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Série: A Teologia do Espírito Santo

Pr. Ângelo Márcio Ep. 3

A doutrina da trindade
NA HISTÓRIA DA IASD

INTRODUÇÃO
a) Feliz sábado!

b) RESUMO DA SÉRIE:

Nesta série de mensagens sobre “A Teologia do Espírito Santo”, já passamos


por dois temas. O primeiro foi “A Divindade do Espírito Santo”, onde estudamos
vários textos bíblicos e concluímos que o a terceira pessoa da trindade,
chamada de Espírito Santo é tão divino quanto Deus Pai e Deus Filho.

Na semana passada, no segundo tema, questionamos se Jesus e o Espírito


Santo são a mesma pessoa? Concluímos que biblicamente tal afirmação é
impossível.

E, hoje, estudaremos sobre as crenças dos pioneiros da Igreja Adventista do


Sétimo Dia referente a Trindade.

c) O grupo antitrinitariano, dissidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia,


intitulados de “Adventistas Históricos” afirmam que até 1980, a Igreja
Adventista NÃO acreditava no Espírito Santo como a terceira pessoa da
Trindade, mas apenas em Deus Pai Criador e Seu Filho, Redentor.

d) Eles também afirmam que a Igreja Adventista do Sétimo Dia maculou sua
doutrina aceitando em seu Credo a doutrina do Espírito Santo com a terceira
pessoa da Trindade.

e) Hoje vamos estudar o que a Bíblia ensina sobre este assunto e como os
pioneiros Adventistas interpretavam tais ensinos.

f) Leitura: Efésios 4:30.

1. GUILHERME MILLER: O PAI DA FÉ ADVENTISTA.

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a) Agora vejamos o que alguns pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia criam
a respeito do Espírito Santo e da Trindade.

b) Vamos começar com Guilherme Miller. Quem foi este homem e qual a sua
importância na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia?

c) Breve resumo da história de Guilherme Miller:

Guilherme Miller foi fazendeiro americano que viveu em Nova Iorque entre os anos de
1782 e 1849. Ele era um profundo estudioso das Escrituras Sagradas.

No ano de 1818, como resultado de seu estudo das profecias de Daniel 8 e 9 sobre a
profecia das 2300 tardes e manhãs (Dn 8:14), Miller chegou à conclusão de que o
Santuário que a profecia se referia era a Terra e a sua purificação se daria com a volta
de Jesus Cristo. De acordo com os seus cálculos, a volta de Cristo aconteceria entre
1843 e 1844. Ele hesitou até 1831, antes que começasse a anunciar suas descobertas
(algo em torno de 13 anos) enquanto estudava ainda mais a fundo a veracidade de
tais fatos.

O início do movimento Adventista na América do Norte pode ser marcado a partir da


primeira pregação pública de Miller. Nos meses e anos que se seguiram, mais de 2.000
sermões foram pregados por Miller em quase todas as cidades dos Estados Unidos
na época e cerca de 100.000 pessoas passaram a crer na iminência da segunda vinda
de Cristo.

Podemos considerar que Guilherme Miller foi o pai do movimento Adventista, que
posteriormente se tornou a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

d) Declaração de Fé de Guilherme Miller (1822), publicada primeiramente no livro


“Memoirs of Miller”, escrito por Sylvester Bliss em 1853 e, posteriormente, num
artigo da Review and Herald intitulado “The Midnight Cry” de Francis D. Nichol
em 1898:

“Creio em um só Deus vivo e verdadeiro, e que há três pessoas na


Divindade, assim como há no homem corpo, alma e espírito. E, se alguém me
disser como estes existem, eu lhe direi como as três pessoas do Deus
triúno estão relacionadas.”

2. JOSHUE V. HIMES E A IGREJA CONEXÃO CRISTÃ.


a) No entanto, um dos melhores amigos de Guilherme Miller, foi o Pr. Joshue V.
Himes da Igreja Conexão Cristã. Ele foi quem primeiro convidou Miller para

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pregar sobre a eminente volta de Jesus e quem, posteriormente, patrocinou,


promoveu e distribuiu publicações sobre o tema.

b) Porém, o Pr. Himes não acreditava na Trindade como fazia Miller. Certa vez, em
1833, foi convidado a escrever um artigo sobre as crenças da Igreja Conexão
Cristã, a qual fazia parte, na Encyclopedia of Religious Knowledge de J. Newton
Brown. Ele escreveu:

“Existe apenas um Deus vivo e verdadeiro, o Pai Todo-Poderoso, não-


originado, independente e eterno, o Criador e Sustentador de todos os
mundos... Cristo é o Filho de Deus... O Espírito Santo é o poder e a energia de
Deus, a influência santa de Deus...”

c) Agora, como pode, alguém com crenças tão distintas, se unirem? Na verdade,
este assunto não preocupava nenhum dos dois. Pois a mensagem de sua
pregação não era pautada no assunto da Trindade, mas na eminente volta de
Jesus à Terra.

3. FAMÍLIA HARMON E A IGREJA METODISTA.


a) Boa parte dos pioneiros Adventistas eram da igreja Metodista. Até mesmo a
família de Ellen Gould Harmon eram Metodista. E o que dizia o credo desta
igreja naqueles dias (“Artigo Metodista de Religião” de 1784 e “39 Artigos de
Religião” de 1801):

“Há apenas um Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo ou partes, de


infinito poder, sabedoria e bondade; o Criador e Preservador de todas as
coisas, visíveis e invisíveis. E na unidade dessa divindade há três pessoas,
de uma substância, poder e eternidade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”

b) A mesma coisa aparece declarada na “Confissão de Fé de Westminster”,


defendida principalmente pelos teólogos reformados. Eles consideram está
declaração como pensamento teológico clássico.

“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições.


Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é
imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo,
completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e
segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável.”

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NOTA: As igrejas protestantes reformadas são aquelas que surgiram no século


18, tais como: Igreja Metodista, Congregacional, Presbiteriana e Batista.

c) Os pioneiros adventistas, ao passo que estudavam estes diferentes credos


defendidos pela igrejas protestantes, eles se aprofundavam nas Escrituras
para entender o que exatamente ela revelava sobre Deus. Assim, este e outros
credos foram rejeitados e construído um credo à luz da Palavra Inspirada de
Deus.

d) Os antitrinitarianos tem razão quando eles dizem que os pioneiros


adventistas rejeitaram a doutrina da Trindade. Porque a doutrina trinitária das
confissões clássicas, na perspectiva deles, destruía a personalidade de Deus.
Elas não apresentavam a Deus como uma pessoal literal, corpórea e tangível,
como nos diz as Escrituras. Por isso, era preciso abandonar esse credo e
formalizar um outro.

e) Mas isso não quer dizer que eles rejeitavam toda e quaisquer concepções
trinitarianas. Eles somente não conseguiam encontrar elementos bíblicos
para acreditar da forma com que as demais igrejas acreditavam.

f) Em 1846, dois meses após Tiago White ter publicado um artigo sobre o tema
e quando ainda estava noiva dele, Ellen Gould Harmon também publicou um
artigo no mesmo jornal intitulado “Letter from Sister Harmon” de 14 de março
de 1846 (também publicado no livro Primeiros Escritos, p. 55) onde descreve
uma visão que teve da seguinte forma:

“Vi um trono, e assentado nele estavam o Pai e o Filho. Contemplei o


semblante de Jesus e admirei Sua adorável pessoa. Não pude contemplar a
pessoa do Pai, por uma nuvem de gloriosa luz O cobria. Perguntei a Jesus se
Seu Pai tinha a forma d’Ele, Jesus disse que sim, mas eu não poderia
contemplá-Lo, pois disse: ‘Se uma vez contemplares a glória de Sua pessoa,
deixarás de existir’.”

g) Em outra momento, ela também escreveu (Primeiros Escritos, p. 77):

“Tenho visto muitas vezes o amorável Jesus, que é uma pessoa. Perguntei-
Lhes se Seu Pai era uma pessoa e tinha a mesma forma que Ele. Disse
Jesus: ‘Eu sou a expressa imagem da pessoa do Meu Pai’. Tenho muitas
vezes visto que o ponto de vista do espiritualismo afasta toda a glória do
Céu, e que em muitas mentes o trono de Davi e a amorável pessoa de Jesus
tem sido queimados no fogo do espiritualismo”.

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4. Tiago White.
a) Também em 1846, dois anos após o grande desapontamento e alguns meses
antes do seu casamento, Tiago White, membro da Igreja Conexão Cristã
antes de ingressar no movimento de Miller – inclusive era ministro ordenado
desta igreja (e, portanto, não cria na Trindade), escreveu um artigo num jornal
milerita chamado Day Star em 24 de janeiro de 1846 comentando a
passagem bíblica de Judas 3-4. Ele assim escreveu:

“No verso 4, ele (Judas) nos dá a razão por que devemos batalhar pela fé,
uma fé específica: ‘porque há certos homens’, ou uma certa classe que nega
o único Senhor Deus e nosso Senhor Jesus Cristo. Essa classe não pode ser
outra senão os que espiritualizam a existência do Pai e do Filho, negando-Os
como duas pessoas distintas, literais e tangíveis, bem como uma Cidade
Santa literal e o trono de Davi”.

h) Note que Tiago White ainda NÃO aceita a Doutrina da Trindade, quem sabe
até mesmo por causa da sua construção teológica como ministro da Igreja
Conexão Cristã, mas ele já questiona a declaração de Deus não ser “duas
pessoas distintas, literais e tangíveis”.

i) Até este momento, o Espírito Santo ainda era visto como um poder, energia e
influência santa de Deus.

j) No mesmo artigo, ele (Tiago White, 1846) ainda escreveu:

“A forma como os espiritualizadores têm rejeitado ou negado o único


Senhor Deus e nosso Senhor Jesus Cristo é, primeiramente, utilizando o
velho credo trinitariano não-escriturístico, isto é, que Jesus Cristo é o
Deus eterno, embora eles não possuam passagem alguma para apoiar isso,
enquanto nós temos amplo e abundante suporte nas Escrituras de que
Jesus Cristo é o Filho do Deus Eterno”.

k) Então, no primeiro momento, os pioneiros adventistas rejeitaram a doutrina


da Trindade porque do modo como se pregava a teologia clássica trazia a
ideia – mais filosófica do que teológica – de um Deus trino que não tinha
substância ou matéria, e tão pouco era pessoal. Assim, eles acreditavam que
tal ensino destruía a personalidade de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo,
nosso Senhor.

l) O mesmo acreditava J. N. Andrews (Review & Herald, 06/03/1855):

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“A doutrina da Trindade foi estabelecida na Igreja pelo Concílio de Niceia no


ano 325 d.C. Esta doutrina destrói a personalidade de Deus e de Seu Filho
Jesus Cristo nosso Senhor”.

m) Em 1855, Tiago White escreveu um artigo na Revista Adventista, intitulado


“Cinco Falsas Doutrinas Populares”, onde ele cita na seguinte ordem:

I. “Uma Falsa Esperança” [“fabula agradáveis’]: Conversão Universal e o Milênio


ANTES da 2ª Vinda (Is 24:1; Mt 24:37-39; 2Tm 3:1-5).

II. “Segundo Advento Espiritual”, na morte ou na conversão (At 1:11; Ap 1:7).

III. Herança dos Santos “além do espaço e do tempo”, ao invés da Terra Renovada
(Dn 7:37; Mt 5:5).

IV. “Fabula Pagã e Papal da Imortalidade Natural”. “Isto é a base do espiritualismo


moderno” (1Tm 6:16; Rm 2:7; 6:23; 1Co 15:51-55).

“Aqui podemos mencionar a Trindade, que elimina a personalidade de Deus e de


Seu Filho Jesus Cristo e o Batismo por Efusão ou Aspersão” (Rm 6:1-5).

V. Mudança do Sábado para o Domingo (Gn 2:1-4; Êx 20:8).

5. A. T. JONES E J. H. WAGGONER.
a) As discursões sobre a essência e as características de Deus Pai; se Jesus
Cristo era igual a Deus Pai ou um sub-Deus criado pelo Pai; e, se o Espírito
Santo era real ou apenas uma energia de Deus Pai e Jesus Cristo se
mantiveram acirradas até 1888, quando outro assunto entrou em voga: a
justificação pela graça, mediante a fé e como funciona isso.

b) Diante deste cenário dois personagens proeminentes surgiram no cenário


Adventista: A. T. Jones e J. H. Waggoner.

c) Em 1888, a Igreja Adventista do Sétimo Dia enfrentou um dos maiores


problemas institucionais desde a sua formação e organização. Neste ano
aconteceu o Conferência da Associação Geral em Mineápolis e o assunto
central foi a formação do credo da Justificação Pela Fé.

d) Embora não entremos nos pormenores, quem sabe em outra oportunidade,


porém nos é importante saber que também estes personagens escreverão
sobre suas crenças referente a Trindade.

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e) Em 1884, J. H. Waggoner escreveu (The Atonement, p. 167):

“É Cristo o Pai Eterno dentro da Trindade? Se assim fosse como é o Filho?


Ou, se é tanto Pai como Filho, como pode haver uma Trindade? Pois uma
trindade é uma união de três pessoas. Para poder reconhecer uma Trindade,
deve preservar-se a distinção entre Pai e Filho.”

f) E, porque Waggoner disse isso? Porque para ele não havia possibilidade de
existir uma Trindade, uma vez que somente Deus Pai era Deus sem começo
ou fim, e Jesus Cristo era Deus Filho, gerado pelo Pai e d’Ele dependente.

g) Tais pontos nunca entraram em divergência, pois ambos (Waggoner e Jones),


até aquele momento, criam de forma semelhante.

h) Vejamos o que A. T. Jones escreveu sobre a Trindade num artigo de 1887,


intitulado “A Excelência de Cristo” (Revista Sinais dos Tempo de 7 de julho):

“Para nenhum dos anjos o Pai disse que, pois nenhum dos anjos foram
criados do Pai; todos foram criados por Cristo, pois lemos que, sejam eles
‘tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades’ (Cl 1:16), todos
foram feitos por Ele, e sem Ele nada teria sido feito; enquanto o próprio
Filho foi diretamente criado pelo Pai, e assim é chamado seu único Filho
criado.”

i) Note que a discursão gira em torno da divindade de Cristo. O assunto do


Espírito Santo e da Trindade são periféricos dentro das argumentações.

j) No entanto, alguns anos depois (1907) parece que as crenças de A. T. Jones


mudam sobre o Espírito Santo, porque ele escreveu um livro intitulado “The
Medical Missionary”, onde ele diz (p. 98):

“E o ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA. Esta GRANDE VERDADE não é


reconhecida, na verdade NÃO é acreditada, por mais do que muito poucos,
até mesmo dos cristãos. Pois todo mundo sabe que quase invariavelmente,
com muito, muito poucas exceções, o Espírito Santo é referido e falado pelos
cristãos como "ele".

k) Comentando sobre o texto de João 6:7-15, onde Cristo fala aos seus
discípulos que era necessário que Ele fosse para o Céu para o que o Espírito
Santo fosse enviado pelo Pai, Jones comenta:

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“Assim, no curto espaço de algumas linhas, o Senhor Jesus fala vinte e


quatro vezes do ESPÍRITO SANTO COMO PESSOA; e não fala dele em nenhum
outro termo além do que significa em grego, literalmente, ‘aquela pessoa lá’.”

l) Isso mostra um desenvolvimento na compreensão da doutrina.

6. A CRENÇA DA IGREJA após 1892.


a) Até os anos de 1890, os pioneiros tinham publicado em diferentes meios suas
opiniões teológicas a respeito do Espírito Santo e da Trindade. Mas, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, como instituição ainda não tinha publicado
nenhum documento oficial.

b) Até que em 1892, a editora oficial da igreja Pacific Press publicou um caderno
de estudos bíblicos e nesta edição trazia um artigo intitulado “A Doutrina
Bíblica da Trindade” (Imagem Anexo 1).

c) Este artigo foi escrito, na verdade, em 1889 por Samuel Spear, que era um
reverendo da igreja Presbiteriana. No entanto, a Pacific Press, por achar
relevante tal assunto, pediu permissão para publicá-lo, como o fez em 1892.

d) Quando os pioneiros leram este artigo na sua primeira publicação,


perceberão se tratar de uma construção solida, coerente e muito bem
fundamentada nas Escrituras Sagradas. Diferente de outros artigos sobre o
tema, este não tinha especulação filosófica sobre a Trindade, mas era uma
doutrina bíblica da Trindade. Por isso requereram a sua republicação.

e) Alguns meses depois, uma pergunta de um leitor foi enviada para a Revista
Adventista (Review and Herald de 06/09/1892, p. 568):

PERGUNTA: “Se Deus é um espírito (Jo 4:24) e ao mesmo tempo uma pessoa
(Dn 7:9), não poderia usar o mesmo raciocínio para provar que o Espírito Santo
é uma pessoa, como referido em João 14:26?”

RESPOSTA: (Urian Smith) “Não; por Deus é descrito em outra parte como uma
pessoa, mas o Espírito Santo não. O fato de que o Espírito Santo é
personificado em João 14, e assim mencionado como agindo de uma maneira
pessoal e individual, não prova que seja uma pessoa, não mais do que o amor,
mencionando em 1 Coríntios 13 como exercendo certos atos e emoções, prova
que o amor seja uma pessoa.”

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f) Só lembrando que Urian Smith não acredita que o Espírito Santo era Deus.

g) Um ano depois, em 1893, chegamos a um ponto importante. Alguém


perguntou, desta vez para a revista Signs of the Times (23/01/1893) o
seguinte:

PERGUNTA: Qual é a sua ideia sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo serem três
em um?

RESPOSTA: (outro editor) “Pouco importa a nossa ideia sobre o assunto. O que
a Bíblia ensina deve ser a questão para nós. Cristo diz: ‘Eu e o Pai somos um’,
e ora para que seus discípulos sejam um como Ele e seu Pai são um (Jo 10:30;
17:11-12). A unidade é algo que podemos apreender, embora não
compreendamos. ‘A Doutrina Bíblica da Trindade’ nº 90 da Bible Student’s
Library (Pacific Press, Oakland, Cal.), lhe dará algumas boas ideias e sugestões
sobre o assunto”.

h) No “Livro do Ano” (Year Book) daquele ano (1893) está escrito:

“Nós recomendamos as seguintes obras...”. Dentre elas está “A Doutrina da


Trindade” do Dr. Samuel Spear.

– Imagem Anexo 2

i) Neste mesmo ano, Ellen G. White escreveu (Manuscrito 93 de 1893).

"O Espírito Santo é o Confortador, em nome de Cristo. Ele personifica a Cristo,


contudo é uma personalidade DISTINTA."

NOTA: Está é a primeira vez que Ellen G. White escreve que o Espírito Santo é a terceira pessoa
da Trindade.

j) O que ela está dizendo é que o Espírito Santo representa a Cristo e o faz de
forma PERFEITA. Ele se relaciona com Cristo de tal forma que ao nos
comungarmos com Ele, estamos nos comungando com Cristo. Mas, é “uma
personalidade distinta”. Não é a mesma pessoa.

k) Isso foi uma bomba entre os pioneiros!

l) Em 1895, Ellen White faz uma declaração que deixou muita gente confusa.
Escrevendo uma carta particular ao seu filho e a sua nora ela diz (Carta 119,
para Edson e Emma White em 18/02/1895):

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"Embora nosso Senhor tenha ascendido da terra para o Céu, o Espírito Santo
foi designado como Seu representante entre os homens (João 14:15-18).
Limitado por sua humanidade, Cristo não poderia estar em todo lugar
pessoalmente; portanto era do interesse deles que ele os deixasse, e fosse
para o seu Pai e enviasse o Espírito Santo para ser o Seu sucessor sobre a
Terra. O Espírito Santo é Ele mesmo despojado da personalidade humana
e dela independente. Ele Se representaria como presente em todos os
lugares por Seu Santo Espírito, como o Onipresente".

m) O que Ellen White está dizendo aqui é que o Espírito Santo é um ser tão
idêntico a Jesus Cristo que o Mestre não faria falta aos seus discípulos no
sentido de que Ele (Cristo) seria perfeitamente representado. Ao Cristo
retornar para o Pai, o Espírito Santo seria como Ele mesmo entre seus
discípulos.

n) Note que ela não se dizendo que Jesus Cristo é o Espírito Santo, mas Seu
representante aqui na Terra.

o) No livro “O Desejado de Todas as Nações” (p. 668-669), escrito em 1898 (4


anos depois), ela ajusta a mesma declaração e a publica da seguinte forma:

“O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da


personalidade humana, e dela independente. Limitado pela humanidade,
Cristo não poderia estar em toda parte em pessoa. Era, portanto, do interesse
deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra.
Ninguém poderia ter então vantagem devido a sua situação ou seu contato
pessoal com Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse
sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto.”

p) Ellen White, enquanto em vida, fez várias modificações nos seus escritos para
aperfeiçoá-los de acordo com as visões que tivera. No entanto, este texto
permaneceu intacto, sem mudança, sem ajustes, até o dia da sua morte.

q) Em 1896, alguém enviou mais uma pergunta para a Revista Adventista


(27/10/1896):

PERGUNTA: As Escrituras autorizam o louvor ou adoração ao Espírito Santo?


Se não, a última linha da doxologia contém um sentimento antibíblico?

RESPOSTA: (Uriah Smith) Não sabemos de lugar algum na Bíblia onde nos é
ordenado adorar o Espírito Santo, como foi ordenado no caso de Cristo (Hb
1:6), ou onde encontremos um exemplo de adoração ao Espírito Santo, como
no caso de Cristo (Lc 24:52). No entanto, na fórmula batismal, o nome
‘Espírito Santo’ acha-se associado ao do Pai e do Filho. E se o nome pode ser

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assim usado, porque não poderia adequadamente figurar como parte da


mesma Trindade no hino de adoração ‘Adorai ao Pai, Filho e Espírito Santo’?

r) NOTE que Uriah Smith anteriormente a 1892 (apenas 4 anos atrás) não
acreditava na Trindade e nem tão pouco na divindade do Espírito Santo.
Embora ele nunca tenha se tornando um trinitariano como nós hoje somos,
ele aproximou-se a ponto de reconhecer a existência da Trindade e a
divindade como também a pessoalidade do Espírito Santo.

7. O PRIMEIRO HINÁRIO ADVENTISTA.


a) A Igreja Adventista do Sétimo Dia torna-se, de fato, uma organização no ano
de 1863.

b) Mas, somente em 1900 que eles têm um Hinário para chamar de seu.

c) Este primeiro “Hinário Adventista” foi usado entre os anos de 1900 e 1915. E,
o interessante para a nossa história são os hinos que ele continha. Note as
divisões de louvores: Imagem Anexo 3, 4 e 5.

d) Então, é uma mentira que muito antitrinitarianos contam sobre os nossos


pioneiros, dizendo que eles não acreditavam na Trindade.

e) A doutrina da Trindade, como todas as demais do nosso credo, foi uma


construção de estudo intenso e aprofundado das Escrituras Sagradas somada
a muita oração e súplica. Porque sempre o intuito primário dos pioneiros era
ser uma igreja fundamentada na Verdade da Palavra de Deus.

8. A CONCLUSÃO DOS PIONEIROS.


a) Naqueles anos, ainda alguns pioneiros sustentavam que, embora o Espírito
Santo existisse, Ele não era como Deus Pai e Deus Filho, mas apenas uma
força, uma energia. Exemplo destes foi Uriah Smith que gradativamente foi
amadurecendo de forma doutrinária.

b) Em 1897 ele (Smith) escreveu um artigo falando sobre isso.

c) No entanto, alguns poucos meses depois, Ellen White o confrontou com uma
verdade que não abria mais espaço para dúvidas ou suspeitas. Ela deixa claro
(Special Testimonies for Ministers and Workers, Seria A, nº 10, p. 37):

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“O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder


de Deus na terceira PESSOA da Divindade, o Espírito Santo.”

d) Após muitas publicações sobre o assunto, vários pioneiros escreveram artigos


explicando a sua mudança de pensamento. Um deles, R. A. Underwood, após
estudar a Bíblia junto com o livro “O Desejado de Todas as Nações” chegou a
seguinte conclusão (Review and Herald, 17/05/1898):

"O Espírito Santo é o representante pessoal de Cristo no campo de


batalha... Parece estranho para mim, agora, que acreditei que o Espírito
Santo era apenas uma influência, em vista da obra que ele faz. Mas
queremos a verdade porque é a verdade, e rejeitamos o erro porque é
erro, independentemente de quaisquer opiniões que tenhamos sustentado
anteriormente, ou qualquer dificuldade que tenhamos tido, ou que possamos
ter agora, quando vemos o Espírito Santo como um pessoa... O esquema de
Satanás é destruir toda a fé na personalidade da Divindade - o Pai, o Filho
e o Espírito Santo... Tenhamos cuidado para que Satanás não nos leve a dar
o primeiro passo em destruir nossa fé na personalidade dessa pessoa da
Divindade - o Espírito Santo."

e) Outro, preferindo manter o anonimato, uma vez que tinha sido um ferrenhos
defensor do antitrinitarianismo, escreveu suas mais atuais conclusões num
artigo da Review and Herald de 18/02/1900 (p. 802), intitulado “The King’s
Messenger”:

"Ele [Cristo] partiu e o enviou, e o Consolador veio, não como uma influência
ou emanação, mas como outra Pessoa, para tomar o lugar da Pessoa que
partiu. Ele veio. Devemos recebê-Lo e recebê-Lo em Sua personalidade. Essa
é a única maneira de receber uma pessoa. Não devemos recebê-Lo como
uma coisa, uma bênção ou uma experiência, mas como outra pessoa. Ele é
Deus no homem. Ele habita nos corações humanos. Seu trono está nos
templos terrestres. Ele toma o lugar de Jesus, o Homem das Dores, e Ele é o
Consolador divino."

f) Percebe que quando os antitrinitarianos citam os textos dos pioneiros, só o


fazem antes deste período? Por que não mostra como estes mesmos pioneiros
creram posteriormente? Porque a maioria dos pioneiros, quando faleceram,
descansaram no Senhor crendo no Deus Pai, no Deus Filho e no Deus Espírito
Santo.

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CONCLUSÃO e apelo
a) Para concluir, deixo um dos últimos textos escrito por Ellen White em 1905,
que além de ser Mensageiro do Senhor, era também pioneira da igreja:

"Há três pessoas vivas pertencentes ao trio celestial; em nome destes três
grandes poderes - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - os que recebem a Cristo
por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos
obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo".

FONTE: Special Testimonies, Serie B, nº 7, p. 62-63 de 1906.

b) Hoje, cremos da seguinte forma:

“Deus, o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o


Filho na criação, encarnação e redenção. Ele é uma pessoa tanto
quanto o Pai e o Filho. Inspirou os escritores das Escrituras. Encheu de
poder a vida de Cristo. Atrai e convence os seres humanos; e os que se
mostram sensíveis são renovados e transformados por Ele à imagem
de Deus. Enviado pelo Pai e pelo Filho para estar sempre com seus
filhos, Ele concede dons espirituais à igreja, a habilita a dar
testemunho de Cristo e, em harmonia com as Escrituras, guia-a em
toda a verdade.” – Nisto Cremos, p. 77.

MÚSICA TEMA: 44, O Santo Espírito.


MÚSICA FINAL: 48, O Poder do Espírito.

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