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01 - Texto 2
Bandidos espalham cartazes em área onde houve deslizamentos de terra nas últimas chuvas,
alertando moradores para não despejar detritos em beco. Medida seria tomada porque venda
de drogas é interrompida quando a região alaga”.
Para melhorar a escritura da frase extraída do cartaz aludido no texto 2 “Caso contrário,
varrerá até a Rua 1”, poderíamos incluir um sujeito explícito, cuja forma mais adequada seria:
a) o morador da Rocinha;
b) o habitante descuidado;
c) o infrator da “lei”;
d) a facção rival;
e) o traficante da comunidade.
Considerando que o pronome ele, com suas formas flexionadas ela, eles, elas, pode exercer
função de sujeito, mas não de objeto direto do verbo, a expressão que pode ser substituída
por esse pronome está sublinhada em:
b) O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins
de reciclagem. (3° parágrafo)
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c) A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os
mares do planeta... (2° parágrafo)
d) Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central.
(3° parágrafo)
03 – “Onde, sob os olhos dos juízes, o direito é derrubado pela iniquidade e a verdade pela
mentira, são derrubados os próprios juízes”.
c) no segmento “sob os olhos dos juízes” não se pode substituir a forma “sob” por “sobre”;
e) no segmento “são derrubados os próprios juízes” não se pode colocar o sujeito (os
próprios juízes) antes do verbo (são derrubados).
1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como
descreveria o estágio atual dessa crise?
Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será
afetada pela escassez de água. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o
aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os principais
impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países
já estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.
2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?
Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais
sofisticada do mundo. Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações
de mais rápido crescimento do mundo, é abundante em água. Penso que todos têm algo a
aprender com o exemplo de Israel.
3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que
papel acredita que essas riquezas brasileiras poderiam vir a desempenhar?
Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a
água às vezes está disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez.
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O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico
e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático construir um
encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso
que outras formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam
usar outras técnicas.
4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou
recentemente uma grave crise hídrica. Como vê essa situação?
Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda
chance. Estes dias de melhor abastecimento de água quase certamente não durarão muito.
Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier, haja
menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.
Até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será afetada pela escassez de
água
Colocando-se o segmento sublinhado na função de sujeito, uma nova redação para a frase
acima, em que se respeitam as regras de pontuação, está em:
a) A escassez de água, afetará grande parte da massa, terrestre mundial, até 2025.
b) Com a escassez de água até 2025, afetar-se-á grande parte da massa terrestre mundial.
c) Até 2025, a escassez de água afetará grande parte da massa terrestre mundial.
d) A escassez de água afetará, grande parte, da massa terrestre mundial até 2025.
e) Grande parte da massa terrestre mundial, até 2025, afetará a escassez de água.
05 – Amazônia, berço de civilizações? Se a expressão soa estranha aos seus ouvidos, é porque
as descobertas recentes sobre o passado da maior floresta tropical do mundo ainda não tinham
sido reunidas num conjunto coerente.
Isso acontece porque esses povos manejavam a distribuição natural de espécies da mata,
favorecendo a predominância de espécies que eram úteis para eles, como as castanheiras que
produzem a castanha-do-pará.
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Ao longo do tempo, além das plantações propriamente ditas, eles passaram a ficar cercados
por "florestas antropogênicas" (ou seja, geradas em grande medida pela ação humana) que
facilitavam um bocado sua vida.
a) morfológico e sintático.
b) morfológico e semântico.
c) semântico e etimológico.
d) semântico e textual;
e) sintático e semântico.
Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de
povoadores. Portugueses oriundos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do
governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde anteriormente estavam
situadas as Missões.
A partir da década de vinte do século XIX, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda
de imigrantes europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem
habilitação profissional e pudessem oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser
importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Os primeiros imigrantes que
chegaram foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em glebas de terra situadas nas
proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o perfil da economia
do atual estado.
Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora
praticada. Depois, estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram
por beneficiar o Rio Grande. Pela primeira vez havia, no país, uma região em que
predominavam os homens livres, que viviam de seu trabalho, e não da exploração do trabalho
alheio.
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As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande.
Trouxeram a agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades,
consolidaram um mercado interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora
o poder político ainda fosse detido pelos grandes senhores das estâncias e charqueadas, o
poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se consolidando.
a) a oração para formar uma camada social de homens livres (2º parágrafo) tem
valor causal.
e) configura-se como agente da voz passiva o termo pelos grandes senhores (4º
parágrafo)
Todas as Constituições brasileiras foram lacônicas e genéricas ao tratar das relações entre
cultura e Estado. Não creio que se deve propriamente lamentar esse vazio nos textos da Lei
Maior. Ao Estado cumpre realizar uma tarefa social de base cujo vetor é sempre a melhor
distribuição da renda nacional. Na esfera dos bens simbólicos, esse objetivo se alcança, em
primeiro e principal lugar, construindo o suporte de um sistema educacional sólido conjugado
com um programa de apoio à pesquisa igualmente coeso e contínuo.
A sociedade brasileira não tem uma “cultura” já determinada. O Brasil é, ao mesmo tempo,
um povo mestiço, com raízes indígenas, africanas, europeias e asiáticas, um país onde o ensino
médio e universitário tem alcançado, em alguns setores, níveis internacionais de qualidade e
um vasto território cruzado por uma rede de comunicações de massa portadora de uma
indústria cultural cada vez mais presente.
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(Adaptado de: BOSI, Alfredo. Entre a Literatura e a História. São Paulo: Editora 34,
2013, p. 393-394)
b) no caso de substituição da forma Não creio por Não é crível, o sujeito manter-se-á o
mesmo.
d) no caso de substituição de Não creio por Não tenho a convicção, a regência seguinte
passará a ser nominal.
e) uma forma da voz ativa equivalente a que se deve propriamente lamentar é que deve
ser propriamente lamentado.
“Mulher do Fim do Mundo” ficará em cartaz nos dias 20 e 27 de outubro, no Sesc Araxá.
Entrada é franca e a classificação é 16 anos.
Uma montagem solo amapaense traz à reflexão a figura da mulher contemporânea como
resistência de luta e superação. “Mulher do Fim do Mundo” será a atração nos dias 20 e 27 de
outubro no salão de eventos do Sesc Araxá, em Macapá.
A peça tem a assinatura da Associação Artística Casa Circo, que foi premiada este ano.
Jones Barsou, diretor do espetáculo, diz que esse olhar sobre a mulher é feito de forma brutal,
que se ameniza ou se agita ainda mais com momentos de dança.
O texto é forte e fala da mulher diante de seus conflitos internos. A atriz, bailarina e artista
circense Ana Caroline é quem dá vida à personagem.
“A todo o momento a mulher é obrigada a impor uma política que valide o seu corpo e o
seu discurso enquanto ser significante na sociedade. Essa condição seria desnecessária se a
vida de cada pessoa fosse restrita a ela”, comenta Barsou.
Serviço
Mulher do Fim do Mundo
Data: 20 e 27 de outubro
Horário: 20h
Local: salão de eventos do Sesc Araxá − Rua Jovino Dinoá, bairro Araxá
Classificação: 16 anos
Entrada franca
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(Texto adaptado. Disponível em: https://g1.globo.com)
a) Jones Barsou, diretor do espetáculo, diz que esse olhar sobre a mulher é feito de forma
brutal... (2o parágrafo)
d) a mulher é obrigada a impor uma política que valide o seu corpo e o seu discurso...
(4 parágrafo)
o
e) Essa condição seria desnecessária se a vida de cada pessoa fosse restrita a ela...
(4o parágrafo)
10 – Texto 2:
Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem cotidiana, usamos
os dois termos indistintamente. Vivemos em uma sociedade onde a eficiência e os resultados
são valorizados. Aparentemente, apenas os mais inteligentes estão destinados a obter
sucesso. No entanto, apenas os sábios conseguem uma felicidade autêntica. Eles são guiados
por valores e preocupados em fazer uso da bondade, aplicando uma visão mais otimista à
vida.
Se procurarmos agora no dicionário o termo sabedoria, será encontrada uma definição
simples: a faculdade das pessoas de agir de maneira sensata, prudente ou correta. Sendo
assim, a primeira pergunta que vem à mente é: a inteligência não nos dá a capacidade de nos
movimentarmos no nosso dia a dia da mesma maneira? Um QI médio ou alto não nos garante
a capacidade de tomar decisões acertadas?
É claro que sim. Também é claro que quando falamos de inteligência surgem diferentes
nuances. Por isso, o tipo de personalidade e a maturidade emocional são fatores que
influenciam mais concretamente as realizações das pessoas. Isso também é verdadeiro em
relação à capacidade de investir mais ou menos em seu próprio bem-estar e no dos outros.
Em vista disso, inteligência e sabedoria são dois conceitos interessantes. Assim, poderemos
ter uma ideia mais precisa e útil do que realmente são. Afinal, se queremos algo, além de ter
um alto QI, é necessário desenvolver uma sabedoria excepcional e moldar uma personalidade
virtuosa. Isso vai um passo além do cognitivo e do emocional. “A verdadeira sabedoria está
em reconhecer a própria ignorância.” Sócrates.
Disponível em https:amentemaravilhosa.com.br/inteligencia-e-sabedoria/
Em todas as frases abaixo (texto 2) sublinhamos formas verbais de primeira pessoa do plural,
em que o sujeito é quantitativamente impreciso.
O caso em que o sujeito de uma dessas formas abrange o maior universo possível de
pessoas é:
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b) “Vivemos em uma sociedade onde a eficiência e os resultados são valorizados”;
d) “Assim, poderemos ter uma ideia mais precisa e útil do que realmente são”;
e) “Afinal, se queremos algo, além de ter um alto QI, é desenvolver uma sabedoria
excepcional e moldar uma personalidade virtuosa”.
11 – Necessidade interior
Uma coisa que não podemos fazer é forçar o tempo interior. Cada coisa tem seu momento
de maturação, e apressá-la significaria debilitá-la, uma fatal distorção. Num segmento do teu
tempo, tens um conjunto de coisas que estão desorganizadas, e subitamente se introduz aí
um elemento que organiza tudo.
Algo assim me ocorreu de uma maneira muito intensa, em meados de 1960. Uma vivência
sentimental que tive, muito forte, pôs-se de repente a exigir de mim uma expressão, uma
manifestação que fosse além da expressão direta desse sentimento mesmo. Senti que tinha
algo a dizer, a criar. Foi dessa forma tão elementar que tudo começou. Foi assim que me fiz
escritor.
Vou falar da palavra pessoa, que persona lembra. Acho que aprendi o que vou contar com
meu pai. Quando elogiavam demais alguém, ele resumia sóbrio e calmo: é, ele é uma pessoa.
Até hoje digo, como se fosse o máximo que se pode dizer de alguém que venceu numa luta,
e digo com o coração orgulhoso de pertencer à humanidade: ele, ele é um homem.
Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os
atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela
expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.
Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e
que a máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco
sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto
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o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que
vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em
diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade
horrível de não ser. E a hora da escolha.
Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma
que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não,
não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto
que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível.
É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o
primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo
que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-
se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.
É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que
de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara
de guerra de vida cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem com
um ruído oco no chão. Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para
ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser
morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.
(Adaptado de: LISPECTOR, Clarice. “Persona”, em Clarice na cabeceira: crônicas. Rio de Janeiro, Rocco
Digital, 2015)
... era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma
máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria
exprimir. (2o parágrafo)
Fazendo-se as devidas alterações na frase acima, caso o segmento “uma máscara” seja
transformada em sujeito da oração a que pertence, o verbo por ele regido deverá assumir a
seguinte forma:
a) pregavam-se
b) seria pregada
c) era pregada
d) eram pregados
e) havia sido pregada
13 – Explicar ou compreender?
Muitas coisas podemos explicar sem, propriamente, compreender. Mas a pessoa humana, em
sua dimensão mais íntima e profunda, só pode ser compreendida, jamais explicada. Posso
explicar, segundo a lei da gravidade, a queda de uma pedra do décimo andar de um edifício.
A pedra está totalmente sujeita à lei da gravidade, que a determina por inteiro, de modo a
permitir uma explicação cabal desse fenômeno físico, dentro do princípio estrito da causalidade
mecânica. Se, entretanto, um homem desesperado atira-se desse mesmo andar, o fato passa
a pertencer a nível fenomênico inteiramente distinto. Posso explicar a queda do seu corpo pela
mesma lei da gravitação, mas, nessa medida, estou a assimilá-lo à pedra, e meu juízo é apenas
o de um físico interessado na queda dos corpos. Se quero interpretar o seu gesto, tenho que
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compreendê-lo em seu significado, tenho que aceitá-lo em sua irredutível integridade. Será
sempre um ato significativo, pleno de interioridade; uma resposta criadora da vontade, embora
destrutiva, de uma liberdade pessoal acuada, frente a uma situação interna insuportável.
Se a pessoa humana é explicada, e não compreendida, destroem-se sua escolha e sua
liberdade e, assim, degrada-se a sua história existencial. Sem liberdade interior não há história
a ser compreendida, só fenômenos mecânicos. O homem, como pessoa, é um permanente
emergir da necessidade, e essa emergência transcendente constitui o seu projeto como ser-
no-mundo − projeto que não se pode explicar, mas que se deve buscar compreender.
(Adaptado de: PELLEGRINO, Hélio. Lucidez embriagada. São Paulo: Planeta, 2004, p. 28-29)
a) Uma pessoa complexa (S) só pode ser compreendida (C), jamais explicada.
b) A transcendência (S) constitui o seu projeto (C) como ser-no-mundo.
c) Pode-se explicar a lei da gravidade (C) pelos princípios da Física (S).
d) Sem liberdade interior (C) não há história (S) a ser compreendida.
e) A queda de um homem desesperado (S) não é equivalente (C) à de uma pedra.
Kalina Vanderlei Silva / Maciel Henrique Silva, Dicionário de conceitos históricos. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 412
Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma ferramenta de
sobrevivência e passou a ser um instrumento da organização da vida comunitária. Ou seja, foi
usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade
não se desenvolveria nem se complexificaria. Essa desigualdade social é o fenômeno em que
alguns indivíduos ou grupos desfrutam de bens e valores exclusivos e negados à maioria da
população de uma sociedade. Tal desigualdade aparece em condições históricas específicas,
constituindo-se em um tipo de violência fundamental para a constituição de civilizações.
“Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns
teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se complexificaria”. Sobre um
componente desse segmento do texto 2, é correto afirmar que:
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e) a forma verbal no futuro do pretérito – desenvolveria – indica uma possibilidade.
15 – Texto associado:
Em relação aos verbos da tirinha e sua natureza sintática, analise as afirmativas a seguir:
Assinale
O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir
são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e
em muitos animais.
Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo,
imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata
possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão
representativa à imitação. Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o
de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em
muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas
no ser humano.
A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição
e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição
musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado.
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Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos
admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados.
Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas
brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer
descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons,
carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez
sejam essenciais para a realização criativa, por exemplo, audácia, confiança, pensamento
independente?
Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta.
As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem
da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que
possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é
“emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que
é tomado de empréstimo.
(Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Cia. das Letras,
2017, ed. digital)
O segmento que exerce a mesma função sintática do sublinhado acima está também
sublinhado em:
17 – Vejo pela manhã os escolares caminhando rumo aos estabelecimentos de ensino. Uma
boa percentagem carrega o malote nas costas, preso pelas correias passando pelos ombros.
Assim usam meus netos. Meus filhos imitaram os pais, conduzindo os livros numa bolsa, levada
na mão esquerda. A recomendação clássica é ter sempre a mão direita livre, desocupada,
pronta para a defesa.
Esse transporte da bolsa estudantil parece pormenor sem importância. Mesmo assim foi
anotado há mais de vinte séculos em versos latinos. O poeta Quinto Horácio Flaco faleceu oito
anos antes de Jesus Cristo nascer. No primeiro livro das Sátiras, a sexta inclui essa referência,
recordação do menino Horácio, filho de liberto, indo para a aula do brutal Orbílio Pupilo, ex-
soldado em Benavente: Laevo suspensi locutos tabulamque lacerto. Antônio Luís Seabra
(1799-1895), tradutor de Horácio, divulgou o “No braço esquerdo com tabela e bolsa”. Essas
“tabelas” eram as placas de madeira encerada onde escreviam. Valiam os livros
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contemporâneos. A figura do escolar atravessando as ruas da tumultuosa Roma no ano 55 e
que seria o eternamente vivo Horácio, volta aos meus olhos, nessa janela provinciana e
brasileira, aos seis graus ao sul da Equinocial.
(CASCUDO, Câmara, “Indo para a Escola”, em História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro:
Global, 2012)
18 – TEXTO I.
Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem,
não é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o
coração para escanteio, ele é superimportante. “É um órgão vital. É dele a função de bombear
sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital
do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de
bombeamento independentes. Com essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança
para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando de tamanho. E o que
tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada.
O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial”.
Nesse segmento do texto, há duas formas verbais na terceira pessoa do plural: dizem e
moram.
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19 – Ciência e religião
Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho
científico, contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras impostas pela comunidade
científica. A inspiração para se fazer ciência é completamente subjetiva e varia de cientista
para cientista. Mas o produto de suas pesquisas tem um valor universal, fato que separa
claramente a ciência da religião.
Quando tantas pessoas estão se afastando das religiões tradicionais em busca de outras
respostas para seus dilemas, é extremamente perigoso equacionar o cientista com o sacerdote
da sociedade moderna. A ciência oferece-nos a luz para muitas trevas sem a necessidade da
fé. Para alguns, isso já é o bastante. Para outros, só a fé pode iluminar certas trevas. O
importante é que cada indivíduo possa fazer uma escolha informada do caminho que deve
seguir, seja através da ciência, da religião ou de uma visão espiritual do mundo na qual a
religião e a ciência preenchem aspectos complementares de nossa existência.
(GLEISER, Marcelo. Retratos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 46-47)
Quando confrontada a duas teorias – uma simples e outra complexa – para explicar um
problema, a maior parte das pessoas não hesita em favorecer a primeira, também qualificada
como elegante. “Em muitos casos, porém, a complexa pode ser mais interessante”, lembra o
filósofo Marco Zingano, da Universidade de São Paulo. Segundo ele, a escolha é natural na
cultura ocidental contemporânea porque o pensamento dessas civilizações foi moldado por
Aristóteles e Platão, os filósofos de maior destaque na Grécia Antiga, para quem a metafísica
da unidade tinha como paradigma a simplicidade.
Um dos problemas que ocuparam Platão e Aristóteles foi a acrasia, que leva uma pessoa a
tomar uma atitude contrária à que sabe ser a correta. Se está claro, por exemplo, que uma
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moderada dose diária de exercícios é suficiente para prevenir uma série de doenças graves e
trazer benefícios à saúde, por que alguém optaria por passar horas deitado no sofá e se
locomover apenas de carro? Para Sócrates, a resposta era simples: guiado pela razão, o ser
humano só deixa de fazer o que é melhor se lhe faltar o conhecimento.
Platão discordava, e resolveu o dilema dividindo a alma em três partes: um par de cavalos
alados conduzidos por um cocheiro que representa uma delas, a razão. Um dos cavalos,
arredio, só pode ser controlado a chicotadas e representa os apetites. O outro é a porção
irascível da alma. É o impulso, em geral obediente à razão, mas que pode levar a decisões
impetuosas em determinadas situações. “O que determina as ações seriam fontes distintas de
motivação”, observa Zingano. Platão pensou o conflito como interno à alma, dando lugar à
acrasia. Já Aristóteles dedicou um livro de sua Ética ao fenômeno.
Um dos problemas que ocuparam Platão e Aristóteles foi a acrasia... (3º parágrafo) O
segmento grifado exerce, na frase acima, a mesma função sintática que o segmento também
grifado em:
a) ... guiado pela razão, o ser humano só deixa de fazer o que é melhor se...
b) ... o pensamento dessas civilizações foi moldado por Aristóteles e Platão.
c) Eles procuraram domar conceitos diversos do Universo...
d) ... conduzidos por um cocheiro que representa uma delas, a razão.
e) ... só pode ser controlado a chicotadas e representa os apetites...
Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, elevando a fatia dos brasileiros com ensino
médio e superior em andamento ou concluído. Ou seja, houve mais ofertas de trabalhadores
dessa classe. E muitos profissionais podem ter ingressado no nível mais elevado de
escolaridade, mas com o mesmo salário, o que reduz a média de ganho da categoria. "Nos
últimos anos, as pessoas ficaram mais tempo na escola e a oferta de profissionais com ensino
médio e superior aumentou. O crescimento da escolaridade também foi impulsionado pelo
aumento do número de universidades privadas", disse Naercio.
O segmento grifado acima possui a mesma função sintática que o destacado em:
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d) ... elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio...
e) ... impulsionado pelo aumento do número de universidades...
22 – Texto
A população brasileira
A convivência entre diferentes povos deu à população brasileira uma de nossas principais
características: a grande diversidade de costumes e tradições, que faz do nosso país um lugar
muito rico culturalmente.
A diversidade nem sempre foi respeitada em nosso país. Desde a chegada dos portugueses,
em 1500, inúmeras situações de preconceito têm ocorrido em razão das diferenças de etnia,
religião, sexo, classe social, nacionalidade, idade.
Muita coisa ainda precisa melhorar, mas hoje existem leis que proíbem quaisquer
manifestações e atitudes de preconceito. Elas também determinam que todos devem ser
tratados com igualdade, respeito e tolerância.
“Elas também determinam que todos devem ser tratados com igualdade, respeito e tolerância”
Com a utilização da forma passiva “devem ser tratados”, o autor consegue o seguinte
efeito:
a) identifica-se o sujeito.
b) não se atribui a ação verbal a ninguém.
c) localiza-se a ação verbal no passado.
d) torna a ação verbal obrigatória.
e) o agente da ação verbal passa a ser indeterminado.
23 – “Os primeiros habitantes do território, hoje conhecido como Brasil, chegaram(1) aqui há
milhares de anos. Por volta de 1500, havia diferentes povos indígenas espalhados por todo o
território. Em 1500, chegaram(2) os portugueses e, no século XVI, eles começaram a trazer
os povos africanos. Assim, pode-se dizer que a população brasileira se originou do encontro
desses três grupos”.
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Nesse segmento do texto, a forma verbal que mostra sujeito posposto é:
a) chegaram(1).
b) havia.
c) chegaram(2).
d) começaram a trazer.
e) se originou.
Estamos no último dia da Semana Nacional do Trânsito e vamos encerrar falando sobre o
tema que foi bem escolhido pelo Denatran: Seja Você a Mudança no Trânsito.
(....) Nesta semana nacional do trânsito pelo menos mil pessoas vão ter morrido nas ruas
e nas estradas. Não podemos mais tolerar esses números e, para que isso mude realmente, é
preciso que você e cada um de nós sejamos de fato os agentes da mudança na direção de um
trânsito mais seguro. Com certeza você pode contribuir para isso, aproveite esta semana para
refletir e conversar sobre o tema com seus entes queridos e amigos, afinal, quem morre no
trânsito é amigo ou parente de alguém. Ninguém está livre disso.
Rodolfo Alberto Rizzotto (adaptado)
“Deveríamos aproveitar a importância desta semana para refletir sobre nosso comportamento
como pedestres, passageiros, motoristas, motociclistas, ciclistas, pais, enfim, como cidadãos
cujas ações tem reflexo na nossa segurança, assim como dos demais".
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25 – Assinale a opção em que as duas ocorrências sublinhadas pertencem à mesma classe
gramatical.
b) Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para
mudar as que posso e sabedoria para distinguir entre elas.
c) Estatística é a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comestes nenhum,
teremos comido, em média, meio frango cada um.
d) A inteligência é o farol que nos guia, mas é a vontade que nos faz caminhar.
e) Quando eu era jovem, descobri que nove de cada dez coisas que eu fazia eram um
fracasso.
26 – Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois que Guimarães Rosa conduzia
do pasto ao sonho, julguei que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um deles
num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só um boi.
Mas por que diabos um poema panfletário de um cara de vinte anos de idade, que morava
num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado
naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância? O
fato é que na época eu estava lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu
direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom
poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse
que era um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poema panfletário?
Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido no asfalto; sei que era exatamente
isso o que eu queria; queria que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi
de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo completamente estranho para
ele, sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos
homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, sem saber muito bem onde
ele entrava nessa história toda de opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo
libertador, eu queria um boi poema concreto no asfalto, para que minha impotência diante dos
donos do poder se configurasse no berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou
minha índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo de resistência.
Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no asfalto; sei até onde está o velho
caderno com o velho poema. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em
outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, transformado em minha própria
estrela.
(Adaptado de: GUERRA, Luiz, "Boi no Asfalto", Disponível em: www.recantodasletras.com.br. Acessado em: 29/10/2015)
Considere:
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I. No segmento ... que morava num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um
boi? (2° parágrafo) os verbos sublinhados possuem o mesmo sujeito.
II. Na oração ... o que é que um boi pode fazer num poema panfletário? (2° parágrafo), o
segmento sublinhado é expletivo, de modo que pode ser suprimido sem prejuízo para a
correção.
III. No segmento ... as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância... (2°
parágrafo), a locução verbal sublinhada pode ser substituída por "tivesse chegado a ver", por
estar no pretérito-mais-que-perfeito.
a) I e III.
b) I.
c) II.
d) II e III.
e) I e II.
28 – No estudo sintático, é comum ensinar‐se que os termos essenciais da oração são o sujeito
e o predicado. Mas, encontramos muitas vezes orações classificadas como “sem sujeito". Como
explicar ser um termo essencial e, ao mesmo tempo, não estar presente na oração?
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29 – Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.
Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista Marcos Resende primeiro tratou de
verificar que estava vivo, bem vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária
eletrônica: “Hoje é 27 e eu não morri. Não posso atender porque estou na outra linha dando
a mesma explicação”. Quando li esta nota, me lembrei de como tudo neste mundo caminha
cada vez mais depressa. Em 1862, chegou aqui a notícia da morte de Gonçalves Dias.
O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue chegou a
Marselha com um morto a bordo. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação da
quarentena. Gonçalves Dias tinha ido se tratar na Europa e logo se concluiu que era ele o
morto. A notícia chegou ao Instituto Histórico durante uma sessão presidida por d. Pedro II.
Suspensa a sessão, começaram as homenagens ao que era tido e havido como o maior poeta
do Brasil.
Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O imperador, em pleno Instituto Histórico, só
podia ser verdade. Ofícios fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província. Vinte e
cinco nênias saíram publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juvenal Galeno e Bernardo
Guimarães debulharam lágrimas de esguicho, quentes e sinceras. O grande poeta! O grande
amigo! Que trágica perda! As comunicações se arrastavam a passo de cágado. Mal se
começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois chegou o desmentido: morreu, uma
vírgula! Vivinho da silva.
A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É mentira! Não morri, nem morro, nem
hei de morrer nunca mais!” Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.”
Todavia, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coincidência. Em 1864, trancado na
sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da costa do Maranhão. Seu corpo não foi encontrado.
Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não morreu.
[...]
(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia das Letras, 2011, p.107-8)
O segmento grifado exerce na frase acima a mesma função sintática que o segmento
também grifado em:
Nunca possuímos tantas coisas como hoje, mesmo que as utilizemos cada vez menos. As
casas em que passamos tão pouco tempo são repletas de objetos. Temos uma tela de plasma
em cada aposento, substituindo televisores de raios catódicos que há apenas cinco anos eram
de última geração. Temos armários cheios de lençóis; acabamos de descobrir um interesse
obsessivo pelo “número de fios”. Temos guarda-roupas com pilhas de sapatos. Temos
prateleiras de CDs e salas cheias de jogos eletrônicos e computadores. Temos jardins
equipados com carrinhos de mão, tesouras, podões e cortadores de grama. Temos máquinas
de remo em que nunca nos exercitamos, mesa de jantar em que não comemos e fornos triplos
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em que não cozinhamos. São os nossos brinquedos: consolos às pressões incessantes por
conseguir o dinheiro para comprá-los, e que, em nossa busca deles nos infantilizam. [...]
Exatamente como quando as marcas de moda põem seus nomes em roupas infantis, uma
cozinha nova de aço inoxidável nos concede o álibi do altruísmo quando a compramos.
Sentimo-nos seguros acreditando não se tratar de caprichos, mas de investimento na família.
E nossos filhos possuem brinquedos de verdade: caixas e caixas de brinquedos que eles deixam
de lado em questão de dias. E, com infâncias cada vez mais curtas, a natureza desses
brinquedos também mudou. O Mc Donald’s se tornou o maior distribuidor mundial de
brinquedos, quase todos usados, para fazer merchandising de marcas ligadas a filmes. [...]
Na minha vida, devo admitir que andei fascinado pelo brilho do consumo e ao mesmo
tempo enojado e com vergonha de mim mesmo diante do volume do que nós todos
consumimos e da atração superficial, mas forte, que a fábrica do querer exerce sobre nós.
(Sudjic, Deyan. A linguagem das coisas, Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.)
b) “Na minha vida, devo admitir que andei fascinado pelo brilho do consumo" / estado
permanente;
c) “As casas em que passamos tão pouco tempo são repletas de objetos" / continuidade de
estado;
A gerontologia, palavra cunhada em 1903, é a ciência que estuda a velhice. Como um campo
de saber específico, cria profissionais e instituições encarregados da formação de especialistas
no envelhecimento. Assim, uma nova categoria cultural é produzida: os idosos, como um
conjunto autônomo e coerente que impõe outro recorte à geografia social. A preocupação da
sociedade com o processo de envelhecimento deve-se, sem dúvida, ao fato de os idosos
corresponderem a uma parcela da população cada vez maior.
Terceira idade é uma expressão que surge na década de 1970, quando foi criada na França
a primeira universidade voltada para pessoas com setenta anos ou mais. Essa expressão não
é apenas uma forma de nomear os mais velhos sem uma conotação pejorativa. Sinaliza, antes,
mudanças no significado da velhice. Trata-se de celebrar a velhice como sendo um momento
privilegiado para o lazer. A invenção da terceira idade, ou "melhor idade", indicaria assim uma
experiência inusitada de envelhecimento, em que o prolongamento da vida nas sociedades
contemporâneas ofereceria aos mais velhos a oportunidade de dispor de saúde, independência
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financeira e outros meios apropriados para tornar reais as expectativas de que essa etapa da
vida é propícia à satisfação pessoal.
É, portanto, ilusório pensar que essas mudanças são acompanhadas de uma atitude mais
tolerante em relação às idades. A característica marcante desse processo é a valorização da
juventude, que é associada a valores e a estilos de vida, e não propriamente a um grupo etário
específico.
(BOTELHO, S. & SCHWARCZ, L. H. Agenda Brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 544-553)
Há uma explicação para a escultura de Picasso não ter sido reunida com frequência. Picasso,
o filho de pintor, treinado como pintor, não se levava a sério como escultor. Não considerava
as esculturas vendáveis ou tema de exposição. Ele as guardava em casa e no estúdio,
misturadas aos objetos da decoração. Depois de sua morte, em 1973, a organização do espólio
permitiu que obras fossem adquiridas por outras coleções. Embora as esculturas ficassem
longe do público, elas foram vistas por artistas que visitavam Picasso.
O diálogo do pintor com o escultor é constante. A escultura, diz a curadora Ann Temke,
adaptava-se ao temperamento irrequieto de Picasso, que se permitia improvisação no meio.
Na década em que predomina o metal, ela se diverte com a ideia do artista mais rico da história
frequentando ferros-velhos em busca de objetos.
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A influência da arte africana sobre a pintura de Pablo Picasso é conhecida. É só admirar as
sublimes Demoiselles D'Avignon, que moram no quinto andar do MoMA. Mas só quando
apreciamos a obra em escultura a conexão fica mais evidente e compreensiva. Ann Temke
lembra que a visita de Picasso ao Museu Etnográfico de Paris, em 1907, por sugestão do amigo
e pintor André Derain, foi um divisor de águas. “A noção de fazer um espírito habitar uma
figura vem daí", diz ela. “Você não olha para a escultura europeia daquele tempo e pensa
neste poder mágico."
A curadora vê na representação erótica das formas femininas uma âncora do diálogo entre
o pintor e o escultor. “Ele estava mapeando a renovação de sua linguagem em duas e três
dimensões ao mesmo tempo."(Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. O Estado de S. Paulo. 26
Setembro 2015)
III. O elemento sublinhado em ...que moram no quinto andar do MoMA (3º parágrafo) é um
pronome, com o papel de sujeito na oração que introduz.
a) II.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) III.
Nos últimos dias, fomos bombardeados com estatísticas e reportagens alarmantes sobre
pais angustiados por não poder gastar o mesmo que gastaram no ano de 2014 no dia da
criança − em letras minúsculas. Não acredito em dia da criança em maiúsculas. Não há
celebração da infância (ou da maternidade e paternidade) que careça de compras. Todos
sabemos que são datas para movimentar o comércio e nada há de errado em aquecer a
atividade econômica. Mas, no caso das crianças, que não compreendem a comercialização do
afeto, é triste ver pais se desculpando por não poder comprar algo como se isto represente
uma falha em demonstrar dedicação aos filhos. Falar de dinheiro com os filhos parece quase
tão difícil quanto falar de sexo.
Num distante longo feriado, visitando uma família querida na costa oeste americana, me
surpreendi com a naturalidade de uma menina de oito anos, quando perguntei: “Qual é o plano
para amanhã?". “Compras", foi a resposta. A menina não me disse que precisava de um casaco
de inverno ou um livro para a escola. É possível que nada lhe faltasse no momento, mas o
programa seria comprar, verbo intransitivo. Minha surpresa era explicada pelo choque de
cultura e geração. Crescendo no Rio de Janeiro, o verbo comprar como uma atividade, tal
como ir à praia ou ao teatro, não era usado por crianças.
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Um jornalista americano, que foi um dos inventores da cobertura sobre finanças pessoais,
lançou, este ano, o livro O Oposto de Mimados: Criando Filhos Generosos, Bem Fundamentados
e Inteligentes Sobre Dinheiro. Ron Lieber começou a ser emparedado pela própria filha de três
anos com perguntas sobre dinheiro que o faziam engasgar. Ele se deu conta de que uma das
maiores ofensas que se pode fazer a mães e pais é descrever seus filhos como mimados. O
verbo é passivo. Mimados por quem?
Assim, não chega a surpreender que pais vejam o impedimento para comprar como um
fracasso pessoal.
(Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. Comprar, verbo intransitivo. In: Cultura-Estadão, 12/10/2015)
I. Na primeira frase do texto, as formas verbais “poder gastar" e “gastaram" têm o mesmo
sujeito.
II. No segmento É possível que nada lhe faltasse no momento... (2º parágrafo), caso se
substitua "nada" por "poucas coisas", o verbo "faltasse" deverá obrigatoriamente ser
flexionado no plural.
III. Em Não acredito em dia da criança em maiúsculas (1º parágrafo), não se pode acrescentar
uma vírgula imediatamente após “acredito", uma vez que "em dia da criança" é uma locução
adverbial.
a) I e II.
b) III.
c) II e III.
d) II.
e) I e III.
Michelangelo resistiu a pintar a capela não apenas por julgar que seria um projeto menor.
Relatos indicam que, na raiz disso, havia uma forte insegurança. O artista, que se considerava
um escultor, cortava de forma peremptória quando lhe pediam uma pintura: “não é minha
profissão”. Hoje, é curioso imaginar que o criador do teto da Capela Sistina possa ter resistido
a seu destino.
Michelangelo fez fortuna servindo a sete papas e a outros tantos notáveis, como o clã
florentino dos Medici. Nem sempre, porém, entregava o que prometia. Para sobreviver, enfim,
Michelangelo teve de enfrentar questões que afligem os seres humanos em qualquer tempo.
Como no caso de sua resistência a trocar a escultura pela pintura, quem nunca tremeu nas
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bases ao ser forçado a sair de sua zona de conforto? Em matéria de pressão competitiva, a
arte renascentista não diferia tanto do ambiente de busca pelo alto desempenho das
corporações modernas. O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor de seu gênio
numa Florença dominada por estrelas veteranas como Leonardo da Vinci.
O corpo humano foi o campo de batalha artística de Michelangelo. Como definiu o pintor
futurista Umberto Boccioni (1882-1916), essa era sua “matéria arquitetônica para a construção
dos sonhos”. Michelangelo criou corpos perfeitos, mas irreais: o Davi tem musculatura de
homem adulto, mas compleição de menino. Com isso, o artista resgatava a imagem juvenil
dos deuses gregos.
Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava,
adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire", diz ele, “leem-se
aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a
linguagem que neles se encontram." E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa
medida no louvor e na crítica das nossas coisas.
Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior
através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das
estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada
a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de
sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás.
Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde
percorreu as regiões mal-afamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e
Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao
sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas!
Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e
para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-
Hilaire o “nosso" Saint-Hilaire.
Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia
vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de
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Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento
parece apenas bom senso".
(Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso" Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São
Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202)
a) “Os livros de Auguste Saint-Hilaire (...) leem-se aos quinze anos como...”
c) Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos
avaliar as dificuldades e fadigas...
36 – Texto
A Globalização
A partir da segunda metade do século XX, o mundo parece ter ficado cada vez menor. Os
avanços nos sistemas de comunicação tornaram possível que pessoas de diferentes lugares
passassem a se falar e a estar em contato o tempo todo. As pessoas começaram a viajar mais
e, com isso, alteraram o seu modo de ver o mundo e de se relacionar.
Os satélites, a televisão e a Internet possibilitam que uma pessoa que mora no Brasil seja
informada de um fato que esteja ocorrendo do outro lado do mundo quase no exato momento
em que ele está acontecendo.
A globalização modificou a vida das pessoas no mundo e trouxe aspectos positivos, como o
maior contato entre indivíduos de lugares distantes e notícias em tempo real. Porém,
também trouxe aspectos negativos, entre os quais o aumento do desemprego, da pobreza e
de problemas sociais, como a violência urbana.
Alguns aspectos da globalização, como o acesso ao computador, ainda não são uma realidade
para milhões de pessoas no Brasil. Alguns programas sociais, porém, têm procurado levar
informação e conhecimento a todo o país.
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As duas ocorrências do pronome "se" sublinhadas indicam, respectivamente,
37 – FESTA
Uma explicação simples para a proliferação nas favelas e nos subúrbios de campinhos de terra
batida: o futebol, no Brasil, é esse fenômeno que leva à gloria e à fortuna um menino pobre,
quase sempre negro ou mulato, o que já o situa em um país que aboliu a escravidão mas não
a sua herança.
Pelé ou Neymar, esse menino serve de espelho às esperanças de um povo inteiro a quem o
futebol oferece uma oportunidade — rara, quase única — de se sentir o melhor do mundo. A
centralidade do futebol na vida dos brasileiros é razão de sobra para vivermos este mês em
estado de euforia como se na Copa do Mundo estivesse em jogo a nossa identidade. (...)
A Copa do Mundo revela ambiguidades de nosso tempo. Um bilhão e meio de pessoas assistem
às mesmas imagens confirmando o avanço da globalização. Mas o conteúdo das imagens a
que todos assistem afirma os pertencimentos nacionais, expressos com símbolos ancestrais,
bandeiras, emblemas, hinos entoados com lágrimas nos olhos. O nosso é cantado a capela
pelos jogadores e uma multidão em verde e amarelo desafiando o regulamento da FIFA,
entidade sem pertencimento que salpica no espetáculo, em poucas notas mal tocadas, o que
para cada povo é a evocação emocionada de sua história. No mundo de hoje comunicação e
mobilidade se fazem em escala global, mas os sentimentos continuam tingidos pelas cores da
infância.
O respeito às regras, saber ganhar e saber perder, são conquistas de um pacto civilizatório
cuja validade se testa a cada jogo. (...)
É essa irrupção do acaso que faz do futebol mais do que um esporte, um jogo, cuja emoção
nasce de sua indisfarçada semelhança com a própria vida, onde sucesso ou fracasso depende
tanto do imponderável. Não falo de destino porque a palavra tem a nobreza das tragédias
gregas, do que estava escrito e fatalmente se cumprirá. O acaso é banal, é próximo do
absurdo. É, como poderia não ter sido. Se o acaso é infeliz chamamos de fatalidade. Feliz, de
sorte. O acaso decide um jogo. Nem sempre a vida é justa, é o que o futebol ensina.
(...)
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A melhor técnica, o treino mais cuidadoso estão sujeitos aos deslizes humanos.
(...)
O melhor do futebol é a alegria de torcer. Essa Copa do Mundo vem sendo uma festa vivida
nos estádios, nas ruas e em cada casa onde se reúnem os amigos para misturar ansiedades.
A cada gol da seleção há um grito que vem das entranhas da cidade. A cidade grita. Nunca
tinha ouvido o Rio gritar de alegria. Um bairro ou outro, talvez, em decisões de campeonato.
Nunca a cidade inteira, um país inteiro. Em tempos de justificado desencanto e legítimo mau
humor, precisamos muito dessa alegria que se estende noite adentro nas celebrações e na
confraternização das torcidas.
(OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Festa. Seção: Opinião. O Globo, 21.6.2014, p. 20).
38 – Texto
A formação da cidadania
A interação contínua entre pensamento e ação permite ao homem tomar decisões, tanto
as de natureza particular – como a escolha de um curso ou profissão ou a compra de um par
de sapatos -, quanto as que terão consequências coletivas, como a eleição de governantes ou
a participação em manifestações públicas. Portanto, de modo geral, as decisões não são
arbitrárias. Não importa o grau de consciência política que o indivíduo possui, ou a massa de
conhecimentos de que ele dispõe sobre uma questão: há sempre uma dose de reflexão em
cada um dos seus atos.
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A formação do cidadão consiste em capacitá-lo a pôr ordem nesse processo, que se
desenvolve ao seu redor mas sempre explode dentro dele. A principal contribuição formativa
da educação é a de atuar sobre esse mecanismo mental decisório e ajustá-lo o mais
corretamente possível, equilibrando os conhecimentos, as habilidades e as atitudes segundo
padrões éticos, morais e outros, válidos para todos ou para a maioria das pessoas.
Não existe um método infalível para que alguém possa chegar, sempre, às melhores
decisões sobre todas as coisas, mas pode-se melhorar a capacidade de raciocínio com a
prática, o estudo, a crítica, a reflexão. O grande objetivo, que mais parece um ideal inatingível,
é conseguir que cada indivíduo se torne autônomo, isto é, que seja capaz de decidir por si
mesmo, não se sujeitando à interferências ou pressões externas. É o caminho que levará à
formação de cidadãos conscientes.
“É fácil de constatar que as ideias, as opiniões, as atitudes e as ações não seguem um esquema
simples, mecanicista e uniforme, pois as diferentes preocupações que atormentam o homem
se embaralham e se cruzam a cada instante e às vezes se chocam”.
aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela
minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
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Do rio da minha aldeia.
(Alberto Caeiro)
O elemento que exerce a mesma função sintática que o sublinhado acima encontra-
se em
Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante
a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as
casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e objetos de arte. O quebra-quebra era um
jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional debateu durante
meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser
considerados patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que
todos visitariam, preservando agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.
A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez
que estava começando uma nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua
origem, mas por sua capacidade e potencialidades pessoais? Não seria lógico destruir os
vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido segundo o qual
era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 330-331)
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e) Dessa escolha da Assembleia Nacional nasceram os museus.
41 – Texto 1 “Brasileiro adora elogio de estrangeiro. Ninguém questiona quando falam bem
da gente. Quando nos criticam, porém, a história é outra. Quem nos critica é mal-intencionado
– ou quer nos colonizar. Se a revista Economist publica na capa o Cristo Redentor em forma
de foguete, com a manchete 'o Brasil decola', é chamada de “a melhor revista do mundo". Se
traz o mesmo Cristo Redentor voando desgovernado, com a pergunta 'O Brasil estragou tudo?',
é acusada de 'instrumento do capital internacional'. Muito da dificuldade que encontramos em
lidar com a crítica decorre de insegurança em relação a nossa identidade nacional. Não
sabemos bem quem somos." (Alexandre Vidal Porto. Folha de São Paulo.) “Ninguém questiona
quando falam bem da gente. Quando nos criticam, porém, a história é outra. Quem nos critica
é mal- intencionado – ou quer nos colonizar". Assinale a opção que indica o problema estrutural
desse segmento do texto.
42 – Dia do Trabalho
Em abril de 1886, eclodiram nos Estados Unidos diversas greves, nas quais os operários
reivindicavam jornada de trabalho de oito horas diárias. Essa reivindicação baseava-se em um
raciocínio muito simples: se o dia tem 24 horas, deveria ser dividido logicamente em três
partes de oito horas - uma para o trabalho, outra para descanso e lazer e outra para o estudo.
Os anarquistas foram acusados de atirar a bomba, o que motivou uma grande campanha
na imprensa para reprimir o movimento. Alguns dias depois, oito líderes foram presos e
julgados rapidamente. Sete deles foram condenados a morte sem provas conclusivas sobre
seu envolvimento no atentado. Ao final do processo, dois condenados à morte tiveram a pena
transformada em prisão perpétua, um se suicidou na prisão e quatro foram enforcados em
praça pública.
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onde ocorreu o massacre de Chicago, o Dia do Trabalho é comemorado oficialmente na
primeira segunda-feira de setembro, desde 1894.
(Marcos Napolitano e Mariana Villaça)
43 – Dia do Trabalho
Em abril de 1886, eclodiram nos Estados Unidos diversas greves, nas quais os operários
reivindicavam jornada de trabalho de oito horas diárias. Essa reivindicação baseava-se em um
raciocínio muito simples: se o dia tem 24 horas, deveria ser dividido logicamente em três
partes de oito horas - uma para o trabalho, outra para descanso e lazer e outra para o estudo.
"Nesse momento uma bomba foi atirada na direção dos policiais, matando um deles e ferindo
vários outros”.
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a) "Nesse momento” se refere ao momento da morte do policial.
b) "foi atirada” se refere a uma ação praticada pela "bomba".
c) "na direção dos policiais" indica uma ação involuntária.
d) "matando" e "ferindo" são ações praticadas pelo mesmo agente.
e) "um deles' indica um policial qualquer, não uma quantidade.
44 – A justiça é o tema dos temas da Filosofia do Direito por conta da força de um sentimento
que atravessa os tempos: o de que o Direito, como uma ordenação da convivência humana,
esteja permeado e regulado pela justiça. A palavra direito, em português, vem de directum,
do verbo latino dirigere, dirigir, apontando, dessa maneira, que o sentido de direção das
normas jurídicas deve ser o de se alinhar ao que é justo.
O acesso ao conhecimento do que é justo, no entanto, não é óbvio. Basta lembrar que os
gregos, para lidar com as múltiplas vertentes da justiça, valiam-se, na sua mitologia, de mais
de uma divindade: Têmis, a lei; Diké, a equidade; Eirene, a paz; Eunômia, as boas leis;
Nêmesis, que pune os crimes e persegue a desmedida.
No mundo contemporâneo o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades, que
torna ainda mais problemático o acesso ao conhecimento do que é justiça, por meio da razão,
da intuição ou da revelação. Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
justiça, que surge como um valor que emerge da tensão entre o ser das normas do Direito
Positivo e de sua aplicação, e o dever ser dos anseios do justo. Na dinâmica dessa tensão tem
papel relevante o sentimento de justiça. Este é forte, mas indeterminado. Daí as dificuldades
da passagem do sentir para o saber. Por esse motivo, a tarefa da Teoria da Justiça é um
insistente e contínuo repensar o significado de justiça no conjunto de preferências, bens e
interesses positivados pelo Direito.
(Celso Lafer. O Estado de S. Paulo, A2, Espaço aberto, 18 de novembro de 2012, trecho)
45 – “As melhores e as mais lindas coisas do mundo não se podem ver nem tocar. Elas devem
ser sentidas com o coração. Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam,
e do caos nascem as estrelas.
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Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro
valor do homem é o seu caráter, suas ideias e a nobreza dos seus ideais.”
(Charles Chaplin)
a) “As melhores e as mais lindas coisas do mundo não se podem ver nem tocar.”
b) “Elas devem ser sentidas com o coração.”
c) “Não devemos ter medo dos confrontos.”
d) “Até os planetas se chocam.”
e) “...do caos nascem as estrelas.”
46 – Texto
O que chama atenção de todos nós neste momento é que nos debates políticos não aparece
com relevância a riqueza do conceito de verdade, pois os mesmos não demonstram sabedoria
humana, não se diz com transparência como as coisas são, não aparece a adequação entre a
inteligência e a realidade das coisas, e carece de humildade para dizer que a verdade não está
apenas naquilo que eu afirmo, ou que outros do meu partido estão afirmando, subestimando
o todo, e, portanto, nunca poderá ser nossa no sentido mais amplo. Esquecemo-nos muitas
vezes de sublinhar que a verdade tem uma dimensão ética de compromisso com aquilo que é
anunciado publicamente no discurso.
“O que chama atenção de todos nós neste momento é que nos debates políticos não aparece
com relevância a riqueza do conceito de verdade, pois os mesmos não demonstram sabedoria
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humana, não se diz com transparência como as coisas são, não aparece a adequação entre a
inteligência e a realidade das coisas, e carece de humildade para dizer que a verdade não está
apenas naquilo que eu afirmo...”.
Nesse segmento, as quatro frases sublinhadas são exemplos do que “chama atenção
de todos nós”. O problema de construção dessas frases é que
47 - Texto I
Pela lenda judaico-cristã, o homem nasceu em inocência. Mas a perdeu quando quis
conhecer o bem e o mal. Há uma distorção generalizada considerando que o pecado original
foi um ato sexual, e a maçã ficou sendo um símbolo de sexo.
Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia, Adão e Eva já tinham filhos pelos métodos
que adotamos até hoje. Não usaram proveta nem recorreram à sapiência técnica e científica
do ex-doutor Abdelmassih. Numa palavra, procederam dentro do princípio estabelecido pelo
próprio Senhor: “Crescei e multiplicaivos". O pecado foi cometido quando não se submeteram
à condição humana e tentaram ser iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal. A folha de
parreira foi a primeira escamoteação da raça humana. Criado diretamente por Deus ou
evoluído do macaco, como Darwin sugeriu, o homem teria sido feito para viver num paraíso,
em permanente estado de graça. Nas religiões orientais, creio eu, mesmo sem ser entendido
no assunto (confesso que não sou entendido em nenhum assunto), o homem, criado ou
evoluído, ainda vive numa fase anterior ao pecado dito original. Na medida em que se
interioriza pela meditação, deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges, o homem
busca a si mesmo dentro do universo físico e espiritual. Quando atinge o nirvana, lendo a obra
completa do meu amigo Paulo Coelho, ele vive uma situação de felicidade, num paraíso
possível. Adão e Eva, com sua imensa prole, poderiam ter continuado no Éden se não tivessem
cometido o pecado. A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso. Repito: o pecado
original não foi o sexo, o ato do sexo, prescrito pelo próprio latifundiário, dono de todas as
terras e de todos os mares. A responsabilidade pelo pecado foi a soberba do homem em ter
uma sabedoria igual à de seu Criador.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo)
Assinale a opção que indica a frase em que o sujeito aparece posposto ao verbo.
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48 – TEXTO 1 – DIREITO AFETIVO
49 – Não há hoje no mundo, em qualquer domínio de atividade artística, um artista cuja arte
contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin. A razão vem de que o tipo de Carlito
é uma dessas criações que, salvo idiossincrasias muito raras, interessam e agradam a toda a
gente. Como os heróis das lendas populares ou as personagens das velhas farsas de
mamulengos.
Carlito é popular no sentido mais alto da palavra. Não saiu completo e definitivo da cabeça
de Chaplin: foi uma criação em que o artista procedeu por uma sucessão de tentativas erradas.
Um dos traços mais característicos da pessoa física de Carlito foi achado casual. Chaplin
certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. O público riu:
estava fixado o andar habitual de Carlito.
Certa vez que Carlito trocou por outras as botinas escarrapachadas e a clássica cartolinha,
o público não achou graça: estava desapontado. Chaplin eliminou imediatamente a variante.
Sentiu com o público que ela destruía a unidade física do tipo. Podia ser jocosa também, mas
não era mais Carlito.
Note-se que essa indumentária, que vem dos primeiros filmes do artista, não contém nada
de especialmente extravagante. Agrada por não sei quê de elegante que há no seu ridículo de
miséria. Pode-se dizer que Carlito possui o dandismo do grotesco.
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Não será exagero afirmar que toda a humanidade viva colaborou nas salas de cinema para
a realização da personagem de Carlito, como ela aparece nessas estupendas obras-primas de
humor que são O garoto, Em busca do ouro e O circo.
Aqui é que começa a genialidade de Chaplin. Descendo até o público, não só não se
vulgarizou, mas ao contrário ganhou maior força de emoção e de poesia. A sua originalidade
extremou-se. Ele soube isolar em seus dados pessoais, em sua inteligência e em sua
sensibilidade de exceção, os elementos de irredutível humanidade. Como se diz em linguagem
matemática, pôs em evidência o fator comum de todas as expressões humanas.
(Adaptado de: Manuel Bandeira. “O heroísmo de Carlito”.Crônicas da província do Brasil. 2. ed. São Paulo,
Cosac Naify, 2006, p. 219-20)
Márcio Cotrim
Instalado o processo – que passa por várias etapas e pode levar anos, até séculos para ser
concluído -, trava-se discussão minuciosa e circunstanciada. De um lado, a busca da prova
indiscutível dos milagres do candidato à santidade. Do outro, aquele que traz a público as
informações de que ele não era tão santinho como parecia...
a) as informações;
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b) tão santinho;
c) a público;
d) discussão minuciosa;
e) à santidade.
51 – Cafezinho
Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe
disseram que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à
conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor
podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares
este recado simples e vago:
— Ele está? - alguém dará o nosso recado sem endereço. Quando vier o amigo e quando
vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a morte vier, o
recado será o mesmo:
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para
deixá-lo. Assim dirão:
— Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu dele está aí...
Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais.
Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós teremos saído há uns cinco minutos para
tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.
(Rubem Braga)
"Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram
que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão
de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café".
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Nesse segmento, a forma verbal que não tem agente identificado é
a) leio.
b) precisava falar.
c) disseram.
d) havia ido tomar.
e) chegou.
Faz hoje exatos 50 anos do chamado Comício da Central do Brasil, que funcionou como
acelerador para a conspiração já em andamento que acabaria por depor o presidente
constitucional João Belchior Marques Goulart, apenas 18 dias depois.
É bom olhar para trás para verificar que, pelo menos no terreno institucional, o país progrediu
bastante desde que chegou ao fim o ciclo militar, há 29 anos. É um dado positivo em uma
nação com tão formidável coleção de problemas e atraso em tantas áreas como o Brasil.
Ajuda-memória: o comício foi organizado pelo governo Goulart. Havia uma profusão de
bandeiras vermelhas pedindo a legalização do ainda banido Partido Comunista Brasileiro, o
que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com
que se atiça o touro na arena.
Se fosse pouco, havia também faixas cobrando a reforma agrária, anátema para os poderosos
latifundiários e seus representantes no mundo político.
Para completar, Jango aproveitou o comício para assinar dois decretos, ambos tomados como
“comunizantes" pelos seus adversários: o que desapropriava refinarias que ainda não eram da
Petrobrás e o que declarava de utilidade pública para fins de desapropriação terras rurais
subutilizadas.
Na visão dos conspiradores, eram dois claros atentados à propriedade privada e, como tais,
provas adicionais de que o governo preparava a comunização do país.
Cinquenta anos depois, é um tremendo progresso, do qual talvez nem nos damos conta, o fato
de que bandeiras vermelhas - ou azuis ou amarelas ou verdes ou brancas ou pretas - podem
ser tranquilamente exibidas em atos públicos sem que se considere estar ameaçada a ordem
estabelecida.
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Nos quase 30 anos transcorridos desde o fim do ciclo militar, foi possível, dentro da mais
absoluta ordem e legalidade, promover o impeachment de um presidente, ao contrário do
ocorrido em 1964, ano em que Jango foi impedido à força de exercer o poder.
Votei pela primeira vez para presidente em 1989, quando já tinha 46 anos. Meus filhos também
votaram pela primeira vez naquela ocasião, o que significa que uma geração inteira teve
capada parte essencial de sua cidadania durante tempo demais.
Hoje, votar para residente é tão rotineiro que ficou até meio monótono. Democracia é assim
mesmo.
Pena que esse avanço institucional inegável não tenha sido acompanhado por qualidade das
instituições. Espero que esse novo passo não leve 50 anos.
(Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 13/03/2014)
“Ajuda-memória: o comício foi organizado pelo governo Goulart. Havia uma profusão de
bandeiras vermelhas pedindo a legalização do ainda banido Partido Comunista Brasileiro, o
que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com
que se atiça o touro na arena”.
a) A frase “o comício foi organizado pelo governo Goulart” está na voz passiva e sua forma
ativa correspondente é “o governo Goulart organizou o comício”.
e) A forma verbal “se atiça” exemplifica o que se denomina construção com sujeito
indeterminado.
Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para viver noutro
mundo. A janela iluminada noite adentro isola o leitor da realidade da rua, que é o sumidouro
da vida subjetiva. Árvores ramalham. De vez em quando passam passos. Lá no alto estrelas
teimosas namoram inutilmente a janela iluminada. O homem, prisioneiro do círculo claro da
lâmpada, apenas ligado a este mundo pela fatalidade vegetativa do seu corpo, está suspenso
no ponto ideal de uma outra dimensão, além do tempo e do espaço. No tapete voador só há
lugar para dois passageiros: Leitor e autor.
O leitor ingênuo é simplesmente ator. Quero dizer que, num folhetim ou num romance
policial, procura o reflexo dos seus sentimentos imediatos, identificando-se logo com o
protagonista ou herói do romance.
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Isto, aliás, se dá mais ou menos com qualquer leitor, diante de qualquer livro; de modo geral,
nós nos lemos através dos livros.
Mas no leitor ingênuo, essa lei dos reflexos toma a forma de um desinteresse pelo livro
como obra de arte. Pouco importa a impressão literária, o sabor do estilo, a voz do autor. Quer
divertir-se, esquecer as pequenas misérias da vida, vivendo outras vidas desencadeadas pelo
bovarismo da leitura. E tem razão. Há dentro dele uma floração de virtualidades recalcadas
que, não encontrando desimpedido o caminho estreito da ação, tentam fugir pela estrada larga
do sonho.
Assim éramos nós então, por não sabermos ler nas entrelinhas. E daquela primeira fase
de educação sentimental, que parecia inevitável como as espinhas, passava quase sempre o
jovem monstro para uma crise de hipercrítica. Devido à necessidade de um restabelecimento
de equilíbrio, o excesso engendrava o excesso contrário. A pouco e pouco os românticos
perdiam terreno em proveito dos naturalistas. Dava-se uma verdadeira subversão de valores
na escala da sensibilidade e a fantasia comprazia-se em derrubar os antigos ídolos. Formava-
se muitas vezes, coincidindo com manifestações mórbidas que são do domínio da psicanálise,
um pedantismo da clarividência, tão nocivo como a intemperança imaginosa ou sentimental,
e talvez mais ingênuo, pois refletia um ressentimento de namorado ainda ferido nas suas
primeiras ilusões.
Na frase Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para
viver noutro mundo, os elementos sublinhados têm, respectivamente, a mesma função que os
sublinhados em:
54 – Viagens
Viagens de avião e de metrô podem guardar certa semelhança. Entre nuvens carregadas,
ou tendo o azul como horizonte infinito, o passageiro não sente que está em percurso; no
interior dos túneis, diante das velozes e uniformes paredes de concreto, o passageiro tampouco
sabe da viagem. Em ambos os casos, vai de um ponto a outro como se alguém o levantasse
de um lugar para pô-lo em outro, mais adiante.
Nesses casos, praticamente se impõe uma viagem interior. As nuvens, o azul ou o concreto
escuro hipnotizam-nos, deixam-nos a sós com nossas imagens e nossos pensamentos, que
também sabem mover-se com rapidez. Confesso que gosto desses momentos que, sendo
velozes, são, paradoxalmente, de letargia: os olhos abertos veem para dentro, nosso cinema
interior se abre para uma profusão de cenas vividas ou de expectativas abertas. Em tais
viagens, estamos surpreendentemente sós - uma experiência rara em nossos dias,
concordam?
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Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer engenhoca eletrônica, por favor: que
enfrente o vital desafio de um colóquio consigo mesmo, de uma viagem em que somos ao
mesmo tempo passageiros e condutores, roteiristas do nosso trajeto, produtores do nosso
sentido. Não é pouco: nesses minutos de íntima peregrinação, o único compromisso é o de
não resistir à súbita liberdade que nossa imaginação ganhou. Chegando à nossa estação ou ao
nosso aeroporto, retomaremos a rotina e nos curvaremos à fatalidade de que as obrigações
mundanas rejam o nosso destino. Navegar é preciso, viver não é preciso, diziam os antigos
marinheiros. É verdade: há viagens em que o menos importante é chegar.
(Adaptado de Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p. 207)
a) sujeito.
b) objeto direto.
c) objeto indireto.
d) adjunto adverbial.
e) adjunto adnominal.
56 – CIDADE URGENTE
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Os problemas da expansão urbana estão na conversa cotidiana dos milhões de brasileiros
que vivem em grandes cidades e sabem “onde o sapato aperta”. São reféns do metrô e do
ônibus, das enchentes, da violência, da precariedade dos serviços públicos. No vestibular, todo
estudante depara com a “questão urbana” e os pesquisadores se debruçam sobre o assunto,
que também é parte significativa da pauta dos meios de comunicação.
Não poderia ser diferente: com 85% da população nas cidades (chegará a 90% ao final
desta década), quem pode esquecer a relevância do tema?
Parece incrível, mas os grandes operadores do sistema econômico e político tratam os
problemas das cidades como grilos que irritam ao estrilar. Passados os incômodos de cada
crise, quem ganha dinheiro no caos urbano toca em frente seus negócios e quem ganha votos,
sua campanha. Só alguns movimentos populares e organizações civis - Passe Livre, Nossa São
Paulo e outros - insistem em plataformas, debates e campanhas para enfrentar os problemas
e encontrar soluções sustentáveis.
A criação do Ministério das Cidades, no governo Lula, fazia supor que o Brasil enfrentaria o
desafio urbano, integrando as políticas públicas no âmbito municipal, estabelecendo
parâmetros de qualidade de vida e promovendo boas práticas. Passados quase 12 anos, o
ministério é mais um a ser negociado nos arranjos eleitorais.
A gestão é fragmentada, educação para um lado e saúde para outro, habitação submetida
à especulação imobiliária, saneamento à espera de recursos que vão para as grandes obras
de fachada, transporte inviabilizado por um século de submissão ao mercado do petróleo. A
fragmentação vem do descompasso entre União, Estados e municípios, desunidos por um
pacto antifederativo, adversários na disputa pelos tributos que se sobrepõem nas costas dos
cidadãos.
(....) Uma nova gestão urbana pode nascer com a participação das organizações civis e
movimentos sociais que acumularam experiências e conhecimento dos moradores das
periferias e usuários dos serviços públicos. Quem vive e estuda os problemas, ajuda a achar
soluções.
Sobre a estrutura sintática do período “Quem vive e estuda problemas, ajuda a achar
soluções” a única alternativa com uma afirmação correta é
57 – Texto associado
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Em relação aos verbos da tirinha e sua natureza sintática, analise as afirmativas a seguir;
Assinale
58 – Perspectiva de Montesquieu
Já nas primeiras páginas do Espírito das leis ele adverte o leitor contra um possível mal-
entendido no que diz respeito à palavra “virtude", que emprega amiúde com significado
exclusivamente político, e não moral. Para Montesquieu, o correto conhecimento dos fatos
humanos só pode ser realizado cientificamente na medida em que eles sejam visados como
são e não como deveriam ser. Enquanto não forem abordados como independentes de fins
religiosos e morais, jamais poderão ser compreendidos. As ciências humanas deveriam
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libertar-se da visão finalista, como já haviam feito as ciências naturais, que só progrediram
realmente quando se desvencilharam do jugo teológico.
Para o debate moderno das relações que se devem ou não travar entre os âmbitos do
direito, da ciência e da religião, Montesquieu continua sendo um provocador de alto nível.
a) Montesquieu preferiu guiar-se pelos valores civis, em vez de se deixar levar pelo finalismo
religioso.
b) A um espírito sensível e religioso não convém ler um filósofo como Montesquieu buscando
apoio espiritual.
c) Um estudo sério da história das ciências jurídicas não pode prescindir dos métodos de
que se vale Montesquieu em O espírito das leis.
59 – Bárbaros
A hipocrisia é uma característica comum dos impérios, mas alguns exageram. Quando a rainha
Vitória se declarou chocada com os bárbaros chineses em revolta contra os ingleses, no fim
do século XIX, não mencionou que a revolta era uma reação dos chineses à obrigação de
importar o ópio que os ingleses plantavam na Índia, tendo destruído sua agronomia no
processo.
Havia sempre bárbaros convenientes nas fronteiras dos impérios: orientais fanáticos, monstros
primitivos, tiranos sanguinários.
As razões do mais forte continuam chamando-se razões históricas. As razões dos mais fracos
são “protestos raivosos desses bárbaros rebeldes”, que teimam em se opor à sua dominação
pelos mais fortes. E como são os vencedores que se encarregam de contar a História...
(Adaptado de Luís Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)
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O termo sublinhado em Sabe-se quão barbaramente os ingleses subjugaram os hindus exerce
a função de ......, a mesma função sintática que é exercida por ...... na frase Cometeram-se
incontáveis violências contra os hindus.
60 – Texto associado
c) Passando-se a frase “restaura as franquias legais” (l.5) para a voz passiva pronominal,
obtém-se, segundo as normas da escrita padrão: restaura-se as franquias legais.
e) Entende-se, pela expressão “respeito inapelável à voz das urnas” (l.8-9), que o estadista
teve de apelar ao respeito para ser ouvido pelos seus eleitores.
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61 – Texto associado
62 – Voluntário
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? Eh lá, não te apures que é lançante.
E se o outro não entende:
? Devagar pelas pedras, amigo!
Está sempre recomendando calma e jeito; bota a mão no
ombro do voluntário insofrido e diz-lhe, olhos nos olhos:
? Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião,
homem!
O outro, surpreso, ia queimar-se, mas o rosto claro e
amical do velho o desarma. Ainda assim, pergunta:
? Mas por quê?
? Porque senão te abombachas no banhado, chê!
Como tem prática de campo e prática de cidade, prática
de enchente, de seca, de incêndio, de rodeio, de eleição, de
repressão a contrabando e prática de guerra (autobiografia
oral), propõe, de saída, a divisão dos serviços em setores bem
caracterizados:
? Pois não sabes que tropa grande se corta em mais de
um lote pra que vá mais ligeiro?
Ajuda mesmo, em vez de atrapalhar, e procura impedir
que outros atrapalhem, o que às vezes aumenta um pouco a
atrapalhação, mas tudo se resolve com bom humor. Vendo o
rapazinho imberbe que queria tomar a si o caso de uma família
inteira, que perdera tudo, afasta-o de leve, explicando:
? Isto não é cancha pra cavalo de tiro curto.
Nomeia o rapazinho seu ajudante-de-ordens, e daí a
pouco a família sente que, depois de tudo perder, achara uma
coisa nova: proteção e confiança.
Anima a uns e outros, não quer ver ninguém triste
demais da conta. Suspende no ar o garotinho que não fala nem
chora, porque ficou idiotizado de terror, puxa-lhe o queixo, dálhe
uma pancadinha no traseiro, e diz-lhe:
? Estás que nem carancho em tronqueira, piazito! Toma
lá este regalo.
O regalo é um reloginho de pulso, de carregação, que
ele saca do bolso da calça como se fosse mágico - e é capaz
de tirar outros, se aparecerem mais garotos infelizes.
[...]
(Carlos Drummond de Andrade. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. único, 2003, p.570-571)
O velho gaúcho foi ajudar, no posto mais próximo do hotel em que se hospedara, o serviço
de assistência aos desabrigados pelo temporal.
A função sintática do termo grifado acima é a mesma do termo, também grifado, da frase:
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63 – Texto associado
a) O emprego de vírgula após a palavra "Rússia" (l.5) justifica-se por isolar elementos de
mesma função gramatical componentes de uma enumeração.
b) O trecho "que afligem a sociedade" (l.9) constitui uma oração subordinada adjetiva
explicativa.
c) Na linha 11, o emprego do sinal de dois-pontos justifica-se por anteceder uma citação de
outro texto.
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boas e pacíficas, mas a violência, a corrupção e a fraude
13 inutilizavam em algumas partes as leis e os esforços leais dos
governos. Votos vendidos, votos inventados, votos destruídos,
era difícil alcançar que todas as eleições fossem puras e
16 seguras. Para a violência havia aqui uma classe de homens,
felizmente extinta, a que chamam pela língua do país,
kapangas ou kapengas. Eram esbirros particulares,
19 assalariados para amedrontar os eleitores e, quando fosse
preciso, quebrar as urnas e as cabeças. Às vezes quebravam
só as cabeças e metiam nas urnas maços de cédulas. Estas
22 cédulas eram depois apuradas com as outras, pela razão
especiosa de que mais valia atribuir a um candidato algum
pequeno saldo de votos que tirar-lhe os que deveras lhe foram
25 dados pela vontade soberana do país. A corrupção era menor
que a fraude; mas a fraude tinha todas as formas. Enfim,
muitos eleitores, tomados de susto ou de descrença, não
28 acudiam às urnas.
b) Caso a expressão "aqui se fez" (L.4) seja substituída por aqui foi feita, prejudica-se a
correção gramatical do período.
65 – 1 Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. Seus sintomas
incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa imunidade, flutuações de
humor, entre outros. Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na
esteira de dispositivos que emitem luz azul.
2 Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia. Velas e lenha produziam luz
amarelo-avermelhada e não havia iluminação artificial à noite. A luz do fogo não é problema
porque o cérebro interpreta a luz vermelha como sinal de que chegou a hora de dormir. Com
a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada da manhã.
3 Assim, um dos responsáveis pelo declínio da qualidade do sono nas duas últimas décadas
é a luz azulada que emana de aparelhos eletrônicos; mas um dano ainda maior acontece
quando estamos acordados, fazendo um malabarismo obsessivo com computadores
e smartphones.
4 A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos - e muitos gastam bem mais que isso. Não é problema de uma minoria.
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Pesquisadores nos aconselham a usar o celular por menos de uma hora diariamente. Mas o
uso excessivo do aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o
termo “nomofobia" (uma abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever
a fobia de ficar sem celular.
(Adaptado de: ALTER, Adam. Irresistível. São Paulo: Objetiva, edição digital)
Mas o uso excessivo do aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o termo
“nomofobia" (uma abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever a fobia
de ficar sem celular. (4° parágrafo)
a) consequência.
b) oposição.
c) finalidade.
d) condição.
e) causa.
a) causa.
b) condição.
c) concessão.
d) consequência.
e) oposição.
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4. Eduardo Viveiros de Castro − Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo
seus últimos séculos, visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente. Nossa espécie já
enfrentou situações piores. Contudo, há motivo para inquietação. Como gerir a expansão
demográfica neste momento em que a superpopulação oferece um perigo para nós mesmos?
Talvez estejamos diante de um impasse antropológico, que é também biológico. A distinção
entre natureza e cultura se apagou: se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens"
estarem imbricadas, agora não há mais. Vemos que a cultura é uma força natural, e que a
natureza está envolvida em redes culturais. Portanto, é absurdo tentar distingui-las.
(Trecho adaptado de entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Disponível em: www.scielo.br)
68 – Da alegria
Fico comovido toda vez que ouço o finalzinho da música que Chico Buarque escreveu para
a filha recém-nascida, dizendo o seu melhor desejo: “... e que você seja da alegria sempre
uma aprendiz...”
Haverá coisa maior que se possa desejar? Acho que não. E penso que Beethoven
concordaria: ao final de sua maior obra, a Nona Sinfonia, o que o coral canta são versos da
“Ode à alegria” de Schiller. Já o filósofo Nietzsche não se envergonhava de tratar desse assunto
de tão pouca respeitabilidade acadêmica (em nossas escolas a alegria não é tópico de nenhum
currículo), ele dizia que o nosso único pecado original é a falta de alegria.
(Adaptado de: ALVES, Rubem. Tempus fugit. São Paulo: Paulus, 1990, p. 41)
No período E penso que Beethoven concordaria, a oração sublinhada exerce a mesma função
sintática que a oração grifada em:
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69 – Conversa entreouvida na antiga Atenas
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 92)
70 – “- Esterco – respondeu Oscar, farejando aborrecimento: - Por quê? Não lhe cheira bem?”
A oração reduzida “farejando aborrecimento” pode ser adequadamente substituída por uma
oração desenvolvida, na seguinte estrutura:
71 – Numa parede de uma fábrica de cerveja de Tiradentes (MG), estava escrita a seguinte
frase: “Há bares que vêm para o bem”. Sobre a estrutura e o conteúdo semântico desse texto,
a única afirmativa INADEQUADA é:
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Oralidade quer dizer pré-literatura, aquela que existia apenas graças à voz humana, antes que
aparecesse a escrita.
Os contos, as histórias inventadas, davam mais vida aos nossos ancestrais, tiravam homens
e mulheres das prisões asfixiantes que eram suas vidas e os faziam viajar pelo espaço e pelo
tempo e viver as vidas que não tinham nem nunca teriam em sua miúda e sucinta realidade.
Sairmos de nós mesmos, sermos outros, graças à fantasia, nos entretém e enriquece. Mas,
além disso, nos ensina como é pequeno o mundo real comparado com os mundos que somos
capazes de fantasiar, e deste modo nos incita a agir para transformar nossos sonhos em
realidade. O progresso nasceu assim, da insatisfação e do mal-estar com o mundo real que
inspirava nos humanos a mesma ficção que os deleitava.
a) causa.
b) temporalidade.
c) oposição.
d) comparação.
e) finalidade.
73 – Atenção: Leia abaixo o Capítulo I do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para
responder à questão.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central
um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se
ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta,
e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava
cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a
leitura e metesse os versos no bolso.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava
amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom
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Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à
alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade,
e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar
com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas
essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom
Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-
lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no
que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me
fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha
narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem
ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá
cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
...como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes... (1° parágrafo)
a) causa.
b) comparação.
c) consequência.
d) proporção.
e) conclusão.
A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é uma
realidade histórica. A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de sua definição:
como evoluiu sua distinção na sociedade francesa do século XX? Como o domínio da vida
privada variou em seu conteúdo e abrangência?
A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu contorno tenha
o mesmo sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle Époque1, não há
nenhuma dúvida: o “muro da vida privada” separa claramente os domínios. Por trás desse
muro protetor, a vida privada e a família coincidem com bastante exatidão. Esse domínio
abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião: se os pais que querem casar os filhos
consultam o notário ou o pároco para “tomar informações” sobre a família de um eventual
pretendente, é porque a família oculta cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão de
costumes dissolutos e o montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado
socialista que lhe censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida
faz o que quer de sua mulher, eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua
existência de político e sua vida privada.
Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa Staffe3, por
exemplo, cita: “Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais merecemos a
estima e consideração dos que nos cercam”, “não devemos falar de assuntos íntimos com os
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parentes ou amigos que viajam conosco na presença de desconhecidos”. O apartamento ou a
casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma nítida diferença entre as salas para as visitas e
os demais aposentos. O lugar da família propriamente dita não é o salão: as crianças não
entram no aposento quando há visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família ficariam
deslocadas nesse recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama
da boa sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers 4 −, a visita à
esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia. As salas de recepção estabelecem,
portanto, um espaço de transição para a vida privada propriamente dita.
(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard (orgs.). História
da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2009,
p. 14 e 15.)
Obs.: 1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século XIX até
a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
a) Sendo certo que a forma simples do gerúndio expressa uma ação em curso, que pode
ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo da oração principal, ou simultânea a ela,
é reconhecível, na frase acima transcrita, a simultaneidade.
c) O verbo “censurar” está empregado com adequada regência, assim como estaria se
houvesse a forma “que lhe censurava à comunhão solene da filha”.
e) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado está empregado
como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias, como fazem alguns”.
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75 – Texto
Este será o primeiro Natal que enfrentaremos, pródigos e lúcidos. Até o ano passado
conseguimos manter o mistério — e eu amava o brilho de teus olhos quando, manhã ainda,
vinhas cambaleando de sono em busca da árvore que durante a noite brotara embrulhos e
coisas. Havia um rito complicado e que começava na véspera, quando eu te mostrava a estrela
de onde Papai Noel viria, com seu trenó e suas renas, abarrotado de brinquedos e presentes.
Tu ias dormir e eu velava para que dormisses bem e profundamente. Tua irmã, embora menor,
creio que ela me embromava: na realidade, ela já devia pressentir que Papai Noel era um mito
que nós fazíamos força para manter em nós mesmos. Ela não fazia força para isso, e desde
que a árvore amanhecesse florida de pacotes e coisas, tudo dava na mesma. Contigo era
diferente. Tu realmente acreditavas em mim e em Papai Noel.
Na escola te corromperam. Disseram que Papai Noel era eu — e eu nem posso repelir a infâmia
e o falso testemunho. De qualquer forma, pediste um acordeão e uma caneta — e fomos
juntos, de mãos dadas, escolher o acordeão.
O acordeão veio logo, e hoje, quando o encontrar na árvore, já vai saber o preço, o prazo da
garantia, o fabricante. Não será o mágico brinquedo de outros Natais.
E apanhei a caneta. Escrevi isto. Não sei, ainda, se deixarei esta carta junto com os demais
brinquedos. Porque nisso tudo o mais roubado fui eu. Meu Natal acabou e é triste a gente não
poder mais dar água a um velhinho cansado das chaminés e tetos do mundo.
“... ela já devia pressentir que Papai Noel era um mito que nós fazíamos força para manter
em nós mesmos.”
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76 – Texto 1
Suas vozes frágeis e seus corpos miúdos sugerem que elas não têm mais de 7 anos, mas já
conhecem a brutal realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras para sobreviver.
O drama dessas crianças tiradas dos braços de seus pais e mães pela “política de tolerância
zero” do governo americano tem comovido o mundo e dividido o país do presidente Donald
Trump. Os relatos são de solidão e desespero para essas famílias divididas, que, não raro, mal
podem se comunicar com o mundo exterior e não conseguem informações sobre o paradeiro
de seus parentes após terem cruzado a fronteira do México para os EUA em busca de uma
vida menos difícil. Em vez de encontrarem a realização de seu “sonho americano”, elas vêm
sendo recebidas por essa prática de hostilidade reforçada na zona fronteiriça, que já separou
mais de 2300 crianças de seus pais desde abril.
Texto 2
“...mas já conhecem a brutal realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras para
sobreviver”. Se, no mesmo segmento, substituirmos a oração “cruzar fronteiras” por uma
forma de oração desenvolvida adequada, sua forma correta seria
a) o cruzamento de fronteiras.
b) o cruzarem-se as fronteiras.
c) a cruzada das fronteiras.
d) que cruzassem fronteiras.
e) que cruzem fronteiras.
77 – Texto 2:
Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem cotidiana, usamos
os dois termos indistintamente. Vivemos em uma sociedade onde a eficiência e os resultados
são valorizados. Aparentemente, apenas os mais inteligentes estão destinados a obter
sucesso. No entanto, apenas os sábios conseguem uma felicidade autêntica. Eles são guiados
por valores e preocupados em fazer uso da bondade, aplicando uma visão mais otimista à
vida.
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É claro que sim. Também é claro que quando falamos de inteligência surgem diferentes
nuances. Por isso, o tipo de personalidade e a maturidade emocional são fatores que
influenciam mais concretamente as realizações das pessoas. Isso também é verdadeiro em
relação à capacidade de investir mais ou menos em seu próprio bem-estar e no dos outros.
Em vista disso, inteligência e sabedoria são dois conceitos interessantes. Assim, poderemos
ter uma ideia mais precisa e útil do que realmente são. Afinal, se queremos algo, além de ter
um alto QI, é necessário desenvolver uma sabedoria excepcional e moldar uma personalidade
virtuosa. Isso vai um passo além do cognitivo e do emocional. “A verdadeira sabedoria está
em reconhecer a própria ignorância.” Sócrates.
Disponível em https:amentemaravilhosa.com.br/inteligencia-e-sabedoria/
“Afinal, se queremos algo, além de ter um alto QI, é necessário desenvolver uma sabedoria
excepcional”.
Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa.
Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas. Um dia, o
cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas.
Ele falou, com simplicidade: "No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao
circo. Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo
mundo ia rir de mim, por causa das meias vermelhas.
Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que
se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias
vermelhas, saberia que o filho era dela."
"Ora", disseram os garotos, "mas você não está num circo. Por que não tira essas meias
vermelhas e as joga fora?"
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar
lacrimoso e explicou:
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"É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas
meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai
me encontrar e me levará com ela."
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se
ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.
“não poder dar-se amor a quem se ama”; a forma reduzida desse verso pode ser corretamente
substituída por:
Comer um ovo por dia pode ajudar a evitar problemas cardíacos comuns, de acordo com
um novo estudo científico publicado no jornal Heart.
A análise foi realizada por pesquisadores dos Estados Unidos e da China, que avaliaram a
existência de uma relação entre o consumo de ovos e o menor risco de desenvolvimento de
problemas coronários, problemas cardiovasculares, doença arterial coronariana, acidentes
vasculares cerebrais isquêmicos ou hemorrágicos.
Coletados entre os anos de 2004 e 2008 (com participantes acompanhados por 8 ou 9 anos
depois disso), os dados usados eram de mais de 500 mil pessoas que residem em diferentes
regiões da China e têm idades entre 30 e 79 anos. Dessa base, 13,1% dos participantes
disseram consumir cerca de um ovo por dia (0,76), enquanto 9,1% afirmaram nunca ou quase
nunca comer o alimento (0,29 ovo por dia).
A conclusão dos pesquisadores foi de que o consumo moderado de ovos, um por dia, em
média, apresentou um nível significativamente mais baixo de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, sem que a ingestão do alimento apresentasse efeitos que coloquem a saúde
em risco.
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(Texto adaptado. Disponível em: exame.abril.com.br)
A relação de sentido que cada trecho abaixo estabelece no seu período do texto está
corretamente indicada em:
c) sem que a ingestão do alimento apresentasse efeitos ... (4o parágrafo) // Consequência.
d) que avaliaram a existência de uma relação entre o consumo de ovos e o menor risco de
desenvolvimento de problemas coronários,... (2o parágrafo) // Causa.
e) que residem em diferentes regiões da China e têm idades entre 30 e 79 anos. (3o
parágrafo) // Adjetivação.
a) O discurso presidencial levou uma hora / atribuição por meio de um adjetivo que
expressa uma qualidade;
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b) Um governante eficiente não transfere as providências / atribuição por meio de uma
metáfora;
c) Um livro que custa caro é menos vendido / atribuição por meio de uma oração adjetiva
explicativa;
e) Um dia de fúria pode causar prejuízos para o resto da vida / atribuição por meio de frase
verbal descritiva.
83 – Explicar ou compreender?
Muitas coisas podemos explicar sem, propriamente, compreender. Mas a pessoa humana, em
sua dimensão mais íntima e profunda, só pode ser compreendida, jamais explicada. Posso
explicar, segundo a lei da gravidade, a queda de uma pedra do décimo andar de um edifício.
A pedra está totalmente sujeita à lei da gravidade, que a determina por inteiro, de modo a
permitir uma explicação cabal desse fenômeno físico, dentro do princípio estrito da causalidade
mecânica. Se, entretanto, um homem desesperado atira-se desse mesmo andar, o fato passa
a pertencer a nível fenomênico inteiramente distinto. Posso explicar a queda do seu corpo pela
mesma lei da gravitação, mas, nessa medida, estou a assimilá-lo à pedra, e meu juízo é apenas
o de um físico interessado na queda dos corpos. Se quero interpretar o seu gesto, tenho que
compreendê-lo em seu significado, tenho que aceitá-lo em sua irredutível integridade. Será
sempre um ato significativo, pleno de interioridade; uma resposta criadora da vontade, embora
destrutiva, de uma liberdade pessoal acuada, frente a uma situação interna insuportável.
(Adaptado de: PELLEGRINO, Hélio. Lucidez embriagada. São Paulo: Planeta, 2004, p. 28 29)
Articulam-se como uma causa e seu efeito, nesta ordem, os seguintes segmentos:
b) Posso explicar a queda do seu corpo / pela mesma lei da gravitação (1º parágrafo)
c) uma resposta criadora da vontade / de uma liberdade pessoal acuada (1º parágrafo)
d) destroem-se sua escolha e sua liberdade / degrada-se a sua história existencial (2º
parágrafo)
e) projeto que não se pode explicar / mas que se deve buscar compreender (2º parágrafo)
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84 – Diógenes de Sínope viveu no ano 336 a.C., em Corinto. Alexandre Magno, rei da
Macedônia, foi ao seu encontro, para satisfazer o desejo de falar com o grande sábio. Ao
encontrá-lo, disse-lhe: − Sou Alexandre, rei da Macedônia.
E aproximou-se tanto do velho filósofo, que sua sombra se projetou sobre ele.
Alexandre, vendo o estado de fragilidade material do velho filósofo, que não acreditava
em bens materiais, disse-lhe: − Ó Diógenes, formula um desejo, e eu farei com que ele se
cumpra, por mais difícil que seja!
(Adaptado de: NETO, Aureliano. Sei lá, a vida tem sempre razão. www.oprogressonet.com)
E aproximou-se tanto do velho filósofo, que sua sombra se projetou sobre ele.
A atuação combinada dos vocábulos em destaque articula as orações, na ordem dada, numa
relação de
a) conformidade e proporção.
b) intensidade e condição.
c) causa e consequência.
d) proporção e conformidade.
e) condição e causa.
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para
a vida das pessoas nesses casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos
sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais, essas instituições conseguem atuar em
regiões de conflito onde há perigo para a população.
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Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em
uma guerra civil nigeriana, no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu
criar uma organização que pudesse oferecer atendimento médico a toda população envolvida
em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma posição política favorável
ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas
e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes
envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização
informa a localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é
proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos
profissionais da organização.
“Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas e/ou sob forte bombardeio para
atender os que estão feridos e sob risco de vida”.
Flávio de Campos
O que faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas e
tentar solucionar o maior número delas. Em qualquer área profissional, há sempre questões
em aberto, onde as reflexões e as investigações ainda não obtiveram respostas conclusivas. A
pesquisa dá respostas sempre provisórias. Sempre é possível ampliar e reformular essas
respostas obtidas anteriormente.
O que faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas e
tentar solucionar o maior número delas”.
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b) Para fazer isso / para que faça isso;
d) O que faz um trabalho de investigação ser bom / o que faz com que um trabalho de
investigação fosse bom;
Kalina Vanderlei Silva / Maciel Henrique Silva, Dicionário de conceitos históricos. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 412
Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma ferramenta de
sobrevivência e passou a ser um instrumento da organização da vida comunitária. Ou seja, foi
usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade
não se desenvolveria nem se complexificaria. Essa desigualdade social é o fenômeno em que
alguns indivíduos ou grupos desfrutam de bens e valores exclusivos e negados à maioria da
população de uma sociedade. Tal desigualdade aparece em condições históricas específicas,
constituindo-se em um tipo de violência fundamental para a constituição de civilizações.
“Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a oração reduzida
de infinitivo por uma oração desenvolvida, a forma adequada seria:
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O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir
são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e
em muitos animais.
Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo,
imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata
possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão
representativa à imitação. Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o
de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em
muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas
no ser humano.
A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição
e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição
musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado.
Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos
admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados.
Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas
brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer
descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons,
carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez
sejam essenciais para a realização criativa, por exemplo, audácia, confiança, pensamento
independente?
Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta.
As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem
da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que
possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é
“emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que
é tomado de empréstimo.
(Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Cia. das Letras, 2017, ed.
digital)
a) conclusão.
b) concessão.
c) finalidade.
d) causa.
e) conformidade.
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89 – É compreensível imaginar que, dentro do contexto de uma arte de tantos séculos como
o teatro, o clichê “nada se cria, tudo se copia” já seja uma máxima. Alguns estudiosos da
dramaturgia dizem que tal frase é perfeitamente aplicável. O curioso, no entanto, é constatar
a rapidez com que o cinema, que tem menos de 120 anos de vida, tem incorporado essa
máxima.
No século 21, é em Hollywood que essa tendência aparece com maior força. Praticamente
todos os sucessos de bilheteria da indústria cinematográfica norte-americana são adaptações
de quadrinhos, livros, videogames ou programas de TV que fizeram sucesso. A indústria da
adaptação tornou-se tão forte que existe uma massa de escritores com contratos fixos com
alguns estúdios, o que significa que escrevem obras literárias já pensando em sua adaptação
para o cinema. O roteiro original, portanto, tornou-se um artigo de luxo no cinema norte-
americano.
Em Hollywood, tal fenômeno é compreensível. A razão para que haja uma alta sem
precedentes das adaptações é o medo do risco em tempos de crise econômica, que faz com
que os estúdios apostem em histórias já testadas e aprovadas por leitores. Essa estratégia,
apesar de não garantir êxito de bilheteria, reduz o risco de apostar todas as fichas em histórias
inéditas.
No Brasil, as adaptações também viraram moda, uma vez que, nos primeiros anos do
século 21, os filmes mais comentados vieram de livros e outras formas de expressão artística.
(Adaptado de: BALLERINI, Franthiesco. Cinema Brasileiro no Século 21: reflexões de cineastas, produtores, distribuidores,
exibidores, artistas, críticos e legisladores sobre os rumos da cinematografia nacional. Edição digital. São Paulo: Summus
Editorial, 2012)
O segmento em que se observa uma conclusão a que se chegou a partir das ideias expostas
na oração anterior está em:
a) ... o cinema, que tem menos de 120 anos de vida... (1° parágrafo)
b) ... uma vez que [...] os filmes mais comentados vieram de livros e outras formas de
expressão artística. (último parágrafo)
d) ... dentro do contexto de uma arte de tantos séculos como o teatro... (1° parágrafo)
Alguns locais são impróprios para a construção de moradias. Os morros são um exemplo,
porque a inclinação do terreno dificulta a construção das casas e pode colocar em risco a vida
dos moradores. Quando chove muito, a água pode fazer com que a terra deslize sobre o
terreno inclinado. E, se a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas nos
morros.
Casas construídas em áreas próximas de córregos e rios também estão sujeitas a alagamentos
quando há muita chuva em um período curto de tempo. Além disso, por conta dos esgotos
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que muitas vezes são jogados nos rios, as pessoas que vivem nesses locais ficam sujeitas a
contrair doenças.
(Ricardo Dreguer)
Se substituirmos o segmento sublinhado por uma oração reduzida, teremos como forma
correta:
Rosely Sayão
Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se
encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham
escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos
entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.
[....]
O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com
regularidade e de modo informal. E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus
afetos pelos filhos de modo mais natural. (adaptado)
“Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros
oferecem cardápios de populações com alto índice de longevidade”.
Sobre o período e as orações que o constituem (texto 1), é correto afirmar que:
69
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92 – TEXTO 1 - REFEIÇÃO EM FAMÍLIA
Rosely Sayão
Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se
encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham
escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos
entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.
[....]
O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com
regularidade e de modo informal. E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus
afetos pelos filhos de modo mais natural. (adaptado)
a) explicação;
b) consequência;
c) oposição;
d) exemplificação;
e) causa.
93 – Civilização e infelicidade
Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas que regulam os
vínculos pessoais na família, no Estado e na sociedade. Não queremos admitir que as
instituições por nós mesmos criadas não trariam bem-estar e proteção para todos nós.
Deparamo-nos com a afirmação espantosa que boa parte da nossa miséria vem do que é
chamado de nossa civilização; seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e
retrocedêssemos a condições primitivas.
A asserção me parece espantosa porque é fato estabelecido – como quer que se defina o
conceito de civilização – que tudo aquilo com que nos protegemos da ameaça das fontes do
sofrer é parte da civilização. Descobriu-se que o homem se torna neurótico porque não pode
suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol de seus ideais culturais, e
concluiu-se então que, se estas exigências fossem abolidas ou bem atenuadas, isto significaria
um retorno a possibilidades de felicidade.
(Adaptado de: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Penguin &
Companhia das Letras, 2011, p. 30-32)
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a) Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas // a insuficiência
das normas seria uma fonte da infelicidade humana.
d) nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer // nos poupamos do risco dos
sofrimentos.
Tem sido observado que, a cada geração, a vida intelectual no Brasil parece recomeçar do
zero. O apetite pela produção recente dos países avançados muitas vezes tem como avesso o
desinteresse pelo trabalho da geração anterior e, por conseguinte, a descontinuidade da
reflexão. Nos vinte anos em que tenho dado aula de literatura, por exemplo, assisti ao trânsito
da crítica por uma lista impressionante de correntes. Mas é fácil observar que só raramente a
passagem de uma escola a outra corresponde ao esgotamento de um projeto; no geral, ela se
deve ao prestígio americano ou europeu da doutrina seguinte. Conforme notava Machado de
Assis em 1879, “o influxo externo é que determina a direção do movimento”.
Não é preciso ser adepto da tradição para reconhecer os inconvenientes desta praxe, a
que falta a convicção das teorias, logo trocadas. Percepções e teses notáveis a respeito da
cultura do país são decapitadas periodicamente, e problemas a muito custo identificados ficam
sem o desdobramento que lhes poderia corresponder. O que fica de nosso desfile de
concepções e métodos é pouco, já que o ritmo da mudança não dá tempo à produção
amadurecida.
O inconveniente faz parte do sentimento de inadequação que foi nosso ponto de partida.
Nada mais razoável, portanto, para alguém consciente do prejuízo, que passar ao polo oposto
e imaginar que baste não reproduzir a tendência metropolitana para alcançar uma vida
intelectual mais substantiva. A conclusão tem apoio intuitivo forte, mas é ilusória. Não basta
renunciar ao empréstimo para pensar e viver de modo mais autêntico. A ideia de cópia
discutida aqui opõe o nacional ao estrangeiro e o original ao imitado, oposições que são irreais
e não permitem ver a parte do estrangeiro no próprio, a parte do imitado no original e também
a parte original no imitado.
(Adaptado de: SCHWARZ, Roberto. Que horas são? São Paulo, Cia. Das Letras, 1987, p. 29-48)
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O segmento sublinhado em O que fica de nosso desfile de concepções e métodos é pouco, já
que o ritmo da mudança não dá tempo à produção amadurecida (4°parágrafo) expressa, no
contexto, noção de
a) concessão.
b) consequência.
c) causa.
d) conformidade.
e) finalidade.
95 – Texto 1
“Uma mãe solteira aparece morta no rio que atravessa a cidade. Pouco tempo antes, uma
adolescente vulnerável teve o mesmo destino. Embora não sejam as primeiras mulheres
perdidas para estas águas escuras, suas mortes causam uma perturbação no rio e em sua
história, dragando dele segredos há muito submersos. (...) um novo e viciante suspense
psicológico em que a verdade é escorregadia e pode afogar as pessoas em seus próprios
mistérios”.
“Embora não sejam as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras” é uma oração
que poderia ser reescrita em forma reduzida de infinitivo e mantendo-se o sentido original, da
seguinte forma:
a) Apesar de não serem as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
b) Mesmo não sendo as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
c) Por não serem as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
d) Não sendo, portanto, as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
e) A fim de não serem as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
Em um livro publicado recentemente, Charlie Campbell defende a tese de que cada ser
humano tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem dificuldade de admitir
os próprios erros. "Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, e assim continuamos
assiduamente desde então", ele escreveu. Junte-se a isso a necessidade intrinsecamente
humana de encontrar um sentido, uma ordem no caos do mundo, e têm-se os elementos
exatos para aceitarmos a primeira e a mais simples explicação que aparecer para os males
que nos afligem.
Desde muito cedo, provavelmente com o surgimento das primeiras crenças religiosas, a
humanidade desenvolveu rituais para transferir a culpa para pessoas, animais ou objetos como
uma forma de purificação e recomeço. A expressão "bode expiatório" refere-se a uma
passagem do Velho Testamento, em que um animal era sacrificado imediatamente em tributo
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a Deus, para pagar pelos pecados da comunidade, e um outro era enxotado da aldeia,
carregando consigo, simbolicamente, a culpa de todos os moradores.
Outro estudioso, René Girard, é autor da teoria do desejo mimético, segundo a qual
ninguém almeja algo porque precisa dele, mas sim porque aquilo também é desejado por outra
pessoa. A vida em sociedade consiste na multiplicação dessa equação e a dificuldade de
conciliar os desejos de todos cria tensão e violência. Para que a ordem social não desmorone
em atos de vingança, existem os rituais de sacrifício, em que os impulsos destrutivos são
canalizados para um bode expiatório. No mundo moderno, os sacrifícios com sangue deram
lugar a rituais mais sutis de expiação, auxiliados por tecnologias como a internet.
... é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a consideram essencial para entender
a vida em sociedade. (1° parágrafo)
a) condição.
b) finalidade.
c) comparação.
d) temporalidade.
e) consequência.
97 – Uma manchete do jornal Metro, 11/04/2017, dizia o seguinte: “Se reforma for adiada,
direitos serão perdidos”.
“Desde o início da vida no planeta Terra, muitas são as espécies animais que foram extintas
por vários motivos.
l) a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses
animais, de uma forma ou de outra, rendem expressivos lucros;
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ll) a descuidada aplicação dos chamados ‘defensivos agrícolas’ ou agrotóxicos,
desestabilizando completamente o ecossistema;
lll) as grandes tragédias provocadas também pela incúria humana como os incêndios florestais
e derramamento de petróleo cru nos mares;
“a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses
animais, de uma forma ou de outra, rendem expressivos lucros”.
a) finalidade;
b) causa;
c) consequência;
d) conclusão;
e) proporção.
99 – Depois de subir uma serra que parecia elevar-se do caos, o taubateano Antônio Dias de
Oliveira se deparou com uma vista inebriante: uma sequência de morros enrugados, separados
por precipícios e vales. No fundo desses grotões, corriam córregos de água transparente. O
mais volumoso deles era o Tripuí. Foi nele que Antônio Dias encontrou um ouro tão escuro que
foi chamado de ouro preto. A região, que ficaria conhecida como Ouro Preto, tinha uma
formação geológica rara. Portugal tinha enfim seu Eldorado. O ouro era encontrado nas
margens e nos leitos dos rios, e até à flor da terra.
Já em 1697, el-rei pôde sentir em suas mãos o metal precioso do Brasil. Naquele ano, doze
navios vindos do Rio de Janeiro aportaram em Lisboa. Além do tradicional açúcar, traziam ouro
em barra. A presença do metal na frota vinda do Brasil era tão inusitada que espiões franceses
pensaram que o ouro era proveniente do Peru. Mas logo todos saberiam da novidade e o
mundo voltaria seus olhos para o Brasil.
Como só havia dois caminhos que levavam às lavras, o trânsito de ambos se intensificou.
Os estrangeiros que chegavam por Salvador ou Recife se embolavam às massas vindas do
Nordeste. Juntos, desciam às minas acompanhando o rio São Francisco até o ponto em que
este se encontra com o rio das Velhas, já em território mineiro. Os portugueses que
desembarcavam no Rio de Janeiro seguiam o fluxo dos moradores da cidade. Em
Guaratinguetá, portugueses e fluminenses agregavam-se às multidões vindas do Sul e de São
Paulo e, unidos, subiam o chamado Caminho Geral do Sertão, que terminava nas minas.
Foi dessa forma desordenada e no meio do sertão bruto que pela primeira vez o Brasil se
encontrou.
(Adaptado de: Lucas Figueiredo. Boa Ventura!. Rio de Janeiro, Record, 2011, pp. 120; 131; 135)
a) Como só havia dois caminhos que levavam às lavras, o trânsito de ambos se intensificou.
b) Já em 1697, el-rei pôde sentir em suas mãos o metal precioso do Brasil.
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c) No fundo desses grotões, corriam córregos de água transparente.
d) Além do tradicional açúcar, traziam ouro em barra.
No futuro, o desafio será adotar uma política energética que estimule o fornecimento de
energia, através de eletricidade ou de combustíveis, a um custo acessível para os
consumidores e as empresas, protegendo inclusive o meio ambiente. É preciso levar em conta
questões econômicas e sociais. No Brasil, há pelo menos 20 milhões de pessoas que vivem em
áreas rurais das regiões Norte e Nordeste, sem acesso à eletricidade. Uma boa política
expandiria o fornecimento para essa população. (Ciência Hoje, maio de 2004 - adaptado)
A oração “para evitar um novo racionamento” pode ser desenvolvida em forma de uma nova
oração do seguinte modo:
101 – “Com as novas medidas para evitar a abstenção, o governo espera uma economia
vultosa no Enem”.
A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode ser adequadamente substituída pela seguinte
oração desenvolvida:
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“Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país decreta emergência”.
a) causa e consequência;
b) informação e comprovação;
c) fato e exemplificação;
d) afirmação e explicação;
e) tese e argumentação.
Foi nessa perspectiva que nos dirigimos a eminentes especialistas. Propusemos a eles que
pusessem seu saber à disposição dos leitores de um vasto público culto. Isso, sem o peso da
erudição, sem o emprego de um vocabulário excessivamente especializado, sem eventuais
alusões a um suposto conhecimento prévio, que não tem mais uma existência real, e, claro,
sem intenção de proselitismo. (História do Cristianismo, org. Alain Corbin. São Paulo: Martins
Fontes. 2009. p.XIII).
Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, elevando a fatia dos brasileiros com ensino
médio e superior em andamento ou concluído. Ou seja, houve mais ofertas de trabalhadores
dessa classe. E muitos profissionais podem ter ingressado no nível mais elevado de
escolaridade, mas com o mesmo salário, o que reduz a média de ganho da categoria. "Nos
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últimos anos, as pessoas ficaram mais tempo na escola e a oferta de profissionais com ensino
médio e superior aumentou. O crescimento da escolaridade também foi impulsionado pelo
aumento do número de universidades privadas", disse Naercio.
O trecho elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio e superior em andamento ou
concluído, de acordo com o contexto, expressa
a) concessão.
b) consequência.
c) restrição.
d) justificativa.
e) oposição.
Instituições e riscos
Sem convívio não há vida, sem convívio não há civilização. Mas para conviver neste pequeno
planeta, para se afastar da barbárie, os homens necessitam de princípios e de regras, em suas
múltiplas formas de agrupamento. Orientados por tantos e tão diferentes interesses, premidos
pelas mais diversas necessidades, organizamo-nos em associações, escolas, igrejas,
sindicatos, corporações, clubes, empresas, assembleias, missões etc., confiando em que a
força de um objetivo comum viabiliza a unificação de todos no corpo de uma instituição. É o
sentido mesmo de uma coletividade organizada que legitima a existência e o funcionamento
das instituições.
Mas é preciso sempre alertar para o fato de que, criadas para permitir o convívio civilizado,
as instituições também podem abrigar aqueles que se valem de seu significado coletivo para
mascarar interesses particulares. A corrupção e a fraude podem tirar proveito do prestígio de
uma instituição, alimentando-se de sua força como um parasita oportunista se aproveita do
hospedeiro saudável. Não faltam exemplos de deturpações e desvios do bom caminho
institucional, provocados exatamente por aqueles que deveriam promover a garantia do
melhor roteiro. Por isso, não há como deixar de sermos vigilantes no acompanhamento das
organizações todas que regem nossa vida: observemos sempre se são de fato os princípios do
bem coletivo que estão orientando a ação institucional. Sem isso, deixaremos que a
necessidade original de convívio, em vez de propiciar a saúde do empreendimento social, dê
lugar ao atendimento do egoísmo mais primitivo.
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c) a unificação de todos no corpo de uma instituição / a força de um objetivo comum (1º
parágrafo)
d) alertar para o fato / abrigar aqueles que se valem de seu significado coletivo para
mascarar interesses (2º parágrafo)
A infância não é um conceito determinado apenas pela biologia. Como tudo, é também um
fenômeno histórico implicado nas transformações econômicas e sociais do mundo, em
permanente mudança e construção.
Hoje há algo novo nesse cenário. Vivemos a era dos adultos infantilizados. Não é por acaso
que proliferaram os coaches. Coach, em inglês, significa treinador. Originalmente, treinador
de esportistas. Nesse conceito importado dos Estados Unidos, país que transformou a infância
numa bilionária indústria de consumo, a ideia é a de que, embora estejamos na idade adulta,
não sabemos lidar com a vida sozinhos. Precisamos de um treinador que nos ajude a comer,
conseguir amigos e emprego, lidar com conflitos matrimoniais e profissionais, arrumar as
finanças e até mesmo organizar os armários. Uma espécie de infância permanente do
indivíduo.
Os adultos infantilizados desse início de milênio encarnam a geração do “eu mereço”. Alcançar
sonhos, ideais ou mesmo objetivos parece ser compreendido como uma consequência natural
do próprio existir, de preferência imediata. Quando essa crença fracassa, é hora de buscar o
treinador de felicidade, o treinador de saúde. É estarrecedor verificar como as gerações que
estão aí parecem não perceber que dá trabalho conquistar o que se deseja. E, mesmo que se
esforcem muito, haverá sempre o que não foi possível alcançar.
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Ouvi essa frase de um motorista de táxi durante os acontecimentos de junho, e achei um
exagero. Rebati, dizendo que o povo nas ruas tinha um significado imenso e ira propiciar a
mudança de várias leis. Ele me olhou pelo retrovisor e respondeu que era verdade, mas que
via muitos jovens, a caminho das manifestações, agindo como se estivessem indo para um
bloco de carnaval. “É a onda do momento”, insistiu. “Daqui a pouco passa.”
Tornei a pensar nelas há algumas semanas, ao voltar de uma viagem de quase um mês à
Alemanha. Ao desembarcar no Brasil, fui tomada pela sensação de que somos mesmo um país
de modismos. Um povo fútil. Sei que é um clichê essa história de ir à Europa e voltar falando
de “um banho de civilização”. Sempre fui contra isso. Mas, desta vez – depois de visitar 11
museus, duas exposições, de ir a um concerto de música clássica e de visitar uma feira
gigantesca de livros –, alguma coisa aconteceu comigo.
Acho que uma das razões dessa sensação foi a leitura, durante a viagem, do livro de Mário
Vargas Llosa, “A civilização do espetáculo”. Embora em alguns pontos eu discorde do escritor,
o livro me chamou a atenção para a destruição da cultura no mundo moderno, em favor do
entretenimento. Esse conceito me deixou pensando no Brasil – nesse país que não lê livros,
mas onde quase todo mundo tem celular. Onde se veem, nos bairros pobres, antenas
parabólicas sobre casas miseráveis, onde há mais televisores do que geladeiras, e onde, em
vez de bibliotecas, temos lan houses. País que parece ter passado, em massa, do
analfabetismo funcional para o Facebook – sem escalas.
(....) Voltei da viagem com essa sensação de que somos mesmo fúteis, superficiais, e me
lembrei do motorista de táxi.
Os azulejos de São Luís compõem um dos patrimônios culturais mais belos da cidade. Eles
são encontrados nas fachadas das casas antigas, bem como foram e ainda são utilizados em
igrejas e na decoração interna de casarões.
Foi no século XVIII, período colonial, que os azulejos lusitanos começaram a chegar à capital
maranhense, em um contexto de crescimento urbano, para enriquecer a estética das casas e
dos prédios comerciais.
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O Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Museu de Artes Visuais) contém o maior acervo
de azulejos em exposição. Todos são provenientes de doações. Lá é possível confirmar com
historiadores que o patrimônio azulejar maranhense é em sua maior parte proveniente de
Portugal, mas também possui influência da França.
Portugal fez de São Luís a mais lusitana das capitais brasileiras. Por isso, a cidade preserva
o maior aglomerado urbano de azulejos dos séculos XVIII e XIX, em toda a América Latina.
Eles assumem importância no contexto universal da criação artística, pela longevidade de seu
uso, sem interrupção durante cinco séculos, resistindo a tempos chuvosos e amenizando o
calor do verão, devido aos matizes de branco que refletem os raios solares.
Tolerância brasileira?
A internet vem ajudando a derrubar o mito de que nós, brasileiros, somos tolerantes às
diferenças. Expressões preconceituosas predominam em postagens que revelam todo tipo de
intransigência em relação ao outro, rejeitado por sua aparência, classe social, deficiência,
opção política, idade, raça, religião etc.
Num primeiro momento, parece que a internet criou uma onda de intolerância. O fato,
porém, é que as redes sociais apenas amplificaram discursos existentes no nosso dia a dia. No
fundo, as pessoas são as mesmas, nas ruas e nas redes.
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d) Uma vez disseminados, os preconceitos vão revelando nossa intolerância.
e) Quando se acessa uma rede social depara-se com uma onda de intolerância.
110 – “Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro,
enquanto grande parte dela já ficou para trás.
A forma reduzida “em ver a morte à nossa frente” pode ser adequadamente desenvolvida
pela seguinte oração:
111 – Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase
não havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje,
era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me
considerava bem distante da juventude.
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(Adaptado de: VARELLA, Drauzio. Disponível em: www.drauziovarella.com.br
Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da
juventude. (1o parágrafo)
Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das
ambiguidades... (último parágrafo)
112 – “........ a educação um valor central, é fundamental refletir sobre o tipo de escola que
desejamos criar. A educação, ........ comprometida com a igualdade social e a inclusão, pode
vir a ser um caminho privilegiado para a emancipação" (Adaptado de: ACCIOLY, Lins, Beatriz
et al. Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola. São Paulo: Reviravolta,
2009, passim) Preenche respectivamente as lacunas da frase acima, mantendo-se a coerência,
o que está em:
113 – Assinale a opção que apresenta a frase em que a substituição da oração adjetiva
sublinhada pelo termo em destaque é inadequada.
a) “O que é a felicidade além da simples harmonia entre o homem e a vida que ele leva?”
– vivida por ele.
b) “Sucesso é conseguir o que você quer e felicidade é gostar do que você
conseguiu”. – desejado.
c) “Você não será mais feliz com mais até ser feliz com o que você já tem”. – já obtido.
d) “A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido”. – multiplicável.
e) “Felicidade é como uma flor que não se deve colher”. – recolhida.
a) “Um diplomata é um sujeito que pensa duas vezes antes de não dizer nada”.
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b) “A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca”.
c) “Não existe assunto desinteressante, o que existe são pessoas desinteressadas”.
d) “A dúvida é uma margarida que jamais termina de se despetalar”.
e) “Se você pensa que não tem falhas, isso já é uma”.
115 – Texto II
A inteligibilidade
A imprensa, como veículo de interesses da coletividade, participou e participa decisivamente
da propagação do futebol. A aceitação crescente desse esporte em nosso país fez com que os
jornais, superando a fase inicial de certa indiferença, o reconhecessem como um conteúdo
próprio à difusão em massa.
[....] Em função do receptor (leitor de classes sociais distintas e de diferentes graus de
escolarização), a narrativa esportiva apresenta um vocabulário reduzido e o mais corrente
possível, para garantir a legibilidade do texto. O emissor, limitado a um código comum de um
receptor de nível social médio, procura muito mais repetir modelos anteriores do que tentar
novas realizações na potencialidade do sistema. Entre o normal (convencional) e o anormal
(novo), o primeiro é o mais frequente na seleção vocabular, onde não se usa uma linguagem
tão apurada. A sofisticação de alguns termos é resultante do espírito da época. Não é
determinada por um receptor identificado com este código, como é o caso do editorial nos
jornais. Trata-se apenas da utilização de um código que valorize o conteúdo, dando-lhe um
pretenso caráter de seriedade.
(Maria do Carmo Fernandez)
Na frase “A imprensa, como veículo de interesses da coletividade...”, o termo sublinhado
apresenta valor semântico de:
a) concessão.
b) finalidade.
c) comparação.
d) modo.
e) causa.
116 – Leia a frase: “Sou como uma planta do deserto. Uma única gota de orvalho é
suficiente para me alimentar”.
Nesse pensamento há uma oração reduzida sublinhada; essa oração, se modificada para a
forma de uma oração desenvolvida, deveria ser:
117 – Texto
A população brasileira
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Os primeiros habitantes do território, hoje conhecido como Brasil, chegaram aqui há
milhares de anos. Por volta de 1500, havia diferentes povos indígenas espalhados por todo o
território. Em 1500 chegaram os portugueses e, no século XVI, eles começaram a trazer os
povos africanos. Assim, pode-se dizer que a população brasileira se originou do encontro
desses três grupos.
A convivência entre diferentes povos deu à população brasileira uma de nossas principais
características: a grande diversidade de costumes e tradições, que faz do nosso país um lugar
muito rico culturalmente.
A diversidade nem sempre foi respeitada em nosso país. Desde a chegada dos portugueses,
em 1500, inúmeras situações de preconceito têm ocorrido em razão das diferenças de etnia,
religião, sexo, classe social, nacionalidade, idade.
Muita coisa ainda precisa melhorar, mas hoje existem leis que proíbem quaisquer
manifestações e atitudes de preconceito. Elas também determinam que todos devem ser
tratados com igualdade, respeito e tolerância.
“Os fantasmas são frutos do medo: quem não tem medo não vê fantasmas”.
Os dois pontos entre os dois segmentos da frase podem ser adequadamente substituídos pelo
seguinte conectivo:
a) pois.
b) logo.
c) contudo.
d) entretanto.
e) no entanto.
119 – Assinale a opção que indica a frase machadiana em que a conjunção “e” tem valor
adversativo.
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a) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao menos crer na fábula, e pouco apreço
dá às demonstrações científicas.”
d) “A amizade lhe fará esquecer o amor; é mais serena que ele e talvez menos exposta a
perecer.”
b) É muito importante que você compareça à Sessão de Pessoal, sem falta, com
antecedência, para pedir suas férias.
c) Informo que não dá pra entregar seu registro profissional na data prevista por que o
papel timbrado acabou.
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d) Esclarecemos a Vossa Senhoria que, no momento, tua solicitação não poderá ser
atendida, cujos os motivos estão expressos a seguir.
e) Importa ressaltar que a informatização dos trabalhos desta Comissão foi essencial para
a melhoria da qualidade dos serviços prestados ao público.
124 – De acordo com o Manual de Redação Oficial do Estado do Piauí, o pleonasmo passa a
ser vicioso quando a repetição de ideia não traz nenhuma energia à expressão, devendo,
nesse caso, ser evitado. Desse modo, contém pleonasmo a ser evitado a frase que se
encontra em:
b) Para não haver imprevistos, todo evento deve ser planejado meticulosamente.
c) É fundamental que o evento seja planejado com rigor a fim de assegurar o sucesso da
empreitada.
d) Quando se planeja um evento com eficiência, costuma sobrar tempo para cuidar de
imprevistos.
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a) O diretor explicou que o requerimento do funcionário estava atrasado.
e) O deputado falou para os seus colegas que sua posição, quanto ao relatório apresentado,
não deveria ser revista.
Informo à Vossa Senhoria que, afim de obter tais informações, este signatário promoveu
cadastro e solicitou acesso ao Sistema Geral de Informações, todavia, em que pese as
tentativas feitas reiteradamente acerca de quinze dias, o acesso ao sistema não está
disponível.
e) É preciso utilizar apenas siglas consagradas pelo uso, dispensando assim a explicitação
do respectivo significado.
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130 – De acordo com a Lei Complementar do Estado de Goiás n° 33/2001, para obtenção de
clareza na articulação e na redação das leis, deve-se
131 – São características que demonstram a concisão de uma correspondência oficial, exceto:
133 – A ambiguidade em comunicações oficiais pode causar sérios problemas, portanto deve
ser evitada, de modo a garantir a precisão das informações.
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d) Roubaram o computador do gabinete em que eu costumava trabalhar.
Assinale a alternativa em que se tenha alterado o trecho acima em consonância com a norma
culta e com as recomendações de boa redação contidas no Manual de Redação da Presidência
da República. Não leve em conta alterações de sentido
135 – Nas técnicas de redação oficial, a ambiguidade deve ser evitada, porque a clareza é um
requisito básico de todo texto oficial. Em relação à ambiguidade, é correto afirmar que ela
pode ocorrer por meio do emprego de
a) Colendo
b) Excelso
c) Egrégio
d) Douto
e) Venerável
137 – Assinale a alternativa que atende aos critérios de concisão, objetividade e correção
gramatical.
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a) Pelo presente documento, a coordenação vem divulgar os números de todas as
prestações de serviços executados sob a gestão fiscal 2015-2017, em conformidade com a
resolução aprovada pelo conselho superior.
d) Sem descer a maiores detalhes técnicos, o comitê gestor acrescenta de que seria ideal a
renovação do acervo para ficarem a cargo do setor de comando, cuja chefia alegremente
manifestou o desejo a esse respeito.
138 – Assinale a alternativa que contém o trecho que apresenta clareza, objetividade,
impessoalidade e concisão.
c) Daquilo informado na última reunião, vimos que será, infelizmente, necessário instaurar
processo administrativo, resultando em instauração de apuração dos responsáveis e sua
punição.
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A redação comercial deve primar pela clareza, concisão e precisão vocabular.
Analisando o texto apresentado, é correto afirmar que
a) um dos procedimentos básicos para alcançar clareza das ideias é fazer uso do código
aberto, aquele que permite apenas uma interpretação.
b) em geral as mensagens que se valem desse tipo de código são matemáticas, cronológicas
e fazem uso de sistemas algébricos.
a) Clareza.
b) Formalidade.
c) Concisão.
d) Padronização.
e) Objetividade.
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143 – A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de
linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
Assinale a opção em que o trecho de texto atende aos requisitos mencionados no fragmento
acima.
c) Comunicamos a todos os colegas que, a partir de semana que vem, a Secretaria de Apoio
Externo (SAE) não funcionará mais na sala 15 do segundo andar. Essa mudança trata-se de
uma primeira consequência da política de realocação dos espaços físicos. A SAE funcionará na
sala 27 do bloco térreo. Pedimos a gentileza de todos no sentido de se divulgar essa nova sala
para que se evitem transtornos.
144 – Entre outras, as ações que conferem clareza a um texto oficial incluem o(a)
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145 – Assinale a opção correta no que se refere às características dos expedientes oficiais.
b) Venho através desta informar que será ministrado um curso de Redação Oficial a partir
do mês de agosto.
c) Informo respeitosamente por meio desta que um curso de atualização em Redação Oficial
ocorrerá a partir de agosto.
d) Venho informar que haverá um curso de Redação Oficial a partir do mês de agosto, curso
este oportuno.
e) Venho respeitosamente por meio desta informar que haverá um oportuno curso de
Redação Oficial a partir do mês de agosto.
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a) Clareza.
b) Coesão.
c) Concisão.
d) Formalidade.
e) Uniformidade.
148 – “Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo
de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto
depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou
repetições desnecessárias de ideias.”
Sobre o enunciado, assinale a ÚNICA ALTERNATIVA CORRETA que contém um texto que
pode ser considerado conciso:
149 – O tratamento impessoal que deve ser dado aos documentos oficiais gera, no texto,
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150 – Uma frase comum no início de certo tipo de documento oficial está corretamente
redigida em:
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas das frases abaixo, na ordem em
que aparecem.
152 – Em um e-mail, enviado aos responsáveis pelo setor de vendas de uma multinacional, a
secretária do Presidente escreveu a seguinte mensagem: “O presidente da empresa revelou-
se incréu em relação à política de vendas adotada pela equipe.”
a) neologismo.
b) hipérbato.
c) preciosismo.
d) barbarismo.
e) zeugma.
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153 – A questão versa sobre redação oficial.
Assinale a alternativa que atende plenamente ao uso do padrão culto de linguagem nos atos
oficiais.
154 – São recomendações que contribuem para a clareza da Redação Oficial, EXCETO:
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Para que fique de acordo com o padrão dos textos oficiais, é necessário que o seu autor, dentre
outros procedimentos,
a) comece o texto com Venho solicitar, deslocando para o fim do período o trecho “Nos
termos... Administração”. (L. 1)
b) substitua o verbo organizar (L. 3) por suspender, mantendo, assim, o mesmo sentido.
156 – Assinale a opção correta acerca dos aspectos formais das comunicações oficiais
c) Os ministros dos tribunais superiores devem ser tratados por Vossa Excelência e o
vocativo referente a eles deve ser Senhor Ministro.
157 – Uma frase comum no início de certo tipo de documento oficial está corretamente
redigida em:
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158 – Assinale a opção cujo excerto apresente, segundo o Manual de Redação da
Presidência da República, as características de texto oficial, a saber: impessoalidade,
clareza, uniformidade, concisão e uso da norma padrão da língua escrita.
a) Insta frisar, que o preenchimento das vagas remanescentes será feito mediante a
realização de concurso público, devendo, para tanto, que Vossa Excelência publique em Diário
Oficial, essa informação.
b) Como é você quem assina a correspondência, não faz diferença se ela não ficar bem
formatada ou apresentar pequenos problemas de ortografa.
c) Você pode emitir opinião pessoal a respeito do assunto redigido, pois é você, não a
empresa,quem irá assumir eventuais reclamações a respeito.
e) O texto deve ser objetivo, lógico, com frases curtas, que possam ser facilmente
compreendidas pelo receptor.
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b) O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Secretaria do
Gabinete.
c) É com grande honra e satisfação, que comunico que V. Exa. será agraciada, pelo
Presidente desta Instituição com a Medalha de Condecoração.
d) Venho por meio deste solicitar autorização para realização do seminário sobre o
tabagismo no salão de reuniões nos dias 27 e 28 de março.
c) Dada a abertura do nosso próximo seminário, cujas inscrições encontram-se abertas até
o dia 17 de fevereiro, encaminhamos cartazes promocionais e pedimos para que os mesmos
sejam afixados nos cartórios eleitorais do estado.
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a) é empregada para indicar que um princípio diz respeito exclusivamente aos homens e
não atinge as mulheres.
b) é empregada no meio jurídico principalmente para indicar que os efeitos de algum ato ou
lei atingem todos os indivíduos de determinada população.
c) significa que a ação pública a que se refere está além da decisão dos seres humanos,
pois é uma ação natural.
d) indica característica da ação pública que valoriza o ser humano que está no centro do
processo litigante.
e) refere-se a decisões judiciais que têm como regra geral apenas o efeito interpartes, ou
seja, restrito àqueles que participaram da respectiva ação judicial.
CONSIDERANDO o Provimento n.º 032/2005-CG, que aprova as Diretrizes Gerais dos Serviços
Notariais e de Registro (Cap. I,Seção I, Itens 1 e 3.2);
RESOLVE:
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d) Estaria gramaticalmente correta e adequada a substituição do termo “CONSIDERANDO”,
em suas três ocorrências, pela estrutura Já que considerou.
e) A forma verbal “RESOLVE”, que, embora esteja empregada no presente, refere-se a ação
já acontecida, poderia ser substituída, sem prejuízo do gênero e da correção gramatical do
texto, pela forma no pretérito RESOLVEU.
e) Senhor Juiz,
Segue pareceres para exame e pronunciamento de
Vossa Excelência.
Atenciosamente,
[nome do remetente]
Advogado Criminalista
165 – Texto
a) ofício.
b) requerimento.
c) relatório.
d) memorando.
e) aviso.
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166 – A expressão que apresenta um pleonasmo na correspondência é
a) então.
b) além disso.
c) rogamos que.
d) reiterar outra vez.
e) casualmente.
168 – A maneira pela qual o poder público redige atos normativos e comunicações denomina-
se redação
a) empresarial.
b) oficial.
c) governamental.
d) mercadológica.
e) estadual.
Um homem de consciência
Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e
lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a
coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito
tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua
Itaoca.
— Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e
bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o
Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o
restolho. Decididamente, a minha Itaoca está acabando...
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava
dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo
conserto ou arranjo possível.
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— É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca
não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso
homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não
era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada...
Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante.
É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com
o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de
Itaoca!...
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando
as malas. Pela madrugada, botou-as num burro, montou no seu cavalo magro e partiu.
— Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
— Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
— Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus. E
sumiu."
(Monteiro Lobato, CIDADES MORTAS. 12a Edição. São Paulo, Editora Brasiliense, 1965)
a) direto.
b) indireto.
c) indireto livre.
d) expositivo.
e) injuntivo.
TEXTO 2
FUTEBOL DE RUA
(1) Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. Mas existe um tipo de futebol ainda
mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada
é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. Futebol de rua é tão humilde
que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou
num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim:
(2) DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol
serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a
merendeira do seu irmão menor, que sairá correndo para se queixar em casa. No caso de se
usar uma pedra, lata ou outro objeto contundente, recomenda-se jogar de sapatos. De
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preferência os novos, do colégio. Quem jogar descalço deve cuidar para chutar sempre com
aquela unha do dedão que estava precisando ser aparada mesmo.
(3) DA DURAÇÃO DO JOGO – Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier primeiro. Nos jogos
noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia.
(6) DAS INTERRUPÇÕES – No futebol de rua, a partida só pode ser paralisada numa destas
eventualidades:
(7) a) Se a bola for para baixo de um carro estacionado e ninguém conseguir tirá-la, mande o
seu irmão menor.
(8) b) Se a bola entrar por uma janela. Neste caso os jogadores devem esperar não mais de
10 minutos pela devolução voluntária da bola. Se isto não ocorrer, os jogadores devem
designar voluntários para bater na porta da casa ou apartamento e solicitar a devolução,
primeiro com bons modos e depois com ameaças de depredação. Se o apartamento ou casa
for de militar reformado com cachorro, deve-se providenciar outra bola. Se a janela
atravessada pela bola estiver com o vidro fechado na ocasião, os dois times devem reunir-se
rapidamente para deliberar o que fazer. A alguns quarteirões de distância.
(9) c) Quando passarem veículos pesados pela rua. De ônibus para cima. Bicicletas e
Volkswagen, por exemplo, podem ser chutados junto com a bola e se entrar é gol.
(11) DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o futebol de verdade (que é
como, na rua, com reverência, chamam a pelada), mas com algumas importantes variações.
O goleiro só é intocável dentro da sua casa, para onde fugiu gritando por socorro. É permitido
entrar na área adversária tabelando com uma Kombi. Se a bola dobrar a esquina é córner.
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d) é um exemplo de intertextualidade implícita: tem função social de conto, mas é composto
por longas sequências injuntivas resultantes de diálogos com intertextos diversos, mas sem
identificação da fonte.
171 – Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos
(1636-1696), para responder à questão.
O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu sentido original, em:
a) “Começa o mundo enfim pela ignorância,” (4° estrofe) → Pela ignorância, enfim, o mundo
começa.
b) “Em tristes sombras morre a formosura,” (1ª estrofe) → A formosura morre em tristes
sombras.
c) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe) → O Sol não dura mais que um
dia que nasce.
d) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1ª estrofe) → Segue-se a noite escura depois
da Luz.
e) “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,” (3ª estrofe) → Mas falte a firmeza no Sol e na Luz.
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172 – Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990), para responder à questão.
A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava no batelão1 velho; remava
cansado, com um resto de sono. De longe veio um rincho2 de cavalo; depois, numa choça de
pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu encontrara galopando na praia.
Ela era corada, forte. Viera do Rio, sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um
homem de nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela usava calças
compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco com os pescadores. Mas na segunda noite,
quando nos juntamos todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido cachaça,
como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês, depois o Luar do sertão e uma canção
antiga que dizia assim: “Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
canção triste.
Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu a adorasse com essa
adoração súbita, mas tímida, esse fervor confuso da adolescência – adoração sem esperança,
ela devia ter dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de basquete, que
costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem casado, que já tinha ido até à Europa e tinha
um automóvel e uma coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha
pobre flaubert 3, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que não sabia lidar nem
com um motor de popa, apenas tocar um batelão com meu remo.
Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia solitária; eu vinha a pé,
ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, meu coração bateu adivinhando quem poderia
estar galopando sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela fosse passar
me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no interior a gente dá a quem encontra; mas
parou, o animal resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro da blusa
fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na minha memória, desse encontro: a
pele escura e suada do cavalo e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar
fino da manhã.
E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, como se eu fosse um rapaz
mais velho do que ela, um homem como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio
de pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não saber quase nada, não
sabia os nomes dos peixes que ela dizia, deviam ser peixes de outros lugares mais importantes,
com certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos dos coqueirinhos junto
da praia – e falou de minha irmã, que conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara
desde a ponta do Boi até perto da lagoa.
De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você me trata sempre de um
modo esquisito...” Respondi, estúpido, com a voz rouca: “Eu não”.
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela, e eu disse: “Não é
isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar
na casa dos Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia seguinte foi-se
embora.
Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone apanhar uns camarões vivos
para isca; e o relincho distante de um cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse
comigo – rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os respingos de água
fria, cada vez com mais força, como se isto adiantasse alguma coisa.
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(Os melhores contos, 1997.)
1
batelão: embarcação movida a remo.
2 rincho: relincho.
3
flaubert: um tipo de espingarda.
Ao se converter o trecho “Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela”
(7° parágrafo) para o discurso direto, o verbo “confessara” assume a forma:
a) confessei.
b) confessou.
c) confessa.
d) confesso.
e) confessava.
173 – Para responder à questão, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-
1980), publicada originalmente em setembro de 1953.
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira
curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque
tratava-se muito mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá
das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando
pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como linguista,
cultor do vernáculo¹e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho.
Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo
os mais deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à
lide3 caseira, queixou-se do fatigante ramerrão4 do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se
para ela e disse:
– Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem.
Diz que é muito bão.
De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto
seu Afredo, acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto
minha tia mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:
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Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento
do nosso encerador:
– Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática.
Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e
falou:
– Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que
pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de
calouro!
E, a seguir, ponderou:
E acrescentou:
– Eximinista pianista!
2
ressabiado: desconfiado.
3
lide: trabalho penoso, labuta.
4 ramerrão: rotina.
Ao se adaptar este trecho para o discurso indireto, o verbo “vais” assume a seguinte forma:
a) foi.
b) fora.
c) vai.
d) ia.
e) iria.
174 – Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de
Almeida, para responder a questão.
De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar com estranhos. À noite,
não saia para caminhar, principalmente se estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando
estacionar, tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em sinal vermelho.
Se for assaltado, não reaja – entregue tudo.
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É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas recomendações. Faz
tempo que a ideia de integrar uma comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte
de um coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das grandes cidades
brasileiras. As noções de segurança e de vida comunitária foram substituídas pelo sentimento
de insegurança e pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto como parceiro
ou parceira em potencial; o desconhecido é encarado como ameaça. O sentimento de
insegurança transforma e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, troca,
comunidade, participação coletiva, as moradias e os espaços públicos transformam-se em
palco do horror, do pânico e do medo.
A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, drena recursos públicos já
escassos, ceifa vidas – especialmente as dos jovens e dos mais pobres –, dilacera famílias,
modificando nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais cidadãos, passamos
a ser consumidores do medo. O que fazer diante desse quadro de insegurança e pânico,
denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual tarefa impõe-se
aos cidadãos, na democracia e no Estado de direito?
(Violência urbana, 2003.)
a) a dissertação argumentativa.
b) a narração.
c) a descrição objetiva.
d) a descrição subjetiva.
e) a dissertação expositiva.
175 – Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?)
para responder à questão.
Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1. Como seria morto, rogou à
doninha que poupasse sua vida.
– Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por natureza, inimiga de todos
os pássaros.
Mais tarde, ao cair de novo e ser capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não
o devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos, ele afirmou que não era um
rato, mas um morcego. E de novo conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe
bastou mudar de nome para ter a vida salva.
(Fábulas, 2013.)
1
doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e de patas curtas (também
conhecido como furão).
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Ao se transpor este trecho para o discurso indireto, o verbo “sou” assume a seguinte forma:
a) era.
b) Fui.
c) fora.
d) fosse.
e) seria.
176 - Texto 2
Bandidos espalham cartazes em área onde houve deslizamentos de terra nas últimas chuvas,
alertando moradores para não despejar detritos em beco. Medida seria tomada porque venda
de drogas é interrompida quando a região alaga”.
No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta muitas alternativas para construir
um olhar positivo sobre a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental denunciar
a conspiração do silêncio e revelar como a sociedade trata os velhos: eles costumam ser
desprezados e estigmatizados. Apesar de ter consciência de que são inúmeros os problemas
relacionados ao processo de envelhecimento, quero compreender se existe algum caminho
para chegar à última fase da vida de uma maneira mais plena e mais feliz. Encontro na própria
Simone de Beauvoir a resposta para esta questão. Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice,
um possível caminho para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de vida.
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney
Mato grosso, Chico Buarque, Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém
consiga enxergar neles, que já chegaram ou estão chegando aos 70 anos, um retrato negativo
do envelhecimento. São típicos exemplos de pessoas chamadas “sem idade”.
Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!” ou qualquer
outro rótulo que sempre contestaram. São de uma geração que transformou comportamentos
e valores de homens e mulheres, que inventou diferentes arranjos amorosos e que legitimou
novas formas de família. Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo e se
reinventam permanentemente. Continuam cantando, dançando, criando, amando, brincando,
trabalhando, transgredindo tabus. Não se aposentaram de si mesmos, recusaram as regras
que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se tornaram invisíveis, infelizes,
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deprimidos. Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e dão novos
significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos:
inclassificáveis”.
Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A liberdade é o que você faz com o
que a vida fez com você”. Esta máxima existencialista é fundamental para compreender a
construção de um projeto de vida. O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a
infância, mas também pode ser construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois a
ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da liberdade de escolha e da
responsabilidade individual na construção de um projeto de vida que dê significado às nossas
existências até os últimos dias.
Duvido que alguém consiga enxergar neles [...] um retrato negativo do envelhecimento. (2º
parágrafo)
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do sublinhado acima está em:
A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-1784) como responsável pela
degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição
pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade
às pessoas, leva-as a ignorar os deveres humanos e as necessidades naturais.
A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com
suas necessidades inatas. Ele é amplamente autossuficiente porque constrói sua existência no
isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores
dificuldades e não é atingido pela angústia diante da doença e da morte. As necessidades
impostas pelo sentimento de autopreservação – presente em todos os momentos da vida
primitiva e que impele o homem selvagem a ações agressivas – são contrabalançadas pelo
inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros desnecessariamente.
Desde suas origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de livre arbítrio e
sentido de perfeição, mas o desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quando
estabelecidas as primeiras comunidades locais, baseadas sobretudo no grupo familiar. Nesse
período da evolução, o homem vive a idade do ouro, a meio caminho entre a brutalidade das
etapas anteriores e a corrupção das sociedades civilizadas.
(Encarte, sem indicação de autoria, a Jean-Jacques Rousseau – Os Pensadores. Capítulo 34. São Paulo: Abril, 1973,
p. 473)
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Estão plenamente observadas a correção da redação e a correlação entre tempos e modos
verbais na frase:
a) Caso seja levada a sério, a disciplina aristocrática impediria o homem civilizado de que
fosse plenamente feliz.
b) Se felicidade dos homens civilizados se equiparasse a dos homens primitivos, não haveria
porquê não festejar o rumo da civilização.
c) Entende-se que os povos primitivos estivessem sendo mais felizes do que nós porquanto
eles saberão atender a suas necessidades básicas.
Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a gente não se vê. Dei-me conta da
coisa rara que é a amizade. E, no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá.
Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. Pela primeira vez, estando com
alguém, não sentia necessidade de falar. Bastava a alegria de estarem juntos.
“Christophe voltou sozinho dentro da noite. Nada via. Nada ouvia. Estava morto de sono
e adormeceu apenas deitou-se. Mas durante a noite foi acordado duas ou três vezes, como
que por uma ideia fixa. Repetia para si mesmo: ‘Tenho um amigo’, e tornava a adormecer.”
Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. A amizade anda por caminhos que não
passam por programas.
Um amigo vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o
torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de
comunhão. E alegria maior não pode existir.
(Adaptado de: ALVES, Rubem. O retorno e terno. Campinas: Papirus, 1995, p. 11-13)
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Os verbos que se encontram nos mesmos tempo e modo estão em:
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São
Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
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181 - Texto associado
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa
companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
Na frase A miséria não substituíra a pobreza (4° parágrafo), a forma verbal destacada equivale
a
a) se substituiu.
b) fora substituída.
c) substituía.
d) tinha substituído.
e) teria substituído.
Uma pesquisa feita em uma universidade mostrou que cães têm a capacidade de
distinguir palavras de um vocabulário e captar a entonação da fala dos donos usando regiões
cerebrais semelhantes àquelas usadas por seres humanos.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram a atividade do cérebro dos
cães em aparelhos de ressonância magnética. Eles ouviam então gravações de vozes de seus
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donos ou treinadores usando várias combinações de vocabulário e entonação, ou elogiando ou
de modo neutro.
"A imagem por ressonância magnética fornece um método inofensivo de medição de que
os cães gostam", diz a coautora do estudo.
Independentemente da entonação, cães reconheceram cada palavra como algo distinto e
o fizeram de uma forma similar aos seres humanos, usando o lado esquerdo do cérebro.
Os pesquisadores descobriram ainda que os cães processam a entonação separadamente
do vocabulário, nas regiões auditivas no lado direito do cérebro, o que também acontece com
humanos.
Os pesquisadores observaram que o elogio ativa o "centro de recompensa" do cérebro
dos cães – a região que responde a estímulos de prazer. Mas o centro de recompensa só era
ativado quando o cão ouvia palavras de louvor com entonação adequada.
Isso mostra que, para os cães, um elogio pode funcionar como recompensa, mas funciona
melhor ainda se as palavras e a entonação baterem. Ou seja, os animais não só separam o
que dizemos e como dizemos, mas também podem combinar os dois para uma melhor
interpretação do que aquelas palavras realmente querem dizer.
Os resultados indicam que os mecanismos neurais para processar palavras evoluíram
bem antes do que se imaginava. "O que torna as palavras singularmente humanas não é a
capacidade neural para processá-las", dizem os autores. Seres humanos são únicos na sua
capacidade de inventar palavras.
Ambos os verbos sublinhados estão empregados nos mesmos tempo e modo em:
a) o fizeram de uma forma similar aos seres humanos − o que também acontece com
humanos.
c) Eles ouviam então gravações de vozes de seus donos − bem antes do que se imaginava
Antropologia reversa
É sempre tarefa difícil – no limite, impossível – compreender o outro não a partir de nós
mesmos, ou seja, de nossas categorias e preocupações, mas de sua própria perspectiva e
visão de mundo. “Quando os antropólogos chegam”, diz um provérbio haitiano, “os deuses
vão embora”.
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vistos pelos nativos como demônios, como fantasmas ou espectros, nunca como homens vivos!
Eis uma intuição inigualável, um insight profético, se existe um”.
(Adaptado de GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 118-119)
b) Não se apresentaria como fácil a plena compreensão que alguém se dispusesse a ter da
cultura que se sustentasse em outros valores.
c) Para que venham a ser compreendidos os valores de uma cultura, houvera de se esforçar
quem os buscar analisar mais de perto.
d) Segundo supõe Davi Kopenawa, os brancos não poderiam sonhar tão longe quanto os
nativos porque estejam presos ao mundo das mercadorias.
Atenção: Considere a entrevista abaixo, com o americano Seth M. Siegel, autor do livro Faça-
se a Água, para responder à questão.
1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como
descreveria o estágio atual dessa crise?
Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será
afetada pela escassez de água. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o
aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os principais
impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países
já estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.
2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?
Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais
sofisticada do mundo. Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações
de mais rápido crescimento do mundo, é abundante em água. Penso que todos têm algo a
aprender com o exemplo de Israel.
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3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que
papel acredita que essas riquezas brasileiras poderiam vir a desempenhar?
Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a
água às vezes está disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez.
O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico
e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático construir um
encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso
que outras formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam
usar outras técnicas.
4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou
recentemente uma grave crise hídrica. Como vê essa situação?
Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda
chance. Estes dias de melhor abastecimento de água quase certamente não durarão muito.
Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier, haja
menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.
a) haja − tenha
b) poderiam − precisam
c) levará − faça
d) recebeu − durarão
e) vivem – enfrentou
a) A floresta amazônica preservou o bioma que seus habitantes originários têm alterado no
período anterior a Pedro Álvares Cabral, quando habitassem aquele santuário ecológico.
b) A imensa população que habitava o Brasil pré-cabralino, ainda que se tenha reduzido
drasticamente, deixou marcas que estão presentes em todo o bioma da Amazônia.
c) Na época pré-cabralina, tribos indígenas são responsáveis por terem manejado a terra
de maneira a tornassem a floresta amazônica um bioma rico de espécies frutíferas.
d) Quando Pedro Álvares Cabral chegou, os habitantes nativos tinham sido surpreendidos
por interesses que a Europa cultivara a propósito das riquezas brasileiras.
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186 - Texto associado
Em 1938, o cineasta Orson Welles causou algumas horas de pânico ao fazer crer a milhares
de ouvintes de rádio que o planeta estava sob ataque de marcianos. A dramatização,
transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico,
tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam
acostumados. Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior caso empregasse seu
talento nas mídias sociais, onde notícias falsas enganam milhões diariamente em todo o
mundo.
Nos EUA, o debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força com
a recente eleição − em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. Levantamentos mostraram que em diversas ocasiões o presidente eleito foi beneficiado
pela leva de informações fabricadas. Ainda que seja quase impossível medir o impacto do
fenômeno na definição do resultado eleitoral, a gravidade do problema não se apaga.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da frase acima está em:
A violência não se administra nem admite negociação: é da sua natureza impor a força
como método. Sua lógica final é a adoção da barbárie. As instituições humanas existem para
regulamentar nossos ímpetos, disciplinar nossas ações, impedir que se chegue à supremacia
da violência. São chamados justamente de “supremacistas” (um neologismo, para atender a
uma necessidade de nossos tempos violentos) aqueles que querem se impor pela força bruta,
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alcançar um poder hegemônico. Apoiam-se eles em ideologias que cantam a superioridade de
uma etnia, de uma cultura, de uma classe social, de uma seita religiosa. Acabam por fazer de
sua brutalidade primitiva uma “instituição” organizada pelo princípio brutal da lei do mais forte.
a) Seria desejável que a caminhada civilizatória possa dar vazão às nossas melhores
qualidades naturais.
b) Esperava-se que em nosso atual estágio civilizatório hão de prevalecer o bom senso e a
racionalidade.
e) Os preconceitos que muitos vierem a cultivar impediriam a supremacia dos bons valores.
Esta poética designação – estação de águas – nada tem a ver, como eu imaginava quando
menino, com alguma estação de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em criança
a gente tende a entender tudo meio que literalmente. “Estação de águas”, soube depois, indica
aqui a época, a temporada ou mesmo a estância em que as pessoas se dispõem a um lazer
imperturbado ou a algum tratamento de saúde baseado nas específicas qualidades medicinais
das águas de uma região. Água para se beber ou para se banhar, conforme o caso. Tais
estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares atrativos, ao turismo de quem procura, além
de melhor saúde, a tranquilidade e o repouso que via de regra elas oferecem a quem as visita
ou nelas se hospeda.
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preguiçoso, em apoio à calmaria daquele mundo instituído para que nada de grave ou agitado
aconteça. Os visitantes velhinhos dormitam no banco da praça, as velhinhas vão atrás de
algum artesanato, os jovens se entediam, os turistas adultos se dividem entre absorver a paz
reinante e planejar as tarefas da volta.
Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara oportunidade de paz. As informações
do mundo de hoje circulam o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida digital
é implacável e não tolera espaços de vazio ou tempos vazios. Mas enquanto não morrer de
todo o interesse de se cultuar a vida interior, experiência possível nessas estâncias sossegadas,
não convém desprezar a sensação acolhedora de pertencer a um mundo sem pressa.
a) É possível que os atropelos das grandes cidades um dia chegarão a impedir que as
estâncias continuariam na mesma paz.
b) Caso alguém imagine que todos amam a paz das cidadezinhas estaria enganado: sempre
há os que a desprezassem.
c) Poucos haverão de crer que ainda se resista nas pequenas cidades ao uso descontrolado
das mídias eletrônicas.
e) A menos que ocorresse alguma hecatombe, nada alterará o ritmo de vida que predomine
naquela cidadezinha.
A mensagem desejada
Brigaram muitas vezes e muitas vezes se reconciliaram, mas depois de uma discussão
particularmente azeda, ele decidiu: o rompimento agora seria definitivo. Um anúncio que a
deixou desesperada: vamos tentar mais uma vez, só uma vez, implorou, em prantos. Ele,
porém, se mostrou irredutível: entre eles estava tudo acabado.
Se pensava que tal declaração encerrava o assunto, estava enganado. Ela voltou à carga.
E o fez, naturalmente, através do e-mail. Naturalmente, porque através do e-mail se tinham
conhecido, através do e-mail tinham namorado. Ela agora confiava no poder do correio
eletrônico para demovê-lo de seus propósitos. Assim, quando ele viu, estava com a caixa de
entrada entupida de ardentes mensagens de amor.
O que o deixou furioso. Consultando um amigo, contudo, descobriu que era possível
bloquear as mensagens de remetentes incômodos. Com uns poucos cliques resolveu o assunto.
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Naquela mesma noite o telefone tocou e era ela. Nem se dignou a ouvi-la: desligou
imediatamente. Ela ainda repetiu a manobra umas três ou quatro vezes.
Esgotada a fase eletrônica, começaram as cartas. Três ou quatro por dia, em grossos
envelopes. Que ele nem abria. Esperava juntar vinte, trinta, colocava todas em um envelope
e mandava de volta para ela.
Mas se pensou que ela tinha desistido, estava enganado. Uma manhã acordou com
batidinhas na janela do apartamento. Era um pombo-correio, trazendo numa das patas uma
mensagem.
Não teve dúvidas: agarrou-o, aparou-lhe as asas. Pombo, sim. Correio, não mais.
E pronto, não havia mais opções para a coitada. Aparentemente chegara o momento de
gozar seu triunfo; mas então, e para seu espanto, notou que sentia falta dela. Mandou-lhe
um e-mail, e depois outro, e outro: ela não respondeu. E não atendia ao telefone. E devolveu
as cartas dele.
Agora ele passa os dias na janela, contemplando a distância o bairro onde ela mora. Espera
que dali venha algum tipo de mensagem. Sinais de fumaça, talvez.
(Adaptado de: SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2013, p. 71-72)
O segmento Mas se pensou que ela tinha desistido, estava enganado (6° parágrafo) está
corretamente reescrito, com a correlação entre as formas verbais preservada, em: Mas se
190 - TEXTO 1
“Oscar tinha um sítio. Um dia Oscar resolveu levar na camioneta um pouco de esterco do sítio,
que era no interior de Minas, para o jardim de sua casa na capital. Na barreira foi interpelado
pelo guarda: - O que é que o senhor está levando aí nesse saco? - Esterco – respondeu Oscar,
farejando aborrecimento: - Por quê? Não lhe cheira bem? - O senhor tem a guia? – o guarda
perguntou, imperturbável. - Guia? - É preciso de uma guia, o senhor não sabia
disso?” Fernando Sabino, A mulher do vizinho
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191 - Texto associado
2 É preciso refletir sobre a mudança de paradigmas, uma vez que a criatividade e a capacidade
de inovação - rápida e de baixo custo - serão fundamentais para a sobrevivência das
organizações tradicionais e para o sucesso financeiro das nativas digitais. Mas é preciso,
também, que façamos uma autocrítica sobre o modo como vemos o mundo e a maneira como
dialogamos com ele.
3 Antes da era digital, em quase todas as famílias existia um álbum de fotos. Lembram disso?
Lá estavam as nossas lembranças, os nossos registros afetivos. Muitas vezes abríamos o álbum
e a imaginação voava.
4 Agora fotografamos tudo compulsivamente. Nosso antigo álbum foi substituído pelas
galerias de fotos digitais de nossos dispositivos móveis. Temos excesso de fotos, mas falta o
mais importante: a memória afetiva, a curtição daqueles momentos. Pensamos que o registro
do momento reforça sua lembrança, mas não é assim. Milhares de fotos são incapazes de
superar a vivência de um instante. É importante guardar imagens. Porém, é mais importante
viver cada momento com intensidade. As relações afetivas estão sucumbindo à coletiva solidão
digital.
Estão flexionados nos mesmos tempo e modo os verbos que se encontram em:
122
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192 - Texto associado
Texto 4
“Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, alguns escritores, pressentindo
certamente a era tecnológica que se avizinhava e o conflito bélico que abalaria as raízes de
um universo ainda estruturado com base na Nação-Estado, dedicaram-se à antevisão do
mundo do futuro. H.G. Wells, Aldous Huxley, George Orwell, entre outros, iniciando a série
de Science-fiction, procuraram descrever a sociedade do futuro, como uma projeção das
linhas que as descobertas científicas indicavam como prováveis. Em todas essas profecias
havia uma constante: o mundo novo não conheceria mais a liberdade, pelo menos com a
latitude e o conceito que dela então se tinha”. (L. G. Nascimento Silva. A liberdade e o
computador. Revista brasileira de estudos pedagógicos. Rio de Janeiro, nº 116, 1969)
O emprego do tempo verbal (texto 4) “abalaria” mostra o seguinte valor semântico:
193 - Envelhecer
A infância não volta, mas não vai - fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode
dar um acesso. Outro dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me
célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios
me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha velocidade por fora.
Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e condição.
*árdego: impetuoso.
b) Alguém já terá notado que o que vivemos não pudesse retornar senão com o auxílio da
nossa imaginação.
c) Se meus olhos não estivessem úmidos, eu não haverei como me dar conta da força
daquela emoção.
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d) À medida que as emoções iam tomando conta de mim, maior a inibição que me impedia
a fala.
e) Pior ataque costumava ser o da infância, quando esta se imporia a mim de modo súbito
e intenso.
O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde à questão com lucidez e bom
humor: “Discordo de alguns amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico do
universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas
podem ser grandes, mas não pensam nem amam - qualidades que impressionam bem mais
do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e vinte quilos”.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado
de décadas, mas centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da
existência renderiam, por conta disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a
imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria difícil de suportar.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 35)
a) Ainda que em algum dia tenhamos para viver muito mais de 100 anos, ainda assim é que
os julgássemos insuficientes.
b) Caso viéssemos a viver, no futuro, dois ou mais séculos, nada garantirá que estivéssemos
satisfeitos com esse tempo de vida.
c) Na hipótese de um dia viermos a viver por alguns séculos, ainda assim houvesse quem
não se satisfaria com todo esse tempo.
d) Quando, em idos tempos, a expectativa de vida era em média 35 anos, os homens não
passariam a alimentar metas muito mais altas.
e) Os anos que forem bem vividos bastarão para aqueles que não costumam esperar pelo
desfrute de uma margem inalcançável de tempo.
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195 - Texto associado
Desde 2016, registra-se queda na cobertura vacinal de crianças menores de dois anos.
Segundo o Ministério da Saúde, entre janeiro e agosto, nenhuma das nove principais vacinas
bateu a meta estabelecida — imunizar 95% do público-alvo. O percentual alcançado oscila
entre 50% e 70%.
O Brasil, vale lembrar, é citado como modelo pela Organização Mundial de Saúde. As
campanhas de vacinação exigiram esforço hercúleo. Para cobrir o território nacional e cumprir
o calendário, enfrentaram selvas, secas, tempestades. Tiveram êxito. Deixaram relegada para
as páginas da história a revolta da vacina, protagonizada pela população do Rio de Janeiro
que, no início do século passado, se rebelou contra a mobilização de Oswaldo Cruz para reduzir
as mazelas do Rio de Janeiro. O médico quis resolver a tragédia da varíola com a Lei da Vacina
Obrigatória.
Tal fato seria inaceitável hoje. A sociedade evoluiu e se educou. O calendário de vacinação
tornou-se rotina. Graças ao salto civilizatório, o país conseguiu erradicar males que antes
assombravam a infância. O retrocesso devolverá o Brasil ao século 19. Há que reverter o
processo. Acerta, pois, o Ministério da Saúde ao deflagrar nova campanha de adesão para
evitar a marcha rumo à barbárie. O reforço na equipe de agentes de imunização deve merecer
atenção especial.
(Adaptado de: “Vacina: avanço civilizatório”. Diário de Pernambuco. Editorial. Disponível em: www.diariodeper-
nambuco.com.br)
- ao impedir que o infante indefeso fique protegido contra determinada doença... (3°
parágrafo)
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a) se mantenha - permaneça - requiseram
b) se mantém - permanece - requereram
c) se mantenha - permanece - requereram
d) se mantém - permaneça - requiseram
e) se mantenha - permaneça - requereram
Cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo atualmente, o que
representa mais da metade da população mundial - informou a ONU na sexta-feira (7 de
dezembro de 2018).
A agência da ONU para informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de 2018,
51,2% da população mundial estará usando a internet. “Até o final de 2018, teremos
ultrapassado a marca de 50% do uso da internet”, afirmou o diretor da UIT, Houlin Zhou, em
um comunicado. “Esse é um passo importante para uma sociedade global da informação mais
inclusiva”, disse ele.
Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram um crescimento sólido no uso
da internet, que passou de 51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%.
[Vocação de professor]
Escritor nas horas vagas, sou professor por vocação e destino. “A quem os deuses odeiam,
fazem-no pedagogo”, diz o antigo provérbio; assim, pois, dando minhas aulas há tantos anos,
talvez esteja expiando algum crime que ignoro, cometido porventura nalguma existência
anterior. Apesar disso, não tenho maiores queixas de um ofício que, mantendo-me sempre no
meio dos moços, me dá a ilusão de envelhecer menos rapidamente do que aqueles que passam
a vida inteira entre adultos solenes e estereotipados.
Outra vantagem da minha profissão principal é fornecer material copioso para a profissão
acessória. Se fosse ficcionista, que mina não teria à mão no mundo da adolescência, mina
ainda insuficientemente explorada e cheia de tesouros! Mas, como não sou ficcionista, utilizo-
126
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me desse cabedal apenas para observação e reflexão; às vezes o aproveito nalgum monólogo
inócuo, como este.
(Adaptado de: RÓNAI, Paulo. Como aprendi o Português e outras aventuras. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro,
2014, p. 109)
Há emprego de voz passiva e adequada articulação entre tempos e modos verbais na frase:
a) Não lhe havendo estendido os deuses outra pena, o autor teria de amargar a condição
de pedagogo.
b) Se quisesse se valer de sua condição de professor, o escritor poderá ter aproveitado seu
convívio com os jovens.
d) Uma vez que lhe coubesse aproveitar melhor a companhia dos jovens, o autor terá sabido
convertê-la em ficção.
e) Havendo desprezado o ódio dos deuses, ao professor coubera redimir-se de algum modo
no exercício desse ofício.
Quando ela chegou à idade avançada de quinze anos eu lhe dei de presente o livro Alice
no País das Maravilhas. Esse livro é doido, Maria da Graça. Isto é: o sentido dele está em
ti.
Escuta: se não descobrires algum sentido que há em toda loucura acabarás louca. Aprende,
pois, logo de saída para a grande vida, a ler esse livro como um simples manual do sentido
evidente de todas as coisas, inclusive as loucuras. A realidade, Maria, é louca.
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso
acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu neste mundo?" Essa indagação perplexa é o
lugar-comum de toda história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão
entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a
resposta: o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, todos
vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão
desnecessárias que, quando os corredores chegam exaustos a um ponto costumam perguntar:
“Quem ganhou?” Bobagem, Maria. Há mais sentido nas saudáveis loucuras da nossa
imaginação do que na seriedade que atribuímos a algumas bobagens que chamamos de
“realidade”.
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 191-192)
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a) Quando se chegasse à idade avançada dos quinze anos, não deverão faltar ao
aniversariante os dotes máximos da imaginação.
b) As corridas que se apostam no mundo dos negócios constituem uma prova de que os
homens perdem tempo com tolos desafios.
c) Aqueles a quem a loucura sempre espantará não teriam aproveitado o uso saudável da
imaginação mais criativa.
d) Se o mundo um dia surgir como irreconhecível, você terá imaginado que, além de você
mesmo, também ele enlouqueceu.
e) Por pior que fosse uma mentira ela terá sempre o dom de apelar para a imaginação de
que a realidade costumasse se esquivar.
Ao contrário dos cães, gatos não fazem festa nem estardalhaço, não são excessivamente
carentes de afeto, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o mundo ao redor. Não
por acaso, um ditado chinês diz: “O cachorro é um romance, e o gato, um poema".
Nesse sábio ditado oriental reside uma delicada definição de gêneros literários. Pense no
cotidiano de um cão: as peripécias, o corre-corre, os momentos de exaltação e melancolia,
ganidos de dor, saltos estabanados, ataques de raiva... Agora imagine o discreto cotidiano de
um gato: a pose hierática, a atitude ensimesmada, o salto sem ruído, a expressão misteriosa
do olhar, a repetição dos gestos, o olhar em transe, fitando as asas de um inofensivo beija-
flor... O gato encarna uma subjetividade lírica que reitera o ditado chinês.
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209)
a) Houvesse no gato e no cachorro outros atributos característicos desses animais, não seria
aceitável a analogia que faz o ditado chinês entre eles e os gêneros literários.
b) Caso não se compreenda bem as distinções entre prosa e poesia, não seria fácil distinguir
entre as alusões que o ditado chinês faz ao comportamento do gato e do cachorro.
c) As atribuições em que se empenham o ditado chinês para distinguir entre cachorro e gato
dificilmente fossem compreensíveis sem a consciência do que seja as artes da poesia e da
prosa.
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200 - Uma placa com 13 versos de uma rapsódia da Odisseia gravados, que, I (poder) ser
uma das inscrições mais antigas do poema de Homero, foi encontrada recentemente em
Olímpia, no Peloponeso. Segundo as estimativas dos arqueólogos, a tábua de argila II (ser)
do século 3 d.C. Primeiro transmitida oralmente, a epopeia atribuída a Homero,
que III (compor) a Ilíada e a Odisseia no fim do século 8 a.C., foi transcrita antes da era cristã
em rolos antigos, dos quais só restam alguns fragmentos encontrados no Egito.
(Adaptado de: cultura.estadao.com.br)
Os contos, as histórias inventadas, davam mais vida aos nossos ancestrais, tiravam homens
e mulheres das prisões asfixiantes que eram suas vidas e os faziam viajar pelo espaço e pelo
tempo e viver as vidas que não tinham nem nunca teriam em sua miúda e sucinta realidade.
Sairmos de nós mesmos, sermos outros, graças à fantasia, nos entretém e enriquece. Mas,
além disso, nos ensina como é pequeno o mundo real comparado com os mundos que somos
capazes de fantasiar, e deste modo nos incita a agir para transformar nossos sonhos em
realidade. O progresso nasceu assim, da insatisfação e do mal-estar com o mundo real que
inspirava nos humanos a mesma ficção que os deleitava.
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a) ... antes que aparecesse a escrita.
b) A oralidade contribuiu de maneira decisiva para...
c) ... tiravam homens e mulheres das prisões asfixiantes...
d) Mas, além disso, nos ensina como...
e) ... nem nunca teriam em sua miúda e sucinta realidade.
Dividimos a história em eras, com começo e fim bem definidos, e mesmo que a ordem
seja imposta depois dos fatos – a gente vive para a frente mas compreende para trás, ninguém
na época disse “Oba, começou a Renascença!” – é bom acreditar que os fatos têm coerência,
e sentido, e lições. Mas podemos aprender a lição errada.
A gente fala nos loucos anos 20, quando várias liberdades novas começavam a ser
experimentadas, e esquece que foi a era que gerou o fascismo e outras formas liberticidas. O
espírito da “era do jazz” foi também o espírito totalitário. Prevaleceram não os passos
do charleston*, mas os passos de ganso dos nazistas.
A leitura convencional dos anos 40 é que foram os anos em que os Estados Unidos salvaram
a Europa dela mesma. Na verdade, a Segunda Guerra salvou os Estados Unidos, acabou com
a crise econômica que sobrara dos anos 30, fortalecendo a sua indústria ao mesmo tempo que
os poupava da destruição que liquidou a Europa, fortalecendo um sistema econômico que
mantém sua economia saudável até hoje. O fim da Segunda Guerra foi o começo da era
americana. Os americanos salvaram o mundo – e ficaram com ele.
Já nos fabulosos anos 60, enquanto as drogas, o sexo e a comunhão dos jovens pela paz
e contra tudo o que era velho tomavam conta das praças e das ruas, o conservadorismo se
entrincheirava no poder.
Quando fizerem, no futuro, a leitura de nossa época, qual será a conclusão errada?
(Adaptado de: VERISSIMO, Luís Fernando. Banquete com os deuses. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003, p. 207/208)
b) Caso os Estados Unidos não se aliasse aos demais países, a Segunda Guerra terá
alcançado proporções ainda mais trágicas.
c) Quando vierem a avaliar a história dos nossos dias, aprenderiam algo com as lições que
legaram nossa época?
d) O humor e a ironia do autor seriam menos eficazes caso seus dotes de analista não seja
também um seu atributo.
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e) Ninguém haveria de aprender lições erradas, com a História, se não nos contentassem
as explicações mais simplórias.
É preciso ser taxativo: seu planejamento financeiro familiar não será eficiente se você não
tiver equilíbrio orçamentário, o que se traduz em gastar menos do que ganha e investir a
diferença com regularidade. Alcançar e manter o equilíbrio orçamentário mês a mês é
fundamental para viabilizar a realização de seus sonhos, já que os sonhos têm custo.
(CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira pessoal na prática. São Paulo,
Elsevier, 2009, p. 25)
Se, por outro lado, você procura manter algum tipo de disciplina com os gastos ao controlar
suas dívidas, mas não controla o suficiente para viabilizar sobras regulares, a situação é ainda
pior.
Constituição Federal
Art. 225.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
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I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
Art. 10. A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre
são proibidas:
a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem
a caça;
b) com armas a bala, a menos de 3 (três) quilômetros de qualquer via férrea ou rodovia
pública;
f) nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público, bem como nos terrenos
adjacentes, até a distância de 5 (cinco) quilômetros;
g) na faixa de 500 (quinhentos) metros de cada lado do eixo das vias férreas e rodovias
públicas;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1o
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Considere estas descrições, relativas aos recursos linguísticos presentes na Lei no 5.197, de 3
de janeiro de 1967. É correto afirmar que
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crescente da periculosidade da ação persecutória junto aos animais, o que fortalece a
contundência do sentido da lei.
e) o emprego do acento gráfico na sílaba tônica das palavras finalizadas por ditongo
crescente – estâncias (alínea e) e distância (alínea f) – é facultativo, assim como
em incêndio (alínea a).
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para
cada ser: o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável,
expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de Delfos: “O mais justo é o mais
belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas
regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo com uma visão do mundo que
interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe um limite ao “bocejante Caos”, de
cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta visão é colocada sob a proteção de Apolo,
que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo de Delfos.
Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e
da desenfreada infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é
casual, embora só tenha sido tematizada na idade moderna, com Nietzsche. Em geral, ela
exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se periodicamente, da irrupção do caos
na beleza da harmonia. Mais especificamente, expressam-se aqui algumas antíteses
significativas que permanecem sem solução dentro da concepção grega da Beleza, que se
mostra bem mais complexa e problemática do que as simplificações operadas pela tradição
clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é
perceptível, mas não completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis,
abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e Beleza: oposição que os artistas tentarão
manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito abrirá em toda a sua amplidão,
afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como casual desordem. Uma
segunda antítese é aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas pela
concepção grega (provavelmente porque, ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis
a medidas e ordens numéricas): embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a
alma, é somente às formas visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que
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agrada e atrai”. Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da
Beleza apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma
“ideia” (presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida
como algo que suscita paixões.
(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
Considerando-se o uso linguístico nos segmentos, no contexto em que ocorrem no texto, está
correto o que se afirma em:
a) A forma verbal destacada em Zeus teria designado (1° parágrafo) pode ser substituída
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo sem prejuízo da correção gramatical.
No encontro de duas gerações, a que murcha e a que floresce, há uma irrisão dramática,
um momento de culpas, apreensões e incertezas. As duas figuras se contemplam: o jovem é
o passado do velho, e este é o futuro que o jovem contempla com horror. Assim, o momento
desse encontro é um espelho cujas imagens o tempo deforma, sem que se desfaça, para o
moço e para o velho, a sinistra impressão de que as duas figuras são uma coisa só, um homem
só, uma tragédia só.
O poeta romântico inglês Shelley poderia ser o padrão do adolescente de todas as épocas:
nasceu de família respeitável e rica, foi bonito, sincero, revoltado, idealista, violento, amoroso,
apaixonado pela vida e pela morte, inteligente, confuso e, sobretudo, de uma sensibilidade
crispada. Não era um monstro: seus atos eram a consequência lógica de suas ideias, da
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lealdade às suas crenças. E enquanto escrevia versos musicais, fecundados de amor cósmico,
esperança e idealismo social, atirava-se feroz contra o conformismo do clero, a monarquia, as
leis vigentes, o farisaísmo universal.
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 135-136)
Há emprego de voz passiva e adequada correlação entre os tempos e modos verbais na frase:
b) Não fossem as experiências dos mais velhos, cada geração haverá de contar apenas com
suas intuições e pressentimentos.
d) Ainda que muitos jovens acreditassem que nada os ligava ás gerações passadas, não
terão como deixar de reconhecer o respeito que lhes devem.
Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano que havia apresentado no concurso
público aberto pelo Governo Federal para escolher o projeto da nova capital brasileira, as
escalas são definidas como monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária
(dos setores de serviços e diversão) e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais,
incluindo a vegetação nativa). Com elas, o urbanista deixou claras as funções de cada espaço
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da cidade, definindo os setores de trabalho, moradia, serviços e lazer, em harmonia com a
natureza.
Era justamente esse conceito o grande trunfo de Brasília, que trazia um desenho único de
cidade. Diferentemente do que muitos pensam, seria tombado o projeto urbanístico de Lucio
Costa e não os prédios modernistas de Oscar Niemeyer. Esses viriam a ser protegidos por meio
de outras leis. Mas as obras de Niemeyer contribuíram para a conquista do título da Unesco.
Os representantes da organização ressaltaram que cada elemento − da arquitetura das áreas
residenciais e administrativas à simetria dos edifícios − dos traços de Niemeyer estavam em
harmonia com o desenho geral da cidade. Assim como o plano de Lucio, a Unesco considerou
os prédios inovadores e criativos.
Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião. Mas Lucio Costa o comparava a uma
borboleta. O arquiteto Leon Pressouyre, o relator da candidatura de Brasília ao título de
Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco, viu “um pássaro gigante voando em direção
ao sudeste”. O certo é que o tombamento protegeu uma ideia de liberdade.
Diferentemente do que muitos pensam, seria tombado o projeto urbanístico de Lucio Costa e
não os prédios modernistas de Oscar Niemeyer. (5° parágrafo)
Considerando-se o contexto, a forma verbal sublinhada designa, nessa frase, uma ação
São vários os fatores que determinam mudanças drásticas em nosso comportamento. Entre
eles está a alta tecnologia de ponta, com seus incontáveis reflexos na vida cotidiana: o que
fazer, por exemplo, do direito à privacidade na onipresença de câmeras instaladas por medida
de segurança? No campo da moral e da ética, das disputas políticas, das ideologias, do
comportamento, dos hábitos cotidianos, muito do que ontem valia deixa de ter sentido hoje;
considere-se, pois, a possibilidade sempre aberta para que um novo “espírito” de uma lei deva
corresponder a uma nova prática social. Nessa atualização necessária, conta-se com a
sensatez e o senso de oportunidade do legislador, sem falar na atenção continuada aos
dispositivos básicos constitucionais já estabelecidos na Carta Magna.
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A mobilidade dos costumes enseja a formação de novos sujeitos sociais. Note-se que, além
das instituições já clássicas, nosso tempo vem testemunhando a criação dos chamados
“coletivos”, cuja natureza se distingue da dos partidos políticos ou dos órgãos de classe
tradicionais, embora sejam agrupamentos cuja ação se reveste de evidente importância
política e cuja representação de setores específicos da sociedade pode ser vista como legítima.
É possível que a legislação venha a contemplar as iniciativas desses “coletivos”, munindo-se
de novos dispositivos para acompanhar os novos traços de uma sociedade em movimento.
(Alcebíades Nunes Cardoso, inédito)
Há emprego de forma verbal na voz passiva e está plenamente adequada a correlação entre
os tempos e os modos dos verbos na frase:
a) Não fossem os ajustes a que são levados os legisladores para a atualização das leis,
ocorreria um grave descompasso entre estas e os hábitos sociais.
c) Se um dia a mobilidade dos costumes não implicar a formação de novos grupos, menos
trabalho haveria para que ocorra a atualização das leis.
e) Como não haveria quem contestasse a presença de tantas câmeras, quando estas vierem
a impedir de vez a nossa privacidade?
210 - Assinale a frase cujas formas verbais mostram correspondência adequada de tempos.
b) “Se os teus princípios morais te deixam triste, podes estar certo de que estivessem
errados.”
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e) “Tenho a impressão de que a exclamação ‘A pátria corre perigo’ não seja tão terrível
quanto ‘A cultura corre perigo!’”
211 – 1 Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. Seus
sintomas incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa imunidade,
flutuações de humor, entre outros. Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem
crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul.
2 Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia. Velas e lenha produziam luz
amarelo-avermelhada e não havia iluminação artificial à noite. A luz do fogo não é problema
porque o cérebro interpreta a luz vermelha como sinal de que chegou a hora de dormir. Com
a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada da manhã.
3 Assim, um dos responsáveis pelo declínio da qualidade do sono nas duas últimas décadas
é a luz azulada que emana de aparelhos eletrônicos; mas um dano ainda maior acontece
quando estamos acordados, fazendo um malabarismo obsessivo com computadores
e smartphones.
4 A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos - e muitos gastam bem mais que isso. Não é problema de uma minoria.
Pesquisadores nos aconselham a usar o celular por menos de uma hora diariamente. Mas o
uso excessivo do aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o
termo “nomofobia" (uma abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever
a fobia de ficar sem celular.
(Adaptado de: ALTER, Adam. Irresistível. São Paulo: Objetiva, edição digital)
O verbo que pode ser corretamente flexionado em uma forma do singular, sem que nenhuma
outra alteração seja feita na frase, está em:
a) A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos
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212 – [Gravado na pele]
Dizem que a tatuagem data do paleolítico, quando era usada por povos nativos da Ásia.
Além da beleza das formas e cores, há algo de simbólico nessas inscrições corporais. Os índios
pintam o corpo em cerimônias, festas e rituais de guerra. Os marinheiros, cujas pátrias são os
portos e os oceanos, ostentam em sua pele símbolos que evocam a breve permanência em
terra firme e a longa travessia marítima: âncoras, ilhas, mapas, peixes, pássaros, bússolas.
Antes de ser uma febre no Brasil, a tatuagem inspirou uma música de Chico Buarque e
Ruy Guerra. Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, diz a letra dessa belíssima canção.
Para um observador parado à beira-mar, um observador que teme o sol forte e protege a
cabeça com um chapéu, cada tatuagem é uma descoberta, uma viagem do olhar. Jovens e
velhos exibem tatuagens; uso o verbo exibir porque talvez haja uma ponta de exibicionismo
nessa arte antiga de fazer da pele uma pintura para toda a vida.
Numa única manhã ensolarada, sob meu chapéu, vi tatuagens de vários tipos e tamanhos,
li nomes próprios, adjetivos, bilhetes, e até mesmo uma mensagem cifrada, cuja revelação
será sempre adiada: Amanhã saberás o segredo...
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 122)
b) Elas interviram quando ele se dispôs a apagar uma tatuagem que o custara tão caro.
e) Ele diz não saber porquê a tatuagem goza de tanto prestígio aonde quer que surja.
A pergunta formulada acima é uma constância da história social. Alguns antropólogos têm
afirmado que a estrutura social é a rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa, numa dada
sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. Não estabelece distinção entre os elementos
efêmeros e os mais persistentes na atividade social, e torna quase impossível distinguir a
noção de estrutura de uma sociedade da totalidade da própria sociedade.
Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tanto as relações reais entre pessoas
ou grupos, mas as relações esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse ponto
de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e permite a seus membros exercerem
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suas atividades são as expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está feito, ou do
que deverá ser feito pelos outros membros. Não falta quem veja tal formulação como bastante
insatisfatória.
Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será preciso sempre reconhecer que
a validade de qualquer uma delas estará presa à validação do critério que a sustenta.
(Adaptado de: FIRTH, Raymond. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José Duarte Lanna. São Paulo:
Nacional, 1975, p. 35-36)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para integrar
corretamente a frase:
a) As respostas que se (aguardar) para essa questão prendem-se aos critérios a serem
observados.
c) Não (dever) caber aos sociólogos ou antropólogos definir açodadamente o que seja uma
estrutura social.
e) A validação dos critérios que se (apresentar) como parâmetros aceitáveis deve receber
o aval de todos os envolvidos na definição.
A pergunta formulada acima é uma constância da história social. Alguns antropólogos têm
afirmado que a estrutura social é a rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa, numa dada
sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. Não estabelece distinção entre os elementos
efêmeros e os mais persistentes na atividade social, e torna quase impossível distinguir a
noção de estrutura de uma sociedade da totalidade da própria sociedade.
Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tanto as relações reais entre pessoas
ou grupos, mas as relações esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse ponto
de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e permite a seus membros exercerem
suas atividades são as expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está feito, ou do
que deverá ser feito pelos outros membros. Não falta quem veja tal formulação como bastante
insatisfatória.
Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será preciso sempre reconhecer que
a validade de qualquer uma delas estará presa à validação do critério que a sustenta.
(Adaptado de: FIRTH, Raymond. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José Duarte Lanna. São Paulo:
Nacional, 1975, p. 35-36)
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Está clara e correta a redação desta livre consideração sobre o texto:
b) Os diferentes critérios para a definição do que seja a estrutura social são julgados, por
razões diversas, como insatisfatórios.
c) Há quem julguem as relações sociais como um produto que ao mesmo tempo considere
que as individualidades já as constituam por si mesmas.
d) Não é por formularem alguma ordem ideal para as relações sociais definidas como
expectativas que se obtêm, apenas por isso, a validade de uma estrutura.
e) O autor do texto leva-nos à crer que, a depender do critério que adotássemos, nossa
definição de estrutura social terá validade nessa dependência.
De acordo com o relator especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao
saneamento básico, o brasileiro Léo Heller, a deliberação “dá para as pessoas uma percepção
mais clara do direito ao saneamento, fortalecendo sua capacidade de reivindicá-lo quando o
Estado falha em prover os serviços ou quando eles não são seguros, são inacessíveis ou sem
a privacidade adequada”. A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do
saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos juntos.
Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as abstenções escolares de todos os
alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento e água fazem com que 443 milhões
de dias letivos sejam perdidos todos os anos. (3° parágrafo)
O trecho sublinhado (incluindo-se a vírgula após mundo) pode ser substituído, atendendo às
normas de concordância e preservando-se a correlação entre as formas verbais, por:
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a) a partir do momento em que se somasse as abstenções escolares de todos os alunos no
mundo, seja possível perceber que
c) caso seja somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, era possível
perceber que
e) assim que se somem as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, teria sido
possível perceber que
216 – TEXTO 1
Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem
mesmo o menor deslize. E só não falamos nisso por um pequeno detalhe: seria uma mentira.
Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um
eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós
não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “meia-
verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Aurorregulamentação Publicitária, existem a
verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.
O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela
ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso,
mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter
o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor
não acreditasse nela?
Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação
ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.
“E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?”
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217 – TEXTO 1
Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem
mesmo o menor deslize. E só não falamos nisso por um pequeno detalhe: seria uma mentira.
Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um
eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós
não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “meia-
verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Aurorregulamentação Publicitária, existem a
verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.
O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela
ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso,
mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter
o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor
não acreditasse nela?
Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação
ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.
A frase do texto 1 em que o verbo sublinhado admitiria a forma de concordância verbal indicada
entre parênteses é:
O mundo anda cada vez mais complicado, o que não é bom. O frágil corpo humano não
foi feito para competir com a máquina, conviver com a máquina e explorá-la. A cada
adiantamento técnico-científico, o conflito fica mais duro para o nosso lado.
Mas nesta semana vi na TV uma reportagem que me horrorizou como prova de que, a
cada dia, mais renunciamos às nossas prerrogativas de seres vivos e nos tornamos
robotizados. Foi a “praia artificial” no Japão (logo no Japão, arquipélago penetrado e cercado
de mar por todos os lados!).
É um galpão imenso, maior que qualquer aeroporto, coberto por uma espécie de cúpula
oblonga, de plástico. E filas à entrada, lá dentro um guichê, o pessoal paga a entrada, que é
cara, e some. Deve entrar no vestiário, ou antes, no despiário, pois surgem já
convenientemente seminus, como se faz na praia. Pois que debaixo daquele imenso teto de
plástico está um mar, com a sua praia. Mar que, na tela, aparece bem azul com ondas de
verdade, coroadas de espuma branca; ondas tão fortes que chegam a derrubar as pessoas e
sobre as quais jovens atletas surfam e rebolam. E um falso sol, de luz e calor graduáveis; e a
praia é de areia composta por pedrinhas de mármore.
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Não sei se pelo comportamento dos figurantes, a gente tinha a impressão absoluta de que
assistia a uma cena de animação figurada em computador. A única presença viva, destacando-
se no elenco de bonecos, era a repórter, apresentadora do espetáculo. Já se viu! Se fosse uma
honesta piscina de água morna, tudo bem. Mas fingir as ondas, falsificar um sol bronzeando,
de trinta e cinco graus, e toda aquela gente se deitando com a simulação e depois voltando
para a rua vestida nos seus casacos! Me deu pena, horror, sei lá. Aquilo não pode deixar de
ser pecado. Falsificar com tanta impudência as criações da natureza, e pra quê!
(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 1994, edição digital)
a) O comportamento das pessoas, à medida que a tecnologia avança, por vezes se tornam
tão robotizados que causam espanto em alguns.
c) O comportamento das pessoas, quando transmitido pela TV, criam a impressão de que
são figurantes em uma cena de animação computadorizada.
e) Em uma praia artificial, vê-se até mesmo jovens atletas surfando sobre ondas fortes, as
quais chegam a derrubar as pessoas.
b) Consoante a observação de Simone de Beauvoir, ao redor dos velhos, que costumam ser
estigmatizados, paira certa “conspiração do silêncio”.
Peça a um congressista dos Estados Unidos para destinar um milhão de dólares adicional
à Fundação Nacional da Ciência de seu país a fim de financiar pesquisas elementares, e ele,
compreensivelmente, perguntará se o dinheiro não seria mais bem utilizado para financiar a
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capacitação de professores ou para conceder uma necessária isenção de impostos a uma
fábrica em seu distrito que vem enfrentando dificuldades.
Para destinar recursos limitados, precisamos responder a perguntas do tipo “O que é mais
importante?” e “O que é bom?”. E essas não são perguntas científicas. A ciência pode explicar
o que existe no mundo, como as coisas funcionam e o que poderia haver no futuro. Por
definição, não tem pretensões de saber o que deveria haver no futuro. Somente religiões e
ideologias procuram responder a essas perguntas.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens − Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio.
Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 283)
a) Não cabem nem à ideologia nem à religião interessar-se pelos mesmos procedimentos
de investigação que interessam à ciência.
d) Para que se lhe conceda as verba solicitadas, o proponente de uma pesquisa deverá
realçar os benefícios econômicos de seu projeto.
É sempre perigoso usar termos geográficos no discurso histórico. É preciso ter muita
cautela, pois a cartografia dá um ar de espúria objetividade a termos que, com frequência,
talvez geralmente, pertencem à política, ao reino dos programas, mais que à realidade.
Historiadores e diplomatas sabem com que frequência a ideologia e a política se fazem passar
por fatos. Rios, representados nos mapas por linhas claras, são transformados não apenas em
fronteiras entre países, mas fronteiras “naturais”. Demarcações linguísticas justificam
fronteiras estatais.
A própria escolha dos nomes nos mapas costuma criar para os cartógrafos a necessidade
de tomar decisões políticas. Como devem chamar lugares ou características geográficas que
já têm vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram mudados oficialmente? Se for oferecida
uma lista alternativa, que nomes são indicados como principais? Se os nomes mudaram, por
quanto tempo devem os nomes antigos ser lembrados?
(HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 109)
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b) Por mais que se determine os critérios de nomeação adotados pelos cartógrafos, nunca
eles alcançarão uma plena objetividade.
c) No momento em que são adotados pelo cartógrafo idôneo, o critério linguístico se mostra
adequado na confecção dos mapas.
Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam
vistas de todos os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.
b) Um potencial incrível para o futuro dos filmes é oferecido por tecnologias em rápido
desenvolvimento.
d) No futuro será possível que se criem uma história em tempo real só para o espectador.
e) Experiências imersivas sob medida é o que parecem aptas a oferecer os filmes do futuro.
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223 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: nas indústrias, montando ou
soldando peças; nos atendimentos telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos
assistentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas essas automações são
exatamente robôs. “Para se tornar um robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou
um robô de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do Centro Universitário FEI
e pesquisador de robótica e inteligência artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-
requisito é mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a distância, bem como
ser capaz de interagir com o ambiente.
“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e de inteligência artificial”, afirma
Tonidandel. Simplificando bastante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cérebro
do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões.
Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos servir, contudo, traz novas
questões. A que regras eles estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos pelos humanos?
São perguntas bem difíceis de responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a
evolução da robótica.
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A combinação entre a imaginação dos escritores de ficção e a tendência a aceitar desafios
dos cientistas costuma gerar revoluções nas nossas vidas. Assim também foi com o surgimento
dos robôs. O nome foi usado pela primeira vez em uma peça teatral da década de 1920 para
designar um ciborgue ficcional que tinha como principal tarefa servir à humanidade.
Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: nas indústrias, montando ou
soldando peças; nos atendimentos telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos
assistentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas essas automações são
exatamente robôs. “Para se tornar um robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou
um robô de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do Centro Universitário FEI
e pesquisador de robótica e inteligência artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-
requisito é mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a distância, bem como
ser capaz de interagir com o ambiente.
“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e de inteligência artificial”, afirma
Tonidandel. Simplificando bastante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cérebro
do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões.
Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos servir, contudo, traz novas
questões. A que regras eles estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos pelos humanos?
São perguntas bem difíceis de responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a
evolução da robótica.
a) Surgem acerca da convivência com esse tipo de seres autônomos novas questões.
c) Não está claro o que poderão resultar da combinação entre inteligência artificial e
robótica.
d) Até que ponto os serviços hoje feitos por humanos virão a ser executado pela máquina?
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dos robôs. O nome foi usado pela primeira vez em uma peça teatral da década de 1920 para
designar um ciborgue ficcional que tinha como principal tarefa servir à humanidade.
Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: nas indústrias, montando ou
soldando peças; nos atendimentos telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos
assistentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas essas automações são
exatamente robôs. “Para se tornar um robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou
um robô de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do Centro Universitário FEI
e pesquisador de robótica e inteligência artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-
requisito é mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a distância, bem como
ser capaz de interagir com o ambiente.
“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e de inteligência artificial”, afirma
Tonidandel. Simplificando bastante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cérebro
do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões.
Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos servir, contudo, traz novas
questões. A que regras eles estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos pelos humanos?
São perguntas bem difíceis de responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a
evolução da robótica.
No trecho ... capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões (3º parágrafo), o termo sublinhado pode ser corretamente
substituído por
a) conceder-lhe
b) munir-lhe de
c) atribuí-lo
d) providenciá-lo
e) propiciar-lhe de
Nisto entrou o moleque trazendo o relógio com o vidro novo. Era tempo; já me custava estar
ali; dei uma moedinha de prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra ocasião, e saí
a passo largo. Para dizer tudo, devo confessar que o coração me batia um pouco; mas era
uma espécie de dobre de finados. O espírito ia travado de impressões opostas. Notem que
aquele dia amanhecera alegre para mim. Meu pai, ao almoço, repetiu-me, por antecipação, o
primeiro discurso que eu tinha de proferir na Câmara dos Deputados; rimo-nos muito, e o sol
também, que estava brilhante, como nos mais belos dias do mundo; do mesmo modo que
Virgília devia rir, quando eu lhe contasse as nossas fantasias do almoço. Vai senão quando,
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cai-me o vidro do relógio; entro na primeira loja que me fica à mão; e eis me surge o passado,
ei-lo que me lacera e beija; ei-lo que me interroga, com um rosto cortado de saudades e
bexigas...
(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p. 135-136)
a) dei uma moedinha de prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra ocasião, e
saí a passo largo. (1º parágrafo)
b) as rodas sulcavam rapidamente a lama que deixara a chuva recente (2º parágrafo)
e) um certo vento morno, não forte nem áspero, mas abafadiço, que nos
não leva o chapéu da cabeça (2º parágrafo)
O aluno diz ao professor que está com “ótimas ideias” para fazer o trabalho, falta “apenas
colocar no papel”. O rapaz acha que a passagem da boa ideia para a redação que a sustentará
é fácil, ou mesmo automática. É como se o bom conteúdo imaginado garantisse por si mesmo
a forma que melhor o expressará. Essa ilusão se desmancha logo na primeira frase: descobre-
se que cada palavra empregada fixa-se inapelavelmente no papel, diz somente o que diz, e o
mesmo acontece com a ordem das frases que vão chegando, tudo é inapelável, e se apresenta
longe de corresponder às “ótimas ideias”.
Não é o caso de desanimar, mas de aprender que é longo o caminho que vai da ideia solta
e criativa ao necessário determinismo das palavras. Aprende-se com isso o limite que é nosso,
a fronteira onde se detém nossa capacidade de expressão. Esse aprendizado sofrido não deixa
de ser um ganho: faz-nos querer alargar os domínios da nossa capacidade expressiva.
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é mais do que o silêncio que a precedia. O que nos limita é também o que nos define: é o que
nos diz nossa linguagem, no espelho da página em que se projeta.
a) Não houvesse a ilusão de que a boa redação acompanha as boas ideias, pode-se evitar
que muitas frustrações ocorram.
b) Muitas frustrações deixarão de ocorrer caso viéssemos a ter a certeza de que boas ideias
não implicavam em boas palavras.
c) Tão logo desconfiemos dos fatais limites que toda expressão impõe, já não seremos
presas fáceis de uma grande frustração.
d) Uma vez que estivéssemos convencidos dos limites da linguagem, passaremos a usá-la
com moderada expectativa.
e) Assim que ele percebesse a redução de suas ideias aos limites de sua linguagem, por que
não reviu suas pretensões?
O aluno diz ao professor que está com “ótimas ideias” para fazer o trabalho, falta “apenas
colocar no papel”. O rapaz acha que a passagem da boa ideia para a redação que a sustentará
é fácil, ou mesmo automática. É como se o bom conteúdo imaginado garantisse por si mesmo
a forma que melhor o expressará. Essa ilusão se desmancha logo na primeira frase: descobre-
se que cada palavra empregada fixa-se inapelavelmente no papel, diz somente o que diz, e o
mesmo acontece com a ordem das frases que vão chegando, tudo é inapelável, e se apresenta
longe de corresponder às “ótimas ideias”.
Não é o caso de desanimar, mas de aprender que é longo o caminho que vai da ideia solta
e criativa ao necessário determinismo das palavras. Aprende-se com isso o limite que é nosso,
a fronteira onde se detém nossa capacidade de expressão. Esse aprendizado sofrido não deixa
de ser um ganho: faz-nos querer alargar os domínios da nossa capacidade expressiva.
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para integrar
adequadamente a frase:
a) Com os limites da linguagem não (dever) surpreender-se quem das palavras espera a
fiel expressão de uma ideia.
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b) Se a todas as boas ideias (vir) sempre a corresponder a melhor expressão delas, não
ficaríamos decepcionados com nossa redação.
c) Aos jovens alunos não (costumar) ocorrer que as deficiências de uma redação
comprometem a qualidade das ideias.
e) Do poder das palavras (resultar), para os usuários de uma língua, a impressão de que
elas sempre traduzem fielmente nossas ideias.
229 – Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a gente não se vê. Dei-me
conta da coisa rara que é a amizade. E, no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá.
Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. Pela primeira vez, estando com
alguém, não sentia necessidade de falar. Bastava a alegria de estarem juntos.
“Christophe voltou sozinho dentro da noite. Nada via. Nada ouvia. Estava morto de sono
e adormeceu apenas deitou-se. Mas durante a noite foi acordado duas ou três vezes, como
que por uma ideia fixa. Repetia para si mesmo: ‘Tenho um amigo’, e tornava a adormecer.”
Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. A amizade anda por caminhos que não
passam por programas.
Um amigo vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o
torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de
comunhão. E alegria maior não pode existir.
(Adaptado de: ALVES, Rubem. O retorno e terno. Campinas: Papirus, 1995, p. 11-13)
a) Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna um amigo.
b) terminado o alegre e animado programa, vêm o silêncio e o vazio, que são insuportáveis.
c) Bastava a alegria de estarem juntos.
d) A amizade anda por caminhos que não passam por programas.
e) Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade
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230 – Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond
publicou um artigo afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era
repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil, considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra
de renovação da cultura geral”. Na correspondência que manteve com Mário de Andrade nas
décadas de 1920 e 1930, Machado também teria papel crucial no embate acerca da tradição.
Nas cartas, o escritor volta e meia surge como encarnação de um passado a ser descartado.
Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”,
uma das mais belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único
verso dá a medida do elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O
poema compõe-se de frases do escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava.
O poeta maduro, que agora assinava Carlos Drummond de Andrade, emprestava palavras do
próprio Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação, o “bruxo do Cosme
Velho”. O que teria se passado com Drummond para mudar tão radicalmente de posição?
Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes
gerações. O processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo
movimento que marca a construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e,
finalmente, pela reapropriação do legado.
(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido. São Paulo: Três Estrelas,
2019, p. 9-30.)
a) O ímpeto de renovação da cena cultural nacional, dificultou para toda uma geração no
início do século, a assimilação de um legado.
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231 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São
Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
a) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores.
b) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo.
c) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré.
d) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de
carqueja.
232 – De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
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fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São
Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
a) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores.
b) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo.
c) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré.
d) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de
carqueja.
233 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.
2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.
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tantas horas a um afazer alimentício? Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas. Mas
este fez o que a maioria deles não faz: escrever em todos os momentos livres que tinha, e,
embora tenha publicado pouco em vida, deixar uma obra de longuíssimo fôlego.
4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos
livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi
um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.
6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.
7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia
publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia,
perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e
histórias.
a) Ao esmiuçar sua insegurança, Kafka afirmou que nenhuma das coisas e pessoas que
conhecia lhes inspiravam confiança, a não ser a terra em que pisava.
b) A opção de escrever em todos os momentos disponíveis, como fizera Kafka, são poucos
os escritores que adota.
c) Deve ter havido expectativas otimistas de Kafka em relação a sua obra, uma vez que não
foi capaz de queimar seus escritos inéditos.
e) A indagação de que mais horas do dia deveriam ser dedicados à escrita costumam
acompanhar os escritores.
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
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fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa
companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
235 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.
2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.
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4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos
livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi
um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.
6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.
7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia
publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia,
perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e
histórias.
236 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.
2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.
4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos
livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi
um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.
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5. A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos que acreditavam no talento
de Kafka, há agora uma retomada dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça!
O mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de acatado a decisão do amigo a
quem admirava, salvado para os leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.
6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.
7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia
publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia,
perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e
histórias.
Mantendo-se a correção, o verbo que pode ser flexionado no plural, sem que nenhuma outra
alteração seja feita na frase, está em:
238 – Por que o cão que insiste em enterrar ossos? Na verdade, ele age assim porque
ancestrais que ...I... comida lhe ...II... esse instinto. Enquanto outros exemplares menos
precavidos eram mais atingidos pela fome, os mais bem nutridos ...III... se defender e se
reproduzir melhor.
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Completam corretamente as lacunas I, II e III, nessa ordem:
Uma pesquisa feita em uma universidade mostrou que cães têm a capacidade de
distinguir palavras de um vocabulário e captar a entonação da fala dos donos usando regiões
cerebrais semelhantes àquelas usadas por seres humanos.
"A imagem por ressonância magnética fornece um método inofensivo de medição de que
os cães gostam", diz a coautora do estudo.
Isso mostra que, para os cães, um elogio pode funcionar como recompensa, mas funciona
melhor ainda se as palavras e a entonação baterem. Ou seja, os animais não só separam o
que dizemos e como dizemos, mas também podem combinar os dois para uma melhor
interpretação do que aquelas palavras realmente querem dizer.
a) Foram observados pelos pesquisadores que o elogio ativa a área considerado como o
"centro de recompensa" do cérebro dos cães.
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b) No estudo, a atividade do cérebro dos cães foi medida pelos pesquisadores em aparelhos
de ressonância magnética.
c) A entonação, o que também foi descoberto por pesquisadores, é processado pelos cães
no lado direito do cérebro.
e) A partir dos resultados da pesquisa, percebem-se que evoluiu, bem antes do que se
imaginava, os mecanismos neurais para processar palavras.
b) Hoje os alimentos da classe media tem mais nutrientes do que as dos nóbres da Idade
Media.
c) A explozão da epidemia de obesidade que se vê no mundo hoje foi causado pela ingestão
diaria de calorias em excesso em um corpo sedentário.
d) O sistema de saúde sofre consequencias graves provocadas por doenças causado pela
vida sedentária, conforme estudo de pesquisadores.
e) Aplicando estatistica, tira-se diversas concluzões a respeito das verbas que é despendido
no sistema de saúde.
241 – Linguagens
− Mas certamente você concordará em que haverá linguagens boas e linguagens ruins,
melhores e piores.
− Não é tão simples assim, respondi. Essa, como se sabe, é uma discussão acesa, um
pomo da discórdia, que envolve argumentos linguísticos, sociológicos e políticos. A própria
noção de erro ou acerto está mais do que relativizada. Tanto posso dizer “e aí, mano, tudo nos
conformes?” como posso dizer “olá, como está o senhor?”: tudo depende dos sujeitos e dos
contextos
envolvidos.
As linguagens de uma notícia de jornal, de uma bula de remédio, de um discurso de
formatura, de uma discussão no trânsito, de um poema e de um romance diferenciam-se
enormemente, cada uma envolvida com uma determinada função. Considerar a pluralidade de
discursos e tudo o que se determina e se envolve nessa pluralidade é uma das obrigações a
que todos deveríamos atender, sobretudo os que defendem a liberdade de expressão e de
pensamento.
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(Norton Camargo Pais, inédito)
a) Embora existam os que pensem diversamente, o emprego das linguagens revela porquê
algumas são consideradas mais preferíveis do que outras.
b) Apesar de que não houveram exemplos efetivamente ilustrativos, o texto dispõe de que
os níveis de linguagem são vários e justificáveis.
c) Não haverá como qualificar a eficácia do emprego de uma fala deixando de se considerar
a situação do falante e o contexto dessa fala.
d) Ainda que não se leve em conta as diferenças de linguagem, seria preciso que se
considerasse as diferenças de situações implicitadas.
Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi
unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e
hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e
a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente
sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana
e a psicologia humana.
Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos
se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de
nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios
desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido
astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que
os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma
parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda,
impérios, ciência e indústria?
Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais
importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos
atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.
Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.
Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e
satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas
esse relato progressista não convence.
(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad.
Janaína Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o elemento
sublinhado na frase:
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a) É injusto que se (atribuir) aos homens de uma época o ônus de consequências que eles
não podiam prever.
b) Nos últimos cinco séculos de nossa história (haver) revoluções que alteraram
fundamentalmente os modos de produção.
c) Não (caber) aos homens de uma época projetar as etapas seguintes do progresso,
buscar prever o imprevisível.
244 – Atenção: Para responder a questão, leia a notícia a seguir, publicada em 15 de março
de 2019.
Milhares de estudantes saíram às ruas nesta sexta-feira (15) para protestar por medidas
efetivas no combate às mudanças climáticas.
O movimento “Fridays For Future” (Sextas-feiras pelo futuro) ganhou força com Greta
Thunberg, que uma vez por semana falta às aulas, em Estocolmo, para se sentar em uma
praça em frente ao Parlamento da Suécia e pedir medidas concretas contra o aquecimento
global. Nesta sexta, não foi diferente. Greta protestou diante do Parlamento na capital do país,
cercada por 30 manifestantes. Ao todo, nesta sexta, estão previstos 2 mil eventos em 123
países − no Brasil, 20 cidades têm protestos agendados.
“Não sou a origem do movimento. Já existia. Precisava apenas de uma faísca para acender.
Vivemos uma crise existencial ignorada durante décadas. Se não agirmos agora, será muito
tarde”, disse Thunberg.
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Desde o ano passado, Greta já discursou em eventos internacionais como a COP24, a
Conferência do Clima da ONU, em dezembro, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na
Suíça, em janeiro. Nesta quinta (14), ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por três políticos
noruegueses por sua atuação na agenda ambiental.
Ao todo, nesta sexta, estão previstos 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades têm
protestos agendados. (2º parágrafo)
Caso a notícia fosse publicada depois de todos os eventos previstos acontecerem de fato, essa
frase poderia ser reescrita da seguinte maneira, conforme a norma-padrão da língua:
Ao todo, nesta sexta,
a) Visto que, em uma determinada escola, cada um dos estudantes apresentam diferentes
talentos, a mesma aula pode ser percebida como fácil para alguns, enquanto a outros, parece
intransponível.
b) Os pais de hoje creem que, não ceder aos desejos da criança faz parte de uma educação
sólida, mesmo quando lhe pedem coisas insignificantes, que caberia no orçamento.
c) Como é difícil admitir que não somos todos iguais, oculta-se atualmente as diferenças
entre alunos bem-sucedidos e aqueles que não apresentam a mesma predisposição e
inteligência destes.
e) Acredita-se que hajam aqueles que perdem a coragem diante de uma frustração, ainda
que possuam as mesmas habilidades dos que não desistem; estes, assim, não recuam diante
dos reveses.
246 – A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia-Geral das
Nações Unidas em 1948. Com a Declaração, estabeleceu-se que a humanidade compartilha de
alguns valores comuns, considerados fundamento, inspiração e orientação no processo de
desenvolvimento da comunidade internacional, compreendida não apenas como uma
comunidade constituída por Estados-nação independentes, mas também de indivíduos livres e
iguais.
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma resposta à intolerância étnica e racial
verificada durante a Segunda Guerra Mundial. O holocausto, os campos de concentração, a
morte de milhares de seres humanos, a maior parte judeus – além de comunistas,
homossexuais e todos aqueles que se opunham à marcha dos regimes autoritários europeus
– constituem desdobramentos dramáticos dessa intolerância. Para entender por que os direitos
humanos se converteram em bandeira de luta, é preciso entender os acontecimentos da
Segunda Guerra.
Os direitos humanos não constituem uma agenda com fim determinado. À medida que as
sociedades humanas se transformam, e se tornam mais complexas as relações sociais, novos
direitos vão sendo criados. Isso significa que as lutas em torno das conquistas desses direitos
são contínuas, visando vigiar o rigoroso cumprimento dos acordos e das leis.
(Adaptado de: ADORNO, Sérgio. “Os Primeiros 50 Anos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos da ONU”. Disponível em: nevusp.org)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia-Geral das Nações
Unidas em 1948. (1° parágrafo)
247 – Cem anos atrás, pessoas que ..I.. (nascer) na Índia ou na Coreia ..II.. . (ter) uma
expectativa de vida de apenas 23 anos.
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248 – Encontram-se respeitadas as normas de concordância em:
a) Todos que tem costume de frequentar o teatro brasileiro reconhece seu importante papel
político na formação da cidadania.
c) Fernanda Montenegro, juntamente com Marília Pera, é uma das grandes atrizes
brasileiras de todos os tempos, sejam no teatro, sejam na televisão.
d) Assemelham-se aos teatros antigos, em sua estrutura básica, a ágora, um dos símbolos
da democracia dos gregos.
e) A peça “O Rei da Vela”, encenada pelo Teatro Oficina duas vezes, um dos principais
grupos do teatro brasileiro, ainda hoje mantêm sua atualidade.
249 – Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua
moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75
anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.
− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos
num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você
tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma,
incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te
obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que
aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão
num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso
acontece.
− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate
na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que
muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo
imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia.
Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro
ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma
energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma
pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou,
não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar
fascínio e buscar uma comunhão.
– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos
sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda,
os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser
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humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num
cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores.
Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no
fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada
pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a
cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?
a) Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona... (3° parágrafo)
b) Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval... (último parágrafo)
c) ...porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. (2° parágrafo)
d) Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia... (2° parágrafo)
e) Acho que no fundo tudo na vida é um teatro. (último parágrafo)
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 174-175)
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251 – A Idade da Comunicação
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 174-175)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o termo
sublinhado na seguinte frase:
a) É possível que (levar) mais tempo as donas de casa para fazer chegar um pedaço de
bolo à vizinha do que uma notícia para correr o mundo.
b) Não (competir) aos meios de comunicação fazer por si mesmos aquilo que a vontade
dos homens desistiu de fazer.
c) É preciso que se (estabelecer), entre nós, muito maior proximidade, se o intento for de
fato nosso ingresso numa Idade da Comunicação.
e) Por conta de suas paixões famélicas (deixar) um indivíduo de atender ao seu amor por
algum conhecimento mais sereno.
Numa fórmula sumária, pode-se dizer que as águas simbolizam a totalidade das
virtualidades; elas são “fons et origo”, fonte e origem, a matriz de todas as possibilidades de
existência. “Àgua, tu és a fonte de todas as coisas”, diz um texto indiano. As águas são os
fundamentos do mundo inteiro: elas são, nas mais variadas culturas, a essência da vegetação,
o elixir da imortalidade, asseguram longa vida, força criadora, são o princípio de toda cura etc.
etc.
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Princípio do indiferenciado e do virtual, fundamento de toda manifestação cósmica,
receptáculo de todos os gérmens, as águas simbolizam a substância primordial de que nascem
todas as formas e para a qual todas voltam. O contato com a água implica sempre
regeneração: por um lado, porque à dissolução segue um novo nascimento; por outro lado,
porque a imersão fertiliza e aumenta o potencial de vida e de criação. A água confere um “novo
nascimento” por um ritual iniciático, cura por um ritual mágico, assegura o renascimento “post
mortem” por rituais funerários.
O caminho para a origem das águas e a sua obtenção implicam uma série de provas e
desafios, exatamente como na busca aventurosa da “árvore da vida”. No Apocalipse, os dois
símbolos encontram-se lado a lado: “Ele mostrou-me, em seguida, o rio da água da vida,
límpida como cristal, que brota do trono de Deus. E nas duas margens do rio cresce a árvore
da vida”. O simbolismo imemorial e ecumênico da imersão na água como instrumento de
purificação e de regeneração foi aceito pelo cristianismo e enriquecido por novas valências
religiosas.
(Adaptado de ELIADE, Mircea. Tratado de história das religiões. Lisboa: Cosmos, 1977,
p. 231-237, passim)
c) Além de fundamentarem tantos ritos que celebram a vida, a água também pontifica como
um símbolo poderoso e expressivo em cerimônias funerárias.
d) Sempre couberam às antigas civilizações a criação de ritos pelos quais a água recebesse
o justo reconhecimento que lhe granjeou suas propriedades.
253 – Na Itália da década de 1950, o dinamismo já era visível: por toda parte ...I.. máquinas
de café expresso, que em breve conquistariam o mundo, e multidões de motonetas que ..ll.. a
erupção de automóveis baratos. (Adaptado de: Hobbsbawm. Op. cit., p. 379)
Preenchem corretamente as lacunas I e II da frase acima, na ordem dada:
a) haviam − prenunciavam
b) havia − prenunciavam
c) houveram − prenunciaram
d) há − prenunciava
e) houve – prenunciava
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254 – Está correta a redação do seguinte comentário:
a) Publica-se diariamente, nos jornais do mundo inteiro, notícias alarmantes a respeito dos
problemas que a falta de água pode acarretar no futuro.
d) Como tudo na natureza, um ecossistema está ligado a outro, mesmo quando se encontra
à cerca de dois mil quilômetros de distância, pode ser fundamental para garantir a produção
de água em outro.
e) Sendo um recurso natural fundamental que contribue para todas as atividades humanas,
cujo uso racional da água armazenada nas caixas de uso doméstico é crucial para que não
venha a faltar água no futuro.
Nossos sonhos estão repletos de originalidade. Seus elementos são velhos, nossas memórias
do passado, mas as combinações são originais. As combinações compensam em variedade o
que lhes falta em qualidade. Nossos sonhos misturam tempo, lugares e pessoas.
Acordados, possuímos um fluxo de consciência que também contém uma série de erros.
Mas podemos rapidamente corrigi-los antes de expressá-los em voz alta. Podemos melhorar a
frase ainda enquanto estamos falando. De fato, a maioria das frases que pronunciamos nunca
foi dita por nós antes. Nós elaboramos as frases no ato.
Também antecipamos o futuro de uma forma que nenhum outro animal pode fazer. Já que
ainda não aconteceu, temos que imaginar o que poderia acontecer. Frequentemente prevemos
o futuro tomando atitudes correspondentes ao que supomos que irá acontecer. Somos capazes
de pensar antes de agir, supondo como objetos ou pessoas podem reagir diante de
determinado curso da ação.
(Adaptado de: CALVIN, William H.. As coisas são assim. Org. John Brockman e Katinka Matson. Trad.
Diogo Meyer e Suzana Sturlini Couto. São Paulo, Cia das Letras, 1995, p. 164-165)
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A frase em que se respeitam as normas de concordância verbal é:
a) Acredita-se que deva haver razões lógicas para que os sonhos misturem tempo, lugares
e pessoas.
b) Caberiam estudar as diversas razões pelas quais os sonhos misturam tempo, lugares e
pessoas.
c) Há de ser notáveis os motivos pelos quais os sonhos misturam tempo, lugares e pessoas.
d) Alega-se que existe mesmo motivos concretos para que os sonhos misturem tempo,
lugares e pessoas.
e) Fazem anos que muitas teorias se dedicam a explicarem por que nos sonhos se misturam
tempo, lugares e pessoas.
256 – Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse
insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m 3 por ano
dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões
como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e
outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.
Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as
crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol
perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta
os ventos e tempestades.
Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as
inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como
o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas
próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.
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Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido,
região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema
improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades
básicas da população, mesmo a mais isolada.
É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores
estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que
costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.
(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE,
Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br)
d) Flagelos, como secas e inundações, bem como o alto custo associado a elas, provê uma
amostra confiável das consequências do agravamento do aquecimento global.
b) Estimam-se que os povos anteriores à colonização mantinha uma rica cultura na região
amazônica.
258 – Em Sorocaba, interior de São Paulo, o silêncio e a tranquilidade de uma casa de repouso
...... espaço, uma vez por semana, para a música. Há cerca de um ano, 38 idosos que vivem
ali ...... a visita de integrantes do projeto Músicos do Elo, criado na França pelo compositor
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brasileiro Victor Flusser para humanizar ambientes hospitalares. A iniciativa, que busca
melhorar a qualidade de vida das pessoas hospitalizadas, ...... há pouco mais de um ano no
Brasil.
259 – Em 1938, o cineasta Orson Welles causou algumas horas de pânico ao fazer crer a
milhares de ouvintes de rádio que o planeta estava sob ataque de marcianos. A dramatização,
transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico,
tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam
acostumados. Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior caso empregasse seu
talento nas mídias sociais, onde notícias falsas enganam milhões diariamente em todo o
mundo.
Nos EUA, o debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força com
a recente eleição − em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. Levantamentos mostraram que em diversas ocasiões o presidente eleito foi beneficiado
pela leva de informações fabricadas. Ainda que seja quase impossível medir o impacto do
fenômeno na definição do resultado eleitoral, a gravidade do problema não se apaga.
a) Houveram algumas horas de pânico quando em 1938 o cineasta Orson Welles fez
milhares de ouvintes de rádio acreditarem que o planeta estava sob ataque de marcianos.
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b) Alega-se que, em Mianmar, país em lento processo de democratização, a circulação de
notícias fictícias tem causado ondas de ataques violentos contra muçulmanos.
e) Muitas vezes se espalha mentiras com tamanha velocidade, que os veículos da imprensa
profissional precisam desmentir as informações inverídicas.
260 – O que suas postagens nas redes sociais revelam sobre suas emoções
Nossas atividades nas redes sociais podem oferecer um retrato fiel − e muitas vezes não
intencional − de nosso bem-estar mental. Portanto, não é de se espantar que profissionais
cujo trabalho é zelar por nossa saúde emocional agora estejam explorando como usar esses
canais para medir a quantas andam as emoções das pessoas.
Um estudo realizado pela Universidade Brunel, do Reino Unido, com 555 usuários do
Facebook, mostrou que os mais extrovertidos tendem a postar mais sobre atividades sociais e
sobre seu dia a dia, e o fazem com frequência. Já indivíduos com baixa autoestima acabam
fazendo mais postagens sobre seus cônjuges ou parceiros. Por outro lado, pessoas com traços
de neurose podem usar a rede social para validação e para chamar a atenção, enquanto
aquelas mais narcisistas costumam exibir suas conquistas ou discorrer sobre suas dietas e
rotinas de atividade física.
... não é de se espantar que profissionais [...] estejam explorando como usar esses canais
para medir a quantas andam as emoções das pessoas. (1° parágrafo)
a) dedicados por usar esses canais para pôr em prática à medição das emoções das pessoas.
b) interessados de usar esses canais para dedicar-se pela medição das emoções das
pessoas.
c) comprometidos por usar esses canais para executar à medição das emoções das pessoas.
d) empenhados em usar esses canais para proceder à medição das emoções das pessoas.
e) determinados de usar esses canais para efetuar na medição das emoções das pessoas.
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261– As normas de concordância estão respeitadas na frase:
e) Compartilha-se acriticamente inúmeras fotos nas redes sociais, o que inviabiliza a criação
de vínculos afetivos.
A violência não se administra nem admite negociação: é da sua natureza impor a força
como método. Sua lógica final é a adoção da barbárie. As instituições humanas existem para
regulamentar nossos ímpetos, disciplinar nossas ações, impedir que se chegue à supremacia
da violência. São chamados justamente de “supremacistas” (um neologismo, para atender a
uma necessidade de nossos tempos violentos) aqueles que querem se impor pela força bruta,
alcançar um poder hegemônico. Apoiam-se eles em ideologias que cantam a superioridade de
uma etnia, de uma cultura, de uma classe social, de uma seita religiosa. Acabam por fazer de
sua brutalidade primitiva uma “instituição” organizada pelo princípio brutal da lei do mais forte.
a) A violência dos nossos instintos, de cuja ninguém escapa, ignora os ideais da civilização,
quando não lhes perverte de modo radical.
b) Às pessoas de quem compete zelar pelos bons princípios não devem se render à
violência, aonde estes se sacrificam.
c) Aquele espelho grande e anônimo, em cujo se reproduz nossa imagem, dá bem a medida
da pessoa em que cada um aspira a ser.
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d) São fortes os impulsos para a violência, mas devemos resisti-los, pois representam
graves riscos dos quais podemos incorrer.
e) O poder hegemônico a que muitos aspiram não se tornará uma obsessão para
quem o considera dentro de parâmetros críticos.
Imagine uma corrida em que os contendores se afastam cada vez mais do objetivo pelo
qual competem. A corrida armamentista tem dinâmica e propriedades conhecidas: um país
decide se armar; os países vizinhos sentem-se vulneráveis e decidem fazer o mesmo a fim de
não ficarem defasados; sua reação, porém, deflagra uma nova rodada de investimento bélico
no primeiro país, o que obriga os demais a seguirem outra vez os seus passos. A escalada
armamentista leva os participantes a dedicarem uma parcela crescente de sua renda e trabalho
à garantia da segurança externa, mas o resultado é o contrário do pretendido.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 102-
103)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para integrar
adequadamente a frase:
a) Nunca lhes (ter) ocorrido que devem se empenhar mais nessa disputa pela vaga?
b) A muitos competidores não (interessar) permanecer por mais tempo nessa corrida.
c) Aos interessados (cumprir) buscar novas energias para ainda terem alguma chance.
d) O que aos perdedores (servir) de consolação é o fato de que fizeram o que era possível.
e) A nenhum participante do concurso (prejudicar) as alterações no regulamento da
Imagine uma corrida em que os contendores se afastam cada vez mais do objetivo pelo
qual competem. A corrida armamentista tem dinâmica e propriedades conhecidas: um país
decide se armar; os países vizinhos sentem-se vulneráveis e decidem fazer o mesmo a fim de
não ficarem defasados; sua reação, porém, deflagra uma nova rodada de investimento bélico
no primeiro país, o que obriga os demais a seguirem outra vez os seus passos. A escalada
armamentista leva os participantes a dedicarem uma parcela crescente de sua renda e trabalho
à garantia da segurança externa, mas o resultado é o contrário do pretendido.
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A corrida do consumo tem uma lógica semelhante à da corrida armamentista. Nenhum
consumidor é uma ilha: existe uma forte e intrincada interdependência entre os anseios de
consumo das pessoas. Aquilo que cada uma delas sente que “precisa” ou “não pode viver sem”
depende não só dos seus “reais desejos e necessidades”, mas também, e talvez sobretudo,
ao menos nas sociedades mais afluentes, daquilo que os outros ao seu redor possuem. A cada
vez que um novo artigo de consumo é introduzido no mercado, o equilíbrio se rompe e o
desconforto causado pela percepção da falta impele à ação reativa da compra do bem.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 102-
103)
a) O autor do texto acredita que as corridas mais competitivas são aquelas cujos
participantes jamais se satisfazem com algum resultado alcançado.
b) Nada satisfazem mais as pessoas obsecadamente competitivas do que haverem cada vez
mais e mais metas a se alcançarem.
c) Para muitos o mérito das corridas mais competitivas residem no fato de que nunca se
chegam aos melhores resultados.
d) São próprias das competições extremadas as pessoas se envolverem tanto com a disputa
que perdem o censo mesmo do limite.
e) Por mais que se empenhe na competição os competidores mais fanatisados parece que
de fato não tem o desejo de chegar à seus objetivos.
Os sons de antigamente
Conta-se na família que quando meu pai comprou nossa casa em Cachoeiro do
Itapemirim esse relógio já estava na parede da sala e que o vendedor o deixou lá, porque
naquele tempo não ficava bem levar.
Há poucos anos trouxe o relógio para minha casa em Ipanema. Mais velho do que eu,
não é de admirar que ele tresande um pouco. Há uma corda para fazer andar os ponteiros e
outra para fazer bater as horas. A primeira é forte, e faz o relógio se adiantar; de vez em
quando alguém me chama a atenção para isso. Eu digo que essa é a hora de Cachoeiro. É
comum o relógio marcar, digamos, duas e meia, e bater solenemente nove horas.
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Pois me satisfaz a batida desse velho relógio, que marcou a morte de meu pai e, vinte
anos depois, a de minha mãe; e que eu morra às quatro e quarenta da manhã, com ele
marcando cinco e batendo onze, não faz mal nenhum; até é capaz de me cair bem.
(Adaptado de BRAGA, Rubem. Casa dos Braga. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 115/117)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para compor
adequadamente a frase:
a) Não se (impor) aos velhos relógios a obrigação de funcionarem com toda a regularidade.
c) Tudo o que ainda nos (conceder) nossos velhos relógios deve ser visto como um bônus.
d) O que mais nos (chamar) a atenção nos velhos relógios são aqueles trabalhados
ponteiros.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
167/168)
a) As impressões da realidade brasileira que foram recolhidas por Darwin ocorreram em dois
planos bem distintos de observação.
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b) Darwin não deixou de notar as discrepâncias que lhes saltou à vista em face de uma
dupla visão de realidade que o Brasil lhe oferecia.
d) Não ocorreram ao grande cientista que as realidades do Brasil e do Haiti, no que dizem
respeito ao regime escravocrata, eram bem distintas.
2. Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. Alguns alegavam que a
democracia liberal estava longe de ser implementada em larga escala, porquanto muitos países
se mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. Outros afirmavam que era cedo
para prever que tipo de avanço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez a
democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas de governo, mais justas e
esclarecidas.
(Adaptado de: MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de Arantes Leite e Débora
Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)
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c) Alguns questionam se a deterioração de determinadas condições econômicas colocam em
risco as conquistas democráticas de uma nação.
b) Não há por que supor que todas as sociedades entendam os conceitos de natureza e
cultura da mesma maneira.
c) Obras de ficção científica tem sido considerado um recurso facilitador para o ensino de
ciências.
4. Eduardo Viveiros de Castro − Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo
seus últimos séculos, visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente. Nossa espécie já
enfrentou situações piores. Contudo, há motivo para inquietação. Como gerir a expansão
demográfica neste momento em que a superpopulação oferece um perigo para nós mesmos?
Talvez estejamos diante de um impasse antropológico, que é também biológico. A distinção
entre natureza e cultura se apagou: se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens"
estarem imbricadas, agora não há mais. Vemos que a cultura é uma força natural, e que a
natureza está envolvida em redes culturais. Portanto, é absurdo tentar distingui-las.
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Talvez sejamos a única espécie em risco de se extinguir sabendo disso de antemão.
Concomitantemente, no campo da ficção científica vai se desenvolvendo todo um imaginário
em torno da salvação da espécie. A ficção científica é a metafísica popular do nosso tempo,
nossa nova mitologia.
(Trecho adaptado de entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Disponível em: www.scielo.br)
b) Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo seus últimos séculos, visto
que causa danos irreversíveis ao meio ambiente.
c) ...se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens" estarem imbricadas...
270 – Inovação sempre foi algo fundamental para o sucesso das empresas. Na atualidade, a
capacidade de inovação se tornou questão de sobrevivência para a maioria das empresas,
independentemente da atividade da organização. Não me refiro apenas àquelas empresas
ligadas à tecnologia que notoriamente possuem inovação em seu DNA. Supermercados estão
inovando. Empresas de construção civil estão inovando. Seja em relação ao produto ou ao
serviço, à maneira de interagir com os clientes ou às estratégias que serão implementadas
para conquistar mercado, todas as empresas que pretendem crescer buscam inovar.
Ao contrário do que possa parecer, a habilidade de inovar requer muita disciplina. A ideia
de que a inspiração precisa “baixar” para se poder inovar ou ser criativo é um mito. Mesmo
parecendo um contrassenso, você pode desrespeitar todas as regras, porém de maneira
disciplinada.
(Adaptado de: GRINBERG, Renato. A excelência do olho de tigre. São Paulo: Editora Gente, 2016. edição
digital).
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Está plenamente correta a redação do comentário que se encontra em:
a) Buscado por todos os setores da economia, assim como também por outros segmentos
da sociedade, hoje a inovação ocupa lugar de destaque nas metas empresariais.
d) Não apenas na gestão de empresas, mas diversas esferas do poder público, estão em
busca de medidas inovadoras no qual lhe permita atender à demanda da cidadania.
Antigamente eu apanhava e largava um livro sem me preocupar com outra coisa que não
as parcelas de realidade e de fantasia encerradas naquele maço de folhas impressas. Mais
aberto à emoção, reparava menos na técnica; atraído pela obra, pouco me interessava pelo
escritor.
Por isso dificilmente leio agora um livro isolado em si mesmo. Vem-me logo a vontade de
percorrer outras obras do escritor, de aferrar nelas os traços de uma personalidade diferente
das outras, de chegar ao canal misterioso que une a criação ao criador. Daí também uma
curiosidade biográfica, como se a vida do autor necessariamente encerrasse um segredo, uma
chave para a compreensão da obra.
(RÓNAI, Paulo. Como aprendi o Português e outras aventuras. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro,
2014, p. 137)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o elemento
sublinhado para integrar adequadamente a frase:
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272 – Estação de águas
Esta poética designação – estação de águas – nada tem a ver, como eu imaginava quando
menino, com alguma estação de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em criança
a gente tende a entender tudo meio que literalmente. “Estação de águas”, soube depois, indica
aqui a época, a temporada ou mesmo a estância em que as pessoas se dispõem a um lazer
imperturbado ou a algum tratamento de saúde baseado nas específicas qualidades medicinais
das águas de uma região. Água para se beber ou para se banhar, conforme o caso. Tais
estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares atrativos, ao turismo de quem procura, além
de melhor saúde, a tranquilidade e o repouso que via de regra elas oferecem a quem as visita
ou nelas se hospeda.
Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara oportunidade de paz. As informações
do mundo de hoje circulam o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida digital
é implacável e não tolera espaços de vazio ou tempos vazios. Mas enquanto não morrer de
todo o interesse de se cultuar a vida interior, experiência possível nessas estâncias sossegadas,
não convém desprezar a sensação acolhedora de pertencer a um mundo sem pressa.
a) Do sossego que reina nas pequenas estâncias extraem-se prazeres a que já não se tem
acesso nas modernas capitais.
b) Aos moradores das estações de água não parecem especial o fato de que os visitantes
podem usufruir da paz desses logradouros.
e) A poucos parecem atrair, nestes nossos dias agitados, o chamado à paz e à tranquilidade
que nos fazem as estações de águas.
As leis gerais da natureza, até onde sabemos, são imutáveis e irrecorríveis, capitaneadas
todas por sua Lei maior, a que faz nascer, viver e morrer. Parte da natureza, os homens – não
se sabe se por mérito próprio ou por mais um atendimento às determinações naturais –
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destacaram-se dos demais viventes por desenvolver atributos e habilidades que lhes
permitiram associar experiências, produzir conhecimento, desenvolver e articular linguagens.
Seres de natureza sociável, logo sentiram a necessidade de estipular princípios de
comportamento que tornassem a vida de todos mais protegida e mais colaborativa. Nasceram
assim os rudimentos de uma legislação primitiva, transmitida nos gestos da tradição e nos
valores passados de boca em boca. Com a escrita, esses dispositivos fixaram-se,
formalizaram-se em códigos, criados e administrados por especialistas e referendados pelo
poder constituído.
Ao contrário do que ocorre com as leis naturais, as humanas não são nem imutáveis nem
irrecorríveis. Elas estão permanentemente convocadas para responder ao envelhecimento e
ao nascimento dos valores sociais, e abrem espaço para que sejam interpretadas em meio a
demandas e conflitos. É missão das leis assegurarem aos homens princípios de civilidade, em
distribuição justa e equilibrada dos direitos e deveres. É missão dos legisladores – seja no
âmbito influente dos estudiosos do Direito doutrinário, seja no âmbito decisivo dos
parlamentares das diferentes casas legislativas – constituírem a melhor formalização possível
das leis que venham a reger os interesses essenciais de uma comunidade. A expressão
“democrática distribuição da justiça” é o princípio regente, sem o qual ficam os homens
abandonados a algum poder discricionário, quando não tirânico e ditatorial. Sem as leis
humanas, vigorariam os princípios básicos – segundo alguns, “bárbaros” – dos instintos
naturais. Sabemos que a barbárie jamais foi de todo afastada da História, mas sempre
podemos perguntar o que seria de nós sem a busca e determinação dos princípios que vão
garantindo, de qualquer modo, a escalada da civilização.
a) A menos que a sociedade se deixe orientar globalmente pela razão e pelos melhores
sentimentos, não há como dispensar o rigor das leis.
c) Acreditava-se que dos rudimentares princípios jurídicos dos velhos tempos venham a
nascer elaborações sofisticadas que chegaram até nós.
d) Não sobrevivesse em tantos homens a fúria dos instintos, não terá sido necessário tanto
empenho na criação dos códigos criminais.
e) Aos primeiros legisladores coube a missão de vierem a nos legar os princípios básicos e
inquebrantáveis que constituem uma boa legislação.
As leis gerais da natureza, até onde sabemos, são imutáveis e irrecorríveis, capitaneadas
todas por sua Lei maior, a que faz nascer, viver e morrer. Parte da natureza, os homens – não
se sabe se por mérito próprio ou por mais um atendimento às determinações naturais –
destacaram-se dos demais viventes por desenvolver atributos e habilidades que lhes
permitiram associar experiências, produzir conhecimento, desenvolver e articular linguagens.
Seres de natureza sociável, logo sentiram a necessidade de estipular princípios de
comportamento que tornassem a vida de todos mais protegida e mais colaborativa. Nasceram
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assim os rudimentos de uma legislação primitiva, transmitida nos gestos da tradição e nos
valores passados de boca em boca. Com a escrita, esses dispositivos fixaram-se,
formalizaram-se em códigos, criados e administrados por especialistas e referendados pelo
poder constituído.
Ao contrário do que ocorre com as leis naturais, as humanas não são nem imutáveis nem
irrecorríveis. Elas estão permanentemente convocadas para responder ao envelhecimento e
ao nascimento dos valores sociais, e abrem espaço para que sejam interpretadas em meio a
demandas e conflitos. É missão das leis assegurarem aos homens princípios de civilidade, em
distribuição justa e equilibrada dos direitos e deveres. É missão dos legisladores – seja no
âmbito influente dos estudiosos do Direito doutrinário, seja no âmbito decisivo dos
parlamentares das diferentes casas legislativas – constituírem a melhor formalização possível
das leis que venham a reger os interesses essenciais de uma comunidade. A expressão
“democrática distribuição da justiça” é o princípio regente, sem o qual ficam os homens
abandonados a algum poder discricionário, quando não tirânico e ditatorial. Sem as leis
humanas, vigorariam os princípios básicos – segundo alguns, “bárbaros” – dos instintos
naturais. Sabemos que a barbárie jamais foi de todo afastada da História, mas sempre
podemos perguntar o que seria de nós sem a busca e determinação dos princípios que vão
garantindo, de qualquer modo, a escalada da civilização.
Para compor adequadamente a frase, o verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se
de modo a concordar com o termo sublinhado em:
a) A um homem justo não (perturbar) os rigores da lei, nem ele os teme em seu posto de
honradez.
b) Não (caber) aos seres de natureza sociável esquivar-se do cumprimento dos códigos
legais.
c) Desde o início de sua história (cumprir) aos homens estipular as melhores normas de
convívio.
e) Aqueles em que a ética predomina não (deixar) de medir esforços para que os direitos
e deveres sejam bem distribuídos.
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reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem
sentidos de tempo bem distintos.
Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão,
pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo
cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a
uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto
perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós
consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses?
(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo:
Loyola, 1993, p. 187-188)
a) Entre as várias assertivas do texto figuram, já ao final dele, a de que os antigos ritos e
mitos ainda exercem sua força sobre nós.
c) Não hão de se evitar que nossos estados emocionais atuem decisivamente sobre as
nossas percepções do tempo.
d) Tanto nos vem marcando os ritmos do progresso a qualquer custo que nossa
compreensão do tempo nunca se contrapõem a eles.
e) Mesmo as ações da rotina simples, como tomar café ou ir ao trabalho, deixa-se marcar
por bem determinada qualificação do tempo.
276 – Deverá ser flexionado no plural o verbo que se encontra entre parênteses na seguinte
frase:
a) Fundada em 1626, São Nicolau do Piratini, segundo relatos históricos, (Possuir) das mais
belas igrejas da região das Missões.
c) (Reunir) diversos sítios arqueológicos o Parque Histórico Nacional das Missões, criado em
2009.
d) São Miguel das Missões, uma das reduções jesuíticas do Paraguai, (Formar), juntamente
com outras seis, os Sete Povos das Missões.
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e) (Constituir) patrimônio histórico importante do Rio Grande do Sul as belas ruínas das
igrejas construídas pelos jesuítas durante a colonização.
A família cumpre cada vez menos a sua função de instituição de aprendizagem e educação.
Ouve-se dizer hoje, repetidamente, o mesmo a respeito dos filhos de famílias das camadas
superiores da sociedade, “nada trouxeram de casa”. Os professores universitários comprovam
até que ponto é escassa a formação substancial, realmente experimentada pelos jovens, que
possa ser considerada como pré-adquirida.
Mas isso depende do fato de que a formação cultural perdeu a sua utilidade prática. Mesmo
que a família ainda se esforçasse por transmiti-la, a tentativa estaria condenada ao fracasso
porque, com a certeza dos bens familiares hereditários, esvaziaram-se alguns motivos de
insegurança e sentimento de desproteção. Por parte dos filhos, a tendência atual consiste em
furtarem-se a essa educação, que se apresenta como uma introversão inoportuna, e em
orientarem-se, de preferência, pelas exigências da chamada “vida real”.
(Adaptado de: HORKHEIMER, Max, e ADORNO, Theodor (orgs.). Temas básicos da Sociologia. São Paulo:
Cultrix, 1973, p. 143)
b) Mas isso dependerá do fato de que a formação cultural perdia sua utilidade prática.
c) Mesmo que a família venha a se esforçar por transmiti-la, a tentativa estará condenada
ao fracasso.
e) O momento específico da renúncia pessoal, não sendo a proibição familiar, ou não o fosse
inteiramente, é a frieza, a indiferença.
A família cumpre cada vez menos a sua função de instituição de aprendizagem e educação.
Ouve-se dizer hoje, repetidamente, o mesmo a respeito dos filhos de famílias das camadas
superiores da sociedade, “nada trouxeram de casa”. Os professores universitários comprovam
até que ponto é escassa a formação substancial, realmente experimentada pelos jovens, que
possa ser considerada como pré-adquirida.
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Mas isso depende do fato de que a formação cultural perdeu a sua utilidade prática. Mesmo
que a família ainda se esforçasse por transmiti-la, a tentativa estaria condenada ao fracasso
porque, com a certeza dos bens familiares hereditários, esvaziaram-se alguns motivos de
insegurança e sentimento de desproteção. Por parte dos filhos, a tendência atual consiste em
furtarem-se a essa educação, que se apresenta como uma introversão inoportuna, e em
orientarem-se, de preferência, pelas exigências da chamada “vida real”.
(Adaptado de: HORKHEIMER, Max, e ADORNO, Theodor (orgs.). Temas básicos da Sociologia. São Paulo:
Cultrix, 1973, p. 143)
a) As funções educativas que em nossos dias deveriam assumir a família do jovem passaram
a ocupar um plano inteiramente secundário.
b) No caso de ser assumido pelas famílias seu papel educativo, os jovens passariam a ser
os grandes beneficiários dessa iniciativa.
d) Ainda que não caibam às famílias assumir o protagonismo do processo educacional, não
há como se furtarem a participar desse processo.
e) Imagina-se que em algum momento as famílias venham a assumir o papel que delas se
esperam ao longo de um processo educacional.
Um ideal de vida pessoal ou coletivo precisa estar lastreado numa avaliação realista das
circunstâncias e restrições existentes. Ocorre, porém, que a realidade objetiva não é toda a
realidade. A vida dos povos, não menos que a dos indivíduos, é vivida em larga medida na
imaginação.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p 145)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular na frase:
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a) Nem ao sonho, nem à realidade (caber) fazer restrições, uma vez que ambos sempre se
compuseram em nossas experiências.
d) É comum que mesmo numa relação familiar (atingir) uma proporção inaudita as
desavenças entre idealistas e realistas.
e) Não deixa de ser uma ironia que a idealistas e realistas (poder) eventualmente
contrapor-se os indiferentes ao destino humano.
O consumismo vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo.
Encoraja as pessoas a cuidarem de si mesmas, a se mimarem e até a se matarem pouco a
pouco por meio do consumo exagerado. A frugalidade é uma doença a ser curada. Não é
preciso olhar muito longe para ver a ética do consumo em ação – basta ler a parte de trás de
uma caixa de cereal: “Para uma refeição saborosa no meio do dia, perfeita para um estilo de
vida saudável. Um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso do “quero mais!”.
Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por
esse texto. Elas o teriam considerado egoísta, indecente e moralmente corrupto. O
consumismo trabalhou duro, com a ajuda da psicologia e da vontade popular, para convencer
as pessoas de que a indulgência com os excessos é algo bom, ao passo que a frugalidade
significa auto-opressão.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. 38. ed. Porto
Alegre: L&PM, 2018, p. 357-358)
a) Há quem queira que a economia capitalista deva aumentar sua produção para que
sobrevivesse de modo mais consistente.
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d) Quem esperasse encontrar informações úteis e objetivas numa caixa de cereal terá se
decepcionado com a linguagem apenas persuasiva.
281 – “ I habituados II posse, ou mesmo III esperança da admiração pública”, observa Adam
Smith, “todos os demais prazeres esmaecem e definham.”
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 85)
a) Àqueles − à −a
b) Aqueles − à −à
c) Àqueles − a −a
d) Aqueles − à −a
e) Àqueles − à –à
A época romântica fornece numerosos exemplos de atitudes de ternura para com o animal
de companhia. O animal faz-se recurso contra os temores da solidão. Isolado em 1841 em
Citavecchia, Stendhal afaga seus dois cachorros. Victor Hugo mostra-se muito apegado ao cão
que o acompanha no exílio.
Em 1845, a Sociedade Protetora dos Animais instala-se em Paris. Desde então amplia-se
a mania das exposições caninas; a fotografia do bicho junta-se à das crianças no álbum de
família. O cão chega a colocar um problema para as companhias ferroviárias, que reservam
um vagão para eles.
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homem e o animal uma inversão na relação afetiva de dependência; o último já se apresta a
tornar-se o soberano e o senhor do espaço doméstico.
a) A crase em tenha sobrevivido por muito tempo à moda inicial das novas teorias (5°
parágrafo) é facultativa e pode ser suprimida.
b) A vírgula colocada imediatamente após “ferroviárias” pode ser suprimida, sem prejuízo
do sentido em O cão chega a colocar um problema para as companhias ferroviárias, que
reservam um vagão para eles. (3° parágrafo)
e) O elemento sublinhado em Este alcança então o seu ápice (4° parágrafo) refere-se ao
êxito da zootecnia.
Se resiste ..I.. ilusão de que ..II.. felicidade vem ..III.. reboque dessas transformações,
também é fato que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.
(Adaptado de: MIRANDA, Danilo Santos de. “Mutações: caminhos sinuosos e inquietações na
busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.). Mutações. São Paulo: Edições SESC SP, 2008)
a) à – à – à.
b) à – a – a.
c) a – a – a.
d) a – a – à.
e) à – a – à.
No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta muitas alternativas para construir
um olhar positivo sobre a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental denunciar
a conspiração do silêncio e revelar como a sociedade trata os velhos: eles costumam ser
desprezados e estigmatizados. Apesar de ter consciência de que são inúmeros os problemas
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relacionados ao processo de envelhecimento, quero compreender se existe algum caminho
para chegar à última fase da vida de uma maneira mais plena e mais feliz. Encontro na própria
Simone de Beauvoir a resposta para esta questão. Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice,
um possível caminho para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de vida.
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney
Mato grosso, Chico Buarque, Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém
consiga enxergar neles, que já chegaram ou estão chegando aos 70 anos, um retrato negativo
do envelhecimento. São típicos exemplos de pessoas chamadas “sem idade”.
Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!” ou qualquer
outro rótulo que sempre contestaram. São de uma geração que transformou comportamentos
e valores de homens e mulheres, que inventou diferentes arranjos amorosos e que legitimou
novas formas de família. Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo e se
reinventam permanentemente. Continuam cantando, dançando, criando, amando, brincando,
trabalhando, transgredindo tabus. Não se aposentaram de si mesmos, recusaram as regras
que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se tornaram invisíveis, infelizes,
deprimidos. Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e dão novos
significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos:
inclassificáveis”.
Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A liberdade é o que você faz com o
que a vida fez com você”. Esta máxima existencialista é fundamental para compreender a
construção de um projeto de vida. O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a
infância, mas também pode ser construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois a
ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da liberdade de escolha e da
responsabilidade individual na construção de um projeto de vida que dê significado às nossas
existências até os últimos dias.
e) se existe algum caminho para chegar à última fase da vida (à idades avançadas) de uma
maneira mais plena
É sempre perigoso usar termos geográficos no discurso histórico. É preciso ter muita
cautela, pois a cartografia dá um ar de espúria objetividade a termos que, com frequência,
talvez geralmente, pertencem à política, ao reino dos programas, mais que à realidade.
192
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Historiadores e diplomatas sabem com que frequência a ideologia e a política se fazem passar
por fatos. Rios, representados nos mapas por linhas claras, são transformados não apenas em
fronteiras entre países, mas fronteiras “naturais”. Demarcações linguísticas justificam
fronteiras estatais.
A própria escolha dos nomes nos mapas costuma criar para os cartógrafos a necessidade
de tomar decisões políticas. Como devem chamar lugares ou características geográficas que
já têm vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram mudados oficialmente? Se for oferecida
uma lista alternativa, que nomes são indicados como principais? Se os nomes mudaram, por
quanto tempo devem os nomes antigos ser lembrados?
(HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.
109)
Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam
vistas de todos os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.
193
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a) (3° parágrafo) ... como as histórias cinematográficas do futuro diferem
das experiências... [se opõem às]
b) (1° parágrafo) ... o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos...
[semelhante à]
c) (1° parágrafo) ... que capturam vistas de todos os ângulos... [à partir de]
d) (3° parágrafo) ... uma história em tempo real que é só para você... [à qual]
Sou tímida. Já nasci assim, veio de algum gene que meus pais me transmitiram, o que não
deixa de ser estranho, já que sou incomparavelmente mais tímida que os dois juntos.
Só quem é tímido − e não me refiro aí aos falsos tímidos, aqueles que têm uma timidezinha
boba de vez em quando, por exemplo, ao chegar a uma festa sem conhecer ninguém − sabe
a dificuldade de se dizer “não” a um amigo ou de cobrar alguma coisa de alguém. E só nós
tímidos sabemos também o quanto nos custa entrar em uma loja e experimentar uma roupa.
O verdadeiro tímido tem vergonha de tudo e de todos.
Hoje em dia, depois de anos de teatro e terapia, melhorei demais. Muita gente me afronta
e diz que não sou tímida nada, que eu nunca subiria em um palco se minha timidez fosse de
verdade. Eu digo que uma coisa não tem nada a ver com a outra. O palco possui uma parede
invisível, e quando subo nele é como se não visse ninguém. Além disso, quando as pessoas
vão a alguma das minhas apresentações, é esperado que eu cante. Muito diferente é ir a um
churrasco e me pedirem para tocar violão. Morro de vergonha. As pessoas param de conversar
e ficam me olhando, na expectativa. A minha voz nem sai direito, tamanha a vontade de
desaparecer do recinto.
Os psicólogos dizem que timidez, na verdade, é orgulho. O tímido seria alguém com tal
mania de perfeição que não se dá o direito de errar. Não concordo. Eu digo que o tímido é
alguém que tem vergonha de errar, de acertar, de ser julgado ignorante, de ser considerado
inteligente, de ser taxado de prepotente...
Eu tenho vergonha de tudo. Mas já descobri − até há bastante tempo − o antídoto da timidez.
Quando gosto e quero realmente alguma coisa, vergonha nenhuma me impede. Aí eu finjo que
sou uma outra pessoa, coloco uma base no rosto para disfarçar a vermelhidão e vou em frente.
É assim inclusive com essas crônicas, que tenho vergonha de publicar, mas gosto demais de
escrever para parar.
194
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b) à maioria das
c) à
d) às
e) à todas as
288 – Na palavra “amor” I algo tão ambíguo, tão sugestivo, que tanto fala II recordação
e III esperança, que mesmo IV mais fraca inteligência e o mais frio coração percebem algo
do cintilar desse termo.
(Adaptado de: Friedrich Nietzsche. 100 aforismos sobre o amor e a morte. Tradução de
Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.23)
a) a−à−à−a
b) há − à − à − a
c) há − a − a − à
d) a−a−a−a
e) há − à − a − à
289 – Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond
publicou um artigo afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era
repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil, considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra
de renovação da cultura geral”. Na correspondência que manteve com Mário de Andrade nas
décadas de 1920 e 1930, Machado também teria papel crucial no embate acerca da tradição.
Nas cartas, o escritor volta e meia surge como encarnação de um passado a ser descartado.
Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”,
uma das mais belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único
verso dá a medida do elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O
poema compõe-se de frases do escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava.
O poeta maduro, que agora assinava Carlos Drummond de Andrade, emprestava palavras do
próprio Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação, o “bruxo do Cosme
Velho”. O que teria se passado com Drummond para mudar tão radicalmente de posição?
Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes
gerações. O processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo
movimento que marca a construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e,
finalmente, pela reapropriação do legado.
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(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido. São Paulo:
Três Estrelas, 2019, p. 9-30.)
O termo sublinhado pode ser substituído pelo que se encontra entre parênteses em:
a) O poema compõe-se de frases do escritor, cujo (do qual) cinquentenário de morte então
se comemorava.
b) correspondência que (à qual) manteve com Mário de Andrade nas décadas de 1920 e
1930.
c) pelo movimento que (no qual) marca a construção de um sublime que se contrapõe ao
do precursor.
d) Harold Bloom descreve as razões que (nas quais) marcam a relação entre escritores de
diferentes gerações.
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
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Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase,
redigida a partir do texto:
291 – De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
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292 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.
2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.
4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos livros
jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi um dos
grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.
6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.
7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia publicado
alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem trégua a
acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia, perdia a
insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e histórias.
No contexto, o segmento sublinhado acima pode ser corretamente reescrito do seguinte modo:
A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento. Desde que nossos
ancestrais desceram das árvores, há 6 milhões de anos, a competição conferiu vantagem de
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sobrevivência às pessoas que se movimentavam com mais desenvoltura. Como resultado, o
corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr,
abaixar e levantar com eficiência.
No Brasil, a faixa etária da população que mais cresce é a que está acima dos 60 anos,
justamente a mais sedentária. É nessa fase da vida que incidem as doenças crônico-
degenerativas mais comuns.
Qual de nossos antepassados poderia imaginar que o maior desafio da saúde pública no
século 21 seria convencer a população a andar?
Considerado o contexto, a frase acima se manterá correta, sem prejuízo para o sentido
original, caso o elemento sublinhado seja substituído por:
A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento. Desde que nossos
ancestrais desceram das árvores, há 6 milhões de anos, a competição conferiu vantagem de
sobrevivência às pessoas que se movimentavam com mais desenvoltura. Como resultado, o
corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr,
abaixar e levantar com eficiência.
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A partir da segunda metade do século 20, no entanto, sucessivos avanços tecnológicos
tornaram possível trabalhar sem sair da cadeira. Graças ao conforto moderno, passamos a
usar o corpo de uma maneira para a qual ele não foi engendrado.
No Brasil, a faixa etária da população que mais cresce é a que está acima dos 60 anos,
justamente a mais sedentária. É nessa fase da vida que incidem as doenças crônico-
degenerativas mais comuns.
Qual de nossos antepassados poderia imaginar que o maior desafio da saúde pública no
século 21 seria convencer a população a andar?
a) à sujeitos
b) à mulheres e homens
c) à seres
d) a indivíduos
e) as mulheres e aos homens
295 – “Todos aqueles que devem deliberar sobre questões dúbias devem também manter-se
imunes ao ódio e à simpatia, à ira e ao sentimentalismo”.
Nesse pensamento de um historiador latino, ocorreu duas vezes a utilização correta do acento
grave indicativo de que houve crase; a frase abaixo em que esse mesmo acento
está equivocado é:
200
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d) Veja o que ocorreu com muitos intelectuais, condenados à fama imortal;
e) Todos somos levados à obediência eterna a Deus.
O substituto da vida
Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol com o pessoal da editoria de
esporte, paquerar a diagramadora do caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. Se
estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de escrever eu fechava a máquina
e abria um livro, escutava um disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina no
dia seguinte.
Hoje, diante do computador, termino de produzir um texto, vou à lista de mensagens para
saber quem me escreveu, deleto mensagens inúteis, respondo às que precisam de resposta,
eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais e revistas on-line. Quando me dou
conta, já é noite lá fora e não saí da frente da tela.
Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a caneta, o bloco, a agenda, o telefone,
a banca de jornais, a máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema, o DVD, o
correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso, o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o
CD, a bússola, os mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que me substitua
também.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação Brasil, 2018, p. 67-68)
297 – O equilíbrio entre desafio e frustração é crucial no ensino. O problema é que estudantes
têm talentos variados e diferentes. A mesma aula pode ser fácil demais e entediar certos
alunos e, ao mesmo tempo, parecer intransponível a outros.
É óbvio que não somos todos iguais, mas custamos a admitir isso. Uma consequência da
ideia de que somos todos iguais é que a diferença entre os alunos que terão sucesso na escola
e os que não terão não pode ser questão de mais ou menos inteligência, predisposição ou
preguiça.
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A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na
capacidade de resistir à frustração.
Ou seja, os que conseguem são os que não desistem, e não desistem porque não se
deixam derrubar pela frustração. Os que não conseguem têm as mesmas habilidades, mas
perdem coragem quando frustrados. Consequência: o que é preciso ensinar às crianças é
resistência à frustração, que os estudos e a vida em geral necessariamente lhes prometem.
Não deixa de ser paradoxal: nossa cultura pensa que a chave do sucesso está na
capacidade de se frustrar. Sempre tem alguém para se indignar porque seríamos hedonistas
e imediatistas. Na verdade, somos uma das culturas menos hedonistas da história do Ocidente:
somos apologistas da frustração, que, aliás, tornou-se mérito.
É raro encontrar pais que não estejam convencidos de que não é bom dar a uma criança
o que ela quer. É claro que, se faz manhas para obter algo que está fora do orçamento familiar,
é preciso dizer não. E talvez seja bom que ela aprenda, assim, que a realidade resiste ao
desejo.
Mas nossa pedagogia frustradora não depende do orçamento: uma criança de classe
média, nem obesa nem pré-diabética, pede um sorvete (valor insignificante). Em regra, a
resposta será negativa: agora é tarde ou cedo demais, é muito doce, e por aí vai... Produzir
uma frustração é considerado um ato pedagógico, que ajudará a criança a crescer.
Amadurecer, na nossa cultura, significa aprender a renunciar. Por isso, presume-se que o
idoso seja mais sábio que o jovem, porque saberia "naturalmente" que a vida é renúncia.
Mas e se o essencial da vida forem os sorvetes que não tomamos, todos os pequenos
(grandes) prazeres aos quais renunciamos em nome de uma propedêutica à suposta grande
frustração da vida? Pior: e se estivermos educando as crianças para que queiram desde
pequenas renunciar aos prazeres da vida?
Obviamente, não é preciso dar à criança tudo o que pede. Mas também não é preciso lhe
negar o que ela pede sob pretexto de que estaríamos treinando-a para alguma preciosa
sabedoria.
A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na capacidade
de resistir à frustração. (3° parágrafo)
Sem que se faça nenhuma outra alteração na frase acima, mantém-se a correção substituindo-
se frustração por
a) expectativas frustradas.
b) falta de êxito.
c) um desapontamento.
d) fracassos.
e) uma desilusão.
202
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Monge e discípulos iam por uma estrada. Quando passavam por uma ponte, viram um
escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na
água e tomou o bichinho nas mãos. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou, e, por causa
da dor, o bom homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então à margem, tomou um ramo
de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o
salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e
o receberam perplexos e penalizados:
− Mestre, deve estar doendo muito! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que
se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o
salvou! Não merecia sua compaixão!
(RANGEL, Alexandre (org.). As mais belas parábolas de todos os tempos. Belo Horizonte, Leitura, 2002,
p. 20)
O acento indicador de crase deve permanecer apenas se a palavra sublinhada for antecedida
por
a) perigosa.
b) alguma.
c) esta.
d) qualquer.
e) uma.
2. Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. Alguns alegavam que a
democracia liberal estava longe de ser implementada em larga escala, porquanto muitos países
se mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. Outros afirmavam que era cedo
para prever que tipo de avanço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez a
democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas de governo, mais justas e
esclarecidas.
203
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4. Impressionados com a estabilidade das democracias ricas, cientistas políticos começaram a
conceber a história do pós-guerra como um processo de consolidação democrática. Para
sustentar uma democracia duradoura, o país devia atingir níveis altos de riqueza e educação.
Tinha de construir uma sociedade civil forte e assegurar a neutralidade de instituições de
Estado fundamentais. Todos esses objetivos frequentemente se revelaram fugidios. Mas a
recompensa que acenava no horizonte era tão valiosa quanto perene. A consolidação
democrática, segundo essa visão, era uma via de mão única.
(Adaptado de: MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de Arantes Leite e Débora
Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)
Quanto à pontuação e ao emprego de crase, está plenamente correta a frase que se encontra
em:
c) O sistema político se estabilizava, à medida que, um país passava a ser rico e, ao mesmo
tempo, democrático.
No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano
só começa a envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes
traumas de um filho.
Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos
exemplos notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o
inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é
totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais
ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância de sofrimento e
humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-
205)
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É plenamente adequado o emprego de pronomes e do sinal indicativo de crase em:
a) Diante da morte do pai, o filho não apenas lhe lamenta como se vê submetido à culpas
inconsoláveis e a profundos remorsos.
b) Kafka escreveu uma Carta ao pai, carregando-lhe de sentimentos duros, que o leitor à
muito custo acompanhará.
c) Ninguém se sentirá alheio às provações que Kafka nos conta em sua carta, a propósito
das dores que o pai lhe infligiu.
d) As emoções que provoca no leitor à leitura da carta de Kafka ao pai devem-se ao poder
da ficção que lhe captura.
e) As palavras da Carta conduzem o leitor, passo à passo, pelas dores e humilhações que
o pai de Kafka fez-lhe passar.
O consumismo vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo.
Encoraja as pessoas a cuidarem de si mesmas, a se mimarem e até a se matarem pouco a
pouco por meio do consumo exagerado. A frugalidade é uma doença a ser curada. Não é
preciso olhar muito longe para ver a ética do consumo em ação – basta ler a parte de trás de
uma caixa de cereal: “Para uma refeição saborosa no meio do dia, perfeita para um estilo de
vida saudável. Um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso do “quero mais!”.
Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por
esse texto. Elas o teriam considerado egoísta, indecente e moralmente corrupto. O
consumismo trabalhou duro, com a ajuda da psicologia e da vontade popular, para convencer
as pessoas de que a indulgência com os excessos é algo bom, ao passo que a frugalidade
significa auto-opressão.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. 38. ed. Porto
Alegre: L&PM, 2018, p. 357-358)
205
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i) lhes avalia − lhes contrapondo − a aqueles
j) avalia a estes − contrapondo-os − a estes
O evento citado na questão anterior teria seu horário de funcionamento indicado de forma
correta na seguinte alternativa:
a) de 12h às 20 horas;
b) das 12h a 20 horas;
c) das 12hs às 20hs;
d) das 12h às 20 horas;
e) de 12hs a 20 horas.
303 – Assinale a frase em que o emprego do acento grave indicativo da crase é optativo.
a) Trabalhar às claras.
b) Comi frango à passarinho.
c) Dei um prêmio à Margarida.
d) Cansava-se à proporção que caminhava.
e) Respondi às perguntas do juiz.
304 – Envelhecer
A infância não volta, mas não vai - fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode
dar um acesso. Outro dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me
célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios
me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha velocidade por fora.
Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e condição.
*árdego: impetuoso.
206
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b) Não se tribute as nossas experiências desafortunadas, a responsabilidade maior de um
penoso envelhecimento.
c) Em meio aquelas boas horas da infância, sempre havia alguma suspeita, de que tudo
logo acabaria.
d) Quem diria, que a proporção que o tempo passa, mais retornos imaginários
experimentamos à outras idades?
e) Corresse o tempo de modo uniforme, como alguns acreditam, não voltaríamos às mais
antigas sensações.
O clássico pensador romano Cícero dizia que nada é mais difícil do que conservar
intacta uma amizade até o último dia da vida. Para ele, os interesses e mesmo o caráter dos
homens costumam variar com o tempo, por conta dos reveses ou dos sucessos por que
passamos. As mais vivas amizades da infância podem não resistir aos anos da adolescência,
quando grandes transformações nos atingem.
Mesmo para aqueles cuja amizade resiste por muito tempo, há a possibilidade de
desavenças políticas porem tudo a perder. Outras violentas dissensões surgem quando se
exige de um amigo algo de inconveniente, como se tornar cúmplice de uma fraqueza nossa,
ou quando se lhe pede uma providência que esteja acima de suas forças. Mas essas ameaças
à amizade não devem enfraquecer a potência desse sentimento; devem nos lembrar o quanto
um amigo é precioso, e quão preciosa será a conservação de sua leal companhia.
Há correta flexão das formas verbais e plena observância das normas para emprego do
sinal de crase em:
a) É a muito custo que preservaremos uma amizade, sobretudo se não contivermos nossos
primeiros impulsos.
b) Ele acabará se desfazendo dos amigos a medida que eles virem a contrariar seus ímpetos
caprichosos.
c) Uma amizade resiste à toda prova quando, em qualquer das ocasiões da vida, se manter
leal e verdadeira.
e) Nada poderei fazer em reparo a fragilidade de uma amizade que não advir de uma leal
construção.
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O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades no espaço infinito
circunscrevem o nosso breve espasmo de vida. A imensidão do universo visível com suas
centenas de bilhões de estrelas costuma provocar um misto de assombro, reverência e
opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me abate de terror”, afligia-
se o pensador francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?
O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde à questão com lucidez e bom
humor: “Discordo de alguns amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico do
universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas
podem ser grandes, mas não pensam nem amam - qualidades que impressionam bem mais
do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e vinte quilos”.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado
de décadas, mas centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da
existência renderiam, por conta disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a
imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria difícil de suportar.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 35)
b) Dada a condição dos moços de hoje, os moços de amanhã obterão mais facilidades.
Ao contrário dos cães, gatos não fazem festa nem estardalhaço, não são excessivamente
carentes de afeto, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o mundo ao redor. Não
por acaso, um ditado chinês diz: “O cachorro é um romance, e o gato, um poema".
Nesse sábio ditado oriental reside uma delicada definição de gêneros literários. Pense no
cotidiano de um cão: as peripécias, o corre-corre, os momentos de exaltação e melancolia,
ganidos de dor, saltos estabanados, ataques de raiva... Agora imagine o discreto cotidiano de
um gato: a pose hierática, a atitude ensimesmada, o salto sem ruído, a expressão misteriosa
do olhar, a repetição dos gestos, o olhar em transe, fitando as asas de um inofensivo beija-
flor... O gato encarna uma subjetividade lírica que reitera o ditado chinês.
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209)
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a) Opõe-se as manifestações de segurança do gato a indecisão do cachorro.
e) Àquela insegurança típica dos cães contrapõe-se a soberania íntima dos gatos.
308 – Há pouco, em belo artigo, anunciou-se num jornal “a morte da voz humana”. Nenhum
exagero no título. Um software que “aperfeiçoa” a afinação dos cantores está criando padrões
de perfeição inatingíveis para humanos, oferecendo a recompensa sem esforço e tornando
dispensáveis a vocação, o talento e o mérito na música popular. “É como se Ronaldinho Gaúcho
usasse uma chuteira que acertasse o gol por si. Treinar pra quê?”
O grito de protesto foi dado por quem tem toda a autoridade para fazê-lo: João Marcello
Bôscoli, músico, produtor e diretor de gravadora. Como se não bastasse, é filho de Elis Regina
e do compositor Ronaldo Bôscoli, um dos criadores da bossa nova, e enteado do pianista César
Camargo Mariano, com quem Elis se casou ao se separar de Bôscoli. Nunca houve gente mais
exigente em música.
Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não tem, o programa faz com a
voz o que outro já fez com a figura humana. Assim como um software de retoque fotográfico
“gerou um padrão estético em que poros, rugas de expressão e outras características se
tornaram defeitos”, o software de afinação passa o rodo e “corrige” tudo o que considera
imperfeito num cantor: afinação, respiração, pausas, volume, alcance − sem se importar se
pertencem à sua expressão e emoção.
Ele vai mais longe: “Hoje em dia, tomamos remédio quando sentimos tristeza, dopamos
as crianças quando estão agitadas, passamos horas no computador quando nossa vida nos
parece desinteressante” etc. − e “usamos softwares de afinação quando temos um cantor
desafinado”.
O filho da cantora mais afinada do Brasil defende os desafinados no que eles têm de mais
precioso: sua falível condição humana, essencial à obra de arte.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem: crônicas. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. Edição
digital)
b) No segmento sua falível condição humana, essencial à obra de arte (último parágrafo),
o sinal de crase pode ser suprimido sem prejuízo da correção.
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c) O segmento sublinhado em Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não
tem (3° parágrafo) exprime noção de finalidade.
d) Na frase É como se Ronaldinho Gaúcho usasse uma chuteira que acertasse o gol por
si (1° parágrafo), o pronome sublinhado retoma “Ronaldinho Gaúcho”.
e) Sem prejuízo da correção, o segmento Nenhum exagero no título (1° parágrafo) pode
ser reescrito do seguinte modo: Não houve quaisquer exagero no título.
309 – “A primeira marca do príncipe soberano é o poder de dar lei a todos em geral, e a cada
em particular. Mas isso não basta, e é necessário acrescentar: sem o consentimento de maior
nem igual nem menor que ele.” “O soberano de uma República, seja ele uma assembleia ou
um homem, não está absolutamente sujeito ..I.. leis civis. Pois tendo o poder de fazer ou
desfazer as leis, pode, quando lhe apraz, livrar-se dessa sujeição revogando as leis que o
incomodam e fazendo novas.”
A primeira destas frases é do francês Jean Bodin (1576). A segunda é de Thomas Hobbes
(1651). Ambos conferem ao Príncipe legítimo uma potência (potestas) tal que o exercício do
seu poder acha-se, como se vê, liberto de toda norma ou regra. E, para medirmos a inovação
assim introduzida, basta recorrermos ..II.. frase de um teólogo do século XII: “A diferença
entre o príncipe e o tirano é que o príncipe obedece à Lei e governa ..III.. seu povo em
conformidade com o Direito.”
(Adaptado de: LEBRUN, Gérard. O que é poder. Tradução de Renato Janine Ribeiro e Silvia Lara. São
Paulo: Brasiliense, 1995, p. 28-29.)
a) às – à – o
b) às – a – ao
c) as – à – ao
d) às – a – o
e) as – à – o
Uma vez eu estava em Londres numa sala comum da classe média inglesa: a lareira acesa,
todo mundo com sua taça de chá, a família imersa naquela naturalidade (chega a parecer
representação) com que os ingleses aceitam a vida. Os ingleses, diz o poeta Pessoa, nasceram
para existir!
A certa altura um garoto de uns dez anos começou a contar uma história de rua, animou-
se e começou a gesticular. Só comecei a perceber o que se passava quando notei que aquele
doce sorriso mecânico, estampado em cada rosto de todas as pessoas da família, sumiu de
repente, como se uma queda de voltagem interior houvesse afetado o sorriso coletivo. Olhos
de avó, mãe, tias e tios concentraram-se em silêncio sobre o menino que continuava a
narrativa com uma inocência maravilhosa. Diante disso, uma das senhoras falou para ele com
uma voz sem inflexões: “Desde quando a gente precisa usar as mãos para conversar?”
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Vi deliciado o garoto recolher as mãos e se esforçar para transmitir o seu conto com o
auxílio exclusivo das palavras. O sorriso de todos iluminou de novo a sala: a educação britânica
estava salva.
Imaginemos um garoto italiano de dez anos que fosse coarctado* pela família em seus
gestos meridionais. Seria uma crueldade, uma afetação pedagógica, uma amputação social.
Daí cheguei à conclusão óbvia: os ingleses educam os filhos para que eles venham a ser
ingleses, os italianos, para que venham a ser italianos.
(CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209-210)
Observam-se as normas que regem o emprego dos sinais de crase e de pontuação em:
a) Não há dúvida, de que o autor do texto recorre à estereótipos culturais em sua narrativa
a qual não faltam elementos de humor.
b) Quando se assiste à cenas familiares, marcadas pelo conservadorismo, vê-se logo, quão
divertido é quebrar os protocolos.
c) O que será? – pensou o autor que parecia ter levado às pessoas a calarem-se diante de
uma narrativa tão animada.
e) O garoto inglês advertido pela senhora, desistiu da ênfase dos gestos e passou aquela
que se dá nos limites do discurso verbal.
311 – Quanto ...... origens do ruído, o pensador David le Breton ...... associa ao utilitarismo,
com que se relaciona, por vezes, ...... racionalismo, que dispõe a experiência dos sentidos em
segundo plano.
Preenche as lacunas da frase acima, correta e respectivamente, o que se encontra em:
a) as − às − ao
b) a − a − ao
c) às − às − ao
d) as − as − o
e) às − as – o
"Sente os pés no chão", diz a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve
sentir os pés no chão, "sente a respiração”.
"Inspira, expira", ela diz, mas o narrador dentro da minha cabeça fala mais alto: "Eis então
que no início do terceiro milênio, tendo chegado à Lua e à engenharia genética, os seres
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humanos se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamento na esperança de encontrar
alguma paz e algum sentido para suas vidas simultaneamente atribuladas e vazias".
Se o lagarto consegue esquecer as moscas ou a cobra rondando a toca, já não sei. A parte
mais interna e mais antiga do nosso cérebro é igual à dos répteis. É dali que vem o medo,
ferramenta evolutiva fundamental para trazer nossos genes triunfantes e nossos cérebros
aflitos através dos milênios até aquela roda, no décimo segundo andar de um prédio na cidade
de São Paulo.
Não há nada de místico na meditação. Pelo contrário. Meditar é aprender a estar aqui,
agora. Eu acho que nunca estive aqui, agora. O ansioso está sempre em outro lugar. Sempre
pré-ocupado. Às vezes acho que nasci meia hora atrasado e nunca recuperei esses trinta
minutos. "Inspira. Expira".
Não é um problema só meu. A revista dominical do "New York Times" fez uma matéria de
capa ano passado sobre o tema. Dizia que vivemos a era da ansiedade. Todas as redes sociais
são latifúndios produzindo ansiedade. Mesmo o presente mais palpável, como um prato
fumegante de macarrão, nós conseguimos digitalizar e transformar em ansiedade. Eu preciso
postar a minha selfie dando a primeira garfada neste macarrão, depois nem vou conseguir
comer o resto do macarrão, ou sentir o gosto do macarrão, porque estarei ocupado conferindo
quantas pessoas estão comentando a minha foto comendo o macarrão que esfria, a minha
frente.
"Inspira, expira.” A voz da instrutora é tão calma e segura que me dá a certeza de que ela
consegue comer o macarrão e me dá a esperança de que também eu, um dia, aprenderei a
comer o macarrão. É só o que eu peço a cinco mil anos de tradição acumulada por monges e
budas e maharishis e demais sábios barbudos ou imberbes do longínquo Oriente. "Inspira.
Expira.” Foco no macarrão.
O sinal indicativo de crase pode ser acrescido, por ser facultativo, à expressão destacada em:
O filósofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num
poço quando se embrenha em suas reflexões − é o que contam a respeito de Tales (cerca de
625-547 a.C.). O primeiro filósofo, segundo a tradição grega, combina enorme senso prático
para os negócios com uma capacidade de abstração que o retira do mundo. Por isso é visto
como indivíduo dotado de um saber especial, admirado porque manipula ideias abstratas,
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importantes e divinas. No fundo não está prefigurando as oposições que desenharão o perfil
do homem do Ocidente? O divino Platão e o portentoso Aristóteles fizeram desse
estranhamento o autêntico espanto diante das coisas, o empuxo para a reflexão filosófica.
Nos dias de hoje essa imagem está em plena decadência; o filósofo se apresenta como
um profissional competindo com tantos outros. Ninguém se importa com as promessas já
inscritas no nome de sua profissão: a prometida amizade pelo saber somente se cumpre se a
investigação for levada até seu limite, cair no abismo onde se perdem suas raízes. A palavra
grega filosofia significa “amigo da sabedoria”, por conseguinte recusa da adesão a um saber
já feito e compromisso com a busca do correto.
Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis, a filosofia e o filósofo também
se tornam dispensáveis, sempre havendo uma doutrina ou um profissional capaz de enaltecer
uma trama de interesses privados. A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo a
dizer o que o grande público espera dele e, assim, também pode usufruir de seus quinze
minutos de celebridade. Diante do perigo de ser engolfado pela teia de condutas que inverte
o sentido original de suas práticas, o filósofo, principalmente o iniciante, se pretende ser
amante de um saber autêntico, precisa não perder de vista que assumiu o compromisso de
afastar-se das ideias feitas − ressecadas pela falta da seiva da reflexão − e de desconfiar das
novidades espalhafatosas. Se aceita consagrar-se ao estudo das ideias, que reflita sobre o
sentido de seu comportamento.
(Adaptado de: GIANNOTTI, José Arthur. Lições de filosofia primeira. São Paulo: Companhia das Letras,
2011, edição digital)
No segmento acima, o sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso se substitua “mídia”
por
a) imprensa.
b) programas.
c) meio de comunicação.
d) debates.
e) propagandas.
1 A partir de que momento uma obra é, de fato, arte? Mona Suhrbier, etnóloga e especialista
em questões ligadas à Amazônia do Museu de Culturas do Mundo de Frankfurt, explica em
213
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entrevista por que trabalhos de mulheres indígenas que vivem em zonas não urbanas têm
dificuldade de achar um lugar nos museus.
2 Qual tipo de arte pode ser classificado como “arte indigena”? Devo mencionar, de
início, que aqui no Museu das Culturas do Mundo não usamos o termo “arte indígena”. O Museu
coleciona desde 1975 arte não europeia. Em cada exposição, indicamos o nome da região de
que a arte em questão vem. Mas para responder a sua pergunta com uma pequena
provocação: arte indígena é sempre aquela que não é nacional. É o tipo de arte que os países
não querem usar para representá-los no exterior. É o “folclore”, o “artesanato”. Para este tipo
de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do Folclore. Já me perguntei: por
que é que se precisa desse museu? Por que aquilo que é exibido nele não é considerado
simplesmente arte?
3 E você encontrou uma resposta a essa pergunta? Quando uma produção deriva de
formas de expressão rurais, colocase a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por
mulheres. Mas se a obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou
seja, se tiver estudado com “as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se
torne um artista reconhecido. Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”.
Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim,
poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil.
(Adaptado de: REKER, Judith. “Arte não europeia: ‘não queremos ser como vocês’”. Disponível
em: https://www.goethe.de)
a) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3° parágrafo), pode ser acrescentado
o sinal indicativo de crase ao termo sublinhado, uma vez que a regência do verbo “aceitar” o
permite.
b) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3° parágrafo), caso o verbo em
destaque seja substituído por “prefere”, o termo sublinhado deverá ser também substituído
por “à”.
d) Em o nome da região de que a arte em questão vem (2° parágrafo), caso se substitua o
verbo em destaque por “advém”, o termo sublinhado terá de ser substituído por “à”.
e) Em E você encontrou uma resposta a essa pergunta? (3° parágrafo), pode-se substituir
o segmento sublinhado por “à”, do mesmo modo que em para responder a sua pergunta (2°
parágrafo).
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315 - Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.
Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. Uma que
se diria pouco procedente consiste em supor-se que, em vista de milhões de turistas visitarem
locais como a Acrópole e os anfiteatros gregos da Sicília, a cultura não perdeu valor em nosso
tempo. Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não
representam um interesse genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz
parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo passado e pela arte,
exonera-o de conhecê-los a fundo. Essas visitas dos turistas “em busca de distrações”
desnaturam o significado real desses museus e monumentos.
Um estudo recente do sociólogo Frédéric Martel mostra que tal “cultura-mundo” de que
falavam Lipovetsky e Serroy já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo.
Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial.
A distinção entre preço e valor se apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista
o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.
(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: Uma radiografia do nosso tempo e da
nossa cultura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Edição digital)
b) A distinção entre preço e valor se apagou // Não se observam mais a diferença entre
valores e preços
d) Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso
comercial // À essa nova cultura não pode faltar, a produção industrial maciça e o sucesso
comercial
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e) já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo // já é ultrapassada, devido a
defasagem arrebatada pela época atual
316 – 1 Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. Seus sintomas
incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa imunidade, flutuações de
humor, entre outros. Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na
esteira de dispositivos que emitem luz azul.
2 Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia. Velas e lenha produziam luz amarelo-
avermelhada e não havia iluminação artificial à noite. A luz do fogo não é problema porque o
cérebro interpreta a luz vermelha como sinal de que chegou a hora de dormir. Com a luz azul
é diferente: ela sinaliza a chegada da manhã.
3 Assim, um dos responsáveis pelo declínio da qualidade do sono nas duas últimas décadas é
a luz azulada que emana de aparelhos eletrônicos; mas um dano ainda maior acontece quando
estamos acordados, fazendo um malabarismo obsessivo com computadores e smartphones.
4 A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos eletrônicos
- e muitos gastam bem mais que isso. Não é problema de uma minoria. Pesquisadores nos
aconselham a usar o celular por menos de uma hora diariamente. Mas o uso excessivo do
aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o termo “nomofobia" (uma
abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever a fobia de ficar sem
celular.
(Adaptado de: ALTER, Adam. Irresistível. São Paulo: Objetiva, edição digital)
a) No trecho Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na esteira
de dispositivos que emitem luz azul (1° parágrafo), uma vírgula pode ser colocada
imediatamente após “dispositivos”, sem prejuízo da correção e do sentido.
b) No trecho - e muitos gastam bem mais que isso (4° parágrafo), o sinal de travessão
introduz uma oposição.
c) No segmento Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia (2o parágrafo), a
vírgula indica mudança de sujeito.
d) Sem prejuízo da correção, no segmento Com a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada
da manhã (2° parágrafo), o sinal de dois-pontos pode ser substituído por pois, precedido de
vírgula.
e) Em Seus sintomas incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa
imunidade e flutuações de humor (1° parágrafo), as vírgulas isolam um segmento explicativo.
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317 – A supressão da vírgula altera significativamente o sentido da frase:
b) Está em curso uma campanha de vacinação contra a epidemia, que está assolando tribos
indígenas.
e) Não fosse pela divulgação na imprensa, a campanha de vacinação não teria sido bem
sucedida.
Na costa noroeste da África, cerca de 230 quilômetros ao sul das Ilhas Canárias, a linha
costeira se estende ligeiramente, formando uma protuberância conhecida como cabo Bojador.
Para os europeus do início do século XV, o Bojador marcava a fronteira entre o conhecido e o
desconhecido. Ao norte do cabo estavam a civilização e as cidades esclarecidas. Ao sul ficavam
as terras místicas da África e do Mar da Escuridão. Nenhum marinheiro desde os antigos
cartagineses tinha se aventurado ao sul do Bojador e retornado.
Entre 1424 e 1434, o infante dom Henrique de Portugal enviou catorze expedições de
navios para circundar o perigoso cabo, com seus mortais bancos de areia, redemoinhos e
violentas tempestades. Todas fracassaram. O insondável, no entanto, revelava-se uma
tentação irresistível. Inabalável, o infante dom Henrique despachou o explorador Gil Eanes
para uma décima quinta tentativa. Em sua viagem, Eanes passou a grande distância do
Bojador, desviando-se acentuadamente para oeste e penetrando no Mar da Escuridão. Ao virar
para o sul, olhou por sobre o ombro e ficou estarrecido ao perceber que deixara o temido cabo
para trás. Na viagem seguinte, em 1453, Eanes voltou a contornar o Bojador e ancorou numa
baía a mais de duzentos quilômetros ao sul. Ali, viu pegadas humanas, de camelos…
Na visão dos historiadores, dom Henrique não mandou seus navios para o sul, para a
África, com o objetivo de colonizar seu território ou abrir novas rotas de comércio. Não, ele
queria simplesmente descobrir o que havia para ser descoberto. A necessidade de encontrar,
inventar, conhecer o desconhecido parece tão profundamente humana que não podemos
imaginar nossa história sem ela. No fim, esse desejo profundo acaba por superar o medo do
desconhecido e até mesmo o medo do perigo pessoal e da morte. O que resta é a emoção da
descoberta.
(Adaptado de: LIGHTMAN, Alan. As descobertas: os grandes avanços das ciências no século XX.
Trad. George Schlesinger. São Paulo, Companhia das Letras, 2015, p. 6-7)
a) Dom Henrique de Portugal mostra-se obstinado em conhecer o que quer que haja além
do temido cabo Bojador e obtém êxito em seu intuito.
b) Mesmo após diversas tentativas frustradas, dom Henrique de Portugal, deu segmento à
seu projeto de explorar os segredos do Mar da Escuridão.
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c) Dentre as histórias, de que os viajantes se entretinham, estavam àquelas do cabo
Bojador: fronteira entre o universo vivido e o imaginado.
De acordo com o relator especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao
saneamento básico, o brasileiro Léo Heller, a deliberação “dá para as pessoas uma percepção
mais clara do direito ao saneamento, fortalecendo sua capacidade de reivindicá-lo quando o
Estado falha em prover os serviços ou quando eles não são seguros, são inacessíveis ou sem
a privacidade adequada”. A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do
saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos juntos.
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320 – [A harmonia natural em Rousseau]
A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-1784) como responsável pela
degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição
pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade
às pessoas, leva-as a ignorar os deveres humanos e as necessidades naturais.
A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com
suas necessidades inatas. Ele é amplamente autossuficiente porque constrói sua existência no
isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores
dificuldades e não é atingido pela angústia diante da doença e da morte. As necessidades
impostas pelo sentimento de autopreservação – presente em todos os momentos da vida
primitiva e que impele o homem selvagem a ações agressivas – são contrabalançadas pelo
inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros desnecessariamente.
Desde suas origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de livre arbítrio e
sentido de perfeição, mas o desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quando
estabelecidas as primeiras comunidades locais, baseadas sobretudo no grupo familiar. Nesse
período da evolução, o homem vive a idade do ouro, a meio caminho entre a brutalidade das
etapas anteriores e a corrupção das sociedades civilizadas.
(Encarte, sem indicação de autoria, a Jean-Jacques Rousseau – Os Pensadores. Capítulo 34. São Paulo:
Abril, 1973, p. 473)
d) Ao se considerar a condição do homem civilizado, não há como negar que é menos feliz
que o primitivo.
321 – Sempre pensei que ser um cidadão do mundo era o melhor que podia acontecer a uma
pessoa, e continuo pensando assim. Que as fronteiras são a fonte dos piores preconceitos, que
elas criam inimizades entre os povos e provocam as estúpidas guerras. E que, por isso, é
preciso tentar afiná-las pouco a pouco, até que desapareçam totalmente. Isso está ocorrendo,
sem dúvida, e essa é uma das boas coisas da globalização, embora haja também algumas
ruins, como o aumento, até extremos vertiginosos, da desigualdade econômica entre as
pessoas.
Mas é verdade que a língua primeira, aquela em que você aprende a dar nome à família e
às coisas deste mundo, é uma verdadeira pátria, que depois, com a correria da vida moderna,
às vezes vai se perdendo, confundindo-se com outras. E isso é provavelmente a prova mais
difícil que os imigrantes têm de enfrentar, essa maré humana que cresce a cada dia, à medida
que se amplia o abismo entre os países prósperos e os miseráveis, a de aprender a viver em
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outra língua, isto é, em outra maneira de entender o mundo e expressar a experiência, as
crenças, as pequenas e grandes circunstâncias da vida cotidiana.
(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. O regresso à Grécia. Disponível em: https://brasil.elpais.com)
a) A língua primeira caracteriza-se como aquela que atribuímos nome, à família e às coisas
deste mundo.
e) Com a correria da vida moderna tem suscitado a perda da língua primeira, que se mistura
com outras.
Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam
vistas de todos os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.
323 – Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famoso e lido livro, Pedagogia
do oprimido, Paulo Freire critica aquilo que chama de uma visão “bancária” da educação, em
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que os educadores mantêm com os alunos uma relação que detém informações que são
“depositadas” numa sala de aula, que está ali para memorizar, e não aprender. “Em lugar de
comunicar-se, o educador faz ‘comunicados’ e depósitos que os educandos, meras incidências,
recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção ‘bancária’ da educação,
em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos,
guardá-los e arquivá-los.”
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos: uma perspectiva brasileira da crise civilizatória.
São Paulo: Companhia das Letras, 2016)
a) Uma história abreviada da humanidade, prometeu aos seus provocados leitores, o autor
do texto.
c) À medida que avança o homem, em sua caminhada civilizatória, conflitos ocorrem, entre
a criatura moderna, e a primitiva.
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
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Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés
no chão. (2° parágrafo)
Está condizente com o que se lê no trecho acima, com a vírgula empregada corretamente, o
que se encontra em:
222
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De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)
No segmento ... morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos
altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear (2° parágrafo), o sinal de
dois-pontos introduz
a) uma ressalva.
b) uma citação.
c) um esclarecimento.
d) uma contradição.
e) um resumo.
327 – Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição
oceânica, mas, até o momento, não tomaram quaisquer medidas concretas.A organização
holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à frente e assumir a missão de combater
a poluição oceânica nos próximos anos.
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Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes oceânicas fazer todo o
trabalho. Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto
central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para
fins de reciclagem.
Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central. O
plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins de
reciclagem.
a) aonde o tanto
b) que o mesmo
c) ao qual o produto
d) onde o material
e) o qual o restante
Mamãe, mamãe, descobri que o Capitão Gancho é bonzinho. Ele falou “Eu vou cuidar muito
bem de você!”, anunciou o garoto durante a consulta, interrompendo a conversa da mãe com
o médico. E repetiu mais duas ou três vezes a descoberta que fizera ao assistir ao filme sobre
Peter Pan, para em seguida retomar o silêncio habitual e voltar a agitar as mãos para cima e
para baixo. Diferentemente de crianças de sua idade, o menino de 7 anos atendido pelo
psiquiatra infantil não conseguia perceber a ironia na fala do vilão, determinada por uma
marcante alteração no tom de voz. Os sinais que o médico observou no garoto são
característicos de um grupo de distúrbios classificados como transtornos do espectro autista
ou transtornos globais do desenvolvimento. Esses problemas de origem neuropsicológica se
manifestam na infância e, com maior ou menor intensidade, prejudicam a capacidade de
comunicação.
b) A ironia, indicada pela forte alteração no tom de voz, na fala do vilão, não foi, percebida
pelo menino, de 7 anos; atendido pelo psiquiatra infantil.
c) O médico observou sinais, no garoto que são típicos de um grupo de, distúrbios
conhecidos, como transtornos do espectro autista ou transtornos globais do desenvolvimento.
d) O garoto repetiu, outras duas ou três vezes a descoberta que, fizera ao assistir ao filme
sobre Peter Pan e, em seguida retomou o silêncio habitual, voltando a agitar as mãos: para
cima e para baixo.
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e) Interrompendo a conversa da mãe, com o médico, o garoto anunciou, a descoberta de
que: o Capitão Gancho é bonzinho, após ter ouvido a frase, Eu vou cuidar muito bem de você!
Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi
unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e
hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e
a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente
sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana
e a psicologia humana.
Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos
se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de
nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios
desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido
astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que
os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma
parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda,
impérios, ciência e indústria?
Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais
importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos
atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.
Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.
Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e
satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas
esse relato progressista não convence.
(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína
Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)
a) A ideia mesma de felicidade parece ter bem pouca relevância, no curso da caminhada da
civilização.
c) Para muitos homens, não faz sentido indagar sobre o teor de felicidade que deveria
acompanhar o progresso.
d) A pouca gente ocorre indagar sobre o sentido do progresso, que atinge uns poucos
privilegiados.
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330 – [Nossa quota de felicidade]
Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi
unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e
hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e
a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente
sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana
e a psicologia humana.
Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos
se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de
nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios
desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido
astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que
os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma
parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda,
impérios, ciência e indústria?
Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais
importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos
atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.
Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.
Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e
satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas
esse relato progressista não convence.
(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína
Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)
A interrogação Mas somos mais felizes?, que abre o 2° parágrafo do texto, tem como função
b) ratificar o que houve de mais positivo nas conquistas da humanidade nos últimos 500
anos.
O substituto da vida
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escrevera, fazia eventuais emendas e, se fosse o caso, batia o texto a limpo. Relia-o para ver
se era aquilo mesmo, fechava a máquina, entregava a matéria e ia à vida.
Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol com o pessoal da editoria de
esporte, paquerar a diagramadora do caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. Se
estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de escrever eu fechava a máquina
e abria um livro, escutava um disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina no
dia seguinte.
Hoje, diante do computador, termino de produzir um texto, vou à lista de mensagens para
saber quem me escreveu, deleto mensagens inúteis, respondo às que precisam de resposta,
eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais e revistas on-line. Quando me dou
conta, já é noite lá fora e não saí da frente da tela.
Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a caneta, o bloco, a agenda, o telefone,
a banca de jornais, a máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema, o DVD, o
correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso, o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o
CD, a bússola, os mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que me substitua
também.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação Brasil, 2018, p. 67-68)
... eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de escrever,
tirava o papel, lia o que escrevera, fazia eventuais emendas... (1º parágrafo)
332 – Em janeiro de 1968, estreava na Europa e nos Estados Unidos um filme considerado o
primeiro da nova era do cinema hollywoodiano, por quebrar tabus e fazer sucesso entre o
público jovem. Era Bonnie e Clyde, de Arthur Penn. Tratava-se da história de dois jovens
apaixonados, ladrões de banco, que circulavam pelo centro dos Estados Unidos durante a
Grande Depressão. O casal reforçava nos jovens a ideia da quebra de todas as regras.
Lançado num país que ainda se recuperava do trauma do assassinato do presidente John
Kennedy e via aumentar a tensão provocada por conflitos raciais, o filme causou repulsa e
indignação entre os críticos. Por adotar, com humor, o ponto de vista dos criminosos, foi visto
como subversivo.
(Adaptado de: ZAPPA, Regina e SOTO, Ernesto. 1968: Eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro:
Zahar, edição digital)
227
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Está adequada a pontuação do seguinte período:
a) Bonnie e Clyde de Arthur Penn, conta a história de dois ladrões de banco, apaixonados,
circulando durante a Grande Depressão, pelo centro dos Estados Unidos.
d) Produtos destinados aos jovens passaram a circular, pelo mundo, agilmente; fazendo
com que, a cultura de massas se internacionalizasse.
333 – Atenção: Considere a entrevista abaixo, com o americano Seth M. Siegel, autor do
livro Faça-se a Água, para responder à questão.
1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como
descreveria o estágio atual dessa crise?
Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será
afetada pela escassez de água. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o
aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os principais
impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países
já estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.
2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?
Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais
sofisticada do mundo. Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações
de mais rápido crescimento do mundo, é abundante em água. Penso que todos têm algo a
aprender com o exemplo de Israel.
3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que
papel acredita que essas riquezas brasileiras poderiam vir a desempenhar?
Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a
água às vezes está disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez.
O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico
e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático construir um
encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso
que outras formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam
usar outras técnicas.
4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou
recentemente uma grave crise hídrica. Como vê essa situação?
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Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda
chance. Estes dias de melhor abastecimento de água quase certamente não durarão muito.
Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier, haja
menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.
As vírgulas foram empregadas para separar os diferentes sujeitos da oração principal em:
a) O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo
Ártico e na Baía de Hudson.
d) Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier,
haja menos prejuízo para a economia...
334 – Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse
insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m3 por ano
dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões
como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e
outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.
Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as
crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol
perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta
os ventos e tempestades.
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Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as
inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como
o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas
próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.
Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido,
região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema
improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades
básicas da população, mesmo a mais isolada.
É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores
estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que
costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.
(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE,
Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br)
a) Porém, ficar sem água, é cena cada vez mais, incomum no Nordeste, mesmo no
semiárido: região onde moram 22 milhões de pessoas, e onde as chuvas são pouco previsíveis.
d) Não é possível afirmar, com certeza, que, recentes secas no Sudeste e no Nordeste, ou
as inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
e) Nas regiões Sudeste e Nordeste, onde se concentra 70% da população, muitos centros
urbanos já enfrentam dificuldades de abastecimento.
335 – Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse
insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m3 por ano
dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões
como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e
outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.
Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as
crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol
perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta
os ventos e tempestades.
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Se os resultados das simulações do clima futuro feitas por modelos de computador
estiverem corretos, algumas regiões poderão sofrer estiagens mais frequentes e graves,
enquanto outras ficarão sujeitas a inundações.
Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as
inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como
o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas
próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.
Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido,
região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema
improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades
básicas da população, mesmo a mais isolada.
É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores
estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que
costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.
(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE,
Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br)
a) No segmento Nações como a Argélia e regiões como a Palestina, uma vírgula pode ser
inserida imediatamente após “Argélia”, uma vez que separa sujeitos de orações diferentes.
b) O segmento Cada habitante conta com mais de... pode ser substituído por “Cada um dos
habitantes do país contam com mais de”, sem prejuízo do sentido e da correção.
c) Sem prejuízo da correção e do sentido, o segmento ...o Brasil é um país rico nesse insumo
que a natureza provê... pode ser alterado do seguinte modo: “o Brasil − país rico nesse insumo
− que, a natureza provê...”.
336 – Em 1938, o cineasta Orson Welles causou algumas horas de pânico ao fazer crer a
milhares de ouvintes de rádio que o planeta estava sob ataque de marcianos. A dramatização,
transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico,
tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam
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acostumados. Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior caso empregasse seu
talento nas mídias sociais, onde notícias falsas enganam milhões diariamente em todo o
mundo.
Nos EUA, o debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força com
a recente eleição − em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. Levantamentos mostraram que em diversas ocasiões o presidente eleito foi beneficiado
pela leva de informações fabricadas. Ainda que seja quase impossível medir o impacto do
fenômeno na definição do resultado eleitoral, a gravidade do problema não se apaga.
a) O debate sobre os efeitos nocivos de, informações inverídicas, ganhou força, com a
recente eleição nos EUA: em que os norte-americanos se informaram, maciçamente, pelas
redes sociais.
b) O debate, sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força nos EUA, com
a recente eleição, em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais.
c) O debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força, nos EUA, com
a recente eleição, em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais.
e) O debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas, ganhou força, nos EUA com
a recente eleição; em que os norte-americanos se informaram maciçamente, pelas redes
sociais.
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a) Substituímos, pelas galerias de fotos digitais, de nossos dispositivos móveis o antigo
álbum de família.
b) Imagens são importantes, desde que se considerem que milhares de fotos não tem a
capacidade de superar a intensidade de uma experiência.
c) Conforme seja importante viver cada momento com intensidade, onde as relações
afetivas estão sendo solapadas na solidão digital coletiva.
O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes
de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da
imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período
republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico.
De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços
para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o
intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de
que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação.
Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco.
Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido
como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa
política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o
pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de
italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população
aumentou quase dez vezes.
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
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a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, nº 27, pp. 45 e 47, 2018)
a) Redação alternativa à acima transcrita, que reúna os dois períodos iniciais num só e não
prejudique o sentido original, deve valer-se da locução coesiva “à medida que”.
c) Se o segmento um pressuposto falso fosse alterado para “uma ideia falsa”, a frase
manteria sua correção sem que houvesse necessidade de outra modificação no período.
O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes
de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da
imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período
republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico.
De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços
para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o
intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de
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que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação.
Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco.
Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido
como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa
política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o
pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de
italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população
aumentou quase dez vezes.
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, nº 27, pp. 45 e 47, 2018)
d) Em O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe
imigrantes de braços abertos, ambas as palavras destacadas são conjunções, pois o contexto
elimina a possibilidade de a segunda palavra ser pronome relativo.
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340 – [O tempo sem rumo]
As datas deveriam nos fixar no tempo como as coordenadas geográficas nos fixam no
espaço, mas a analogia não funciona. O tempo não tem pontos fixos, o tempo é uma sombra
que dá a volta na Terra. Ou a Terra é que dá voltas na sombra. Nossa única certeza é que será
sempre a mesma sombra – o que não é uma certeza, é um terror.
Na nossa fome de coordenadas no tempo nos convencemos até que dias da semana têm
características. Que uma terça-feira, por exemplo, não serve para nada. Que terça é o dia
mais sem graça que existe, sem a gravidade de uma segunda – dia de remorso e decisões –
e o peso da quarta, que centraliza a semana. Gostaríamos que passar pelos dias fosse como
passar por meridianos e paralelos, a evidência de estarmos indo numa direção, não entrando
e saindo da mesma sombra. Não passando por cada domingo com a nítida impressão de que
já estivemos aqui antes.
(Adaptado de VERISSIMO, Luis Fernando. Em algum lugar do paraíso. São Paulo: Objetiva, 2011, p. 7)
a) O tempo, ainda que não possa ser controlado, dá-nos a sensação de que está aberto,
sujeito a um preenchimento nosso.
b) Move-nos uma ilusão, de que possamos contar com o tempo como se ele estivesse
disponível, para dele nos valermos, segundo nosso interesse.
d) Não se planeja o tempo, conquanto nosso desejo, fosse determinar exatamente os passos
que temos a dar.
e) Cada dia da semana segundo o autor, tem características tão próprias, que nos fazem
senti-los de modo distinto.
No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano
só começa a envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes
traumas de um filho.
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lamenta não ter conversado mais com o seu pai, não ter convivido mais tempo com ele. Mas
há também pais terríveis, opressores e tirânicos.
Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos
exemplos notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o
inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é
totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais
ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância de sofrimento e
humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-
205)
a) O grande escritor cubano José Lezama Lima no romance Paradiso, tece uma
consideração, a respeito da morte do pai.
b) Freud ao tratar da morte do pai, considera-a um dos grandes traumas, que podem
acometer a um filho.
c) Embora haja asperezas, na relação de um pai e um filho, há também, por outro lado
muita amizade e cumplicidade.
d) Ao escrever a Carta ao pai em que faz uma espécie de inventário infernal, Kafka não
deixa de mostrar-se alternadamente, sofrido e humilhado.
e) Ainda que afastada da figura do pai real, sua construção ficcional, promovida por Kafka,
expressa em alto grau o sofrimento de um filho.
Fui convidado por um colega da redação de jornal, outro dia, a ver um belo espetáculo.
Que eu estivesse pela manhã bem cedo junto ao último edifício da Avenida Rio Branco para
assistir à coleta de lixo. Fui. Vi chegar o caminhão 8-100 da Limpeza Urbana e saltarem os
ajudantes que se puseram a carregar e despejar as latas de lixo. Enquanto isso, que fazia o
motorista? O mesmo de toda manhã. Pegava um espanador e um pedaço de flanela, e fazia o
seu carro ficar rebrilhando de beleza.
É costume dizer que a esperança é a última que morre. Nisso está uma das crueldades da
vida: a esperança vive à custa de mutilações. Vai minguando e secando devagar, se
despedindo dos pedaços de si mesma, se apequenando e empobrecendo, e no fim é tão
mesquinha e despojada que se reduz ao mais elementar instinto de sobrevivência e ao
conformismo.
Esse motorista, que limpa seu caminhão, não é um conformado, é o herói silencioso que
lança um protesto superior. A vida o obriga a catar lixo e imundície; ele aceita a sua missão,
mas a supera com esse protesto de beleza e dignidade. Muitos recebem com a mão suja os
bens mais excitantes e tentadores da vida; e as flores que vão colhendo no jardim de uma
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existência fácil logo têm, presa em seus dedos frios, uma corrupção que as desmerece e avilta.
O motorista do caminhão 8-100 parece dizer aos homens da cidade: “O lixo é vosso: meus
são estes metais que brilham, meus são estes vidros que esplendem, minha é esta consciência
limpa”.
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. O homem rouco. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1963, p. 145-146)
a) O motorista referido no texto constitui, aos olhos do autor, o exemplo de uma dignidade
que não cede às mais duras circunstâncias.
b) O autor foca-se no lugar-comum de um provérbio ao qual se deseja dar uma nova versão
menos otimista do que a habitual.
c) Quanto mais nos promete a esperança, em seu processo degradativo, à medida em que
nos tornamos presas fáceis de sua sujeição.
d) O conformismo, em cujo pendor a gente acaba se postando, pode ser o derradeiro degrau
aonde se aloja a esperança.
e) Tanto mais limpas são as dádivas na proporção mesma em que as recebamos com a
condecendência de toda a nossa dignidade.
Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo natalino
que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de inverno (o dia
mais curto do ano).
Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo
assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza,
tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.
Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as
relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia
que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.
É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a
Epifania. A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que
hoje seria Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que
o irmão se afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem,
assumindo o nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros
na qual as identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.
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É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas
que certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir a
ilusão das respostas mais simples.
Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem a ver
com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender é
preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em sua
imperfeição e irrealização permanentes, depende disso.
a) Na medida em que nossas convicções sociais são relativas, não surpreendem que as
noções de identidade sejam confrontadas a elas.
b) Deve ser visto como fator inerente à consolidação da democracia as contradições que
existem na sociedade.
c) As convenções sociais podem ser assimiladas com clareza, mas o desejo que lhes
confrontam costumam ser incompreensíveis.
É muito comum que logo pela manhã, nas grandes cidades, a conversa entre colegas
de trabalho se inicie por frases que aludam aos congestionamentos enfrentados no caminho,
ou à surpresa de o trânsito naquela praça não estar inteiramente prejudicado, ou então –
milagre dos milagres! − ao fato inexplicável de como dessa vez não demorou quase nada a
travessia da famosa ponte. Tais assuntos dominam as conversas, determinam o humor;
representam-se nelas o pequeno drama, a ansiedade, a aflição ou o desespero que vivem os
habitantes das metrópoles.
É um assunto tão invasivo quanto obrigatório, do qual não se pode fugir. A simples
locomoção de um lugar para outro reedita, a cada dia, a façanha que é o ir e o vir nas grandes
cidades, o desafio que está na chamada “mobilidade urbana”, designação do conjunto de
fatores que condicionam a movimentação dos indivíduos no espaço público. A mobilidade
urbana tem enorme importância para a qualidade de vida da população. Não se trata,
simplesmente, da movimentação mecânica de um lugar para outro; trata-se do modo pelo
qual ela ocorre, de seus efeitos no cotidiano, da fixação de prazos e horários de trabalho e
lazer, do humor dos indivíduos, dos prazeres e desprazeres que acarreta.
Falar do trânsito, sobretudo de suas dificuldades que parecem fatais, torna-se, assim,
mais do que um papo corriqueiro: vira uma espécie de senha familiar pela qual todos se
reconhecem, um motivo para se reafirmar aquela cumplicidade solidária que os problemas
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comuns provocam nas criaturas. Um considerável salto civilizatório se dará quando as pessoas,
no começo do dia de trabalho, não tiverem do que se queixar quanto à sua mobilidade, e
puderem tratar de outros assuntos que melhor as congreguem.
c) O desafogo do trânsito, nas grandes cidades prende-se, de fato, a uma solução, que só
se encontra na priorização do transporte coletivo.
e) Não há como deixar de sonhar, com o dia em que deixando de ser um problema, o
trânsito já não seja um assunto obrigatório das conversas.
345 – Falando sobre uma passeata em São Paulo, um jornal paulista escreveu o seguinte:
a) tem emprego incorreto, pois não se emprega vírgula antes da conjunção coordenativa
aditiva.
b) tem emprego incorreto, pois, nesse caso, não há qualquer interrupção na leitura que
demonstre pausa.
c) tem emprego adequado, pois o sujeito da segunda oração não é o mesmo da anterior.
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José Goldemberg, Quatro Rodas, maio de 2013.
347 – Uma mudança ocorrida no último meio século foi o aparecimento do museu que
constitui, por si só, uma grande atração cultural, independentemente do conteúdo a ser exibido
em seu interior. Esses edifícios espetaculares e em geral arrojados vêm sendo construídos por
arquitetos de estima universal e se destinam a criar grandes polos globais de atração cultural
em centros em tudo o mais periféricos e pouco atrativos. O que acontece dentro desses museus
é irrelevante ou secundário. Um exemplo disso ocorreu na cidade de Bilbao. Em tudo o mais
praticamente inexpressiva, nos anos 1990 ela transformou-se num polo turístico global graças
ao Museu Guggenheim, do arquiteto Frank Gehry. A arte visual contemporânea, desde o
esgotamento do modernismo nos anos 1950, considera adequados e agradáveis para
exposições esses espaços que exageram a própria importância e são funcionalmente incertos.
Não obstante, coleções de grande significado para a humanidade, expostas, por exemplo, no
Museu do Prado, ainda não precisam recorrer a ambientes de acrobacia arquitetônica.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados: Cultura e sociedade no século XX. São Paulo:
Companhia das Letras, 2013, edição digital)
e) A inserção de uma vírgula após museu em Uma mudança ocorrida no último meio século
foi o aparecimento do museu que constitui [..] a grande atração cultural altera o sentido
original da frase.
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governo humano”. O triunfo da democracia, proclamou numa frase que veio a condensar o
otimismo de 1989, marcaria o “fim da história”.
2. Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. Alguns alegavam que a
democracia liberal estava longe de ser implementada em larga escala, porquanto muitos países
se mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. Outros afirmavam que era cedo
para prever que tipo de avanço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez a
democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas de governo, mais justas e
esclarecidas.
(Adaptado de: MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de Arantes Leite
e Débora Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)
Quanto à pontuação e ao emprego de crase, está plenamente correta a frase que se encontra
em:
c) O sistema político se estabilizava, à medida que, um país passava a ser rico e, ao mesmo
tempo, democrático.
349 – O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes
de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da
imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período
republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
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imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)
a) Redação alternativa à acima transcrita, que reúna os dois períodos iniciais num só e não
prejudique o sentido original, deve valer-se da locução coesiva “à medida que”.
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b) O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de um
pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em termos de
religião”.
c) Se o segmento um pressuposto falso fosse alterado para “uma ideia falsa”, a frase
manteria sua correção sem que houvesse necessidade de outra modificação no período.
350 – O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe
imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim.
Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro
período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
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em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)
d) Em O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe
imigrantes de braços abertos, ambas as palavras destacadas são conjunções, pois o contexto
elimina a possibilidade de a segunda palavra ser pronome relativo.
351 – Com base no texto elencado abaixo e seus aspectos linguísticos, julgue o item:
A acentuação gráfica das palavras “saúde” e “óleos” justifica-se pelo fato de a vogal tônica
formar, sozinha, uma sílaba.
( ) certo ( ) errado
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Internet: <www.nutricio.com.br> (com adaptações).
a) Gramátical.
b) Feiúra.
c) Higiêne.
d) Ambíguo.
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353 – “Para mapear esses diferenças, pesquisadores suíços da Universidade de Lausanne,
perguntaram a indivíduos de diferentes etnias e nacionalidades qual significado eles atribuíam
ao amarelo. O amarelo foi escolhido porque “é uma __________ da luz do Sol, que sustenta
a vida e o clima agradável”. (Texto: A cor amarela é sinônimo de felicidade? Depende de onde
você nasceu).
a) reminicência
b) reminicencia
c) reminiscência
d) reminiscencia
354 – Assim como a palavra DESFECHO se escreve com CH, a seguinte dupla de palavras em
que se escreve corretamente com esse dígrafo:
a) tóchico ; fichinha
b) coachar ; achatar
c) cheirosa ; inchado
d) machismo ; chaveco
e) cocheira ; deichar
355 – Assinalar o grupo disposto abaixo em que todas as palavras estão grafadas de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
356 – De acordo com a norma padrão, complete as lacunas usando a aplicação de parônimos.
A alternativa que preenche, correta e sequencialmente, de cima para baixo, as lacunas dos
trechos acima é:
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357 – Com base nas regras de ortografia, assinale a alternativa em que todas as palavras
estão corretamente escritas a letra “j”.
a) ferrugem – fulijem
b) pajem – laringe
c) jilete – vajem
d) tijela – pajé
e) jenipapo – berinjela
358 – Assinale a alternativa que indica palavra corretamente escrita com a letra “s”.
a) catalisador
b) proesa
c) canalisação
d) coalisão
e) catequisar
359 – Assinale a alternativa que apresenta uma palavra acentuada pelo mesmo motivo que é
acentuado o vocábulo “sustentável”.
a) gerações
b) disponível
c) econômico
d) fábricas
e) máximo
360 - Considerando a norma culta para o plural dos substantivos, analise as orações a seguir.
É uma delícia comer __________ nessa confeitaria. Subi os _________ rapidamente. Os
__________ visitaram meu jardim. Os _________ se revezaram no inquérito. A alternativa
que preenche, correta e sequencialmente, de cima para baixo, as lacunas dos trechos acima é
361 - Julgue o próximo item, a respeito das ideias e estruturas linguísticas do texto
( ) certo
248
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( ) errado
362 – Sobre a palavra PANACEIA, pode-se afirmar que está grafada sem acento gráfico em
virtude do Acordo Ortográfico vigente.
( ) certo
( ) errado
( ) certo
( ) errado
364 - A sequência de vocábulos: “Islâmico, vitória, até, público” pode ser empregada para
demonstrar exemplos de três regras de acentuação gráfica diferentes. Indique a seguir o grupo
de palavras que apresenta palavras cuja acentuação tenha as mesmas justificativas das
palavras do grupo anteriormente apresentado (considere a mesma ordem da sequência
apresentada).
365 - De acordo com a ortografia oficial de Língua Portuguesa em vigor, marque a alternativa
em que a palavra em destaque não está corretamente acentuada:
b) Com a vigência do Novo Acordo Ortográfico é necessária muita atenção quanto ao uso do
hífen.
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d) Acompanhar tantas noticias ruins está te deixando paranóico.
b) “Você” é palavra acentuada por ser paroxítona terminada na vogal “e” fechada.
A palavra “têm” continua com acento diferencial após a última reforma ortográfica da língua
portuguesa, assim como crêem e vêem.
( ) certo
( ) errado
368 - As duas palavras que recebem acento gráfico por razões diferentes são:
a) homicídio/média;
b) país/juízes;
c) histórico/pública;
d) secretários/relatório;
e) está/é.
250
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369 - No trecho “Isto é possível através de aerogeradores, geradores elétricos associados ao
eixo de cata-ventos”, a palavra destacada apresenta hífen porque o primeiro elemento é uma
forma verbal.
É provável que desenhos de outros animais sejam benvindos nos livros que o autor se refere.
( ) certo
( ) errado
371 - Assinale a locução que não deve ser grafada com hífen de acordo com o Novo Acordo
Ortográfico.
a) cor-de-rosa
b) pingue-pongue
c) mato-grossense
d) manda-chuva
372 - Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra que
explica o uso do acento agudo em “paraíso”:
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373 - Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas por serem
proparoxítonas ou paroxítonas terminadas em ditongo.
374 - O vocábulo “bolachas” é escrito com ‘ch’. Das palavras abaixo, qual tem a mesma grafia?
a) Pu_ar
b) Bai_o
c) En_ergar
d) Cai_a
e) En_ente
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II.
e) Apenas I e III.
376 - Julgue o item, considerando a correção gramatical dos trechos apresentados e sua
adequação à ortografia oficial.
A pouco eu disse que voçê não teria mais duvidas. Todas as questões ficaram para traz.
( ) certo
( ) errado
377 - O ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial, de acordo com a
organização holandesa Aviation Safety Network (ASN). Foram dez acidentes — nenhum deles
envolvendo linhas comerciais regulares...
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O vocábulo “deles” remete à expressão “dez acidentes”.
( ) certo
( ) errado
378 - Sei que “meio-dia e meio” está errado. Mas a língua é como a mulher de César: não lhe
basta ser honesta, convém que o pareça.
a) lhe parecesse.
b) pareça ser honesta.
c) ele parecesse.
d) lhe pareça.
e) pareceria ser honesta.
379 - Ainda hoje, em muitos rincões do nosso país, são encontrados administradores públicos
cujas ações em muito se assemelham às de Nabucodonosor, rei do império babilônico, que,
buscando satisfazer sua rainha Meda, saudosa das colinas e florestas de sua pátria,
providenciou a construção de estupendos jardins suspensos. Essa excentricidade, que
consumiu anos de labor e gastos incalculáveis, culminou em uma das sete maravilhas do
mundo antigo.
a) trabalho.
b) favor.
c) luta.
d) atenção.
e) sofrimento.
380 - Era preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo ao fim
do processo judicial e com a sentença prolatada, não me deixavam esquecê-las.
( ) certo
( ) errado
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381- As audiências públicas integram o perfil dos Estados democráticos de direto, modelados
pelo constitucionalismo europeu do pós-guerra, segundo o qual o poder político não apenas
emana do povo, sendo em nome dele exercido, mas comporta a participação direta do povo.
( ) certo
( ) errado
382 - Assim, enquanto nos regimes autocráticos a comunicação social constitui monopólio dos
governantes, nos países geralmente considerados democráticos o espaço de comunicação
social deixa de ser público, para tornar-se, em sua maior parte, objeto de oligopólio da classe
empresarial.
Os termos “monopólio” e “oligopólio” podem ser considerados sinônimos no texto, pois têm o
mesmo sentido: comércio realizado por poucos.
( ) certo
( ) errado
a) continua.
b) se mantêm.
c) quedar-se-á.
d) sentir-se-á.
e) surge.
384 - Assinale a alternativa que substitui o trecho destacado e expressa a relação de sentido
que a conjunção “embora” estabelece na passagem – Ela estava tão aflita que embora
fizesse frio se abanava com uma revista.
254
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e) A menos que fizesse frio – consequência.
I – O verbo “haver”, com sentido de “existir”, é impessoal e não admite sujeito; assim deve
ser usado na 3ª pessoa do singular.
III - O verbo "fazer", na indicação de tempo decorrido, deve concordar com o numeral a que
ele se refere.
Alternativas:
255
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386 – Analise o texto e responda a seguir:
256
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387 – Observe o texto a baixo e responda.
a) Consentir
b) Prescindir
c) Assistir
d) Obstar
e) Enjeitar
388 –
“Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo
refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de
mulher.
257
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Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal,
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse
à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas,
descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”
O trecho acima, progride por meio de diversos elementos constitutivos, entre eles os
conectivos – que lhe dão coesão, introduzindo novas ideias – e as palavras anafóricas
– que retomam termos anteriormente mencionados. Nesse sentido, explica-se
adequadamente o emprego do vocábulo destacado quando se afirma que:
b) em “[...] como se se fosse afundando num prazer grosso QUE NEM azeite [...]”, a locução
destacada é de natureza comparativa e de cunho popular.
d) em “[...] rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ORA para a esquerda, ORA para
a direita [...]”, os termos destacados constroem a ideia de explicação.
e) em “[...] ENQUANTO a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando”, o vocábulo em
destaque dá ao trecho o sentido de proporcionalidade.
258
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389 – Analise o texto para responder à questão.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. RJ: Vozes, 2013, p. 25–26, com adaptações.
259
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390 – Analise o texto para responder à questão.
COYLE, A. Administração penitenciária: uma abordagem de direitos humanos. Manual para servidores
penitenciários. Brasília: Ministério da Justiça, 2002, p. 21.
b) Os termos “em prisões” (linha 1) e “seu aspecto físico” (linha 2) funcionam como
complementos verbais e classificam-se, respectivamente, como objeto indireto e objeto direto.
391 - Leia trecho da crônica de Luís Fernando Veríssimo para responder à questão.
(Luis Fernando Veríssimo [org. Adriana Falcão e Isabel Falcão],“O bum”. Ironias do tempo, 2018. Adaptado.)
260
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Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas,
respectivamente, com:
Ele estava prestes ________ aceitar aquele emprego, ________ foi ________ a ele uma
oportunidade muito melhor. As lacunas do enunciado devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, da língua portuguesa, por:
a) A cultura letrada é rigorosamente estamental, não dando azo à mobilidade vertical, a não
ser em casos de excessão; o domínio do alfabeto reservado a poucos, serve como divisor de
águas entre a cultural e oficial e a popular.
b) Alinha-se o carimbó entre os bailados populares sem enredo verbal, de cuja melodia
nutre o caboclo, que se estende por toda a zona atlântica do Pará, com incidência ainda no
Marajó e no Baixo Amazonas.
c) O carimbó no trajeto das origens folclóricas à expressão de cultura popular, revela uma
complexa conversão equivalente ao que ocorreu com o samba, e com o baião, num idêntico
trajeto no Rio de Janeiro e no Nordeste brasileiro.
d) A nivelação de toda a produção cultural das regiões, assim como o folclore foi um
processo que se foi construindo, de início a partir do enquadramento nessa categoria das
atividades estéticas típicas da Amazônia.
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394 – Analise o Texto abaixo para responder à questão.
a) deveria dispensar o uso do vocativo, pois, no corpo do texto, seria citado o nome do
destinatário.
262
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395 - O texto abaixo é uma crônica. Leia e assinale a alternativa em que a definição contraria
a justificativa inicial:
Morte
Sou, em princípio, contra a pena de morte, mas admito algumas exceções. Por exemplo:
pessoas que contam anedotas como se fossem experiências reais vividas por elas e só no fim
você descobre que é anedota. Estas deviam ser fuziladas.
Todos os outros crimes puníveis com a pena capital, na minha opinião, têm a ver, de alguma
maneira, com telefone.
Forca para pessoas que estendem o polegar e o dedinho ao lado da cabeça quando querem
imitar um telefone. Curiosamente, uma mímica desenvolvida há pouco. Ninguém,
misericordiosamente, tinha pensado nela antes, embora o telefone, o polegar e o mindinho
existam há anos.
Garrote vil para os donos de telefone celular em geral e garrote seguido de desmembramento
para os donos de telefone celular que gostam de falar no meio de multidões e fazem questão
de que todos saibam que se atrasou para a reunião porque o furúnculo infeccionou. Claro, a
condenação só viria depois de um julgamento, mas com o Aristides Junqueira na defesa.
(L. F. Veríssimo, "Morte", Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 22/12/1994. Caderno Opinião, p. 11)
263
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396 – A partir das características do texto abaixo, qual gênero textual é representado:
a) Artigo de opinião.
b) Carta do leitor.
c) Editorial.
d) Notícia.
e) Diário.
397 – O texto abaixo trata-se de uma tirinha que é um gênero textual de cunho:
264
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a) Argumentativo
b) Descritivo
c) Injuntivo
d) Explicativo
e) Humorístico
As manchetes jornalísticas seguem um padrão em sua elaboração; NÃO faz parte desse
padrão, segundo o que se pode deduzir a partir da manchete acima:
399 - Partindo do pressuposto de que um texto tem estrutura à partir de características gerais
de um determinado gênero, identifique os gêneros descritos a seguir:
I. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre algum
assunto de interesse. Algumas revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o
de maneira particular, refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
possibilitam a criação de imagens;
III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à vida cotidiana. Apresenta certa dose
de lirismo e sua principal característica é a brevidade;
IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam
em torno de uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho;
São, respectivamente:
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400 - Leia o cartaz de uma propaganda de combate ao mosquito da dengue e responda a
questão a seguir.
III. A oração “Se você tiver febre alta com dor de cabeça” é uma Oração Coordenada
Explicativa
IV. No trecho “Mobilize sua família e seus vizinhos” o termo destacado, sintaticamente, é um
verbo transitivo direto.
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401 - Leia a charge de Malfada, personagem criada pelo chargista argentino Quino, e responda
a questão a seguir.
( ) Como exemplo da charge lida, esse é um gênero que tem a função de entreter o leitor com
seu humor sem utilizar a crítica social para isso.
a) V, V, F, F, V
b) V, F, V, V, F
c) F, F, F, V, V
d) F, V, V, V, F
e) V, V, V, F, V
Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram
pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos
diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse
para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa
inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo era uma
distração das mais excitantes.
E me divertia a valer quando uma nova goteira aparecia, o pessoal correndo para lá e para
cá, e esvaziando as vasilhas que transbordavam. Os diferentes ruídos das gotas d’água
retinindo no vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em atropelo nas tábuas largas
267
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do chão, formavam uma alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras pancadas do
relógio de parede dando horas.
Passado o temporal, meu pai subia ao forro da casa pelo alçapão, o mesmo que usávamos
como entrada para a reunião da nossa sociedade secreta. Depois de examinar o telhado,
descia, aborrecido. Não conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por onde pudesse
penetrar tanta água da chuva, como invariavelmente acontecia. Um mistério a mais, naquela
casa cheia de mistérios. [...]
(SABINO, Fernando. O Menino No Espelho. CIDADE Ed. Especial MPM Propaganda 1992, p.13-18)
II - A história é contada por um narrador-personagem, que dela participa, e por isso escreve
em primeira pessoa.
a) II e IV, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
403 –
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Assinale as assertivas a seguir a respeito do texto:
II. De acordo com especialistas, o cyberbullying pode ser um dos principais fatores que levam
uma pessoa ao suicídio.
III. Após o suicídio de uma pessoa, levantar hipóteses sobre o ocorrido ou, ainda, tecer
julgamentos sobre ele pode acarretar sentimentos negativos para aqueles que tinham a vítima
como ente querido.
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e III
e) Apenas II e III
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404 –
270
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405 –
O trecho O que aconteceu de verdade foi um pouco mais complicado: a onda que povoou a
América se dividiu dentro do próprio continente. Onde hoje estão os EUA, um grupo que ficou
conhecido como “Cultura Clóvis” prosperou e avançou em direção ao sul. Quando chegou por
aqui, deu origem a populações como a de Lagoa Santa (MG) – à qual pertence Luzia. Luzia,
então, é “neta” de Clóvis. (linhas 23 a 27) é
a) Argumentativo
b) Narrativo
c) Dissertativo
271
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d) Descritivo
407 –
a) Argumentativo-injuntiva
b) Narrativo-argumentativo
c) Injuntivo-dialogal
d) Dialogal-descritiva
408 –
Se eu fosse eu
Clarice Lispector
Quando eu não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-
me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes
dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do
papel se torna secundária, e começo a pensar, diria melhor SENTIR.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início
se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser movida do
lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a
ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida.
272
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Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até
minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por exemplo, que por
um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu e
confiaria o futuro ao futuro. "Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver,
parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as
primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem
sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor aquela que aprendemos
a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima
que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando, porque me senti
sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
a) Notícia
b) Biografia
c) Conto
d) Fábula
e) Romance
409 –
[Pai e filho]
No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano
só começa a envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes
traumas de um filho.
Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos
exemplos notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o
inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é
totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais
ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância de sofrimento e
humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-
205)
273
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a) nem por isso esvazia a possibilidade de que o sofrimento e a humilhação nela expostos
atinjam o leitor.
b) desse modo acentua o evidente exagero das páginas cruéis em que o filho atormentado
acusa a malignidade do pai.
c) ressalva assim o fato de que o narrador forjou inteiramente seus sofrimentos para ganhar
a adesão emocional do leitor.
d) lembra por isso que a literatura vive de invenções que pouco têm a ver com situações
que se possam comprovar na vida real.
e) mostra com isso que nessa suposta carta, provinda de um impostor literário, não há mais
que a projeção de um filho e de um pai hipotéticos.
a) sonoro e escrito
b) sonoro e oral
c) gráfico e oral
d) gráfico e escrito
e) oral e sonoro
411 - São exemplos de gêneros considerados multimodais que podem ser estudados nas aulas
de língua portuguesa
274
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412 –
a) consentir
b) prescindir
c) assistir
d) obstar
e) enjeitar
275
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413 – Ainda com base no te amatical e do sentido original do texto CG1A1-II, a forma verbal
“há” (l. 12) poderia ser substituída xto acima, analise:
a) existem
b) existe
c) ocorre
d) têm
e) tem
414 –
“Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo
refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de
mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal,
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse
à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas,
descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”
Em “como se se fosse afundando, num prazer grosso que nem azeite”, é correto
afirmar que:
e) o termo “num” é uma combinação, entre a preposição “em” e o artigo definido “um”, que
apresenta caráter informal na língua portuguesa.
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415 –
Escola inclusiva
É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora nas
escolas quando se incluem alunos com deficiência.
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e assumiu o dever de uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões
negativas para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em
2015 e criou raízes no tecido social.
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualificados até para o mais básico,
como o ensino de ciências; o que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes, a
problemas de aprendizado criados por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e
intelectuais.
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos. A maioria
dos entrevistados (59%), hoje, discorda de que crianças com deficiência devam aprender só
na companhia de colegas na mesma condição.
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado, em
cada estabelecimento, para lidar com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar
indica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o número de
professores com alguma formação em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais
que 100 mil deles no país. Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de
aula.
Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compete ao Estado disseminar
essas iniciativas exitosas por seus estabelecimentos. Assim se combate a tendência ainda
existente a segregar em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se confunde
com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.
• Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes...
• Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado...
277
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a) auspiciosa; os impedimentos; a obrigação
b) formidável; as contestações; a necessidade
c) alentadora; as carências; a determinação
d) capciosa; as incumbências; a expectativa
e) insipiente; as dificuldades; o propósito
416 –
Assinale a alternativa que apresenta palavra sinônima, ou seja, de mesmo sentido, à palavra
“somente” (l. 18).
a) Também
b) Igualmente
c) Apenas
d) Qualquer
e) Diferentemente
a) Habitual
b) Usual
c) Raro
278
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d) Normal
e) Errado
418 – Em análise ao texto acima “Vida sedentária deve ser combatida desde a infância”,
responda:
Qual alternativa que apresenta uma palavra que poderia substituir “elevado” (l. 5), sem
modificar o sentido empregado no texto.
a) Baixo
b) Pequeno
c) Insignificante
d) Desnecessário
e) Alto
419 - Leia atentamente o seguinte poema, de autoria de Luís de Camões, para responder à
questão a seguir.
a) Mudava
b) Cancelava
c) Costumava
d) Desabituava
420 –
você nasceu
279
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Todos nós associamos emoções a cores: vermelho a amor, amarelo a alegria, azul a
tristeza, etc. Mas essas concepções não são fixas: o laranja, por exemplo, é muito associado
a calor e vitalidade no Ocidente, mas no Oriente Médio tem um significado extremamente triste
– associado à lamentação e ao luto.
A conclusão dos pesquisadores foi curiosa: o amarelo não é considerado tão alegre em
países ensolarados. Depois de analisar diversas variáveis – como média de horas diárias de
céu aberto e a duração relativa do dia e da noite, eles perceberam que dois fatores eram
determinantes: a quantidade anual de chuva e a distância do Equador.
No geral, as pessoas que associavam amarelo à alegria viviam em países mais chuvosos,
localizados longe da linha imaginária. No Egito, apenas 5,7% das pessoas associam a cor à
alegria. Já na Finlândia, país frio, com alto índice pluviométrico e distante do equador, 87,7%
acham o amarelo alegre. Em países com climas mais amenos e estações do ano mais definidas,
como os EUA, esses níveis de associação ficaram entre 60% e 70%.
https://super.abril.com.br/... - adaptado
(1) Cerrar.
(2) Serrar.
(3) Cervo.
(4) Servo.
( ) Designação de um animal.
( ) Fechar.
( ) Cortar.
( ) Escravo.
a) 3 – 1 – 2–4
b) 3 – 2 – 1- 4
c) 4 – 1 – 2–3
d) 4 – 2 – 1–3
e) 2 – 1 – 4–3
280
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421 –
O Brasil na memória
BORDINI, Maria da Glória. In: Descobrindo o Brasil. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011, p. 353.
a) Ambições
b) Expectativas
c) Aspirações
d) Profundidades
e) Pontos de vista
422 - De acordo com o texto “O Brasil na memória”, a autora diz que, numa viagem “há
atores, um dos quais o viajante” (l. 5-6).
Ela usa a palavra “ator” por que está referindo-se à pessoa que:
281
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423 -
Penalidade máxima
CARNEIRO, Flávio. In: 22 Contistas em Campo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 69. Adaptado.
A última palavra do Texto poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:
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a) Ágil
b) Turva
c) Assustadora
d) Importante
e) Enorme
424 - O título do Texto é “Penalidade máxima”, pois se refere a uma situação do jogo de
futebol em que a possibilidade de acontecer um gol é bem alta.
a) Mínima
b) Módica
c) Maiúscula
d) Descomunal
e) Imensurável
De patas para o ar
O universitário Rafiki mora em um bairro de classe média alta e uma noite, quando estava
para entrar em seu prédio, viu um casal passar por ele, entrar e bater a porta. O angolano
entrou em seguida e encontrou o casal esperando o elevador. Como a mulher o encarava
insistentemente, ele perguntou:
─ Sabe como é hoje em dia, né? A gente tem que ficar ligado...
Quando as pessoas, porém, ficam sabendo que Rafiki é estudante de medicina, mudam a
forma de tratá-lo.
Rafiki também não compreende um comportamento que chama sua atenção no Brasil: as
pessoas pedirem informações na rua sem antes dizer “bom dia”, “por favor”, “com licença”.
Mas ele não acredita que essa falta de educação seja maior aqui do que em outros países. A
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gentileza tem sido pouco valorizada. Rafiki costuma dizer ultimamente que o mundo todo está
de patas para o ar.
(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)
426 - No trecho do 5° parágrafo – A gente tem que ficar ligado ... – a palavra destacada tem
sentido contrário de
a) Atento
b) Concentrado
c) Esperto
d) Alerta
e) Distraído
a) Desinteresse
b) Vexame
c) Medo
d) Descuido
e) Perigo
428 - Os verbos defectivos representam aqueles que não possuem uma conjugação completa.
A alternativa em que todos os verbos são defectivos é
284
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429 –
Ortega y Gasset dizia que a comédia era um gênero que confirmava o poder do que já está
estabelecido: o indivíduo que se encontra fora das estruturas torna-se ridículo, cômico. (3º
parágrafo)
430 –
imparável
285
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A infestação de escorpião no Brasil é o exemplo perfeito de como a vida moderna se tornou
imprevisível. É uma característica do que, no complexo campo de problemas, chamamos de
um mundo “VUCA” (Volatility, uncertainty, complexity and ambiguity em inglês) - um mundo
volátil, incerto, complexo e ambíguo.
Escorpiões, como as baratas que eles comem, são um a espécie incrivelmente adaptável . O
número de pessoas picadas em todo o Brasil aumentou de 12 mil em 2000 para 140 mil no
ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde. A espécie que aterroriza os brasileiros é o
perigoso escorpião amarelo, ou Tityus serrulatus. Ele se reproduz por meio do milagre da
partenogênese, significando que um escorpião feminino simplesmente gera cópias de si
mesma duas vezes por ano - nenhuma participação masculina é necessária.
No VUCA, quanto mais recursos você der para os problemas, melhor. Isso pode significar tudo,
desde campanhas de conscientização pública que educam brasileiros sobre escorpiões até
forças-tarefa exterminadoras que trabalham para controlar sua população em áreas urbanas.
Os cientistas devem estar envolvidos. O sistema nacional de saúde pública do Brasil precisará
se adaptar a essa nova ameaça.
Temo que os escorpiões amarelos venenosos tenham reivindicado seu lugar ao lado de crimes
violentos, tráfico brutal e outros problemas crônicos com os quais os urbanitas no Brasil
precisam lidar diariamente.
(https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/MeioAmbiente/noticia/2019/02/infestacao-de-escorpioes-no-
brasilpode-ser-imparavel-diz-pesquisador.html)
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c) perverso é núcleo do sujeito.
d) clássico é núcleo do predicativo do objeto.
e) problema é núcleo do predicativo do sujeito.
431 – Com base no texto acima “Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável”,
observe os itens abaixo:
a) I e II
b) I e III
c) I e IV
d) I, II e III
e) II, III e IV
432 – Com base no texto acima “Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável”,
responda:
“Escorpiões, como as baratas que eles comem, são uma espécie incrivelmente adaptável.”
e) O planejamento das ações preventivas, como era complexo, precisou ser revisto.
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433 – Está de acordo com a norma-padrão de concordância nominal e verbal a alternativa:
c) Ficam condicionadas a autorização expressa dos pais as saídas dos alunos antes do
horário de encerramento das aulas.
d) Todos os funcionários devem receberem treinamento para ajudar na evacuação das salas
de aulas, em caso de haverem riscos de incêndio.
e) É dever dos docentes dar assistência ao aluno que os procurarem para sanar dúvidas,
mesmo fora dos horários destinado ao atendimento regular.
Subi ao avião com indiferença, e como o dia não estava bonito, lancei apenas um olhar
distraído a essa cidade do Rio de Janeiro e mergulhei na leitura de um jornal. Depois fiquei a
olhar pela janela e não via mais que nuvens, e feias. Na verdade, não estava no céu; pensava
coisas da terra, minhas pobres, pequenas coisas, uma aborrecida sonolência foi me
dominando, até que uma senhora nervosa ao meu lado disse que “nós não podemos descer!”
O avião já havia chegado a São Paulo, mas estava fazendo sua ronda dentro de um nevoeiro
fechado, à espera de ordem para pousar. Procurei acalmar a senhora.
Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se abanava com uma revista. Tentei convencê-
la de que não devia se abanar, mas acabei achando que era melhor que o fizesse. Ela precisava
fazer alguma coisa, e a única providência que aparentemente poderia tomar naquele momento
de medo era se abanar. Ofereci-lhe meu jornal dobrado, no lugar da revista, e ficou muito
grata, como se acreditasse que, produzindo mais vento, adquirisse maior eficiência na sua luta
contra a morte.
Gastei cerca de meia hora com a aflição daquela senhora. Notando que uma sua amiga
estava em outra poltrona, ofereci- -me para trocar de lugar, e ela aceitou. Mas esperei
inutilmente que recolhesse as pernas para que eu pudesse sair de meu lugar junto à janela;
acabou confessando que assim mesmo estava bem, e preferia ter um homem – “o senhor” –
ao lado. Isto lisonjeou meu orgulho de cavalheiro: senti-me útil e responsável. Era por estar
ali eu, um homem, que aquele avião não ousava cair. (Rubem Braga, Um braço de mulher. Os
cem melhores contos brasileiros do século.)
Assinale a alternativa que substitui o trecho destacado e expressa a relação de sentido que a
conjunção “embora” estabelece na passagem – Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se
abanava com uma revista.
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e) a menos que fizesse frio – consequência.
436 –
Texto CG1A1-I
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Considerando os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o item a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
A substituição da forma verbal “desenvolveram” (l. 22) por desenvolveu manteria a correção
gramatical do texto.
( ) Certo
( ) Errado
Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, a forma verbal “restam”
(l. 26) poderia ser substituída por mantém-se.
( ) Certo
( ) Errado
439 - A única construção que NÃO contém nenhum tipo de deslize gramatical é:
290
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440 –
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
291
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441- No trecho: “Mas o prêmio já previa isso, e deixou claro no seu anúncio”, retirado do
texto, quantas outras alterações deveriam ser obrigatoriamente feitas caso substituíssemos a
palavra “prêmio” por sua forma plural?
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
442 - Analise o trecho a seguir: “um levantamento (1) feito pelo dicionário inglês (2) mostrou
um aumento (3) exponencial (4) nas pesquisas da expressão (5)” (l. 33-34). O termo que
exerce a função de agente da passiva é dado por:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
443 - A concordância das palavras está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa
em:
Entretanto, uma nova estrada foi construída, absorvendo boa parte do fluxo de veículos.
Era a ruína de Sanders, que colocou o estabelecimento à venda. Após pagar dívidas e impostos,
pouco lhe sobrara. Aos 65 anos, perdera tudo.
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– É isso! Vamos nos concentrar na venda do nosso prato mais popular: o frango frito! –
concordou ele.
– Façamos com que os restaurantes incluam nosso frango frito nos seus cardápios. Ensinarei
o modo de prepará-lo e, em troca, ficaremos com uma porcentagem das vendas.
Nasciam os royalties, que são uma quantia paga por alguém a um proprietário pelo direito
de usar, explorar ou comercializar seu produto, obra, terreno etc. Atualmente, são comuns no
sistema de franquia.
Para iniciar a divulgação, ele começou fazendo amostras de degustação e as servia aos
proprietários e chefs de restaurantes. Assim, conheceram o delicioso sabor do frango frito.
Sanders levava consigo uma panela de pressão e os condimentos necessários e saía em visita.
No início, foi difícil, mas após visitar muitos restaurantes, obteve grande sucesso.
Sanders faleceu aos 90 anos, em 1980. Seu frango frito ultrapassou as fronteiras dos
Estados Unidos e estabeleceu-se em 48 países, com mais de seis mil unidades. Nas cidades
japonesas, por exemplo, é comum encontrar a imagem de Sanders, um velhinho grisalho de
terno branco, gravata preta e bengala. Seu rosto risonho é a manifestação da alegria de viver
em busca de um sonho.
a) Conclusão
b) Causa
c) Oposição
d) Comparação
e) Tempo
445 - De acordo com o texto, o Viaduto Santa Tereza foi construído para
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446 - Analise: “dê uma incerta no sebo Crisálida”, o vocábulo “incerta” pode ser
substituído por qual termo e ainda assim, a oração continua com o mesmo sentido
e mantem a concordância.
a) Visita despretensiosa.
b) Visita programada.
c) Incluída no roteiro.
d) Não certeza.
e) De despercebida.
447 - Analise: “O primeiro roteiro pode ser percorrido a pé” e assinale a alternativa
correta.
a) Maletta.
b) metrópole.
c) tediosa.
d) chuvosa.
e) famosa.
450 - Leia as frases a seguir e depois coloque C (se a regência estiver correta) ou E (se a
regência estiver errada):
( ) Revelou-se falsa a causa por que tanto lutei durante minha vida.
( ) A extinção de espécies animais é um fato do qual ele se preocupa.
( ) O romance cujo autor tenho simpatia se encontra esgotado.
( ) Não tenham dúvidas que o mundo vai melhorar, diminuindo a pobreza.
( ) Existem muitos modos em que podemos recorrer para rever a sentença.
( ) O professor atendeu os orientandos na tarde de ontem.
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Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de cima para baixo:
a) E–E–C–E–C–C
b) E–C–C–E–C–E
c) E–C–E–C–C–E
d) C–E–E–E–E–C
e) C–E–C–C–E–C
“Como é antigo o passado recente!" Gostaria que a frase fosse minha, mas ela é de Nelson
Rodrigues numa crônica de "A Menina sem Estrela". Também fico perplexa com esse fenômeno
rápido e turbulento que é o tempo da vida. Não são poucas as vezes em que me volto para
algum acontecimento acreditando que ele ainda é atual e descubro que ele faz parte do
passado para outros. Um exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me a eventos que se
passaram nos anos 70 e meus alunos me olham como se eu falasse da Idade Média... E eu
nem contei para eles que andei de bonde!
A distância entre nós não é apenas uma questão de gerações. Eles nasceram em um
mundo já transformado pela tecnologia e pela informática. Uma transformação que começou
nos anos 50 e que não nos trouxe somente mais eletrodomésticos e aparelhos digitais. Ela
instalou uma transformação radical do nosso modo de vida.
Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o jeito de namorar, de vestir, de procurar
emprego, de andar na rua e de se locomover pela cidade. Mudou o corpo. Mudou o jeito de
escrever, de estudar, de morar e de se divertir. Mudou o valor da vida, do dinheiro e das
pessoas...
Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda, ele não tem volta. Não se pode ter a
experiência dele nunca mais. Por isso, meus alunos e eu só podemos compartilhar o tempo
atual. Não podemos compartilhar um tempo que, para eles, é passado, mas, para mim, ainda
é presente. Os fatos de 30 anos atrás não são passado na minha vida. Para mim, meu passado
não passou e minha história não envelhece. Minha memória pode alcançar os acontecimentos
que vivi a qualquer momento, e posso revivê-los como se ocorressem agora. Mas, se eu os
narrar, quem me ouve não pode, como eu, vivenciá-los. Por isso, para meus alunos, são contos
o que para mim é vida.
Mas é assim que corre o rio da vida dos homens, transformando em palavras o que hoje
é ação. Se não forem narrados, os acontecimentos e os nossos feitos passam sem deixar
rastros. Faladas ou escritas, são as palavras que salvam o já vivido e o conservam entre nós.
Salvam os feitos e os acontecimentos da sua total desintegração no esquecimento.
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Dos trechos transcritos abaixo, em que foram destacados em caixa alta alguns
conectivos aquele em que a definição do valor semântico NÃO corresponde ao
contexto é:
a) “Também fico perplexa COM esse fenômeno rápido e turbulento que é o tempo da
vida.” (1º §) / consequência.
b) “E, QUANDO um jeito de viver muda, ele não tem volta.” (4º §) / tempo.
e) “os acontecimentos e os nossos feitos passam SEM deixar rastros.” (5º §) / modo.
452 - O título “Lembrança e esquecimento” constitui uma antítese que está relacionada a uma
oposição de ideias presentes no texto, correspondente:
296
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453 –
a) opta por uma linguagem artística convencional, que apresenta metáforas de fácil
compreensão, e deixa de tratar de contradições.
b) defende a ideia de que o discurso artístico pode ser usado para expressar
indignação a respeito da desigualdade que permeia o sistema capitalista.
297
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454 - Entre as razões que levaram “Parasita” a ser classificado como conservador, está o fato
de que o filme
a) apresenta o indivíduo moderno como um ser resignado diante das mazelas sociais.
b) expressa a necessidade de transgredir a ordem social e econômica.
c) vale-se de situações cômicas com o intuito de sancionar a autoridade estabelecida.
d) furta-se a questionar as diretrizes do entretenimento comercial.
e) trata da desigualdade econômica por meio de linguagem minimalista.
É muito ruim quando os casais ficam habituados________ brigas. É importante que as pessoas
_________conscientizem ________ é preciso viver em harmonia.
456 - “Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços
nus, para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata,
a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de
mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal,
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse
à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas,
descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”
a) escasso.
b) minguado.
c) falso.
d) impróprio.
e) opulento.
298
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457 –
299
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458 - De acordo com o texto acima, a preocupação com o consumo de bebida alcoólica
459 -
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. RJ: Vozes, 2013, p. 25–26, com adaptações.
300
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460 -
DAMÁZIO, Daiane da Silva. O Sistema Prisional no Brasil: problemas e desafios para o serviço social.
Disponível em: <http://tcc.bu.ufsc.br/Geografia283197.pdf>. Acesso em: 1o out. 2019, com adaptações.
461 - Acerca das relações que se estabelecem em “Esta parceria entre o Estado e a sociedade
civil é essencial para a criação de um novo referencial que veja na segurança espaço
importante para a consolidação democrática e para o exercício de um controle social da
segurança.” (linhas de 8 a 12), as quais permitem a compreensão das ideias do autor em
relação ao problema da segurança pública, assinale a alternativa correta.
301
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b) A criação de um novo referencial de segurança é causa da consolidação democrática e
do exercício de um controle social.
302
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c) No lugar do verbo “há” (linha 8), o autor poderia empregar a forma verbal existe.
303
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463 – Na organização discursiva da frase “não sou pipoca, mas também dou meus pulinhos”
(linha 25) percebemos uma relação de:
a) adição.
b) conclusão.
c) adversidade.
d) alternância.
e) explicação.
464 - Em relação à estrutura narrativa do gênero textual representado no texto II, é CORRETO
afirmar:
a) Trata-se de uma crônica por apresentar linguagem simples e relatar um fato do cotidiano
em tom de humor.
c) Trata-se de um ensaio por evidenciar uma pesquisa científica que seria feita com frases
de caminhão.
d) Trata-se de um conto, uma vez que narra uma história fictícia com personagens reais.
465 - O texto apresenta doze frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente
dos caminhões. Sobre essas frases, é CORRETO afirmar.
a) São frases reflexivas que denotam sabedoria e permitem a reflexão sobre a existência e
a vida.
b) São provérbios, frases curtas que têm por função aconselhar e advertir, transmitindo
ensinamentos.
d) São frases curtas para caber no para-choque, geralmente engraçadas, tendo por objetivo
o riso.
e) São acrósticos nos quais as primeiras letras de cada verso formam, em sentido vertical,
uma palavra.
304
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e) Predomina o discurso indireto livre não havendo marcas que mostrem a mudança do
discurso.
468 – Um dos sentidos possíveis para a frase “poeira é minha penicilina” (linha 19) é:
470 – Na frase “Deus, eu e o Rocha” (linha 28), o pronome pessoal em destaque se refere
ao:
a) narrador da história.
b) caminhão.
305
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c) motorista do caminhão.
d) irmão do narrador.
e) chefe de escritório do irmão do narrador.
471 - Acerca da palavra “código” presente no título do texto II, é CORRETO afirmar
o seguinte:
a) Diz respeito à metalinguagem na qual utiliza-se um código para descrever algo sobre
outro código.
c) Diz respeito a uma combinação de signos que sutilmente define as frases de caminhão.
d) Diz respeito a um jogo discursivo que dificulta a compreensão das frases de caminhão.
e) Diz respeito ao fato de as frases de caminhão não serem, a princípio, decifradas pelo
narrador.
a) o narrador ter-se lembrado de que havia encomendado uma crônica a alguns motoristas
de caminhão.
d) o narrador esquecer que o irmão era engenheiro e viajava sempre pelo interior.
e) o narrador ter-se lembrado de que havia solicitado frases de caminhão ao irmão que
viajava muito.
473 – Um dos sentidos possíveis para a frase de caminhão “não sou colgate, mas
ando na boca de muita gente” (l. 18) é.
a) não sou banguela, mas tenho poucos dentes na boca e admiro muita gente que tem todos
os dentes.
d) não sou o creme dental colgate, mas ando na boca de muita gente porque muitos falam
de mim.
306
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e) não sou beijoqueiro, mas já provei a boca de muitas pessoas.
475 –
a) F – V – V.
b) F – F – V.
307
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c) V – F – V.
d) F – F – F.
e) F – V – F.
c) Atividades como jogar videogame e assistir televisão são saudáveis porque não
apresentam riscos à saúde.
308
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478 –
Na linha 13, o advérbio “apesar” introduz a ideia de __________ e poderia ser substituído por
_________, desde que __________ as devidas alterações no período. Assinale a alternativa
que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima.
309
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479 – Na linha 40, a expressão “formando uma massa de texto” emprega qual figura
de linguagem?
a) Metonímia.
b) Personificação.
c) Metáfora.
d) Hipérbole.
e) Eufemismo.
a) Fama.
b) Exatidão.
c) Anonimato.
d) Nitidez.
e) Claridade.
481 - Considerando o exposto pelo texto, assinale a alternativa que NÃO apresente um tema
eleito como palavra do ano e mencionado no texto.
a) Economia.
b) Gerações.
c) Meio Ambiente.
d) Machismo.
e) Sociedade.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
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b) Contenha-se, refreie seus impulsos destrutivos e reveja seu ponto de vista, para que
possamos chegar a um entendimento.
c) Por difícil que seja nosso aprendizado, os benefícios que dele proveem são muito
salutares, porque provêm as necessidades do dia a dia.
d) Eu intervim na palestra para que a discussão não chegasse ao ponto de ser necessária a
presença da polícia.
e) Se eu a vir, pedir-lhe-ei que águe as plantas da varanda, para que não sequem.
484 - Os períodos do texto a seguir, tirados (e adaptados) do livro Os Reis da voz, de Ronaldo
Conde Aguiar (p. 10), estão desordenados. Coloque-os na ordem correta, a fim de produzir
um enunciado claro, coerente e coeso:
I. Nos dias atuais, em quase todos os lares brasileiros há um computador, tal como quase
todos os brasileiros têm nas mãos ou nos bolsos um celular, que pode ser conectado à internet
e tem mil e uma utilidades, cuja principal é a de torrar a nossa paciência.
III. E pensar que eu tinha mais de 50 anos quando comprei meu primeiro celular.
V. As máquinas de escrever elétricas eram, naqueles idos, o sinal mais visível do porvir que
chegara, cujas delícias íamos desfrutar.
VI. Minha geração viu o surgimento das primeiras máquinas de escrever elétricas, que, nos
anos seguintes, sofreram sucessivas e variadas mudanças técnicas e de layouts, que só as
aprimoravam.
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485 - Assinale a alternativa em que, reescrita, a frase a seguir teve seu sentido alterado:
a) Os pesquisadores do meio ambiente já propõem providências para que não aconteça uma
catástrofe, a despeito de trabalharem com a certeza da Ciência.
486 - Ela está definida no Manual de Redação da Presidência da República como um atributo
“que complementa a clareza e se caracteriza por: a) articulação da linguagem comum ou
técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto; b) manifestação do
pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com
propósito meramente estilístico; e c) escolha de expressão ou palavra que não confira duplo
sentido ao texto”.
a) coesão.
b) concisão.
c) coerência.
d) objetividade.
e) precisão.
487 - A seguinte frase está escrita de acordo com as normas da ortografia vigente:
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dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos teus passos eternamente
fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)”
Se esse mesmo fragmento fosse reescrito usando a 3ª. pessoa do singular para dirigir-se ao
seu interlocutor, mantendo-se o uso determinado pela gramática normativa, a uniformidade
de tratamento e o sentido original, teríamos:
a) Eu te peço perdão por lhe amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção
nos seus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em tua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos teus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)
b) Eu lhe peço perdão por me amar de repente Embora o seu amor seja uma velha canção
nos meus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em tua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos seus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)
c) Eu lhe peço perdão por lhe amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção
nos seus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em sua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos seus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)
d) Eu lhe peço perdão por lhe amar de repente Embora o seu amor seja uma velha canção
nos meus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em sua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos seus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)
489 - Leia o excerto com atenção e assinale a alternativa que apresenta uma informação
correta referente à palavra em destaque.
“Nesta segunda-feira, 13, o jornalista catarinense Vitor Hugo Brandalise lança o livro-
reportagem O Último Abraço - Uma História Real sobre Eutanásia no Brasil, na Livros & Livros
Livraria e Papelaria, a partir das 18h. O último abraço conta a história de Nelson Golla, de 74
anos, que não suportou ver Neusa, sua companheira por mais de 50 anos, debilitada após
sofrer dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs). Ele decidiu por tirar a própria vida e
a dela com explosivos amarrados ao corpo, em um abraço de despedida. Nelson sobreviveu,
aguarda julgamento e pode responder por homicídio qualificado. Em sua defesa, familiares,
amigos e vizinhos escreveram cartas à Justiça atestando que o ocorrido foi um ato de amor.
(Fonte: Diário Catarinense, 13/03/2017)
490 - Assinale a alternativa na qual a palavra em destaque introduz uma ideia de adversidade:
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c) As circunstâncias fazem ou descobrem os grandes homens.
d) Aqueles cães não mordem e ladram muito.
b) Ming fez com que Leminski reparasse de que suas meias tinham cores diferentes.
d) Após notar de que cada meia tinha uma cor diferente, Leminski confessou vestir-se no
escuro.
a) Há pessoas que escolhem com bom gosto a roupa que vestem, independentemente das
circunstâncias.
b) No coletivo, alguns vestiam-se com cuidado, enquanto outros parecia ser mais
displicente.
c) Roupas belas ou feias, limpas ou sujas, tudo levavam a imaginar como devia viver
aqueles estranhos.
d) Muitos são os fatores que é levado em conta quando cada um de nós escolhem o que
vestir.
e) São importantes lembrar que nossa personalidade e nossos valores não se define pela
roupa que usamos.
Sentado no coletivo, observo a roupa que cada um está usando e fico imaginando como
escolheu aquele modelito pra sair de casa.
Tem de tudo. Gente bem vestida, gente de qualquer jeito, bom gosto, mau gosto, roupa
limpa, roupa suja.
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Toda vez que penso nisso, lembro-me do poeta Paulo Leminski, com quem trabalhei no final
dos anos 1980. Leminski era o que chamamos de “figuraça”. Fazíamos o Jornal de
Vanguarda juntos na TV Bandeirantes.
Lema, como o chamávamos, ia trabalhar de qualquer jeito. Uma calça Lee surrada, sem
cinto, caindo, camiseta branca encardida e muitas vezes aparecia na redação de chinelo
franciscano.
Um dia, foi surpreendido no corredor da Band pelo comentarista de economia Celso Ming.
– Paulo Leminski, você percebeu que está usando uma meia de cada cor?
Lema levantou ligeiramente sua calça Lee e constatou que Ming – que ele chamava de
Dinastia Ming – estava certo. Não pensou duas vezes e respondeu na lata.
– Dinastia Ming, eu estou me lixando! Acordo, me visto no escuro e só vejo como estou
quando chego na rua.
(Alberto Villas. Vou assim mesmo!. 07.12.2017.www.cartacapital.com.br. Adaptado)
Uma expressão verbal que designa uma ação habitual realizada no passado está em:
Para ele, o fim do ano era sempre uma época dura, difícil de suportar. Sofria daquele tipo de
tristeza mórbida que acomete algumas pessoas nos festejos de Natal e de Ano-Novo. No seu
caso havia uma razão óbvia para isso: aos setenta anos, solteirão, sem parentes, sem amigos,
não tinha com quem celebrar, ninguém o convidava para festa alguma. O jeito era tomar um
porre, e era o que fazia, mas o resultado era melancólico: além da solidão, tinha de suportar
a ressaca.
No passado, convivera muito tempo com a mãe. Filho único, sentia-se obrigado a cuidar
da velhinha que cedo enviuvara. Não se tratava de tarefa fácil: como ele, a mãe era uma
mulher amargurada. Contra a sua vontade, tinha casado, em 31 de dezembro de 1914 (o ano
em que começou a Grande Guerra, como ela fazia questão de lembrar) com um homem de
quem não gostava, mas que pais e familiares achavam um bom partido. Resultado desse
matrimônio: um filho e longos anos de sofrimento e frustração. O filho tinha de ouvir suas
constantes e ressentidas queixas. Coisa que suportava estoicamente; não deixou, contudo, de
sentir certo alívio quando de seu falecimento, em 1984. Este alívio resultou em culpa, uma
culpa que retornava a cada Natal. Porque a mãe falecera exatamente na noite de Natal. Na
véspera, no hospital, ela lhe fizera uma confissão surpreendente: muito jovem, apaixonara-se
por um primo, que acabou se transformando no grande amor de sua vida. Mas a família do
primo mudara-se, e ela nunca mais tivera notícias dele. Nunca recebera uma carta, uma
mensagem, nada. Nem ao menos um cartão de Natal.
No dia 24 pela manhã ele encontrou um envelope na carta do correio. Como em geral
não recebia correspondência alguma, foi com alguma estranheza que abriu o envelope.
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Era um cartão de Natal, e tinha a falecida mãe como destinatária. Um velhíssimo cartão,
uma coisa muito antiga, amarelada pelo tempo. De um lado, um desenho do Papai Noel
sorrindo para uma menina. Do outro lado, a data: 23 de dezembro de 1914. E uma única
frase: “Eu te amo.”
A assinatura era ilegível, mas ele sabia quem era o remetente: o primo, claro. O primo
por quem a mãe se apaixonara, e que, por meio daquele cartão, quisera associar o Natal a
uma mensagem de amor. Uma nova vida, era o que estava prometendo. Esta mensagem e
esta promessa jamais tinham chegado a seu destino. Mas de algum modo
o recado chegara a ele. Por quê? Que secreto desígnio haveria atrás daquilo?
Cartão na mão, aproximou-se da janela. Ali, parada sob o poste de iluminação, estava
uma mulher já madura, modestamente vestida, uma mulher ainda bonita. Uma desconhecida,
claro, mas o que importava? Seguramente o destino a trouxera ali, assim como trouxera o
cartão de Natal. Num impulso, abriu a porta do apartamento e, sempre segurando o cartão,
correu para fora. Tinha uma mensagem para entregar àquela mulher. Uma mensagem que
poderia transformar a vida de ambos, e que era, por isso, um verdadeiro presente de Natal.
Em não deixou, contudo, de sentir certo alívio quando de seu falecimento (2º parágrafo), o
termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
a) além disso.
b) portanto.
c) pois.
d) entretanto.
e) por isso.
Melhor esperar que a poeira baixe, que as águas resserenem, deixar tudo à deriva da
memória. Porque a memória escolhe, recria.
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E por isso é que ele fica muito mais perto da verdadeira realidade.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Editora Globo, 1979, p. 89)
c) um romancista não pode nem deve confiar em seus olhos ou em suas experiências mais
pessoais.
497 – Leia o texto “No calor da hora” para responder as questões seguintes.
No calor da hora
Os impactos climáticos são mais agressivos e acelerados do que se supunha há uma década.
A temperatura global entre 2015 e 2019, por exemplo, será mais alta que em qualquer período
equivalente já registrado. “Ondas de calor disseminadas e duradouras, recordes de incêndios
e outros eventos devastadores como ciclones tropicais, enchentes e secas têm impactos
imensos no desenvolvimento socioeconômico e ambiental”, afirma o relatório das Nações
Unidas publicado por ocasião do debate anual da Assembleia-Geral. O estudo, sugestivamente
denominado Unidos na Ciência, foi produzido pelo Grupo Consultivo de Ciências da Cúpula da
Ação Climática e compila de maneira altamente sintética as descobertas científicas decisivas
mais recentes no domínio das pesquisas sobre mudanças climáticas.
Estima-se que a temperatura global esteja hoje 1,1 grau Celsius acima da era pré-industrial
(1850-1900) e 0,2 grau acima da média da temperatura global entre 2011 e 2015. Como
resultado, a ascensão do nível do mar está acelerando e a água já se tornou 26% mais ácida
do que no início da era industrial, com grande prejuízo para a vida marinha. Nos últimos 40
anos, a extensão de gelo ártico no mar declinou aproximadamente 12% por década. Entre
1979 e 2018 a perda anual de gelo do lençol glacial antártico sextuplicou. As ondas de calor
aumentaram os índices de letalidade ambiental nos últimos cinco anos. No verão de 2019, os
incêndios florestais na região ártica cresceram sem precedentes. Só em junho as queimadas
emitiram 50 megatons de dióxido de carbono na atmosfera, mais do que a soma de todas as
emissões no mesmo mês entre 2010 e 2018.
Estima-se que, para atingir a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável de limitar
o aumento da temperatura em relação à era pré-industrial a 2 graus, os esforços atuais
precisam ser triplicados. No caso da meta ideal de limitar esse aumento a 1,5 grau, esses
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esforços precisariam ser quintuplicados. Tecnicamente, dizem os pesquisadores, isso ainda é
possível, mas demandará ações urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-
sucedidas.
Em resumo, os crescentes impactos climáticos intensificam o risco de cruzar limites
irreversíveis. Os pesquisadores apontam três setores que precisam investir diretamente na
descarbonização: finanças, energia e indústria. Além disso, outras três áreas são decisivas:
soluções baseadas na natureza, ações locais e urbanas e o incremento da resiliência e
adaptação às mudanças climáticas, especialmente nos países mais vulneráveis.
(https://opiniao.estadao.com.br. Adaptado)
Considere as passagens:
• “Ondas de calor disseminadas e duradouras, recordes de incêndios e outros eventos
devastadores como ciclones tropicais, enchentes e secas têm impactos imensos no
desenvolvimento socioeconômico e ambiental”... (1º parágrafo)
• Só em junho as queimadas emitiram 50 megatons de dióxido de carbono na atmosfera, mais
do que a soma de todas as emissões no mesmo mês entre 2010 e 2018. (2º parágrafo)
• Tecnicamente, dizem os pesquisadores, isso ainda é possível, mas demandará ações
urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-sucedidas. (3º parágrafo) As
expressões destacadas são empregadas, respectivamente, com a função de:
a) Será requerido ações urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-
sucedidas para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau.
c) Os países mais vulneráveis precisa que três áreas seja protagonista nas transformações:
soluções baseadas na natureza, ações locais e urbanas e o incremento da resiliência e
adaptação às mudanças climáticas.
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499 - Considere as passagens do texto:
• As ondas de calor aumentaram os índices de letalidade ambiental nos últimos cinco anos.
(2º parágrafo)
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