente mantêm uma visão positiva de si mesmas, considerando-se
autossuficientes e independentes. Por outro lado, podem ter uma visão negativa dos outros, acreditando
que os outros são indignos de confiança ou que as relações interpessoais podem representar uma ameaça à
sua autonomia.

Estes indivíduos costumam ser desconfortáveis com a intimidade e evitam dependência em relação aos outros.
Na verdade, eles podem esforçar-se para manter uma certa distância emocional nos seus relacionamentos,
evitando partilhar os seus sentimentos ou pensamentos íntimos. Isto pode ser expresso através de um
comportamento distante e desinteressado, ou através da supressão de expressões emocionais.

Adicionalmente, quando confrontados com conflitos ou tensões nas relações, pessoas com vinculação evitável
são mais propensas a adotar estratégias de confronto de escape, como retirar-se ou evitar a situação, em vez
de confrontar ou resolver o problema diretamente.
No entanto, embora este estilo de vinculação possa representar desafios em termos de construção de
relacionamentos próximos e significativos, é importante lembrar que estilos de vinculação não são fixos e
podem mudar ao longo do tempo e com a experiência. Terapias focadas na vinculação e outras intervenções
psicoterapêuticas podem ajudar indivíduos com vinculação evitável a desenvolver competência para confiar
nos outros e a construir relações mais satisfatórias.

Vinculação Desorganizada (5%): A vinculação desorganizada é um estilo de vinculação identificado por Mary
Main e seus colegas em 1986 durante suas pesquisas com o procedimento da “Situação Estranha”, uma
técnica desenvolvida para observar a variedade de respostas de vinculação entre crianças pequenas quando
são separadas brevemente e, em seguida, reunidas com sua mãe.

A classificação da vinculação desorganizada é dada às crianças que exibem comportamentos desorientados


ou contraditórios em relação à figura de vinculação, como parecer atordoadas, congelar ou mover-se de
maneira errática, ou mesmo mostrar comportamento fuga/escape ou resistência. Ao contrário dos outros
estilos de vinculação (seguro, ansioso-ambivalente e evitável), que têm estratégias consistentes de vinculação,
as crianças com vinculação desorganizada não parecem ter uma estratégia coerente para lidar com o stress.

Esta desorganização do comportamento de vinculação é geralmente interpretada como um sinal de que a


criança está a enfrentar um dilema não resolvido.

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Ou seja, a figura de vinculação (geralmente o pai ou a mãe) é simultaneamente vista como fonte de conforto
e como fonte de medo. Isto pode ocorrer se o cuidador for abusivo, negligente ou inconsistente na sua
prestação de cuidados, causando confusão e medo na criança.

Na idade adulta, estes indivíduos podem ter dificuldades de relacionamento e apresentar comportamentos
instáveis ou inconsistentes. Eles podem oscilar entre padrões de vinculação ansioso e evitável, ou podem
lutar para regular as suas emoções e a responder apropriadamente ao stress.

Como os outros estilos de vinculação, a vinculação desorganizada não é fixa. Com a terapia e o suporte
adequado, os indivíduos podem desenvolver estratégias mais saudáveis e padrões de relacionamento mais
seguros.

É importante notar que os estilos de vinculação não são fixos e podem mudar ao longo do tempo (o estilo
de vinculação não muda, mas muda o comportamento nesse estilo de vinculação). São influenciados por
uma variedade de fatores, incluindo experiências passadas, personalidade, e eventos de vida. No entanto,
ter consciência do seu estilo de vinculação pode ajudar a compreender melhor as suas necessidades e
comportamentos nas relações, bem como identificar áreas que possam necessitar de trabalho.

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Terapia de Casal
A terapia de casal é um espaço onde os parceiros podem aprender a comunicar de forma eficaz, compreender
e resolver as suas diferenças, e construir um relacionamento mais saudável e satisfatório. É um processo que
pode beneficiar casais em todas as fases do relacionamento, seja durante um noivado, nos primeiros anos de
casamento, após o nascimento de uma criança, durante uma crise ou no tratamento de questões de longa
data.

Durante as sessões de terapia de casal, o terapeuta geralmente trabalha com os parceiros para identificar os
padrões de interação problemáticos, explorar as raízes desses padrões e ajudar os parceiros a desenvolver
maneiras mais saudáveis de interagir.

Além disso, a terapia de casal também pode ajudar os parceiros a trabalhar questões específicas como
infidelidade, problemas sexuais, doenças mentais ou físicas, problemas financeiros, conflitos sobre a criação
dos filhos, entre outros.

Um elemento importante da terapia de casal é o envolvimento de ambos os parceiros no processo terapêutico.


Isso significa que ambos devem estar abertos e dispostos a explorar as suas emoções, pensamentos e
comportamentos, assim como aceitar a responsabilidade pelo seu papel nos conflitos e na resolução destes.
Embora este processo possa ser desafiador, ele pode proporcionar benefícios significativos, incluindo
o aprimoramento das competência de comunicação, o aumento da compreensão mútua, a resolução de
conflitos e a promoção de mudanças positivas no relacionamento.

Finalmente, é importante lembrar que o objetivo da terapia de casal não é necessariamente manter o casal
junto a todo o custo, mas ajudá-los a chegar a um lugar de maior entendimento, respeito e satisfação no
seu relacionamento. Em alguns casos, isso pode levar à decisão mútua de terminar o relacionamento de
maneira respeitosa e cuidadosa. Em outros, isso pode fortalecer o vínculo e aprofundar a intimidade entre
os parceiros.

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Origens dos Conflitos
Os conflitos num relacionamento podem ser desencadeados por uma variedade de fatores. Entre os mais
comuns, incluem-se:

Diferenças de Comunicação: A comunicação é uma componente essencial de qualquer relacionamento, e


as dificuldades de comunicação são um dos principais contribuintes para o conflito. Isso pode incluir mal-
entendidos, falta de comunicação, comunicação passivo-agressiva, falta de expressão de sentimentos e
pensamentos, ou mesmo a diferença nos estilos de comunicação entre os parceiros.

Expectativas Desalinhadas: Cada indivíduo pode ter as suas próprias expectativas e ideais sobre o que significa
estar num relacionamento, e quando estas expectativas não são cumpridas, o conflito pode surgir. Isso pode
incluir expectativas sobre a divisão de tarefas domésticas, finanças, intimidade, tempo de qualidade juntos,
entre outros.

Necessidades Não Atendidas: Todos têm necessidades emocionais, físicas e psicológicas únicas. Se estas
necessidades não forem atendidas no relacionamento, pode resultar em insatisfação, ressentimento e
conflito. Isto pode variar desde a necessidade de afeto, apoio emocional, atenção, respeito, até questões
relacionadas ao sexo e intimidade.

Diferenças de Perceção: As pessoas interpretam as situações de acordo com as suas experiências de vida,
valores, crenças e personalidade. Portanto, é possível que os parceiros tenham perceções diferentes do
mesmo evento ou situação, levando a mal-entendidos e conflitos.

Stress Externo: Fatores externos como stress no trabalho, problemas financeiros, doenças, problemas
familiares, entre outros, também podem levar a conflitos dentro de um relacionamento. Quando um
indivíduo está stressado, pode tornar-se mais irritado, menos paciente e mais propenso a entrar em conflito
com o seu parceiro.

Questões de Infância e Trauma: Muitas vezes, as questões não resolvidas da infância ou traumas passados
podem influenciar o comportamento de um indivíduo num relacionamento. Por exemplo, se um indivíduo
foi rejeitado ou abandonado na infância, pode ser mais sensível a qualquer sinal de rejeição no seu
relacionamento atual, levando a conflitos.

Compreender a origem dos conflitos num relacionamento é o primeiro passo para os resolver de maneira
eficaz. Ao identificar a causa raiz do problema, os casais podem trabalhar juntos para desenvolver estratégias
e competências para resolver os seus conflitos de maneira saudável. Isto pode incluir melhorar as suas
competências de comunicação, realinhar as suas expectativas, cuidar das suas necessidades individuais e
procurar terapia para lidar com o stress e os traumas passados.

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Estilos de Resolução de Conflitos
A forma como o conflito é gerido e resolvido pode ter um grande impacto na saúde e na satisfação do
relacionamento. Existem vários estilos de resolução de conflitos, e cada um tem as suas próprias forças e
fraquezas. Os estilos de resolução de conflitos podem variar de estilos mais passivos, como o evitar ou a
acomodação, a estilos mais assertivos, como competição ou colaboração.

1. Evasão: O estilo de gestão de conflito de “evitar”, às vezes referido como estilo passivo ou de retirada, é
marcado por um desejo de evitar o conflito a todo o custo. Os indivíduos que usam este estilo muitas vezes
têm baixa assertividade e alta cooperação. Isto pode manifestar-se de várias maneiras, incluindo:

Negar o conflito: Nesta situação, um indivíduo pode simplesmente negar que existe um problema. Eles podem
minimizar a importância do conflito ou ignorá-lo completamente, na esperança de que ele simplesmente
desapareça por si só. Isto é especialmente comum em situações em que a pessoa acredita que a questão é
temporária ou não vale a pena o esforço de resolução.

Retirar-se: Outra forma comum para evitar é fisicamente retirar-se da situação de conflito. Isso pode significar
deixar a sala durante uma discussão, recusar-se a participar numa conversa sobre o conflito, ou mesmo evitar
a pessoa com quem se está em conflito.

Desviar o foco: Por vezes, um indivíduo pode mudar a conversa para longe do conflito para evitar lidar com
o problema. Isso pode envolver a mudança de assunto, fazer uma piada para aliviar a tensão, ou focar num
aspeto diferente do problema para evitar o conflito central.

Embora o estilo para evitar possa ser eficaz em situações de baixa importância, onde a questão em disputa não
é particularmente importante ou o conflito é provavelmente temporário, ele é geralmente contraproducente
em conflitos mais significativos ou de longo prazo. Ao evitar o conflito, os problemas subjacentes não são
resolvidos e podem continuar a fermentar e a crescer, potencialmente resultando em maior conflito ou
ressentimento no futuro.

Além disso, evitar o conflito frequentemente resulta numa falta de comunicação e compreensão entre as
partes envolvidas. Isto pode levar a mal-entendidos, danificar o relacionamento e, em última análise, agravar
o conflito. Portanto, embora o evitar possa parecer a opção mais fácil a curto prazo, geralmente não é a
melhor estratégia para resolver conflitos efetivamente.

2. Acomodação: O estilo de gestão de conflito da acomodação é caracterizado por alta cooperação e baixa
assertividade. Indivíduos que utilizam este estilo valorizam a harmonia e a estabilidade do relacionamento
acima das suas próprias necessidades e desejos. Eles estão dispostos a fazer concessões significativas,
sacrificando as suas próprias necessidades e desejos para apaziguar a outra parte.

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Auto sacrifício: A acomodação pode envolver fazer sacrifícios pessoais para manter a paz. Por exemplo, uma
pessoa pode desistir de algo que ela valoriza, como um hobby ou uma aspiração de carreira, para evitar um
conflito com o parceiro.

Suprimir opiniões: Quem se acomoda frequentemente suprime as suas próprias opiniões e desejos para
evitar o conflito. Podem concordar com a outra parte mesmo quando eles discordam internamente, ou
abster-se de expressar as suas próprias opiniões e desejos para evitar um argumento.

Preferências dos outros: Pessoas com um estilo de acomodação frequentemente priorizam as preferências
e necessidades dos outros sobre as suas. Eles estão dispostos a desistir das suas próprias necessidades e
desejos para satisfazer as da outra pessoa.
Enquanto a acomodação pode parecer benéfica a curto prazo, pois pode ajudar a manter a paz e evitar
conflitos diretos, este estilo pode ser prejudicial a longo prazo. Ao suprimir constantemente as próprias
necessidades e desejos, os indivíduos podem sentir-se infelizes, ressentidos e insatisfeitos no relacionamento.

Além disso, a acomodação contínua pode levar a um desequilíbrio de poder no relacionamento, onde uma
pessoa tem todas as suas necessidades atendidas à custa da outra.
Portanto, enquanto a acomodação pode ser apropriada em algumas situações, especialmente quando a
questão em questão é mais importante para a outra pessoa e menos importante para si, não é uma estratégia
eficaz para a gestão de conflitos a longo prazo. É importante para as pessoas que usam este estilo aprender
a expressar as suas próprias necessidades e desejos de uma maneira saudável e assertiva, a fim de construir
um relacionamento mais equilibrado e satisfatório.

3. Competição: O estilo de gestão de conflito da competição é caracterizado por alta assertividade e baixa
cooperação. Este estilo é conduzido pela necessidade de ganhar e pela visão de que o conflito é uma situação
de “vencer ou perder”. Aqueles que adotam um estilo de gestão de conflito competitivo geralmente priorizam
as suas próprias necessidades e desejos acima das necessidades e desejos do parceiro.

Luta pelo Poder: num estilo de gestão de conflito competitivo, pode haver uma luta contínua pelo poder e
controlo. Um parceiro pode tentar dominar o outro, impondo as suas opiniões, desejos e necessidades.

Comunicação Agressiva: Aqueles que usam um estilo competitivo de gestão de conflito podem se comunicar
de maneira agressiva. Isso pode incluir táticas como culpar, criticar, insultar ou até mesmo intimidar o outro
para conseguir o que querem.

Vencedores e Perdedores: No estilo competitivo, o conflito é visto como uma luta com um vencedor e um
perdedor. O objetivo é ganhar a argumentação, mesmo que isso signifique fazer o outro sentir-se inferior ou
mal.

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Apesar da competição poder parecer produtiva para o indivíduo que “ganha” o conflito, essa abordagem
costuma ser prejudicial para o relacionamento a longo prazo. Isso pode levar a ressentimento e desconexão
emocional, uma vez que um parceiro pode sentir-se constantemente derrotado e desvalorizado. Além disso,
essa abordagem geralmente não resolve o problema subjacente que levou ao conflito, mas apenas suprime
a perspetiva do “perdedor”.

Para evitar estes problemas, é importante lembrar que um relacionamento saudável é caracterizado por
respeito mútuo e cooperação, e não por competição. As partes envolvidas num conflito devem trabalhar
juntas para encontrar uma solução que satisfaça ambos, ao invés de tentar derrotar um ao outro. Uma
comunicação eficaz, escuta ativa e compreensão empática podem ser ferramentas valiosas para transformar
a competição em colaboração.

4. Compromisso: O estilo de gestão de conflito de compromisso é caracterizado por um nível moderado de


assertividade e cooperação. É um meio-termo entre a competição e a acomodação, no qual ambas as partes
abrem mão de algo para resolver um conflito. É uma abordagem “ganha um pouco, perde um pouco” em que
nenhuma das partes consegue tudo o que quer, mas ambas conseguem parte do que querem.

Negociação e Concessão: Neste estilo de gestão de conflito, ambos os parceiros estão dispostos a negociar
e a fazer concessões. Eles reconhecem que não podem ter tudo o que desejam e estão dispostos a sacrificar
algumas das suas necessidades ou desejos para chegar a um acordo.

Resolução Rápida: O compromisso pode permitir uma resolução de conflito mais rápida, pois ambas as partes
estão dispostas a ceder. Isto pode ser útil em situações em que é necessário tomar uma decisão rápida ou
quando o conflito está a impedir o progresso noutras áreas.

Soluções Intermediárias: Embora o compromisso possa parecer justo na superfície, ele pode levar a soluções
que são apenas parcialmente satisfatórias para ambas as partes. Se cada parceiro ceder constantemente nos
seus desejos e necessidades, pode haver um acumular de frustração e ressentimento ao longo do tempo.

O compromisso é uma ferramenta valiosa para a gestão de conflitos, mas é importante lembrar que nem
todos os conflitos podem ou devem ser resolvidos através do compromisso. Em alguns casos, uma solução
“ganha-ganha” pode ser possível, na qual ambas as partes têm as suas necessidades e desejos satisfeitos.
Isso geralmente requer uma comunicação aberta e eficaz, empatia e criatividade para encontrar soluções que
atendam às necessidades de ambas as partes. Além disso, em alguns casos, pode ser importante defender os
seus próprios interesses e direitos, em vez de ceder a um compromisso.

5. Colaboração: O estilo de gestão de conflito de colaboração é caracterizado por altos níveis de assertividade
e cooperação. É uma abordagem “ganha-ganha” que envolve trabalhar juntos para encontrar uma solução
que satisfaça plenamente as necessidades e desejos de ambos os parceiros.

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A colaboração exige uma comunicação aberta e eficaz, empatia, respeito mútuo e criatividade para encontrar
soluções que atendam às necessidades de ambas as partes.

Resoluções Satisfatórias: A colaboração permite que os parceiros encontrem soluções que não apenas
resolvam o conflito, mas também satisfaçam as necessidades e desejos de ambos. Isto pode levar a resoluções
de conflito mais satisfatórias e duradouras do que outros estilos de gestão de conflito que envolvem ceder
ou competir.

Fortalecimento do Vínculo: A colaboração pode também fortalecer o vínculo entre os parceiros. Ao


trabalharem juntos para resolver conflitos, os parceiros podem desenvolver um maior senso de equipa e
parceria. Eles podem aprender mais sobre as perspetivas, necessidades e desejos um do outro, o que pode
aumentar a compreensão e a empatia.

Desenvolvimento de competência: A colaboração pode ajudar a desenvolver competências importantes,


como a comunicação eficaz, a empatia, o pensamento criativo e a resolução de problemas. Estas competências
podem ser úteis não só para a gestão de conflitos, mas também para outros aspetos do relacionamento e da
vida em geral.

Tempo e Esforço: No entanto, vale ressaltar que a colaboração pode ser demorada e requerer um esforço
considerável. Encontrar uma solução que satisfaça plenamente as necessidades e desejos de ambas as partes,
pode exigir muita discussão, negociação e criatividade. No entanto, o tempo e o esforço investidos podem
valer a pena se resultarem numa resolução de conflito mais satisfatória e duradoura.

Em suma, a colaboração é uma forma poderosa e eficaz de gerir conflitos que pode levar a resoluções
satisfatórias e fortalecer o vínculo do casal. No entanto, requer uma comunicação eficaz, empatia, respeito
mútuo e a disposição para investir tempo e esforço.

A chave para a resolução de conflitos saudável é a comunicação eficaz e a compreensão mútua. Isso pode
envolver expressar as suas necessidades e sentimentos de forma clara e não defensiva, ouvir ativamente
o ponto de vista do outro, e trabalhar juntos para encontrar uma solução que atenda às necessidades de
ambos. Ao fazer isso, os casais podem transformar os seus conflitos em oportunidades para fortalecer e
aprofundar os seus relacionamentos.

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Estratégias Construtivas de Resolução de Conflitos
As estratégias construtivas de resolução de conflitos são aquelas que promovem uma comunicação eficaz,
respeito mútuo, e compreensão entre os parceiros. Elas são focadas em resolver o conflito de maneira
saudável, sem causar danos ao relacionamento. Aqui estão alguns exemplos:

1. Comunicação Aberta e Honesta: A comunicação aberta e honesta é um dos pilares fundamentais de um


relacionamento saudável. É a base para a compreensão mútua, o respeito e a solução de conflitos. Aqui estão
alguns aspetos que envolvem uma comunicação aberta e honesta:

Expressar Pensamentos e Sentimentos: Comunicar aberta e honestamente significa ser capaz de expressar
os seus pensamentos e sentimentos de forma clara e compreensível para o seu parceiro. Isto pode envolver
falar sobre as coisas que o incomodam, partilhar as suas alegrias, medos e esperanças, e explicar as suas
expectativas e necessidades em relação ao relacionamento.

Escuta Ativa: A comunicação não envolve apenas falar, mas também ouvir ativamente. Isso significa prestar
atenção total ao que o parceiro está a dizer, mostrar empatia, e tentar compreender o ponto de vista dele
antes de responder.

Não-Violência na Comunicação: Comunicação aberta e honesta deve ser feita sem violência verbal. Isso
inclui evitar a crítica destrutiva, insultos, sarcasmo cruel, ou qualquer outra forma de comunicação que possa
ferir ou menosprezar o parceiro. Em vez disso, os problemas devem ser abordados de maneira respeitosa e
construtiva.

Comunicação Não-Verbal: A comunicação não é apenas sobre palavras. A linguagem corporal, o tom de voz e
a expressão facial também desempenham um papel importante na comunicação de sentimentos e atitudes.
Uma comunicação aberta e honesta envolve também estar ciente das suas próprias expressões não-verbais
e ser sensível às do parceiro.

Tempo e Local Apropriado: Para uma comunicação eficaz, é importante escolher o momento e o lugar certos.
Algumas conversas podem ser mais produtivas quando os parceiros estão relaxados e têm tempo para se
concentrar na discussão, ao invés de estarem distraídos, stressados ou com pressa.

Feedback e Reafirmação: Dar feedback e reafirmar o que se entendeu da conversa pode ajudar a garantir
que ambos os parceiros estejam na mesma página. Isso pode envolver resumir o que o parceiro disse ou
perguntar para esclarecer se há alguma dúvida.

A comunicação aberta e honesta pode ajudar a prevenir mal-entendidos, resolver conflitos de maneira eficaz,
e fortalecer a confiança e a intimidade no relacionamento.

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2. Escuta Ativa: A escuta ativa é uma competência de comunicação vital que ajuda a construir um
relacionamento forte e significativo. Ela concentra-se não apenas em ouvir as palavras que o outro está a
dizer, mas também em compreender a mensagem completa por trás delas. Aqui estão alguns aspetos chave
da escuta ativa:

Evitar interrupções: Interromper enquanto o outro está a falar pode criar tensão e dificultar a comunicação.
É importante permitir que o parceiro expresse completamente os seus pensamentos e sentimentos sem
interrupção.

Mostrar Empatia: Escuta ativa requer empatia. Isto significa tentar compreender as emoções e sentimentos
do parceiro, e reconhecer e validar esses sentimentos. Isto pode ser tão simples como dizer “Eu percebo que
te sintas desta maneira “.

Linguagem Corporal Positiva: A linguagem corporal pode demonstrar que se está envolvido na conversa. Isso
pode incluir contacto visual, inclinar-se para a frente e acenar com a cabeça em reconhecimento. Evite cruzar
os braços ou mostrar sinais de desinteresse.

Pedir esclarecimentos: Se algo não está claro, é importante pedir esclarecimentos ao parceiro. Isso demonstra
que está realmente interessado em compreender a sua perspetiva e não quer fazer suposições.

Refletir e Parafrasear: Uma maneira eficaz de demonstrar que se está a ouvir é refletir ou parafrasear o que
o seu parceiro disse. Isso garante que se compreendeu corretamente a mensagem e oferece a oportunidade
para correções, se necessário.

Evitar Julgamentos: A escuta ativa envolve receber a mensagem do seu parceiro sem julgamentos ou críticas.
A ideia é compreender a perspetiva do outro, mesmo que não concorde com ela.
A escuta ativa permite que os casais se sintam ouvidos e compreendidos, ajuda a resolver conflitos de maneira
mais eficaz e fortalece a conexão emocional no relacionamento.

3. Procura de Compromissos: A procura de compromissos é uma estratégia fundamental na resolução de


conflitos em relacionamentos. Isso implica em ambas as partes reconhecerem que, embora possam ter
interesses ou perspetivas diferentes, estão dispostas a fazer concessões para chegar a um acordo que seja
mutuamente satisfatório.

Esse compromisso não significa necessariamente que cada pessoa obtém exatamente o que deseja.
Em vez disso, significa que cada pessoa aceita ceder em alguns pontos para atender às necessidades do
outro. O objetivo é encontrar uma solução que seja justa e equilibrada, e manter a saúde e a harmonia do
relacionamento.

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No entanto, procurar um compromisso requer uma comunicação eficaz e uma disposição para compreender
a perspetiva do outro. Isso pode incluir expressar as suas próprias necessidades e desejos de forma clara
e respeitosa, ouvir atentamente o que o outro tem a dizer e tentar compreender os seus pontos de vista e
sentimentos.

Além disso, a procura de compromissos pode requerer paciência e tempo. Pode ser necessário discutir o
problema várias vezes, experimentar diferentes soluções e continuamente verificar como cada pessoa se
sente em relação às mudanças feitas. Esse processo pode ser desafiador, mas também pode fortalecer o
relacionamento, melhorando a comunicação e a compreensão mútua.

Finalmente, é importante lembrar que a procura por compromissos não deve resultar numa pessoa
constantemente a ceder às necessidades e desejos do outro. Isso pode levar a ressentimentos e desequilíbrios
no relacionamento. Um compromisso saudável é aquele em que ambas as partes sentem que as suas
necessidades são levadas em consideração e respeitadas.

Estratégias Destrutivas de Resolução de Conflitos


As estratégias destrutivas de resolução de conflitos, por outro lado, são aquelas que aumentam a tensão e o
conflito em vez de os resolver. Elas tendem a danificar o relacionamento a longo prazo e a deixar ambos os
parceiros insatisfeitos. Aqui estão alguns exemplos:

1. Evitar: é um dos estilos de gestão de conflitos que, apesar de poder trazer um alívio imediato por evitar o
confronto direto, pode ter consequências a longo prazo no relacionamento. Ao evitar o conflito, o problema
subjacente permanece sem solução, criando uma tensão que se pode intensificar com o tempo.

Este estilo é caracterizado por afastar-se ou ignorar o conflito, seja mudando de assunto, minimizando o
problema, ou até mesmo fisicamente retirando-se da situação. Pode parecer a escolha “pacífica” ou “fácil”, já
que permite que os indivíduos evitem o desconforto do confronto. No entanto, evitar o conflito não resolve as
questões subjacentes e pode permitir que pequenos mal-entendidos ou tensões cresçam e se transformem
em problemas maiores.

Além disso, evitar pode levar ao acumular de ressentimentos. Se uma pessoa sente que as suas preocupações
ou sentimentos não estão a ser reconhecidos ou validados porque o conflito está a ser evitado, pode haver um
acumular de frustração e amargura. Isso pode criar uma distância emocional entre os parceiros, corroendo a
intimidade e a confiança no relacionamento.

Portanto, apesar de parecer uma solução a curto prazo, evitar o conflito pode levar a problemas mais
profundos e duradouros a longo prazo. Em vez de evitar o conflito, pode ser mais benéfico enfrentá-lo
diretamente de uma maneira respeitosa e aberta, permitindo que ambos os parceiros expressem os seus
sentimentos e trabalhem juntos para encontrar uma solução.

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2. Comportamento Passivo-Agressivo: O comportamento passivo-agressivo é um meio indireto e não saudável
de expressar descontentamento, frustração ou raiva. Em vez de comunicar abertamente os sentimentos ou
discordâncias, a pessoa que se comporta de forma passivo-agressiva pode mascarar os seus verdadeiros
sentimentos com atitudes subversivas, sarcasmo, procrastinação intencional, ou fingindo indiferença.

Este tipo de comportamento pode ser particularmente prejudicial num relacionamento de casal, pois dificulta
a comunicação aberta e honesta, uma pedra angular de qualquer relacionamento saudável. Por ser um meio
indireto de expressão de sentimentos, o comportamento passivo-agressivo pode confundir o recetor, o que
faz com que a mensagem real por trás do comportamento seja perdida ou mal interpretada.

Além disso, pode criar um ambiente tóxico e hostil dentro do relacionamento. O parceiro que é alvo do
comportamento passivo-agressivo pode sentir-se frustrado, desrespeitado, ou até mesmo culpado sem
compreender claramente o motivo. Pode levar a um ciclo de ressentimento e mágoa, pois os problemas
subjacentes nunca são totalmente abordados ou resolvidos.

A melhor maneira de lidar com o comportamento passivo-agressivo é por meio da comunicação aberta.
Isto envolve reconhecer o comportamento, expressar como este o afeta e pedir uma mudança. Também é
importante promover um ambiente seguro onde ambos os parceiros possam expressar os seus sentimentos
e descontentamentos de maneira direta e respeitosa.

3. Culpar e Criticar: Culpar e criticar são estratégias de comunicação prejudiciais que podem degradar a
qualidade de um relacionamento ao longo do tempo. Estes comportamentos podem criar um ambiente
defensivo e de animosidade, dificultando a resolução eficaz de conflitos.

Quando um parceiro recorre à culpa ou à crítica, isso geralmente envolve atacar o caráter ou a personalidade
do outro, em vez de se concentrar no comportamento específico que está a causar o problema. Isso pode
fazer com que a pessoa do outro lado se sinta atacada e defensiva, em vez de aberta e disposta a trabalhar
na questão em mãos.

Culpar e criticar também podem corroer o respeito mútuo, um elemento fundamental em qualquer
relacionamento saudável. A crítica constante pode diminuir a autoestima do parceiro criticado e criar um
ciclo de negatividade e ressentimento.
É importante notar que há uma diferença entre criticar e expressar insatisfação ou preocupação de maneira
construtiva. Uma comunicação eficaz concentra-se na questão específica, expressa os sentimentos do
indivíduo sobre o problema sem atacar o parceiro e procurar uma resolução que funcione para ambos.

Em vez de criticar ou culpar, é mais produtivo usar declarações do tipo “eu sinto” para expressar como um
comportamento específico o afeta, e solicitar uma mudança específica no comportamento. Isto permite que
a conversa permaneça focada no problema, em vez de se transformar num ataque pessoal.
Por exemplo, em vez de dizer “Nunca me ouves”, que é uma crítica, seria mais eficaz dizer “Eu sinto-me

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ignorado quando estou a falar e tu pegas no teu telefone. Podemos estabelecer um tempo para conversar
sem distrações?” Essa abordagem comunica o problema, expressa o sentimento e sugere uma solução sem
criticar o parceiro.

4. Tentativa de Controlar o Parceiro: A tentativa de controlar o parceiro num relacionamento pode ser
destrutiva e prejudicar a confiança e a segurança emocional. O controlo pode assumir muitas formas,
incluindo comportamentos manipulativos, ameaças, coerção, e pode até estender-se a formas mais graves
de abuso.

Comportamentos manipulativos: podem incluir ações como culpa, vergonha, negação ou minimização dos
sentimentos do parceiro. O parceiro manipulador pode usar táticas como a culpa para fazer a outra pessoa
sentir-se responsável pelos seus problemas ou para controlar o seu comportamento.

Ameaças: As ameaças podem ser diretas ou indiretas e podem ser usadas para controlar o comportamento
de um parceiro. Por exemplo, um parceiro pode ameaçar terminar o relacionamento a menos que o outro se
comporte de uma certa maneira.

Coerção: A coerção envolve pressionar alguém a fazer algo contra sua vontade. Isso pode incluir forçar um
parceiro a fazer escolhas que ele ou ela não está confortável em fazer, como gastar dinheiro, mudar aspetos
do seu estilo de vida ou participar em atividades que ele ou ela não gosta.

Estas tentativas de controlo não são apenas prejudiciais à saúde do relacionamento, mas também à
autoestima e bem-estar do parceiro que está a ser controlado. Pode levar a sentimentos de ressentimento,
medo e resistência.

A chave para um relacionamento saudável é o respeito mútuo e a igualdade. Cada parceiro deve ter a
liberdade de expressar as suas necessidades, desejos e sentimentos sem medo de retaliação ou rejeição.
Eles devem sentir-se seguros para tomar as suas próprias decisões e ter controlo sobre a sua própria vida.

Se uma pessoa se encontrar num relacionamento onde se sinta controlado ou manipulado, é importante
procurar ajuda. Pode ser útil falar com um terapeuta ou conselheiro, ou procurar apoio de organizações
dedicadas a ajudar pessoas em situações de relacionamento abusivo. Lembre-se, ninguém tem o direito de
controlar suas ações, decisões ou sentimentos.

Identificar e evitar estas estratégias destrutivas de resolução de conflitos pode ser um passo significativo
para a melhoria da comunicação e do relacionamento entre os parceiros. Uma vez que os casais aprendam
a usar as estratégias construtivas de resolução de conflitos, eles serão capazes de lidar melhor com os
desentendimentos e fortalecer o relacionamento.

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Vinculação e Estratégias de Resolução de Conflitos
A teoria da vinculação, desenvolvida inicialmente por John Bowlby e Mary Ainsworth, sugere que as
experiências iniciais de uma pessoa com seus cuidadores moldam a suas expectativas e comportamentos
em futuros relacionamentos. A maneira como uma pessoa se comporta em relação ao vinculação pode ser
categorizada em estilos de vinculação seguro, ansioso ou evitativo.

1. vinculação Segura: Indivíduos com vinculação seguro geralmente têm uma visão positiva de si mesmos e
dos outros. Este estilo de vinculação costuma ser resultado de experiências positivas de infância com figuras
cuidadoras confiáveis e sensíveis, que respondem apropriadamente às necessidades da criança.

No contexto dos relacionamentos amorosos, essas pessoas se sentem confortáveis tanto na proximidade
quanto na independência. Elas são capazes de se abrir e serem vulneráveis, compartilhando seus sentimentos
e pensamentos mais profundos, sem medo de rejeição ou julgamento. Além disso, não temem a solidão e
são capazes de desfrutar de momentos de solitude e de atividades individuais.

Durante os conflitos, indivíduos com vinculação seguro costumam abordar os problemas de maneira
direta, mas respeitosa. Eles são capazes de expressar seus sentimentos e necessidades sem desrespeitar ou
desvalorizar o outro. Isso se deve à sua competência inata para a empatia e compreensão - eles procurar
compreender o ponto de vista do parceiro e trabalhar em conjunto para encontrar uma solução que seja
mutuamente satisfatória.

Os parceiros de pessoas com vinculação seguro geralmente se sentem valorizados e ouvidos, o que contribui
para um relacionamento mais equilibrado e satisfatório. Estas relações tendem a ser caracterizadas por maior
satisfação, compreensão, e comprometimento, com conflitos resolvidos de maneira mais eficaz e com menor
incidência de comportamentos negativos e prejudiciais.

Em resumo, o estilo de vinculação seguro favorece a criação de relações íntimas, duradouras e gratificantes,
marcadas por comunicação aberta, respeito mútuo e competências efetivas de resolução de conflitos.

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2. vinculação Ansiosa: Indivíduos com um estilo de vinculação ansioso-ambivalente geralmente têm uma
visão negativa de si mesmos e uma visão positiva dos outros. Eles anseiam por intimidade e proximidade, mas
ao mesmo tempo têm medo de rejeição e abandono. Isto é muitas vezes devido a experiências de infância
inconsistentes com cuidadores que alternaram entre serem sensíveis e insensíveis às suas necessidades.

No contexto de relacionamentos românticos, estas pessoas geralmente preocupam-se se são amadas e


valorizadas pelos seus parceiros. Eles podem ser extremamente sensíveis a quaisquer sinais de rejeição ou
abandono, interpretando pequenas falhas ou mudanças de humor como indicações de que o parceiro está
a perder o interesse. Isto pode levar a um comportamento de “clinging” (agarrar-se), onde eles procuram
constantemente a reafirmação e validação do afeto e compromisso do parceiro.

Durante os conflitos, pessoas com vinculação ansioso podem reagir com emoções intensas e ter dificuldades
em regular essas emoções. Eles podem se sentir facilmente ameaçados e reagir de forma exagerada a
pequenos desacordos. Sua preocupação constante com o abandono pode levar a estratégias de resolução
de conflitos destrutivas, como culpar o parceiro, comportamento passivo-agressivo, ou tentar controlar ou
manipular o parceiro para prevenir o abandono.
Infelizmente, esses comportamentos muitas vezes têm o efeito oposto ao pretendido, criando mais tensão e
conflito e aumentando a probabilidade de rejeição. Eles também podem levar a padrões de relacionamento
insatisfatórios, caracterizados por altos níveis de conflito, insatisfação e instabilidade.

A terapia e o aconselhamento podem ser úteis para pessoas com vinculação ansioso, ajudando-as a
compreender e gerenciar suas emoções, melhorar suas competência de comunicação e resolução de
conflitos, e desenvolver uma visão mais segura e positiva de si mesmas e de seus relacionamentos.

3. vinculação de evasão: Os indivíduos com estilo de vinculação de evasão tendem a valorizar a independência
e a autonomia acima da intimidade e proximidade. Este estilo de vinculação geralmente é formado por
experiências precoces com cuidadores que foram emocionalmente distantes, rejeitaram a necessidade de
proximidade ou incentivaram a independência prematura.

No contexto de um relacionamento romântico, estes indivíduos tendem a sentir-se desconfortáveis com


a dependência e podem esforçar-se para manter uma certa distância emocional. Eles podem parecer
desinteressados, desligados ou indiferentes e podem lutar para expressar ou reconhecer suas próprias
emoções, bem como as emoções de seu parceiro.

Durante conflitos, pessoas com vinculação evitável tendem a evitar ou minimizar o conflito tanto quanto
possível. Eles podem fazer isso ao evitar discussões difíceis, se retirar emocionalmente durante o conflito,
ou simplesmente ignorar o problema na esperança de que ele vá embora. Esta abordagem de evasão pode
fazer com que os problemas persistam sem resolução, levando a um aumento da tensão e ressentimento no
relacionamento.

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A evasão também pode manifestar-se na recusa em envolver-se em estratégias de resolução de conflitos
produtivas. Isso pode ser porque eles veem o conflito como uma ameaça à sua independência ou porque eles
lutam para se conectar emocionalmente e compreender as perspetivas do seu parceiro. No entanto, esta
falta de envolvimento pode levar à insatisfação no relacionamento e impedir a resolução eficaz de problemas.

A terapia de casal ou individual pode ser benéfica para indivíduos com vinculação evitável, ajuda-os a
compreender a origem das suas reações ao conflito, a desenvolver competência de comunicação mais
eficazes, e a tornarem-se mais confortáveis com a intimidade e dependência.

4. vinculação Desorganizada: Os indivíduos com estilo de vinculação desorganizada geralmente têm histórias
de trauma ou negligência durante a infância, o que pode resultar num padrão confuso de comportamento de
vinculação. Eles podem querer procurar conforto em momentos de stress, mas também temem a intimidade
e a proximidade, devido às suas experiências negativas anteriores com figuras de cuidado. Esta contradição
entre o desejo de proximidade e o medo dela pode resultar em comportamentos inconsistentes e confusos.

No contexto de um relacionamento de casal, as pessoas com vinculação desorganizada podem sentir-se


extremamente inseguras e têm dificuldade em confiar nos outros. Podem oscilar entre a vinculação intensa e
a evasão, criando um padrão de “empurrar e puxar” no relacionamento. Eles também podem ter dificuldade
em regular as emoções, levando a explosões emocionais ou retração emocional durante os conflitos.

Durante conflitos, as pessoas com vinculação desorganizada podem alternar entre a tentativa de evitar o
conflito a todo o custo e envolver-se em comportamentos agressivos ou controladores. Esta inconsistência
pode ser extremamente confusa e desestabilizadora para o parceiro. Além disso, devido à sua dificuldade em
regular as emoções, eles podem sentir-se oprimidos durante os conflitos, levando a uma reação exagerada
ou a uma incapacidade de se envolver de forma produtiva na resolução do conflito.

A terapia individual e de casais pode ser muito útil para indivíduos com uma vinculação desorganizada. Pode
ajudar a desenvolver a capacidade de regular as emoções, melhorar as competências de comunicação, e
trabalhar as questões de confiança. Também pode ajudar a resolver o trauma passado que pode estar na raiz
do estilo de vinculação desorganizada.

Os estilos de vinculação inseguro podem levar a padrões de conflito insalubres em relacionamentos românticos.
Compreender o próprio estilo de vinculação e o do parceiro pode ser um passo importante para desenvolver
estratégias de resolução de conflitos mais eficazes e saudáveis. A terapia de casal ou aconselhamento pode
ser útil para casais que lutam com padrões de vinculação inseguro e conflito.

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Hipnoterapia de Casal e Resolução de Conflitos
A Hipnoterapia de Casal é uma forma de terapia que utiliza técnicas de hipnose para ajudar casais a resolverem
conflitos e a melhorar a sua comunicação. Similar à terapia tradicional de casal, a hipnoterapia tem como
objetivo promover a compreensão e a empatia, mas difere no uso de técnicas hipnóticas para aceder à
mente subconsciente e induzir estados de relaxamento profundo.

Durante as sessões de hipnoterapia, o terapeuta induz o casal a um estado de relaxamento profundo, também
conhecido como transe, em que eles se tornam mais abertos a sugestões. Neste estado, os casais podem
explorar e resolver problemas de maneira mais profunda do que poderiam em um estado de consciência
normal. Isto pode permitir aos casais identificar e tratar não apenas os conflitos superficiais, mas também as
questões subjacentes que estão contribuindo para esses conflitos.

Com a ajuda do terapeuta, os casais podem então começar a reformular as suas perceções e comportamentos.
Por exemplo, podem aprender novas estratégias para resolver conflitos, como comunicação aberta e honesta,
escuta ativa e a procura de compromissos. Além disso, podem trabalhar em questões mais profundas
relacionadas aos padrões de vinculação. Casais com estilos de vinculação inseguros, por exemplo, podem
aprender a reformular as suas perceções de si mesmos e dos outros, de maneira a desenvolver uma maior
segurança nos seus relacionamentos.

As técnicas utilizadas na hipnoterapia de casal também podem ser particularmente eficazes na gestão de
emoções intensas. Em estado de transe, os casais podem aprender a gerir o stress e a ansiedade, a expressar
as suas necessidades e sentimentos de maneira não defensiva, e a usar técnicas de relaxamento para se
acalmar durante discussões.

Desta forma, a hipnoterapia de casal pode ajudar os parceiros a compreender e abordar os padrões de
vinculação inseguros que podem estar a contribuir para os conflitos, esta oferece uma abordagem terapêutica
única e eficaz para a resolução de conflitos no relacionamento.

Além disso, a hipnoterapia de casal pode ser usada para ajudar os parceiros a superar traumas passados que
podem estar a influenciar negativamente a dinâmica do relacionamento. Isto pode ser especialmente útil
para casais nos quais um ou ambos os parceiros possuem uma vinculação desorganizada.

Neste contexto, o terapeuta pode utilizar a hipnose para aceder memórias traumáticas na mente subconsciente
e ajudar o indivíduo a processá-las de maneira segura e saudável. Isso pode ajudar a diminuir a influência
destes traumas nos comportamentos e perceções atuais do indivíduo, permitindo que eles se tornem mais
seguros nos seus relacionamentos.

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A hipnoterapia também pode ajudar os casais a explorar e compreender melhor os seus estilos de comunicação
e resolução de conflitos. Por exemplo, um terapeuta pode usar a hipnose para ajudar um casal a perceber
se estão a utilizar estratégias de conflito destrutivas, como evasão ou comportamento passivo-agressivo.
A partir daí, o terapeuta pode ajudá-los a desenvolver estratégias mais saudáveis, como compromisso e
colaboração.

Em resumo, a hipnoterapia de casal pode ser uma ferramenta eficaz para ajudar os casais a compreender e
resolver seus conflitos. Ao aceder à mente subconsciente e promover o relaxamento profundo, esta forma
de terapia pode permitir que os casais abordem os problemas subjacentes e desenvolvam estratégias de
resolução de conflitos mais saudáveis e eficazes.

A Vinculação e as Estratégias de Resolução de Conflitos


A relação amorosa representa um dos vínculos mais importantes que o ser humano pode experimentar, pelo
nível de intimidade e pela entrega de sentimentos e pensamentos.
Este contexto de profunda intimidade, pode implicar também uma maior sensibilidade e vulnerabilidade
face a expressões de insatisfação, raiva ou desilusão manifestadas por um dos membros do casal e conduzir
a situações de conflito.

Estas situações de conflito podem gerar oportunidades de melhoria da relação, ou, pelo contrário, agravar os
conflitos existentes conduzindo ao agravamento dos problemas e desgaste na relação.

Estudos indicam que o estilo de vinculação desenvolvido em criança por cada um dos membros do casal é
determinante no estilo de resolução de conflitos que adota na sua vida.

Verificou-se que:
• Vinculação insegura influência a adoção de um estilo destrutivo de resolução de conflitos, tanto
para homens como para mulheres.
• Vinculação segura influência a adoção de um estilo construtivo de resolução de conflitos, tanto
para homens quanto para mulheres.

Outras conclusões:
Os participantes que reportaram sofrer de ansiedade, manifestaram maior dificuldade em resolver conflitos
de forma construtiva, adotando duas formas principais de resolução de conflitos: uma hostil (envolvimento
no conflito) e outra de afastamento.

A hostil ou de envolvimento no conflito (com recurso a violência psicológica e física) pode surgir num contexto
de ansiedade de separação em que os membros do casal agravam a expressão de sentimentos de mágoa e a
indução de culpa no parceiro durante uma discussão.

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A de afastamento é predominantemente adotada por pessoas que desenvolveram uma vinculação ansiosa e
que evitam o confronto com receio da perda.
Apesar da semelhança dos resultados entre homens e mulheres, ainda é possível encontrar diferenças de
comportamento em função do género.

As mulheres têm maior facilidade em expressar sentimentos, valorizam mais os laços afetivos íntimos e
preocupam-se mais com as pessoas à sua volta.

Os homens são mais práticos e objetivos e têm maior dificuldade em demonstrar fraquezas evitando expressar
sentimentos. Os dados relacionados com a resolução positiva dos conflitos refletem estas diferenças.

Embora homens e mulheres adotem proporções similares de resolução positiva dos conflitos, neste estudo
os fatores que conduziram ao uso foram distintos.

Para as mulheres, resolver os conflitos de maneira construtiva esteve associado a maiores níveis de conforto
com a proximidade e menores índices de ansiedade. Ou seja, quanto mais segurança e menos medo de
abandono têm, maior é a facilidade de ouvir o outro e de expressar o seu próprio ponto de vista possibilitando
a negociação. O acordo implica na capacidade de ceder em alguns desejos ou aspetos individuais em prol da
satisfação mútua.

Assim, pode dizer-se que a convergência entre as expectativas sociais sobre o papel feminino, de valorização
e manutenção das relações e um estilo de vinculação mais segura favorecem a utilização de estratégias
construtivas na resolução dos conflitos.
Para os homens, resolver os conflitos de forma construtiva decorreu de maiores níveis de conforto com a
proximidade.

Ao contrário das mulheres, não é o medo da perda, associado a níveis mais elevados de ansiedade que
conduzem à resolução positiva, mas sim o sentimento de estar ou não confortável num relacionamento
afetivo.

Quanto mais segurança existir e menos desconforto com a proximidade e intimidade, maior é a possibilidade
de resolver construtivamente os conflitos. A negociação a capacidade de manifestar sentimentos e o sentir-
se confortável com a presença do outro no seu espaço íntimo. O desconforto com a proximidade nos homens
muitas vezes é reforçado pela educação e pelos papeis de género atribuídos ao sexo masculino, que não
estimulam a expressão dos afetos.

Verificou-se também, que o estilo de submissão estava relacionado com o fator desconforto/conforto com a
proximidade, para homens e mulheres.

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Pessoas que utilizam a submissão tendem a aceitar passivamente o ponto de vista do outro, sem argumentar
ou manifestar os seus sentimentos, mantendo-os numa zona de conforto que não implica diálogo e que é de
afastamento emocional.

Notas importantes:
• A forma de vinculação não é a única variável que determina o estilo de resolução de conflitos.
• O estilo de vinculação é uma variável estática, imutável, adquirida na primeira infância, existem outras
variáveis dinâmicas e que se podem alterar ao longo da vida que influenciam fortemente a resolução de
conflitos.
• Apesar da verificação de uma vinculação insegura, o que seria uma previsão de estilo destrutivo de
resolução de conflitos, se existir um desenvolvimento de outras capacidades como uma boa comunicação
e uma adequação das expectativas conjugais, é possível dar outro significado àquela vinculação.
• Assim, para o sucesso do processo terapêutico é importante analisar os estilos de vinculação dos
membros do casal e a forma como isso se reflete nos estilos de resolução de conflitos e na dinâmica do
casal e familiar.
• Ao serem desenvolvidas estratégias de resolução de conflitos positivas e melhorar a saúde conjugal,
está-se indiretamente a favorecer o desenvolvimento de uma vinculação segura dos filhos do casal caso
existam.

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