Você está na página 1de 18

O Sonho de Toda Garota

Um conto da série A Mediadora

Há muitos anos, o publicador original da série A Mediadora


(quando eu a estava escrevendo sob o pseudônimo de Jenny Carroll) me
pediu para escrever um conto para a revista adolescente deles, Pulse,
sobre Suze Simon, a heroína da série. Aqui, finalmente, está este conto
perdido há muito tempo, que aparece cronologicamente entre os livros
Reunião e A Hora Mais Sombria. Divirta-se!
O Sonho de Toda Garota

Lá estava eu, em um longo vestido branco Jessica McClintock


e uma orquídea no pulso, a luz da lua brincando no meu cabelo e um
par de fortes braços ao redor da minha cintura, enquanto uma voz
masculina gentilmente sussurrava meu nome:
— Suzannah — A respiração do meu parceiro de dança era
suave contra a minha bochecha. — Suzannah...
É. Nos meus sonhos.
Na vida real, a voz chamando meu nome não era nem um
pouco masculina. Isso porque pertencia a um garoto de doze anos de
idade.
— Ãhn, Suze? É, tem algo seriamente errado com estes
cannolis.
Desviei meu olhar dos casais rodopiando diante de mim e olhei
para baixo. Em vez do cara totalmente gato em um smoking que eu
estava imaginando, parado ao meu lado estava meu meio-irmão ruivo,
segurando uma bandeja de massa italiana.
— Kelly está realmente brava — Mestre, conhecido como
David por todo mundo, exceto eu, disse. — Ela diz que eles estão
deformados ou algo assim.
Kelly estava certa. Os cannolis estavam deformados. Como
vice-presidente da turma do segundo ano, e relutante presidente do
comitê de baile de formatura do terceiro e quarto anos (fui indicada para
a posição quando nenhum outro aluno do segundo ano se voluntariou),
eu tinha tentado atravessar as esquinas, usando o dever-de-casa da
sétima série do Mestre como bandeja. Foi isso que eu consegui por
meus esforços: cannolis deformados.
Não que eu me importasse. Quer dizer, considerando o fato
que eu sou a única garota segundanista da escola inteira, praticamente,
que não foi convidada para esse baile em particular. Este baile em que
eu era a presidente. O que me importavam esses estúpidos lanches?
Ah, tá bem. Eu me importava.
— Suze, você está louca? — Kelly Prescott veio andando
altivamente, a saia de seu vestido de baile Nicole Miller reluzindo na
luz da lua que banhava o jardim com chafariz da Missão. — Você
realmente espera que as pessoas comam isso?
Eu olhei para a massa, que deveria ter o formato de conchas
enroladas mas pareciam mais com pretzels.
— Há mais cannolis, ou esta é a última bandeja? — perguntei
ao Mestre.
— Mmm — ele disse, olhando nervosamente para Kelly, que,
sendo a garota mais bonita de Carmel, Califórnia, considerava a nós
dois, meros mortais, aberrações totais. Ela estava certa a respeito de um
de nós. E não era Mestre. — Deve haver mais.
— Ótimo — falei. Peguei a bandeja de cannolis dele. Para
Kelly eu disse: — Não se preocupe com isso. Vou resolver. Volte para
o seu par.
O par de Kelly, o presidente da turma do último ano Greg
Sanderson, estava esperando debaixo de uma palmeira próxima, alto e
super descolado em seu smoking. Ele era um dos caras mais bonitos na
escola, então era simplesmente apropriado que ele convidasse Kelly,
apesar de ela ser uma simples segundanista, para o baile de formatura
dele...
Ainda assim, ele só fez isso porque seu par original, Cheryl
McKenna, inesperadamente, bem...
Morreu.
Mas, olá, este era Greg. Que tipo de otária iria recusar um
convite para ir ao baile de formatura com Greg?
Eu vou te dizer que tipo: eu. Não que ele tenha me pedido, é
claro. Mas se ele tivesse, eu seria forçada a recusar. Porque meu
coração pertence a outro. Mesmo que isso não faça diferença nenhuma.
Dando a Kelly um sorriso que ela não merecia, eu levei a
massa ofensiva de volta para a cozinha da Academia da Missão.
Construída uns quatrocentos anos atrás por monges franciscanos, na
época em que paredes de um metro de espessura e gigantescas vigas de
carvalho não eram consideradas negações na decoração, a Missão,
agora uma escola, tinha atualizado seus equipamentos — e adicionado
energia elétrica — então assim que entrei na cozinha eu podia ver meu
reflexo no enorme refrigerador Sub-Zero no outro lado do aposento. E
vamos apenas dizer que eu não estava animada com o que eu vi.
Ah, o longo vestido branco estava legal. Com meu cabelo
escuro na altura dos ombros e a flor de punho — comprada para mim
por meu padrasto — eu parecia com uma garota de outra época.
O problema era o reflexo que eu vi além do meu. E este era o
reflexo de alguém que realmente era de outra época.
Eu me virei rápido para encará-lo.
— O que — eu exigi — você está fazendo aqui?
Eu quase derrubei os cannolis. Ele pegou a bandeja e a colocou
gentilmente em um balcão próximo.
— Olá, hermosa — ele disse, com um sorriso. — Feliz em te
ver, também.
Foi o sorriso. O sorriso que, toda e cada vez que eu via,
causava algo dentro de mim enfraquecer.
Porque mesmo estando morto há cento e cinquenta anos, Jesse
ainda era o cara mais bonito que eu já vi.
E eu já vi vários deles. Caras, eu quero dizer. Porque, como o
garotinho daquele filme, eu vejo gente morta.
Só que, diferentemente daquele garoto, os fantasmas não me
assustam. Alguns deles eu às vezes penso que eu podia até mesmo
amar.
Tá bom, eu tenho certeza absoluta que eu realmente amo.
Não que eu vá deixá-lo saber disso. Porque que tipo de cara —
mesmo um morto — poderia algum dia amar uma aberração como eu?
Mas isso não significa que eu não possa sonhar.
— Acontece — eu disse, olhando para longe dos perspicazes
olhos escuros como a noite de Jesse. Sem mencionar o lugar em que sua
camisa fora de moda abria revelando um abdômen que Greg Sanderson
teria invejado — que eu estou extremamente ocupada nesse momento.
— Ah, estou vendo, Suzannah — Jesse falou.
— Falo sério — eu disse. — Não tenho tempo para bater papo.
Tenho o dever de fazer deste baile uma noite da qual estas pessoas
jamais esquecerão.
Jesse estava encostado em um dos balcões, seus braços
cruzados sobre o peito.
— Estas pessoas — ele repetiu, como outro de seus sorrisos.
— Mas não você?
— Este não é o meu baile de formatura — falei, dando de
ombros, tentando não notar como seus braços bronzeados se
destacavam contra a brancura de sua camisa. Para um fantasma, Jesse
era bastante moreno.
— Então isso significa que você não vai dançar? — ele
perguntou.
Eu congelei com uma bandeja de cannolis — não-deformados
— frescos que eu tinha acabado de tirar do refrigerador em minhas
mãos.
— Dançar? — eu podia sentir o calor subir às minhas
bochechas. Ele não está te convidando para dançar, eu disse a mim
mesma severamente. Ele apenas está perguntando por perguntar. Não
crie esperanças.
Tarde demais. Já, na minha imaginação, Jesse e eu tínhamos
nos juntado aos outros casais lá fora no jardim banhado pelo luar,
aqueles seus fortes braços ao redor da minha cintura, sua respiração
suave na minha bochecha...
— Sim, dançar — Jesse disse. — Certamente até mesmo no
século vinte e um as pessoas ainda dançam.
Respirei fundo, imaginando como eu iria responder.
Nunca tive a chance de descobrir. Porque antes que eu pudesse
dizer uma palavra, eu a vi.
— Greg? — ela chamou. — Greg? Onde você está?
Meu queixo caiu. Eu a teria reconhecido pelo lustroso cabelo
loiro em qualquer lugar, mas a camisola de hospital era uma dica óbvia.
— Ah, não — falei.
Cheryl, ouvindo a minha voz, veio parar hesitantemente na
porta da cozinha. Seus adoráveis olhos azuis estavam esperançosos
quando ela viu a Jesse e a mim.
— Olá — ela disse, em sua maneira atordoada mas educada
tão comumente empregada pelos recentemente mortos. — Vocês viram
meu namorado, Greg? Ele deveria me trazer aqui hoje à noite, só que
ele não apareceu. Ele deve ter esquecido.
Jesse e eu trocamos olhares. O dele era ilegível. O meu, como
eu podia ver muito bem pelo meu reflexo na geladeira, era infeliz.
Bem, e por que não? Ver Cheryl desse jeito era apenas mais
uma prova da minha esquisitice.
— Cheryl — falei, colocando a bandeja de cannolis no balcão.
— Escute. Greg não se esqueceu de te pegar.
Cheryl piscou como alguém acordando de um sonho. Talvez
fosse isso que a morte era. Quem sabe? Bem, Jesse sabe, só que ele
nunca me conta.
— Ele deve ter esquecido — Cheryl disse. — É a noite do
baile.
— Eu sei, Cheryl — eu falei, gentilmente. — É a noite do
baile. E Greg está aqui.
O lindo rosto de Cheryl se iluminou.
— Ele está aqui? Onde? Eu tenho que encontrá-lo.
Ela se virou para sair correndo da cozinha. Eu a parei. Os
espíritos dos mortos não têm matéria — para todo mundo a não ser
aberrações como eu, é claro. Para nós, eles são carne e osso, ou como
no caso de Jesse, músculo e misteriosos sorrisos.
— Greg está aqui, Cheryl — falei. — Mas... ele está aqui com
outra pessoa.
Os olhos de Cheryl se encheram instantaneamente de lágrimas.
— Mas não pode ser — ela falou, sua voz aumentando
ligeiramente. — Ele me convidou. Meses atrás.
— Eu sei, Cheryl — eu falei. — Mas Greg teve que convidar
outra pessoa porque você... bem, você morreu, Cheryl.
Ela sacudiu sua cabeça.
— Não, eu não morri — ela disse. — Isso é ridículo. Eu não
estou morta. Olhe para mim. Eu estou bem aqui. Eu não estou morta.
— Você está bem aqui em uma camisola de hospital — eu
apontei. — Cheryl, sinto muito, mas você morreu de apendicite dois
meses atrás. Se você for lá fora agora — se você tentar falar com Greg
— ele não vai te ver. Ele não pode. Eu só posso te ver porque... bem,
porque é isso que eu faço. Mas a verdade é, Cheryl, você está morta.
Eu vi isso — o horror enquanto as minhas palavras eram
absorvidas — se espalhar por suas lindas feições.
E foi então que ela pirou.
Quem poderia culpá-la? Ela tinha dezoito anos, e estava
apaixonada. Ela tinha tudo para viver... Faculdade, carreira, casamento,
filhos... E agora...
Bem, agora tudo isso já era.
— NÃO! — ela gritou, seu lindo rosto se contorcendo em uma
máscara de fúria e desespero. — NÃO! Eu não acredito em você! Você
está mentindo!
Ela se soltou das minhas mãos.
— Você está é com inveja, isso sim! — ela gritou. — Inveja de
mim!
E foi então que ela trouxe ambos os punhos sobre a bandeja de
cannolis, mandando seu conteúdo para os ares.
E não os cannolis deformados, ainda por cima.
— Pare com isso! — eu gritei, dando um passo a frente e
agarrando seus pulsos. Não importava o quanto ela contorcesse seu
corpo ou esperneasse para se soltar, eu não iria deixá-la ir. Não desta
vez.
— Você está morta, Cheryl — eu falei. — Você me escutou?
Morta. Não é justo, mas é assim que as coisas são. Eu queria que você
tivesse ido ao seu baile de formatura. Eu sei que é o sonho de toda
garota ir ao baile com o cara que ela ama. Mas Cheryl, Greg seguiu em
frente. Foi difícil para ele, mas ele conseguiu. E é hora de você fazer o
mesmo.
Algo em minhas palavras — talvez a garantia de que Greg não
teve facilidade em enfrentar a morte dela, por mais que Kelly Prescott
deve ter desejado o contrário — tirou toda a luta dela. Ela se afundou
contra mim.
Então, um segundo depois, eu a ouvi murmurar:
— Eu realmente estou morta, não estou?
E então ela se foi.
Bem assim.
Jesse, que não tinha se movido o tempo todo do lugar onde ele
estava, confiante que eu podia lidar com Cheryl sozinha, estava
sorrindo de orelha a orelha.
— É o sonho de toda garota ir ao baile com o cara que ela
ama? — ele ecoou, com não apenas uma, mas ambas as sobrancelhas
negras levantadas.
— Não comece — falei. Eu tentei esconder minhas bochechas
subitamente em chamas jogando fora o que sobrou dos cannolis, e os
substituindo com o conteúdo de um pacote não terminado de biscoitos
com pedaços de chocolate. — Tenho coisas para fazer.
— Ah, sim — Jesse disse, saindo do meu caminho enquanto eu
passava furiosamente por ele. — Estou vendo.
Se eu esperava que o ar da noite esfriasse o fogo no meu rosto,
fiquei desapontada. Eu ainda estava me sentindo estranhamente corada
quando encontrei Mestre no jardim, e empurrei a bandeja de biscoitos
para ele.
— Suze, estes não são cannolis — ele disse.
— Eu sei. Não tem mais cannolis.
— Pensei que tivesse vários...
— Não mais — falei, curtamente, e me virei porque vi Kelly
olhando ferozmente para nós por cima do ombro de Greg. O que quer
que tenha acontecido agora, eu não queria saber. Porque não podia ser
tão ruim quanto o que aconteceu à pobre Cheryl McKenna, morta aos
dezoito.
Ou a mim, que nasci uma aberração que pode ver fantasmas.
Mas quando eu mergulhei nas sombras do corredor a céu
aberto da Missão, esperando escapar, por um momento, da música e das
risadas, descobri que eu não estava totalmente sozinha, de jeito nenhum.
Jesse tinha me seguido.
— Você não respondeu à minha pergunta — ele falou, em uma
voz suave como o luar. — As pessoas no século vinte e um ainda
dançam?
Meu coração retumbava nos meus ouvidos, muito mais alto
que a música lenta.
— Mmm — falei, mal capaz de engolir em seco porque minha
garganta estava muito seca. — Às vezes.
— Que tal agora? — ele perguntou.
E então seus fortes braços estavam em volta de minha cintura,
sua respiração suave contra minha bochecha enquanto ele gentilmente
sussurrava meu nome:
— Suzannah. Suzannah...
Every Girl’s Dream
The Mediator’s Short Story

Many years ago, I was asked by the original publisher of the


Mediator series (back when I was writing it under the name Jenny Car-
roll) to write a short story for their teen magazine, Pulse, about Suze Si-
mon, the heroine of the series. Here, at last, is that long lost short story,
which appears chronologically between the books Reunion and Dark-
est Hour. Enjoy!
Every Girl’s Dream

There I was, in a long white Jessica McClintock dress and or-


chid wrist corsage, moonlight playing on my hair and a pair of strong
arms encircling my waist, while a masculine voice gently whispered my
name: “Suzannah.” My dance partner’s breath was soft against my
cheek. “Suzannah....”
Yeah. In my dreams.
In real life, the voice calling my name wasn’t a bit masculine.
That’s because it belonged to a twelve-year-old boy.
“Uh, Suze? Yeah, there’s something seriously wrong with
these cannolis.”
I tore my gaze from the whirling couples before me and looked
down. Instead of the total hottie in a tux I’d been imagining, standing
beside me was my redheaded stepbrother, holding a tray of Italian pas-
tries.
“Kelly’s really mad,” Doc — known as David to everyone but
me — said. “She says they’re like deformed, or something.”
Kelly was right. The cannolis were deformed. As vice-presi-
dent of the sophomore class, and reluctant chairperson of the junior/se-
nior prom committee (I had been appointed to the position when no
other sophomore volunteered), I had tried to cut corners, using Doc’s
seventh grade Home Ecclass as caterers. This was what I got for my ef-
forts: deformed cannolis.
Not that I cared. I mean, considering the fact that I was the
only sophomore girl in the entire school, practically, who had not been
asked to this particular dance. This dance I was chairperson of. What
did I care about the stupid refreshments?
Oh, all right already. I cared.
“Suze, are you insane?” Kelly Prescott came stalking up, the
skirt of her Nicole Miller evening gown shimmering in the moonlight
that poured into the Mission’s fountained courtyard. “You actually ex-
pect people to eat those?”
I looked down at the pastries, which were supposed to be tube-
like shells but which looked more like pretzels.
“Are there any more cannolis, or are these the last batch?” I
asked Doc.
“Um,” he said, looking nervously at Kelly, who, being the
most beautiful girl in Carmel, California, considered the two of us, mere
mortals, complete freaks. She was right about one of us. And it wasn’t
Doc. “There should be more.”
“Fine,” I said. I took the tray of cannolis from him. To Kelly I
said, “Don’t worry about it. I’ll take care of it. Go back to your date.”
Kelly’s date, senior-class president Greg Sanderson, was stand-
ing beneath a nearby palm tree, tall and cooly handsome in his tux. He
was one of the best looking guys in school, so it was only fitting that
he’d asked Kelly, though a lowly sophomore, to his prom....
Still, he’d only done so after his original date, Cheryl
McKenna, unexpectedly, well....
Died.
But hey, it was Greg. What kind of fool would turn down an
invitation to go to prom with Greg?
I’ll tell you what kind: me. Not that he’d asked me, of course.
But if he had, I’d have been forced to decline. Because my heart be-
longs to another. For all the good it does me.
Giving Kelly a smile she didn’t deserve, I whisked the offend-
ing pastries back to the Mission Academy’s kitchens. Built something
like four hundred years ago by Franciscan monks, back in the days
when three foot thick walls and giant oak beams overhead were not
considered decor don’ts, the Mission, now a school, had updated the ap-
pliances — and added wiring — so that as I entered the kitchen, I could
see my reflection in the huge Subzero fridge at the far end of the room.
And let’s just say I was not thrilled by what I saw.
Oh, the long white dress was fine. With my shoulder-length
dark hair and the corsage — bought for me by my stepfather — I
looked like a girl from another time.
The problem was the reflection I saw alongside mine. And that
was the reflection of someone who really was from another time.
I whirled around fast to face him.
“What,” I demanded, “are you doing here?”
I’d nearly dropped the cannolis. He took the tray and set it gen-
tly on a nearby counter.
“Hello, querida,” he said, with a smile. “Nice to see you, too.”
It was the smile that did it. The smile that, each and every time
I saw it, caused something inside of me to wilt.
Because even though he’s been dead a hundred fifty years,
Jesse is still the handsomest guy I’ve ever seen.
And I’ve seen a lot of them. Guys, I mean. Because, like the
kid in that movie, I can see dead people.
Only unlike that kid, the ghosts don’t scare me. Some of them I
sometimes think I might even love.
Okay, I’m pretty sure I do love.
Not that I’m about to let him know it. Because what kind of
guy — even a dead one — could possibly ever love a freak like me?
But that doesn’t mean I can’t dream.
“I happen,” I said, looking away from Jesse’s shrewd, night-
dark eyes — not to mention the place where his old-fashioned shirt fell
open to reveal a set of abs Greg Sanderson would have envied — “to be
extremely busy right now.”
“Oh, I can see that, Suzannah,” Jesse said.
“I mean it,” I said. “I don’t have time to chat. I am in charge of
making this prom a night these people will always remember.”
Jesse was leaning against one of the countertops, his arms
folded across his chest. “These people,” he echoed, with another one of
those smiles. “But not you?”
“It’s not my prom,” I said, with a shrug, trying not to notice
how darkly tanned those arms of his were against the whiteness of his
shirt. For a ghost, Jesse is extremely buff.
“So that means no dancing for you?” he asked.
I froze with a tray of fresh new — undeformed — cannolis I’d
just removed from the fridge in my hands.
“Dancing?” I could feel heat rushing into my cheeks. He isn’t,
I told myself sternly, asking you to dance. He’s just asking in general.
Don’t get your hopes up.
It was too late. Already, in my mind’s eye, Jesse and I had
joined the other couples out in that moonlit courtyard, those strong arms
of his circling my waist, his soft breath against my cheek....
“Yes, dancing,” Jesse said. “Surely even in the twenty-first
century, people still dance.”
I drew in a breath, wondering even as I did how I was going to
reply.
I never got a chance to find out. Because before I could say a
word, I saw her.
“Greg?” she called. “Greg? Where are you?”
My jaw dropped. I’d have recognized that lustrous blonde hair
anywhere, but the hospital gown was a dead give away. No pun in-
tended.
“Oh, no,” I said.
Cheryl, hearing my voice, came to stand uncertainly in the
kitchen doorway. Her lovely, blue-eyed gaze was hopeful as she looked
at Jesse and me.
“Hello,” she said, in the dazed but polite manner so often em-
ployed by the recently dead. “Have you seen my boyfriend, Greg? He
was supposed to bring me here tonight, only he never showed up. He
must have forgotten.”
Jesse and I exchanged glances. His was unreadable. Mine, as I
was able to see only too well in my reflection in the fridge, was miser-
able.
Well, and why not? Seeing Cheryl like this was just further
proof of my freakishness.
“Cheryl,” I said, putting down the tray of cannolis. “Listen.
Greg didn’t forget to pick you up.”
Cheryl blinked like someone waking from a dream. Perhaps
that’s what death is. Who knows? Well, Jesse knows, only he won’t tell
me.
“He must have forgotten,” Cheryl said. “It’s prom night.”
“I know, Cheryl,” I said, gently. “It is prom night. And Greg is
here.”
Cheryl’s lovely face lit up. “He’s here? Where? Oh, I’ve got to
find him.”
She turned to rush from the kitchen. I stopped her. The spirits
of the dead are without matter — to everyone but freaks like me, of
course. To us, they are flesh and bone — or, as in Jesse’s case, muscle
and mysterious smiles.
“Greg’s here, Cheryl,” I said. “But...he’s here with someone
else.”
Cheryl’s eyes filled instantly with tears. “But that can’t be,”
she said, her voice rising slightly. “He asked me. Months ago.”
“I know, Cheryl,” I said. “But Greg had to ask someone else
because you... well, you died, Cheryl.”
She shook her head. “No, I didn’t,” she said. “That’s ridicu-
lous. I’m not dead. Look at me. I’m standing right here. I am not dead.”
“You’re standing right here in a hospital gown,” I pointed out.
“Cheryl, I’m sorry, but you died of a burst appendix two months ago. If
you go out there now — if you try to talk to Greg — he won’t see you.
He can’t. I can only see you because...well, because it’s what I do. But
the truth is, Cheryl, you’re dead.”
I saw it — the horror as my words sank in — spread across her
lovely features.
And that’s when she went mental.
Could you blame her? She’d been eighteen, and in love. She’d
had everything to live for...college, career, marriage, kids...and now....
Well, now it was all gone.
“NO!” she screamed, her lovely face contorting into a mask of
rage and despair. “NO! I don’t believe you! You’re lying!”
She wrenched free from my grasp.
“You’re just jealous, that’s all!” she screamed. “Jealous of
me!”
And that’s when she brought both fists down into the tray of
cannolis, sending its contents flying.
And not the deformed cannolis, either.
“Stop it!” I yelled, stepping forward and seizing her by both
wrists. No matter how much she contorted her body or kicked out to be
free, I wouldn’t let her go. Not this time.
“You are dead, Cheryl,” I said. “Do you hear me? Dead. It’s
not fair, but it’s the way things are. I wish you had gotten to go to your
prom. I know it’s every girl’s dream to go to prom with the guy she
loves. But Cheryl, Greg has moved on. It was hard from him, but he did
it. It’s time you did the same.”
Something in my words — maybe the assurance that Greg had
not had an easy time coping with her death, for all Kelly Prescott might
wish otherwise — drove all the fight from her. She sagged against me.
Then, a second later, I heard her murmur, “I really am dead,
aren’t I?”
And then she was gone.
Just like that.
Jesse, who had not stirred the whole time from the spot he’d
been standing, confident I could handle Cheryl myself, was grinning.
“It’s every girl’s dream to go to prom with the guy she loves?”
he echoed, not just one, but both inky black eyebrows raised.
“Don’t start with me,” I said. I tried to hide my suddenly flam-
ing cheeks by scraping away what was left of the cannolis, and replac-
ing them with the contents of an upended bag of chocolate chip cookies.
“I have things to do.”
“Oh, yes,” Jesse said, getting out of my way as I stormed past
him. “I can see that.”
If I’d hoped the night air would cool the fire in my face, I was
disappointed. I was still feeling strangely flushed when I found Doc out
in the courtyard, and shoved the tray of cookies at him.
“Suze, these aren’t cannolis,” he said.
“I know. There aren’t any more cannolis.”
“I thought there was a whole—”
“Not anymore,” I said, shortly, and turned away because I saw
Kelly glaring at us from over Greg’s shoulder. Whatever had happened
now, I did not want to know. Because it could not possibly be as bad as
what had happened to poor Cheryl McKenna, dead at eighteen.
Or to me, born a freak who can see ghosts.
But when I ducked into the shadows of the Mission’s open-air
corridor, hoping to escape, for a moment, the music and laughter, I
found that I was not, in fact, alone at all. Jesse had followed me.
“You never answered my question,” he said, in a voice that
was soft as moonlight. “Do people in the twenty-first century still
dance?”
My heart beat thundered in my ears, far louder than the slow
music. “Um,” I said, barely able to swallow, my throat had gone so dry.
“Sometimes.”
“How about now?” he asked.
And then his strong arms were encircling my waist, his breath
soft against my cheek as he gently whispered my name: “Suzannah.
Suzannah...”

Você também pode gostar