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Boletim j

Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 06/2019

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// Contabilização Veja nos Próximos


Comodato de bens móveis entre empresas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 Fascículos

// Contabilista a Apuração dos custos das


Registro profissional dos contadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 vendas
a Demonstração do Valor
// Demonstrações Contábeis Adicionado
a Registro cadastral das
Demonstração dos Fluxos de Caixa - Exemplificação do método
indireto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 organizações contábeis
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Capa:
Marketing SAGE | IOB

Editoração Eletrônica e Revisão:


Editorial SAGE | IOB

0800-724-7900 SAC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Temática contábil e balanços : contabilista :


registro profissional dos contadores :
contabilização : comodato de bens móveis entre
empresas.... -- 15. ed. -- São Paulo : Sage -
IOB, 2019. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-3361-9

1. Balanços contábeis 2. Empresas - Contabilidade


I. Série.

19-23340 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:

1. Administração financeira : Empresas 658.15


2. Análise de balanços : Empresas : Administração
financeira 658.15
3. Balanços : Empresas : Administração financeira
658.15

Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).
Boletim IOB

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Boletim j

Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

a Contabilização
Comodato de bens móveis entre empresas vista tanto da empresa comodante, quanto da como-
datária.
SUMÁRIO
1. Quadro sinótico
2. Conceito de comodato A NBC TG 05 (R3), que trata da divulgação
3. Benefícios do comodato sobre partes relacionadas, dispõe, em seu item EI27,
4. Características dos bens móveis objeto de comodato alínea “d”, que a concessão de comodato de bens
5. Procedimentos na comodante imóveis ou móveis de qualquer natureza deve ser
6. Procedimentos na comodatária
7. Devolução do bem no término do contrato divulgada se ocorrerem com uma parte relacionada,
8. Exemplo em complemento aos constantes no item 21 da refe-
rida norma.
1. QUADRO SINÓTICO
Neste texto, abordaremos os aspectos contábeis No quadro sinótico a seguir, apresentamos os
referentes ao contrato de comodato, do ponto de principais tópicos relacionados ao tema.

Fundamentação legal Lei nº 12.973/2014; Decreto-lei nº 1.598/1977; RIR/2018 e NBC TG 27 - Ativo Imobilizado.
Definição de comodato É o empréstimo para uso temporário, a título gratuito, de bem infungível (que não pode ser substituído por
outro de mesma espécie, qualidade e quantidade), que deverá ser devolvido após o uso ou dentro de prazo
predeterminado, mediante contrato, no qual a pessoa que empresta o bem é chamada de comodante e a
pessoa que recebe, de comodatária.
Características dos bens Os bens móveis objeto de comodato, na forma tratada neste procedimento, referem-se a bens de uso, que
móveis objeto de comodato terão utilidade para o desenvolvimento da atividade da comodatária e que podem trazer benefícios à como-
dante.
Casos comuns O comodato de bens móveis entre empresas é muito comum nos casos em que a utilização do bem pela
comodatária traz benefícios a ela e a comodante, tais como:
a) congeladores e geladeiras cedidos por fabricantes de bebidas e de sorvetes a estabelecimentos comer-
ciais para exposição e acondicionamento de seus produtos;
b) máquinas de costura, overloque, etc., cedidas por indústrias de confecção a oficinas de costura terceiri-
zadas;
c) mesas, cadeiras, bombas e serpentinas cedidas por fabricantes de bebidas a bares e restaurantes; e
d) matrizes e ferramental para injeção, prensagem, fundição ou usinagem de peças cedidas por indústrias
montadoras a seus fornecedores.
Depreciação dos bens na A depreciação dos bens será registrada como:
comodante a) despesa operacional - se a utilização do bem pela comodatária tiver relação com a propaganda institucio-
nal ou com a divulgação ou a identificação do produto da comodante, de modo que aumente o seu volume
de vendas;
b) custo de produção - se a utilização do bem pela comodatária tiver por finalidade agilizar a produção de
bens ou serviços da comodante.
Procedimentos na comoda- O bem recebido em comodato não deve alterar a situação patrimonial da comodatária por tratar-se de bem
tária de terceiros que não integra o seu patrimônio.
Devolução do bem no tér- Por ocasião do término do contrato, não havendo renovação, a comodatária deve devolver o bem ao como-
mino do contrato dante.

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-01


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Temática Contábil e Balanços

2. CONCEITO DE COMODATO do bem cedido, em função de interesse particular, a


Comodato é o empréstimo para uso temporário, comodante poderá assumir gastos com a manutenção
a título gratuito, de bem infungível (que não pode ser do bem, como, por exemplo, arcar com o conserto do
substituído por outro de mesma espécie, qualidade e motor elétrico de uma máquina de refrigerante, que
quantidade), que deverá ser devolvido após o uso ou tenha queimado involuntariamente, pois a máquina
dentro de prazo predeterminado, mediante contrato, parada provocaria a queda de suas vendas.
no qual a pessoa que empresta o bem é chamada de
Esses gastos assumidos pela comodante devem
comodante e a pessoa que recebe, de comodatária.
ser registrados no Ativo Não Circulante - Imobilizado
3. BENEFÍCIOS DO COMODATO na hipótese de:

O comodato de bens móveis entre empresas é muito a) haver aumento da vida útil do bem; e
comum nos casos em que a utilização do bem pela como- b) serem de valor superior ao limite fiscal de
datária traz benefícios a ela e a comodante, tais como: R$ 1.200,00.
a) congeladores e geladeiras cedidos por fabri- Exceto nas hipóteses “a” e “b”, o registro será
cantes de bebidas e de sorvetes a estabeleci- como despesa operacional, quando o bem dado em
mentos comerciais para exposição e acondi- comodato estiver vinculado à alavancagem do volume
cionamento de seus produtos; de vendas, ou custo de produção, quando o bem
b) máquinas de costura, overloque, entre outras, dado em comodato tiver por objetivo a aceleração da
cedidas por indústrias de confecção a oficinas produção do comodante.
de costura terceirizadas;
(Decreto-lei nº 1.598/1977, art. 15, caput; Lei nº
c) mesas, cadeiras, bombas e serpentinas cedi- 12.973/2014, art. 2º; RIR/2018, art. 313; NBC TG 27 - Ativo Imo-
das por fabricantes de bebidas a bares e res- bilizado, itens 6 e 7)
taurantes;
d) matrizes e ferramental para injeção, prensa- 5.2 Depreciação dos bens
gem, fundição ou usinagem de peças cedidas
A partir do instante em que são colocados em
por indústrias montadoras a seus fornecedores.
uso (entregues à comodatária), os bens passam a ser
4. CARACTERÍSTICAS DOS BENS MÓVEIS OBJETO depreciados.
DE COMODATO
A depreciação dos bens será registrada como:
Os bens móveis objeto de comodato, na forma
a) despesa operacional - se a utilização do bem
tratada neste texto, referem-se a bens de uso, que
pela comodatária tiver relação com a propa-
terão utilidade para o desenvolvimento da atividade
ganda institucional ou com a divulgação ou
da comodatária e que podem trazer benefícios à
a identificação do produto da comodante, de
comodante. Esses bens, que normalmente têm vida
modo que aumente o seu volume de vendas;
útil prolongada, se fossem adquiridos pela comodatá-
ria, deveriam figurar em seu Ativo Não Circulante no b) custo de produção - se a utilização do bem
subgrupo do Imobilizado. pela comodatária tiver por finalidade agilizar a
produção de bens ou serviços da comodante.
5. PROCEDIMENTOS NA COMODANTE
6. PROCEDIMENTOS NA COMODATÁRIA
Os bens objeto de contrato de comodato perten-
cem ao Ativo Não Circulante - Imobilizado da empresa O bem recebido em comodato não deve alterar a
comodante, os quais, por ocasião da sua aquisição, situação patrimonial da comodatária por tratar-se de
devem ser registrados em uma conta própria daquele bem de terceiros que não integra o seu patrimônio.
grupo, que pode ser intitulada “Bens Destinados
a Comodato”. Por ocasião da entrega do bem à Todavia, é recomendável que esse bem seja regis-
comodatária, a comodante vai transferir o bem para trado em contas de compensação, reconhecendo-se
conta própria do imobilizado em operação, que pode a posse e a obrigação de devolvê-lo. Pela entrada do
intitular-se “Bens Cedidos em Comodato”. bem na empresa, faz-se o seguinte registro:
D - Bens Recebidos em Comodato
5.1 Gastos com manutenção (Conta de Compensação Ativa)
Embora o art. 582 do Código Civil atribua à como- C - Bens Recebidos em Comodato a Devolver
datária a obrigação da manutenção e da conservação (Conta de Compensação Passiva)

06-02 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB


Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

6.1 Gastos com manutenção e instalação 7.1 Registro do retorno na comodante


Os gastos com manutenção e instalação do bem Por ocasião do retorno do bem à comodante, este
assumidos pela comodatária devem ser registrados será novamente registrado na conta “Bens Destinados
como despesa operacional (se o bem for utilizado a Comodato” (pelo valor do custo do bem), transferindo-
nos setores comerciais ou administrativos) ou custos -se, também, o valor correspondente registrado na conta
de produção (se o bem for utilizado nos setores de “Depreciação Acumulada de Bens Cedidos em Comodato”
produção de bens ou serviços). para a conta “Depreciação Acumulada de Bens Destinados
a Comodato”. Os registros seriam os seguintes:
Os gastos incorridos pela comodatária em mon-
D - Bens Destinados a Comodato
tante superior a R$ 1.200,00 e com vida útil superior (Ativo Não Circulante - Imobilizado)
a 1 ano, tais como reformas de prédios, instalações e C - Bens Cedidos em Comodato
benfeitorias, necessários para a colocação em funcio- (Ativo Não Circulante - Imobilizado)
namento do bem recebido em comodato, devem ser e
registrados em conta própria do Ativo Não Circulante
- Imobilizado. No caso de esses gastos terem utilidade D - Depreciação Acumulada de Bens Cedidos em Comodato
(Redutora do Ativo Não Circulante - Imobilizado)
apenas pelo período de comodato, devem ser amorti-
C - Depreciação Acumulada de Bens Destinados a Comodato
zados de acordo com o prazo de duração do contrato. (Redutora do Ativo Não Circulante - Imobilizado)
(Decreto-lei nº 1.598/1977, art. 15, caput; Lei nº 12.973/2014,
art. 2º; RIR/2018, art. 313; NBC TG 27 - Ativo Imobilizado, itens 6 e 7) 7.2 Registro da devolução do bem na comodatária
O registro da devolução do bem na comodatária será
6.2 Gastos com manutenção por meio da reversão dos lançamentos feitos nas contas
Embora o art. 582 do Código Civil atribua à como- de compensação. Baixa-se a obrigação contra o direito
datária a obrigação da manutenção e da conservação de uso registrado por ocasião do recebimento do bem.
do bem cedido, em função de interesse particular, a
comodante poderá assumir gastos com a manutenção 8. EXEMPLO
do bem, como, por exemplo, arcar com o conserto do Admitamos que a empresa “A”, fabricante de refrige-
motor elétrico de uma máquina de refrigerante, que rantes, firme contrato de comodato, para o fornecimento
tenha queimado involuntariamente, pois a máquina de 4 refrigeradores com a sua marca, com a empresa
parada provocaria a queda de suas vendas. “B”, um supermercado, nas seguintes condições:

Esses gastos assumidos pela comodante devem a) o contrato é pelo prazo de 2 anos, no final do
ser registrados no Ativo Não Circulante - Imobilizado qual a empresa “B” deve devolver os bens à
na hipótese de: empresa “A”;
b) o valor unitário de cada refrigerador é de R$
a) haver aumento da vida útil do bem; e
1.500,00;
b) serem de valor superior ao limite fiscal de
c) a empresa “A” arcou com despesa de frete no
R$ 1.200,00.
valor de R$ 100,00.
Exceto nas hipóteses “a” e “b”, o registro será
como despesa operacional, quando o bem dado em 8.1 Contabilização na empresa “A” (comodante)
comodato estiver vinculado à alavancagem do volume Segue a contabilização na empresa “A” (como-
de vendas, ou custo de produção, quando o bem dante), por ocasião tanto da contratação, quanto do
dado em comodato tiver por objetivo a aceleração da término do contrato.
produção do comodante.
(Decreto-lei nº 1.598/1977, art. 15, caput; Lei nº 12.973/2014, 8.1.1 Na contratação
art. 2º; RIR/2018, art. 313; NBC TG 27 - Ativo Imobilizado, itens 6 e 7)
Os lançamentos contábeis da operação são:

7. DEVOLUÇÃO DO BEM NO TÉRMINO DO 1) Pela saída dos bens


CONTRATO D - Bens Cedidos em Comodato
(Ativo Não Circulante - Imobilizado)
Por ocasião do término do contrato, não havendo C - Bens Reservados para Comodato
renovação, a comodatária deve devolver o bem ao (Ativo Não Circulante - Imobilizado) R$ 6.000,00*
comodante. (*) R$ 1.500,00 x 4 refrigeradores.

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-03


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Temática Contábil e Balanços

2) Pelo registro da despesa com frete Por ocasião da nova saída, o custo de aquisição
do bem retorna para a conta “Bens Cedidos em
D - Despesa com Fretes e Carretos Comodato”, e a depreciação acumulada, para a
(Conta de Resultado)
conta “Depreciação Acumulada de Bens Cedidos em
C - Bancos Conta Movimento
(Ativo Circulante) R$ 100,00 Comodato”.
3) Pelo registro da depreciação mensal do bem,
admitindo-se vida útil de 10 anos para os refrigerado- 8.2 Contabilização na empresa “B”
res (R$ 6.000,00 ÷ 120 meses = R$ 50,00 por mês) (comodatária)

D - Depreciação de Bens Cedidos em Comodato Segue a contabilização na empresa “B” (como-


(Conta de Resultado) datária), por ocasião tanto da contratação, quanto do
C - Depreciação Acumulada de Bens Cedidos em término do contrato.
Comodato (Redutora Ativo Não Circulante -
Imobilizado) R$ 50,00
8.2.1 Na contratação
8.1.2 No término do contrato
Os lançamentos pela transferência do custo e da Registro pela entrada dos bens:
depreciação acumulada para a conta “Bens Reservados D - Bens Recebidos em Comodato
para Comodato”, pelo retorno do bem, são: (Conta de Compensação Ativa)
C - Bens Recebidos em Comodato a Devolver
1) Pela transferência do custo do bem (Conta de Compensação Passiva) R$ 6.000,00
D - Bens Reservados para Comodato
(Ativo Não Circulante - Imobilizado)
C - Bens Cedidos em Comodato
8.2.2 No término do contrato
(Ativo Não Circulante - Imobilizado) R$ 6.000,00
Registro pela devolução dos bens (reversão do
2) Pela transferência da depreciação acumulada registro feito nas contas de compensação):
D - Depreciação Acumulada de Bens Cedidos em
Comodato (Redutora do Ativo Não Circulante D - Bens Recebidos em Comodato a Devolver
- Imobilizado) (Conta de Compensação Passiva)
C - Depreciação Acumulada de Bens Reservados C - Bens Recebidos em Comodato
para Comodato (Redutora do Ativo Não (Conta de Compensação Ativa) R$ 6.000,00
Circulante - Imobilizado) R$ 1.200,00*
(*) 10% ao ano, no período de 24 meses (R$ 6.000,00 ÷ 120 meses × 24
meses = R$ 1.200,00). N

a Contabilista
Registro profissional dos contadores 7. Comunicação do exercício profissional em outra
jurisdição
SUMÁRIO 8. Transferência de registro
1. Quadro sinótico 9. Cancelamento do registro profissional
2. Introdução 10. Baixa do registro profissional
3. Sujeição e aprovação em exame de suficiência 11. Suspensão do registro profissional
4. Obrigatoriedade e obtenção do registro 12. Cassação do registro profissional
5. Classificação do registro 13. Restabelecimento do registro
6. Obtenção do registro originário 14. Contador com formação escolar no exterior

06-04 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB


Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

1. QUADRO SINÓTICO
Fundamentação legal Decreto-lei nº 9.295/1946; Lei nº 12.249/2010; Resolução CFC nº 1.554/2018.
Obrigatoriedade e ob- Somente poderá exercer a profissão contábil, em qualquer modalidade de serviço ou atividade, segundo normas
tenção do registro no vigentes, o contabilista registrado em CRC. Integram a profissão contábil os profissionais habilitados como conta-
CRC dores e técnicos em contabilidade de acordo com a legislação em vigor. O registro, por sua vez, deverá ser obtido
no CRC com jurisdição no local onde o contabilista tenha seu domicílio profissional.
Exame de suficiência A Lei nº 12.249/2010, ao promover alterações no Decreto-lei nº 9.295/1946, estabeleceu um pré-requisito para a
obtenção do registro profissional. Trata-se da sujeição à aprovação no exame de suficiência. Portanto, na prática,
os contabilistas somente poderão exercer a profissão após terem concluído regularmente o curso de Bacharelado
em Ciências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação, obtido aprovação em Exame de Suficiência e
logrado registro no CRC a que estiverem sujeitos.
Classificação do regis- O registro profissional compreende:
tro a) Registro Originário: aquele concedido pelo CRC da jurisdição do domicílio profissional aos bacharéis em Ciências;
b) Registro Transferido: aquele fornecido pelo CRC da jurisdição do novo domicílio profissional ao portador de
Registro Originário.
Cancelamento do re- O cancelamento do Registro Profissional dar-se-á pelo falecimento ou por cassação do exercício profissional do
gistro profissional contador ou técnico em contabilidade, decorrente da aplicação de penalidade transitada em julgado ou por deci-
são judicial, cuja contagem de prazo dar-se-á nos termos da normatização vigente.
Contador com forra- A concessão de Registro Profissional a contador com formação escolar no exterior ficará condicionada à apresen-
ção escolar no exterior tação de diploma revalidado pelo órgão competente no Brasil e à aprovação em Exame de Suficiência. No caso de
contador de outra nacionalidade portador de visto temporário, o Registro Profissional terá validade condicionada
àquela do visto de permanência.

2. INTRODUÇÃO segundo normas vigentes, o contador ou o técnico em


contabilidade registrado em CRC.
Há a obrigatoriedade de as organizações contábeis
que exploram serviços contábeis efetuarem seu regis-
O registro profissional deve ser obtido no CRC
tro cadastral no Conselho Regional de Contabilidade
com jurisdição no local onde o contador tenha seu
(CRC) da jurisdição de sua sede. A falta de registro
domicílio profissional, assim entendido o local onde
impede a entidade de exercer suas atividades.
o contador ou o técnico em contabilidade exerce
Em relação ao profissional de contabilidade, existe ou dirige a totalidade ou a parte principal das suas
também a obrigatoriedade de registro e cumprimento atividades profissionais, seja como autônomo, empre-
de uma série de obrigações por parte do contabilista, gado, sócio de organização contábil ou servidor
seja ele técnico em contabilidade ou bacharel em público.
ciências contábeis. Neste texto, discorremos sobre
Nota
essa obrigatoriedade, tendo como base a Resolução
Os serviços contábeis dos órgãos e entidades públicas, das entida-
CFC nº 1.554/2018, que dispõe especificamente sobre des sem fins lucrativos, das empresas e das sociedades em geral somente
o registro profissional dos contadores nos Conselhos podem ser executados por meio de profissionais habilitados, terceirizados
ou não, independentemente do grau de responsabilidade técnica assumido,
Regionais de Contabilidade. cabendo a essas entidades a comprovação dessa habilitação.

(Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 1º e 2º)


3. SUJEIÇÃO E APROVAÇÃO EM EXAME DE
SUFICIÊNCIA
4.1 Cursos para os quais é vedada a concessão de
A Lei nº 12.249/2010, ao promover alterações registro
no Decreto-lei nº 9.295/1946, estabeleceu um pré-
-requisito para a obtenção do registro profissional. É vedada a concessão de Registro Profissional aos
Trata-se da sujeição à aprovação no exame de sufi- portadores de diplomas/certidão de cursos de Gestão
ciência. Portanto, na prática, os contabilistas somente com especialização/habilitação em Contabilidade e
poderão exercer a profissão após terem concluído de cursos de Tecnólogo em Contabilidade.
regularmente o curso de Bacharelado em Ciências (Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 35)
Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação,
obtido aprovação em Exame de Suficiência e logrado
registro no CRC a que estiverem sujeitos. 5. CLASSIFICAÇÃO DO REGISTRO
O registro profissional compreende:
4. OBRIGATORIEDADE E OBTENÇÃO DO REGISTRO a) Registro Originário: aquele concedido pelo
Somente pode exercer a profissão contábil, CRC da jurisdição do domicílio profissional
em qualquer modalidade de serviço ou atividade, aos bacharéis em Ciências Contábeis; e

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-05


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Temática Contábil e Balanços

b) Registro Transferido: aquele fornecido pelo (3) Nos casos em que o diploma ou certidão/declaração apresentado
pelo bacharel em Ciências Contábeis tenha sido emitido por estabelecimento
CRC da jurisdição do novo domicílio profissio- de ensino ou órgão de outra jurisdição, deverá ser feita consulta ao respecti-
nal ao portador de Registro Originário. vo CRC para apurar se o titular é possuidor de Registro Profissional naquela
jurisdição e se a instituição de ensino está credenciada a ministrar curso na
área contábil.
O Registro Originário habilita ao exercício da
atividade profissional na jurisdição do CRC respectivo b.2) documento de identidade;
e ao exercício eventual ou temporário em qualquer b.3) comprovante de regularidade com o servi-
parte do território nacional, observando-se o disposto ço militar obrigatório para aqueles do sexo
no item 7 a seguir. Considera-se “exercício eventual masculino e com idade inferior a 46 anos;
ou temporário da profissão” aquele realizado fora da b.4) Cadastro de Pessoa Física (CPF);
jurisdição do CRC de origem do contador ou do téc-
b.5) comprovante de endereço residencial re-
nico em contabilidade e que não implique alteração
cente; e
do domicílio profissional.
(Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 3º e 4º) A inclusão do nome social obedecerá às exigências
previstas em legislação federal. Ao contador registrado
será expedida a Carteira de Identidade Profissional.
5.1 Padronização da numeração do registro
cadastral (Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 6º, 7º, 8º e 34)

A numeração do Registro Originário será única


e sequencial em cada CRC. No caso de Registro 6.1 Alteração de categoria
Transferido, ao número do Registro Originário será Para a obtenção do Registro Definitivo, decorrente
acrescentada a letra “T”, acompanhada da sigla de mudança de categoria, o profissional deverá enca-
designativa da jurisdição do CRC de destino. minhar requerimento ao CRC, após a comprovação
(Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 5º) de recolhimentos das taxas de registro profissional e
da Carteira de Identidade Profissional, instruído com:
6. OBTENÇÃO DO REGISTRO ORIGINÁRIO a) original e cópia, que será autenticada pelo
CRC, do diploma devidamente registrado, por
O pedido de Registro Originário deve ser dirigido
órgão competente, ou a certidão/declaração
ao CRC com jurisdição sobre o domicílio profissional
acompanhada do histórico escolar fornecidos
do contador por meio de requerimento, após a com-
pelo estabelecimento de ensino;
provação de recolhimentos das taxas de registro
profissional, da Carteira de Identidade Profissional e b) 2 fotos 3x4 iguais, recentes, de frente, colori-
da anuidade, instruído com: das e com fundo branco;
c) comprovante de endereço residencial recente;
a) comprovante de recolhimentos das taxas de
registro, Carteira de Identidade Profissional e d) comprovante de recolhimento complementar da
anuidade; anuidade, quando se tratar de alteração de cate-
goria de técnico em contabilidade para contador.
a) 2 fotos 3x4 iguais, recentes, de frente, colori-
das e com fundo branco; Para a alteração de categoria:
b) original e cópia dos seguintes documentos:
a) faz-se necessária a aprovação no Exame de
b.1) diploma de conclusão do curso de Ba- Suficiência, quando a alteração for de técnico
charelado em Ciências Contábeis devida- em contabilidade para contador, dos bacharéis
mente registrado por órgão competente; que concluíram o curso após 14.06.2010; e
Notas b) o contador ou técnico em contabilidade deverá
(1) O profissional que requerer o Registro Originário, sem a posse do estar com situação regular no CRC.
diploma, deverá apresentar os originais do histórico escolar e da certidão/
declaração do estabelecimento de ensino, observando-se que a certidão/ (Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 9º)
declaração do estabelecimento de ensino:
a) deverá conter a indicação do ato normativo do órgão competente
que reconheceu o curso, informando que o requerente concluiu o
6.2 Alteração de nome ou nacionalidade
curso, com aprovação; e
Para proceder à alteração de nome ou nacio-
b) deverá apresentar: nome do requerente, data de nascimento, filia-
ção, nome do curso concluído e colação de grau. nalidade, o contador ou técnico em contabilidade
(2) Caso a certidão não contemple todos os requisitos supramenciona-
deverá encaminhar requerimento ao CRC após a
dos, se contidos no histórico escolar, poderá ser considerada para esse fim. comprovação de recolhimentos das taxas de registro

06-06 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB


Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

profissional, da Carteira de Identidade Profissional e origem, independentemente da data de transferência


da anuidade, instruído com: do registro. Será concedida transferência de Registro
Profissional baixado desde que o contador ou técnico
a) original e cópia, que será autenticada pelo
em contabilidade não possua débitos no CRC de
CRC, da certidão de casamento, separação
origem, sendo devida a anuidade proporcional, se
judicial ou divórcio, ou certificado de naciona-
houver, ao CRC do novo domicílio profissional.
lidade ou certidão de nascimento averbada,
conforme a situação; Concedida a transferência de Registro Profissional
b) 2 fotos 3x4 iguais, recentes, de frente, colori- baixado, este passará à condição de “ativo” no CRC
das e com fundo branco; e de destino e de “baixado por transferência” no CRC
c) comprovante de endereço residencial recente. de origem. Concedida a transferência, o CRC de
destino comunicará à jurisdição anterior.
Para a alteração de nome ou nacionalidade, o
contador ou técnico em contabilidade deverá estar (Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 12 a 15)
regular no CRC.
9. CANCELAMENTO DO REGISTRO PROFISSIONAL
(Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 10)
O cancelamento do Registro Profissional dar-se-
-á pelo falecimento ou por cassação do exercício
7. COMUNICAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL profissional do contador ou técnico em contabilidade,
EM OUTRA JURISDIÇÃO decorrente da aplicação de penalidade transitada em
Para a execução de serviços em jurisdição diversa julgado ou por decisão judicial, cuja contagem de
daquela onde o contador ou técnico em contabili- prazo dar-se-á nos termos da normatização vigente.
dade possui seu registro profissional, é obrigatória a (Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 16)
comunicação prévia ao CRC de destino, de forma ele-
trônica, por intermédio do site do CRC de origem. A 9.1 Cancelamento do registro por motivo de falecimento
validade da comunicação está validade condicionada
à manutenção do registro profissional, ativo e regular, A comprovação do falecimento do profissional
no CRC de origem. será feita pela apresentação de certidão de óbito ou
por outra fonte confiável, a critério do CRC.
(Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 11)
(Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 17)

8. TRANSFERÊNCIA DE REGISTRO
9.2 Consequências do cancelamento do registro
O pedido de Registro Transferido deve ser profissional de titular de organização contábil
protocolado no CRC do novo domicílio profissional
O cancelamento do registro profissional de titular
do contador ou técnico em contabilidade, mediante
de organização contábil de responsabilidade indivi-
requerimento, após a comprovação de recolhimentos
dual acarreta o mesmo efeito ao seu registro cadas-
das taxas de Registro Profissional e da Carteira de
tral, bem como a baixa da organização contábil de
Identidade Profissional, instruído com:
responsabilidade coletiva, cujos sócios remanescen-
a) 2 fotos 3x4 iguais, recentes, de frente, colori- tes ou sucessores não sejam contadores ou técnicos
das e com fundo branco; e em contabilidade. A baixa de Registro Cadastral de
b) comprovante de endereço residencial recente. organização contábil de responsabilidade coletiva
poderá ocorrer se não for realizada a devida alteração
O CRC da nova jurisdição verificará as infor- contratual pelo(s) sócio(s) remanescente(s).
mações cadastrais do contador ou do técnico em
(Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 18)
contabilidade no CRC de origem. A transferência será
concedida ao contador ou técnico em contabilidade
10. BAIXA DO REGISTRO PROFISSIONAL
que estiver regular no CRC de origem. Concedida a
transferência de Registro Profissional baixado, este A baixa do Registro Profissional pode ser solicitada
passará à condição de “ativo” no CRC de destino e pelo contador ou técnico em contabilidade em face da
de “baixado por transferência” no CRC de origem. interrupção ou da cessação das suas atividades na área
contábil. O pedido de baixa de Registro Profissional
No caso de transferência de registro profissional deve ser instruído com requerimento dirigido ao CRC,
ativo, a anuidade do exercício será devida ao CRC de contendo o motivo que originou a solicitação.

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-07


Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

Caso a baixa seja solicitada a baixa até 31 de Na hipótese de a cassação do exercício pro-
março, será devida a anuidade proporcional ao fissional resultar da prática de crime contra ordem
número de meses decorridos. Após essa data, é econômica e tributária, o pedido de novo registro
devida a anuidade integral. O profissional suspenso dependerá da correspondente reabilitação criminal,
terá, durante o período de suspensão, seu registro comprovada mediante Certidão Negativa. No caso de
profissional considerado baixado. a cassação do exercício profissional resultar da prática
de apropriação indébita de valores, o pedido de novo
Notas registro dependerá da correspondente comprovação
(1) O contador ou técnico em contabilidade com Registro Profissional
do ressarcimento do valor apropriado.
baixado não poderá figurar como sócio, titular ou responsável técnico de
organização contábil ativa. Notas
(2) A baixa do Registro Profissional de titular ou sócio de organização (1) A cassação do Registro Profissional de titular de organização con-
contábil acarreta o mesmo efeito ao registro cadastral da organização, quan- tábil de responsabilidade individual acarreta o cancelamento do Registro Ca-
do todos os sócios contadores ou técnicos em contabilidade tiverem seus dastral da organização contábil.
registros profissionais baixados.
(2) A cassação de sócio de organização contábil de responsabilida-
(3) A baixa de Registro Cadastral de organização contábil de respon- de coletiva pode acarretar a baixa de Registro Cadastral de organização
sabilidade coletiva, prevista no caput deste artigo, poderá ocorrer se não contábil se não for realizada a devida alteração contratual pelo(s) sócio(s)
for realizada a devida alteração contratual pelo(s) sócio(s) remanescente(s). remanescente(s), obrigatoriamente, no prazo de até 30 dias.

(4) As baixas de registro profissional devem ser encaminhadas para o (Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 26 a 29)
Setor de Fiscalização do CRC para as providências cabíveis.

(Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 19 a 23) 13. RESTABELECIMENTO DO REGISTRO


O Registro Profissional baixado poderá ser resta-
11. SUSPENSÃO DO REGISTRO PROFISSIONAL belecido mediante requerimento, após a comprovação
Suspensão é a cessação temporária da habi- dos recolhimentos da taxa de Registro Profissional,
litação para o exercício da atividade profissional, da anuidade e da taxa da Carteira de Identidade
decorrente da aplicação de penalidade transitada Profissional, para aquele que não a possui, instruído
em julgado ou por decisão judicial, cuja contagem de com:
prazo dar-se-á nos termos da normatização vigente. a) 2 fotos 3x4 iguais, recentes, de frente, colori-
Decorrido o prazo da penalidade de suspensão, o das e com fundo branco; e
registro profissional será restabelecido automatica-
b) comprovante de endereço residencial recente.
mente, independente de solicitação.
(Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 24 e 25)
Caso o Registro Profissional baixado possua
débitos de anuidades ou multa, será necessária a
respectiva regularização para o restabelecimento.
12. CASSAÇÃO DO REGISTRO PROFISSIONAL
(Resolução CFC nº 1.554/2018, arts. 30 e 31)
Cassação é a perda da habilitação para o
exercício da atividade profissional, decorrente de
decisão transitada em julgado, por infração prevista 14. CONTADOR COM FORMAÇÃO ESCOLAR NO
na alínea “f” do art. 27 do Decreto-lei nº 9.295/1946. EXTERIOR
A cassação do exercício profissional de contador ou A concessão de Registro Profissional a contador
técnico em contabilidade, desde que homologada com formação escolar no exterior ficará condicionada
por 2/3 do Plenário do Tribunal Regional de Ética à apresentação de diploma revalidado pelo órgão
e Disciplina, bem como por 2/3 do Plenário do competente no Brasil e à aprovação em Exame de
Tribunal Superior de Ética e Disciplina, acarretará o Suficiência. No caso de contador de outra nacio-
cancelamento do Registro Profissional. Decorridos nalidade portador de visto temporário, o Registro
5 anos da devida ciência da decisão de cassação Profissional terá validade condicionada àquela do
do exercício profissional, após o trânsito em julgado, visto de permanência.
poderá o bacharel em Ciências Contábeis requerer
(Resolução CFC nº 1.554/2018, art. 32)
novo registro, nos termos da Lei nº 12.249/2010,
desde que cumpridos os requisitos mencionados no
tópico 6. N
06-08 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

a Demonstrações Contábeis
Demonstração dos Fluxos de Caixa - Neste texto, apresentamos um exemplo prático de
elaboração da DFC pelo método indireto.
Exemplificação do método indireto
SUMÁRIO
1. Introdução
2. REGRAS DE ELABORAÇÃO
2. Regras de elaboração Na elaboração da DFC pelo método indireto,
3. Apresentação de uma DFC deverão ser seguidos os seguintes passos básicos:
4. Balanço Patrimonial levantado em 31.12.20X1
5. Operações Ocorridas em 20X2 a) identificar a variação das contas “Caixa” e
6. Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do “Equivalentes de Caixa” entre 20X1 e 20X2;
Exercício e demonstração das mutações do patrimônio
líquido em 31.12.20X2 b) transcrever o lucro líquido apurado na DRE;
7. DFC - Método indireto
c) adicionar ou subtrair, conforme o caso, os
valores que afetaram o lucro, mas não afeta-
1. INTRODUÇÃO ram o caixa. Exemplo de adição: depreciação
(afeta o lucro, mas não afeta o caixa). Exem-
Quando utilizado em conjunto com as demais
plo de subtração: resultado positivo da equi-
demonstrações contábeis, a Demonstração dos
Fluxos de Caixa (DFC) proporciona informações que valência patrimonial (afeta o lucro, mas não
habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ati- afeta o caixa);
vos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira d) identificar as variações no Ativo Circulante (ex-
e sua habilidade para afetar as importâncias e prazos ceto as contas Caixa e Equivalentes), no Rea-
dos fluxos de caixa a fim de adaptá-los às mudanças lizável a Longo Prazo (subgrupo do Ativo Não
nas circunstâncias e às oportunidades. Circulante), no Passivo Circulante e no Passivo
Não Circulante.
São duas as formas de apresentação do fluxo de As variações referidas na letra “d” serão adiciona-
caixa: o método direto e o método indireto. O método das ou excluídas na demonstração conforme o caso.
direto evidencia todos os pagamentos e recebimen-
Na DFC pelo método indireto, o aumento do Ativo e a
tos decorrentes das atividades operacionais da
diminuição do Passivo (Circulante e Não Circulante)
empresa, devendo apresentar os componentes do
devem ser excluídos. Já a diminuição do Ativo e o
fluxo de caixa por seus valores brutos. Já o método
aumento do Passivo (Circulante e Não Circulante)
indireto consiste na demonstração dos recursos
devem ser adicionados.
provenientes das atividades operacionais a partir
do lucro líquido, ajustados pelos itens que afetam
o resultado (tais como depreciação, amortização 3. APRESENTAÇÃO DE UMA DFC
e exaustão), mas que não modificam o caixa da Resumidamente, a DFC (direta e indireta) deve
empresa. apresentar os fluxos de caixa de período classificados
por atividades operacionais, de investimento e de
Como se observa, o ponto de partida e a forma financiamento.
para sua elaboração por um dos métodos são diferen-
tes, porém os resultados apresentados evidenciam a
4. BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM
exatidão das avaliações anteriormente feitas dos futu-
31.12.20X1
ros fluxos de caixa e a relação entre a lucratividade e
o fluxo de caixa líquido e o impacto de variações de Segue balanço Patrimonial da Cia. ABC levantado
preço. em 31.12.20X1.

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-09


Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

Balanço Patrimonial em 20X1


ATIVO R$ PASSIVO R$
Circulante 1.020.000,00 Circulante 600.000,00
Caixa 150.000,00 Fornecedores 545.000,00
Clientes 670.000,00 Impostos a Pagar 25.000,00
Estoques 200.000,00 Dividendos a Pagar 30.000,00
Não Circulante 670.000,00 Empréstimos (Curto Prazo)
Empréstimos 70.000,00 Obrigações Trabalhistas
Imobilizado (Terrenos) 300.000,00 Não Circulante 170.000,00
Imobilizado (Veículos) 420.000,00 Empréstimos (Longo Prazo) 150.000,00
Depreciação Acumulada (120.000,00) Contas a Pagar 20.000,00
Patrimônio Líquido 920.000,00
Capital 600.000,00
Lucros Acumulados 320.000,00
TOTAL DO ATIVO 1.690.000,00 TOTAL DO PASSIVO 1.690.000,00

5. OPERAÇÕES OCORRIDAS EM 20X2


No desenvolvimento do exemplo, consideremos os seguintes eventos ocorridos no ano de 20X2:

Nº do
Operações
lançamento
1 Vendas à vista no valor de R$ 600.000,00.
2 Vendas a prazo no valor de R$ 75.000,00 a serem recebidas em 20X3.
3 Custo das mercadorias vendidas em 1 e 2: R$ 190.000,00.
4 Compras de mercadorias à vista: R$ 100.000,00.
5 Compras de mercadorias a serem pagas em 20X3, no valor de R$ 50.000,00.
6 Recebimentos ocorridos em 20X2 relativo a clientes no valor de R$ 700.000,00.
7 Pagamento de fornecedores e outras obrigações em 20X2, no valor de R$ 620.000,00:
- Fornecedores: R$ 565.000,00;
- Impostos a pagar: R$ 25.000,00;
- Dividendos a pagar: R$ 30.000,00.
8 Aporte, em dinheiro, efetuado pelos acionistas no valor de R$ 85.000,00.
9 Despesas operacionais incorridas e pagas em 20X2: R$ 120.000,00.
10 Transferência de parte da dívida do Passivo Não Circulante para o Passivo Circulante, no valor de R$ 55.000,00.
11 Obrigações trabalhistas a serem pagas em 20X3: R$ 110.000,00.
12 Recebimento antecipado de parte de empréstimo concedido: R$ 20.000,00.
13 Reconhecimento de encargos financeiros:
- Passivo Não Circulante = R$ 3.000,00;
- Passivo Circulante = R$ 1.000,00.
14 Depreciação do exercício: R$ 115.000,00.
15 Reconhecimento dos encargos financeiros sobre empréstimo registrado no Realizável a Longo Prazo: R$ 300,00.
Venda de um terreno registrado no Ativo Imobilizado recebida à vista:
- Valor da venda R$ 460.000,00;
16
- Valor contábil do bem R$ 300.000,00;
- Lucro obtido R$ 160.000,00.
17 Obrigações fiscais a serem pagas em 20X3: R$ 60.000,00 (IRPJ/CSL).
18 Parcela do lucro de 20X2 destinada ao pagamento de acionistas = R$ 65.000,00.

5.1 Contabilização (razonetes)


Apresentamos os lançamentos contábeis, propriamente ditos, por meio dos razonetes e que facilitarão a
compreensão da elaboração da DFC.

06-10 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB


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Temática Contábil e Balanços

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-11


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06-12 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB


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Temática Contábil e Balanços

Ao encerrarmos o resultado do exercício (RE), 6. BALANÇO PATRIMONIAL, DEMONSTRAÇÃO DO


teremos a seguinte situação na conta de apuração do RESULTADO DO EXERCÍCIO E DEMONSTRAÇÃO
resultado (ARE): DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO EM
31.12.20X2
Em 31.12.20X2, após o registro contábil dos
eventos referidos em 5.1, teremos as demonstrações
contábeis que se seguem.

6.1 Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial da Cia. ABC estaria assim
representado. No exemplo, estamos considerando,
também, o ano de 20X1 e colunas que recepcionam a
variação entre um ano e outro.

Balanço Patrimonial - Em R$
Ativo 20X1 20X2 Variação Passivo 20X1 20X2 Variação
Circulante 1.020.000,00 1.380.000,00 360.000,00 Circulante 600.000,00 321.000,00 (279.000,00)
Caixa 150.000,00 1.175.000,00 1.025.000,00 Fornecedores 545.000,00 30.000,00 (515.000,00)
Clientes 670.000,00 45.000,00 (625.000,00) Impostos a Pagar 25.000,00 60.000,00 35.000,00
Estoques 200.000,00 160.000,00 (40.000,00) Dividendos a Pagar 30.000,00 65.000,00 35.000,00
Empréstimos (Curto
Não Circulante 670.000,00 235.300,00 (434.700,00) Prazo) 56.000,00 56.000,00
Obrigações Trabalhis-
Empréstimos 70.000,00 50.300,00 (19.700,00) tas 110.000,00 110.000,00
Imobilizado (Terrenos) 300.000,00 0,00 (300.000,00) Não Circulante 170.000,00 118.000,00 (52.000,00)
Empréstimos (Longo
Imobilizado (Veículos) 420.000,00 420.000,00 0,00 Prazo) 150.000,00 98.000,00 (52.000,00)
Depreciação Acumu-
lada (120.000,00) (235.000,00) (115.000,00) Contas a Pagar 20.000,00 20.000,00 0,00
Patrimônio Líquido 920.000,00 1.176.300,00 256.300,00
Capital 600.000,00 685.000,00 85.000,00
Lucros Acumulados 320.000,00 491.300,00 171.300,00
TOTAL DO ATIVO 1.690.000,00 1.615.300,00 (74.700,00) TOTAL DO PASSIVO 1.690.000,00 1.615.300,00 (74.700,00)

6.2 Demonstração do Resultado do Exercício


A DRE será a seguinte:

DRE
Vendas R$ 675.000,00
CMV (R$ 190.000,00)
Lucro Bruto R$ 485.000,00
Despesas Operacionais (R$ 230.000,00)
Despesas de Depreciação (R$ 115.000,00)
Receitas Financeiras R$ 300,00
Despesas Financeiras (R$ 4.000,00)
Lucro Operacional R$ 136.300,00
Ganho de Capital R$ 160.000,00
Lucro antes do IRPJ/CSL R$ 296.300,00
IRPJ/CSLL (R$ 60.000,00)
Lucro Líquido do Exercício R$ 236.300,00

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 TC06-13


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Temática Contábil e Balanços

6.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)


A DMPL será a seguinte:
Capital Realizado Lucros acumulados Total
Saldo em 31.12.20X1 R$ 600.000,00 R$ 320.000,00 R$ 920.000,00
Aumento de capital R$ 85.000,00 - R$ 85.000,00
Lucro líquido do exercício - R$ 236.300,00 R$ 236.300,00
Lucros a distribuir - (R$ 65.000,00) (R$ 65.000,00)
Saldo em 31.12.20X2 R$ 685.000,00 R$ 491.300,00 R$ 1.176.300,00

7. DFC - MÉTODO INDIRETO


Como vimos anteriormente, a DFC pelo método indireto evidencia a ligação entre o lucro líquido do exercício
e o caixa gerado pelas operações da companhia. Portanto, diante das informações anteriores, a DFC pelo
método indireto do ano de 20X2 da Cia. ABC seria assim apresentada:

Demonstração do Fluxo de Caixa - Ano de 20X2


ATIVIDADES OPERACIONAIS
Lucro líquido R$ 236.300,00
Despesas que não afetam o caixa
Despesas de depreciação R$ 115.000,00
Receitas que não afetam o caixa
Ganho de capital na venda do imobilizado (R$ 160.000,00)
Subtotal R$ 191.300,00
Diminuição de duplicatas a receber R$ 625.000,00
Diminuição em estoques R$ 40.000,00
Diminuição de fornecedores (R$ 515.000,00)
Aumento de impostos a pagar R$ 35.000,00
Aumento de obrigações trabalhistas R$ 110.000,00
1. Caixa líquido nas atividades operacionais R$ 486.300,00
ATIVIDADE DE INVESTIMENTO
Recebimento pela venda do imobilizado R$ 460.000,00
2. Caixa líquido nas atividades de investimento R$ 460.000,00
ATIVIDADE DE FINANCIAMENTO
Aumento de capital R$ 85.000,00
Diminuição de empréstimos concedidos R$ 19.700,00
Diminuição de Empréstimos a longo prazo (R$ 52.000,00)
Aumento de empréstimos a curto prazo R$ 56.000,00
Distribuição de dividendos (R$ 65.000,00)
Aumento de dividendos a pagar R$ 35.000,00
3. Caixa líquido nas atividades de financiamento R$ 78.700,00
4. Aumento líquido nas disponibilidades (1 + 2 + 3) R$ 1.025.000,00
5. Saldo de caixa + equivalente de caixa em 20X1 R$ 150.000,00
6. Saldo de caixa + equivalente de caixa em 20X2 (4 + 5) R$ 1.175.000,00

06-14 TC Manual de Procedimentos - Fev/2019 - Fascículo 06 - Boletim IOB

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