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04-04-2023

VITALISMO
História e princípios da História I
NATUROPATIA • O pensamento médico oscilou entre duas
representações fundamentais da doença:
5ª AULA
• uma conceção organicista, localizante,
mecanicista, no que se refere à causalidade, a
VITALISMO (ANIMISMO) qual ainda hoje é predominante, apesar das
MECANICISMO oscilações históricas das teorias médicas;
• e outra que é naturalista, na maioria das vezes
vitalista.
Rui Carlos Pinto ND (hom)
Coord Curso geral de naturopatia

VITALISMO VITALISMO
História II Definição
• As conceções vitalistas,
expressas de formas
variadas, mas sempre
propondo a existência de
uma “força”, de uma
“energia”, de um “corpo
não material”, de um
“espírito”, responsável pela
existência, pelo
metabolismo e pelo
funcionamento dos seres
vivos

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VITALISMO
Definição
• O vitalismo é a doutrina que afirma a necessidade de um • Mesmer a chamou de“magnetismo animal”.
princípio irredutível ao domínio físico-químico para explicar
os fenómenos vitais. Já no século XX,
• As escrituras das grandes religiões asiáticas, das primitivas
religiões europeias e das diversas religiões pré-colombianas • Wilhelm Reich a denominou de “orgónio” e,
do hemisfério ocidental, por exemplo, afirmam que há algo
além do corpo físico do ser humano. • na antiga União Soviética, V. Inyushin
• Durante séculos, clarividentes, escritores, assim como essas chamou-a de “bioplasma”
antigas filosofias e religiões se referiram a um corpo
invisível que todos possuímos... Ele tem sido chamado,
através dos séculos, “corpo sutil”, “corpo astral”, “corpo
etérico”, “corpo fluídico”, “corpo equivalente”, “corpo pré- • … KIRLIAN
físico”, entre outras denominações
https://periodicos.furg.br/vittalle/article/view/
7843/5313

Força vital VITALISTAS na história


Esta força é chamada :
• KA pelos egípcios • Hipócrates(aproximadamente de 460 a 370 a.C.),
• PRANA pelos hindus Rhazes(865-925), Avicena(980-1037),
• KI pelos japoneses Paracelso(1493-1541),Jacob Boehme (1575-
• QI ou CH'I para os chineses 1624), Van Helmont(1577-1644), George Ernst
• PNEUMA na Grécia Antiga Stahl (1660-1734),Emmanuel Swedenborg (1688-
• CENTELHA para Hipócrates
• FOGO DIVINO para Pitágoras
1772),Paul Joseph Barthez (1734-1806)e a Escola
• HAÏ ou ORENDO pelos índios dos EUA
de Montpelier, Franz Anton Mesmer(1734-1815),
• RUAH em hebraico Karl von Reichenbach(1788-1869), Samuel
• CA LLAMA pelos tibetanos Hahnemann(1755-1843), Edward Bach (1886-
• MANAS pelos havaianos e polinésios 1936), e Rudolf Steiner(1861-1925)e Ita
• SIZA pelos esquimós Wegman(1876-1943), que vão fundamentar a
• ODES para os Celtas medicina antroposófica
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VITALISMO Modelo mecanicista


A conceção Introdução

Modelo mecanicista Modelo mecanicista

Visão de DESCARTES Visão de DESCARTES


• Nesse tipo de explicação, o corpo humano é tratado da
mesma forma que o do animal e explicado como se
fosse uma máquina.
• Isso não significa que o homem deve ser interpretado
como animal-máquina. A alma aí está inserida, mas o
objetivo é desvinculá-la de qualquer função que não
lhe diga respeito.
• O corpo é descrito como um conjunto de órgãos, veias,
artérias, músculos, ossos, dotado de um mecanismo
que produz seus movimentos e de uma natureza que o
preserva e o restaura em caso de algum problema em
seu funcionamento.

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Modelo mecanicista Modelo mecanicista

Funcionamento do corpo Funcionamento do corpo


• A explicação mecanicista volta-se para os movimentos que • A alma só é considerada quando se tratam de movimentos voluntários,
dependem de “peças menores” - invisíveis. aqueles que dependem do pensamento, uma vez que ela se caracteriza
por sua capacidade intelectiva.
• Esses movimentos são explicados por ordem e cada um • Esses movimentos que só serão levados a um bom termo, se os órgãos
deles representa uma função. que estão na base de todo movimento estiverem bem dispostos, como
• Essas funções são explicadas por meio da intervenção de afirma Descartes na Descrição do corpo humano.
líquidos, separação, agitação e calor das partículas, • Nesse contexto, o motor que possibilita todas as funções fisiológicas
fermentação, destilação, disposição dos poros e tem por base o calor cardíaco que, por um processo semelhante à
fermentação, faz que o sangue entre em ebulição e distribua-se pelo
desigualdade entre as partículas, como é o caso da corpo por meio das artérias.
digestão. • Assim, o calor cardíaco está na origem do movimento do sangue e,
• Toda explicação do funcionamento do corpo está pautada consequentemente, de suas partículas mais sutis denominadas
em leis que compõem a base da física cartesiana, de tal espíritos animais. Por sua vez, são os espíritos animais que
forma que na própria composição o corpo remete à determinam os movimentos do corpo, a partir do cérebro e de acordo
com a estrutura dos músculos e dos nervos, e compõem a base
explicação dos corpos terrestres explicativa das sensações.

Modelo mecanicista
Sistema nervoso Vitalismo versus mecanicismo
• Por conta da dupla função dos nervos – sensação e movimento– os
anatomistas traçam uma distinção entre eles. Alegavam que a • Michael Murray e Joseph Pizzorno (1997): “a
capacidade de sentir estaria nas membranas que envolvem os medicina natural é “Vitalista” no seu enfoque
nervos e a de mover nas pequenas fibras que se estendem ao longo
dessas membranas que são comparadas a pequenos condutos. porque considera a vida como algo mais do
• Essa conceção é rejeitada por Descartes. Para ele, o nervo serve a
essa dupla função, e as sensações são percebidas pelo cérebro. Os que a soma dos processos bioquímicos, e crê
objetos excitam, por meio do choque entre partículas, movimentos
nos nervos que os transmitem ao cérebro e daí retornam ao ponto que o corpo tem inteligência inata que sempre
afetado provocando as sensações. se esforça por alcançar a saúde.”
• A proposta cartesiana, no que concerne à fisiologia, apresenta-se Os “vitalistas” …
como inovadora ao adotar a mecânica como modelo explicativo, de
forma que nela não é mais encontrada qualquer referência a
qualidades ocultas e tendências internas creditadas à alma.

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Vitalismo versus mecanicismo Vitalismo versus mecanicismo


• A mecânica newtoniana foi, por muito tempo, • Na física, o paradigma mecanicista teve de ser
considerada a teoria final para a descrição dos abandonado no nível do muito pequeno (na
fenómenos naturais, até o momento em que os
fenómenos elétricos e magnéticos –que não
física atómica e subatómica) e no nível do
dispunham de espaço na teoria de Newton –foram muito grande (na astrofísica e na cosmologia).
descobertos • Entretanto, na biologia e nas ciências da saúde
• Faraday e Maxwell mostraram que a eletricidade e o ainda predomina a abordagem fragmentária e
magnetismo não eram forças separadas, e sim uma reducionista do modelo cartesiano-
força que é hoje chamada de eletromagnética
mecanicista com mais de 100 anos…
• Dessa forma, todos os corpos, de uma forma ou de
outra, criam campos em sua volta.

PNI – exemplo do vitalismo Natureza- vitalismo?


• Entre as décadas de 50 e 60, estudos pioneiros foram • o princípio metafísico vinha de influências filosóficas,
conduzidos com base em hipóteses de que as emoções especificamente da Naturphilosophie, filosofia da
poderiam afetar a evolução de doenças infeciosas. natureza, que visava ao estudo da natureza como um
• Esses estudos foram de fundamental importância para todo, baseada principalmente no romantismo alemão
o surgimento da psiconeuroendocrinoimunologia– do século XIX e nas obras de Friedrich von Schelling
ciência que investiga a influência das emoções nas (1775-1854).
interações entre os sistemas adaptativos e; • Schelling propôs um conhecimento superior da
• o papel de intervenções terapêuticas envolvendo natureza, lançou sobre ela um olhar diferente do que
mente-corpo para a manutenção do equilíbrio na se tinha na época - inteiramente influenciada pela
promoção e recuperação da saúde. conceção mecanicista -, entendeu a natureza como
vida que cria eternamente, como um grande
organismo do todo afim do organismo humano

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Outros conceitos Outros conceitos


ANIMISMO Organicismo
• “animismo”, tais forças dos seres vivos eram concebidas como geradas
por um elemento imaterial assumido como sua alma (psychē ou anima).
• A resistência ao mecanicismo e ao vitalismo
todos esses seres seriam “vivos” justamente por
produziu o organicismo, cujos fundamentos
possuírem um princípio motriz…
são a irredutibilidade da biologia à física e a
Platão, a definição de um ser
O animismo abrange a crença de que
dotado de tal princípio como autonomia intrínseca do método biológico.
não há separação entre o mundo
espiritual e o mundo físico (ou sōma empsychon (um corpo • O organicismo leva em conta diferentes níveis
material), e de que com uma alma contida nele)
existem almas ou espíritos, não só em de organização e a sua hierarquia.
seres humanos, mas também em
animais, plantas, rochas, características
geográficas (como montanhas ou rios)
ou em outras entidades do meio
ambiente natural.

Naturopatia e o vitalismo Naturopatia


• Leis elencadas por Pierre Marchesseau e Grégoire Jauvais (1970),
pela sua relevância selecionaram-se as seguintes:

• Lei nº 1 (Força vital). A matéria viva é dotada de um instinto de


conservação (e de reparação) a que se chama “força vital”, que não
é nem química nem mecânica, mas de natureza biológica e cujo
êxito é proporcional à sua energia.

• Lei nº 2 (Inteligência da força vital). A força vital “exerce-se no


melhor dos interesses do organismo, mesmo em caso de doença”.
(…) Por exemplo, no jejum o organismo reutiliza para se alimentar,
por autólise, os tecidos excedentes menos úteis; e escolhe, à
medida que o jejum se prolonga, sempre na ordem inversa da
utilidade dos mesmos. Este processo está regulado. A ordem das
Pierre Marchesseau e Grégoire Jauvais autólises é a seguinte: primeiro, os tumores, os desperdícios e os
músculos. Os órgãos e as partes vitais não são digeridos.

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Naturopatia Naturopatia
• Lei nº 4. A doença vem do “stress” do meio anti-biológico (falsos
alimentos, falta de ar puro, vivificante e limpo, de exercício racional, de Lei nº 9. A doença causada é una: essa unidade exige,
sol; tensão psiconervosa, etc.) que perturba o funcionamento harmonioso igualmente, unidade de tratamento. O tratamento natural ou
da força vital. Esta ocupa-se então de curar (isto é: de restabelecer o
funcionamento) por meio de reações que no fim de contas a “desgastam”, método de saúde (…) exige a desintoxicação em primeiro lugar,
mas que no entanto são indispensáveis para prolongar a existência do ser. depois a revitalização e, finalmente, a estabilização.
Estas reações autocurativas parecem desordenadas. não o são. (…)
• Lei nº 5. A doença profunda é geral e não local (…). Lei nº 12. (…) À medida que a intoxicação aumenta, a força vital
• Lei nº 7. Todas as nossas doenças clássicas são, em geral, doenças diminui. Exemplo: o cancro é um estado de grande intoxicação;
sintomáticas de defesa orgânica, dirigidas pela “força vital” para depurar o a “força vital” é, nesse caso, quase inexistente. Inversamente,
meio íntimo e curar. É, de certo modo, a doença que cura e não o ato
médico (ou naturopático) nos jovens a força vital é grande. (…)
• Lei nº 8. Toda a terapêutica que reprime e abafa os sintomas das doenças Lei nº 17. A doença é sempre uma resistência vital inteligente
de defesa, faz subir o nível tóxico interno como a água sobe numa
barragem. A doença propriamente dita cresce e por esse facto, tende a (…) perante a intoxicação; é um estado anormal a que responde
agravar-se. Esse agravamento, essa ação repressiva, retrocedente, uma ação vital correta.
compressiva, engendram uma reação mais violenta da força vital e daí a
recaída (muitas vezes mais perigosa) ou a transferência mórbida para Lei nº 23. O alvo direto da doença é provocar o regresso a uma
outro órgão. (…) Finalmente, quando a força vital é oprimida e delapidada, fisiologia normalizada (…). O poder curativo é inerente a cada
a doença toma então o aspeto de “enfraquecimento” (evolução
cancerosa, invasão microbiana, etc.). célula viva.”

VITALISMO /HOLISMO Holismo – próxima aula

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