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Obesidade e Cirurgia Bariátrica

Dra .Fernanda Guidi Colossi


Currículo do Docente

• Graduada em Nutrição pelo Instituto


Metodista de Educação e Cultura – 1997/2
• Especialista em Nutrição pela Universidade
Federal de Santa Catarina – 2000
• Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade
de Medicina da PUCRS - 2012
Módulo I - Obesidade

• Aspectos epidemiológicos;
• Fisiopalotogia da obesidade;
• Métodos de avaliação nutricional para a obesidade;
CONCEITO OBESIDADE

 Doença Crônica Grave;


 Multifatorial;
 Excesso Relativo ou Absoluto de reservas de gordura
corporal;
 Prejuízos significativos à Saúde.

(SBCBM, 2006; NCEP/ATP III; Waitzberg, 2009)


Obesidade – panorama da doença
EVOLUÇÃO HISTÓRICA OBESIDADE

1990 2010 2013 Futuro

 3,4 milhões de Óbitos por  1,4 milhões de Óbitos por  Raros Óbitos por Subnutrição;

Subnutrição; Subnutrição;  Óbitos: Obesidade, HAS, tabaco,


 3 milhões de Óbitos por álcool, poluição e má
Obesidade e suas Complicações. alimentação.

(OMS, 2013; IBGE, 2009; Mancini e col., 2010;Waitzberg, 2009)


Obesidade no Brasil

www.abeso.org.br/atitude-saudavel/mapa-obesidade www.euro.who.int/obesity/data-and-statistics
EPIDEMIOLOGIA OBESIDADE
EPIDEMIOLOGIA OBESIDADE
EPIDEMIOLOGIA OBESIDADE
EPIDEMIOLOGIA OBESIDADE
EPIDEMIOLOGIA OBESIDADE
EPIDEMIOLOGIA OBESIDADE
Obesidade no Brasil
Obesidade no Brasil
OBESIDADE

OBESIDADE NO BRASIL
OBESIDADE NO BRASIL
Custos financeiro da Obesidade/ SUS
Pesquisa da Universidade de Brasília, com
dados do Ministério da Saúde, revelou
que o valor gasto no SUS (2011) em ações
de média e alta complexidade voltadas ao
tratamento da obesidade e no cuidado de
26 doenças relacionadas foi de R$487,98
milhões

Fontes de dados: Sistema de Informações Hospitalares (SIH) / Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) / Pesquisa Nacional de Orçamentos familiares – POF 2008/2009

Fonte do estudo: Oliveira, ML. Estimativa dos custos da obesidade para o Sistema Único de Saúde do Brasil. [tese de doutorado]. Brasília: UnB, 2013.
OBESIDADE

ETIOLOGIA
OBESIDADE

ETIOLOGIA
Obesidade: etiologia multifatorial
Genética
Aleitamento materno

SEDENTARISMO

Microbiota

Obesidade
Privação de sono

Atividade física

Alimentação Poluentes,
Químicos

BMC Med Genet. 2013 Mar 13;14:34. Panminerva Med. 2003 Jun;45(2):109-15. BMJ Open. 2016 Feb 24;6(2):e010677. Diabetologia. 2016
Feb 2.
OBESIDADE

ETIOLOGIA

 Ambos pais obesos: risco de 80%

 Apenas um dos pais obesos: risco de 40%

 Nenhum dos pais obesos: menos de 10%

(Snyder, 2004; Bray, 2006; Mancini e Col.,2010)


OBESIDADE

ETIOLOGIA
GENÉTICAS
 Síndrome de Prader-Willi;

 Síndrome de Bardet-Biedl;

 Síndrome de Albright.
(Snyder, 2004; Bray, 2006; Mancini e Col.,2010)
OBESIDADE

ETIOLOGIA

Mutações em genes específicos → MC4R, POMC, LEPR

Mutch DM et al. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab 2006; 20:647-64.
OBESIDADE

ETIOLOGIA

Obesidade Poligênica
A mais frequente;
Os genes com papel permissivo no desencadeamento;
A genética carrega a arma e o ambiente dispara o gatilho;
O mapa gênico da obesidade humana já relatou mais de 430 genes.

(Snyder, 2004; Bray, 2006; Mancini e Col.,2010)


OBESIDADE

ETIOLOGIA
 Interação de fatores poligênicos complexos com um ambiente
obesogênico;
 Predisposição genética: 30%;
 Causa ambiental: 70%.

Apenas 1% dos casos de obesidade são por um distúrbio genético raro ou


doença primária do sistema endócrino.

(Mancini e Col.,2010)
A DIETA DA MÃE DURANTE A GESTAÇÃO PODE
MODIFICAR A
MICROBIOTA DA CRIANÇA
OBESIDADE

ETIOLOGIA

RELAÇÃO DO CONSUMO DE GORDURAS


MATERNA E MICROBIOTA DO BEBÊ
A proporção de Bacteroidetes em indivíduos
obesos é MENOR em comparação aos magros.

Chu et al. Genome Medicine (2016) 8:77


ETIOLOGIA

MICROBIOTA

Diabetologia. 2016 Feb 2. [Epub ahead of print]


OBESIDADE

ETIOLOGIA

ALEITAMENTO MATERNO VERSUS SOBREPESO/OBESIDADE INFANTIL


Redução de 15% na
chance de desenvolver
sobrepeso na infância

0.85 (0.74 to 0.99) 100

Figura: Comparação entre crianças que foram amamentadas com leite materno (exclusivo ou parcial) vs. crianças que nunca receberam
leite materno no primeiro ano de vida. Arch Dis Child. 2012 Dec;97(12):1019-26.
OBESIDADE

ETIOLOGIA
RISCO DE SER UM ADULTO OBESO
Não obeso quando criança 7%
Obeso quando criança 14%

Não obeso aos 7 anos 11%


Obeso aos 7 anos 41%

Obeso aos 12 anos 75%


Obeso quando adolescente 96%
ETIOLOGIA OBESIDADE

DesequilÍbrio Energético
Uma sociedade moderna com gens da idade da pedra

“o consumo é maior do que o gasto”


OBESIDADE NO BRASIL
Mudança do padrão alimentar

• Aumento do consumo de gordura e açúcar (↑400% refrigerantes em 20 anos) e,


• A redução do consumo de arroz, feijão e grãos em geral (↓30%).

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável.Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 236p.
ETIOLOGIA

O Problema

“This is the first generation where children may die


before their parents”

Paul Zimmet, MD, PhD.


Melbourne, Australia
Fonte: Pesquisa DataFolha – Janeiro 2010
OBESIDADE NO BRASIL
Mudança do padrão alimentar - Brasil
OBESIDADE

ETIOLOGIA
Tendências de consumo alimentar, segundo POF
2002 – 2003 e 2008-2009:
Maior participação de
alimentos ultra processados

Redução do consumo de
alimentos básicos

(POF,2009)
OBESIDADE

ETIOLOGIA
Obesidade no Brasil
Obesidade no Brasil
Obesidade no Brasil
Obesidade no Brasil
Medicamentos que podem levar a obesidade
“A number of chemicals known to
disrupt hormones also appear to affect
the size and number of fat cells or
hormones that regulate appetite and
metabolism”.
POP’s e seus efeitos
“Inicialmente sabíamos de sua potência para
afetar reprodução e promover câncer, mas
estudos recentes têm destacado sua implicação
no desenvolvimento de Doenças metabólicas.”
Níveis de Disrruptores Endócrinos e Incidência de obesidade.
Associação entre: IMC, Circunferência de cintura e níveis séricos de
POP’s
• Quanto mais POP’s > cintura
• “IMC e Circ. Cintura estão associadas aos níveis de POP’s.”
“POP’s possíveis causadores da epidemia da obesidade.”
Débito do sono x obesidade

Arq Bras Endocrinol Metab. 2007;51/7:1041-1049


Sono como regulador
de densidade energética.
 Duração do sono curto tem sido associado com um balanço energético positivo.

 Em revisão sistemática com observou-se consumo de 277 kcal a mais de energia após a privação
parcial do sono em dezessete estudos, incluindo 496 participantes.

Obesity (Silver Spring) 16, 643–653, 2008


Proc Nutr Soc. 2016 Jun 22:1-12.
Associação de lactobacillus específicos e
obesidade.

Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology 8, 537 (2011)


Há dois tipos de bactérias predominantes
no intestino humano, as Bacteroidetes e
Firmicutes.
Neste estudo, os autores mostram que a
proporção de Bacteroidetes em indivíduos
obesos é MENOR em comparação aos magros.

A proporção de Bacteroidetes aumenta


com a perda de peso promovida por dietas
com restrição calórica.

NATURE|Vol 444|21/28 December2006


International Journal of Obesity (2012) 36, 817–825
International Journal of Obesity (2012) 36, 817–825
Dieta  principal regulador do
ecossistema

Crianças africanas (meio rural)


↑ teor de fibras

Crianças européias
Dieta ocidental

A proporção de Bacteroidetes em indivíduos obesos é


MENOR em comparação aos magros.

Proc Natl Acad Sci U S A. 2010 Aug 17;107(33):14691-6. Nature. 2006 Dec
21;444(7122):1027-31.
CLASSIFICAÇÃO DE OBESIDADE
OBESIDADE

CLASSIFICAÇÃO
IMC = peso ÷ altura ² = Kg/m²

 Indicador Epidemiológico;
 Boa Correlação Obesidade Corporal;
 Pode superestimar Obesidade em casos de elevada Massa Muscular;
 Crianças e adolescentes = aplicar em curvas de IMC, específicas para o sexo e faixa
etária.

Não há consenso sobre o melhor método ou índice para avaliar


obesidade na infância e adolescência.

(Dixon e col, 2011; ABESO/SBEM, 2010; OMS, 2000;M.H.W.T. 1983;NIH C.D.C.S. 1985; Halpern e col., Obesidade 1998)
OBESIDADE

CLASSIFICAÇÃO
 IMC

(ABESO/SBEM, 2010)
OBESIDADE

CLASSIFICAÇÃO
 IMC

Graus de obesidade sugeridos por valores de IMC

Grau Ponto de corte IMC (kg/m2)

III 40,0 a 49,9

IV 50,0 a 59,9

V ≥ 60,0

Tomaz BA et al. Associação Médica Brasileira (AMB). Projeto Diretrizes, 2009.


OBESIDADE

CLASSIFICAÇÃO
 Qualitativa = Distribuição de Gordura;
 Obesidade Andróide = Maior correlação com complicações cardiovasculares e
metabólicas;
 Obesidade Ginecóide = Associada a problemas articulares, circulatórios periféricos e
estéticos.

Maçã x Pêra

(M.H.W.T. 1983;NIH C.D.C.S. 1985; Halpern e col., Obesidade 1998; Mancini e Col.,2010)
OBESIDADE

CLASSIFICAÇÃO
 Circunferência Abdominal;
 Refere de forma indireta o conteúdo de gordura visceral;
 Determinante para riscos cardiometabólicos;

(M.H.W.T. 1983;NIH C.D.C.S. 1985; Halpern e col., Obesidade 1998)


Fisiopatologia da obesidade
OBESIDADE E INFLAMAÇÃO

Resistência à insulina Hipertensão


Dislipidemia Aterosclerose

Fonte: Adaptada de13. Galic S, Oakhill JS, Steinberg GR. Adipose tissue as an endocrine organ. Mol Cell Endocrinol. 2010 Mar;316(2):129-
39. http://dx.doi.org/10.1016/j.mce.2009.08.018 .
HORMÔNIOS E OBESIDADE

GASTROENTEROLOGY 2007;132:2116–2130
OBESIDADE E LEPTINA

Fonte: Adaptada de13. Galic S, Oakhill JS, Steinberg GR. Adipose tissue as an endocrine organ. Mol Cell Endocrinol. 2010
Mar;316(2):129-39. http://dx.doi.org/10.1016/j.mce.2009.08.018 .
Fonte: /sites.google.com
Peptídeo YY (PYY)

 Hormônio oposto a ação da grelina, é anorexígeno;


 PYY é secretado pelas células entero-endócrinas ao longo do trato
gastrointestinal, particularmente na porção distal (íleo, cólon,reto);

 Aumento dos níveis pós prandial (pico até o platô 1–2


horas) e supressão no jejum;

GASTROENTEROLOGY 2007;132:2116–2130
GLP-1

Sintetizado pelas células L intestinais (íleo e cólon) em resposta à


ingestão de nutrientes;

Atua na sinalização de saciedade promovendo controle no ganho de


peso à longo prazo;

GLP-1: efeito incretina


Embora alguns diabéticos tenham concentrações de GLP-1 ainda
preservadas, sua ação encontra-se seriamente diminuída!

GASTROENTEROLOGY 2007;132:2116–2130
MORBIDADE DA OBESIDADE
OBESIDADE
MORBIDADE
COMORBIDADES ASSOCIADAS A OBESIDADE
 Dispnéia e cansaço;
 Ronco, Apnéia do sono;
 Angina e infarto; AVC;
 Hipertensão arterial sistêmica;
 Dislipidemias;
 DM; Resistência à Insulina;
 Lesões de ossos e articulações; Artrite degenerativa;
 Doenças Pulmonares, Asma;
 Vesículopatias e Esteatose Hepática;
 Varizes e úlceras varicosas; Hemorróidas;
 RGE;
 Doenças Dermatológicas;
 Infertilidade;
 Câncer;
(Mancini e Col.,2010; )
OBESIDADE
MORBIDADE
COMORBIDADES ASSOCIADAS A OBESIDADE

 Aumento substancial do risco de morbidades: sejam mecânicas ou


metabólicas e, consequente aumento da mortalidade por qualquer causa;

 A redução de peso corporal está associada à diminuição de risco e ao


controle de doenças;

 Resultados vinculados com a melhora do perfil de biomarcadores.

(Mancini e Col.,2010)
OBESIDADE
MORBIDADE
Hipócrates:
“Pessoas que são naturalmente muito
obesas estão propensas a morrer mais
cedo do que aquelas que são magras”

Obesos Mórbidos morrem 10 a 15 anos mais cedo do que


indivíduos de peso normal.

JAMA 2003
OBESIDADE
MORBIDADE
Relação entre mortalidade e IMC

 Homens
• Mulheres

Muito
Muito Baixa Moderada Alta alta
Baixa

IMC, kg/m²

(Bray,1985)
Obesity: a chronic relapsing progressive disease process. A position statement of the World Obesity Federation
OBESIDADE
MORBIDADE
IMPACTO SOCIAL E EMOCIONAL DA OBESIDADE
 Dificuldade para conseguir trabalho;
 Dificuldade para progredir no trabalho;
 Dificuldade para ter seguro médico;
 Gasto elevado com tratamento de doenças;
 Limitação das atividades pessoais, inclusive higiene;
 Dificuldade para encontrar roupas;
 Limitação de acesso a assentos, catracas, poltronas, portas;
 Restrição a atividades físicas;
 Problemas na relação sexual;
 Baixa auto-estima;
 Depressão, Isolamento;
 Tendência suicída;
 Sentimento de culpa e/ou de incapacidade.

(Mancini e Col.,2010; )
OBESIDADE
MORBIDADE

• 106 crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos com Questionários


de Qualidade de Vida adaptados para infância.
• Os escores obtidos nos obesos foram similares aos das crianças a
JAMA 2003
adolescentes com câncer e piores que os apresentados por
portadores de DM 1, Artrite reumatóide e Cardiopatias congênitas.
A PREVENÇÃO DA OBESIDADE É MAIS
BARATA E EFICIENTE QUE SEU
TRATAMENTO!

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