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Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 05/2020
a Contabilização - Depreciação
// Demonstrações Contábeis de bens do Ativo Imobilizado
- O aspecto gerencial e fiscal
Demonstração dos Fluxos de Caixa - Exemplificação do método indi-
reto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 a Contabilização - Baixa de
bens do Ativo Imobilizado
a Demonstrações contábeis -
Demonstração dos Fluxos de
Caixa - Exemplificação do
método
© 2019 by SAGE | IOB
Capa:
Marketing SAGE | IOB
0800-724-7900 SAC
ISBN 978-85-379-3565-1
19-32250 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:
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Boletim IOB
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Boletim j
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
a Contabilização
Contratos de mútuo (empréstimo de da sociedade, mesmo que essa não seja uma
instituição financeira. Essas operações também são
dinheiro) entre pessoas jurídicas ou muito comuns entre empresas coligadas e entre as
entre pessoa jurídica e pessoa física sociedades controladoras e suas controladas. Neste
texto, discorremos sobre o registro contábil dessas
1. QUADRO SINÓTICO operações.
É prática comum os sócios emprestarem dinheiro
para a sociedade da qual participem, ou o inverso, Sintetizamos, no quadro a seguir, os principais
ou seja, os sócios tomarem dinheiro emprestado aspectos relacionados ao tema:
Contabilização do contrato O contrato de mútuo deve ser contabilizado como um passivo exigível na mutuária e como um ativo reali-
de mútuo zável na mutuante.
Procedimentos na mutuária A entidade que toma o dinheiro emprestado (mutuária) deve creditar, em contrapartida da entrada do nu-
merário em sua conta bancária ou em seu caixa, uma conta específica:
a) do Passivo Circulante, no caso de não haver data prevista para a liquidação do mútuo ou se esta estiver
prevista para antes do término do exercício social seguinte; ou
b) do Passivo Não Circulante, se a data prevista para a liquidação do mútuo recair após o término do exer-
cício social seguinte.
Procedimentos na mutuante A entidade que empresta o dinheiro (mutuante) deve registrar o direito de recebê-lo em conta do Ativo
Realizável a Longo Prazo, independentemente de o contrato especificar data de vencimento anterior ao
término do exercício seguinte.
Encargos financeiros Os encargos financeiros praticados nos contratos de mútuo devem ser reconhecidos, segundo o regime de
competência, como despesa financeira na mutuária e como receita financeira na mutuante.
IRRF - Tratamento contábil O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) incidente sobre rendimentos decorrentes das operações de
na mutuante mútuo é compensável com o imposto devido pela empresa com base no lucro real, presumido ou arbitrado,
e deve ser registrado pela mutante em conta do subgrupo “Impostos a Recuperar”, no Ativo Circulante.
De acordo com o RIR/2018, art. 791, III, os rendimentos decorrentes de operações de mútuo de recursos
financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física são equiparados, para fins de
incidência do Imposto de Renda, a rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, independentemen-
te de a fonte pagadora ser instituição autorizada a funcionar pelo Bacen.
Desde 1º.01.2005, o Imposto de Renda dessas operações passou a incidir às seguintes alíquotas para
residentes ou domiciliados no Brasil, observado o prazo de contratação da operação (Lei nº 11.033/2004,
art. 1º; Instrução Normativa RFB nº 1.585/2015, arts. 46 e 47, § 4º):
a) 22,5%, em operações com prazo de até 180 dias ou com prazo indeterminado;
b) 20%, em operações com prazo de 181 dias até 360 dias;
c) 17,5%, em operações com prazo de 361 até 720 dias;
d) 15%, em operações com prazo acima de 720 dias.
banco como sócio e toma dinheiro emprestado desse repasse for feito, sem a cobrança de encargos, ou com
sócio registrará o empréstimo como se o tivesse a cobrança de encargos inferiores aos pagos para a
contratado com instituição financeira que não tenha obtenção dos recursos repassados, o Fisco poderá
participação em seu capital. considerar indedutíveis as despesas financeiras
pagas pela mutuante, na parte que exceder ao valor
3. CONTABILIZAÇÃO DO CONTRATO DE MÚTUO do encargo cobrado das controladas, coligadas ou
interligadas, no repasse dos recursos, por considerá-
O contrato de mútuo deve ser contabilizado como -las não necessárias (RIR/2018, art. 311).
um passivo exigível na mutuária e como um ativo
realizável na mutuante, observados os procedimentos
4.1 IRRF - Tratamento contábil na mutuante
a seguir.
O IRRF incidente sobre rendimentos decorren-
3.1 Procedimentos na mutuária tes das operações de mútuo é compensável com o
imposto devido pela empresa com base no lucro real,
A entidade que toma o dinheiro emprestado presumido ou arbitrado, e deve ser registrado pela
(mutuária) deve creditar, em contrapartida da entrada mutante em conta do subgrupo “Impostos a Recu-
do numerário em sua conta bancária ou em seu caixa, perar”, no Ativo Circulante. De acordo com o RIR/2018,
uma conta específica: art. 791, III, os rendimentos decorrentes de operações
a) do Passivo Circulante, no caso de não haver de mútuo de recursos financeiros entre pessoas
data prevista para a liquidação do mútuo, ou jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física são
se esta estiver prevista para antes do término equiparados, para fins de incidência do Imposto de
do exercício social seguinte; ou Renda, a rendimentos de aplicações financeiras de
renda fixa, independente de a fonte pagadora ser
b) do Passivo Não Circulante, se a data prevista instituição autorizada a funcionar pelo Bacen.
para a liquidação do mútuo recair após o tér-
mino do exercício social seguinte. Desde 1º.01.2005, o Imposto de Renda dessas
(Lei nº 6.404/1976, art. 180) operações passou a incidir às seguintes alíquotas
para residentes ou domiciliados no Brasil, obser-
3.2 Procedimentos na mutuante vado o prazo de contratação da operação (Lei
nº 11.033/2004, art. 1º; Instrução Normativa RFB
A entidade que empresta o dinheiro (mutuante) nº 1.585/2015, arts. 46 e 47, § 4º):
deve registrar o direito de recebê-lo em conta do Ativo
Realizável a Longo Prazo, independentemente de o a) 22,5%, em operações com prazo de até 180
contrato especificar data de vencimento anterior ao dias ou com prazo indeterminado;
término do exercício seguinte. b) 20%, em operações com prazo de 181 dias
até 360 dias;
(Lei nº 6.404/1976, art. 179, II)
c) 17,5%, em operações com prazo de 361 até
720 dias;
4. ENCARGOS FINANCEIROS
d) 15%, em operações com prazo acima de 720
Os encargos financeiros praticados nos contra- dias.
tos de mútuo devem ser reconhecidos, segundo o
regime de competência, como despesa financeira Notas
na mutuária e como receita financeira na mutuante. (1) O IRRF incidente nas operações de mútuo deve ser retido por oca-
sião do pagamento dos rendimentos (Instrução Normativa RFB nº 1.585/2015,
Desde 1º.01.1996, em função da revogação da art. 49, I).
correção monetária das demonstrações financeiras (2) A responsabilidade pela retenção do Imposto de Renda na Fonte é
(Lei nº 9.249/1995, art. 4º), deixou de ser exigido o da pessoa jurídica que efetuar o pagamento dos rendimentos e, no caso de
o mutuário (o que paga os rendimentos) ser pessoa física, a pessoa jurídica
reconhecimento, por parte da mutuante, das receitas mutuante (que recebe os rendimentos) fica responsável pela retenção (Instru-
financeiras decorrentes dos contratos de mútuo entre ção Normativa RFB nº 1.585/2015, art. 49, § 1º).
empresas controladoras e controladas e coligadas ou
interligadas. 4.2 IOF
As alíquotas do IOF nas operações de mútuo são:
Todavia, se a mutuante houver tomado empres-
tado de terceiros os recursos que houver repassado a) quando não ficar definido o valor principal a
a empresas controladas, coligadas ou interligadas e o ser utilizado pelo mutuário:
(Decreto nº 6.306/2007, art. 7º, caput, I e VI, §§ 14, 15, 16, D - Mútuos com Coligadas
(Passivo Circulante) R$ 1.147.671,26
18 e 19; Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 24/2008)
C - Bancos Conta Movimento
(Ativo Circulante) R$ 1.125.066,29
5. EXEMPLO C - IRRF a Recolher (Passivo
Circulante) R$ 22.604,97
5.1 Dados
Admitamos que, em 30.06.20X1, a Empresa 5.3 Contabilização na mutuante
“X” tomasse um empréstimo de R$ 1.000.000,00 da Na mutuante, teríamos os seguintes lançamentos:
Empresa “Y”, sua coligada, a ser pago em 30.06.20X2,
acrescido de juros de 1% ao mês, que, capitalizados 1) Pelo registro da concessão do mútuo, em
no período de vigência do contrato, correspondem a 30.06.20X1:
12,6825%. Consideremos, ainda, que o IOF incidente D-M
útuos com Coligadas
sobre a operação totalizasse R$ 18.500,00 e tenha (Ativo Realizável a Longo
sido incluído no valor do empréstimo. Prazo) R$ 1.018.500,00
C - IOF s/ Mútuo a Recolher
Nesse caso, no vencimento do mútuo, o cálculo (Passivo Circulante) R$ 18.500,00
do valor a ser pago pela mutuária seria assim deter- C - Bancos Conta Movimento
minado: (Ativo Circulante) R$ 1.000.000,00
Nota
Imposto sobre a Propriedade de
Nos meses seguintes, até a liquidação do contrato de mútuo, em junho
de 20X2, os lançamentos relativos à apropriação dos juros serão idênticos ao Veículos Automotores
nº 2 deste subtópico, observando-se que, mensalmente, os juros deverão ser
recalculados levando-se em conta a atualização do capital.
2. IPVA PAGO NA COMPRA DE VEÍCULO ZERO pela Resolução CFC nº 1.177/2009 - NBC TG 27 (R4),
QUILÔMETRO - CUSTO DO IMOBILIZADO OU transcrito a seguir:
DESPESA?
16. O custo de um item do ativo imobilizado compreende:
Por ocasião da contabilização do IPVA pago no
(a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de
licenciamento de veículo novo (zero quilômetro), pode importação e impostos não recuperáveis sobre a compra,
ocorrer a seguinte dúvida: esse imposto deve ser depois de deduzidos os descontos comerciais e abati-
registrado como complemento do custo de aquisição mentos;
do veículo ou como despesa operacional?
(b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar
o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser
Para responder a essa questão, vejamos, primei- capaz de funcionar da forma pretendida pela administra-
ramente, quais itens devem compor o custo de um ção; [...]
bem do Ativo Imobilizado, de acordo com o item 16 do
Pronunciamento Técnico CPC 27 - Ativo Imobilizado, O IPVA, como seu próprio nome indica, incide
recepcionado pela Deliberação CVM nº 583/2009 e sobre a propriedade, e não sobre a compra. Portanto,
bem, remanescente na conta “IPVA a Apropriar”, no Nesse caso, o lançamento para baixa do saldo
subgrupo de Despesas Pagas Antecipadamente, no remanescente da conta “IPVA” a apropriar seria assim
Ativo Circulante, contra o resultado do período, como efetuado:
despesa, uma vez que o imposto pago relativo ao D - IPVA (Conta de Resultado)
bem vendido não lhe trará benefícios futuros, tendo C - IPVA a Apropriar (Ativo Circulante) R$ 2.500,00
perdido, portanto, a condição de ativo.
5. ASPECTO FISCAL
4.1 Exemplo Importa observar que qualquer gasto com veículos,
inclusive impostos (como é o caso do IPVA), somente
Admita-se que a empresa “A” venda, em será dedutível, para efeito de apuração do lucro real
1º.03.20X1, um veículo de sua propriedade, cujo e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o
IPVA pago em parcela única em janeiro seja de Lucro (CSL), caso se referir a veículo intrinsecamente
R$ 1.200,00 e que tenha saldo remanescente na conta relacionado com a produção ou comercialização de
“IPVA a Apropriar”, no Ativo Circulante, no valor de bens ou serviços (Lei nº 9.249/1995, art. 13, III).
R$ 1.000,00. N
a Demonstrações Contábeis
Demonstração dos Fluxos de Caixa - Como se observa, o ponto de partida e a forma
para sua elaboração por um dos métodos são diferen-
Exemplificação do método indireto tes, porém os resultados apresentados evidenciam a
SUMÁRIO exatidão das avaliações anteriormente feitas dos futuros
1. Introdução fluxos de caixa e a relação entre a lucratividade e o fluxo
2. Regras de elaboração
3. Apresentação de uma Demonstração dos Fluxos de
de caixa líquido e o impacto de variações de preço.
Caixa
4. Balanço patrimonial levantado em 31.12.20X1 Neste texto, apresentamos um exemplo prático de
5. Operações ocorridas em 20X2 elaboração da DFC pelo método indireto.
6. Balanço patrimonial, demonstração do resultado do
exercício e demonstração das mutações do patrimônio 2. REGRAS DE ELABORAÇÃO
líquido em 31.12.20X2
7. DFC - Método indireto Na elaboração da DFC pelo método indireto,
1. INTRODUÇÃO deverão ser seguidos os seguintes passos básicos:
Quando utilizado em conjunto com as demais a) identificar a variação das contas “Caixa” e
demonstrações contábeis, a Demonstração dos “Equivalentes de Caixa” entre 20X1 e 20X2;
Fluxos de Caixa (DFC) proporciona informações que b) transcrever o lucro líquido apurado na DRE;
habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ati- c) adicionar ou subtrair, conforme o caso, os va-
vos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira lores que afetaram o lucro, mas não afetaram o
e sua habilidade para afetar as importâncias e prazos caixa. Exemplo de adição: depreciação (afeta
dos fluxos de caixa a fim de adaptá-los às mudanças o lucro, mas não afeta o caixa). Exemplo de
nas circunstâncias e às oportunidades. subtração: resultado positivo da equivalência
patrimonial (afeta o lucro, mas não o caixa);
São duas as formas de apresentação do fluxo de d) identificar as variações no Ativo Circulante (ex-
caixa: o método direto e o método indireto. O método ceto as contas Caixa e Equivalentes), no Rea-
direto evidencia todos os pagamentos e os recebi- lizável a Longo Prazo (subgrupo do Ativo Não
mentos decorrentes das atividades operacionais da Circulante), no Passivo Circulante e no Passivo
empresa, devendo apresentar os componentes do Não Circulante.
fluxo de caixa por seus valores brutos. Já o método
indireto consiste na demonstração dos recursos pro- As variações referidas na letra “d” serão adiciona-
venientes das atividades operacionais a partir do lucro das ou excluídas na demonstração conforme o caso.
líquido, ajustados pelos itens que afetam o resultado Na DFC pelo método indireto, o aumento do Ativo e a
(tais como depreciação, amortização e exaustão), diminuição do Passivo (Circulante e Não Circulante)
mas que não modificam o caixa da empresa. devem ser excluídos. Já a diminuição do Ativo e o
05-06 TC Manual de Procedimentos - Jan/2020 - Fascículo 05 - Boletim IOB
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
aumento do Passivo (Circulante e Não Circulante) dos por atividades operacionais, de investimento e de
devem ser adicionados. financiamento.
Balanço Patrimonial - Em R$
Ativo 20X1 20X2 Variação Passivo 20X1 20X2 Variação
Circulante 1.020.000,00 1.380.000,00 360.000,00 Circulante 600.000,00 321.000,00 (279.000,00)
Caixa 150.000,00 1.175.000,00 1.025.000,00 Fornecedores 545.000,00 30.000,00 (515.000,00)
Clientes 670.000,00 45.000,00 (625.000,00) Impostos a Pagar 25.000,00 60.000,00 35.000,00
Estoques 200.000,00 160.000,00 (40.000,00) Dividendos a Pagar 30.000,00 65.000,00 35.000,00
Não Circulante 670.000,00 235.300,00 (434.700,00) Empréstimos (Curto Prazo) 56.000,00 56.000,00
Empréstimos 70.000,00 50.300,00 (19.700,00) Obrigações Trabalhistas 110.000,00 110.000,00
Imobilizado (Terrenos) 300.000,00 0,00 (300.000,00) Não Circulante 170.000,00 118.000,00 (52.000,00)
Imobilizado (Veículos) 420.000,00 420.000,00 0,00 Empréstimos (Longo Prazo) 150.000,00 98.000,00 (52.000,00)
Depreciação Acumulada (120.000,00) (235.000,00) (115.000,00) Contas a Pagar 20.000,00 20.000,00 0,00
Patrimônio Líquido 920.000,00 1.176.300,00 256.300,00
Capital 600.000,00 685.000,00 85.000,00
Lucros Acumulados 320.000,00 491.300,00 171.300,00
TOTAL DO ATIVO 1.690.000,00 1.615.300,00 (74.700,00) TOTAL DO PASSIVO 1.690.000,00 1.615.300,00 (74.700,00)