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Obesidade: uma perspectiva plural

REVISÃO REVIEW
Obesity: a plural perspective

Emanuela Nogueira Wanderley1


Vanessa Alves Ferreira 1

Abstract Obesity is a disease characterized by Resumo A obesidade é uma doença caracteriza-


the excessive accumulation of corporal fat, which da pelo acúmulo excessivo de gordura corporal,
produces deleterious effects to the health. There is que produz efeitos deletérios à saúde. Há um con-
consent in the literature that its etiology is multi- senso na literatura de que sua etiologia é multifa-
factorial, involving biological, historical, ecolog- torial, envolvendo aspectos biológicos, históricos,
ical, political, social-economical, psychosocial and ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossoci-
cultural aspects. In that sense, this article’s objec- ais e culturais. Nesse sentido, este artigo tem por
tive is to talk about the multi-factorial character objetivo abordar o caráter multifatorial da obesi-
of obesity, involving the wide variety of environ- dade, envolvendo a ampla variedade de fatores
mental and genetic factors implicated in its etiol- ambientais e genéticos implicados na sua etiolo-
ogy, starting from secondary studies of literature gia a partir de estudos secundários provenientes
revision in the main bases of data and specialized do trabalho de revisão da literatura nas princi-
libraries. Nowadays, obesity has been considered pais bases de dados e bibliotecas especializadas.
the most important nutritional disorder in the Atualmente, a obesidade tem sido considerada a
developed countries and the ones in development, mais importante desordem nutricional nos países
due to the increase of its incidence. The approach desenvolvidos e em desenvolvimento, devido ao
of the genetic, metabolic, psychosocial, symbolic, aumento da sua incidência. A abordagem dos as-
and cultural aspects in addition to the lifestyle pectos genéticos, metabólicos, psicossociais, sim-
allowed to base obesity as a plural illness, and bólicos, culturais e de estilo de vida permitiu fun-
showed the necessity to create public politics with damentar a obesidade enquanto uma enfermida-
multidiscipline and inter-sectorial actions, that de plural e a necessidade de criar políticas públi-
value the partnership between government and cas com ações multidisciplinares e intersetoriais,
civil society, in the prevention and combat of obe- que valorizem a parceria entre governo e socieda-
sity and the promotion of health, making possible de civil, na prevenção e combate à obesidade e
the community’s participation in that process, promoção da saúde, possibilitando a participação
1
through responsibility and self care. da comunidade nesse processo, através da respon-
Departamento de Nutrição,
Universidade Federal dos Key words Obesity, Nutritional transition, Risk sabilização e do autocuidado.
Vales do Jequitinhonha e factors, Public politics Palavras-chave Obesidade, Transição nutricio-
Mucuri. Rua da Glória 187,
Centro. 39100-000
nal, Fatores de risco, Políticas públicas
Diamantina MG.
nutri.manu@hotmail.com
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Wanderley EN, Ferreira VA

Introdução ses desenvolvidos e em desenvolvimento, devido


ao aumento da sua incidência1. De acordo com
A obesidade é uma doença caracterizada pelo os dados da Organização Mundial de Saúde1, esse
acúmulo excessivo de gordura corporal1 em um agravo possivelmente atinge 10% da população
nível que compromete a saúde dos indivíduos, destes países. Nos países da América, a obesida-
acarretando prejuízos tais como alterações me- de vem aumentando, para ambos os gêneros,
tabólicas, dificuldades respiratórias e do apare- tanto em países desenvolvidos quanto nas socie-
lho locomotor2,3. Além de se constituir enquanto dades em desenvolvimento. Na Europa, verifi-
fator de risco para enfermidades tais como disli- cou-se num decênio um incremento entre 10% a
pidemias, doenças cardiovasculares, diabetes 40% da obesidade na maioria dos países. Na re-
melito tipo II e alguns tipos de câncer2,4,5. gião Oeste do Pacífico, compreendendo a Aus-
O diagnóstico da obesidade é realizado a partir trália, o Japão, Samoa e China, também nota-se
do parâmetro estipulado pela Organização Mun- a elevação da prevalência da obesidade. No en-
dial de Saúde1 - o body mass index (BMI) ou índi- tanto, a China e o Japão, apesar do aumento da
ce de massa corporal (IMC), obtido a partir da obesidade em comparação com outros países
relação entre peso corpóreo (kg) e estatura (m)² desenvolvidos, apresentam as menores prevalên-
dos indivíduos. Através deste parâmetro, são con- cias mundiais. Nos continentes africano e asiáti-
siderados obesos os indivíduos cujo IMC encon- co, a obesidade é ainda relativamente incomum,
tra-se num valor igual ou superior a 30 kg/m². sendo que sua prevalência é mais elevada na po-
Na literatura, existe um consenso de que a eti- pulação urbana em relação à população rural.
ologia da obesidade é bastante complexa, apre- Mas nas regiões economicamente avançadas des-
sentando um caráter multifatorial1,6-9. Envolve, tes continentes, a prevalência pode ser tão alta
portanto, uma gama de fatores, incluindo os his- quanto nos países desenvolvidos1.
tóricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psi- No Brasil, a análise de quatro estudos de base
cossociais, biológicos e culturais8-10. Ainda assim, populacional realizados no país – Estudo Nacio-
nota-se que, em geral, os fatores mais estudados nal sobre Despesas Familiares (ENDEF), realiza-
da obesidade são os biológicos relacionados ao do entre 1974-1975; a Pesquisa Nacional sobre
estilo de vida, especialmente no que diz respeito ao Saúde e Nutrição (PNSN), de 1989; a Pesquisa
binômio dieta e atividade física. Tais investigações sobre Padrões de Vida (PPV), desenvolvida em
se concentram nas questões relacionadas ao mai- 1996-19974; e a Pesquisa de Orçamentos Famili-
or aporte energético da dieta4,5,9,11 e na redução da ares12 (POF), de 2002-2003 – permitiu avaliar a
prática da atividade física com a incorporação do magnitude dos agravos nutricionais mais rele-
sedentarismo, configurando o denominado estilo vantes, incluindo a emergência da obesidade e
de vida ocidental contemporâneo4,9,11. verificar seus principais determinantes, assim
Nesse sentido, este artigo tem por objetivo como traçar a tendência do comportamento des-
abordar o caráter multifatorial da obesidade en- ses agravos no país. De acordo com esses estu-
volvendo a ampla variedade de fatores ambien- dos, a prevalência da desnutrição em crianças e
tais e genéticos implicados na sua etiologia a par- adultos teve um declínio acelerado nas últimas
tir de estudos secundários provenientes do traba- décadas, enquanto o sobrepeso e a obesidade
lho de revisão da literatura nas principais bases aumentaram na população brasileira, principal-
de dados e bibliotecas especializadas. Frente à mente entre os adultos.
amplitude do tema, nosso intuito é apontar de Os resultados obtidos no ENDEF de 1974/75
forma atualizada os principais fatores envolvidos permitiram verificar que a obesidade excedeu a
na etiologia da obesidade por reconhecer a im- desnutrição somente entre os adultos de alta ren-
portância do estudo acerca da enfermidade den- da, ao passo que na PNSN de 1989, constatou-se
tro de uma perspectiva plural. A nosso ver, redu- que a obesidade superou a desnutrição entre os
zir as investigações somente ao aspecto biológico homens de renda alta e média e entre as mulhe-
ou social da doença limita o entendimento e o res de todos os níveis de renda13.
alcance explicativo dessa problemática. Segundo Batista Filho e Rissin13, as diferen-
ças geográficas no país expressam diferenciações
sociais na distribuição da obesidade. Inicialmen-
A emergência da obesidade te, verificou-se maior prevalência de excesso de
peso nas regiões mais desenvolvidas (Sul, Sudes-
Atualmente, a obesidade tem sido considerada a te e Centro-Oeste) do país e nos estratos de ren-
mais importante desordem nutricional nos paí- da mais elevados, mas já observa-se tendência de
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aumento da obesidade nas regiões Norte e Nor- As palavras-chaves “obesidade”, “transição
deste e nos estratos de renda mais baixos. Assim, nutricional”, “epidemiologia”, “etiologia”, “diag-
a comparação dos resultados dos estudos referi- nóstico”, “genética”, “hormônios”, “fatores endó-
dos acima nas regiões Norte e Nordeste com os crinos”, “mídia”, “comportamento alimentar”,
das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste permitiu “aspectos sociais”, “renda”, “cultura”, “aspectos
assinalar a maior prevalência da obesidade nas simbólicos”, “aspectos psicológicos” foram utili-
últimas regiões citadas. Além disso, os estudos zadas como descritores. As referências bibliográ-
indicaram que a ocorrência desse agravo prati- ficas dos estudos assim localizados foram tam-
camente triplicou entre homens e mulheres mai- bém rastreadas para localizar outros trabalhos
ores de vinte anos na região Nordeste e somente pertinentes ao assunto abordado nesse artigo. O
entre os homens do Sudeste13. levantamento bibliográfico totalizou 123 referên-
Dados recentes da POF 2002/0312 revelaram cias, das quais 55 foram selecionadas. E incluí-
que cerca de 40% dos adultos no Brasil estão ram 4 livros, 9 capítulos de livros, 35 artigos, 2
com excesso de peso, e que 8,9% dos homens e dissertações e 5 publicações de instituições (WHO,
13,1% das mulheres são obesos. Nas mulheres, a ABESO, MS, OPAS, IBGE). A seguir, serão enfo-
ocorrência mais elevada de excesso de peso é en- cados os principais fatores relacionados à etiolo-
contrada nos estratos de menor renda2,9,12. Ob- gia da obesidade de acordo com a literatura pes-
servando-se ainda estabilidade e tendência de quisada dentro de uma abordagem plural.
declínio nos segmentos de elevada renda, com
exceção da região Nordeste, na qual a obesidade
continua emergindo. A maior concentração de Influências históricas e ecológicas
mulheres com excesso de peso é observada nas
áreas rurais de todo o país, situação diferente A ascensão da obesidade no mundo pode ser
apenas no Nordeste, onde a maior concentração compreendida enquanto resultante do fenôme-
se dá nas áreas urbanas. Já nos homens, as mai- no da transição nutricional. Esta dinâmica ca-
ores prevalências são observadas nas áreas ur- racteriza-se pela modificação nos padrões de dis-
banas das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e tribuição dos agravos nutricionais de uma dada
nos estratos de maior renda12. população no tempo4,14, ou seja, uma redução
A compreensão do comportamento da obe- na prevalência das doenças atribuídas ao subde-
sidade no Brasil mostra-se essencial para a defi- senvolvimento e, contrariamente, ao aumento
nição de prioridades e estratégias de ações em daquelas doenças vinculadas à modernidade,
saúde pública. Dessa forma, é necessário que se- sendo, em geral, uma passagem da desnutrição
jam incorporadas ações direcionadas para a pre- para a obesidade4. Esse processo tem como de-
venção e controle desse agravo, assumindo des- terminantes as mudanças que vêm ocorrendo nos
taque as medidas de educação em saúde e nutri- padrões de alimentação e de atividade física das
ção em âmbito nacional, assim como em todos populações4,14, e que, segundo Popkin et al.15, se
os segmentos da sociedade. Neste sentido, a ga- correlacionam com mudanças econômicas, so-
rantia dos principais mecanismos de prevenção/ ciais, demográficas e relacionadas à saúde decor-
intervenção da obesidade deve ser assegurada a rentes do processo de modernização mundial.
todos os indivíduos, incluindo a aquisição de uma Para Fischler16, a modernização das socieda-
dieta digna sob o ponto de vista qualitativo e des desencadeou a reordenação do contexto de
quantitativo, a prática de atividade física de lazer vida do homem contemporâneo e fez emergir
orientada e a assistência multiprofissional para um novo modo de vida, no qual a oferta e o
todos os indivíduos. consumo de alimentos aumentou expressivamen-
te e todo tipo de gênero tornou-se acessível, no-
tadamente devido ao desenvolvimento de tecno-
Metodologia logia alimentar.
As modificações na alimentação referem-se à
A estratégia de busca de artigos incluiu pesquisa crescente incorporação pela população da deno-
nas bases eletrônicas MEDLINE (National Libra- minada “dieta ocidental” ou “dieta moderna”. Esta
ry of Medicine, Estados Unidos), LILACS (Litera- pode ser caracterizada como uma dieta rica em
tura Latino-americana e do Caribe em Ciências gordura (principalmente as de origem animal),
da Saúde), bibliotecas especializadas tais como a açúcares e alimentos refinados. E, em contrapar-
da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arou- tida, pela quantidade reduzida de fibras e outros
ca (ENSP) e da Universidade de São Paulo (USP). carboidratos complexos8,14,15. Por outro lado, a
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redução da atividade física e a adesão ao estilo de Fatores genéticos e metabólicos


vida sedentário devem-se a alterações na esfera da obesidade
do trabalho, do lazer e do modo de vida moder-
no. Estas alterações, por sua vez, estão associa- Os aspectos biológicos da obesidade envolvendo
das ao processo de desenvolvimento e moderni- a genética e o metabolismo têm sido discutidos
zação das sociedades contemporâneas8,13,14. em vários trabalhos5,19-21. Nesta direção, a teoria
No Brasil, também verificaram-se mudan- da economia energética vem sendo apontada
ças na dieta e na atividade física da população. O como possível contribuinte para o desenvolvimen-
estudo de Mondini e Monteiro14 constatou mo- to da obesidade. Segundo esta, em situações de
dificações no padrão de alimentação da popula- adversidades biológicas e sociais em que há déficit
ção brasileira entre os anos de 1961/63, 1975/76 e de energia, o organismo aciona uma série de
1987/88. As modificações observadas referem-se mecanismos metabólicos adaptativos, que visa
ao menor aporte de carboidratos no consumo promover a redução no gasto energético como
energético total e sua substituição por gorduras, estratégia de sobrevivência. Essa adaptação leva o
principalmente as de origem vegetal em detrimen- organismo a um novo ponto de equilíbrio, em
to das gorduras de origem animal, o consumo que o gasto e a ingestão energética são inferiores
excessivo de açúcar e insuficiente de carboidratos ao normal. Este novo equilíbrio, contudo, revela-
complexos e fibras14,17. se frágil, e um aumento na ingestão de alimentos
No que diz respeito à atividade física, ainda pode levar a um ganho de peso, consequência do
segundo esses autores, houve transformações na aumento da eficiência metabólica adquirida5,8,22.
estrutura das ocupações de trabalho. Observa-se Francischi et al.21 destacam em sua revisão que
nas últimas décadas à mecanização do processo há forte influência genética no desenvolvimento
de trabalho e o aumento da participação da po- da obesidade, mas seus mecanismos ainda não
pulação no setor terciário da economia, cujas ocu- estão totalmente esclarecidos. Mas já se reconhe-
pações requerem menor demanda energética que ce que o apetite e o comportamento alimentar
nos demais setores, tais como o secundário e pri- sofrem influência genética e há indícios de que o
mário. E a redução nas atividades do setor pri- componente genético atue sobre o gasto energéti-
mário. Tal situação relaciona-se ao fenômeno da co, notadamente sobre a taxa metabólica basal
transição demográfica, com a concentração da (TMB)8,21,23. Desordens endócrinas como o hi-
população nas áreas urbanas do país e, ainda, em potireoidismo e problemas no hipotálamo, alte-
decorrência do desenvolvimento tecnológico13,14. rações no metabolismo de corticosteróides, hi-
As considerações acima permitem inferir que, pogonadismo em homens e ovariectomia em
conforme afirmaram Monteiro et al14., o país vem mulheres, síndrome de Cushing e síndrome dos
substituindo o problema de escassez alimentar ovários policísticos podem ainda conduzir à obe-
pelo excesso dietético. Entretanto, torna-se opor- sidade21,24-26.
tuno ressaltar que, apesar da ascensão da obesi- O peso corporal é regulado por uma intera-
dade no país, agravos relacionados à carência de ção complexa entre hormônios e neuropeptíde-
alimentos, tais como a desnutrição e as anemias os, sob o controle principal de núcleos hipotalâ-
carenciais ainda são relevantes, especialmente nos micos24. Mutações nos genes de hormônios e neu-
estratos de menor renda e em regiões de menor ropeptídeos, de seus receptores ou de seus ele-
desenvolvimento socioeconômico tal como a re- mentos regulatórios, têm sido associadas à obe-
gião nordeste do país. Esse paradigma é uma sidade 24,26, embora não explicando as formas
característica marcante da transição nutricional mais comuns dessa patologia24.
no Brasil8,13,17,18. Neste sentido, Marques-Lopes et al.23 relatam
Neste sentido, dados recentes da Pesquisa de em sua revisão que os genes intervêm na manu-
Orçamentos Familiares 2002-200312, realizada pelo tenção de peso e gordura corporal estáveis ao lon-
IBGE em parceria com o Ministério da Saúde no go do tempo. Essa influência advém da participa-
Brasil, confirmam essa tendência do incremento ção desses no controle de vias eferentes (leptina,
no consumo de açúcares e gorduras na popula- nutrientes, sinais nervosos, entre outros), de me-
ção brasileira. Mais adiante, abordaremos mais canismos centrais (neurotransmissores hipotalâ-
detalhadamente os resultados desta pesquisa. micos) e de vias aferentes (insulina, catecolami-
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nas, sistema nervoso autônomo). A leptina é um O corpo assume um aspecto existencial fun-
hormônio secretado pelo tecido adiposo subcu- damental porque é por intermédio dele que os
tâneo27 em resposta ao armazenamento de gor- sujeitos se manifestam no mundo32. Os cuida-
dura ou ao excesso de ingestão alimentar, sendo dos corporais relacionados à beleza, à estética e à
um importante marcador da quantidade de teci- saúde são regidos por um sistema de regras soci-
do adiposo24,27. De acordo com Fonseca-Alaniz et ais fruto da relação entre os indivíduos, seu cor-
al.27, a leptina reduz o apetite por inibir a forma- po e a sociedade. Existe, portanto, um sistema de
ção de neuropeptídeos relacionados ao apetite, códigos para viver um corpo que é interiorizado
como o neuropeptídeo Y, e por promover o au- e manifestado por um determinado grupo soci-
mento da expressão de neuropeptídeos anorexí- al33. Na contemporaneidade, observam-se pa-
genos, como o hormônio estimulante de a-mela- drões corporais próprios relacionados ao corpo
nócito (a-MSH) e o hormônio liberador de corti- magro, delineado, estético e eternamente jovem.
cotropina (CRH). A deficiência congênita desse O corpo desejado hoje é o funcional, por vincu-
hormônio é responsável por 1 a 2% dos casos de lar-se a símbolos de beleza, realização pessoal e
obesidade mórbida precoce24. erotismo28. Para Baudrillard34, as estruturas atu-
Outros fatores envolvidos na gênese da obe- ais de produção e consumo induzem à represen-
sidade são a colecistocinina (CCK), a ghrelina, o tação do corpo como capital, do corpo enquan-
neuropeptídeo Y (NPY) e o peptídeo YY, que são to objeto de troca. Neste sentido, a higiene, a
sustâncias envolvidas no controle da ingestão ali- moda, os cosméticos, a estética, os diferentes tra-
mentar24,26. A CCK e o peptídeo YY são liberados tamentos corporais, as várias modalidades es-
pelo trato gastrointestinal e ao nível cerebral ini- portivas e o erotismo são recursos rentáveis para
bem a ingestão alimentar, promovendo a sacie- alcançar um padrão de corpo vigente.
dade após uma refeição. O NPY é sintetizado no Carvalho e Martins35 propõem que a obesi-
SNC e estimula a ingestão. A redução nos níveis dade é um estado destoante dos padrões de nor-
de insulina e leptina ativa os neurônios produto- malidade na cultura, ou seja, o indivíduo obeso é
res de NPY no hipotálamo, e a leptina inibe sua anormal porque difere do ideal de beleza do cor-
síntese. A ghrelina é um hormônio gastrointesti- po magro e/ou musculoso construído pela soci-
nal estimulador do apetite e faz parte dos siste- edade. Mas também pode ser compreendida
mas de regulação do peso corporal. A produção como um estado patológico por gerar impotên-
excessiva de ghrelina pode levar à obesidade. Alte- cia do corpo e minimizar as possibilidades de
rações no controle da liberação dessas e de outra vida do indivíduo no seu ambiente.
sustâncias envolvidas na regulação do balanço Nas sociedades modernas, nota-se que a rejei-
energético, assim provocando disfunções nos sis- ção às pessoas obesas é progressivamente
temas de regulação do peso corporal por retroa- maior30,31, mas em algumas sociedades, como de-
limentação, podem ocasionar a obesidade24. terminados grupos e tribos africanas, uma rotun-
Os aspectos genéticos e metabólicos aborda- didade corporal razoável ainda está associada ao
dos são apenas uma parcela diminuta da ampla sucesso econômico, força política, condição social,
variedade desses aspectos que exercem influência símbolo de beleza e maternidade29,31, assim como
na etiologia da obesidade, e que merecem maior era nos países desenvolvidos até o século XIX30.
atenção dos pesquisadores para que haja a eluci- Padrões corporais relacionados à obesidade po-
dação dos vários mecanismos pelos quais eles in- dem, portanto, variar de sociedade para sociedade
fluenciam no desenvolvimento dessa patologia. nos diferentes contextos e grupos sociais29.
Em geral, observa-se que dentro da esfera
social a obesidade recebe duas definições: a de
Aspectos socioculturais e simbólicos um estado desviante dos padrões de normalida-
de na cultura. Assim, o corpo gordo é considera-
A obesidade enquanto um atributo físico é per- do fora da norma social vigente por que contra-
cebida, interpretada e influenciada pelo sistema põe o modelo de corpo magro e/ou musculoso
social8,28. Portanto, valores socioculturais relaci- tido como socialmente aceitável. A outra defini-
onados à obesidade podem variar de uma socie- ção compreende a obesidade enquanto um esta-
dade para outra, nos diferentes contextos histó- do patológico, uma doença, em função dos inú-
ricos8. Assim, a idéia de saúde que anteriormente meros sinais e sintomas da enfermidade, da sua
esteve associada à corpulência, hoje tem seu sig- alta relação com outras comorbidades e ainda
nificado modificado com as novas concepções e por comprometer a qualidade de vida do indiví-
crenças culturais acerca do corpo magro8,29-31. duo no seu ambiente35.
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Os fatores psíquicos da obesidade é restrita a grupos específicos36,40, e pela obesida-


de ser vista como causadora da psicopatologia e
Segal36 acredita que, de todos os fatores envolvi- não como consequência desta última36.
dos na obesidade, os psicológicos e psiquiátricos Segundo Dobrow et al.41, existem subgrupos
possuem maior relevância, não tanto pelo seu papel de indivíduos obesos que possuem padrões anor-
etiológico e de prognóstico, mas sim por seu papel mais de alimentação: aqueles que têm o trans-
histórico. Nas primeiras seis décadas do século torno da compulsão alimentar periódica (TCAP)
XX, a obesidade era entendida como resultante de e os com a síndrome do comer noturno (SCN).
déficits morais e/ou problemas psíquicos. O TCAP é definido como episódios de compul-
Os indivíduos obesos eram vistos como os são alimentar, com ingestão de grandes quanti-
únicos culpados pela sua condição, ou seja, são dades de alimentos num curto espaço de tempo,
gordos por que são incapazes de se controlar16. não seguidos de método compensatório. A com-
Além disso, eram percebidos como tendo baixa pulsão alimentar é acompanhada de sentimen-
auto-estima, limitações intelectuais, mau funcio- tos de desconforto físico, angústia, vergonha e
namento mental, tais como excesso de ansieda- culpa42. Esse transtorno ocorre em maior pro-
de e covardia (por utilizarem a gordura para se porção na população obesa, embora esteja pre-
esconder), e egoístas por comerem mais do que sente na população com peso normal. Os indiví-
os outros indivíduos36. Os obesos são assim con- duos obesos com esse transtorno frequentemente
siderados transgressores, ou seja, violam cons- apresentam imagem corporal negativa, sofrem
tantemente as regras e normas sociais sobre o de angústia psicológica como baixa auto-estima,
comer e a comida16,35. depressão, ansiedade, síndrome do pânico e trans-
Almeida et al.37 relatam que dentre os prejuí- tornos de personalidade43,44.
zos diversos à saúde associados à obesidade es- O estudo de Zanella e Matos40 revelou eleva-
tão os aspectos psicológicos, como aqueles rela- da prevalência do TCAP e de episódios isolados
cionados à imagem corporal que envolve diver- de compulsão alimentar, sintomas de ansiedade,
sos fatores que se interrelacionam, como os emo- depressão e preocupação excessiva com a ima-
cionais, de atitude e também perceptuais. Um gem corporal em indivíduos com obesidade gra-
ambiente competitivo, com altas expectativas da ve. Também foi observada associação entre a
adequação a um corpo perfeito, pode criar di- ocorrência de ansiedade como traço de persona-
versos problemas de realização pessoal para um lidade e a ocorrência de TCAP, assim como entre
indivíduo35. a preocupação excessiva com a imagem corporal
As sociedades contemporâneas têm seu com- e a ocorrência de episódios isolados de compul-
portamento progressivamente modulado pela são alimentar.
mídia, que impõe ideais de saúde e juventude, A SCN é um transtorno com três caracterís-
difunde conselhos dietéticos, estéticos, desporti- ticas básica: anorexia matutina, hiperfagia ves-
vos, eróticos e psicológicos. E que, apesar das pertina ou noturna e insônia45. Esta síndrome
diferenças raciais e étnicas, persiste em impor um ocorre em resposta a um estresse circadiano que
padrão idealizado e homogêneo de beleza. Entre- ocorre primariamente em indivíduos obesos,
tanto, o que se vê na mídia enquanto imposição mas também pode ser verificada em indivíduos
de valores28,38,39 pode gerar equívocos, já que esta com elevado nível de estresse, que quando redu-
nos dispõe imagens e padrões pouco prováveis zido acarreta melhoria nos sintomas da síndro-
de serem alcançados38, e que desrespeitam as ne- me. Esse transtorno está associado à obesidade,
cessidades singulares de cada indivíduo, distan- depressão, baixa auto-estima e redução da fome
ciando-o do seu corpo singular, capaz e saudável diurna41.
a seu modo35. A obesidade está relacionada a fatores psico-
A postura atual é a de que a população geral lógicos como o controle, a percepção de si, a an-
de obesos não apresenta maiores níveis de psico- siedade e o desenvolvimento emocional8,41. En-
patologia, quando comparada à população geral tretanto ser gordo não significa ter problemas
não obesa36. Entretanto, obesos em tratamento psicológicos, sendo necessário desmistificar esta
apresentam maiores níveis de sintomas depressi- crença que é muito utilizada como explicação para
vos, ansiedade, transtornos alimentares, de per- o excesso de peso41. Frente a isso, a inclusão dos
sonalidade e distúrbios da imagem corporal. Essa profissionais da área da psicologia e da psiquia-
postura pode ser justificada pelo fato de que não tria na terapêutica da obesidade mostra-se de
é necessária a presença de psicopatologia para o fundamental importância, por permitir um di-
aparecimento da obesidade, que a psicopatologia agnóstico mais apurado desses aspectos na con-
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formação da obesidade, assim como para a defi- do aporte de gorduras em geral e gorduras satu-
nição do tratamento mais adequado. radas, não evidenciando qualquer tendência de
superação dos níveis insuficientes de consumo de
frutas e hortaliças. Nota-se ainda que hábitos tra-
Obesidade e estilo de vida moderno: dicionais na dieta do brasileiro, como o arroz e o
as implicações da dieta e da atividade física feijão, perderam importância no período, en-
quanto o consumo de produtos industrializados,
O quadro de balanço energético positivo, que como biscoitos, refrigerantes e refeições prontas,
favorece o excesso de peso, tem sido relacionado aumentou consideravelmente12.
às mudanças no consumo alimentar, com au- Do gasto energético de um indivíduo, faz parte
mento do fornecimento de energia pela dieta, e a atividade física realizada por este, que compre-
redução da atividade física4,5,11,14, configurando ende todas as atividades voluntárias, como as
o estilo de vida ocidental contemporâneo4,5,9,11. ocupacionais, de lazer, domésticas e de desloca-
O aumento da ingestão energética pode ser mento5,11,48,51. A relação da ascensão da obesida-
consequência da elevação quantitativa do con- de com a redução do nível de atividade física re-
sumo de alimentos46-48 ou de mudanças qualita- fere-se às mudanças na distribuição das ocupa-
tivas na dieta, no que concerne ao maior consu- ções por setores e nos processos de trabalho com
mo de alimentos com elevada densidade energé- redução do esforço físico ocupacional; modifi-
tica46,48,49, associados ao hábito cada vez mais fre- cações nas atividades de lazer, que passaram de
quente de comer fora da casa5. O crescimento da atividades de elevado gasto energético, como prá-
densidade energética da dieta tem sido atribuído ticas esportivas, para prolongados períodos di-
ao processo de industrialização dos alimentos, ante da televisão ou computador; da utilização
que tem sido verificado na maior parte do Oci- crescente de equipamentos domésticos com re-
dente5,50. dução do gasto energético da atividade, como,
Mendonça e Anjos51 e Anjos5 afirmam que por exemplo, lavar roupa à máquina no lugar de
existem vários fatores associados à dieta que fazê-lo manualmente5,48; e do uso do automóvel,
poderiam contribuir para a elevação do excesso veículo automotivo para deslocamento48,51. To-
de peso dos brasileiros ao ocasionarem mudan- das essas modificações contribuem para o au-
ças nos padrões alimentares tradicionais, que são mento do comportamento sedentário que de-
a migração interna, a alimentação fora de casa, o sempenha uma função importante no desenvol-
crescimento na oferta de fast food e a ampliação vimento da obesidade5,48,51,52.
do uso de alimentos industrializados. Segundo Segundo Nunomura53, a maioria dos brasi-
esses autores, estes aspectos estão diretamente leiros não tem o hábito de praticar nenhuma ati-
vinculados à renda das famílias e às possibilida- vidade física desportiva regular. Mais recentemen-
des de gasto com alimentação, que está associa- te, Monteiro49 revelou que 68% dos adultos que
da ao valor sociocultural dos alimentos em cada vivem na cidade de São Paulo são sedentários.
grupo social. No estudo de Gigante et al.54, realizado no muni-
Dados da POF12 revelam que a média nacio- cípio de Pelotas (RS), constatou-se que apenas
nal de disponibilidade de alimentos por domicí- 32% da população adulta praticavam exercícios
lio é de 1.800 Kcal/pessoa/dia, sendo 1.700 Kcal/ físicos nas horas de lazer.
pessoa/dia no meio urbano e 2.400 Kcal/pessoa/ De acordo com a literatura, o hábito de assis-
dia no meio rural. Deve-se ressaltar que a menor tir televisão por várias horas diárias é considera-
disponibilidade calórica no meio urbano possi- do um indicador de sedentarismo51,52,55, por ser
velmente reflete uma maior frequência de consu- um hábito que diminui a prática esportiva de
mo de alimentos fora do domicílio, de difícil lazer e aumenta o consumo energético, princi-
quantificação, e menores necessidades energéti- palmente em crianças e adolescentes. Deve-se res-
cas do que no meio rural. saltar que a televisão contribui para a delimita-
A tendência de evolução dos padrões de con- ção do estilo de vida ocidental, que inclui os há-
sumo alimentar no período de 1974-1975 a 2002- bitos alimentares, por intermédio do incentivo
2003, passível de estudos apenas nas áreas metro- ao consumo de alimentos difundidos pela pro-
politanas do país, indica menor contribuição dos paganda e o marketing39,51,52.
carboidratos na dieta embora, haja persistência Almeida et al.52 ressaltam que o anúncio de
de um teor excessivo de açúcar na dieta, com re- produtos alimentícios ocorre em todos os perío-
dução no consumo de açúcar refinado e incre- dos do dia e que a maioria dos alimentos veicu-
mento no consumo de refrigerantes, e o aumento lados possui elevados índices de gorduras, óleos,
192
Wanderley EN, Ferreira VA

açúcares e sal, o que está em descordo com uma Considerações finais


dieta saudável e balanceada e que, portanto, pos-
sibilita o excesso de peso. Segundo Serra e San- Frente ao exposto, acreditamos ser necessário
tos39, a mídia desempenha papel estruturador na criar novas agendas de investigação em saúde e
construção e desconstrução das práticas alimen- nutrição que valorizem abordagens metodológi-
tares como, por exemplo, o consumo elevado de cas que partam da perspectiva da obesidade en-
fast foods verificado atualmente e que constante- quanto uma enfermidade multifatorial, não-frag-
mente tem sido veiculado pela mídia. mentada, como normalmente se apresenta a lite-
Estudos sobre o padrão de atividade física da ratura sobre o tema. Neste sentido, alguns auto-
população são escassos, já que não existe um es- res já têm realizado, ainda que timidamente, es-
tudo de base populacional que tenha investigado tudos com esta abordagem mais abrangente e
o nível de atividade física da população5,51, o que plural. A nosso ver, é a partir da construção de
dificulta uma explicação mais consistente sobre estudos dessa natureza que será possível promo-
a relação desta com a obesidade. ver uma instrumentalização mais eficiente dos
Reconhecidamente, dieta e atividade física são profissionais de saúde para o tratamento da obe-
elementos envolvidos na etiologia da obesidade. sidade no nível individual e familiar, no qual as
Nesta direção, para a Organização Mundial de abordagens multidisciplinares e intersetoriais
Saúde1 e o Ministério da Saúde8 no Brasil, a dieta assumiriam destaque.
ocidental e o sedentarismo são os principais fa- Ações no âmbito coletivo devem envolver po-
tores de risco para o desenvolvimento da obesi- líticas públicas que promovam a saúde, o bem-
dade atualmente nas sociedades modernas. estar e a qualidade de vida das populações onde a
parceria entre o governo e a sociedade civil seria
um caminho bastante promissor na prevenção e
tratamento da obesidade, por meio da responsa-
bilização e do autocuidado, permitindo que a co-
munidade participe do processo de promoção da
saúde.

Colaboradores

EN Wanderley e VA Ferreira participaram igual-


mente de todas as etapas da elaboração do artigo.
193

Ciência & Saúde Coletiva, 15(1):185-194, 2010


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nrm=iso&tlng=pt Versão final apresentada em 13/12/2007

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