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NO TRATAMENTO DA
OBESIDADE
Do entendimento da condição ao
tratamento otimizado e humanizado
INTRODUÇÃO
“Acontrário
Ao preocupação de leigos
do que e médicos
as pessoas com a aobesidade
imaginam, obesidadeé crescente.
está muito Oslonge
seus
portadores são vítimas de um excesso gorduroso que tem causas bem mais
decomplexas
estar associada
e sutis apenas a “comer
do que as que vêmdemais” - sendo essa
sendo divulgadas. estimagtização,
Embora já se tenha
inclusive, ummuito
progredido dos fatores
em sua que ajudam acausal,
interpretação perpetuar a condição.
estamos A obesidade
longe de darmos a ela a
seriedade
é uma que merece”
doença complexa, multifatorial e de difícil tratamento, a qual
exige abordagens multidisciplinares (física, mental e social).
INTRODUÇÃO
Prof. Cassio Ravaglia, em 1973:
Apesar
“Comemosde maister sido
do que proferida
necessitamos, em 1973,
por voracidade, até
por hábitos hoje,e deé
de infância
gerações, por simples gosto ou satisfação sensitiva, para aplacar tensões
completamente
emocionais e mesmoatemporal. E provavelmente
para ocupar o tempo continuará
ocioso. Por sua vez, passamos a
sendo;
consumirafinal,
cada vezainda vivemos
menos, em na
plena espiral era
de da
desuso
sua história, o homem trabalhou tão pouco fisicamente”
“super produção”
muscular. Nunca, em toda
Apesar de estarmos
“O excesso evoluindo
e a má distribuição muito tecnologicamente
populacional, o ruído, o calor dasegrandes
tendo cidades,
cada veza
dificuldade
mais de fazer
preocupação umaa simples
com marcha
construção de atratamento
pé, a quasemodernos
ausência depara
áreas para o
doenças
exercício esportivo, a angústia constante da persecução do tempo, já atingiram
antigas, estamos
níveis cuja gradualmente
gravidade deixando de lado várias da medidas básicas
ainda mal aquilatamos”
de prevenção. Os maus hábitos alimentares e o sedentarismo crescem em
proporções astronômicas devido ao nosso modus vivendi.
INTRODUÇÃO
“Os gordos
Existe têm sido por
uma completa demais
falta de abandonados
preparo (ou,aos
àsprogramas mais“má
vezes, uma disparatados,
intenção” a
excesso de drogas insensatas. Muitos saem do consultório com receitas que são
pelos conluios com as farmácias) dos profissionais de saúde que parecem
autênticos crimes farmacológicos”
estar se tornando mais superficiais no conhecimento, acreditando que a
resposta para tudo é a associação de diversas medicações, a qual, não
raramente, pode piorar a condição de saúde do paciente.
DEFINIÇÃO
Doença crônica
Caracterizada pelo excesso de gordura corporal
Etiologia multifatorial (interferentes históricos, biológicos, ecológicos,
econômicos, sócio-culturais e políticos)
EPIDEMIOLOGIA
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
No mundo
OMS (2005)
~1,6 bilhão de adultos com excesso de peso, sendo 400 milhões de obesos
GBD (2015)
~604 milhões de adultos obesos (~12% da população)
IMC elevado contribuiu, em 2015, para 4 milhões de mortes em todo o mundo
SOFI (2018)
~672 milhões de obesos (~1 a cada 8 adultos com obesidade)
POF (2002-2003)
43,3% dos homens e 43,2% das mulheres com excesso de peso
9,6% dos homens e 14,5% das mulheres com obesidade
POF (2008-2009)
51,8% dos homens e 50,1% das mulheres com excesso de peso
13,1% dos homens e 18% das mulheres com obesidade
PNS (2013)
58,1% dos homens e 60,7% das mulheres com excesso de peso
17,9% dos homens e 25,7% das mulheres com obesidade
PNS (2019)
60% dos homens e 63,3% das mulheres com excesso de peso
22,8% dos homens e 30,2% das mulheres com obesidade
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Inglaterra (2007)
4,2 bilhões de libras esterlinas/ano direcionadas aos custos diretos de cuidados de saúde
OMS (2007): em geral, os países europeus destinam 2-4% das despesas nacionais
de saúde aos custos diretos dos cuidados médicos devido à obesidade
CUSTO ECONÔMICO DA OBESIDADE
No mundo
IMC de 30-34,9 kg/m² provocou aumento de 25% nos gastos com cuidados de saúde
IMC de 35-39,9 kg/m² provocou aumento de 50% nos gastos com cuidados de saúde
IMC acima de 40 kg/m² provocou aumento de 100% nos gastos com cuidados de saúde
EUA (2016): gasto médico médio anual atribuível a um obeso foi de 1901 dólares,
representando 149,4 bilhões de dólares a nível nacional em apenas 1 ano
CUSTO ECONÔMICO DA OBESIDADE
No Brasil
Apenas os custos do SUS da obesidade grau III corresponderam a ~1/4 dos custos da obesidade
(116,2 milhões de reais) , apesar de sua prevalência ser 18 vezes menor
Em 2018
Custos DIRETOS ao SUS com HAS e DM associada à Obesidade (adultos): 1,42 bilhão de reais
Gastos do SUS com Câncer associado à Obesidade (adultos): 1,4 bilhão de reais
WOF (2021)
182,7 BILHÕES DE REAIS
~2,1% do PIB (diretos + indiretos / adultos + crianças / públicos + privados)
PREVENÇÃO DA
OBESIDADE:
É POSSÍVEL?
PREVENÇÃO DA OBESIDADE: SONHO OU
REALIDADE?
O que vem sendo feito por parte dos governos?
POR QUÊ?
Aprimoramento das normas de rotulagem de alimentos embalados
Objetivo: garantir escolhas mais conscientes a partir de uma leitura simples e objetiva
Limitação: falta de educação e conscientização adequadas
PREVENÇÃO DA OBESIDADE: SONHO OU
REALIDADE?
O que vem sendo feito por parte dos governos?
POR QUÊ?
Limitações
Não estratifica a composição corporal
Não avalia o padrão de distribuição da adiposidade
De maneira geral, eu posso fazer uma associação entre IMC e risco de complicações
ou de morte?
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
GERAIS
IMC (Índice de massa corporal)
QUAL DOS PACIENTES, APENAS POR ESSAS INFORMAÇÕES, APRESENTA O MAIOR RISCO?
Melhor acurácia para aferir o conteúdo de gordura visceral propriamente dito do que a relação
cintura-quadril (RCQ)
Útil para avaliar risco de mortalidade quando associada a outros fatores de risco
Método de aferição:
Paciente em posição ortostática, ereto, sem roupas e sapatos
Ponto médio da distância entre o rebordo costal inferior e a crista ilíaca (“olhando de frente”)
POR QUE NÃO UTILIZAR A LINHA DO UMBIGO?
Método de aferição:
Ponto médio da distância entre o rebordo costal inferior e a crista ilíaca (“olhando de frente”)
Maior diâmetro da região glútea, passando sobre os trocanteres maiores do fêmur
E O CONTRACEPTIVO COMBINADO?
Estudo INTERHEART (2004): preditora de IAM em ambos sexos, independente de IMC e outros
fatores de risco
Limitações
Habilidade do avaliador (diferenças interavaliadores podem variar de 3-9%)
Tipo de adipômetro (dados mais fielmente comparáveis se utilizado o mesmo adipômetro)
Fatores individuais (grau de hidratação, espessura da pele, dentre outros)
Equação de predição utilizada
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
ESPECÍFICAS
Bioimpedância elétrica
Limitações gerais
Exposição à radiação (embora extremamente baixa) contraindicado em gestantes
Para grandes obesos: limite de peso do equipamento (entre 120-150kg) e extensão da
superfície corporal (limite de largura)
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
ESPECÍFICAS
DEXA .vs. BIOIMPEDÂNCIA
MORFOLOGIA/FISIOLOGIA DO
TECIDO ADIPOSO E OBESIDADE
MORFOLOGIA/FISIOLOGIA DO TECIDO ADIPOSO
E OBESIDADE
MORFOLOGIA/FISIOLOGIA DO TECIDO ADIPOSO
E OBESIDADE
Estudo dos índios Pima, oriundo do México, que migraram para o Arizona
Aumento expressivo das incidência de Obesidade e DM2 nos índios emigrados
Índios que permaneceram no México permaneceram com incidência semelhante
Sensações
De fome (busca do alimento e início da refeição)
De prazer na alimentação (continuação da refeição)
De saciação (interrupção da refeição)
De saciedade (tempo para próxima refeição)
Sistema opioide
Opióides endógenos efeito reforçador do consumo de alimentos (princ. os altamente palatáveis)
Núcleo accumbens
Sinalizadores clássicos (grelina e leptina) podem exercer efeitos no sistema dopaminérgico
ALIMENTAÇÃO “NORMAL”
GAF
GEF + NEAT
Voluntário ou involuntário
FISIOPATOLOGIA
GASTO ENERGÉTICO EM REPOUSO E OBESIDADE
POR QUE?
Lipólise
LHS (enzima lipase hormônio sensível) Hidrólise dos TG em ácidos graxos
Gasto energético basal: per se mais autônomo e com menos interferências corticais
Hormônios, sobretudo tireoidianos
Sistema gustativo
Trato Gastrointestinal
Grelina
o Agente orexígeno importante
o Obesidade: queda pós-pandrial dos níveis de grelina atenuada ou ausente
FISIOPATOLOGIA
Regulação periférica do balanço energético
Trato Gastrointestinal
Colecistocinina (CCK)
o Incretina com efeito anorexígeno
o Secreção estimulada pela alimentação
o Alvo terapêutico ineficiente: estudos sem resultados satisfatórios
Peptídeo YY (PYY)
o Incretina com efeito anorexígeno
o Obesidade: níveis basais mais baixos de PYY, sem alteração após as refeições
FISIOPATOLOGIA
Regulação periférica do balanço energético
Trato Gastrointestinal
o Obesidade e DM: níveis séricos reduzidos de GLP-1, com menores elevações pós-prandiais
• Inibição indireta (mediada via GABA por interneurônios do próprio núcleo arqueado) dos
neurônios do NPY/AGRP
FISIOPATOLOGIA
Regulação periférica do balanço energético
Pâncreas
Insulina
o Segundo sinalizador periférico mais importante
o Função intermediária entre controle da adiposidade e controle imediato da fome
o Efeito anorexígeno. Promove aumento do gasto energético e redução do peso corporal.
o Níveis diretamente proporcionais à adiposidade e à resistência insulínica
Leptina
o Mais importante sinalizador periférico
o Efeito anorexígeno. Promove aumento do gasto energético e redução do peso corporal.
o Estimula a diminuição da lipogênese e o aumento da lipólise
FISIOPATOLOGIA
Regulação periférica do balanço energético
Leptina
o Níveis diretamente correlacionados à adiposidade
o Obesidade Hiperleptinemia + Resistência à leptina
RESISTÊNCIA SELETIVA?
Adiponectina
o Secretada exclusivamente por adipócitos
o Efeito incerto sobre a ingestão alimentar
o Níveis inversamente correlacionados à adiposidade e à resistência insulínica
o Emagrecimento: acréscimo dos níveis séricos
FISIOPATOLOGIA
Regulação periférica do balanço energético
Subpopulações de neurônios
o NPY / AgRP estimulados pelo jejum ou por baixos estoques de energia aumento da fome
o POMC / CART estimulados pela alimentação ou por altos estoques de energia aumento da
saciedade
Continuação da resposta
o Envio aos neurônios de 2ª de ordem, localizados no núcleo paraventricular (PVN) e na área lateral
hipolatâmica (ALH)
o Comunicações curtas entre neurônios NPY/AgRP e neurônios POMC/CART
FISIOPATOLOGIA
Regulação central do balanço energético
Neurônios de 2ª ordem
o Neurônios produtores de hormônio concentrador de melanina (MCH) inibição do gasto energético por
diminuição da termogênese e da motilidade
o Neurônios produtores de Tireotrofina (TRH) aumento da termogênese direta (?) e indiretamente (via TSH)
FISIOPATOLOGIA
Regulação central do balanço energético
FISIOPATOLOGIA
Determinantes endócrinos da Obesidade
Hipercortisolismo
Alterações no eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarrenal
o Via bidirecional
• Hipercortisolismo favorece obesidade, principalmente central
• Obesidade e SM podem favorecer hiperatividade do eixo HHS
É VÁLIDO, ENTÃO, SOLICITAR CORTISOL PARA AVALIAÇÃO NESSE CONTEXTO?
Hipotireoidismo
Ganho de peso
o Hipotireoidismo clínico: apenas ~50% dos pacientes apresentam aumento do peso
Hipotireoidismo
Obesidade Eutireoidiana
o Correlação positiva entre IMC e TSH, sem alterações dos níveis de T4L
• Marcador indireto e PRECOCE de desequilíbrio do balanço energético e do ganho ponderal?
Mulheres
o Menopausa centralização da adiposidade (“padrão androide”)
FISIOPATOLOGIA
Determinantes endócrinos da Obesidade
o Hiperleptinemia
• Inibição direta: bloqueio da conversão de 17OH-progesterona em testosterona a nível testicular
• Inibição indireta: redução da sinalização para os neurônios produtores de Kisspeptina diminuição dos pulsos de
GnRH redução da secreção de LH e FSH
Caráter HIPOGONADOTRÓFICO
Diagnóstico CLÍNICO-LABORATORIAL
Antes da TRT, ainda, a depender do caso pode ser cogitada a utilização de Clomifeno
o Limitação prática = Dissociação clínica importante Exames .vs. Remissão dos sintomas
o Ajuste da dosagem
Microbiota feto-materna
Composição da microbiota materna .VS. risco subsequente de doenças (atopias, asma,
autoimunidade, obesidade, DM, doenças neurológicas e até psiquiátricas)
Sugere-se que a microbiota do obeso pode contribuir, por si só, para o aumento da adiposidade
(independente da dieta)
FISIOPATOLOGIA
Ciclicidade do peso
“Cicladores”
Divisão:
o Leves: perdas de 2,3 - 4,5 kg em 3 episódios ou mais
o Moderados: perdas de 4,5 - 9 kg em 3 episódios ou mais
o Graves: perdas de mais de 9 kg em 3 episódios ou mais
“Efeito sanfona”
OU SEJA...
Redução persistente do metabolismo? controverso sem comprovação científica robusta
o Kajioka et al. (2002): grandes variabilidades de peso foram responsáveis pelo decréscimo dos níveis de massa magra, de T4, T3 e do GER
EM INDIVÍDUOS
em mulheres SEM OBESIDADE, O “EFEITO SANFONA” PARECE SIM,
jovens NÃO OBESAS
o
CAUSAR PIORAR DA CONDIÇÃO METABÓLICA BASAL, PRINCIPALMENTE
Wadden et al. (1996): variabilidade do peso, em mulheres OBESAS, não teve interferência negativa no GER mesmo após o reganho de
EM
peso MULHERES ASPECTO CORROBORADO PELA PRÁTICA CLÍNICA,
o POR EXEMPLO,
Liz et al. (2007): sucessivasEM MULHERES
restrições FISICULTURISTAS
calóricas após reganho APÓSporAatéCONDIÇÃO
de peso, em pacientes OBESOS, 4 oportunidades DE
velocidade de
REBOTE DO CAMPEONATO.
perda de peso de semelhante magnitude em todas elas
Como evitar?
Fator motivacional
o Manter o peso perdido exige maior esforço para permanecer no “mesmo local”
Automonitoramento
Suporte social
Suporte psicológico
Suporte medicamentoso
AVALIAÇÃO CLÍNICA
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade, Discriminação e Preconceito
RESULTADO: ALÉM DA “INCORPORAÇÃO” DA DISCRIMINAÇÃO, ESSE PACIENTE PASSA A SE SENTIR “MERECEDOR” DELA
Via bidirecional
o Obesidade aumenta o risco de Depressão
Fome: forte desejo por alimento associada a estímulos fisiológicos e ambientais “busca por
nutriente”
o Determina quando e, até certo ponto, quanto de alimento será ingerido
Apetite: desejo usualmente menos intenso do que o da fome, direcionado a tipos de alimentos
mais específicos “busca pelo alimento X”
o Determina o tipo e a quantidade de alimento a ser ingerida
o Maior complexidade
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Conceituação das sensações
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Conceituação das sensações
Apetite
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Conceituação das sensações
o Na prática: no mínimo em 3 dias não consecutivos, incluindo pelo menos um dia do final de semana
• Evita-se relatos na segunda-feira: maior aderência aos bons hábitos (“compensação do final de semana”)
Recordatório de 24 horas
o Anotações realizadas pelo profissional durante a condução da entrevista (retrospectivo)
• Viés de comunicação adaptação da linguagem utilizada para cada paciente é essencial; cuidado
para não induzir respostas
• Viés de memória detalhamento cronológico pode auxiliar
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Consumo alimentar
o Relativos ao profissional
• Familiarização do profissional para utilização do método empregado
• Individualizar o instrumento de coleta para os objetivos e contextos propostos
• Realizar a listagem dos alimentos comumente esquecidos (bebidas alcoolicas e não alcoolicas, doces, ...)
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Comportamento alimentar
Métodos de detecção
• Estratégias comuns: evitar alimentos gordurosos; comer porções pequenas; parar de comer antes
de atingir a saciação
ALTO VALOR PARA O FATOR I indivíduo atento a informações como
conteúdo calórico e nutricional TENDÊNCIA À MAIOR RESPONSIVIDADE A
ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS FOCADAS EM MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Comportamento alimentar
Métodos de detecção
• Exemplos típicos: comer em resposta ao estresse; ingerir grandes quantidades; não resistir a alimentos altamente
palatáveis, consumindo-os em grande quantidade
Métodos de detecção
• Percepção das sensações relacionadas a fome (frequência e amplitude) e extensão na qual essa
sensação dispara o ato de comer
• Exemplo: “sinto fome muitas vezes ao dia, pareço um saco sem fundo”
ALTO VALOR PARA O FATOR III TENDÊNCIA À MAIOR RESPONSIVIDADE COM
UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS COGNITIVO-ATRIBUCIONAIS RELACIONADAS A SENSAÇÃO
DE FOME E/OU INTRODUÇÃO DE MEDICAMENTOS SUPRESSORAS DE APETITE
.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Comportamento alimentar
Métodos de detecção
o ESTÁGIO DE PRÉ-CONTEMPLAÇÃO
• Não há reconhecimento das práticas alimentares como inadequadas não há percepção do
conhecimento do risco (pode haver, inclusive, recusa do risco) não há intenção e nem motivação para
mudar
PRÉ-REQUISITOS PARA PROGREDIR PARA FASE DE CONTEMPLAÇÃO?
1) Capacidade de reflexão sobre si
. 2) Capacidade de reflexão sobre o problema
3) Insatisfação com a condição
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Comportamento alimentar
Métodos de detecção
o ESTÁGIO DE CONTEMPLAÇÃO
• Existe percepção do problema necessidade de superar a dificuldade, porém ainda sem
compromisso algum com a mudança imposição de barreiras impeditivas
Métodos de detecção
• Planejamento de estratégias para mudança plano de ação adotado, porém sem compromisso
sério pequenas mudanças
Métodos de detecção
o ESTÁGIO DE AÇÃO
• Implementação do plano de mudança traçado de forma compromissada
• Exige grande dedicação e disposição para evitar recaídas adoção de estratégias que afastem
das “tentações”
Métodos de detecção
o ESTÁGIO DE MANUTENÇÃO
• Nova prática comportamental solidificado e incorporada à rotina
Métodos de detecção
• AUSÊNCIA DE CONTROLE
o ISRS
o Sibutramina
o Bupropiona
o Topiramato
o Lisdexanfetamina
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares
Bulimia Nervosa
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares
Bulimia Nervosa
o Topiramato
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares
Beliscamento
Características
o Consumo de pequenas quantidades de alimentos entre as refeições, repetitivo e não planejado
o Quantidade de ingestão alimentar incerta ao início do quadro
Desencadeada por?
o Não por um tipo específico de alimento, mas por FATORES INTRÍNSECOS AO INDIVÍDUO
Mecanismos propostos
o Tendências genéticas e/ou ambientais ao vício
o Sabor do alimento Sistema de recompensa Dopamina, Serotonina, Endocanabinoides, Opioides
Hipotálamo Peptídeos orexígenos Estímulo a continuação da ingestão alimentar por necessidade
hedônicas e não biológicas
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares relacionados ao Ciclo Sono-Vigília
Características
o Hiperfagia entre o horário da última grande refeição e o início do sono
o No mínimo, 1 episódio de ingestão alimentar durante despertares do sono (com consciência do fato)
o Consumo alimentar de maneira organizada e coerente com os hábitos alimentares do indivíduo
o Sem associação com qualquer transtorno primário do sono
o Fragmentação do sono
o Anorexia matinal
o Alimentação noturna para evitar epigastralgia em pacientes com DRGE, esofagite e/ou úlceras
o Ingestão alimentar (episódio com tempo médio de 3,5 minutos) rapidamente seguida de...
o Sensação de urgência para comer, porém sem ingestão de grandes quantidades de alimentos
o Topiramato? sem evidências científicas positivas, porém com resultados positivos na prática clínica
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares relacionados ao Ciclo Sono-Vigília
Características
o Episódios de comer e/ou beber involuntários e de curta duração
o Despertares parciais ausência de lembrança do episódio (ou vaga memória na forma de sonho)
o Consumo alimentar pode ser simples ou elaborado (como cozinhar) risco de lesões e/ou incêndios
o Consumo alimentar com combinações peculiares, inclusive de substâncias não comestíveis
o Fragmentação do sono
o Anorexia matinal, inclusive com sensação de desconforto frequente
o Despertar confusional
o Terror noturno
o SAHOS
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares relacionados ao Ciclo Sono-Vigília
o Benzodiazepínicos
o Mirtazapina
o Quetiapina
o Risperidona
o Carbonato de lítio
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Transtornos Alimentares relacionados ao Ciclo Sono-Vigília
Tasali et al. (2022): acréscimo de ~1,2h de duração do sono em dormidores curtos (< 6,5h)
redução do consumo calórico durante o dia em ~270 kcal/dia
Tempo de tela
Duração maior que 2h maior chance de desenvolvimento de sobrepeso/obesidade
o Redução do fator atividade física (discutível)
o Aumento da ingestão de calorias (principalmente alimentos de alta densidade energética)
Disruptores endócrinos
Agentes exógenos interferentes na saúde secundariamente à alterações na função endócrina
COXETETAL.
Exemplos:
COX AL. (2019)
TBT; DDT/DDE
(2019) ingestão de ~45000
(inseticidas);
ingestão Bisfenolmicropartículas de
deplástico/ano
A e ftalatos (plásticos);
micropartículas parabenos =(conservante
plástico/ano =“1“1cartão
cartão -
alimentos,
de
de créditoitens
crédito por de cuidado
porsemana”
semana” pessoal)
disrupçãodos
disrupção dosmecanismos
mecanismosregulatórios
regulatóriosde deleptina
leptinaeegrelina
grelina
PROVAVELMENTE SUBESTIMADO!!!!!
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Causas não tradicionais para o ganho de peso
Temperatura ambiente
Richardson et al. (2018): ECR Cross-Over demonstrando que houve um aumento da ingestão calórica
durante o dia de 357 kcal em um ambiente a 20° C quando comparado a outro com 27°C
Medicamentos
Via de regra, interferência no metabolismo superestimada
Medicamentos
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Doenças orgânicas associadas
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Introdução das doenças orgânicas associadas à Obesidade
Impacto na mortalidade
E O CONTRÁRIO? SERÁ QUE A PERDA DE PESO INTENCIONAL REDUZ A MORTALIDADE?
De acordo
2) SOS (Cxcom
1) LOOK IMC (MEV),
bariátrica),
AHEAD LOOKSCOUT
AHEAD(Sibutramina),
(análise de subgrupos), HALPERN
CAMELLIA-TIMI & MANCINI
(Lorcaserina)
o Obesidade grau I: + da
neutralidade
perda 45%
deperda de peso intencional
peso intencional emde
reduz risco relação a mortalidade
mortalidade
o Obesidade grau II: + 94%
o Obesidade grau III: +176%
Perdas
Perdasde
depeso
pesoiguais
foramou
emsuperiores
média de a2-3%
10%
Observação: No estudo SOS, que chegou a 30% de perda de peso em 15 anos,
IMC > 40 kg/m²houve
18% dosdaindivíduos
redução mortalidadecom expectativa
em 29% de vida
(ajustada para dede80risco)
fatores anos
o Expectativa de vida média reduzida em ~10 anos
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Resistência Insulínica/Diabetes mellitus
o Absoluto: piora gradativa da RI com redução da secreção por diminuição da massa e da função das
células betapancreáticas por glicotoxicidade e lipotoxicidade
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Resistência Insulínica/Diabetes mellitus
Sede importante da RI
o Aumento dos AGL (acúmulo inter e intramiocelular de TG) menor utilização de glicose como fonte de
energia (preferência pela energia oriunda da oxidação dos AGL) + limitação da captação de glicose para
conversão em glicogênio elevação da glicemia e insulinemia piora da sensibilidade insulínica
Investigação laboratorial da RI
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Resistência Insulínica/Diabetes mellitus
Investigação laboratorial da DM
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Resistência Insulínica/Diabetes mellitus
Investigação laboratorial da DM
Investigação laboratorial da DM
E a insulina em jejum?
o Correlação fraca com a ação insulínica, uma vez que no estado de jejum...
• 70% da glicose consumida por tecidos não-dependentes da ação de insulina (cérebro, tecidos
neurais, vísceras)
• 15-25% da glicose consumida pelo fígado
• 5-15% da glicose consumida pelo músculo esquelético e pelo tecido adiposo (tecidos de maior
interesse para avaliação da RI)
PODE SER ÚTIL PARA IDENTIFICAR FALÊNCIA NA FUNÇÃO DAS CÉLULAS BETA-PANCREÁTICAS
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Resistência Insulínica/Diabetes mellitus
Investigação laboratorial da DM
E o HOMA-IR?
o Avaliação da RI hepática
• Baseado na relação de retroalimentação entre produção hepática de glicose/produção de insulina
pelas células betapancreáticas para manutenção da glicemia
o Pressupõe que RI hepática seja equivalente à periférica, o que não necessariamente está correto
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Dislipidemia
Mecanismos principais
Resistência insulínica
Hiperinsulinemia
Inflamação
Alterações clássicas
Hipertrigliceridemia
Redução do HDL
QUAL TEM ASSOCIAÇÃO FORTE A DESFECHOS CARDIOVASCULARES NEGATIVOS?
Elevação do LDL
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Dislipidemia
Ômega-3 (EPA/DHA)
o Não tem benefício significativo na melhora do HDL e do LDL
o Pode ter benefício mais expressivo na hipertrigliceridemia (altas doses acima de 4g/dia)
Estatinas
o Mecanismo de ação: inibição competitiva da HMG-CoA redutase menor síntese de colesterol
• Pequena interferência sobre HDL (~10%)
• Moderada interferência sobre TG (~10-25%)
Fibratos
o Mecanismo de ação
• Ativação da PPAR-alfa maior oxidação de AG menor síntese de TG
• Aumento da atividade da LPL maior catabolismo de VLDL e QM maior formação de HDL
• Redução da trigliceridemia menor atividade da CEPT maior formação de HDL “funcional”
MAIOR PREVALÊNCIA
MAIOR DE HIPERTENSÃO
PREVALÊNCIA “DO “DO
DE HIPERTENSÃO AVENTAL BRANCO”
AVENTAL Considerar
BRANCO” MAPA 24h
O que fazer?
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Hipertensão Arterial Sistêmica
Insuficiência Cardíaca
Arritmias cardíacas
Framingham Heart Study: frequência anual de morte súbita cardíaca em obesos estimada em
~40x maior do que em uma população não obesa
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e outras Doenças Cardiovasculares
Ferritina
o Proteína de fase aguda
o Obesidade inflamação crônica hiperferritinemia
o Elevações normalmente entre 300-1000 ng/mL (mais comum no contexto de SM)
Homocisteína
o Correlação positiva com o risco cardiometabólico (fator de risco independente?)
PCR
o Proteína de fase aguda
o Obesidade inflamação crônica elevação sérica de PCR
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Síndrome Metabólica
Classificações
Esteatose (acúmulo de ácidos graxos em mais de 5% dos hepatócitos)
Esteato-hepatite (EHNA ou NASH)
Cirrose por EHNA
Carcinoma hepatocelular
Fatores de risco
Obesidade central (CC > 90 cm em homens e > 80 cm em mulheres)
Resistência insulínica/DM
Dislipidemia
HAS
PERDA DE PESO ACENTUADA E ABRUPTA
SERÁ
SERÁQUE
QUEÉ ÉCONTRA-INDICAÇÃO
CONTRA-INDICAÇÃOPARA
PARAPERDA
PERDARÁPIDA
RÁPIDADEDEPESO?
PESO?
NÃO!
Diagnóstico
Em geral, assintomática
Exames de imagem
Ultrassonografia necessário 30% ou mais de infiltração gordurosa hepática para detecção
Tomografia Computadorizada
Ressonância Mágnética
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Obesidade e Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
Perda de peso
Estudo com indivíduos com sono restrito a 4h por duas noites seguidas comparado com
indivíduos com 10h de sono pelo mesmo período aumento de 28% nos níveis de grelina +
redução de 18% nos níveis de leptina
Quadro clínico
Dificuldade de concentração
Noctúria
Quadro clínico
Pirose (“azia”)
SINTOMAS CLÁSSICOS
Regurgitação
Diagnóstico clínico
Quando encaminhar para avaliação complementar com endoscopia digestiva alta (EDA)?
Sintomas atípicos
Via bidirecional
Patogênese da SOP
Perda de peso