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ISSN 2318-8014
Camila Morgana Mallmann1, Franciele Reche2, Lisiane Viganó3, Simone Silveira Costa4
1,2,3,4
Acadêmicas do Curso de Fisioterapia da Faculdade da Serra Gaúcha
1 INTRODUÇÃO
Em uma sociedade em que a mulher está cada vez mais atarefada em busca do seu
sucesso profissional e da sua satisfação pessoal, é de praxe que a elegância e a sofisticação
são indispensáveis em seu dia a dia. Para tanto, o ato de caminhar deixou de ser uma prática
funcional e tornou-se uma forma de a mulher mostrar-se “mais atrativa”.
Os sapatos de salto alto não são mais somente acessórios do pé, mas uma parte
essencial da beleza da mulher que refletem a sua personalidade. Porém, a maioria das
mulheres ignoram os efeitos negativos do salto alto no sistema musculoesquelético
(PANNELL, 2012).
Acredita-se que o sapato deveria servir para aprimorar as funções do pé, protegendo, e
não impedindo a transmissão das informações das pressões sobre os pontos adequados de
apoio. Com base em critérios de funcionalidade e não de estética, deveria evitar dores,
encurtamento muscular e possíveis alterações posturais. No entanto, o salto alto torna
impossível com que as mulheres consigam tocar inicialmente o chão com o calcanhar, ao
apoiar o pé ao chão com o calçado de salto alto o pé escorrega para frente, estreitando a
largura do pé, essa nova posição impõe enorme descarga de peso na base dos metatarsianos,
sendo uma região muito mais frágil que o calcâneo. Na região posterior da perna encontram-
se a musculatura do tríceps sural, tendo como função impulsionar o corpo para frente quando
andamos. Com o calcanhar mantido elevado o tempo todo, devido ao uso de salto alto, esse
grupo muscular tem grande tendência a retrair-se, causando o encurtamento. Existem
mulheres que não conseguem mais andar com os pés descalços, devido essa retração, onde
referem dores nas panturrilhas que podem refletir até a coluna (SANTOS, 2005).
AVILA et al (2007), em seu estudo, apresenta que 70% das mulheres começam a
utilizar salto alto entre os 13 e 16 anos de idade, demonstrando que esse uso inicia-se em fase
de pós-puberdade, onde as estruturas dos pés ainda estão se desenvolvendo. O resultado deste
estudo mostra que a sensação de desconforto e dores nos pés está aparente na grande maioria
das mulheres usuárias de salto alto, independente da freqüência do uso. Esses desconfortos
são referidos na região do médio pé, podendo estar relacionado com fato de que o formato do
calçado de salto alto não ser adequado para as características morfológicas.
Segundo SALGADO et al(2008), o uso de salto alto causa poucas modificações na
postura das mulheres, independentemente da freqüência do uso e do tipo de salto utilizado.
Em seu estudo foram avaliadas 20 mulheres que utilizam salto alto todos os dias e 20
mulheres que fazem o uso esporadicamente. Os resultados foram constituídos pela análise da
biofotogrametria computadorizada, que demonstrou diferenças entre o grupo que usa salto
com freqüência e o grupo que usa salto em ocasiões sociais, nota-se que apenas o ângulo que
analisa o posicionamento da cabeça, apresenta diferença em todos os tipos de calçados, para
esse ângulo quanto menor sua medida mais a cabeça é anteriorizada, também demonstrou que
o uso do salto agulha modificou o alinhamento do joelho direito em mulheres que não usam
salto alto com freqüência e a posição do tornozelo foi modificada no plano sagital com o uso
de diferentes calçados. O autor relata que o estudo foi realizado com mulheres jovens, seria
interessante uma amostra de mulheres que fazem o uso de salto alto há muitos anos para
verificar se há ocorrências de modificações.
SÁ et al (2011), em um estudo acerca das alterações lombo-pélvicas provenientes do
uso de salto alto, concluíram que o uso de calçados de salto promove retificação da lordose
lombar com subsequente diminuição da inclinação pélvica anterior.
CASARIN (2005) avaliou a postura e a atividade eletromiográfica do gastrocnêmio e
dos eretores da espinha em vinte e quatro voluntárias, sendo quatorze usuárias habituais de
salto alto por, aproximadamente, oito horas diárias e dez usuárias de salto alto duas a três
vezes por semana por, aproximadamente, três horas diárias. Como resultado, observou-se
retificação da curvatura lombar, que foi proporcional ao aumento da altura do salto e ao
tempo de permanência sobre ele, não tendo sido constatadas diferenças significativas entre os
dois grupos. Através da eletromiografia, ficou claro que os músculos da perna apresentaram
maior atividade eletromiográfica do que os eretores da espinha no grupo de voluntárias que
utilizavam salto alto habitualmente. Já, no grupo que utilizava salto alto esporadicamente não
observou-se diferenças relevantes na atividade eletromiográfica destes dois músculos.
Perante ao questionamento das alterações osteomusculares provocadas pelo uso
frequente de salto alto, o objetivo primário da pesquisa é verificar se uso frequente do salto
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
Os dados obtidos por meio da aplicação dos questionários prévios e das avaliações da
dor e da flexibilidade da cadeia muscular posterior estão descritos nas tabelas 1 e 2. Os dados
referentes à avaliação postural modificada pelos pesquisadores, segundo SANTOS (2001),
não foram utilizados para a realização dessa pesquisa, haja vista que os objetivos secundários
do presente estudo são avaliar a dor de indivíduos que usam salto alto, e avaliar a flexibilidade
da cadeia posterior com o uso de salto alto.
Idade
Entre 15 e 19 anos 2 (20%)
Entre 20 e 25 anos 2 (20%)
Entre 26 e 30 anos 2 (20%)
Acima de 30 anos 4 (40%)
Peso
Entre 50 e 59kg 5 (50%)
Entre 60 e 69kg 4 (40%)
Entre 70 e 79kg 1 (10%)
Acima de 80kg 0 (0%)
Altura
Entre 1,50 e 1,59m 3 (30%)
Entre 1,60 e 1,69m 7 (70%)
Entre 1,70 e 1,79m 0 (0%)
Acima de 1,80m 0 (0%)
IMC
Abaixo de 17(Muito baixo peso) 0 (0%)
Entre 17 e 18,49 (Abaixo do peso) 0 (0%)
Entre 18,5 e 24,99 (Peso normal) 9 (90%)
Entre 25 e 29,99 (Acima do peso) 1 (10%)
Dor
Leve 2 (20%)
Moderada 8 (80%)
Intensa 0 (0%)
Patologias ortopédicas
Não apresenta 8 (80%)
Escoliose 2 (20%)
duas causas. Ainda, segundo o mesmo autor, a redução da flexibilidade parece caracterizada
pelo envelhecimento e, mais fortemente, pela falta de exercícios de alongamento. Uma vez
instalado o encurtamento muscular limita a habilidade da fibra muscular em transmitir a
energia mecânica com eficiência.
90% das amostras apresentaram IMC dentro da normalidade, sendo que a voluntária
classificada como acima do peso (10%) foi incluída em nossa pesquisa, haja vista que a
alteração no IMC ocorreu devido à grande quantidade de massa magra relacionada à prática
diária de exercícios físicos.
A dor foi referida por 80% das mulheres avaliadas, sendo classificada como dor
moderada. A maioria delas relatou a presença de dor na região posterior das pernas e nos pés
ao fim do dia, após a retirada do calçado de salto alto. Também, referiram a dificuldade em
utilizar calçados sem salto, pois sentem a dor do alongamento da musculatura que já está
encurtada.
Um estudo relacionando dores nos pés em mulheres com a frequência do uso de salto
alto constatou que a sensação de desconforto e dores nos pés está aparente na grande maioria
das mulheres usuárias de salto alto, independente da freqüência do uso. Esses desconfortos
são referidos na região do médio pé, podendo estar relacionado com fato de que o formato do
calçado de salto alto não ser adequado para as características morfológicas (AVILA et al,
2007).
Duas das participantes afirmaram sentirem dor na coluna; uma na coluna torácica, e
outra na coluna lombar. Essas voluntárias são portadoras de um desvio da coluna vertebral, a
escoliose. Porém, segundo CAILLIET (2001), acredita-se que a escoliose é uma manifestação
de envolvimento nervoso da divisão primária posterior, fazendo com que os músculos
ipsilaterais se contraiam. Também, ele afirma que há uma teoria de que a escoliose seja um
mecanismo reflexo por meio do qual a coluna vertebral se flete para o lado oposto do
encarceramento do nervo, pela contração do músculo paravertebral. Ainda, segundo o mesmo
autor, postulou-se que a escoliose é causada por uma perna mais curta, mas foi refutada sua
relação com a dor lombar ou com a hérnia discal lombar.
20% das amostras referiram dor leve, podendo estar essa classificação relacionada ao
uso de antiinflamatórios e relaxantes musculares. 80% das amostras que referiram dor
moderada não fazem uso de medicação (antiinflamatórios, analgésicos, relaxantes
musculares) e não apresentam patologias ortopédicas associadas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS
CAILLIET, R. Síndrome da Dor Lombar. 5° ed., Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
OTACÍLIO, J.; SANTOS, A. M. C.; NAZARIO, P. F.; AVILA, A. O. V.; Frequência de Uso
do Calçado de Salto Alto e Dores nos Pés em Mulheres. 2007. Disponível em
http://www2.rc.unesp.br/eventos/educacao_fisica/biomecanica2007/upload/227-1-B-
Joao%20Otacilio%20Libardoni%20dos%20Santos%202.pdf
PANNELL, S. L.; The Postural and Biomechanical Effects of High Heel Shoes: A
Literature Review. Dissertação. FacultyAdvisor: Dana L. Underkofler-Mercer, B.S., M.S.,
D.C., 2012.Disponível emhttp://www.logan.edu/mm/files/LRC/Senior-Research/2012-Apr-
18.pdf
SANTOS, A. Diagnóstico Clínico Postural: Um Guia Prático. São Paulo: Summus, 2001.
SANTOS, A.; Postura Corporal: Um Guia Para Todos. São Paulo: Summus, 2005.