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Intemporalidade Lusitana

Ana Beatriz Costa, Carolina Fonseca, Lívia Jorge

Um assombroso relato das epopeias marítimas lusitanas retratado na


poesia e na arte.

Desde o início do século XV, com as Descobertas marítimas, o Homem


debate-se com a força voraz do mar que tenta dominar. No entanto, o
conhecimento dos confins do mundo não conseguiu afastar esses horrores
que sobreviveram ao tempo, para nos relembrarem destes perigos, que
continuam presentes na nossa memória.

Fernando Pessoa com o intuito de levar o


povo português à construção do Quinto Império,
retratou na sua obra Mensagem o passado glorioso
das Descobertas, sendo impossível no entanto não
mencionar as dificuldades daqueles que sentiram o
impulso de conhecer e dominar o mundo. Essas
desgraças encontram-se associadas a seres
monstruosos que habitavam os confins do mar. Tal
encontra-se presente na obra de Max Beckmann,
artista do Expressionismo e também na de Aníbal
Ruivo, artista contemporâneo, que transmitiram os
aspetos negativos da história marítima.

Max Beckmann, em “Naufrágio


do Titanic”, não poupa em detalhes a
representação da agonia e sofrimento
impingido nos seres humanos, vítimas
de um naufrágio tão ou mais trágico
do que aqueles experienciados pelos
navegadores, interligando-se com o
poema “Mar Português”, onde
transparece a agitação e agonia
humana - “Por te cruzarmos, quantas
mães choraram/ Quantos filhos em
vão rezaram!/ Quantas noivas ficaram
por casar/ Para que fosses nosso, ó
mar!”
A obra “Mostrengo” de Aníbal
Ruivo revalida os mesmos aspetos
tenebrosos do seu homónimo. Apesar
de pouco definida, a nossa mente
consegue identificar o traçado de um
barco preso numa tempestade.
Através da utilização de cores escuras
e intensas associado com traços
grossos e distorcidos transmite o lado
calamitoso e sinistro da vida no mar.
Estas descrições feitas com precisão
encontram-se também na poesia
pessoana - “Meus tetos negros do fim
do mundo?”.

Com a perspetiva da atualidade, é com facilidade que estabelecemos


relações entre estas obras de arte intensas. Nos poemas, o tom emotivo e a
linguagem expressiva atribui uma noção detalhada daquilo que também se
representa nestas pinturas. Por quantos mais anos é que o Homem será
colocado à mercê destes horrores? Seguramente para sempre, pois é
impossível apagar os testemunhos destes artistas.
Webgrafia
(Pela ordem das imagens apresentada acima)

1. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/32/Pessoa_chapeu.j
pg - Retrato de Fernando Pessoa
2. https://wahooart.com/Art.nsf/O/8XYK38/$File/Max-Beckmann-Sinking-of
-the-Titanic.JPG - Obra de Max Beckmann “Naufrágio do Titanic”, 1912
3. https://www.artmajeur.com/medias/standard/p/a/parodia05/artwork/5486
527_mostrengo_2000_(acr+_El.)_90x75.jpg - Obra de Aníbal Ruivo
“Mostrengo”, 2000

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