Boletim j

Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 10/2019

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// Auditoria Veja nos Próximos

A auditoria interna e sua importância para as empresas. . . . . . . . . . 01 Fascículos

// Contabilidade Geral a Ativos e passivos fiscais

Exaustão de recursos minerais e florestais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 diferidos
a Contas de compensação

// Contabilização a Estrutura de custos

nas pequenas e médias
Perdas decorrentes de furtos praticados por empregados . . . . . . . . . 05
empresasa
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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Temática contábil e balanços : auditoria : a

auditoria interna e sua importância para as
empresas.... -- 15. ed. -- São Paulo : Sage -
IOB, 2019. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-3377-0

1. Balanços contábeis 2. Empresas - Contabilidade

I. Série.

19-23916 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:

1. Administração financeira : Empresas 658.15

2. Análise de balanços : Empresas : Administração
financeira 658.15
3. Balanços : Empresas : Administração financeira
658.15

Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).
Boletim IOB

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
 Boletim j

Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

a Auditoria
A auditoria interna e sua importância para as empresas
SUMÁRIO
1. Quadro sinótico
2. Introdução
3. A importância fundamental
4. Outras contribuições importantes
5. Conclusão
1. QUADRO SINÓTICO
Os dois tipos de auditoria Os tipos de auditoria em uso na empresa moderna são os seguintes: a auditoria interna e
a auditoria externa.
A diferença básica entre os dois tipos de au- A diferença básica entre os tipos de auditoria reside no fato de que a auditoria interna é
ditoria exercida por pessoal vinculado à empresa, enquanto a externa é independente, contrata-
da pela empresa para ser exercida por técnicos sem vínculo empregatício com a organi-
zação auditada.
Função fundamental das auditorias Dificultar erros e/ou fraudes e assegurar o cumprimento da legislação contábil mediante
conferência (geralmente, por amostragem) de documentos e métodos de contabilização.
Que outras vantagens, além do benefício do A auditoria interna pode acarretar, entre outras, as seguintes vantagens:
cumprimento do seu objetivo fundamental, a) aperfeiçoamento dos controles internos da empresa;
podem originar-se de um sistema de auditoria b) participação efetiva no processo de detecção e na investigação de desvios contábeis; e
interna eficaz? c) esforço permanente para assegurar a qualidade da função de auditagem.

2. INTRODUÇÃO empresa, com a intenção declarada de dificultar erros

As auditorias (quer interna, quer externa) têm o
objetivo principal de aumentar o nível de confiabilidade
dos registros e demonstrativos contábeis das empre-
sas, confiabilidade essa comprometida pelo extenso
período de recorrência teimosa de erros absurdos
e/ou fraudes inaceitáveis. Segundo tem sido divulgado
pelos historiadores, foram encontrados indícios de que
auditorias sobre contas públicas já eram realizadas
nos recuados tempos iniciais da Idade Média.
No setor privado, a auditoria é bem mais recente,
tendo surgido de forma gradativa, em resposta a
pressões internas e externas às empresas, decor-
rentes do seu natural crescimento, da progressiva
complexidade das suas operações, do rigor cada vez
maior da legislação fiscal a que são submetidas e da
pulverização da sua propriedade.
Primeiramente, surgiu a Contabilidade Interna,
conduzida por empregados vinculados à própria
e/ou fraudes, mediante a instituição da conferência
(por amostragem) de registros e documentos con-
tábeis. Posteriormente, por influência dos interesses
de “parceiros externos”, tais como acionistas e auto-
ridade fiscais (motivados pela desconfiança inspirada
por controles exercidos pelo próprio autor daquilo
que está sendo controlado), teve inicio a utilização
de auditorias externas, sob a responsabilidade de
profissionais e organizações sem vínculo direto com a
empresa auditada, contratados para o fim específico
de confirmar, comentar, complementar ou denunciar
possíveis deslizes da contabilidade da organização
ou da sua auditoria interna.
Como podemos observar, em última análise, o
trabalho de auditoria é, em essência, uma forma de
controle de qualidade que se aplica, rotineiramente,
às operações das empresas, com a única diferença
de que, no caso da auditoria, o que se pretende
controlar é a qualidade dos dados contábeis e a sua
conformidade com os procedimentos éticos e legais,

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2019 - Fascículo 10 TC10-01


em vez de preocupar-se (como o faz o controle de
qualidade convencional) com a conformidade de pro-
dutos e serviços a especificações adrede definidas,
ou às necessidades e expectativas dos clientes da
empresa.
O presente texto destina-se a comentar os
principais benefícios que um sistema adequado de
auditoria interna pode trazer à empresa que o adota.
3. A IMPORTÂNCIA FUNDAMENTAL
O “controle de qualidade” dos registros e proce-
dimentos contábeis objetiva, antes de qualquer outra
coisa, coibir e evitar erros e improbidades, estabelecer
um melhor controle de direitos e de obrigações, asse-
gurando o cumprimento dos deveres fiscais e uma
maior proteção dos bens patrimoniais da empresa e
dos seus proprietários, e contribuindo, assim, para
reduzir as ineficiências e os desperdícios, além de
manter a imagem pública da organização em um
patamar de idoneidade e confiabilidade adequado.
Como o leitor pode notar, todos os benefícios
aqui considerados de importância fundamental estão
diretamente associados às funções básicas de um
sistema de auditoria eficaz, consistentes na correção
de erros e na prevenção de molecagens financeiras,
com resguardo e observância estrita das leis e das
regras de boa conduta.
4. OUTRAS CONTRIBUIÇÕES IMPORTANTES
Essas não são, entretanto, as únicas vantagens
empresariais decorrentes da prática de uma auditoria
interna responsável. Nos seus esforços cotidianos
para atingir os seus objetivos fundamentais, a audi-
toria interna exerce, complementarmente, uma ação
contínua de inegáveis e positivos efeitos administrati-
vos e gerenciais, alguns dos quais são relacionados
a seguir:
a) a contínua fiscalização da correção dos proce-
dimentos contábeis em uso na empresa;
b) proposição de medidas para o aprimoramento
dos controles internos e da eficácia adminis-
trativa da organização;
c) avaliação constante da adequação e do fun-
cionamento dos controles internos que influam,
direta ou indiretamente, sobre os dados das de-
monstrações financeiras;
d) coordenação da implantação e do funciona-
mento de procedimentos de controle, aplicá-
veis aos casos de comportamento duvidoso;
10-02 TC
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
e) liderar a elaboração de manuais de ética e de
instruções relativas às regras de compliance a
serem cumpridas pela empresa;
f) participação efetiva no processo de investiga-
ção e de apuração de responsabilidades refe-
rentes a eventuais denúncias de atos e fatos
indicadores de conduta fora da lei e/ou dos
padrões definidos pela empresa;
g) pesquisa de novos caminhos (possivelmente,
ensejados pelos sempre expandidos recursos
da informática) para conduzir a técnica de au-
ditagem a níveis cada vez mais avançados de
eficácia.
Há uma história real que ilustra a influência de
medidas éticas sobre os recursos gerenciais de muitas
empresas. Em 2002, pressionado por uma sucessão
de escândalos provocados por fraudes contábeis e
por vultosos prejuízos para investidores de grandes
empresas, o governo norte-americano promulgou
a Lei Sarbanes-Oxley (abreviadamente conhecida
como SOX), visando a proteger os acionistas das
empresas de capital aberto.
Essa Lei - de meticulosidade e rigor poucas vezes
vistos - acabou por gerar uma verdadeira revolução
nos sistemas internos das empresas por ela afetadas
por exigir que essas empresas desenvolvessem uma
descrição detalhada de cada um dos seus procedi-
mentos administrativos e contábeis a fim de facilitar
a identificação e a responsabilização dos autores de
eventuais fraudes. Pode-se, facilmente, imaginar o
tumulto desencadeado no interior dessas empresas,
obrigadas a detalhar cada um dos seus inúmeros
procedimentos administrativos e contábeis, de forma
a facilitar a sua imediata auditagem.
Entretanto, conforme reportagem publicada, na
ocasião, em revista especializada, o detalhamento
exigido pela legislação revelou consequências sur-
preendentes da nova legislação: “os procedimentos
da nova Lei”, comentava a Revista Exame, “ajudaram
a melhorar controles, a facilitar a gestão e, até, a
cortar custos”.
Ao lado de um certo número de empresas admi-
nistrativamente beneficiadas pela exigência legal, é
citado, na mencionada matéria, o caso de um banco
que, por meio da análise das atividades exigida pela
prescrição legal, descobriu que tinha mais de uma
área controlando os mesmos processos; em função
disso, corrigiu a duplicação de tarefas e ganhou um
dinheiro considerável com tal providência. Esse é,
sem qualquer dúvida, um sugestivo exemplo do “efeito
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Temática Contábil e Balanços
múltiplo” de uma ação gerencial (a descrição geral
de procedimentos administrativos e contábeis) que,
originalmente, visava, apenas, a uma maior proteção
dos investidores da empresa.
5. CONCLUSÃO
Em confronto com os efeitos indiretos e admi-
nistrativos da auditoria externa, a auditoria interna
tem também demonstrado alguma vantagem para a
empresa. Um levantamento dos resultados obtidos
por ambos os tipos de auditoria no que concerne
à detecção de desvios acidentais ou propositais
constatados nos demonstrativos dos resultados e do
desempenho das organizações analisadas indicou
que, enquanto a auditoria interna foi responsável por
a Contabilidade Geral
Exaustão de recursos minerais e
florestais
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Dedutibilidade
3. Periodicidade de contabilização
4. Verificação do saldo a exaurir
5. Exemplo
1. INTRODUÇÃO
Entende-se por exaustão a perda do valor, decor-
rente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam
recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados
nessa exploração. Neste texto, discorremos sobre os
aspectos contábeis pertinentes ao tema.
(Lei nº 6.404/1976, art. 183, § 2º, “c”)
2. DEDUTIBILIDADE
2.1 Recursos minerais
A importância correspondente à diminuição do
valor de recursos minerais, resultante da sua explora-
ção, poderá ser computada, como custo ou encargo,
em cada período de apuração do Imposto de Renda.
Todavia, não são dedutíveis os encargos de exaustão
de jazidas minerais inesgotáveis ou de exaurimento
indeterminável, como as de água mineral.
(RIR/2018, art. 336, caput e § 3º)
Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2019 - Fascículo 10
quase 20% dessas detecções, a consultoria externa
contribuiu com apenas 2% das denúncias. As demais
detecções tiveram origem em controles internos
(25%), informações de funcionários (24%), informa-
ções de terceiros (22%), informações anônimas (21%)
e demais fatores, tais como investigações especiais
ou por simples acaso.
Percebe-se, assim, que a auditoria interna está
envolvida com cerca de metade das detecções de
irregularidades atribuídas à empresa no período da
pesquisa, lembrando que o item “controles internos”
tem forte associação com os procedimentos da
auditoria interna, o que aumenta significativamente a
contribuição gerencial desse tipo de auditoria.
N
2.1.1 Cálculo da quota de exaustão dos recursos
minerais
O montante da quota de exaustão deve ser
determinado tendo em vista o volume da produção no
período e a sua relação com a possança conhecida
da mina ou em função do prazo de concessão.
(RIR/2018, art. 336, § 2º)
2.2 Recursos florestais
Assim como ocorre com os recursos minerais, a
importância correspondente à diminuição do valor
de recursos florestais, resultante da sua exploração,
poderá ser computada, como custo ou encargo, em
cada período de apuração.
Porém, a quota de exaustão dos recursos flores-
tais destinados ao corte terá como base de cálculo o
valor das florestas.
Notas
(1) Essas disposições aplicam-se também às florestas objeto de di-
reitos contratuais de exploração por prazo indeterminado, devendo, nesse
caso, as quotas de exaustão ser contabilizadas pelo adquirente desses direi-
tos, que tomará como valor da floresta o do contrato.
(2) O proprietário de florestas exploradas poderá optar pela dedução,
como quota anual de exaustão, das importâncias efetivamente aplicadas em
cada ano no plantio de árvores destinadas ao corte.
(RIR/2018, art. 337, caput e §§ 1º e 2º)
TC10-03

2.2.1 Cálculo da quota de exaustão dos recursos
florestais
Para o cálculo do valor da quota de exaustão,
deve ser observado o seguinte critério:
a) inicialmente, deve-se apurar o percentual que
o volume dos recursos florestais utilizados ou a
quantidade de árvores extraídas, durante o pe-
ríodo de apuração, representa em relação ao
volume ou à quantidade de árvores que no início
do período de apuração compunham a floresta;
b) o percentual encontrado deverá ser aplicado
sobre o valor contábil da floresta, registrado
no Ativo, e o resultado será considerado como
custo dos recursos florestais extraídos.
(RIR/2018, art. 337, § 2º)
3. PERIODICIDADE DE CONTABILIZAÇÃO
Nas empresas industriais, a manutenção de
sistema de contabilidade de custos integrado e
coordenado com o restante da escrituração exige que
os encargos de exaustão dos bens empregados na
produção sejam contabilizados mensalmente.
As pessoas jurídicas não enquadradas nessa
hipótese:
a) caso submetidas à apuração trimestral do lu-
cro real, poderão contabilizar o encargo men-
salmente ou no encerramento de cada trimes-
tre de apuração do lucro real;
b) caso tenham optado pelo pagamento mensal
do Imposto de Renda por estimativa, poderão
contabilizar o encargo:
b.1) mensalmente;
b.2) no encerramento do período de apura-
ção do lucro real, em 31 de dezembro ou
por ocasião de incorporação, fusão, ci-
são ou encerramento de atividades; ou
b.3) por ocasião do levantamento de balanços
ou balancetes de suspensão ou redução
do pagamento do imposto mensal.
4. VERIFICAÇÃO DO SALDO A EXAURIR
Antes de efetuar o cálculo dos encargos de
exaustão do saldo de abertura, deve-se tomar o
cuidado de verificar se não existem bens que já este-
jam totalmente exauridos ou exauridos em montante
que já não permita mais aplicar integralmente a taxa
anual, hipótese em que esta deverá ser ajustada ao
saldo exaurível. Por essa razão, a empresa precisa
manter controles adequados que permitam compro-
var à fiscalização, quando solicitado, que a exaustão
10-04 TC
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
acumulada não excede a 100% do custo de aquisição
dos bens.
5. EXEMPLO
5.1 Exaustão de recursos minerais
Admitamos que a Empresa ABC possui os direitos
de extração de uma jazida com as seguintes caracte-
rísticas:
- Valor contábil da jazida: R$ 200.000,00
- Possança conhecida: 100.000 toneladas
- Extração efetuada no ano: 25.000 toneladas
- Prazo para término da concessão: 5 anos
Nesse caso, temos que a produção da jazida
corresponde a 25% (25.000 toneladas, correspon-
dente ao volume de produção do período ÷ 100.000
toneladas correspondente à possança conhecida), e
portanto, esta será exaurida no prazo de 4 anos, prazo
este inferior ao prazo de concessão, que é de 5 anos.
Logo, no nosso exemplo, a quota de exaustão
será calculada em função da possança conhecida da
jazida e teríamos, então:
R$ 200.000,00 x 25% = R$ 50.000,00
O registro contábil da quota de exaustão seria,
por sua vez, assim efetuado:
D - Exaustão de Recursos Minerais
(Conta de Resultado)
C - Exaustão Acumulada
(Conta Redutora do Ativo Não Circulante -
Imobilizado) R$ 50.000,00
5.2 Exaustão de recursos florestais
Suponhamos que a empresa XYZ tenha plantado
25.000 árvores, ao custo de R$ 4.000,00, para vendê-
-las após a extração.
Nesse caso, teríamos o seguinte lançamento
contábil:
1) Pelo registro do custo do plantio das árvores
D - Recursos Florestais
(Ativo Não Circulante - Imobilizado)
C - Bancos Conta Movimento
(Ativo Circulante) R$ 4.000,00
Dando continuidade ao desenvolvimento do
exemplo, vamos considerar que a hipotética empresa
registre mensalmente os encargos de exaustão e que,
em determinado mês, tenha extraído 5.000 árvores.
Nesse caso, o cálculo dos encargos de exaustão
seria assim efetuado: 5.000 (árvores extraídas) ÷
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25.000 (árvores que compõem a floresta) = 20% (taxa
de exaustão).
R$ 4.000,00 (custo das árvores) x 20% =
R$ 800,00 (valor do encargo de exaustão)
O registro contábil dos encargos de exaustão
apurados naquele mês seria, por sua vez, assim
efetuado:
a Contabilização
Perdas decorrentes de furtos praticados
por empregados
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Estorno de crédito de tributos sobre os bens furtados
3. Exemplo
4. Registros contábeis
5. Observação final
1. INTRODUÇÃO
Em geral, todas as empresas necessitam de
pessoal para administrar, controlar ou simplesmente
manusear seus recursos monetários (caixa, saldo em
conta-corrente bancária, aplicações financeiras, etc.)
e materiais (estoques para produção e/ou revenda
de itens do Ativo Imobilizado). Em algumas ocasiões,
pode ocorrer a apropriação indébita desses bens
pelos próprios funcionários incumbidos de sua guarda
ou mesmo o furto deles por qualquer empregado.
Verificada a ocorrência desse fato, a empresa
terá de providenciar a baixa do ativo, uma vez que
ele deixou de incorporar o seu patrimônio. Todavia,
ressaltamos que, para efeito de apuração do lucro
real, essas perdas somente serão dedutíveis como
custo ou despesas operacionais quando houver
inquérito instaurado nos termos da legislação traba-
lhista ou quando for apresentada a queixa perante a
autoridade policial (RIR/2018, art. 376).
2. ESTORNO DE CRÉDITO DE TRIBUTOS SOBRE OS
BENS FURTADOS
De acordo com os arts. 3º, § 13, e 15 da Lei
nº 10.833/2003, deverá ser estornado o crédito da
contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins relativo
a bens adquiridos para revenda ou utilizados como
Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2019 - Fascículo 10
2) Pelo registro do encargo de exaustão da flo-
resta
D - Exaustão de Recursos Florestais
(Conta de Resultado)
C - Exaustão Acumulada
(Conta Redutora do Ativo Não Circulante -
Imobilizado) R$ 800,00
N
insumos na prestação de serviços e na produção ou
fabricação de bens ou produtos destinados à venda,
que tenham sido furtados ou roubados, inutilizados
ou deteriorados, destruídos em sinistro ou, ainda,
empregados em outros produtos que tenham tido a
mesma destinação.
No tocante ao IPI, o Decreto nº 7.212/2010, art. 254,
IV, reproduzido a seguir, estabelece o seguinte:
Art. 254. Será anulado, mediante estorno na escrita fis-
cal, o crédito do imposto (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25,
§ 3º, Decreto-Lei nº 34, de 1966, art. 2o, alteração 8a, Lei
nº 7.798, de 1989, art. 12, e Lei nº 9.779, de 1999, art. 11):
[...]
IV - relativo a matéria-prima, produto intermediário, material
de embalagem, e quaisquer outros produtos que hajam
sido furtados ou roubados, inutilizados ou deteriorados ou,
ainda, empregados em outros produtos que tenham tido a
mesma sorte;
[...]
No que diz respeito à legislação do ICMS, o art. 21,
IV, da Lei Complementar nº 87/1996 assim dispõe:
Art. 21. O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do
imposto de que se tiver creditado sempre que o serviço
tomado ou a mercadoria entrada no estabelecimento:
[...]
IV - vier a perecer, deteriorar-se ou extraviar-se.
3. EXEMPLO
Vejamos o exemplo do furto de uma mercadoria
do estoque de revenda de uma empresa comercial,
sabendo-se que o respectivo bem custou R$ 2.000,00
e está registrado no estoque por R$ 1.455,00, sendo
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 Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

o ICMS pago na aquisição no valor de R$ 360,00, o 4) Pelo reconhecimento do prejuízo decorrente

PIS-Pasep Não Cumulativo a Recuperar no valor de do furto (lembrando que somente a parcela
R$ 33,00 e a Cofins Não Cumulativa a Recuperar no não coberta pelo crédito do empregado pode
valor de R$ 152,00. ser apropriada como prejuízo)

Suponha-se que, ocorrido o fato, foi identificado D - Perdas por Apropriação Indébita e
como responsável um funcionário da empresa, que foi Furtos (Conta de Resultado) R$ 1.110,00*
demitido por justa causa, sendo o caso noticiado na C - Estoques
(Ativo Circulante) R$ 565,00
delegacia local, que forneceu um Boletim de Ocorrência.
C - ICMS a Recuperar
(Ativo Circulante) R$ 360,00
Ao preparar a rescisão contratual do funcionário
C - PIS-Pasep Não Cumulativo a
em questão, constatou-se que ele tinha um crédito Recuperar (Ativo Circulante) R$ 33,00
líquido de apenas R$ 890,00, a saber: C - Cofins Não Cumulativa a Recuperar
(Ativo Circulante) R$ 152,00
Valor bruto do saldo de salário R$ 1.000,00
Contribuição ao previdenciária (R$ 110,00) (*) R$ 2.000,00 - R$ 890,00.
Crédito líquido R$ 890,00
Nota Evidentemente, se o valor do crédito do funcio-
Os dados e valores utilizados neste exemplo são meramente ilustrativos. nário fosse superior ao valor da mercadoria, não have-
ria nenhum prejuízo a ser registrado. Por exemplo, se
4. REGISTROS CONTÁBEIS ele tivesse um crédito líquido, registrado na conta de
“Salários a Pagar”, de R$ 2.500,00, o valor do furto
Na hipótese exemplificada, procede-se aos seria integralmente ressarcido por meio do seguinte
seguintes registros contábeis: lançamento contábil:
1) Pela apropriação da despesa relativa ao salário
D - Salários a Pagar
D - Salários (Passivo Circulante) R$ 2.000,00
(Conta de Resultado) C - Estoques
C - Salários a Pagar (Ativo Circulante) R$ 1.455,00
(Passivo Circulante) R$ 1.000,00 C - ICMS a Recuperar
(Ativo Circulante) R$ 360,00
2) Pela apropriação do desconto da contribuição
C - PIS-Pasep Não Cumulativo a
previdenciária Recuperar (Ativo Circulante) R$ 33,00
D - Salários a Pagar C - Cofins Não Cumulativa a Recuperar
(Passivo Circulante) (Ativo Circulante) R$ 152,00
C - Contribuições ao INSS a Recolher
(Passivo Circulante) R$ 110,00 5. OBSERVAÇÃO FINAL
3) Pelo ressarcimento do valor do furto, até o li- Observa-se que, no caso de existência de seguro
mite do crédito do empregado, considerando que garanta à empresa o ressarcimento de prejuízos
que a hipótese de tal desconto está prevista decorrentes de apropriação indébita, furto ou roubo,
no regulamento interno da empresa naturalmente não cabe apropriação de perdas no
D - Salários a Pagar resultado.
(Passivo Circulante)
C - Estoques ◙
(Ativo Circulante) R$ 890,00

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