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HERMENÊUTICA JURÍDICA
DA ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA A
SANTO AGOSTINHO
Editora Ilustração
Cruz Alta – Brasil
2022
Copyright © Editora Ilustração
CATALOGAÇÃO NA FONTE
H768h Hommerding, Adalberto Narciso
Hermenêutica jurídica : da antiguidade Greco-romana a
Santo Agostinho / Adalberto Narciso. - Cruz Alta : Ilustração,
2022.
218 p. ; 21 cm
ISBN 978-85-92890-59-9
DOI 10.46550/978-85-92890-59-9
2022
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora
Ilustração
Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Ilustração
Rua Coronel Martins 194, Bairro São Miguel, Cruz Alta, CEP 98025-057
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www.editorailustracao.com.br
Conselho Editorial
PREFÁCIO�������������������������������������������������������������������������������17
REFERÊNCIAS���������������������������������������������������������������������205
Adalberto Narciso Hommerding
PREFÁCIO
Hans-Georg Gadamer
do que lhe antecedeu. É claro que essa expectativa deve ser corrigida
se o texto assim exigir. Isso então significa que a expectativa é
reajustada, e que o texto se reúne sob outra expectativa de sentido
para uma unidade e opinião. Deste modo o movimento do
compreender continuamente vai do todo para a parte e de volta
para o todo. A tarefa é ampliar em círculos concêntricos a unidade
do sentido compreendido. Sintonização de todos os detalhes num
todo é a cada vez o critério para a precisão do compreender. A falta
de tal sintonização significa o fracasso do compreender.
Agora, porém, Schleiermacher diferenciou esse círculo
hermenêutico de parte e todo em termos de seu lado tanto objetivo
quanto de subjetivo. Assim como cada palavra individual pertence à
conexão da frase, assim pertence o texto individual à conexão da obra
de um escritor, e esta ao todo do gênero literário correspondente,
isto é, da literatura. Por outro lado, porém, o mesmo texto pertence
ao todo da vida espiritual de seu autor como manifestação de um
momento criador. Apenas a cada vez em tal todo, sob os pontos de
vista objetivo e subjetivo, a compreensão pode completar-se. Em
conexão com essa teoria, então, fala de estrutura e de centralização
num ponto central, a partir do que resulta a compreensão do todo.
Com isso ele transfere para o mundo histórico o que desde sempre
é o princípio de toda a interpretação, ou seja, de que se deve
compreender um texto por si mesmo.
Permanece, porém, a pergunta se o movimento circular
do compreender é assim compreendido de modo apropriado. O
que Schleiermacher desenvolveu como interpretação subjetiva
provavelmente pode ser deixada de lado por completo. Quando
procuramos compreender um texto não nos deslocamos para o
estado mental do autor, mas, caso já se queira falar em se deslocar,
é para a sua opinião que nos deslocamos. Isso, porém, nada mais
significa que procuramos aceitar o direito fático daquilo que o
outro diz. Se quisermos compreender, até ainda procuraremos
reforçar os seus argumentos. Assim já acontece na conversação,
quanto muito mais ainda no compreender de algo escrito, em
que nos movimentamos numa dimensão da significação, que em
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1 STEIN, Ernildo. Uma breve introdução à filosofia. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002 (Coleção
filosofia, 1), p. 81.
2 GRONDIN, Jean. Introdução à hermenêutica filosófica. Tradução de Benno
Dischinger. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1999, p. 27.
3 Sobretudo a partir de HEIDEGGER, Martin. Sein und Zeit. Tübingen: Max
Niemeyer Verlag, 2001.
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1.3 Os pré-socráticos
2.1 Sócrates
1 O Livro da Filosofia. Tradução Douglas Kim. São Paulo: Globo, 2011, p. 12.
2 VILANOVA, José. Elementos de filosofía del derecho. 2. ed. actual. Buenos Aires:
Abeledo-Perrot, 1984, p. 38.
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15 KELLY, John M. Uma breve história da teoria do direito ocidental. Tradução Marylene
Pinto Maciel; revisão técnica e da tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2010 (Biblioteca Jurídica WMF), p. 19-20.
16 KELLY, John M. Uma breve história da teoria do direito ocidental. Tradução Marylene
Pinto Maciel; revisão técnica e da tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2010 (Biblioteca Jurídica WMF), p. 19-20.
17 KELLY, John M. Uma breve história da teoria do direito ocidental. Tradução Marylene
Pinto Maciel; revisão técnica e da tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2010 (Biblioteca Jurídica WMF), p. 19-20.
18 KELLY, John M. Uma breve história da teoria do direito ocidental. Tradução Marylene
Pinto Maciel; revisão técnica e da tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2010 (Biblioteca Jurídica WMF), p. 21.
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19 PLATÃO. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 12. O confronto entre a
experiência individual e o observador onisciente é a própria base da filosofia. Sócrates
fazia isso: colocava as questões da vida real em face da inteligência divina, permitindo
que a inteligência divina fosse mostrando. Existe uma série de conhecimentos a que
se tem acesso mediante a pergunta sincera feita de si para si mesmo. Hoje, toda uma
parte da auto-investigação está excluída da filosofia. O problema, contudo, é que nós
não podemos fazer abstração da pessoa concreta que está buscando conhecimento.
Filosoficamente, se fizermos isso, será um problema: não obteremos filosofia. Só
pode sobrar uma encenação, o desempenho de um papel burocrático, determinado
por circunstâncias alheias ao próprio processo filosófico. Sócrates procura uma
confiabilidade máxima por meio de um exame crítico dos conhecimentos que se
lhe oferecem. Obter visão clara do conhecimento que já se tem é o que permite
elevar esse conhecimento. Sócrates procura algo que possa ser demonstrado e
que seja cientificamente válido, e, ao mesmo tempo, algo em que ele, enquanto
indivíduo concreto, pode basear suas decisões e a sua vida. Essa explicação pode ser
encontrada na Aula 1 do Curso On-line de Filosofia de Olavo de Carvalho, autor
que, nas palavras de Ricardo Almeida, desenvolve uma filosofia da consciência, a qual
reforça o primado da consciência individual contra doutrinas que tencionam suprimi-la.
ALMEIDA, Ricardo. Sobre Olavo de Carvalho. In: CARVALHO, Olavo; DUGIN,
Alexandre. Os EUA e a Nova Ordem Mundial: um debate entre Alexandre Dugin e
Olavo de Carvalho. Tradução de Giuliano Moraes. Campinas, SP: Vide Editorial,
2020, p. 17.
20 GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica em retrospectiva. v. II. A virada
hermenêutica. Tradução Marco Antônio Casanova. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, p.
41.
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Hermenêutica Jurídica
27 RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã – vol. 1: Discursos
e Homilias (1986-1999). Organização, apresentação e notas de Rudy Albino de
Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014, p. 96-97.
28 RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã – vol. 1: Discursos
e Homilias (1986-1999). Organização, apresentação e notas de Rudy Albino de
Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014, p. 98-99.
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Adalberto Narciso Hommerding
2.2 Platão
2.2.3 O Crátilo
60 SANTOS, José Trindade. Introdução. In: PLATÃO. Crátilo. Tradução: Maria José
Figueiredo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001, p. 11.
61 BILLIER, Jean-Cassien; MARYIOLI, Aglaé. História da filosofia do direito. Tradução:
Pedro Henriques. Lisboa: Instituto Piaget, 2001, p. 23.
62 BILLIER, Jean-Cassien; MARYIOLI, Aglaé. História da filosofia do direito. Tradução:
Pedro Henriques. Lisboa: Instituto Piaget, 2001, p. 23.
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Adalberto Narciso Hommerding
1994, p. 39.
71 CASAUBON, Juan Alfredo. Historia de la filosofía. Buenos Aires: Abeledo-Perrot,
1994, p. 39.
72 COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
Rechtsphilosophie). Tradução da 5ª Edição alemã por Elisete Antoniuk. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2002, p. 33. No diálogo Fédon, Platão reproduz a conversa
entre Sócrates e Cebes. Em determinado momento, Cebes diz a Sócrates: - Isso que
estás dizendo, Sócrates, é consequência necessária de outro princípio que te ouvi expor:
que o nosso conhecimento é somente recordação. Se este princípio é exato, temos de ter
aprendido em outro tempo as coisas de que nos recordamos. E isso não é possível se nossa
alma não existir antes de receber esta forma humana. Esta é mais uma prova de que nossa
alma é imortal. PLATÃO. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 135.
73 PLATÃO. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 20. No Mênon, Platão
procura demonstrar que a alma é aquilo que ela aprendeu. Na conversa com Mênon,
diz Sócrates, após citar o poema de Píndaro sobre a alma: Então a alma, sendo imortal
e várias vezes nascida, tendo visto todas as [coisas] daqui e do Hades, ela é aquilo que
aprendeu. Não é espantoso que ela seja capaz de rememorar por si mesma o que aprendeu
antes a respeito da virtude e de todos [os seres]? Sendo congênita a toda natureza, tendo
a alma aprendido todos [os seres], não é impossível que uma única rememoração, que,
aliás, os homens chamam de saber, desvende-lhe todas as demais, se for corajoso e se
não se abandonar a busca, pois buscar [saber] e aprender são de todo rememoração.
WATANABE, Lygia Araújo. Platão, por mitos e hipóteses: um convite à leitura dos
Diálogos. São Paulo: Moderna, 1995, p. 143.
74 ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento. 5. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006, p.
71
Hermenêutica Jurídica
73.
75 PLATÃO. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 20.
76 Quando, em Fédon, Cebes responde à intervenção de Símias essa ideia fica patente:
- (...) todos os homens, se são bem inquiridos, descobrem tudo por si mesmos, e isto não
seria possível se não possuíssem em si mesmos as luzes da razão correta. E, adiante, após
a intervenção de Sócrates, concordamos todos que, para lembrar, é necessário ter sabido
antes a coisa de que lembramos. PLATÃO. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural,
2000, p. 136.
77 CASAUBON, Juan Alfredo. Historia de la filosofía. Buenos Aires: Abeledo-Perrot,
1994, p. 39-40.
78 COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
Rechtsphilosophie). Tradução da 5ª Edição alemã por Elisete Antoniuk. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2002, p. 33. Em Fédon, no diálogo com Simas, Sócrates
afirma e questiona: - (...) é necessário ter como certo, Símias, que se todas essas coisas que
sempre citamos, como o belo, o justo, e todas as essências deste tipo, existem de verdade e
se atribuímos todas as percepções de nossos sentidos a essas noções primitivas, como a seu
tipo, que encontramos em nós mesmos, é preciso, já que todas essas coisas existem, que
nossa alma também tenha existindo antes de havermos nascido, e se todas essas coisas
não existem, todos os nossos discursos são inúteis. Não é assim? E não é da mesma forma
necessário que, se todas essas coisas existem, nossas almas existam também antes de nosso
nascimento, e que, se aquelas não existem, também não exista nossa alma? PLATÃO. Os
pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 141.
79 COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
Rechtsphilosophie). Tradução da 5ª Edição alemã por Elisete Antoniuk. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2002, p. 33.
80 COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
72
Adalberto Narciso Hommerding
86 ZEIFERT, Luiz Paulo. A exclusão social na Grécia clássica e a postura dos sofistas:
repercussões nos processos emancipatórios contemporâneos. Ijuí: Unijuí, 2004,
p. 180. No mesmo sentido de que o pensamento de Platão seria um pensamento
político totalitário: VILANOVA, José. Elementos de filosofía del derecho. 2. ed. actual.
Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1984, p. 33.
87 PIPES, Richard. O comunismo. Tradução de Ana Luiza Dantas Borges. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2002, p. 15-16.
88 PIPES, Richard. O comunismo. Tradução de Ana Luiza Dantas Borges. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2002, p. 15.
89 PIPES, Richard. O comunismo. Tradução de Ana Luiza Dantas Borges. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2002, p. 16.
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democracia, pois, que Platão desfere sua maior crítica, pois, para
ele, a democracia dá injustamente o direito de governo à maioria
dos cidadãos, ou seja, à ala política menos instruída, o povo, que é
o contraponto do sábio94.
Penso que se deva ter cuidado em considerar o platonismo,
no plano político, um mero idealismo ou um distanciamento de
mundo. Essa, como bem pontua Eduardo C. B. Bittar95, é uma
falsa imagem; é uma imagem reducionista da sua filosofia, que tantas
luzes lançou sobre o universo dos valores políticos – acrescente-se
aqui: também sobre os universos da justiça, da ética e da educação
-, deixando, pois, marcas profundas no campo da teoria política
ocidental. Para Hans-Georg Gadamer96, Platão é marcante:
em seus diálogos antecipou-se à aparente superioridade que os
herdeiros da tradição judaico-cristã julgam possuir; com a doutrina
das ideias, com a dialética das ideias, com a matematização da
física e com a intelectualização da ética, plantou as bases para os
conceitos metafísicos da nossa tradição. Ao mesmo tempo, limitou
todos seus enunciados pela via mimética e, tal qual Sócrates, soube
desarmar seus interlocutores com sua costumeira ironia, o que
levou a neutralizar a presumida superioridade do leitor com a arte
de sua poesia dialogal. Por isso, diz Gadamer97, a tarefa é filosofar
com Platão, e não criticar Platão. Criticar Platão talvez se torne tão
94 WATANABE, Lygia Araújo. Platão, por mitos e hipóteses: um convite à leitura dos
Diálogos. São Paulo: Moderna, 1995, p. 35-36. Uma passagem da qual se pode
retirar essa assertiva pode ser encontrada no diálogo Críton, quando Críton debate
com Sócrates. Sócrates irá questioná-lo dizendo: (...) Por que motivo a respeito do justo
e do injusto, do honesto e do desonesto, do bem e do mal (...), deveremos preferir a opinião
da multidão à de um único homem, se existe um que seja tão arguto e capaz que nos
infunda mais respeito e temor que todos os outros? PLATÃO. Os pensadores. São Paulo:
Nova Cultural, 2000, p. 106.
95 BITTAR, Eduardo C. B. Doutrinas e filosofias políticas: contribuições para a história
das ideias políticas. São Paulo: Atlas, 2002, p. 43.
96 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método II: complementos e índice. Tradução
de Ênio Paulo Giachini; revisão da tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 571.
97 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método II: complementos e índice. Tradução
de Ênio Paulo Giachini; revisão da tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 571-572.
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Adalberto Narciso Hommerding
2.3 Aristóteles
a dependência da Macedônia, era na verdade uma cidade grega, onde o grego era a
língua que se falava. A vida de Aristóteles e, até certo ponto, sua obra, está marcada
por essa dupla vinculação: à cultura helênica e à aventura política da Macedônia.
ARISTÓTELES. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 7.
104 WATANABE, Lygia Araújo. Platão, por mitos e hipóteses: um convite à leitura dos
Diálogos. São Paulo: Moderna, 1995, p. 42.
105 BITTAR, Eduardo C. B. Doutrinas e filosofias políticas: contribuições para a história
das ideias políticas. São Paulo: Atlas, 2002, p. 65.
106 COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
Rechtsphilosophie). Tradução da 5ª Edição alemã por Elisete Antoniuk. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2002, p. 35.
107 ARISTÓTELES. A ética. Tradução Paulo Cássio M. Fonseca. Bauru: Edipro, 1995,
p. 35-36.
108 STRATHERN, Paul. Aristóteles em 90 minutos. Tradução: Maria Helena Geordane.
Consultoria: Danilo Marcondes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 14-15.
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Hermenêutica Jurídica
ideias. Assim, diz Strathern, Onde Platão via formas como idéias
com existência independente, ele via formas (ou “universais”, como os
chamava) como essências personificadas na substância do mundo, sem
existência independente109. Aristóteles, portanto, abandonou a linha
de pensamento pitagórico-matemática, fomentada pela Academia,
em nome de seu novo sistema causal de conhecimento dos seres, de
tipo organicista ou biológico110.
Segundo Paul Ricoeur111, é no debate Platão/Aristóteles que
é possível captar a origem do ritmo da nossa filosofia. Para Ricoeur,
é verdade que esse ritmo é o de uma filosofia da essência e de uma
filosofia da substância. Mas isso, diz Ricoeur, é uma verdade apenas
em parte. É que Platão não é somente um teórico das Ideias – ou
das Formas -, mas um questionador dos fundamentos da ontologia,
daquilo que se chama primeira ontologia, cuja razão é procurada
muito mais numa justificação da palavra humana que numa
explicação da realidade. É nesse plano - complementa Paul Ricoeur
- que se constitui a ideia de um ser verdadeiro, que seria, então, a
Ideia. A ontologia aristotélica, por sua vez, não seria tão-somente
uma simples antítese do platonismo. Dita ontologia tem, sim, com
a ontologia de Platão uma relação muito sutil de continuidade
e oposição, sendo, pois, demasiado simples falar numa oposição
entre filosofia da essência e filosofia da substância112.
136 ARISTÓTELES. A ética. Tradução Paulo Cássio M. Fonseca. Bauru: Edipro, 1995,
p. 66.
137 ARISTÓTELES. A ética. Tradução Paulo Cássio M. Fonseca. Bauru: Edipro, 1995,
p. 53-54.
138 ARISTÓTELES. A ética. Tradução Paulo Cássio M. Fonseca. Bauru: Edipro, 1995,
p. 53-54.
139 COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
Rechtsphilosophie). Tradução da 5ª Edição alemã por Elisete Antoniuk. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2002, p. 36.
140 ARISTÓTELES. A ética. Tradução Paulo Cássio M. Fonseca. Bauru: Edipro, 1995,
p. 81.
141 Livro V da Ética a Nicômaco, reproduzida por MORRIS, Clarence (org.). Os grandes
85
Hermenêutica Jurídica
p. 81.
146 Nas palavras de Aristóteles: Entendamos por cometer injustiça causar dano
voluntariamente em violação da lei. Ora a lei ou é particular ou comum. Chamo
particular à lei escrita pela qual se rege cada cidade; e comuns, às leis não escritas, sobre
as quais parece haver um acordo unânime entre todos. ARISTÓTELES. Retórica.
Tradução e notas de Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do
Nascimento Pena. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1998, p. 80.
147 VERGNIÈRES, Solange. Ética e política em Aristóteles: physis, ethos, nomos. Tradução
de Constança Marcondes Cesar. São Paulo: Paulus, 1998, p. 196. Vale citar o próprio
Aristóteles uma vez mais: Chamo lei tanto a que é particular como a que é comum. É lei
particular a que foi definida por cada povo em relação a si mesmo, que seja escrita ou não
escrita; e comum, a que é segundo a natureza. Pois há na natureza um princípio comum
do que é justo e injusto, que todos de algum modo adivinham mesmo que não haja entre
si comunicação ou acordo. ARISTÓTELES. Retórica. Tradução e notas de Manuel
Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. Lisboa:
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1998, p. 93.
148 Cfe. COING, Helmut. Elementos fundamentais da filosofia do direito (Grundzüge der
Rechtsphilosophie). Tradução da 5ª Edição alemã por Elisete Antoniuk. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2002, p. 37.
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Hermenêutica Jurídica
justiça que ultrapassa a lei escrita. Ora esta omissão umas vezes
acontece contra a vontade dos legisladores, e outras por sua
vontade: contra a vontade dos legisladores, quando o caso lhes
passa despercebido; e por sua vontade, quando o não podem
definir a rigor, mas se vêem na necessidade de empregar uma
fórmula geral que, não sendo universal, é valida pela maioria
dos casos. Também os casos em que não é fácil dar uma
definição, devido à sua indeterminação; por exemplo, no caso
de ferir com um instrumento de ferro, ou determinar o seu
tamanho e forma; pois não chegaria a vida para enumerar todas
as possibilidades. Se, pois, não é possível uma definição exacta,
mas a legislação é necessária, a lei deve ser expressa em termos
gerais, de modo que, se uma pessoa não tem mais que um anel
no dedo quando levanta a mão ou fere outra, segundo a lei
escrita é culpada e comete injustiça, mas segundo a verdade
não a comete, e é isso que é equidade.
A equidade grega (epieikeia), presente em Aristóteles, é
distinta da equidade romana (aequitas). A equidade grega, como
ensina Martín Laclau153, serve para amortizar o caráter genérico
e abstrato que apresentam os preceitos jurídicos que haverão de
ser aplicados a situações concretas cujas notas escapam às rígidas
determinações daqueles. A aequitas, porém, não é algo exterior ao
Direito: é sua própria essência. Seu caráter constitutivo se contrapõe
ao caráter corretivo próprio da epieikeia.
A noção de epieikeia, assim, pode ser cabível como justiça
do caso particular dentro de um ordenamento jurídico constituído
por normas abstratas e fixas, cuja rigidez necessite ser corrigida para
ser adaptada às várias e mutáveis situações que a vida apresenta.
Resulta, no entanto, desnecessária dentro de um sistema que, como
o romano, se caracteriza por sua base consuetudinária e seu caráter
dinâmico, aberto às transformações da sociedade e à riqueza dos
diversos comportamentos humanos possíveis154.
A aequitas, portanto, não é um conceito que provém da
153 LACLAU, Martín. La historicidad del derecho. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1994,
p. 21.
154 LACLAU, Martín. La historicidad del derecho. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1994,
p. 21.
89
Hermenêutica Jurídica
165 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011.
166 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 24.
167 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 25.
168 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 25.
93
Hermenêutica Jurídica
203 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 33.
102
Adalberto Narciso Hommerding
204 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 34.
205 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 35.
206 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa:
Edições 70, 2011, p. 35.
207 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método: traços fundamentais de uma
hermenêutica filosófica. 3. ed. Tradução de Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes,
1999, p. 465.
103
Hermenêutica Jurídica
2007, p. 31.
222 BILLIER, Jean-Cassien; MARYIOLI, Aglaé. História da filosofia do direito. Tradução:
Pedro Henriques. Lisboa: Instituto Piaget, 2001, p. 23.
223 BILLIER, Jean-Cassien; MARYIOLI, Aglaé. História da filosofia do direito. Tradução:
Pedro Henriques. Lisboa: Instituto Piaget, 2001, p. 23. A referência é à obra La
raison grecque et la cité, de Pierre Vidal-Naquet.
Capítulo 3
1 NÓBREGA, Vandick Londres da. História e sistema do direito privado romano. Rio
de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1955, p. 6.
2 ARNAUD, André-Jean; FARIÑAS DULCE, María José. Introdução à análise
sociológica dos sistemas jurídicos. Tradução do francês por Eduardo Pellew Wilson.
Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 11-12.
3 Consultem-se: LUHMANN, Niklas. Legitimação pelo procedimento. Tradução
de Maria da Conceição Corte-Real. Brasília: Universidade de Brasília, 1980;
116
Adalberto Narciso Hommerding
6 NÓBREGA, Vandick Londres da. História e sistema do direito privado romano. Rio
de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1955, p. 9.
7 Nesse sentido, LACLAU, Martín. La historicidad del derecho. Buenos Aires: Abeledo-
Perrot, 1994, p. 21.
8 LACLAU, Martín. La historicidad del derecho. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1994,
118
Adalberto Narciso Hommerding
p. 21-22.
9 De 126 a. C., aproximadamente, ao término do reinado de Dioclesiano, em 305 d.
C. ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. v. 1. 7. ed. rev. e acrescentada. Rio
de Janeiro: Forense, 1997, p. 68.
10 LACLAU, Martín. La historicidad del derecho. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1994,
p. 21-22.
11 LACLAU, Martín. La historicidad del derecho. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1994,
p. 22.
12 INSANTI, Horacio. Derecho y posmodernidad: el ius y la superación de la metafísica.
Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1999, p. 52-53.
13 INSANTI, Horacio. Derecho y posmodernidad: el ius y la superación de la metafísica.
Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1999, p. 52-53.
119
Hermenêutica Jurídica
24 ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. v. 1. 7. ed. rev. e acrescentada. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, p. 2.
25 VALLADÃO, Haroldo. Historia do direito especialmente do direito brasileiro. 3. ed.
revista e atualizada. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1977, p. 58.
26 ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. v. 1. 7. ed. rev. e acrescentada. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, p. 1.
27 NÓBREGA, Vandick Londres da. História e sistema do direito privado romano. Rio
de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1955, p. 28.
28 VALLADÃO, Haroldo. Historia do direito especialmente do direito brasileiro. 3. ed.
revista e atualizada. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1977, p. 38.
29 NÓBREGA, Vandick Londres da. História e sistema do direito privado romano. Rio
de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1955, p. 28.
123
Hermenêutica Jurídica
30 ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. v. 1. 7. ed. rev. e acrescentada. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, p. 68-69.
124
Adalberto Narciso Hommerding
37 ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. v. 1. 7. ed. rev. e acrescentada. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, p. 71-72.
127
Hermenêutica Jurídica
51 KELLY, John M. Uma breve história da teoria do direito ocidental. Tradução Marylene
Pinto Michael; revisão técnica e da tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2010, p. 6.
52 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método II: complementos e índice. Tradução
de Ênio Paulo Giachini; revisão da tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 129-130.
133
Hermenêutica Jurídica
70 Digesto, liv. I, tít. III – de legibus, senatusque consultis et longa consuetudine, frag. 12.
71 Digesto, liv. I, tít. III, frag. 13.
72 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 18. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1998, p. 139-141.
73 A respeito dessa ideia, de direito como produto lento da evolução, adaptado ao
entorno, a meu ver, um dos autores tradicionais mais importantes da História
do Direito, em especial a do Direito brasileiro, é J. Izidoro Martins Júnior. Sua
contribuição, porém, não fica restrita ao âmbito da História do Direito. Isso porque,
além de conhecer a história do Direito brasileiro e a do Direito ocidental, muito
antes de se vir a falar em teoria sistêmica, por exemplo, ou em autopoiesis no (ou do)
Direito, Martins Júnior já trabalhava a ideia de direito como um organismo social,
à semelhança de um organismo biológico, natural. Para Martins Júnior, orientado
basicamente pelo positivismo francês, pelo evolucionismo de Herbert Spencer e pela
teoria evolucionista de Charles Darwin, o Direito – e aqui se faz presente também
a influência e a pena de Rudolf von Ihering complementadas por Tobias Barreto
– pode ser considerado como o conjunto de condições existenciais e evolutivas da
sociedade, coativamente asseguradas pelo poder público. Também pode ser considerado
o fator dinâmico-social em virtude do qual se realiza o acordo das vontades produzindo a
equação dos interesses; definição esta, por sua vez, dada por Theophilo Braga. Em parte,
ensina Martins Júnior, o Direito é uma criação natural, um todo orgânico determinado
por fatalidades biossociológicas, e, por outro lado, um instituto cultural humano, um
aparelho regulador e seletor, de fabricação político-social, mais ou menos dependente da
vontade dos indivíduos ou classes dirigentes. O Direito, portanto, apresentaria uma
dualidade de organismo e mecanismo, de natureza e arte, de autonomismo vivente e
cego por um lado, e de regra consciente por outro. MARTINS JÚNIOR, J. I. Obras
138
Adalberto Narciso Hommerding
do Organon.
Na Topika, Aristóteles ocupa-se de um tema de que Platão
e Sócrates já haviam tratado: a velha arte da disputa, domínio
dos retóricos e dos sofistas. Aristóteles esforça-se em distinguir o
apodítico e o dialético. O apodítico seria o campo da verdade para os
filósofos; o dialético, o que se expressaria em dialeguezai, isto é, em
disputar, sendo atribuído aos retóricos e aos sofistas como campo
do meramente opinável. A Topika pertence, com os argumentos
sofísticos, ao terreno do dialético, e não do apodítico91.
Aristóteles quer encontrar um método em que, partindo
de posições opináveis (ex endoxon), seja possível formar silogismos
(dinesomeza siloguiseszai) sobre todos os problemas que possam ser
postos (peri pantos ton protecentos problematos) e evitar as contradições
quando devemos sustentar um discurso. Noutras palavras, colocado
um problema qualquer, devemos formar conclusões corretamente,
partindo de opiniões que pareçam adequadas, para atacar ou para
defender. Claro que aqui se está diante de um assunto retórico. A
primeira pretensão de Aristóteles, porém, é estritamente filosófica.
Aristóteles, contudo, está tratando de silogismos dialéticos e não
apodíticos, distinguindo o seguinte: a) uma apodeixis, que existe
quando uma conclusão é obtida partindo de proposições primeiras
ou verdadeiras ou daquelas cujo conhecimento procede de
proposições primeiras ou verdadeiras; b) uma conclusão dialética,
que é a que se obtém partindo de simples opiniões (de silogismos
dialéticos ou ex endoxon siloguixomenos); c) uma conclusão erística
que é aquela que se funda em proposições, que são opináveis
apenas aparentemente, mas não efetivamente, ou aquela que parece
fundar-se em proposições opináveis ou aparentemente opináveis.
Nesse último caso, não é, pois, uma conclusão absolutamente
correta; d) finalmente, existem pseudoconclusões ou paralogismos
que se formam com base em proposições especiais de determinadas
ciências92.
As conclusões no caso a são o domínio particular da
Filosofia; as de b pertencem ao campo da arte da disputa (Tópica),
que Aristóteles considera como um primeiro escalão da Filosofia; as
de c e d são casos especiais.
Segundo Theodor Viehweg93, um exame mais profundo
das conclusões dialéticas que constituem o objeto da tópica leva
a afirmar que, de um ponto de vista formal, ditas conclusões não
se diferenciam em nada das apodíticas, ou seja, são formalmente
corretas, o que, ao contrário, não se poderia dizer das conclusões
erísticas e tampouco das pseudoconclusões. As conclusões
dialéticas distinguem-se das demais em razão da índole de suas
premissas. Aristóteles, então, faz uma classificação das conclusões
de acordo com a índole de suas premissas. Conclusões dialéticas
são aquelas que têm como premissas opiniões críveis e verossímeis,
que devem contar com aceitação (endoxa). Endoxa são proposições
que parecem verdadeiras a todos ou a maior parte, ou aos sábios e,
destes, também a todos ou a maior parte ou aos mais conhecidos e
famosos. Para Aristóteles, a tópica tem por objeto conclusões que
derivam de proposições que parecem verdadeiras de acordo com
uma opinião credenciada.
O centro de gravidade está na índole das premissas, que são
as bases a partir das quais se ilumina a compreensão. Daí o interesse
nas premissas. Isso leva a que se tenha de classificá-las. Toda disputa
origina-se em proposições, em que existe um problema. E toda
proposição e todo problema se referem ao acidente, ao gênero,
ao proprium ou à definição. As conclusões, então, haverão de ser
classificadas segundo esses quatro gêneros.
Os quatro gêneros relacionam-se com dez categorias:
109 SILVA, Ovídio A. Baptista da. Processo e ideologia: o paradigma racionalista. Rio de
Janeiro: Forense, 2004, p. 24-25.
110 Consultem-se: STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma
exploração hermenêutica da construção do direito. 3. ed. rev. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2001; STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e hermenêutica:
uma nova crítica do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002; STRECK,
Lenio Luiz. Verdade e consenso: Constituição, hermenêutica e teorias discursivas. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
151
Hermenêutica Jurídica
a igualdade. Aí, aliás, algo que chama atenção: mais de dois mil
anos antes da aparição de um Ronald Dworkin111 – o jusfilósofo
norte-americano que defendeu a necessidade de um Direito
como Integridade, marcado pela aplicação coerente do direito,
com respeito aos precedentes, cuja virtude soberana é a igualdade
-, os romanos já conheciam noções de coerência e integridade, a
necessidade de a jurisprudência respeitar a história sem desprezar
a justiça e a equidade, e a indispensabilidade de o jurisconsulto,
figura responsável por analisar os casos e dar pareceres, debruçar-se
sobre o fato. É nessa época que passa a ter lugar, então, ao lado do
jurisconsulto, o pretor. É ele que terá o poder de império, criando o
direito de que iria valer-se o interessado, preenchendo as lacunas do
ius civile e permitindo a adaptação do direito a uma nova realidade.
Em tal período, a atividade pretoriana, aos poucos, vai-se afastando,
portanto, do rigorismo das legis actiones. É o período per formulas
que, a partir da Lex Aebutia, tem início. Neste período é gestado,
então, um procedimento com muito mais preocupação com o fato
que com o próprio procedimento. O que caracteriza, portanto, o
período formulário? Procedimento bifacetado – uma fase perante
o pretor, que detinha poder de mando; outra, perante o iudex, que
simplesmente concedia ou não a actio -, verossimilhança, cognição
sumária, limitação do campo de apreciação das matérias pelo próprio
pretor, submissão do rito ao direito, poder de império do pretor,
capacidade do pretor de emitir ordens visando ao cumprimento de
medidas efetivas, de interditos. O que, todavia, teria acontecido
posteriormente para que chegássemos ao ponto da inefetividade
processual de que hoje padece o sistema processual? De acordo com
a explicação de Cristiano Isaia, a romanística passou a considerar
tão-somente a segunda fase, diante do iudex, como caracterizadora
da atividade jurisdicional. Logo, jurisdição passou a ser sinônimo
de juízo declaratório, restando os pretores e seu poder de imperium,
juntamente com os procedimentos interditais, esquecidos no
111 Consultem-se: DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de Nelson
Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002; DWORKIN, Ronald. O império do direito.
Tradução Jefferson Luiz Camargo. Revisão técnica Dr. Gildo Rios. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
152
Adalberto Narciso Hommerding
pátrio atual.
Veja-se que, ao tratar dos desafios da jurisdição processual,
que se assenta entre a sedução liberal racionalista e os anseios do
Estado Democrático de Direito, Cristiano Isaia busca explicar como
se deu a consagração do procedimento comum do CPC/2015,
investigando o que ele chama de obsessão do processualismo
moderno na busca da certeza e da verdade. Isso tudo nada mais é que
a supremacia da razão como meio de acesso a uma verdade absoluta,
bem nos moldes do preconizado pelo Iluminismo. O processo
judicial, os juristas e todo o direito, assim, são profundamente
influenciados por essa ideia que, no fim das contas, leva a não se
pensar no direito como solução normativa para problemas práticos,
mas, como ensina e critica Castanheira Neves, como um sistema
normativo-prescritivo-abstrato, antecipado e logicamente construído.
É o positivismo jurídico imperando, desenvolvendo soluções para
os problemas do direito a partir da redução sistemático-conceitual
da realidade. A lei, nesse paradigma, não passa de uma proposição
matemática, e o processo é uma mera equação algébrica que admite
uma verdade, sendo os juízes os operadores de tal método que lhes dá
a tranquilidade de poderem decidir sem qualquer responsabilidade.
Aqui, necessariamente merece referência a figura de Ovídio
Araújo Baptista da Silva. Foi ele, Ovídio, quem soube fazer muito
bem a leitura do Direito Processual Civil a partir do racionalismo
presente no século XVII119. Foi Ovídio quem advertiu ser o processo
de conhecimento uma relíquia construída com base na ideia e
exigência de que a verdade advém do juízo de certeza logo após o
debate judicial. Essa verdade, para o são-borjense Ovídio, não tem
qualquer comprometimento com a justiça do caso. Essa verdade
é simplesmente decorrente de um método, da demonstração e da
dedução rigorosa, características de uma geometrização do direito,
cujo reflexo é a cisão entre o mundo dos conceitos e o mundo dos
fatos, bem nos moldes daquilo que pregava o empirista John Locke,
119 Consulte-se, por exemplo, SILVA, Ovídio A. Baptista da. Racionalismo e tutela
preventiva em processo civil. In: SILVA, Ovídio A. Baptista da. Sentença e coisa
julgada. 4. ed. rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
157
Hermenêutica Jurídica
Juízes não são os donos dos sentidos. Juízes devem respeito à tradição,
à Constituição e seus princípios. Juízes são pulverizadores do poder.
Sem essas noções não há democracia.
Capítulo 4
11 RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã – vol. 1: Discursos
e Homilias (1986-1999). Organização, apresentação e notas de Rudy Albino de
Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014, p. 176.
12 RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã – vol. 1: Discursos
e Homilias (1986-1999). Organização, apresentação e notas de Rudy Albino de
Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014, p. 176-177.
169
Hermenêutica Jurídica
e, assim, o mal não é mal porque está proibido por Deus, mas está
proibido por Deus por ser mal.
O jusnaturalismo propriamente dito, que tem a natureza
e a razão do homem como as fontes da lei da conduta humana, é
pelagiano. Se o homem possui por natureza, por virtude própria,
a norma de bem agir, e pode conhecê-la graças a sua razão, ou
seja, por seus próprios meios, o obrar bem não depende mais que
dele, homem, e sua natureza é boa, possuindo em si mesmo os
instrumentos para alcançar sua salvação. Então, explica Fassò17,
Santo Agostinho deu-se conta de que a tese de Pelágio é um
perigo. Isso porque o jusnaturalismo nega a corrupção da natureza
humana - inerente ao pecado original - e, por conseguinte, descarta
a necessidade da graça para agir bem e alcançar a salvação. Por isso,
diante da polêmica com Pelágio, o jusnaturalismo acaba sendo
abandonado por Agostinho. E daí por diante, nos anos posteriores
a 411, são as afirmações voluntaristas que abundarão na obra de
Santo Agostinho. A justiça já não mais consistirá na conformidade
da conduta com uma lei natural concebida ciceroniamente como
summa ratio. Justiça será, sim, aquilo que Deus quer. E a justiça se
diz de Deus porque vem ao homem de Deus, e não porque por ela
Deus é justo. Assim, também uma ação não constitui pecado senão
quando foi expressamente proibida por Deus.
Há uma passagem na Carta aos Romanos, de São Paulo, sobre
a lei que também os gentios possuem por natureza18, que Agostinho,
22 RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã – vol. 1: Discursos
e Homilias (1986-1999). Organização, apresentação e notas de Rudy Albino de
Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014, p. 66-67.
174
Adalberto Narciso Hommerding
43 RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã – vol. 2: Discursos e
Homilias (2000-2004) & Debates (1993-2000). Organização, apresentação e notas
de Rudy Albino de Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2015, p. 93-95.
180
Adalberto Narciso Hommerding
48 HEBECHE, Luiz. O escândalo de Cristo: ensaio sobre Heidegger e São Paulo. Ijuí:
Ed. Unijuí, 2005 (Coleção filosofia; 6), p. 85.
49 HEBECHE, Luiz. O escândalo de Cristo: ensaio sobre Heidegger e São Paulo. Ijuí:
Ed. Unijuí, 2005 (Coleção filosofia; 6), p. 355.
50 Cura, ou cuidado, é palavra que tem um sentido ontológico, pois pretende romper
com a ideia metafísica de que todos os enigmas da filosofia estariam resolvidos por
uma resposta objetiva sobre a origem e o fim do ser e dos entes. Com Heidegger, a
hermenêutica deixa de ser normativa e passa a ser filosófica. A compreensão, então,
é entendida como estrutura ontológica do Dasein (ser-aí), onde o Da (o aí) é como
as coisas, ao aparecerem, chegam ao ser, não sendo esse modo uma propriedade do
ser, mas, sim, o próprio ser. O único ente que compreende ser é o homem (Dasein), o
ser-aí, que é o ser-no-mundo, que é cuidado (Sorge). O cuidado é temporal (zeitlich).
A compreensão do ser se dá na temporalidade e, por meio do cuidado, ela recebe
182
Adalberto Narciso Hommerding
minhas Confissões é ver, não o que eu fui, mas o que eu sou (Confissões,
X, 4)53. O debate de Heidegger com Santo Agostinho tem por
objetivo a compreensão da vida fática, subjazendo à tematização
de Agostinho a tarefa de destruição (Destruktion) das Confissões X, o
que, consoante Hebeche54, anteciparia, em Ser e tempo, a destruição
da ontologia, pretendida por Heidegger.
Confissões é um livro de altíssima qualidade filosófica. Santo
Agostinho percebe que entre ele e as elevadas questões filosóficas
que coloca existe um intermediário. Entre o ser humano real e as
ideias universais da filosofia, portanto, existe um hiato. Nós não
temos um conhecimento direto dessas ideias universais como Deus
ou os anjos têm. Nós só temos o conhecimento concreto das
coisas concretas da nossa vida, imediatas, e procuramos por trás
delas esses conceitos universais que as articulem, as expliquem.
Esses conceitos universais, porém, nos chegam de uma maneira
obscura. Agostinho, então, pergunta-se: o que me separa dessa
inteligência universal capaz de aprender essas grandes realidades de
uma maneira mais nítida? Ele percebe que aquilo que está no meio
é um espelho opaco, constituído pela sua própria personalidade.
Essa personalidade é cheia de temores, preconceitos, auto-engano.
Então, há que se limpar esse espelho para poder enxergar algo ali.
Agostinho, assim, percebe a raiz do conhecimento filosófico no auto-
conhecimento tomado no sentido da confissão cristã. Assim, temos
os seguintes elementos: a) o conhecimento filosófico a que ele
aspira; b) o estado real da individualidade concreta, com toda a sua
miséria, sua ignorância, com seu esquecimento, seu auto-engano
etc.; c) entre os dois elementos existe a narrativa; e d) essa narrativa
é feita perante o quarto elemento, o observador onisciente, ouvinte,
que é o próprio Deus. A realidade tomada no seu conjunto é o que
Deus sabe55.
53 SANTO AGOSTINHO. Os pensadores. Tradução de J. Oliveira Santos, S.J., e A.
Ambrósio de Pina, S.J. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 262.
54 HEBECHE, Luiz. O escândalo de Cristo: ensaio sobre Heidegger e São Paulo. Ijuí:
Ed. Unijuí, 2005 (Coleção filosofia; 6), p. 408.
55 CARVALHO, Olavo de. A consciência de imortalidade. Campinas, SP: Vide Editorial,
2021, p. 26; 46-47; 82-83.
184
Adalberto Narciso Hommerding
que não possa ser entendido como resposta a uma pergunta, e que
somente assim pode ser entendido. Esse é o fenômeno hermenêutico
originário que invoca, portanto, uma visão dialógica, eco da
doutrina agostiniana do verbum cordis.
Agostinho, portanto, desvaloriza a palavra externa e, com
ela, todo o problema da multiplicidade das línguas. A palavra
externa, assim como a que somente é reproduzida interiormente,
está vinculada a uma determinada língua (lingua). O fato de que o
verbo se diga em cada língua de outra maneira, explica Gadamer80,
somente significa que não se lhe manifesta em seu verdadeiro ser
à língua humana. Para Agostinho, então, a verdadeira palavra, o
verbum cordis, é inteiramente independente dessa manifestação. A
palavra interna, assim, é o espelho e a imagem da palavra divina.
Por isso, quando Agostinho e a Escolástica tratam do problema do
verbo para ganhar meios conceituais para o mistério da trindade,
seu tema é exclusivamente essa palavra interior, a palavra do coração
e sua relação com a intelligentia.
De acordo, pois, com a concepção agostiniano-gadameriana
sobre a universalidade do Logos interior, a verdade da elocução não
está nela mesma, nos sinais escolhidos em cada momento, mas no
todo que ela descerra. O intento de Hans-Georg Gadamer é libertar
a pretensão de verdade da linguagem do solo do enunciado, pois não
existe nenhuma elocução que possa ser concebida unicamente
segundo o conteúdo que ela propõe, caso se queira concebê-la
em sua verdade. Assim, cada elocução é motivada; cada elocução
tem pressupostos que ela mesma não expressa. A universalidade
da linguagem, portanto, não é a da linguagem falada, mas a da
palavra interior81. Para Agostinho, portanto, não chegamos à
verdade: é a verdade que chega a nós e nos abarca em nosso lugar de
internamento corporal. O resultado não é, ou não é principalmente, a
Carvalho, é uma experiência subjetiva: - eu sei que existo, mas, para que eu exista e seja
capaz de refletir a respeito disso, preciso admitir que existe a linguagem de que me valho
para raciocinar; além disso, o “logo existo” é uma conclusão, é algo que supõe as noções
de anterioridade e posterioridade, o que será outro dado subordinante do cogito. Assim,
ao dizer penso, logo existo, Descartes afirma não só o seu eu, mas a própria infinidade
de elementos que compõem o universo e lhe permitem dizer isso. Por sinal, Descartes tem
tremenda dificuldade para, a partir da existência do seu eu, fundamentar o conhecimento
do mundo exterior; para tanto invoca a ideia de um Deus bondoso, que não criaria
todo o universo apenas para enganá-lo – o que é evidentemente uma apelação; o Deus
invocado é um elemento externo à reflexão que vinha desenvolvendo. Ele não raciocina
como Santo Agostinho, o qual percebe de saída que o eu não tem fundamento próprio e
supõe antecedentes. O Deus cartesiano é ex machina. CARVALHO, Olavo de. Mário
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