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Índice
Violas europeias
Violas portuguesas
Recepção da viola no Brasil
Antigos intérpretes de viola no Brasil
A construção de violas no Brasil colonial
O repertório antigo para viola Viola caipira com trabalho de marchetaria de
Braz Roberto da Costa (Braz da Viola), 2010.
Tipos de violas brasileiras
Informações
Viola caipira
Classificação cordofone de mão com
Viola angrense ou do litoral cordas duplas
Viola branca
Classificação cordofone composto
Viola de Queluz Hornbostel-Sachs
Viola machete Afinação padrão variável
Viola de cocho
Instrumentos relacionados
Viola de cabaça
viola caipira, viola angrense ou do litoral, viola
Viola de buriti (ou violinha de vereda) branca, viola de Queluz, viola de cocho, viola
Viola dinâmica (ou nordestina) machete, viola de cabaça, viola de buriti, viola
nodestina
Patrimônio cultural
Difusão e ensino
Vídeos
Ligações externas
Referências
Violas europeias
As violas europeias que deram origem às violas brasileiras foram desenvolvidas na Europa Latina renascentista
(principalmente na România ocidental e ainda mais na Península Ibérica), provavelmente a partir de um
instrumento medieval de origem latina (a guitarra latina), mas possivelmente também a partir de um
instrumento de origem árabe (a guitarra mourisca). Suas características essenciais são a caixa de ressonância
em forma de 8 e fundo plano, o emprego de cordas duplas ou triplas (na época denominadas ordens) e a
execução com os dedos, nas versões ponteado e rasqueado.[1][2][3] A estrutura e a forma das violas não deve
ser confundida com a dos alaúdes, diretamente relacionados ao ud árabe ( ), ainda que, no renascimento,
tenha havido afinações e técnicas de execução comum entre algumas violas e alaúdes.[4]
As violas de mão foram denominadas, no século XVI, a partir de duas raízes etimológicas: 1) do provençal
violla ou, segundo alguns autores, do latim fidicula,[5] palavras que designam instrumento genérico de cordas
(dedilhadas ou friccionadas) e geralmente usadas nos instrumentos de maior tamanho; 2) do grego kithara ou
do latim chitara, que também indicam instrumento de cordas, porém geralmente aplicada a instrumentos de
tamanho menor e tocados com dedos ou plectros. Nesse período, os instrumentos de tamanho maior (em torno
de 6 ordens) foram denominados vihuela na Espanha e viola em Portugal, enquanto os de tamanho menor (em
torno de 4 ordens) eram chamados guitarra na Espanha, mas provavelmente mantiveram o nome viola em
Portugal. Nos séculos XVII e XVIII circularam guitarras de 5 ordens em toda a Europa Latina, com algumas
variações nacionais ou locais e, no atual ambiente da música de concerto, denominadas guitarras barrocas.[5]
Violas portuguesas
Além das ricas fontes espanholas de repertório para vihuela do século
XVI, existem compêndios (teóricos e/ou práticos) ibéricos para viola
de mão publicados no século XVII, como o Nuevo modo de cifra
para tañer la guitarra, do português Nicolau Dias de Velasco
(1640),[6] e a Instrucción de música sobre la guitarra española, do
espanhol Gaspar Sanz.[7] Importantes fontes portuguesas de repertório
da transição do século XVII para o XVIII são o Códice da Fundação
Calouste Gulbenkian, o Códice da Biblioteca Geral da Universidade
de Coimbra e o Códice da Biblioteca Nacional de Lisboa (também
conhecido como o Códice do Conde de Redondo), além da Nova arte
de viola de Manuel da Paixão Ribeiro (1798), já contemporânea do
Estudo de guitarra de Antônio da Silva Leite (1796), este dedicado à
guitarra portuguesa. De acordo com Rogério Budasz, os códices do
século XVII da Fundação Calouste Gulbenkian e da Biblioteca Geral
da Universidade de Coimbra possuem principalmente fantasias e
rojões (passacalhes), incluindo possíveis obras de origem afro- Viola de mão (vihuela) representada
brasileira, enquanto o Códice do Conde de Redondo, da segunda ou na capa do El Maestro (1536), de
terceira década do século XVIII, enfatiza marchas e minuetos. Paixão Luis Milán.
Ribeiro, por outro lado, apresenta apenas minuetos e modinhas,
enquanto Antônio da Silva Leite imprime exclusivamente minuetos, marchas, alegros e contradanças.[8]
Quanto às particularidades organológicas das violas portuguesas dos séculos XVI, XVII e XVIII,
principalmente estudadas por Manuel Morais, existem importantes documentos portugueses e espanhóis dos
séculos XVI, XVII e XVIII, sendo estes os portugueses:
♦ Regimento dos violeiros, parte do Regimento dos oficiais mecânicos
da mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa (1572)
As violas Citação:
portuguesas de 5 e
6 ordens duplas ou “E o oficial do dito ofício, que tenda houver de
triplas ter, fará uma viola de seis ordens, de costilhas
desdobraram-se no de pau preto ou vermelho laurada de fogo
século XX em muito bem moldada e laurada, tampão e
diferentes tipos, fundo de duas metades, junta pelo meio muito
sendo os principais bem feita e marchetada com um marchete de
a viola amarantina, oito e outro de quatro muito bem feitos, e pelo
a viola beiroa, a pescoço arriba levará um rótulo ou uma trena
viola braguesa, a Tablatura para viola (guitarra
com umas encaixaduras com seus remates e
viola campaniça, a espanhola) da Instrucciòn de Mùsica
será grudada com grude de peixe, fundo e
sobre la Guitarra Española (1674) de
viola toeira e a tampão, e será forrada por dentro com forros
Gaspar Sanz
viola de arame de pano. Fará um laço de talha fundo ou raso
(esta nas variedades muito bem feito. Regrará muito bem a dita
viola e a limpará e por esta maneira será
acabada. Encordoará a dita viola muito bem
madeirense, segundo pertencer ao tamanho dela, e
micaelense e apontará e afinará de maneira que possam
terceirense). [14][13] nela tanger. Fará um tabuleiro de xadrez e
tábuas acostumado muito bem desempenado
que seja para passar com as casas do
Recepção tabuleiro muito bem assentadas. Fará uma
da viola no harpa do tamanho que quiserem bem laurada
e bem junta e bem grudada com grude de
Brasil peixe e de bom compasso das cordas que
não vão umas mais largas que outras. Fará
uma viola de arco tiple ou contrabaixa qual
quiserem laurada de fogo e do tampão
cavado de muito boa grossura toda igual e da
regra que venha conforme ao cavalete que
não seja muito alto nem muito baixo. Mandam
que os violeiros que tenda houverem que
façam as violas de seis ordens de duas
costilhas, e sejam forradas com piões ou
lenços, e os laços delas de talha serão de
folha, e se os quiserem fazer no tampão dela
sejam forrados de pergaminho.”
A recepção da viola no Brasil ocorreu ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, com a imigração
principalmente de portugueses e espanhóis (estes numerosos no período da União Ibérica, entre 1580-1640).
Sendo as violas, naquela época, instrumentos de uso urbano, sua difusão iniciou-se nas vilas mais ricas da
costa brasileira, como Salvador, Recife, Olinda, São Luís, Belém e Rio de Janeiro, porém já em inícios do
século XVII está documentada em São Paulo e localidades próximas.[15]
A referência mais antiga ao uso da viola e instrumentos correlatos no Brasil, embora indireta, está na carta de
26 de junho de 1578 do inglês John Whithall (radicado na Vila de Santos - Capitania de São Vicente), para o
comerciante Richard Staper em Londres. Destinada a tentar estabelecer um comércio regular com a Inglaterra
e publicada em Londres em 1600, a carta solicitava o envio, para a Vila de Santos, de “Foure mases of gitterne
strings”, o que pode ser traduzido como “quatro maços de cordas de guitarra”.[16] A solicitação demonstra que
instrumentos de cordas dedilhadas já estavam em uso na Vila de Santos, para estimular a proposta de
importação de cordas, já em 1578.[17]
Os relatos jesuíticos participaram da primeira fase de documentação da recepção das violas no Brasil. Os
primeiros relatos jesuíticos que mencionam instrumentos denominados “viola” estão nas cartas de José de
Anchieta datadas de 19 de janeiro de 1584 e de 27 de dezembro do mesmo ano. O jesuíta Fernão Cardim, na
“Informação da Missão do P. Cristóvão Gouveia às partes do Brasil”, de 16 de outubro de 1585, afirma ter
assistido, no Espírito Santo em junho de 1583, danças de meninos indígenas “ao som da viola, pandeiro e
tamboril e frauta”.[15][18] Fernão Cardim também deixou o interessante relato sobre as aldeias indígenas do
Espírito Santo, Santo Antônio e São João em janeiro de 1584: “Em todas estas três aldeias há escola de ler e
escrever, aonde os padres ensinam os meninos índios; e alguns mais hábeis também ensinam a contar, cantar e
tanger; tudo tomam bem, e há já muitos que tangem frautas, violas, cravos, e oficiam missas em canto d’órgão,
cousas que os pais estimam muito.” O jesuíta Francisco Soares ressaltou, em c.1590, as habilidades musicais
dos meninos indígenas nas aldeias do Brasil: “alguns tangem e dançam, a saber, viola, flautas 7 juntas, cravo e
órgãos e o que lhes ensinam tudo tomam”.[15][18]
Por outro lado, tais relatos não explicitam se as referidas violas são de mão ou de arco: João Felipe Bettendorf
em um manuscrito de 25 de maio de 1698, informa que, entre 1690 e 1692 o padre Diogo da Costa, no
Colégio de São Luís (MA) “sabia cantar e tocar admiravelmente bem a viola, ensinou os rapazes a cantarem e
tocarem”, informação que pode se referir tanto a uma viola de mão quanto a uma viola de arco, pois em 1695
o mesmo recebeu, em uma aldeia do Maranhão, “os domésticos de Diogo Pereira, que eram os meus músicos,
e acompanhavam canto com suas rabecas e violas, que toavam com muita destreza, e sobre todos ele Manoel
Pereira, filho morgado de Diogo Pereira”.[15][18] Em aldeias indígenas do Rio São Francisco, entre 1671-
1686, quando lá esteve o padre Martin de Nantes, este informou, no livro Relation succinte et sincere de la
mission du pere Martin de Nantes (Quimper, c.1707), que presenciou casamentos, nos quais “Encontra-se
sempre, nessas ocasiões, bom número de portugueses, que trazem violas e rabecas para a solenidade, cantam
motetos e dão, eles próprios, muitos tiros de espingarda, para que haja maior regozijo”.[15][18] A representação
de uma viola de mão no teto da sacristia do Convento de Santo Antônio de Igarassu (PE), além da existência
de uma vihuela de c.1600 na igreja da Companhia de Jesus em Quito (Equador),[19] que provavelmente
pertenceu a Santa Mariana de Jesus, indicam a utilização religiosa da viola de mão naquele período.
Entre os 6 instrumentos relacionados às violas e registrados nos inventários paulistas até agora impressos, seus
valores sugerem duas categorias de instrumentos: os grandes (e portanto mais caros) e os menores e mais
baratos. Esses documentos fornecem algumas informações adicionais: a viola de João do Prado (1615) possuía
"oito tastos de cordas", ou seja, oito trastes de cordas enroladas no braço (situação usual para esse instrumento
nessa época), enquanto a viola de Baltazar Nunes (1623) possuía "seis cordas" (provavelmente duplas); as
violas de Afonso Dias de Macedo (1700) eram de "pinho do reino", o que indica que foram provavelmente
construídas em Portugal. De fato, segundo a “Pauta da dízima da Alfândega da Vila de Santos pela do Rio de
Janeiro”, de 1739,[22] entravam frequentemente no Brasil violas feitas em Portugal, sendo seus valores, nesse
ano, os seguintes:
Somente em 1796 entraram no Maranhão 1123 violas a $600 réis e 389 violas pequenas a $300 réis originárias
de Portugal,[8] o que revela a intensidade da recepção desse instrumento no Brasil colonial.
Tais informações indicam a primeira grande via receptiva das violas no Brasil, constituída pela transferência de
exemplares acabados, seja como bagagem, seja como produto importado. A segunda grande via, já
comprovada no caso do violeiro português Domingos Ferreira, falecido em Vila Rica em 1771, consistiu na
construção de violas, em território brasileiro, a partir de modelos europeus (especialmente portugueses). A
terceira grande via, cuja investigação histórica é mais difícil, em função da raridade de informações históricas e
documentos organológicos, mas cuja existência é facilmente demonstrável a partir do estudo dos tipos atuais,
foi a difusão de variantes locais mais ou menos distantes dos modelos europeus, como a viola de cocho, a viola
de cabaça, a viola dinâmica e várias outras, variantes nas quais existem características simultaneamente
europeias e brasileiras.[15][13][2]
A recepção das violas no Brasil, pelas três grandes vias acima descritas, ocorreu
tanto a partir dos modelos aristocráticos durante o período colonial (séculos Gregório de Matos (1636-1696)
Romance
XVI, XVII e XVIII), quando a partir dos modelos populares portugueses ao
longo dos séculos XIX e XX, como é demonstrável no caso das violas de Um cruzado pede o homem,
Queluz, produzidas entre o final do século XIX e início do século XX pelas
famílias Meirelles e Salgado na cidade de Queluz (atual Conselheiro Lafaiete - Anica, pelos sapatos,
MG), a partir das violas toeiras, de Portugal. A representação de instrumentos
mas eu ponho isso à
musicais em gravuras de Debret e Rugendas demonstra a variedade dos
viola
cordofones dedilhados que estavam em uso no Brasil, já na primeira metade do
século XIX, incluindo instrumentos de corpo piriforme.[23] na postura do cruzado:
Gregório de Matos é uma exceção aos registros dos séculos XVII e XVIII, pois O cruzado pagaria,
o poeta usava uma viola de cabaça feita por ele mesmo (portanto já distante do
modelo aristocrático português), e a música que praticava parece ter sido de já que fui tão
tradição oral, embora a maior parte das danças que o poeta menciona fossem desgraçado,
conhecidas em Portugal. A existência de obras de possível origem afro-
brasileira nos códices de música para viola do século XVII, da Fundação que buli co’a
Calouste Gulbenkian e da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra[8] escaravelha,
soma-se à possibilidade de que a viola já estaria sendo usada a partir de
tradições orais, por tocadores nem sempre integrantes da elite colonial. e toquei sobre o buraco.
Violões já eram frequentes no Brasil na primeira metade do século XIX, figurando na iconografia da época,
como na gravura anônima "Negra ao violão, padre dançando" (pertencente a uma colação particular) e na
gravura de Nachtmann, Spix e Martius intitulada "Festa da Rainha in Minas" (1823-1831). A literatura do
período também apresenta indícios da popularização da viola e da adoção do violão pela elite brasileira,
especialmente no Rio de Janeiro.[31] Por outro lado, há uma certa confusão no Brasil entre as designações
viola e violão no século XIX,[32] acarretada, entre outros fatores, pelo uso português da expressão viola
francesa para designar o instrumento que no Brasil é denominado violão, o que torna necessário bastante
cuidado na interpretação da documentação desse período sobre tais instrumentos.[33]
Citação:
português e latino (1712-1728) de Raphael Bluteau revela a existência de 19 tipos de danças, que devem ter
sido comuns em Portugal e no Brasil desse período:[15][27]
Danças de viola, de acordo com Gregório de Matos
(1636-1696) e Raphael Bluteau (1638-1734)
Danças Gregório de Matos Raphael Bluteau
Amorosa ♦
Arrepia ♦
Arromba ♦ ♦
Canário ♦ ♦
Cãozinho ♦ ♦
Cubango ♦
Espanholeta ♦
Fantasia ♦ Possível viola de cabaça na gravura
"Costumes de São Paulo" (1835), de
Gaturda ♦
Johann Moritz Rugendas (1802-
Guandu ♦ ♦ 1858).
Marinheira ♦
Pandunga ♦
Passacalhe ♦
Paturi ♦
Pavana ♦
Saltarelo ♦
Sarabanda ♦
Sarau ♦
Vilão ♦
Viola caipira
Comum nos
estados de
Goiás, Paraná,
São Paulo,
Minas Gerais e
Rio de Janeiro.
Possui grande
diversidade de
denominações,
sendo construída
desde o início do
século XX tanto
de forma
artesanal quanto
fabril.[36] Utiliza Almeida Júnior - O Violeiro (1899).
diversas
afinações, sendo as mais comuns Cebolão, Rio Abaixo, Boiadeira e
Natural. A afinação Paraguaçu, mais comum no Nordeste, também é
encontrada no Vale do Paraíba. É utilizada em folguedos tradicionais,
Instrumentos da primeira metade do como Catira, Fandango, Folia de Reis, Dança de São Gonçalo, Dança
século XX do Museu Histórico de Santa Cruz e outras.
Sorocabano (Sorocaba - SP): 1 -
viola Saturnino Rodrigues; 2 - viola
de lata sem indicação de autoria; 3 - Viola
viola Tranquillo Giannini.
angrense
ou do
litoral
Viola branca
Específica da região de Iguape e Cananéia, no litoral do estado de São Paulo. Provavelmente baseada na viola
beiroa (da região de Beira Baixa, Portugal), possui dez trastes, utiliza as antigas cravelhas de madeira ao invés
das modernas tarraxas metálicas.[37] É construída com a madeira da caixeta ou caxeta (Tabebuia cassinoides) -
também denominada pau-de-tamanco, tabebuia e pau-de-viola - cuja coloração clara é a origem da designação
viola branca. As violas brancas de Cananéia frequentemente possuem a corda periquito ou turina, mais raras
nas violas de Iguape. É o principal instrumento do fandango de Iguape e Cananéia.[37]
Viola de Queluz
Específica da antiga cidade de Queluz (atual Conselheiro Lafaiete - MG), foi produzida entre o final do século
XIX e início do século XX pelas famílias de imigrantes portugueses Meireles e Salgado, a partir do modelo da
viola toeira de Portugal.[38][39][40] Existem antigos exemplares de violas de Queluz, ricos em trabalhos
criativos de marchetaria, na coleção Max Rosa, luthier especializado no estudo e restauração desse tipo de
instrumento.[41]
Viola machete
Viola de cocho
Comum no estado de de Tocantins, a partir da utilização da maderia do buriti. Criada na década de 1940 na
comunidade Mumbuca do Jalapão, a viola de buriti, também denominada violinha de vereda, utiliza, em lugar
da caixa de ressonância, troncos escavados do buriti, com 4 cordas de náilon.[50] A mesma estrutura é usada
na rabeca de buriti, tocada com arco.
Comum nos estados do Nordeste brasileiro e muito associada aos repentistas, que utilizam frequentemente a
afinação Paraguaçu. Possui amplificadores acústicos na forma de cones de alumínio aplicados ao tampo
harmônico, que produzem seu timbre característico, e suas 12 cordas metálicas estão agrupadas em duas
ordens triplas e três ordens duplas, portanto com evidente herança das violas portuguesas.[13]
Patrimônio cultural
Apesar da representatividade das violas no Brasil, ainda não existe um registro nacional de sua prática e
somente o “modo de fazer viola de cocho” foi registrado pelo IPHAN como Bem Cultural.[46][47] Por outro
lado, já foi apresentado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 10 de junho de 2015, o Projeto de Lei
Nº 1.921/2015, que declara patrimônio histórico, cultural e imaterial do Estado a manifestação musical Viola
Caipira Mineira,[51][52] ainda em tramitação, enquanto o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
de Minas Gerais (IEPHA) prepara a apresentação de um Dossiê de Registro dos “Saberes, Linguagens e
Expressões Musicais da Viola em Minas Gerais” ao Conselho Estadual de Patrimônio Cultural de Minas
Gerais (CONEP), para seu reconhecimento como bem imaterial do Estado de Minas
Gerais.[53][54][55][56][57][58] Paralelamente, a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte apresentou,
em 1º de dezembro de 2016, um Requerimento para Instauração de Processo Administrativo de Registro, no
IPHAN, do Movimento da Viola Brasileira no Livro III de Registro de Bens Culturais e Natureza Imaterial
que constituem Patrimônio Cultural Brasileiro.
Difusão e ensino
As principais formas de ensino e aprendizado da viola, desde o período colonial, foram a partir da relação
entre mestre e discípulo, da observação e do autodidatismo.[13][2] A necessidade de descobrir por si próprio o
funcionamento do instrumento e a produção de efeitos atrativos gerou lendas como a do pacto com o diabo e
entrega da alma em troca do virtuosismo, provavelmente originada na antiga lenda do Fausto e já aplicada a
músicos do século XIX, como Niccolò Paganini.
O ensino formal de música estabelecido no Brasil a partir do século XIX, por outro lado, adotou
exclusivamente os instrumentos musicais europeus, desconsiderando a viola brasileira,[3] ao contrário de países
como a Índia, em cujas escolas desse período ensinava-se a execução dos seus instrumentos tradicionais.[59] O
surgimento de cursos coletivos de viola brasileira em escolas privadas, a partir da segunda metade do século
XX, bem como o surgimento de gravações, métodos impressos, orquestras de viola e documentários (para a
televisão e em vídeo) não extinguiram a ação dos mestres de viola e a necessidade de observação e
autodidatismo, que ainda existem em muitas regiões do país.[13]
Na segunda metade do século XX a viola começou a ser usada de maneira formal em composições eruditas,
como nos 7 Prelúdios para viola, no Concertino para a viola e orquestra e na Missa a Nossa Senhora dos
Navegantes (em português) de Ascendino Theodoro Nogueira, obras gravados pela Chantecler em 16 de
agosto de 1964.[60][61]
Mesmo na maior parte do século XX, a viola foi vista pela sociedade brasileira como instrumento inculto, e
somente em suas últimas décadas passou a ser mais respeitado, em função da atuação de violeiros de destaque,
como Renato Andrade, e de programas de televisão de grande audiência, como Viola, minha viola, com
Inezita Barroso, e Senhor Brasil, com Rolando Boldrin, ambos na TV Cultura, além de uma visão cada vez
mais aberta sobre as culturas populares. Por conta desses fatores, em 2008 a Universidade de São Paulo abriu
o primeiro curso de Bacharelado em Viola Brasileira, com Ivan Vilela,[62] ocorrendo o mesmo em 2010 na
Universidade de Brasília, com Roberto Correa.[63]
Vídeos
Renato Andrade - Viola Enfeitiçada (TV Câmara) (https://www.youtube.com/embed/e-udPV9k5
Jc)
Sou Viola Caipira - Episódio 1 (https://www.youtube.com/embed/O7VaqnZ9im4)
A viola - história, resistência e transformação (https://www.youtube.com/embed/gVSBfEQ9XiY)
"Viola Caipira" - vídeo documentário (https://www.youtube.com/embed/HDaBYwK0g9Y)
Viola encantada: intergerações viola paulista (https://www.youtube.com/embed/aCRk2a4mR3
E)
Chora viola - documentário (https://www.youtube.com/embed/puBYcr6MHSI)
Programa Viação Cipó - Violas de Queluz Férias - bloco 2 (https://www.youtube.com/embed/hu
YPDSdEuuQ)
Luthieria - viola de cabaça (TV UNESP) (https://www.youtube.com/embed/uMnObMTmEmI)
Viola de cabaça (Fabrício Conde) (https://www.youtube.com/embed/3yjhnsK3D7I)
Construção da viola de cabaça (https://www.youtube.com/embed/2peSbjjtff0)
Sobre a viola de cocho - Roberto Corrêa (https://www.youtube.com/embed/nl4ntj-48hg)
Modo de Fazer Viola de Cocho (IPHAN) - Parte 1 (https://www.youtube.com/embed/nxjdeS_N
X6o)
Modo de Fazer Viola de Cocho (IPHAN) - Parte 2 (https://www.youtube.com/embed/LlRq7Hm
MjrU)
Modo de Fazer Viola de Cocho (IPHAN) - Parte 3 (https://www.youtube.com/embed/MQHEev7
vTgM)
Viola de buriti (https://www.youtube.com/embed/oDDjbvAA1to)
Viola de buriti (dueto) (https://www.youtube.com/embed/vzqwfqnLVvA)
Um Brasil de viola: Oliveira de Panelas 1 - João Pessoa (PB) (https://www.youtube.com/embe
d/cwYwLHTb76I)
Os acordes na viola caipira de Ivan Vilela (https://www.youtube.com/embed/I5htZ0mdIY8)
Almir Sater e Tião Carreiro - solos de viola (https://www.youtube.com/embed/FiL7uUCe1xc)
Ligações externas
Música do Brasil
Cultura do Brasil
Cultura de Portugal
Cultura da Espanha
Instrumentos musicais tradicionais portugueses
Registro do modo de fazer viola de cocho no IPHAN (http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinde
r/arquivos/Dossie_modo_fazer_viola_cocho.pdf)
Referências
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(doutorado) (http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-15052009-140811/pt-br.ph
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7. «Instruccion de musica sobre la guitarra española y metodo de sus primeros rudimentos, hasta
tañerla con destreza : con dos laberintos ingeniosos, variedad de sones y dances de
rasgueado ... ; con un breue Tratado para acompañar con perfección, sobre la parte muy
essencial para la Guitarra, Arpa, y Organo, resumido en doze reglas, ... compuesto por el
licenciado Gaspar Sanz, aragones, ... - Sanz, Gaspar (1640-1710) - Música impresa - 1674» (ht
tp://bdh.bne.es/bnesearch/CompleteSearch.do?languageView=es&field=todos&text=gaspar+s
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análise crítica de um tratado setecentista. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: UFRJ.
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11. RUAS JÚNIOR, José Jarbas Pinheiro. Nova arte de viola: analise crítica de um tratado
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ANPPOM e Instituto de Artes da UNESP, 2014. (http://www.anppom.com.br/congressos/index.p
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12. «Estudo de guitarra, em que se expoem o meio mais facil para aprender a tocar este
instrumento..., Porto, 1796 - Biblioteca Nacional Digital» (http://purl.pt/165). purl.pt. Consultado
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