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MBA EM PROJETO E CONSTRUÇÃO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E DE MADEIRA

Fundamentos de Estruturas de Madeira

Glauco José de Oliveira Rodrigues, D.Sc.

glauco.grengenharia@gmail.com

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UNIDADE 3

Ações e segurança em estruturas de madeira


UNIDADE 3

Estados Limites

Estados Limites Estados Limites de


Últimos X Serviço
(Tensões) (Deslocamentos)
UNIDADE 3

Estados Limites
Estados Limites Últimos
• Perda do equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura como corpo rígido;
• Ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais;
• Transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático;
• Instabilidade por deformação;
• Instabilidade dinâmica (ressonância).

Estados Limites de Serviço


• Deformações excessivas que afetam a utilização normal da construção, comprometem seu aspecto
estético, prejudicam o funcionamento de equipamentos ou instalações e causam danos aos materiais de
acabamento ou às partes não estruturais da construção;
• Vibrações de amplitude excessiva que causam desconforto aos usuários e danos à construção ou ao seu
conteúdo.
UNIDADE 3

Ações
Ações nas estruturas de madeira
• Ações permanentes: Apresentam pouca variação durante praticamente toda a vida da construção;Ex.:
Peso próprio da madeira, forrações, telhas, etc.
• Ações variáveis (acidentais): Ao contrário das ações permanentes, apresentam variação significativa
durante a vida da construção; Ex.: Manutenção, vento, acúmulo de fuligem, etc.
• Ações excepcionais: Apresentam duração extremamente curta, com baixa probabilidade de
ocorrência, durante a vida da construção. Ex.: Impacto.
Vento
A ação do vento deve ser determinada de acordo com os procedimentos da norma NBR 6123/1988 –
Forças devidas ao vento em edificações.
UNIDADE 3

Combinação de ações
Estados limites últimos:
• Combinações últimas normais;
• Combinações últimas especiais ou de construção;
• Combinações últimas excepcionais.

Estados limites de utilização:


• Combinações de longa duração;
• Combinações de media duração;
• Combinação de curta duração;
• Combinações de duração instantânea.
UNIDADE 3

Combinação de ações
Combinações últimas normais:
m  n 
Fd    gi  Fgi ,k   Q  FQ1,k   0 j FQj ,k 

i 1  j 2 
Neste caso, as ações variáveis estão divididas em dois grupos: as principais ( FQ1,k ) e as secundárias ( FQj , k ), com
seus valores reduzidos pelo coeficiente 0 j , que leva em conta a baixa probabilidade de ocorrência simultânea das
ações variáveis.
Para as ações permanentes ( Fgi , k ), devem ser feitas duas verificações: a favorável e a desfavorável, o que é feito pelo
coeficiente gi .
Coeficientes:
g G
Q Coeficiente para as ações variáveis;
0 Fator de combinação para as ações variáveis secundárias;
UNIDADE 3

Combinação de ações
Combinações de longa duração:
m  n 
Fd ,uti   Fgi ,k    2 j  FQj ,k 

i 1  j 1 
Esta combinação é utilizada no controle usual das deformações das estruturas, onde as ações variáveis atuam
com seus valores correspondentes à classe de longa duração.

Coeficientes:
2 Fator de combinação para ações variáveis em deslocamentos (flechas).
UNIDADE 3

Coeficientes para ações NBR 8681


Tabela de coeficientes para ações permanentes:
Combinações Desfavoráveis Favoráveis Desfavoráveis
Normais Elementos 1,3 1,0 Elementos 1,25
estruturais de estruturais
madeiras em industrializados
Construção geral 1,2 1,0 de madeira 1,15

Excepcionais 1,15 1,0 1,10

Alternativamente, é permitido considerar os carregamentos como sendo de longa duração; nesse caso, as
ações consideradas como principais na combinação e que tenham um tempo de atuação muito reduzido
(vento ou a parcela das cargas móveis devida ao impacto) deverão ser multiplicadas por 0,75.

Tabela de coeficientes para ações variáveis


Os coeficientes de ponderação e os fatores
de combinação para a determinação dos
valores de cálculo das ações, e as
combinações de ações em estados limites
últimos estão definidas na ABNT NBR
8681.
UNIDADE 3

Coeficientes para ações


Fatores de combinação e de utilização:
UNIDADE 3

Exercício
Uma treliça utilizada na estrutura de cobertura de um
galpão industrial está sujeita à ação permanente (peso -6kN (Talha)
próprio e outras sobrecargas permanentes), à ação do
-12,5kN (Vento Sobrepressão)
vento (sobrepressão e sucção) e a uma ação decorrente da
movimentação de equipamentos, para a qual se utiliza uma 14kN (Vento sucção)
talha. Uma barra da mencionada treliça está submetida aos -12kN (Cargas Permanentes)
esforços normais originados das mencionadas ações. Pede- -5kN (Peso Próprio)
se que se determine os valores de cálculo dos esforços de
compressão e de tração que ocorrem na barra em questão.
UNIDADE 3

Exercício
SOLUÇÃO:
𝑚 𝑛

Cálculo das combinações de ações: 𝐹𝑑 = 𝛾𝑔𝑖 𝐹𝑔𝑖,𝑘 + 𝛾𝑄 𝐹𝑄1,𝑘 + Ψ0𝑗 𝐹𝑄𝑗,𝑘 Tração – Vento como ação principal:
𝑖=1 𝑗=2
𝐹𝑑 = 1,0 −5 − 12 + 1,4 0,75 +14 = −2,3𝑘𝑁
Compressão – Vento como ação principal:
𝐹𝑑 = 1,0 −5 − 12 + 1,4 +14 = 2,6𝑘𝑁
𝐹𝑑 = 1,3 −5 − 12 + 1,4 0,75 −12,5 + 0,5 −6 = −39,43𝑘𝑁

Compressão – Talha como ação principal: Resumo: 42,35 kN (compressão)


𝐹𝑑 = 1,3 −5 − 12 + 1,5 −6 + 0,6 −12,5 = −42,35𝑘𝑁 2,6 kN (tração)
UNIDADE 3

Exercício
Determinar os valores de cálculo do momento fletor para a viga abaixo, submetida às seguintes ações:
• Ação permanente: g=2kN/m (considerar de grande variabilidade)
• Ação variável: q=3kN/m

SOLUÇÃO:
Como só há uma ação variável, não há sentido em eleger ‘a principal’. Neste caso, a ação variável
será considerada normal e seu coeficiente de majoração será considerado 1,3.

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UNIDADE 3

Exercício
Cálculo do momento positivo:

As cargas dispostas nos balanços apresentam efeito favorável na determinação do momento máximo
positivo. Entretanto, ela não deve ser disposta em posições que provoquem diminuição no efeito do
momento que será calculado. Assim sendo temos como condição mais desfavorável para o cálculo do
momento máximo positivo M(+):

1,3 × 2 + 1,5 × 3 × 52 1,0 × 2,0 × 22


𝑀(+) = − = 18,19𝑘𝑁𝑚
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UNIDADE 3

Exercício
Cálculo do momento negativo:

Para o momento máximo negativo M(-) utiliza-se a ação permanente, mais a ação variável
aplicadas no balanço:

pp+sc 7.0kN/m pp+sc

1,3 × 2 + 1,5 × 3,0 × 22


𝑀(−) = = 14,2𝑘𝑁𝑚
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UNIDADE 3

Método dos estados limites para peças tracionadas e emendas


UNIDADE 3

Dimensões mínimas
A área mínima das seções transversais deve ser de 50cm2, e a espessura mínima de 5cm. Nas peças secundárias
esses limites reduzem-se para 18cm2 e 2,5cm.
No caso de elementos estruturais comprimidos (por exemplo pilares), o comprimento máximo não pode
ultrapassar 40 vezes a dimensão da seção transversal correspondente ao eixo de flambagem. Nos elementos
tracionados (por exemplo tirantes), este limite sobe para 50 vezes.
Nas peças principais múltiplas, a área mínima da seção transversal de cada elemento componente será de 35cm2
e a espessura mínima de 2,5cm.
Nas peças secundárias múltiplas, esse limite reduzem-se respectivamente a 18cm2 e 1,8cm.
UNIDADE 3

Dimensões madeira serrada


Nomenclatura Padronização (PB-5) Comerciais
Ripas 1,2 x 5,0 1,0 x 5,0
1,5 x 5,0
1,5 x 10,0
2,0 x 5,0
Tábuas 2,5 x 11,5 1,9 x 10 1,9 x 30
2,5 x 15,0 2,5 x 10 2,5 x 30
2,5 x 23,0
Sarrafos 2,2 x 7,5 2,0 x 10
3,8 x 7,5 2,5 x 10
3,0 x 15
Caibros 5,0 x 6,0 5,0 x 5,0
5,0 x 7,0 5,0 x 6,0
7,5 x 5,0 6,0 x 6,0
7,5 x 7,5 7,0 x 7,0
Vigas 5,0 x 15,0 5,0 x 16,0
5,0 x 20,0 6,0 x 12,0
7,5 x 11,5 6,0 x 15,0
7,5 x 15,0 6,0 x 16,0
15,0 x 15,0 10,0 x 10,0
12,0x12,0
20,0 x 20,0
25,0 x 25,0
25,0 x 30,0
Pranchões 7,5 x 23,0 3,0 x 30,0
10,0 x 20,0 4,0 x 20,0 até 4,0 x 40,0
15,0 x 23,0 6,0 x 20,0 até 6,0 x 30,0
9,0 x 30,0
UNIDADE 3

Peças tracionadas
Peças tracionadas axialmente
Ocorrem na maior parte das vezes em estruturas treliçadas.
Nd
 td   f t 0, d
Aútil
 td = Valor de cálculo da máxima tensão atuante de tração;

Nd = Valor de cálculo do esforço de tração;


Autil = Área da seção transversal da peça, descontando-se eventuais furos e/ou entalhes;

f t 0,d = Valor de cálculo da resistência à tração paralela às fibras.

OBS: Deve ser dada atenção especial na verificação à tração quando da consideração da área útil (Aútil) em
peças perfuradas por pinos ou entalhadas. Neste caso, devem ser descontadas da área da seção o valor
referente à área dos eventuais furos e/ou entalhes.
UNIDADE 3

Peças tracionadas
Denominam-se peças tracionadas, as peças submetidas à tração axial conforme o exemplo abaixo.

Outras condições para ocorrência de peças tracionadas são possíveis, conforme os exemplos seguintes:

Tração Excêntrica

Flexotração

Em Estruturas de Madeira, será considerado sempre o caso da tração centrada


UNIDADE 3

Peças tracionadas
Algumas tipologias estruturais em madeira apresentam peças tracionadas:

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UNIDADE 3

Emendas
UNIDADE 3

Emendas
Devido a ocorrência de limitações no comprimento das peças de madeira
(principalmente as de origem serrada, cujos comprimentos máximos variam entre 4,0 e
6,0m), por vezes faz-se necessário emendar peças.

Estas emendas podem ser feitas de várias formas. Entretanto, deve-se ressaltar que,
geometricamente, tais elementos constitutivos da emenda, devem ser posicionados de
forma que garantam que a emenda não “abrirá” sob o efeito da referida força axial
trativa, conforme os exemplos mostrados à seguir:
UNIDADE 3

Emendas
Exemplos de emendas

Emenda com talas de madeira com pregos, pinos, parafusos ou conectores

Emenda com talas metálicas com pregos ou parafusos

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UNIDADE 3

Emenda com talas de madeira apertada com parafusos em tarugos


de madeira

Emenda com talas de madeira apertada com parafusos


com entalhes

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UNIDADE 3

Emendas

Conforme o caso em estudo de peças tracionadas, a força axial trativa atuante no eixo da peça (tração
centrada), irá se distribuir pelos elementos constituintes da emenda, provocando tensões internas em tais
elementos, cujos limites de resistência devem ser verificados.
No caso das talas metálicas por exemplo, estas deverão ser estruturalmente dimensionadas conforme a
norma adequada (NBR 8800:2008).

No caso dos pinos metálicos (pregos e parafusos), por exemplo a NBR 7190 apresenta os procedimentos
necessários para as verificações de segurança necessárias.

Serão aqui apresentados, exemplos de verificação de emendas constituídas especificamente por elementos
em madeira conforme preconiza a NBR 7190, ou seja, nos Estados Limites Últimos.
UNIDADE 3

Emendas
Nas emendas deverão ser verificados os valores máximos de tensão de compressão, tração e cisalhamento nas
superfícies onde ocorrem.
Nd Nd N
 cd   f c 0, d  td   f t 0,d  d  d  f v ,d
Ac Aútil Av
Onde:
 cd Valor de cálculo da máxima tensão normal atuante de compressão;
 td Valor de cálculo da máxima tensão normal atuante de tração;
d Valor de cálculo da máxima tensão cisalhante atuante;

Nd Valor de cálculo do esforço atuante;

Aútil Área da seção transversal da peça, descontando-se eventuais furos e/ou entalhes;

Ac Área da seção transversal da peça à compressão;

Av Área da seção transversal da peça ao cisalhamento.


UNIDADE 3

Exercício
Exercício 5.1: Verificar se a emenda em madeira mostrada na figura, do tipo D40, está suficientemente
dimensionada para suportar a força axial de tração já majorada de 40kN, sabendo-se que a mesma foi
obtida através de madeira serrada, que o carregamento a ser considerado é de longa duração e que ela
estará submetida à classe de umidade 1. A largura das peças e de 10cm.

5cm

5cm
40kN 40kN

5cm

15cm 15cm

SOLUÇÃO:
Cálculo dos valores característicos:
𝑓𝑐0,𝑘 = 26,0 𝑀𝑃𝑎 ∴ 𝑓𝑡0,𝑘 = 24,0 𝑀𝑃𝑎 ∴ 𝑓𝑣,𝑘 = 4,0 𝑀𝑃𝑎
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UNIDADE 3

Exercício
Determinação dos coeficientes de modificação
• Carregamento de longa duração, serrada (Kmod,1 = 0,7)
• Classe de umidade 1 (Kmod,2 = 1,0)
Kmod = Kmod,1 Kmod,2 = 0,7 x 1,0 = 0,7
Valores de cálculo
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𝑓𝑐0,𝑑 = 0,7 = 13,0𝑀𝑃𝑎
1,4
24
𝑓𝑡0,𝑑 = 0,7 = 12,0𝑀𝑃𝑎
1,4
4
𝑓𝑣,𝑑 = 0,7 = 1,6𝑀𝑃𝑎
1,8
Determinação das superfícies de compressão, tração e cisalhamento
5cm compressão
5cm tração
40kN 40kN
5cm cisalhamento

15cm 15cm
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UNIDADE 3

Exercício
Verificação da tensões resistentes
40 𝑘𝑁
Compressão: 𝜎𝑐 = = 0,8 = 8𝑀𝑃𝑎 < 13,0𝑀𝑃𝑎 (𝑎𝑡𝑒𝑛𝑑𝑒)
5 × 10 𝑐𝑚2

40 𝑘𝑁
Tração: 𝜎𝑡 = = 0,8 = 8𝑀𝑃𝑎 < 12,0𝑀𝑃𝑎 (𝑎𝑡𝑒𝑛𝑑𝑒)
5 × 10 𝑐𝑚2

40 𝑘𝑁 10 15
Cisalhamento: 𝜏𝑣 = = 0,5 = 5𝑀𝑃𝑎 > 1,6𝑀𝑃𝑎 (𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎) = ∴ 𝑥 = 7,5𝑐𝑚
7,5 × 10 𝑐𝑚2 5 𝑥
40
≤ 0,16 ∴ 𝑥 ≥ 25cm
𝑥×10

50c
m
25c 5cm
m
5cm
40kN 40kN
5cm

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