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PARAFUSO DE ARQUIMEDES

Angélica Machado, João Carlos, Marlon Domingues, Rogério Oldra e Tatiane Rosa ¹
Ismael Rupert²

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo a criação e apresentação de um protótipo de um


parafuso de Arquimedes funcional, este que é um mecanismo usado desde as civilizações
antigas para transportar diversos tipos de materiais de um nível para outro, ou até mesmo
deslocamento no mesmo nível. A autoria desta invenção é dada ao matemático, filósofo,
físico, engenheiro, inventor e astrônomo Arquimedes de Siracusa, embora acredita-se que
este dispositivo já fosse conhecido e utilizado pelos egípcios. Para tanto, vamos apresentar
brevemente a história e as contribuições de Arquimedes até os dias de hoje. Neste trabalho
vamos utilizar farinha de milho para teste de transporte, e a seguir iremos discutir sobre os
resultados obtidos.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Boyer (1996), Arquimedes que nasceu e morreu em Siracusa entre 287 e 212
a.C., pode ter estudado em Alexandria com os estudantes de Euclides, com os quais manteve
comunicação posteriormente. Ele teve muitas contribuições á Física, entre elas estão as
fundações da hidrostática e da estática, tendo descoberto a lei do empuxo e a lei da alavanca,
além de muitas outras.

[...]Arquimedes trabalhou como engenheiro militar para o rei Ecliderides de


Cilodastri em uma guerra marítima contra os bretões. Consta que Arquimedes
inventou uma máquina que disparava resina incandescente contra as naus inimigas.
Outro relato mais verossímil, o do historiador siciliano Diodoro, que viveu no século
I a.C., fala do Parafuso de Arquimedes, usado para bombear água das minas de prata
do rio Tinto, no sul da Espanha. Diodoro afirma que Arquimedes inventou esse
parafuso apenas com esse propósito. (Strathern, 1998, p.09)

Ele inventou o parafuso sem-fim, esse foi um grande avanço nas maquinas modernas.
Entre as criações mais importantes a partir desse fato, está também a mais simples, que é o
Parafuso de Arquimedes, a bomba de parafuso que leva seu nome. Criou ainda vários tipos de
maquinas para usos militar e civil, incluindo armas de cerco.
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[...] Há pesquisadores que sugerem que bombas de parafuso similares seriam


utilizadas para irrigar os Jardins Suspensos da Babilônia, representados nesta obra
criada por Martin Heemskerck no século XVI, uma das sete maravilhas do mundo
antigo que teria existido no século VI a.C. Esta afirmação se apoia em uma
interpretação de uma inscrição cuneiforme assíria, corroborada pelo historiador
grego Estrabão, que descreveu os Jardins sendo irrigados por grandes parafusos.
(Perrone, 2019)

No século I a.C., o parafuso de Arquimedes era conhecido como caracol devido à sua
semelhança com a forma dos moluscos encontrados na região. Ele já era utilizado como
ferramenta para elevação de água, na irrigação do delta do Nilo. Nessa época, o instrumento
era girado por um moinho movimentado com os pés, sistema que também pode ser
encontrado em registros feitos nos murais da cidade de Pompéia.
Uma série de parafusos de Arquimedes sobrepostos, cada um com cerca de 5 metros de
comprimento, foi empregada para a remoção de água nas minas de prata dos romanos na
Espanha. Mais tarde o sistema de movimentação foi substituído por manivelas, criando-se o
método que ainda pode ser encontrado atualmente no alto Egito e em algumas regiões do
Oriente Médio.
O princípio do parafuso de Arquimedes passou a ser aplicado em mecanismos de transporte
de inúmeros outros materiais, transformando-se no mais tradicional processo de elevação de
grãos. Mostrou grande utilidade na remoção de terra durante as operações de escavação, e, em
tamanhos menores, também para levar os alimentos até o triturador, nas máquinas de moer.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nos dias atuais, o principio de Arquimedes ainda é a solução mais eficiente visando
custo benefício em diversas áreas, principalmente no transporte de grãos do agronegócio,
devido sua fácil construção e baixo custo de manutenção.

Seu princípio teórico é transformar movimento rotacional em movimento linear


onde o funcionamento se dá de forma que o produto ao entrar na Rosca
transportadora, é depositado no fundo da carcaça e ali permanece até que o anel do
helicoide o encontre no mesmo ponto. O movimento de rotação do helicoide faz
com que um ponto de material seja arrastado para frente e não deverá mais encostar-
se ao mesmo ponto que o anterior. Após ser deslocado, o movimento angular fará
arrastar linearmente alguns milímetros de onde se encontrava o material inicialmente
até o próximo ponto. Se continuar rotacionando o helicoide, o ponto seguinte do
helicoide fará o papel de empurrar linearmente o material e isso se repetirá até
chegar a um local que o material não esteja mais em contato com o fundo da Rosca
transportadora e com o anel do helicoide, ou seja, no bocal de saída do equipamento.
(Corbari,2021).
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Vários são os maquinários empregados no agronegócio que usam o principio do


parafuso de Arquimedes para a finalidade de transporte de grãos, porem seu nome muda
conforme sua utilização. Nas colheitadeiras o principio é chamado de “plataforma caracol”,
onde são colocados dois helicoides montados sob a plataforma de corte, que levam o material
colhido ao centro da máquina. Já quando o uso é para carga e descarga de moinhos, silos,
caminhões, ensacadeiras, extrusoras e injetoras, recebe o nome de “rosca chupin”. No uso de
transporte contínuo de cereais, grãos, rações, resinas plásticas granuladas e produtos químicos
de mesmo nível, chama-se “esteira caracol”. Mas todos métodos utilizados visam garantir
redução de custo com mão de obra e aumento da produtividade.
Baseando-se no emprego da “rosca chupin” a seguir criaremos um protótipo funcional
com materiais reciclados, onde, como objetivo, deseja-se simular em menor escala o emprego
do princípio de Arquimedes.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento e criação do protótipo foi utilizado material reciclado


adquirido no comercio de sucatas e resíduos, sendo uma barra em formato helicoidal em aço
galvanizado de 0,6m de comprimento com diâmetro externo de 26mm e interno de 19mm
com um passo de 27mm, um tubo de 27mm interno com parede de 1/16” por 1m de
comprimento, e um perfil em “u” com espessura de 3/32”, largura de 50mm, altura de 25mm
e comprimento de 1,5m. O restante do material foi adquirido na ferragem, foram utilizadas
uma lata de tinta spray preto fosco, uma lixa de grão 80 para ferro, cola multiuso, um pote de
plástico e uma garrafa pet.
As ferramentas utilizadas foram uma máquina de solda do tipo eletrodo, dois eletrodos, uma
esmerilhadeira com disco de corte, uma serra manual para ferro, um martelo, um alicate
universal, uma lima bastarda, uma fita isolante e uma morsa de bancada.
“A geometria do parafuso de Arquimedes tem em conta certos parâmetros externos tais como
o raio externo, o comprimento e a inclinação e certos parâmetros internos como o raio interno,
o número de voltas e o passo da espiral...” (Porto Editora – parafuso de Arquimedes na
Infopédia)
Primeiramente foi cortado o tubo na medida de 60cm e fechado uma de suas
extremidades para servir de limitador para barra helicoidal. Foi faceado a ponta da barra para
melhor rotação dentro do tubo. No tubo foram realizadas duas aberturas, sendo uma de cada
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lado, com aproximadamente 1/3 do diâmetro do mesmo, e com distância de 5mm da face
fechada do tubo. Feito isto, cortou-se o perfil “u” na medida de 50cm e mais quatro pedaços
de 10cm que foram posteriormente soldados no perfil cortado anteriormente para servir de
apoio lateral da base. Do mesmo perfil cortou-se mais dois pedaços, sendo um de 8cm e o
outro de 38cm, os quais foram soldados na base verticalmente com distancia de 48cm entre
eles, para servir de apoio ao tubo de ferro que foi soldado sobre eles, formando um ângulo de
30º. Após foi aberto uma janela de inspeção superior de 10cm de comprimento por 1/3 do
diâmetro do tubo de profundidade, sobre esta foi colado uma película extraída da garrafa pet
para visualização do material passando nas espiras. Utilizou-se uma barra de ferro de obra
dobrada em formato de “L” soldada na ponta da barra helicoidal para uso como manivela.
Foram realizados testes primários e concluído que o protótipo já estava funcional, aplicou-se
sobre ele a tinta spray em duas demãos para cobertura total. Utilizou-se uma fita isolante
sobre a tampa de inspeção para que a tinta não cobrisse a área desejada. Foi realizado um furo
de 31mm na a partir da base do pote de plástico na parede de menor lado do mesmo, onde foi
introduzido a ponta de coleta do tubo. Com o restante da garrafa pet foi realizado a marcação
de 1litro e cortado a mesma, depositando-a sob o ponto de depósito.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este protótipo foi nossa segunda tentativa, pois primeiramente foi realizado um
experimento com um tubo de cano de PVC com helicoides em EVA ao redor. Após
posicionados as espirais, as mesmas foram coladas com cola multiuso e passado resina epóxi
sobre as mesmas. Infelizmente apesar de ter sido realizado a mistura da resina com catalizador
na medida informada pelo fabricante, não houve o endurecimento do material e o mesmo não
pode ser utilizado. Ao realizar o experimento com a barra de inox helicoidal, foram feitos
testes com grãos de feijão e arroz, porem pela medida e composição do material a ser
transportado houve a trituração dos grãos, sendo expelido no ponto de depósito uma farinha
de cada material. Ao realizar o teste com água, notou-se que o espaço entre o tubo e a barra
não oferecia vedação suficiente para retenção do liquido, e manualmente não era possível
atingir rotação suficiente para causar o empuxo necessário para transporte do liquido. Assim
resolvemos utilizar a farinha de milho, baseado nos testes anteriores, esta que mostrou uma
eficiência boa se adequando ao protótipo.
Utilizamos então o protótipo para transporte de farinha de milho, onde foi adicionado ao
ponto de coleta 500 gramas do material. Durante os testes, chegamos à conclusão que era
necessário abrir a boca do ponto de depósito até o centro do tubo. Foi necessário 1 minuto e
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12 segundos para preenchimento dos espaços do helicoide até o ponto de deposito do


material. Nos próximos minutos observamos a maior eficiência do protótipo, porém notamos
a necessidade de um misturador no ponto de coleta, ou então uma espécie de funil, visto que a
farinha se sedimentava e não escorria para a captação. Foram realizadas três medições de
formas diferentes, onde foram obtidos resultados diferentes:
1.º. Nesta medição colocamos o conteúdo do material no ponto de coleta e aplicamos
rotação manual de aproximadamente 120rpm. Desta forma o material ficou espalhado
sobre toda área do pote de coleta. Assim logo o protótipo parou de coletar material e
finalizamos o cronômetro por falta de material útil.
2.º. Nesta medição colocamos o conteúdo do material no ponto de coleta concentrando o
volume maior do mesmo sobre a boca de coleta do protótipo e aumentamos a rotação
manual para 180rpm. Desta forma conseguimos transportar uma quantidade de
material maior, mas ainda não satisfatório para o teste, finalizando o cronômetro pelo
mesmo motivo anterior.
3.º. Na medição final mantivemos a rotação de 180rpm, e realizamos de forma manual
uma agitação do material, concentrando sempre o volume do mesmo sobre a boca de
coleta. Onde obtivemos a melhor eficiência do protótipo.

MATERIAL MATERIAL MATERIAL NÃO


TEST RP TEMP
DISPONIVE TRANSPORTAD TRANSPORTAD
E M O
L O O
1º 120 500g Aprox. 90g 410g 72s
2º 120 500g Aprox. 170g 330g 178s
3º 180 500g Aprox. 420g 80g 383s

5. CONCLUSÃO

Assim concluímos que a forma de construção do protótipo afeta diretamente em sua


eficiência, pois foi possível perceber que quanto maior a diferença do diâmetro interno e
externo do helicoide, maior será o transporte de material. A rotação também é proporcional a
eficiência, pois diminui as perdas, contudo a construção do ponto de coleta foi o que teve
fator mais importante na construção do nosso protótipo. Outro fator que se deve levar em
conta é o material a ser transportado, pois se for solido, a altura do helicoide deve ser maior
que o grão do material e se for liquido, a diferença do diâmetro externo da barra e do diâmetro
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interno do tubo deve proporcionar a maior vedação possível, sendo que se houver perdas, essa
deverá ser compensada pela rotação.
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REFERÊNCIAS

BOYER, Carl B. História da Matemática. 1ª ed. Tradução: Elza F. Gomide. São Paulo-SP:
Edgar Blücher, 1974.

CORBARI (São Paulo). Rosca transportadora. Disponível em:


https://www.corbari.com.br/rosca-transportadora. Acesso em: 01 dez. 2021.

PERRONE, Gabriel Cury. Acervo museológico dos laboratórios de ensino de física.


UFRGS, 2019. Disponível em: https://www.ufrgs.br/amlef/2019/12/01/parafuso-de-
arquimedes/. Acesso em: 01 dez. 21.

PORTO EDITORA (ed.). Parafuso de Arquimedes. Disponível em:


https://www.infopedia.pt/$parafuso-de-arquimedes. Acesso em: 26 nov. 2021.

STRATHERN, Paul. Arquimedes e a Alavanca em 90 minutos: vida e


obra. São Paulo: Jorge Zahar, 1998. 79 p. Tradução: Maria Helena
Geordane.

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