Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FITOTERÁPICOS
1
Sumário
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4
3. CONTROLE DA QUALIDADE DO PRODUTO ACABADO ........................... 12
4. TÉCNICAS DE CONTROLE DE QUALIDADE................................................ 12
5. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE DA CONSTITUIÇÃO QUÍMICA .......... 14
6. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE MICROBIOLÓGICO ............................. 17
7. VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 18
8. COMPROVAÇÃO DE SEGURANÇA E EFICÁCIA DE MEDICAMENTOS
FITOTERÁPICOS ...................................................................................................... 21
9. BULAS ............................................................................................................... 26
10. ROTULAGEM................................................................................................. 27
11. RESTRIÇÃO DE VENDA ............................................................................... 29
12. EXIGÊNCIAS PARA O PÓS-REGISTRO....................................................... 30
12.1. RENOVAÇÃO ............................................................................................. 30
12.2. PÓS-REGISTRO .......................................................................................... 31
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 32
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 33
2
NOSSA HISTÓRIA
3
1. INTRODUÇÃO
Figura 1: Análises de controle da qualidade.
Fonte: https://www.docsity.com/pt/fitoterapico-2/4756386/
4
tratamentos "naturais", crescente validação científica das propriedades farmaco-
lógicas de espécies vegetais, desenvolvimento de novos métodos analíticos para
o controle de qualidade, desenvolvimento de novas formas de preparações e
administração dos produtos e relativo baixo custo (Cañigueral et al., 2003; Melo
et al., 2007)
5
O aumento da utilização dos fitoterápicos, tanto no Brasil quanto no
mundo, tem sido associado a um maior questionamento por parte da população
a respeito dos perigos do uso abusivo de produtos farmacêuticos sintéticos, uma
vez que ela está substituindo o seu uso por plantas medicinais. O Brasil é consi-
derado um país privilegiado, considerando sua extensão e o diversificado ecos-
sistema, detendo aproximadamente um terço da flora mundial. Existe também
no país estudiosos contribuindo para o desenvolvimento da química de produtos
naturais (Yamamoto et al., 2004; MARLIÉRE et al., 2008).
Segundo projeções de Carvalho et al., (2006), até 2008 houveram 512
medicamentos fitoterápicos registrados no Brasil, sendo 80 associados e 432
simples, ou seja, obtidos de derivados de um única espécie vegetal. Dentre os
medicamentos fitoterápicos registrados, as principais formas farmacêuticas ca-
dastradas foram as cápsulas e comprimidos. Entre as demais se têm a solução
oral, o xarope, as drágeas, o elixir e as tinturas. Existe a predominância de for-
mas farmacêuticas sólidas no registro de fitoterápicos, sendo registradas na AN-
VISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, acerca de 162 espé-
cies vegetais, originárias de países asiáticos, europeus e da América do sul,
principalmente.(SILVA et al., 2006).
De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais
(IBPM), o mercado de medicamentos fitoterápicos movimenta até 500 milhões
de dólares por ano, somente no Brasil. Há uma estimativa que,no mundo seria
gasto cerca de US$ 27 bilhões (em torno de 7% do mercado mundial de medi-
camentos) com plantas medicinais. O mercado farmacêutico tradicional cresce,
mundialmente, de 3% a 4% ao ano, enquanto o de fitoterápicos sobe de 6% a
7% (BOTSARIS, 2010).
Com a ampliação do consumo, exige-se a normatização do setor, com a
implantação e a constante revisão de normas técnicas para a produção e comer-
cialização de medicamentos, visando garantir a segurança no uso e a eficácia
terapêutica aliada à qualidade do produto (FREITAS, 2007). É indispensável, um
rigoroso controle de qualidade dos dados que revelam a origem de plantas me-
dicinais utilizadas nos medicamentos e suas especificações técnicas. O Controle
de qualidade é a grande preocupação do momento; é preciso estar preparado
para lidar com ele, tanto no que se refere à qualidade de informação, quanto na
formação de profissionais. Um dos pontos a ser ressaltado é a identificação da
6
origem das plantas, pois a partir disso o processo de contaminação, não só mi-
crobiológico, mas químico, pode ocorrer comprometimento de toda a qualidade
do produto fitoterápico, trazendo danos de natureza grave aos que os utilizarem
(PORTAL EDUCAÇÂO, 2010). No Brasil, a Resolução RDC nº 48, de 16 de
março de 2004, estabelece que a pesquisa de contaminantes microbiológicos
em fitoterápicos deve estar de acordo com especificações da farmacopéia.
Fonte: https://guiadafarmacia.com.br/especial/plantas-medicinais-ou-fitoterapicos-saiba-
diferencia-los/
7
No Brasil, em 2004, foi aprovada a Resolução nº 48, que dispõe sobre o
registro de medicamentos fitoterápicos e, entre outros pontos, abrange as etapas
de controle de qualidade da droga vegetal, do produto acabado e da importação
de produtos fitoterápicos (Anvisa, 2004).
8
Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
695X2010000300023
9
tem o objetivo de desvincular os fitoterápicos da idéia de serem produtos de
qualidade inferior ou sem potencial de risco tóxico.
A transformação de uma planta em medicamento deve visar à preserva-
ção da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância
de sua ação biológica e segurança de utilização. Para alcançar esses objetivos,
a produção de fitoterápicos requer estudos prévios relativos ao desenvolvimento
de metodologias analíticas e tecnológicas. É justamente essa fundamentação
que diferencia o medicamento fitoterápico propriamente dito das plantas medici-
nais e das preparações utilizadas na medicina popular.
O uso de plantas medicinais e fitoterápicos deve se dar de maneira orien-
tada, de modo que o uso inadequado não ocasione problemas à saúde que vão
desde a ineficácia terapêutica a reações adversas severas, dependendo da
forma de uso. Por isso, é importante que seja realizado o controle sanitário des-
tes produtos e a conscientização da população sobre seus riscos, visto que a
idéia de que produto de origem natural não faz mal à saúde ainda encontrase
amplamente disseminada.
Os cuidados a serem tomados com o uso de fitoterápicos são os mesmos
destinados aos outros medicamentos: buscar informações com os profissionais
de saúde; informar ao médico o uso de plantas medicinais ou fitoterápicos, prin-
cipalmente antes de cirurgias, além do aparecimento de reações desagradáveis,
caso estas aconteçam; observar os cuidados especiais com gestantes, lactan-
tes, crianças e idosos; adquirir fitoterápicos apenas em farmácias e drogarias
autorizadas pela Vigilância Sanitária; seguir as orientações da bula e embala-
gem; observar a data de validade, nunca utilizar medicamentos vencidos; e ter
cuidado ao associar medicamentos, o que pode promover a diminuição dos efei-
tos ou provocar reações indesejadas.
A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos é realizada pela An-
visa, órgão federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pelo
registro de medicamentos e outros produtos destinados à saúde. A Vigilância
Sanitária age em um vasto campo de atuação, representando a intervenção do
Estado nas atividades de produção e consumo, sobrepondo interesses sanitários
aos econômicos em defesa da saúde da população.
10
A RDC n° 14/2010 (68), regulamentação em vigor para o registro de me-
dicamentos fitoterápicos, determina que, para efeito de registro, se faz necessá-
rio a elaboração de um relatório de controle de qualidade, incluindo análises qua-
litativas e quantitativas dos princípios ativos e/ou marcadores. O marcador é o
composto ou classe de compostos químicos (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos
graxos, etc.) presentes na matéria-prima vegetal, preferencialmente tendo cor-
relação com o efeito terapêutico, que é utilizado como referência no controle da
qualidade da matéria-prima vegetal e do medicamento fitoterápico.
Todos os fitoterápicos industrializados devem ser registrados na Anvisa
antes de serem comercializados, a fim de garantir que a população tenha acesso
a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade comprovada. Com esse pro-
cedimento, minimiza-se a exposição a produtos passíveis de contaminação e
padroniza-se a quantidade e a forma certa que deve ser usada, permitindo uma
maior segurança de uso.
Deve ser utilizada metodologia descrita em farmacopeias ou formulários
oficiais reconhecidos pela Anvisa, ou validar a metodologia analítica no controle
de qualidade. Se houver a metodologia na Farmacopeia Brasileira (FB), esta
deve ser obrigatoriamente a seguida, em relação às demais conhecidas, de-
vendo-se dar prioridade à edição mais recente. Métodos farmacopeicos nem
sempre são os mais avançados do ponto de vista científico, mas são os métodos
oficiais nos quais serão baseadas as decisões em caso de dúvida ou litígio.
Não havendo a metodologia nos compêndios oficiais, deve ser feita a va-
lidação com o objetivo de demonstrar que o método é apropriado para a finali-
dade pretendida, ou seja, a determinação qualitativa, quantitativa e/ou semi-
quantitativa de fármacos e outras substâncias em produtos farmacêuticos. Para
tanto, o método deve apresentar os parâmetros especificados para validação de
métodos analíticos explicitados na RE 899/03 . Todas as metodologias utilizadas
no controle da qualidade devem ser enviadas para a Anvisa com a indicação da
fonte bibliográfica ou de desenvolvimento .
11
3. CONTROLE DA QUALIDADE DO PRODUTO ACA-
BADO
Figura 3: Medicamento pronto para o uso.
Fonte: http://andreiatorres.com/blog/2017/7/10/o-que-alternativo-uma-planta-ou-um-medi-
camento-desnecessrio
Produto acabado/terminado é aquele produto que, após ter passado por
todas as fases de produção e acondicionamento, está pronto para a venda/con-
sumo. Antes de ser liberado para o mercado, todo lote de produto fabricado deve
ser aprovado pelo controle da qualidade, conforme as especificações estabele-
cidas e mediante processo claramente definido e documentado. Somente o con-
trole de qualidade tem autoridade para liberar um produto acabado .
Na ausência de uma substância específica identificada, podem ser quan-
tificados vários marcadores e estabelecida uma relação fixa entre eles que ca-
racterize o extrato e o produto final. Os flavonoides podem ser citados como
exemplo de componentes inespecíficos: o extrato de Ginkgo biloba L é padroni-
zado pela relação fixa entre três flavonoides (quercetina, canferol e isoramne-
tina) e terpenolactonas (bilobalídeo, gincolídeos A, B, C e E). Todos esses com-
ponentes devem ser quantificados. No caso de associações, é necessário que
se determine um marcador específico para cada planta. A soma das quantidades
medidas de um mesmo marcador em diferentes plantas no produto final pode
não ser correta, por não possibilitar a avaliação da proporção de cada planta no
produto acabado.
12
Fonte: http://www.fiocruz.br/omsambiental/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=printer-
view&sid=13&infoid=144
13
precisos e determinação das variações de bioatividade (Phillipson, 1995). Con-
tudo, vários são os exemplos de que a bioatividade pode ser o resultado do si-
nergismo entre os constituintes de uma determinada planta. Já foram relatados
casos de constituintes tidos como ativos que, quando isolados, apresentaram-se
tóxicos para uso humano ou com solubilidade limitada (Liang et al., 2004; Spring-
field et al., 2005).
Deve-se ter em mente que o uso de matéria vegetal falsificada pode ocor-
rer pela variedade de nomenclaturas populares para diferentes espécies. Desta
forma, é importante o conhecimento da espécie correta pelo seu nome científico
pelos coletores e distribuidores do material, além da existência de técnicas pa-
drão que confirmem a identidade da amostra (Duarte & Bardal, 2002; Alves et
al., 2007). O primeiro passo de identificação de uma espécie vegetal pode ser
feito pelas suas características morfo-histo-anatômicas, macro e microscopica-
mente (Duarte & Menarim, 2006).
14
Fonte: https://marcioantoniassi.wordpress.com/2015/12/18/mestrado-profissional-em-
plantas-medicinais-e-fitoterapicos-na-atencao-basica-2/
15
Métodos mais modernos como extração por fluido supercrítico, por líquido
pressurizado e destilação por microondas propiciam melhor extração, redução
do consumo de solventes orgânicos, da degradação da amostra e dos passos
de purificação (Drasara & Moravcova, 2004; Deng et al., 2007). A determinação
da constituição química da amostra pode ser feita por diferentes técnicas croma-
tográficas: cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia líquida de
alta eficiência (CLAE), cromatografia gasosa (CG) e eletroforese capilar (EC)
(Liang et al., 2004).
16
por apresentar seletividade, capacidade de separação cromatográfica e precisão
de resultados (Mukherjee, 2002; Liang et al., 2004).
Embora a CLAE seja aplicada à grande maioria das drogas e dos produ-
tos vegetais, foi observado que alguns produtos originados da medicina alterna-
tiva não se adequam a essas técnicas por serem constituídos por uma variedade
de princípios ativos, dificultando seu processo de controle de qualidade. Nesses
casos, alguns autores propõem métodos biológicos para análise destas plantas
e suas preparações (Huang et al., 2004; Rong et al., 2007).
Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cidades/cienciamambiente/noti-
cia/2015/10/25/ufpe-avalia-qualidade-de-medicamentos-fitoterapicos-205013.php
17
de insetos e animais carregadas de bactérias e esporos (Rocha et al., 2004). A
contaminação por esses microrganismos pode acarretar deterioração do mate-
rial por ser fonte de enzimas e de patógenos, podendo levar ao desenvolvimento
de doenças. São produtos de alto risco, sendo necessário definir medidas ade-
quadas de controle higiênico-sanitário para garantir a qualidade e segurança
deste tipo de produto desde a coleta, armazenamento e manipulação até o pro-
duto final (Kneifel et al., 2002).
7. VALIDAÇÃO
Figura 7: Validação de méodos.
Fonte: https://nominuto.com/noticias/cidades/fitoterapicos-sao-uma-opcao-menos-
agressiva-de-tratamento/50657/
A validação de um método analítico pode ser definida como um pro-
cesso baseado na documentação, na obtenção e na análise de dados, por meio
dos quais é possível estabelecer e executar procedimentos de análise, bem
como identificar e controlar os fatores de variação, objetivando assegurar a qua-
lidade de um produto, demonstrando que este é cientificamente confiável para
as condições experimentais definidas (ver Capítulo 24 – Validação de métodos
analíticos).16 Um de seus objetivos é assegurar a reprodutibilidade dos resulta-
dos.
18
O rigor na avaliação dos resultados e no estabelecimento dos limites
de confiança é condicionado pela complexidade do método, precisão e sensibi-
lidade dos instrumentos, composição e homogeneidade amostrais, além de ou-
tras exigências analíticas incidentes.
19
mento, membros dos comitês técnicos temáticos, resultando, em 2010, na publi-
cação da 5ª edição, a qual revoga as quatro edições anteriores. Para isso, todas
as monografias passaram por consulta pública para avaliação e contribuições da
população, incluindo as monografias de plantas medicinais e seus derivados.
A RE nº 899/2003 também determina que metodologias constantes em
farmacopeias reconhecidas não precisam ser validadas. Entretanto, essa deter-
minação é válida apenas se o derivado utilizado no produto final tiver sido extra-
ído da planta com o mesmo solvente usado na metodologia farmacopeica e se
não possuir adição de excipientes. A alteração na obtenção do extrato ou a adi-
ção de algum excipiente levam a uma composição diferente do extrato e são
consideradas uma mudança na composição do produto acabado, sendo neces-
sária a validação da metodologia analítica. Os parâmetros a serem validados
nessa situação dependem principalmente da alteração realizada no processo de
produção, mas, de forma geral, são linearidade, especificidade, exatidão e pre-
cisão. Como a maioria dos extratos contém algum excipiente adicionado à sua
composição, tais como lactose e maltodextrina, e como nem sempre o laudo do
fornecedor contempla essa informação, é recomendável que uma revalidação
da metodologia analítica seja realizada para esses casos.
Caso seja utilizada uma metodologia analítica não descrita nos compêndios
oficiais, deve-se realizar a validação desta com o objetivo de demonstrar que o
método é apropriado para a finalidade pretendida, qual seja, determinação qua-
litativa, quantitativa ou semiquantitativa dos marcadores.
20
identidade e o teor sejam devidamente comprovados por meio de laudo de aná-
lise, incluindo resultados da análise química, físico-química e espectroscópica.17
Para fitoterápicos, além de SQRs, também podem ser utilizados os
extratos padrões oficializados, como os disponibilizados pela Farmacopeia Ame-
ricana (USP), desde que acompanhados de laudos de análise e do perfil croma-
tográfico do fornecedor.
Não havendo disponibilidade do padrão de referência, é possível qua-
lificar um lote de derivado vegetal por meio de SQR e do perfil cromatográfico e
usar esse derivado qualificado como padrão de trabalho. Para tanto, devem-
se determinar o teor e a identidade do marcador em relação à SQR e apresentar
os dados da qualificação, o número de lote da SQR e do extrato qualificado, bem
como seu prazo de validade.
Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2016/02/fitoterapicos-
para-engravidar-funcionam-mesmo.html
Para o registro de medicamentos fitoterápicos, é necessária a com-
provação da sua segurança e eficácia, que, conforme a RDC nº 14/2010, pode
ser atendida por meio de uma das quatro alternativas:
21
2. Evidências a partir de ensaios toxicológicos e farmacológicos pré-clíni-
cos e clínicos;
3. Levantamentos etnofarmacológicos ou de utilização; ou
4. Presença na lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado.
22
É importante salientar que, para que a pontuação seja obtida, os estudos
contidos nas obras selecionadas devem referir-se ao derivado vegetal, e não a
um componente de origem natural isolado; que este derivado esteja padronizado
ou que ao menos indique a relação droga vegetal/derivado; e ainda, que o deri-
vado empregado na produção do medicamento a ser registrado indique obtido a
partir do mesmo solvente indicado na referência utilizada.
23
As boas práticas clínicas determinadas nessas normas devem ser
aplicadas em todos os estágios de experimentações clínicas de assegurar que
os requisitos de qualidade e de ética sejam contemplados. O Guia para realiza-
ção de pesquisa clínica, publicado pela Anvisa, determina que, antes da realiza-
ção de cada pesquisa, as propostas de estudos sejam aprovadas pela Anvisa
com a emissão do comunicado especial (CE). Esse documento é necessário
para a execução de protocolo de pesquisa no Brasil. Essa norma aplica-se a
todas as pesquisas clínicas com medicamentos, fases I, II e III, que possam sub-
sidiar registros e alterações pós-registro de medicamentos.
Salienta-se, ainda, que é necessária a autorização do comitê de ética
em pesquisa local antes da solicitação da anuência do protocolo pela Anvisa e
do início da pesquisa, de modo a resguardar a população submetida ao estudo.
Outra forma possível de comprovação de segurança e eficácia é com
a comprovação da tradição de uso por meio de estudo etnofarmacológico ou
etno orientado de utilização e documentações técnico-científicas, reconhecendo
a eficácia e a segurança do produto que tenha uso comprovado por um período
igual ou superior a 20 anos.
A abordagem etnofarmacológica consiste em combinar informações
adquiridas junto a usuários da flora medicinal (comunidades e especialistas tra-
dicionais), com estudos químicos e farmacológicos. O método etnofarmacológico
permite a formulação de hipóteses quanto às atividades farmacológicas e às
substâncias ativas responsáveis pelas ações terapêuticas relatadas.
24
Para utilizar uma informação tradicional na comprovação de segu-
rança e eficácia de um medicamento fitoterápico, é imprescindível que informa-
ções sobre dosagem, via de administração recomendada e método de prepara-
ção sejam semelhantes à tradicionalmente utilizada. Os estudos etnofarmacoló-
gicos estão lastreados no uso da planta medicinal, principalmente na forma de
infusos e decoctos. Para que um produto possa ser avaliado considerando esse
aspecto, este deve seguir o mais proximamente possível a forma de uso tradici-
onal, pois seu perfil químico pode ser bastante diferente do utilizado tradicional-
mente, dependendo da forma e do tipo de extração empregada para obtenção
do derivado
Existe ainda uma lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplifi-
cado, publicada como Instrução Normativa (IN) nº 5, de 11 de dezembro de 2008,
que contempla 36 espécies vegetais para as quais é dispensada a comprovação
de eficácia e segurança para o medicamento fitoterápico correspondente, consi-
derando que dados de estudos com essas espécies são amplamente difundidos.
25
9. BULAS
A regulamentação das bulas de medicamentos fitoterápicos segue o
disposto na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 47, de 8 de setembro de
2009,30 a qual estabelece regras para elaboração, harmonização, atualização,
publicação e disponibilização de bulas de medicamentos para pacientes e pro-
fissionais de saúde.
Concomitantemente à preocupação com o conteúdo das bulas de me-
dicamentos e sua padronização, que levou à recente publicação da RDC nº
47/2009, houve também a preocupação com as diferentes formas de utilização,
as indicações farmacêuticas permitidas, as diferentes posologias e as restrições
de uso de um mesmo derivado de droga vegetal presente nos medicamentos
fitoterápicos registrados. Nesse sentido, foram padronizadas, por meio da ado-
ção de bulas-padrão, as informações disponíveis e comprovadas cientificamente
sobre 18 plantas medicinais que dão origem a medicamentos fitoterápicos. Es-
sas plantas são apresentadas no Quadro 1.
Os fabricantes de medicamentos obtidos a partir dessas espécies ve-
getais devem adotar, em seus produtos, o texto da bula-padrão disponibilizado
no bulário eletrônico da Anvisa. Os textos padronizados podem ser modificados
apenas em dois casos: quando da republicação da norma, que pode ocorrer por
iniciativa da Anvisa ou por solicitação de qualquer interessado, ou quando forem
apresentados estudos clínicos específicos para o produto, conforme determina
a RDC nº 47/2009, e que apontem desfechos relativos a informações não pre-
vistas na bula-padrão.
Os medicamentos fitoterápicos que ainda não tiverem suas bulas pa-
dronizadas devem seguir a RDC nº 47/2009 em forma e conteúdo.
Aesculus hippocastanum
Allium sativum
Calendula officinalis
26
Cimicifuga racemosa
Cynara scolymus
Echinacea purpurea
Ginkgo biloba
Glycine max
Hypericum perforatum
Maytenus ilicifolia
Passiflora incarnata
Paullinia cupana
Peumus boldus
Piper methysticum
Rhamnus purshiana
Senna alexandrina
Serenoa repens
Valeriana officinalis
Fonte: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/6115/registro_de_medi-
camentos_fitoterapicos.htm
10. ROTULAGEM
Figura 9: Medicamentos rotulados.
Fonte: https://www.promtec.com.br/rotulagem-de-medicamentos-e-produtos-farmaceuti-
cos/
27
A regulamentação da rotulagem de fitoterápicos segue o disposto na
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 71, de 22 de dezembro de 2009, a
qual estabelece regras para a rotulagem de medicamentos. Essa norma revo-
gou, em parte, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 333, de 19 de no-
vembro de 2003, que ainda está vigente quanto à regulamentação de nomes
comerciais de medicamentos juntamente com o disposto na Lei nº 6.360, de 23
de setembro de 1976 e no Decreto nº 79.094, de 5 de janeiro de 1977. Essa
resolução não é específica para fitoterápicos, mas contempla itens que versam
apenas sobre o assunto. Especificamente em relação aos nomes adotados para
fitoterápicos, a RDC nº 333/2003 explicita a possibilidade de adotar o nome po-
pular ou o sinônimo utilizado na literatura técnica. Na falta destes, pode ser ado-
tada uma parte da nomenclatura botânica associada ao nome da empresa. A
norma também determina que, nas embalagens, após o nome comercial, deve
constar a nomenclatura botânica da espécie vegetal que deu origem ao medica-
mento fitoterápico.
Deve-se observar também o nome escolhido para o medicamento fi-
toterápico, de modo a não induzir o consumidor a erro ao solicitar um nome se-
melhante a outro existente no mercado, segundo a Lei nº 6.360/1976 e a RDC
nº 333/2003. É necessário que haja uma distinção em pelo menos três letras em
relação ao nome de outro produto já registrado junto à Anvisa.
Outro aspecto importante é a proibição de designações, nomes geo-
gráficos, símbolos, figuras, desenhos e quaisquer indicações na rotulagem dos
produtos que possibilitem interpretação falsa, erro ou confusão quanto à origem,
à procedência, à natureza, à composição e à qualidade ou que atribuam ao pro-
duto finalidades e características diferentes das que realmente possua.
Entre as novidades introduzidas com a RDC nº 71/2009 estão a obri-
gatoriedade de apresentação do nome do medicamento em sistema Braille em
suas embalagens secundárias, possibilitando mais acessibilidade e segurança
no uso dos medicamentos por portadores de deficiência visual. Outra mudança
é a proibição da utilização exclusiva de relevo negativo ou positivo, sem cor ou
com cor, que não mantenha nítido e permanente o contraste com a cor do su-
porte para a impressão das informações de número do lote, data de fabricação
e data de validade. Além disso, os rótulos devem trazer ainda alertas sobre cui-
dados de conservação após o preparo do medicamento ou tempo de validade
28
reduzido após a abertura da embalagem. A inclusão de mecanismos de identifi-
cação e segurança que possibilitem o rastreamento do produto desde a fabrica-
ção até o momento de dispensação também está prevista na norma.
29
12. EXIGÊNCIAS PARA O PÓS-REGISTRO
12.1. RENOVAÇÃO
Conforme determina a Lei nº 6.360/1976, todas as empresas detento-
ras de registro no último semestre do quinquênio de validade do registro devem
solicitar a renovação do registro anteriormente concedido, já que, segundo essa
norma, o registro sanitário é uma autorização de comercialização do produto
pelo período definido de cinco anos.
30
os medicamentos fitoterápicos registrados por laboratórios oficiais, que são la-
boratórios públicos produtores de medicamentos para atender às necessidades
dos programas do SUS; para os medicamentos fitoterápicos que não foram pro-
duzidos e, conseqüentemente, comercializados, no último período de regis-
tro, deve-se apresentar justificativa da não comercialização no momento da so-
licitação de renovação de registro.
Para os medicamentos fitoterápicos importados, o dossiê de renova-
ção de registro deve conter, além de toda a documentação anteriormente men-
cionada, laudos de controle de qualidade físico-química, química, microbiológica
e biológica, de acordo com a forma farmacêutica, realizados pelo importador, no
Brasil, de três lotes do medicamento importados nos últimos três anos.
12.2. PÓS-REGISTRO
Qualquer modificação nas características de um medicamento fitote-
rápico registrado, como alterações, inclusões, notificações e cancelamentos,
deve ser aprovada pela Anvisa antes de sua implementação por parte do fabri-
cante.
31
estabilidade de longa duração do medicamento fitoterápico quando estes não
forem enviados concluídos no momento de submissão do registro. Isso ocorre
devido ao fato de as normas preverem a possibilidade do envio dos estudos de
estabilidade acelerado concluído e o de longa duração em andamento no mo-
mento da solicitação de registro do produto. Assim, ao medicamento é dado um
prazo de validade provisório, que deve ser confirmado mediante apresentação
da conclusão do estudo de estabilidade de longa duração do produto. O não
cumprimento do item acarreta instauração de processo administrativo para apu-
ração de infração sanitária, conforme previsto no próprio texto do regulamento.
32
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
33
Anvisa 2004. Resolução RDC nº 48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o
registro de medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União. Disponível
em http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=10230.
Blank AF, Costa AG, Arrigoni-Blank MF, Cavalcanti SCH, Alves PB, Innecco R,
Ehlert PAD, Sousa IF 2007. Influence of season, harvest time and drying
on Java citronella (Cymbopogon winterianus Jowitt) volatile oil. Rev Bras
Farmacogn 17: 557-564.
Bugno A, Buzzo AA, Nakamura CT, Pereira TC, Matos D, Pinto TJA 2005. Ava-
liação da contaminação microbiana em drogas vegetais. Rev Bras Cien Far-
mac 41: 491-497.
Brandão MGL, Cosenza GP, Moreira RA, Monte-Mor RLM 2006. Medicinal
plants and other botanical products from the Brazilian Official Pharmaco-
poeia. Rev Bras Farmacogn 16: 408-420.
De Smet PAGM 2004. Health risks of herbal remedies: an update. Clin Phar-
macol Ther 76: 1-17.
34
Duarte MR, Bardal D 2002. Qualidade de amostras de fármacos vegetais co-
mercializados em Curitiba - PR. Visão Acadêmica 3: 65-68.
35
Netto EM, Shuqair NSMSAQ, Balbino EE, Carvalho ACB. Comentários sobre
o registro de fitoterápicos. Revista Fitos. 2006;1(3):9-17.
David JPL, Nascimento JAP, David JM. Produtos fitoterápicos: uma perspec-
tiva de negócio para a indústria, um campo pouco explorado pelos farma-
cêuticos. Infarma. 2004;16(9-10):71-6.
36
Aragão CFS. Controle de qualidade de medicamentos: parte I análise de fi-
toterápicos e sua validação 2006.
Sites:
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/13295/6/2015_MarcoAntonioBatista-
daSilva.pdf
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/6115/regis-
tro_de_medicamentos_fitoterapicos.htm
37