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UFPB – CCEN – DM – DERIVAÇÃO – SIGNIFICADOS/APLICAÇÕES

(I) A DERIVADA COMO TAXA DE VARIAÇÃO E A ECONOMIA MARGINAL


Como consequência da própria forma como foi definida originalmente, a derivada de uma função real f(x)
pode expressar o COEFICIENTE ANGULAR DA RETA TANGENTE à uma curva f(x) em relação à coordenada x
do ponto de tangência. Esse significado é importante para aplicações, em especial no campo da Engenharia. Na
Economia, um importante significado da derivada da função f(x) é o de TAXA DE VARIAÇÃO de f(x) em relação a
x, que corresponde à variação que ocorre em f(x) quando x aumenta uma unidade, passando de x para x+1.
Ao estudamos funções polinomiais de 1º grau, dissemos que esse era o único tipo de função para a qual
podemos definir a taxa de variação de f(x) em relação a x, sem precisar derivá-la. Naquele caso, a taxa de
variação é dada pelo valor de a em f(x) = ax + b. Na maioria dos casos, para outros tipos de função há uma
diferença entre a variação real e a obtida pela derivação e a explicação para isso é que, na maioria dos casos, a
própria taxa de variação da função varia no período.
Quando a função a ser derivada é uma função econômica típica, sua derivada é denominada de
“marginal”, assim, por exemplo, se C(q) é o custo de produção de q unidades de certo produto, C'(q) representa a
variação aproximada no custo de produção de uma unidade adicional, isto é, C'(q) corresponde ao custo de
produção da (q+1)-ésima unidade, e essa variação é denominada de Custo Marginal. O mesmo raciocínio vale
para outras funções econômicas, como Receita ou Lucro.
 A Receita Marginal nos dá a variação da receita correspondente ao aumento de uma unidade na venda de um
produto. A função Receita Marginal é obtida pela derivada da Função Receita. Se a função Receita é
simbolizada por R(q), então: Rmg = Função Receita Marginal = R’(q)
• O Lucro Marginal nos dá a variação do lucro correspondente ao aumento de uma unidade na venda de um
produto. A função Lucro Marginal é obti da pela derivada da função Lucro. Se a função lucro é simbolizada por
L(q), então: Lmg = Função Lucro Marginal = L’(q)

Aplicações:
1. Estima-se que x meses a partir de agora, a população de certa comunidade será dada pela função real
P(x) = x2 + 20x + 8.000. Pergunta-se: a) A que taxa a população variará em relação ao tempo daqui a 15
meses? b) Qual a variação real da população durante o 16º mês?

2. Um estudo de eficiência do turno da manhã de certa fábrica indica que um trabalhador médio, que chega
ao trabalho às 8:00, terá montado f(x) = -x 3 + 6x2 + 15x unidades, x horas depois do início da jornada da
manhã. a) Qual a fórmula que descreve a taxa na qual o trabalhador estará montando unidades, x horas
após o início da jornada da manhã? b) A que taxa o trabalhador estará montando unidades às 9:00?

3. Em certa fábrica, o custo total para produzir q unidades durante um dia de produção é dado por C(q) = 0,2
q2 + q + 900 u.m. Foi determinado experimentalmente que aproximadamente q(t) = t 2 + 100t unidades são
produzidas durante as t primeiras horas de produção. Calcule a taxa na qual o custo de produção total está
variando em relação ao tempo, uma hora após iniciada a produção.

4. Suponha que o custo total em u.m. de produção de q unidades de certa mercadoria é dado por C(q) = 3q 2
+ q + 500. a) Use a análise marginal para estimar o custo de produção da 41ª unidade. b) Calcule o custo
real de produção da 41ª unidade.

5. A receita total mensal de um produtor é: R(q) = 240q + 0,05 q 2 u.m., quando q unidades são produzidas e
vendidas durante o mês. Atualmente ele produz e vende 80 unidades por mês, e está planejando aumentar a
produção mensal em uma unidade. a) Use a análise marginal para estimar a receita adicional que será
gerada pela produção e venda da 81ª unidade. b) Use a função receita para calcular a receita adicional real
gerada com a produção e venda da 81ª unidade.

6. Em uma fábrica de pneus, o preço de uma unidade é dado por: p(q) = -0,4q + 400. Determine a receita
marginal para q = 40 e interprete seu resultado.

(II) A DERIVADA NA DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ELASTICIDADE


Sabemos que, em geral, a demanda de certo produto está associada ao seu preço e que ela
normalmente diminui quando o preço do produto aumenta. Esta sensibilidade à mudança de preços da
demanda varia de produto para produto (pense nos casos: sal, sabão, passagens aéreas, móveis de marca,
considerando pequenas variações percentuais nos preços). A variação percentual na demanda, provocada
por um aumento de 1% no preço, constitui uma boa medida da sensibilidade da demanda de um produto em
relação a variações em seu preço. A ELASTICIDADE-PREÇO DE DEMANDA, denotada por E ou pela letra
grega η (eta), representa o valor aproximado da variação percentual da demanda, decorrente de um
p
aumento de 1% no preço do produto e é calculada por: E = q’(p) , onde q representa a demanda de um
q
produto e p o seu preço. Em geral a elasticidade de demanda é negativa, pois a demanda tende a diminuir à
medida que os preços aumentam. Assim, temos:
Se |E| < 1, a variação percentual na demanda será inferior ao aumento percentual no preço e dizemos que a
demanda é inelástica.
Se |E| > 1, a demanda é relativamente sensível ao aumento percentual no preço e a demanda é dita
elástica.
Se |E| = 1, a variação percentual da demanda será igual ao aumento percentual no preço e a demanda tem
elasticidade unitária.

Exemplo: A demanda para certo produto é dada por q = 100 – 5p, onde o preço varia no intervalo 0 ≤ p ≤ 20.
a) Obtenha a função que dá a elasticidade-preço da demanda. Solução: Calculamos q’(p) e substituímos
p p −5 p
q’(p) e q(p) na fórmula: E = q’(p) . Como q’(p) = -5, segue: E = -5 , ou seja, E =
q (100−5 p) (100−5 p)
b) Obtenha a elasticidade para p = 5, p = 10 e p = 15 e interprete as respostas. Solução: para p = 5, temos
−5 (5)
que E = = -0,333... (a elasticidade-preço de demanda é inelástica – quando o preço aumenta 1%,
100−5(5)
−5 (10)
a demanda diminui 0,33%); para p = 10, temos: E = = -1 (elasticidade-preço de demanda
100−5(10)
−5(15)
unitária – quando o preço aumenta 1% a demanda diminui 1%); para p = 15, temos: E = = -3
(100−5(15))
(elasticidade-preço de demanda elástica – quando o preço aumenta 1%, a demanda diminui 3%).

Podemos ainda analisar a variação da demanda e sua elasticidade em relação a outros fatores como,
por exemplo, produção, custos, oferta e renda. De maneira análoga à realizada para a demanda em função
do preço, podemos, por exemplo, definir a ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA, que mede a
sensibilidade da demanda mediante o aumento em 1% na renda do consumidor. Se a demanda q é uma
r
função da renda r, então a elasticidade-renda da demanda será dada por: E = q’(r) , onde q é a demanda
q
de um produto e r a renda. Para a maioria dos produtos, a demanda aumenta quando a renda aumenta,
assim, dizemos:
Se E < 1, a demanda é inelástica em relação à renda.
Se |E| > 1, a demanda é elástica em relação à renda.
Se |E| = 1, a demanda tem elasticidade unitária em relação à renda.

(III) DERIVADA E OTIMIZAÇÃO DE UMA FUNÇÃO


Observe no gráfico abaixo o comportamento de uma função real f(x) no intervalo fechado [2, 23]: os
pontos nele destacados, à exceção das extremidades do intervalo, correspondem aos pontos nos quais a
função muda de comportamento, passando da condição de crescimento para decrescimento ou vice-versa, e
são denominados de “pontos críticos”.

DEFINIÇÃO: denominamos de PONTO(S) CRÍTICO(S) de uma função f(x), o(s) ponto(s) de coordenada x do
domínio de f para o(s) qual(is) f’(x) = 0 ou no(s) qual(is) f’(x) não está definida. Os pontos críticos de f(x) são
seus possíveis pontos de máximo ou de mínimo. Assim, para determiná-los basta identificar quais valores de
x satisfazem f’(x) = 0 ou nos quais a derivada da função não está definida. Existem dois tipos de pontos de
mínimo e de máximo: os locais (ou relativos) e os globais (ou absolutos).

MÁXIMOS E MÍNIMOS LOCAIS (OU RELATIVOS): Para uma função real f(x), dizemos que o ponto
c é ponto de máximo local (ou máximo relativo) se o valor f(c) for o maior valor que a função assume
para x numa vizinhança de c. Em outras palavras, se c é máximo local, então f(c) ≥ f(x) para todo x na
vizinhança de c (tanto à direita quanto à esquerda). De modo análogo, dizemos que o ponto c é ponto de
mínimo local (ou mínimo relativo) se o valor f(c) for o menor valor que a função assume para x numa
vizinhança de c (tanto à direita quanto à esquerda). Em outras palavras, se c é mínimo local, então f(c) ≤
f(x) para todo x na vizinhança de c. No gráfico dado acima, os pontos (9,30) e (18,95) são pontos de mínimo
relativo e (5, 75) e (15, 110) de máximo relativo. OBSERVAÇÃO: Sobre os pontos (2, 45) e (23, 130), não é
possível dizer se são de mínimo ou máximo locais, pois não é possível estabelecer vizinhança para análise
do comportamento da função.
PROCEDIMENTO ALGÉBRICO GERAL: Para determinarmos os pontos de máximo e de mínimo
relativos no domínio de uma função real f(x), se estes existirem, procedemos do seguinte modo:
PASSO 1) Identificamos a derivada f’(x) da função;
PASSO 2) Fazemos: f’(x) = 0 e resolvemos a equação resultante - determinando os valores de x de todos os
pontos críticos da função (ou seja, determinamos os valores para os quais f’(x) = 0);
PASSO 3) Fazemos o teste da segunda derivada para os valores de x determinados no passo anterior,
concluindo o que segue: o ponto crítico será de máximo relativo se f ’’(x) < 0 e será de mínimo relativo se f
’’(x) > 0. Se f ’’(x) = 0, o teste é inconclusivo e será preciso analisar a vizinhança do ponto para se chegar a
um resultado decisivo.

MÁXIMOS E MÍNIMOS GLOBAIS (OU ABSOLUTOS): Para uma função contínua f(x), dizemos que
o ponto c é ponto de máximo global (ou máximo absoluto) se o valor f(c) for o maior valor que a função
assume para todo x em um intervalo fechado a ≤ x ≤ b. De modo análogo, dizemos que o ponto c é ponto de
mínimo global (ou mínimo absoluto) se o valor f(c) for o menor valor que a função assume para todo x em um
intervalo fechado a ≤ x ≤ b. Considerando o gráfico dado inicialmente, temos: ponto de mínimo global: (9, 30)
e ponto de máximo global: (23, 130).
PROCEDIMENTO ALGÉBRICO GERAL: Para determinarmos os extremos absolutos de uma função
f(x) contínua em um intervalo fechado a ≤ x ≤ b, procedemos do seguinte modo:
PASSO 1) Identificamos a derivada f’(x) da função;
PASSO 2) Calculamos as coordenadas de x de todos os pontos críticos de f no intervalo a ≤ x ≤ b
(verificando os pontos em que f’(x) = 0);
PASSO 3) calculamos f(x) (ou seja, usamos a função original) nos pontos críticos e nas extremidades do
intervalo, isto é, em x = a e x = b; iii) o maior valor encontrado no passo anterior será o ponto de máximo
absoluto do intervalo e o menor será o ponto de mínimo absoluto.

Questões propostas:
1. O gráfico traz o valor em reais (R$) da moeda norte americana no decorrer dos dias t.

Quais os pontos de máximo/mínimo local e global (se existirem)? Quais os intervalos de crescimento
do valor do dólar? Quais os intervalos de decrescimento do valor do dólar?

2 Para as funções que seguem, indique os pontos de máximo ou mínimo local e/ou global, se existirem; os
valores de máximo ou mínimo local e/ou global, se existirem, interpretando seus significados práticos.
a. L(x) = x3 – 30x2 + 300x – 400 (Lucro L para quantidade x vendida; 0 ≤ x ≤ 20)
b. P(t) = –t3 + 12t2 (Produção P de um operário no decorrer das t horas; 0 ≤ t ≤ 12)
c. N(t) = t2 – 20t + 150 (Unidades N vendidas no decorrer dos t dias; 0 ≤ t ≤ 30)
d. L(q) = –q4 + 8q2 – 7 (Lucro L para quantidade q vendida; 0 ≤ q ≤ 5)
e. P(q) = 9.000q1/3 (Produção P para a quantidade q de insumo; q ≥ 0)

3. O lucro total semanal obtido com a venda de q unidades de certo produto é dado por L(q) = -400q 2 +
6800q – 12.000. Usando derivação, determine para que valor de q o lucro é máximo.
4. O custo total de fabricação de q centenas de unidades de certa mercadoria é C(q) = q 2 - 5q + 7 milhares
de dólares. Em que nível de produção o custo por unidade é mínimo, no intervalo entre 100 e 300 unidades?

5. O custo total de fabricação de q unidades de certa mercadoria é C(q) = 3q 2 + 5q + 75 reais. Em que nível
de produção o custo médio por unidade será o menor?

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