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3o ANO AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

ESCOLA:
LÍNGUA
PORTUGUESA MUNICÍPIO: DATA:

NOME: TURMA:

Leia o texto e responda às questões de 1 a 3.

Com as próprias mãos, Oxalá amassou o barro e com ele modelou os bonecos
aos quais deu a vida com o sopro de Olorum, transformando-os em seres huma-
nos. Mas isso também não foi nada fácil. O Criador fracassou várias vezes antes
de chegar à matéria-prima mais adequada para a modelagem dos humanos.
Primeiro os fez de ar, mas eles se desvaneciam, sem consistência. Com água
também não funcionou: as criaturas lhe escorriam por entre os dedos, caíam
num jorro e se infiltravam no solo.
Oxalá achou que tinha que dar mais solidez ao ser humano e tentou fazê-lo
de pau. Agora sim, os novos seres se mantinham firmes e não lhe escapavam
das mãos. Só que ficaram duros demais, quase nem podiam se mexer.
E assim Oxalá foi experimentando tudo quanto era material que lhe parecia
apropriado. De ferro, os modelos do ser humano ficaram pesados demais. De
massa de inhame ficaram leves, mas muito moles.
Adetutu ficou tentada a sugerir a Oxalá que pedisse ajuda a Exu, mas decidiu
não se meter na Criação. Exu insistia em seu ouvido:
“Diga a ele para me pedir ajuda, diga.”
Ela preferiu ficar quieta. [...]
PRANDI, Reginaldo. Contos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
p. 34-35.

QUESTÃO 1
Na Criação, Oxalá fracassou várias vezes antes de chegar à matéria-prima mais
adequada para a modelagem dos humanos. De acordo com o texto, a massa de inha-
me mostrou-se inapropriada, pois era
A) dura demais.
B) mole demais.
C) inconsistente.
D) rígida demais.
E) pesada demais.

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QUESTÃO 2
No trecho “Diga a ele para me pedir ajuda, diga”, o termo em destaque refere-se
A) a Exu.
B) a Oxalá.
C) a Adetutu.
D) a Olorum.
E) aos humanos.

QUESTÃO 3
No trecho “Oxalá achou que tinha que dar mais solidez ao ser humano”, a palavra
destacada pode ser substituída, sem comprometer o sentido da frase, por
A) segurança.
B) garantia.
C) durabilidade.
D) firmeza.
E) força.

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QUESTÃO 4

No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha


mãe, e ninguém deu os parabéns a meu pai. Vim ao mundo durante a madru-
gada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse um
sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma par-
teira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê de meus pais foi
natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci menina num
lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as
filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer
comida e procriar.
Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado
sombrio. O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a
nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma
em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu tri-
savô, e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai,
Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e
riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito. Ao fim da li-
nha escreveu “Malala”. O primo riu, atônito. Meu pai não se importou. Disse que
olhou nos meus olhos assim que nasci e se apaixonou. Comentou com as pes-
soas: “Sei que há algo diferente nessa criança”. Também pediu aos amigos para
jogar frutas secas, doces e moedas em meu berço, algo reservado somente aos
meninos.
YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo
Talibã. 1. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2013. p.21-22.

Com base na leitura do texto, é possível inferir que o pai de Malala pediu aos amigos
que jogassem frutas secas, doces e moedas no berço, pois
A) queria comemorar o nascimento dela.
B) preferia que ela fosse um menino.
C) almejava apresentá-la aos amigos.
D) sentia que havia algo diferente nela.
E) lutava pela igualdade de gênero.

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QUESTÃO 5

Reprodução
NETO, João. Mais de 25 milhões de jovens não estudavam em 2017. Agência IBGE Notícias, 18 maio 2018.
Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/21256-mais-
de-25-milhoes-de-jovens-nao-estudavam-em-2017>. Acesso em: 11 nov. 2020.

Em relação aos motivos de não frequência dos jovens a escola, curso ou universida-
de, conforme o infográfico, é correto afirmar que
A) o principal motivo de não frequência, no caso dos homens, é a falta de interesse
pelos estudos.
B) a falta de dinheiro para pagar as despesas impede mais homens do que mulheres
de frequentarem escola, curso ou universidade.
C) o principal motivo de não frequência das mulheres é o cuidado com afazeres do-
mésticos ou criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
D) a maioria dos homens não frequenta escola, curso ou universidade porque está
estudando para concurso ou por conta própria para vestibular.
E) a falta de vagas ou escolas no local de residência ou em suas proximidades impe-
de mais mulheres do que homens de frequentarem escola, curso ou universidade.

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QUESTÃO 6

Reprodução
Cartaz: Conscientizar sobre acessibilidade deveria ser coisa de museu. Disponível em: <https://cargocollective.com/joaoj>.
Acesso em: 22 ago. 2020.

O cartaz trata da
A) conscientização sobre a importância dos museus para a vida em sociedade.
B) importância de os museus serem acessíveis para a população de baixa renda.
C) necessidade de compreender o que foi o Holocausto, para que nunca se repita.
D) urgência da conscientização sobre acessibilidade para as pessoas com deficiência.
E) relevância dos museus para tornar o conhecimento histórico acessível a todos.

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QUESTÃO 7

Olhando para os sapatos velhos e sem lustro, para a roupa de três anos,
com joelheiras e algumas manchas, Eugênio sentiu renascer-lhe a velha sensa-
ção de inferioridade. E compreendeu mais do que nunca que as atenções que
Alcibíades lhe dispensava tinham um caráter de favor, de esmola. Que encanto
ou interesse poderia encontrar nele um rapaz rico e adulado que nunca tivera
dificuldades na vida? Que era que ele, um pobre diabo, podia oferecer em com-
pensação a uma criatura como aquela, que vivia no melhor dos mundos? Qual
a razão do convite para a visita? Alcibíades mostrara-lhe tudo. O guarda-roupa
enorme, cheio de fatiotas, gravatas, chapéus. Os perfumes, loções e cosméti-
cos do toucador. Os livros. A máquina de escrever. A coleção de moedas... Por
que todo esse exibicionismo senão para atormentá-lo? Na academia, falava-se
muito na vaidade de Alcibíades...
[...]
VERÍSSIMO, Érico. Olhai os lírios do campo. Porto Alegre: Globo, 1938.

No trecho “Que era que ele, um pobre diabo, podia oferecer em compensação a
uma criatura como aquela, que vivia no melhor dos mundos?”, o narrador utiliza a
expressão destacada para indicar que Eugênio
A) sentia-se insignificante.
B) tinha inveja de Alcibíades.
C) resignou-se a sua pobreza.
D) reconheceu a vaidade do amigo.
E) valorizava a amizade com Alcibíades.

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Leia os textos a seguir e responda às questões 8 e 9.

Texto I
A máxima tragédia
Era uma senhora casada. Uma senhora casada e muito sábia que tinha uma
filha de uns três anos. Pois esta mulher muito sábia não deixava a filha brincar com
terra, não deixava a filha entrar no mar, não deixava a filha andar de pés descalços.
A senhora era uma sumidade em seu ofício, respeitada por toda a sociedade, então
era possível que tivesse razão quando impunha esses impedimentos dizendo que
era para o bem da filhinha, para que a menina não pegasse doença, não corresse
riscos. Eu escutava essa história e pensava: ok, é uma senhora sábia e a filha dela
nunca vai ficar doente — mas eu não queria ser essa filha vetada pra vida.
Era, eu também, uma menina, portanto meu pensamento não vinha acompanhado
dessa eloquência toda, mas era assim que eu sentia. Sem pé na terra, pé na grama,
pé na areia, que infância era aquela, que graça haveria em ser um bibelô cujo vestido
jamais ficaria imundo, cuja trança jamais se desmancharia? Acreditavam todos que
a intenção da senhora era amorosa e protetora (e era), mas eu achava que faltava
mais um adjetivo, sem saber direito qual — ainda não conhecia a palavra paranoica.
Não sei que consequências teve isso na vida das duas protagonistas. Hoje
aquela filhinha de três anos deve ter saudáveis 45, por aí, e a senhora sábia deve
ter mais de setenta. Todos sobreviveram, inclusive essa história que nunca me saiu
da cabeça, e que de vez em quando retorna, como agora.
[...]
MEDEIROS, Martha. Quem diria que viver ia dar nisso. 1.ed. Porto Alegre: L&PM, 2018.

Texto II
Superproteção: em vez de evitar que seu filho sofra,
ela pode gerar mais frustração
No parquinho, você pede que ele não vá ao escorregador mais alto pois pode
se machucar. Se a lição de casa é muito difícil e ele não consegue entender, você
praticamente a faz por ele. Dormir fora nem pensar — mesmo que seja na casa da
avó —, pois acredita que ninguém vai cuidar tão bem dele quanto você. Se der para
ficar de olho nele o dia inteiro, aliás, com a ajuda de uma câmera de segurança, em
casa ou na escola, melhor ainda.
Identificou-se com alguma das situações acima? Está na hora de ligar o sinal
de alerta. Isso porque, mesmo com a melhor das intenções, atitudes como essas
podem prejudicar seu filho tanto agora quanto no futuro. “Mas como assim? Eu só
quero protegê-lo!”. Sim, sabemos disso. A vontade de colocar nossos filhos em uma
bolha e poupá-los de todo mal é compreensível e natural, afinal todo pai quer o me-
lhor para sua cria. Porém, ao tirar da criança a chance de testar seus limites (errar
para acertar depois), ser curiosa, aprender a lidar com problemas, ter autonomia e
se defender, fazemos com que se tornem pessoas frágeis.
[...]
É o que discute também a jornalista espanhola Eva Millet, no recém-lançado
livro Hiperniños: Hijos Perfectos o Hipohijos? (Hipercrianças: filhos perfeitos ou
hipofilhos?, em tradução livre, sem previsão de lançamento no Brasil). “A obses-
são pelo hiperfilho (ou seja, perfeito e intocável) resulta em algo que eu chamo de
hipocriança, um indivíduo mais frágil, inseguro e dependente, que carece de uma
habilidade fundamental para viver: autonomia”, diz a autora. Na obra, ela defende
que a ânsia de superproteger resulta na desproteção. Afinal, como a criança vai
aprender por conta própria se sempre fazem por ela ou a poupam das dificuldades?
[...]
MONTANO, Fernanda. Superproteção: em vez de evitar que seu filho sofra, ela pode gerar mais frustração. Revista
Crescer, 5 nov. 2018. Disponível em: <https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Seguranca/noticia/2018/11/superprotecao-
em-vez-de-evitar-que-seu-filho-sofra-ela-pode-gerar-mais-frustracao.html>. Acesso em: 29 out. 2020.

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QUESTÃO 8
Com base na leitura e comparação dos textos, verifica-se que eles diferem, pois,
enquanto a autora do texto I
A) estabelece um diálogo amigável com o leitor, a autora do texto II se mantém dis-
tante, apresentando as informações de forma crítica e objetiva.
B) apresenta uma memória de sua infância envolvendo uma mãe superprotetora, a
autora do texto II fundamenta-se em dados objetivos sobre o tema.
C) explica o tema de forma objetiva, defendendo sua opinião com argumentos lógi-
cos, a autora do texto II recorre ao sentimentalismo para convencer seus leitores.
D) aborda o assunto com rigor científico, a autora do texto II o aborda de forma sub-
jetiva, justificando que a superproteção é uma demonstração de amor.
E) fundamenta-se em afirmações de especialistas no assunto, a autora do texto II
baseia-se em sua própria intuição para avaliar a superproteção.

QUESTÃO 9
O trecho do texto II em que se encontra a tese defendida pela autora é
A) “No parquinho, você pede que ele não vá ao escorregador mais alto pois pode se
machucar [...]”.
B) “[...] Se a lição de casa é muito difícil e ele não consegue entender, você pratica-
mente a faz por ele [...]”.
C) “A vontade de colocar nossos filhos em uma bolha e poupá-los de todo mal é
compreensível e natural [...]”.
D) “[...] Dormir fora nem pensar — mesmo que seja na casa da avó —, pois acredita
que ninguém vai cuidar dele tão bem quanto você [...]”.
E) “[...] ao tirar da criança a chance de testar seus limites [...], fazemos com que se
tornem pessoas frágeis”.

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QUESTÃO 10

Não é culpa da liberdade de expressão que tenhamos dificuldade em enten-


der seus limites. Toda liberdade, a despeito do que nos tenha sido ensinado,
exige atenção.
Liberdade não é fazer o que queremos fazer, na hora que bem entendermos,
como der na telha. Liberdade é um conceito que envolve prudência, disciplina e
respeito pelo outro, porque ninguém existe sozinho.
Não é liberdade de expressão desumanizar. Palavras ferem, aniquilam e po-
dem matar. Palavras importam e, como uma arma, precisam ser usadas com
muito cuidado. […]
Ter alguma agência sobre sua vida é ter autonomia, não liberdade. A cultura
do cancelamento nasceu dessa confusão conceitual. É perfeitamente possível,
e até divertido, cancelar temporariamente uma pessoa sem reduzir sua reputa-
ção a pó. Para isso, basta que critiquemos ideias e atitudes, e não a pessoa. […]
Cancelar é legítimo se entendermos que pessoas são incanceláveis, mas
ideias e valores são perfeitamente canceláveis. E que, depois de amanhã, o que
foi hoje cancelado pode ser descancelado — porque a vida é movimento.
Assim, a cultura do cancelamento não pode ameaçar a liberdade de expres-
são. […]
LACOMBE, Milly. A chamada cultura do cancelamento representa uma ameaça
à liberdade de expressão? NÃO. Folha de S.Paulo, 31 jul. 2020. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/07/a-chamada-cultura-do-cancelamento-representa-
uma-ameaca-a-liberdade-de-expressao-nao.shtml>. Acesso em: 10 ago. 2020.

O trecho “basta que critiquemos ideias e atitudes” é um argumento para sustentar o


ponto de vista de que
A) o cancelamento deve restringir-se a conceitos e comportamentos.
B) a cultura do cancelamento está prejudicando a liberdade de expressão.
C) as pessoas utilizam a liberdade de expressão para desumanizar as outras.
D) os limites da liberdade envolvem prudência, disciplina e respeito ao outro.
E) a confusão conceitual entre autonomia e liberdade gerou a cultura do cancelamento.

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QUESTÃO 11

Foi aprovada este ano a Lei 1.095/2019, que altera a Lei de Crimes Ambien-
tais, aumentando a pena relacionada ao crime de maus-tratos a cães e gatos. A
pena passa de, no máximo, um ano e quatro meses para dois a cinco anos. [...]
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, divulgada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cães e gatos estão
presentes em 47,9 milhões de domicílios brasileiros. A professora Briseida Re-
zende, do Instituto de Psicologia (IP) da USP e especialista em comportamen-
to animal, psicologia comparada e psicologia do desenvolvimento, compartilha
que a concepção de cães e gatos na história ocidental remonta ao período da
era vitoriana. “Pensando bastante em cães, [foi na era vitoriana] que explodiu
essa questão do cão e dos humanos convivendo, entrando como um animal de
trabalho, com o pastoreio, isso já existia, mas na época vitoriana começa um in-
vestimento na produção de raças de cães. Então, os humanos são responsáveis
por uma seleção artificial de cães com características consideradas atraentes,
o que explica essa empatia que nós sentimos pelos cães e a convivência que
nós temos.”
Segundo a agência de dados Fique Sabendo, na Delegacia Eletrônica de
Proteção Animal (Depa) do Estado de São Paulo houve um aumento de 81,5%
nas denúncias de maus-tratos a animais de janeiro a julho de 2020, comparado
ao mesmo período do ano anterior. [...]
ABREU, Gabrielle. Aumento de pena para maus-tratos aos animais pode desestimular prática.
Jornal da USP, 3 nov. 2020. Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/aumento-de-pena-
para-maus-tratos-aos-animais-pode-desestimular-pratica>. Acesso em: 03 nov. 2020.

A principal informação veiculada no texto é


A) o aumento da pena para pessoas que maltratam cães e gatos.
B) a existência de cães e gatos em 47,9 milhões de domicílios brasileiros.
C) o investimento na produção de raças de cães na época vitoriana.
D) a seleção artificial de cães com características consideradas atraentes.
E) o aumento de 81,5% nas denúncias de maus-tratos a animais.

10 APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO


QUESTÃO 12

Ângelo era um velho português muito trabalhador e honrado, agricultor nos arre-
dores de uma pequena vila de Portugal.
Em certa ocasião, seguiu para o lugarejo, levando consigo abundante carrega-
mento de cereais, produto do seu labor, a fim de expô-lo à venda na feira pública,
que havia ali mensalmente.
Tendo feito bom negócio, voltava para a sua casinha, conduzindo fazendas e ou-
tros objetos de que carecia a idolatrada família.
Um salteador, que durante a feira lhe seguira os passos intencionalmente e o vira
vender os seus cereais, foi esperá-lo na estrada da montanha, para o assassinar e
roubar.
Quando o pobre velho seguia contente na estrada que levava à sua choupana,
salta-lhe de repente o malfeitor e crava-lhe o punhal.
Ângelo pôde apenas pronunciar estas palavras, exalando o último suspiro: “Mal-
vado! Quem com ferro fere com ferro será ferido!”
Debalde a polícia procurou saber quem era o assassino de Ângelo. Não havia
testemunhas e o crime ficou impune. Passado apenas um ano, o salteador, estando
na mesma feira, provocou um conflito e deram-lhe uma punhalada.
O salteador, conhecendo que ia morrer, confessou ter sido o autor do assassínio
do pobre Ângelo e disse:
— Bem ele exclamou na hora da morte: “Quem com ferro fere com ferro será
ferido!”
[...]
VERÍSSIMO, Érico. Olhai os lírios do campo. Porto Alegre: Globo, 1938.

Glossário
Labor: trabalho árduo.
Salteador: aquele que pratica assaltos em estradas.
Choupana: casa simples, rústica.
Debalde: inutilmente, em vão.
Assassínio: assassinato.

No texto, o conflito gerador do enredo tem início com


A) a venda do carregamento de cereais por Ângelo em uma feira pública.
B) o aparecimento do salteador, que segue os passos do velho português.
C) a fala de Ângelo: “Malvado! Quem com ferro fere com ferro será ferido!”.
D) o assassinato do agricultor português na estrada que levava a sua habitação.
E) a morte do assassino, apunhalado na feira ao se envolver em um conflito.

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Leia o texto a seguir e responda às questões 13 e 14.

Declaração de amor
Foi realmente a gota d’água. O copo transbordou sem aviso sobre nossas
cabeças, com aquele boletim. Antes abarrotado de números brilhantes, até mo-
notonamente próximos de dez, que nos enchia de orgulho, ele apresentou-se a
nós a contragosto, depois de dias e mais dias de embromação e conversa fiada,
no derradeiro dia de ele ter de ser incontornavelmente devolvido com as nossas
assinaturas à direção da escola.
Marina estava com pressa. Como sempre. Mas daquela vez pude perceber
algo além da impaciência em seus gestos e muito mais em seus olhos.
Medo. É, medo. O bom e velho medo. Na verdade, um medo até então des-
conhecido para nós.
— É só assinar, mãe.
Não, não assinei. Pelo menos, não com a pressa e pouco-caso que ela de-
sejava. Pelo contrário, muito calmamente, sentei. Sentei e fiquei olhando para
ela, para a impaciência que foi cedendo lugar àquela palidez inconfundível que
acompanha o medo de todos nós. O suor fazia a pele brilhar e tirava o belo ro-
sado das maçãs salientes de seu rosto. Aquelas inconfundíveis mordidinhas no
canto da boca apertada com evidente tensão.
— Mãe...
— Calma, Marina — pedi, abrindo o boletim. — Eu só quero...
— Mas, mãe...
Aquela vermelhidão repentina que se abriu diante de meus olhos cegou-me
por completo. Os vários zeros que se precipitaram sobre mim, um após outro,
matéria por matéria, me deixaram sem ar. Se não tivesse sentada, certamente
teria caído. O chão me fugia debaixo dos pés. O coração dava a impressão de
que a qualquer momento iria saltar pela boca.
[...]
BRAZ, Júlio Emílio; VIEIRA, Janaina. O blog da Marina. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

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QUESTÃO 13
Marina apresentou a contragosto o boletim a sua mãe porque
A) seu desempenho tinha sido ruim nas avaliações escolares.
B) estava com pressa e não queria chegar atrasada às aulas.
C) costumava ser castigada pela mãe quando tirava notas ruins na escola.
D) era o último dia para entregar o boletim assinado pelos pais à direção.
E) temia que a mãe tivesse um ataque cardíaco por causa das notas vermelhas.

QUESTÃO 14
Para se aproximar do público-alvo (infanto-juvenil), os autores fazem uso da linguagem
A) informal, exemplificada pelas expressões “a gota d’água” e “conversa fiada”.
B) coloquial, exemplificada pelas expressões “a contragosto” e “pelo contrário”.
C) formal, exemplificada pelas expressões “me fugia debaixo dos pés” e “saltar pela
boca”.
D) regional, exemplificada pelas expressões “abarrotado de números” e “como sempre”.
E) científica, exemplificada pelas expressões “transbordou sem aviso” e “cegou-me
por completo”.

APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO 13


QUESTÃO 15

Adão
ITURRUSGARAI, Adão. Um Brasil: ativista de carteirinha. Disponível em: <http://umbrasil.com/charges/?cat_
name=Ad%C3%A3o%20Iturrusgarai&term_id=20&taxonomy=cartoonist> Acesso em: 27 out. 2020.

Na frase “Então você é ativista pra valer!!”, a palavra destacada estabelece relação de
A) adição.
B) oposição.
C) condição.
D) conclusão.
E) comparação.

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QUESTÃO 16

Você, eu e nossos amigos


Antes da era tecnológica, a gente via os amigos de vez em quando, em en-
contros eventuais. Agora eles estão na palma da mão. Sabemos tudo o que eles
pensam e o que fazem, as informações são atualizadas em minutos, e o resul-
tado disso? Fé na humanidade.
Se depender de você, de mim e de nossos 3.768 amigos, ou 7.543, ou 21.544
(quantos amigos você tem?), o mundo está salvo. Porque, veja bem: somos
todos bons. Somos todos justos. Somos todos inteligentes. Somos todos amo-
rosos. Somos todos honestos. Escândalos políticos não têm nada a ver com a
gente: somos todos críticos, atentos, lúcidos. E estamos todos estupefatos, ló-
gico. Acreditávamos que a sociedade era íntegra, já que somos todos íntegros.
[...]
Somos todos ecologistas, amantes da natureza, adoradores de crepúsculos,
mares, florestas. Não pisamos na grama, não poluímos os rios, não jogamos ba-
gana de cigarro no chão, somos a favor da energia eólica e solar, reverentes às
flores, às montanhas, às cachoeiras, às árvores. Tudo documentado em fotos,
milhares delas.
[...]
E todos nós votamos corretamente nas últimas eleições. O inferno são os
outros. Jamais você, eu e nossos amigos. Os 3.768, os 7.543, os 21.544 que
estão conectados, que vivem na bolha da autorreverência e que não possuem
defeitos, a não ser este, que é meio suspeito: o de não ter defeito algum.
MEDEIROS, Martha. O meu melhor: 100 crônicas de sucesso + 4 inéditas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019. p. 22-23.

A ironia presente no texto está no fato de


A) as pessoas não serem tão perfeitas quanto aparentam nas redes sociais.
B) os usuários das redes sociais criticarem os escândalos de corrupção na política.
C) as informações pessoais serem constantemente atualizadas nas redes sociais.
D) os bons comportamentos serem exibidos em fotos e vídeos nas redes sociais.
E) as redes sociais terem aproximado amigos, deixando-os ao alcance das mãos.

APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO 15


QUESTÃO 17

Will Leite - willtirando.com.br


LEITE, Willian. Anésia: Qual Dolores?. Disponível em: <http://www.willtirando.com.br/anesia-510> Acesso em: 02 nov. 2020.

No último quadrinho, o termo “ainda” está destacado. Esse destaque ocorreu para
A) indicar que a palavra dita por Anésia à amiga foi empregada em sentido figurado.
B) evidenciar a intenção de Anésia de perdoar a dívida e manter a amizade.
C) mostrar a forma como ela descreveria Dolores: alguém que lhe deve 70 reais.
D) enfatizar a intenção de contar a outras pessoas que Dolores lhe deve dinheiro.
E) informar aos leitores que os devedores devem sentir-se envergonhados.

16 APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO


QUESTÃO 18

117.

sim, é verdade, estou feliz


mas isso não significa
que não deva olhar pros lados
e que precise
acordar todo dia à mesma hora

sim, a princípio, nada me falta


mas não preciso em função disso
deixar de querer um pouco mais
e trocar os meus desejos
por outros que não lembro agora

sim, que me conste, eu estou bem


mas o espelho não é o mesmo todo dia
já não gosto tanto assim dos meus desenhos
e hoje não vou comprar morangos
e sim abacates, uvas e amoras

sim, pra que negar, estou alegre


mas não vou me conformar com calmantes
nem me embriagar de satisfação
não quero a morte lenta, exijo a renovação
a mim a santa paz não devora
MEDEIROS, Martha. Poesia reunida. 1ª ed. São Paulo: L&PM POCKET, 1999.

No poema, a autora inicia os dois primeiros versos de cada estrofe utilizando ora o
advérbio “sim”, ora a conjunção “mas”. Essa alternância é utilizada para mostrar que
o eu lírico recusa-se a
A) resignar-se a sua situação atual.
B) ser grato por tudo que conquistou.
C) aceitar mudanças em sua vida estável.
D) buscar novas realizações para sua vida.
E) satisfazer seus desejos e seguir seus sonhos.

APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO 17


Leia o texto a seguir e responda às questões 19 e 20.

Resenha: Um pedaço de madeira e aço


Quero iniciar ressaltando que a obra em questão possui duas peculiaridades
que a tornam distinta de tudo que estamos acostumados no mundo dos quadri-
nhos. A primeira é a quase ausência de textos nas suas 340 páginas; a segunda
é que, quase toda a narrativa é contada do ponto de vista de um banco de pra-
ça. Isso mesmo, como se um banquinho de praça parasse para nos contar suas
memórias e vivências. Tais características dão um charme muito especial para
a história.
A narrativa começa mostrando um casal de adolescentes num banquinho de
praça, enquanto o garoto entalha, com um canivete, um coração com as iniciais
dos seus nomes. Por descuido, ele ganha um corte profundo no dedo, e os dois
saem em disparada. A partir de então, nos é apresentado o dia a dia do tal ban-
quinho. Um cachorro que todas as manhãs vai fazer xixi no mesmo pé do banco;
um empresário que sempre passa com pressa; um músico que sempre senta no
banco acompanhado dum instrumento e do seu chapéu para receber moedas;
um rapaz apaixonado que sempre marca encontros no banquinho; a mulher que
senta para conferir o resultado de gravidez e que, tempos depois, leva o seu
filhinho para brincar neste mesmo banco; um pobre morador de rua idoso que
sempre vai dormir no banquinho. Enfim, histórias comuns de pessoas comuns,
que ocorrem em todas as praças do mundo em qualquer época.
A narrativa se desenvolve revelando como cada uma dessas pequenas re-
lações entre personagens e banco evolui com o passar dos anos. É mostrado
que, mesmo no inverno, o cachorrinho vai fazer xixi no mesmo ponto; que o
empresário continua passando por lá mesmo estando muito frio e que um casal
de idosos continua sempre sentado no banco para dividir um doce, mesmo com
neve. As passagens mostrando esse casal de idosos é, talvez, a mais tocante de
toda a obra, com desfecho de encher os olhos d’água. Narrando os desfechos
das pessoas que passam pela praça e do próprio banco, o final transmite uma
sensação de conforto que nos acompanha por muito tempo.
Esta obra não é para apenas ser lida, mas, assim como um bom vinho, foi
feita para ser degustada.
[...]
VIEIRA, Maxson. Resenha: Um pedaço de madeira e aço. Editoria Livre, 25 set. 2020. Disponível em:
<https://editorialivre.com.br/resenha_um_pedaco_de_madeira_e_aco>. Acesso em: 27 out. 2020.

18 APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO


QUESTÃO 19
A finalidade do texto lido é
A) relatar para o leitor os pontos principais tratados na obra resenhada.
B) conscientizar o leitor da importância dos encontros em praça pública.
C) indicar quais características tornam uma história em quadrinhos atrativa.
D) convencer o leitor a divulgar a história em quadrinhos para seus conhecidos.
E) emocionar o leitor com a descrição de fatos comoventes constantes da obra.

QUESTÃO 20
O trecho em que o autor apresenta uma opinião é
A) “A primeira é a quase ausência de textos nas suas 340 páginas [...]”.
B) “Tais características dão um charme muito especial para a história”.
C) “A partir de então, nos é apresentado o dia a dia do tal banquinho”.
D) “Um cachorro que todas as manhãs vai fazer xixi no mesmo pé do banco [...]”.
E) “A narrativa começa mostrando um casal de adolescentes [...]”.

APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO 19


QUESTÃO 21

Voto facultativo: por que não temos no Brasil?


No Brasil, o voto não é facultativo, sendo assim obrigatório para todos os cida-
dãos com mais de 18 e menos de 70 anos de idade. [...]
[...]
Favoráveis ao voto obrigatório expõem algumas razões segundo as quais essa
regra deveria ser mantida. Em primeiro lugar, o atual estágio da democracia brasi-
leira não permitiria o voto facultativo. Grande parte da população brasileira ainda
vive em estado de pobreza e baixo nível de escolaridade. Essas pessoas desco-
nhecem seus próprios direitos, como o direito de votar. A tendência é que o voto
facultativo retire das urnas justamente populações excluídas do processo eleitoral.
O segundo argumento é que o voto tem efeito pedagógico. A obrigação de
votar força todos os eleitores a pensar na política nacional, mesmo que apenas a
cada dois anos. O resultado de longo prazo seria a formação de uma sociedade
com uma cultura política forte, em que o hábito de votar e se informar sobre polí-
tica é comum à maior parte da população.
[...]
Por fim, temos a questão do custo-benefício. Tendo em vista o risco que o voto
facultativo traria (menos credibilidade aos resultados das eleições, por conta do
baixo comparecimento), o voto compulsório é uma boa solução, já que o eleitor
não é seriamente afetado e o sistema eleitoral é beneficiado (pela participação
maciça dos eleitores).
[...]
Agora, vejamos alguns argumentos de quem defende o voto facultativo a todos
os eleitores. O primeiro é que o voto deve ser visto como direito, e não dever. O
eleitor tem todo direito de participar da eleição, se quiser, assim como deve ter
direito de se abster se assim preferir. Pode ser que ele não se sinta apto a esco-
lher algum dos candidatos, ou que ele não tenha certeza de qual deles é o mais
qualificado, ou então simplesmente não querer dar seu voto a nenhum candidato.
São todas opções válidas e democráticas.
O segundo argumento dos defensores do voto facultativo é que praticamente
a totalidade das democracias concede a liberdade de não votar a seus cidadãos.
Para ser mais preciso, 85% dos países adotam o voto facultativo atualmente, de
acordo com dados do ACE Project.
[...]
Voto facultativo: por que não temos no Brasil? Politize, 28 set. 2016. Disponível em:
<https://www.politize.com.br/voto-facultativo>. Acesso em: 28 out. 2020.

Em relação às opiniões sobre o voto no Brasil, pode-se afirmar que as pessoas


A) contrárias ao voto facultativo alegam que o país deveria seguir o exemplo da
maioria das nações democráticas.
B) favoráveis ao voto facultativo afirmam que, se não houvesse grande número de
votos, a credibilidade das eleições ficaria comprometida.
C) contrárias ao voto facultativo alegam que o voto deve ser visto como um direito
dos cidadãos, e não como um dever.
D) favoráveis ao voto facultativo afirmam que as pessoas com menor grau de instru-
ção têm dificuldades para escolher seus candidatos.
E) contrárias ao voto facultativo alegam que, sendo obrigadas a votar, as pessoas
tomam consciência da situação política do país.

20 APROVA BRASIL ENSINO MÉDIO 3o ANO

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