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Resumo
Com a divulgação do IFRS 16, surgiram divergências nas interpretações e relevância do Ebitda das empresas que possuem considerável
valor em seu ativo imobilizado advindos de contratos de leasing. O Ebitda é um índice essencial à geração de informações sobre o
desempenho organizacional, a situação econômico-financeira das empresas e, até mesmo, com relação a seu gerenciamento. Todavia,
seu resultado pode diferenciar-se em virtude das normas contábeis aplicadas. O objetivo deste trabalho é realizar uma análise
comparativa do cálculo do Ebitda com a adoção da norma internacional de contabilidade - IFRS16, que trata de contratos de
arrendamento mercantil nas empresas de capital aberto no Brasil. A amostra foi constituída por seis empresas listadas na B3 do
segmento de comércio de tecidos, vestuários e calçados no exercício de 2018. As conclusões se limitam à amostra e ao período
analisado, tendo em vista a metodologia empregada na construção da pesquisa. Considerando o indicador margem Ebitda, os resultados
sugerem que não há diferenças significativas nas médias antes e depois da adoção do IFRS 16. O EBITDA é considerado uma medida
gerencial, pouco explorada no mundo acadêmico pelos literários da área contábil, no entanto, corresponde a um dos indicadores mais
importantes do ponto de vista de mercado de capitais por ser entendido como principal indicador de geração de caixa.
RESUMO
Com a divulgação do IFRS 16, surgiram divergências nas interpretações e relevância do
Ebitda das empresas que possuem considerável valor em seu ativo imobilizado advindos de
contratos de leasing. O Ebitda é um índice essencial à geração de informações sobre o
desempenho organizacional, a situação econômico-financeira das empresas e, até mesmo,
com relação a seu gerenciamento. Todavia, seu resultado pode diferenciar-se em virtude das
normas contábeis aplicadas. O objetivo deste trabalho é realizar uma análise comparativa do
cálculo do Ebitda com a adoção da norma internacional de contabilidade - IFRS16, que trata
de contratos de arrendamento mercantil nas empresas de capital aberto no Brasil. A amostra
foi constituída por seis empresas listadas na B3 do segmento de comércio de tecidos,
vestuários e calçados no exercício de 2018. As conclusões se limitam à amostra e ao período
analisado, tendo em vista a metodologia empregada na construção da pesquisa. Considerando
o indicador margem Ebitda, os resultados sugerem que não há diferenças significativas nas
médias antes e depois da adoção do IFRS 16.
ABSTRACT
With the disclosure of IFRS 16, divergences in the interpretations and relevance of the Ebitda
of companies that have considerable value in their fixed assets arose from leasing contracts.
Ebitda is an essential index for generating information on organizational performance, the
economic and financial situation of companies and, even, in relation to their management.
However, its result may differ due to the accounting standards applied. The objective of this
work is to carry out a comparative analysis of the Ebitda calculation with the adoption of the
international accounting standard - IFRS16, which deals with leasing contracts in publicly
traded companies in Brazil. The sample consisted of six companies listed in B3 in the fabric,
clothing and footwear trade segment in 2018. The conclusions are limited to the sample and
the period analyzed, in view of the methodology used in the construction of the research.
Considering the Ebitda margin indicator, the results suggest that there are no significant
differences in the averages before and after the adoption of IFRS 16.
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1 INTRODUÇÃO
Até a aprovação da Lei n 11.638/2007, e, também, com a realização de estudos
científicos, sob ênfase no cenário brasileiro, apresentava-se a linguagem contábil como não
homogênea, fator este que, em termos internacionais, era caracterizado como um dos
obstáculos à expansão internacional das empresas e ao investimento direto estrangeiro,
principalmente, devido à necessidade de uma linguagem contábil comparável acessível aos
usuários da informação, dispersos geograficamente, o que levou à necessidade de avançar no
processo de harmonização internacional.
Estudos anteriores à Lei n 11.638/2007, indicavam fatores limitadores em relação à
harmonização das normas contábeis brasileiras às internacionais. Lemes e Carvalho (2006)
enfatizam que, num âmbito mundial, a harmonização é um movimento que surgiu como
forma de atender à maximização da utilidade da informação contábil para todos os usuários,
principalmente, para os mercados de capitais. Algumas consequências positivas enfatizadas
pelos autores é que a harmonização poderá orientar analistas e investidores na alocação de
capital e ajudar a disciplinar e facilitar o cumprimento das práticas de auditoria.
Sob o enfoque específico relacionado à divulgação das demonstrações contábeis pelas
normas internacionais, Carvalho (2006) afirma que as normas contábeis internacionais são
eficazes agentes de desenvolvimento econômico, atuando como principal - conquanto de
longe, não o único, veículo de exposição de boas empresas a mercados investidores,
permitindo que as empresas captem recursos baratos, que, consequentemente, gerem emprego
e renda.
Neste contexto, as normas internacionais de Contabilidade (IFRS – International
Financial Reporting Standards) estão em constante atualização e revisão a fim de assegurar o
aprimoramento das instruções contábeis e garantir a informações contábeis de qualidade aos
usuários das informações contábeis.
Nesse interim, entrou em vigor em janeiro de 2019 a IFRS 16 correspondente ao CPC
06 (R2) referente a Leasing e contratos de arrendamento, a norma unifica as operações de
Leasing Operacional e Financeiro, do ponto de vista do arrendatário, fazendo com que seja
reconhecido ativo sobre o direito de uso do contrato e passivo sobre os pagamentos de
aluguel, tendo assim, reconhecidos no resultado, juros em relação ao passivo e depreciação
em relação ao ativo.
Embora para fins de Lucro Líquido esta alteração seja menos representativa, a nova
norma possui impacto relevante em relação ao reconhecimento dos custos e das despesas de
aluguel, uma vez que estes gastos, antes eram contemplados no cálculo do EBITDA, e a partir
da nova norma passam a não ser contemplados no cálculo do indicador.
O EBITDA é considerado uma medida gerencial, pouco explorada no mundo
acadêmico pelos literários da área contábil, no entanto, corresponde a um dos indicadores
mais importantes do ponto de vista de mercado de capitais por ser entendido como principal
indicador de geração de caixa.
Nesse contexto, o estudo visa responder a seguinte questão de pesquisa: Quais são as
implicações na análise do EBITDA pós adoção do IFRS16 nas empresas de capital aberto no
Brasil?
Assim, o objetivo do presente estudo será avaliar a relevância do EBITDA frente aos
impactos da adoção do IFRS16 pelas empresas de capital aberto no Brasil listadas na B3 do
setor de Consumo Cíclico e Subsetor de Comércio.
Para tanto, busca-se identificar os impactos da adoção da IFRS 16 no resultado
contábil das empresas e o impacto deste no cálculo do EBITDA, bem o impacto normativo do
IFRS 16 como mais um item de divergência e distanciamento entre EBITDA e FCO.
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Essa pesquisa justifica-se devido a preocupação em vincular aspectos referentes à
qualidade da informação contábil aos usuários externos, principalmente em relação ao
mercado de capitais em relação a relevância do EBITDA. Além disso, o trabalho também se
justifica pelas implicações da regulação das normas contábeis com a introdução da IFRS16.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo o IBRACON (NPC 27), "as demonstrações contábeis são uma representação
monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das
transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das
demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e
financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla
variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram
os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados”.
Tais informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas às
demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados futuros e os fluxos
financeiros futuros da entidade.
A linguagem contábil não é homogênea em termos internacionais. Cada país tem suas
práticas contábeis próprias, suas particularidades, seus critérios próprios e diferentes para
reconhecer e mensurar cada transação. Isto significa dizer, que o lucro de uma empresa
brasileira não é o mesmo se adotadas as práticas contábeis de outros países, dificultando a
compreensão dos usuários pela falta de uniformidade (NIYAMA, 2010).
Em contrapartida, os investidores são atraídos para mercados que eles conhecem e
possuem confiança. Os agentes econômicos buscam informações sobre a performance
empresarial e avaliam os riscos para realizar seus investimentos. Com isso, relatórios
contábeis sempre são desejados pelos investidores que pretendem mensurar a conveniência e
oportunidade para se concretizar seus negócios. Portanto, a importância da contabilidade
ultrapassou as fronteiras, não se restringe apenas ao campo doméstico, passou a servir de
instrumento de processo decisório em nível internacional, principalmente no atual cenário de
globalização dos mercados (NIYAMA, 2010).
Verifica-se que os países que adotam as normas internacionais de contabilidade levam
grande vantagem sobre os demais, visto que os investidores estrangeiros buscam informações
confiáveis e que permitam a comparabilidade no processo de tomada de decisões. Com a
harmonização das normas internacionais de contabilidade, a empresa que adota este critério,
terá menos custos na divulgação das suas demonstrações ao se comunicar com investidores
em vários mercados e ainda obterá a facilidade de comunicação.
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um passivo de arrendamento que representa sua obrigação de fazer pagamentos de
arrendamento.
Um arrendatário mede os ativos de direito de uso de forma similar a outros ativos não
financeiros (tais como ativo imobilizado) e os passivos de arrendamento de forma similar a
outros passivos financeiros. Como consequência, um arrendatário reconhece a depreciação do
ativo de direito de uso e os juros sobre o passivo de arrendamento. A depreciação
normalmente seria linear. Na demonstração dos fluxos de caixa, um arrendatário separa o
montante total de dinheiro pago em capital (apresentado dentro das atividades de
financiamento) e juros (apresentados dentro de atividades operacionais ou de financiamento)
de acordo com a IAS 7.
Ativos e passivos decorrentes de arrendamento mercantil são inicialmente mensurados
com base no valor presente. A medição inclui pagamentos de arrendamento não passíveis de
cancelamento (incluindo pagamentos ligados à inflação), e também inclui os pagamentos para
ser feita em períodos opcionais se o arrendatário é razoavelmente determinado para exercer
uma opção para estender a locação, ou não exercer uma opção para terminar a de
concessão. O ativo de locação inicial é igual ao passivo de locação na maioria dos casos.
O ativo de arrendamento é o direito de usar o ativo subjacente e é apresentado na
demonstração da posição financeira como parte do ativo imobilizado ou como um item de
linha próprio.
O IFRS 16 transporta substancialmente as exigências contábeis do arrendador no IAS
17. Consequentemente, um arrendador continua a classificar seus arrendamentos como
arrendamentos operacionais ou arrendamentos financeiros, e a contabilizar esses dois tipos de
arrendamento diferentemente.
A IFRS 16 substitui a IAS 17, em vigor a partir de 1º de janeiro de 2019, com a
aplicação antecipada permitida. A IFRS 16 tem as seguintes disposições de transição:
• Arrendamentos financeiros existentes: continuam a ser tratados como
arrendamentos financeiros.
• Locações operacionais existentes: opção de atualização retrospectiva
completa ou limitada para refletir os requisitos da IFRS 16.
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indicadores, neste caso, da margem EBITDA antes e após IFRS 16. Para isso, considera-se
como hipótese nula H0 que a Margem EBITDA calculada com base nos demonstrativos
financeiros das empresas do subsetor de comércio de tecidos, vestuários e calçados não
sofreram diferenças significativas após normatização do IFRS 16.
A hipótese alternativa H1 implica que há indícios que a Margem EBITDA calculada
com base nos demonstrativos financeiros das empresas do subsetor de comércio de tecidos,
vestuários e calçados sofreram diferenças significativas após normatização do IFRS 16.
A Tabela 3 apresenta os resultados do teste efetuado.
Com base na Tabela 3, pode-se observar pelo teste de Wilcoxon que, dado um nível de
significância de 5%, há evidência de não rejeição da hipótese nula (H0), uma vez que o p-
valor foi de 0,1159. Ou seja, os resultados sugerem que não há diferenças significativas nas
médias antes e depois da adoção do IFRS 16.
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