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Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 41/2019
Capa:
Marketing SAGE | IOB
0800-724-7900 SAC
ISBN 978-85-379-3505-7
19-30073 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:
Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).
Boletim IOB
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Boletim j
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
a Contabilidade de Custos
Avaliação de estoques de mercadorias o Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1) - Estoques,
recepcionado, no âmbito da Comissão de Valores
pelo valor de mercado (valor Mobiliários (CVM), pela Deliberação CVM nº 575/2009
recuperável líquido) e, no âmbito do Conselho Federal de Contabilidade
SUMÁRIO (CFC), pela Resolução CFC nº 1.170/2009 (NBC TG
1. Introdução 16 (R1) - Estoques), alterada pela Resolução CFC
2. Considerações sobre valor de mercado, valor nº 1.273/2010.
realizável líquido e valor justo
3. Regras gerais para aplicação do valor realizável
líquido 2. CONSIDERAÇÕES SOBRE VALOR DE MERCADO,
4. Exemplo VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO E VALOR JUSTO
5. Nova avaliação nos períodos subsequentes
Ao tratar do assunto, o item 9 do Pronunciamento
1. INTRODUÇÃO Técnico CPC 16 (R1) estabelece que os estoques
devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo
De acordo com o inciso II do art. 183 da Lei
valor realizável líquido, dos dois o menor. Como
nº 6.404/1976, no balanço, os direitos que tiverem por
podemos observar, ao determinar a adoção do menor
objeto mercadorias e produtos do comércio da com-
panhia, assim como matérias-primas, produtos em valor para os estoques, a norma considerou em sua
fabricação e bens em almoxarifado, serão avaliados: plenitude o princípio da prudência. De maneira geral,
podemos dizer que o termo “valor realizável líquido”
[...] pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de veio substituir o termo “valor de mercado”, em se
provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este tratando de mensuração dos estoques de produtos
for inferior;
acabados e de mercadorias para revenda.
[...]
Contudo, o conceito de “valor realizável líquido” é
No § 1º do mesmo artigo, a Lei nº 6.404/1976 defi- muito mais abrangente do que a tradicional acepção
niu a expressão “valor justo”, considerando-o como: de “valor de mercado”, até então utilizada. De uma
forma simplista, tínhamos que o valor de mercado, até
§ 1º [...]
as alterações promovidas na Lei nº 6.404/1976 pela Lei
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o nº 11.638/2007, era o preço praticado pelo mercado
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no relativamente a determinado produto/mercadoria.
mercado;
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido Portanto, se tínhamos uma quantidade de produto
de realização mediante venda no mercado, deduzidos os X em nossos estoques avaliado por R$ 100.000,00 e,
impostos e demais despesas necessárias para a venda, e na data do balanço, esse produto atingiu um preço de
a margem de lucro;
venda de R$ 95.000,00 (líquido dos impostos recu-
[...] peráveis), teríamos que constituir uma provisão de
R$ 5.000,00, pois o preço de mercado seria inferior ao
Neste texto, discorremos sobre a avaliação de de custo, e reconheceríamos a perda. Como vimos,
mercadorias para revenda segundo o método de agora, temos de adotar o valor de custo ou o valor
mercado (valor realizável líquido), tendo como base realizável líquido, dos dois o menor.
O Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1) define, algumas circunstâncias, porém, pode ser apropriado
em seu item 6, “valor realizável líquido” como: agrupar unidades semelhantes ou relacionadas. Pode
ocorrer de os itens de estoque se relacionarem com
[...] o preço de venda estimado no curso normal dos negó-
cios deduzido dos custos estimados para sua conclusão a mesma linha de produtos, com finalidades ou usos
e dos gastos estimados necessários para se concretizar finais semelhantes, que sejam produzidos e comercia-
a venda. lizados na mesma área geográfica e não possam ser
avaliados separadamente de outros itens da mesma
Esse conceito (valor realizável líquido), conforme linha de produtos.
se depreende da leitura do inciso II e do § 1º, alínea
“b” do art. 183 da Lei nº 6.404/1976, deve ser utilizado Não é apropriado reduzir o valor do estoque com
para determinarmos o valor de mercado, relativa- base em uma classificação de estoque, como, por
mente aos estoques, aos produtos acabados e às exemplo, em bens acabados ou em todo estoque de
mercadorias para revenda. determinado setor ou segmento operacional. Os pres-
tadores de serviços normalmente acumulam custos
A mesma norma traz também a seguinte definição relacionados a cada serviço para o qual será cobrado
para “valor justo”, qual seja: um preço de venda específico. Portanto, cada um dos
[...] o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou serviços deve ser tratado como um item em separado.
que seria pago pela transferência de um passivo em uma
transação não forçada entre participantes do mercado na
data de mensuração. 3.1.1 Estimativas do valor realizável líquido
As estimativas do valor realizável líquido devem
Esse conceito (valor justo), conforme se depre- se basear nas evidências mais confiáveis disponíveis
ende da leitura do inciso II e do § 1º, alínea “a”, do no momento em que são feitas as estimativas do valor
art. 183 da Lei nº 6.404/1976, deve ser utilizado para dos estoques que se espera realizar. Essas estima-
determinarmos o valor de mercado, relativamente aos tivas devem levar em consideração variações nos
estoques, às matérias-primas e aos bens em geral preços e nos custos diretamente relacionados com
constantes do almoxarifado, não avaliado pelo valor eventos que ocorram depois de terminado o período,
realizável líquido. à medida que tais eventos confirmem as condições
existentes no fim do período.
3. REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO VALOR
REALIZÁVEL LÍQUIDO As estimativas do valor realizável líquido também
O custo dos estoques pode não ser recuperável devem levar em consideração a finalidade para a qual
se os referidos estoques estiverem danificados, o estoque é mantido. Por exemplo, o valor realizável
tornarem-se total ou parcialmente obsoletos ou se líquido da quantidade de estoque conservado para
os seus preços de venda tiverem diminuído. O custo atender a contratos de venda ou de prestação de
dos estoques pode também não ser recuperável se serviços deve basear-se no preço do contrato. Se
os custos estimados de acabamento ou os custos os contratos de venda dizem respeito a quantidades
estimados a serem incorridos para realizar a venda inferiores àquelas de estoque mantidas, o valor reali-
tiverem aumentado. zável líquido do excesso deve basear-se em preços
gerais de venda.
A prática de reduzir o valor de custo dos estoques
(write down) para o valor realizável líquido é consis- 3.1.2 Provisões
tente com o ponto de vista de que os ativos não devem
Podem surgir provisões resultantes de contratos
ser escriturados por quantias superiores àquelas que,
de venda superiores às quantidades de estoque
se espera, sejam realizadas com a sua venda ou uso.
existentes ou resultantes de contratos firmes de
compra em andamento se as aquisições adicionais a
3.1 Critérios para redução dos estoques ao valor serem feitas para atender a tais contratos de venda
realizável líquido
forem previstas com base em valores estimados que
Os estoques devem ser, geralmente, reduzidos levem à situação de prejuízo no atendimento desses
para o seu valor realizável líquido item a item. Em contratos de venda. Tais provisões devem ser tratadas
de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25 - e os outros bens de consumo devem ser reduzidos
Provisão e Passivo e Ativo Contingentes. ao valor realizável líquido. Em tais circunstâncias,
o custo de reposição dos materiais pode ser a
3.1.3 Materiais e outros bens de consumo melhor medida disponível do seu valor realizável
líquido.
Os materiais e outros bens de consumo mantidos
para uso na produção de estoques ou na prestação
4. EXEMPLO
de serviços não sofrerão redução abaixo do custo se
for previsível que os produtos acabados em que eles Conforme vimos anteriormente, o Pronunciamento
devem se incorporar ou que os serviços nos quais Técnico CPC 16 (R1) define valor realizável líquido
serão empregados sejam vendidos pelo custo ou como o preço de venda estimado no curso normal
acima do custo. dos negócios deduzido dos custos estimados para
sua conclusão e dos gastos estimados necessários
Porém, quando a diminuição no preço dos para se concretizar a venda.
produtos acabados ou no preço dos serviços pres-
tados indicar que o custo de elaboração destes Desse modo, consideremos determinada empresa
excederá seu valor realizável líquido, os materiais comercial com os seguintes dados:
B 120 R$ 105,00 R$ 12.600,00 R$ 120,00 R$ 250,00 R$ 450,00 R$ 200,00 R$ 300,00 R$ 1.200,00 R$ 10,00
C 140 R$ 100,00 R$ 14.000,00 R$ 190,00 R$ 750,00 R$ 1.300,00 R$ 1.500,00 R$ 1.400,00 R$ 4.950,00 R$ 35,36
Diante dessas informações, o valor líquido realizá- 5. NOVA AVALIAÇÃO NOS PERÍODOS
vel seria calculado da seguinte forma: SUBSEQUENTES
Produto Em cada período subsequente, deve ser feita uma
Item
A B C nova avaliação do valor realizável líquido.
1 Preço de venda estimado R$ 50,00 R$ 120,00 R$ 190,00
2 Custo unitário de venda R$ 21,88 R$ 10,00 R$ 35,36 Quando as circunstâncias que anteriormente
3 Valor líquido realizável (1-2) R$ 28,12 R$ 110,00 R$ 154,64 provocaram a redução dos estoques abaixo do custo
4 Custo de aquisição R$ 43,00 R$ 105,00 R$ 100,00 deixarem de existir ou quando houver uma clara evi-
Custo de aquisição abaixo dência de aumento no valor realizável líquido devido
(R$ 14,88) R$ 5,00 R$ 54,64
5 do mercado (3-4) à alteração nas circunstâncias econômicas, a quantia
da redução deve ser revertida (considerando-se que
Portanto, como se observa, a provisão deve ser
a reversão é limitada à quantia da redução original)
efetuada somente para o produto “A” e corresponde a
de modo que o novo montante registrado do estoque
R$ 1.190,00 (80 unidades x R$ 14,88).
corresponda ao menor valor entre o custo e o valor
realizável líquido revisto. Isso ocorre, por exemplo,
Contabilmente, teremos o seguinte registro:
com um item de estoque registrado pelo valor reali-
D - Perdas em Estoques - Valor Realizável Líquido zável líquido quando o seu preço de venda tiver sido
(Conta de Resultado) reduzido e, enquanto mantido em período posterior,
C - Provisão para Perdas em Estoques - Valor tiver o seu preço de venda aumentado.
Realizável Líquido (Conta Redutora do Ativo
Circulante) 1.190,00 N
Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 TC41-03
Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
a Contabilidade Geral
Partes relacionadas 4.
5.
O que não se considera parte relacionada
Aplicação das regras das partes relacionadas
SUMÁRIO 6. Propósito da divulgação sobre partes relacionadas
1. Quadro sinótico 7. Divulgação de partes relacionadas
2. Introdução 8. Exemplos ilustrativos de situações que envolvem a
3. Alguns conceitos importantes divulgação de partes relacionadas
1. QUADRO SINÓTICO
Fundamentação legal NBC TG 05 (R3) - Divulgação sobre Partes Relacionadas.
Parte relacionada É a transferência de recursos, serviços ou obrigações entre uma entidade que reporta a informação e
uma parte relacionada, independentemente de ser cobrado um preço em contrapartida.
O que não se considera parte Não são partes relacionadas:
relacionada a) duas entidades simplesmente por terem administrador ou outro membro do pessoal-chave da admi-
nistração em comum, ou porque um membro do pessoal-chave da administração da entidade exerce
influência significativa sobre a outra entidade;
b) dois empreendedores em conjunto simplesmente por compartilharem o controle conjunto sobre um
empreendimento controlado em conjunto (joint venture);
c) outras situações:
c.1) entidades que proporcionam financiamentos;
c.2) sindicatos;
c.3) entidades prestadoras de serviços públicos; e
c.4) departamentos e agências de Estado que não controlam, de modo pleno ou em conjunto, ou exer-
cem influência significativa sobre a entidade que reporta a informação, simplesmente em virtude dos
seus negócios normais com a entidade (mesmo que possam afetar a liberdade de ação da entidade ou
participar no seu processo de tomada de decisões);
d) cliente, fornecedor, franqueador, concessionário, distribuidor ou agente geral com quem a entidade
mantém volume significativo de negócios, meramente em razão da resultante dependência econômica.
Pessoal-chave da administração São as pessoas que têm autoridade e responsabilidade pelo planejamento, direção e controle das ativi-
dades da entidade, direta ou indiretamente, incluindo qualquer administrador (executivo ou outro) dessa
entidade.
b.4) uma entidade está sob o controle conjun- a) benefícios de curto prazo a empregados e ad-
to (joint venture) de uma terceira entida- ministradores, tais como ordenados, salários e
de e a outra entidade for coligada dessa contribuições para a seguridade social, licen-
terceira entidade; ça remunerada e auxílio-doença pago, partici-
b.5) a entidade é um plano de benefício pós- pação nos lucros e bônus (se pagáveis dentro
-emprego cujos beneficiários são os em- do período de 12 meses após o encerramento
pregados de ambas as entidades, a que do exercício social) e benefícios não monetá-
rios (tais como assistência médica, habitação,
reporta a informação e a que está rela-
automóveis e bens ou serviços gratuitos ou
cionada com a que reporta a informação.
subsidiados) para os atuais empregados e ad-
Se a entidade que reporta a informação
ministradores;
for ela própria um plano de benefício
pós-emprego, os empregados que con- b) benefícios pós-emprego, tais como pensões,
tribuem com a mesma serão também outros benefícios de aposentadoria, seguro de
considerados partes relacionadas com a vida pós-emprego e assistência médica pós-
-emprego;
entidade que reporta a informação;
c) outros benefícios de longo prazo, incluindo li-
b.6) a entidade é controlada, de modo pleno
cença por anos de serviço ou licenças sabá-
ou sob controle conjunto, por uma pes-
ticas, jubileu ou outros benefícios por anos de
soa identificada na letra “a”;
serviço, benefícios de invalidez de longo pra-
b.7) uma pessoa identificada na letra “a.1” zo e, se não forem pagáveis na totalidade no
tem influência significativa sobre a enti- período de 12 meses após o encerramento do
dade, ou for membro do pessoal-chave exercício social, participação nos lucros, bô-
da administração da entidade (ou de nus e remunerações diferidas;
controladora da entidade); d) benefícios de rescisão de contrato de tra-
b.8) a entidade, ou qualquer membro de gru- balho; e
po do qual ela faz parte, fornece serviços e) remuneração baseada em ações.
de pessoal-chave da administração da
entidade que reporta ou à controladora Pessoal-chave da administração são as pes-
da entidade que reporta. soas que têm autoridade e responsabilidade pelo
planejamento, direção e controle das atividades da
Membros próximos da família de uma pessoa entidade, direta ou indiretamente, incluindo qualquer
são aqueles membros da família dos quais se pode administrador (executivo ou outro) dessa entidade.
esperar que exerçam influência ou sejam influencia-
dos pela pessoa nos negócios desses membros com Estado refere-se ao governo no seu sentido lato,
a entidade e incluem: agências de governo e organizações similares, sejam
elas municipais, estaduais, federais, nacionais ou
a) os filhos da pessoa, cônjuge ou companheiro(a);
internacionais.
b) os filhos do cônjuge da pessoa ou de
companheiro(a); e Entidade relacionada com o Estado é a entidade
c) dependentes da pessoa, de seu cônjuge ou que é controlada, de modo pleno ou em conjunto, ou
companheiro(a). sofre influência significativa do Estado.
membro do pessoal-chave da administração influência significativa sobre ela, apresentadas de acordo com a NBC TG
35 - Demonstrações Separadas e a NBC TG 36 - Demonstrações Consoli-
da entidade exerce influência significativa so- dadas. Essa Norma também deve ser aplicada às demonstrações contábeis
bre a outra entidade; individuais.
b) dois empreendedores em conjunto simples- (2) As transações com partes relacionadas e saldos existentes com
outras entidades de grupo econômico devem ser divulgadas nas demons-
mente por compartilharem o controle conjunto trações contábeis da entidade. As transações e os saldos intercompanhias
sobre um empreendimento controlado em con- existentes com partes relacionadas são eliminados, exceto em relação àque-
les entre entidade de investimento e suas controladas mensuradas ao valor
junto (joint venture); justo por meio do resultado, na elaboração das demonstrações contábeis
c) outras situações: consolidadas do grupo econômico.
as avaliações dos riscos e das oportunidades com os 7.3 Transações entre partes relacionadas
quais a entidade se depara. realizadas durante os períodos cobertos pelas
demonstrações contábeis
7. DIVULGAÇÃO DE PARTES RELACIONADAS Se tiver realizado transações entre partes relacio-
Os relacionamentos entre controladora e suas nadas durante os períodos cobertos pelas demonstra-
controladas devem ser divulgados independente- ções contábeis, a entidade deve divulgar a natureza
mente de ter havido ou não transações entre essas do relacionamento entre as partes relacionadas, assim
partes relacionadas. A entidade deve divulgar o como as informações sobre as transações e saldos
nome da sua controladora direta e, se for diferente, existentes, incluindo compromissos, necessárias para
da controladora final. Se nem a controladora direta, a compreensão dos usuários do potencial efeito desse
nem a controladora final elaborarem demonstrações relacionamento nas demonstrações contábeis. Esses
contábeis consolidadas disponíveis para o público, requisitos de divulgação são adicionais aos referidos
o nome da controladora do nível seguinte da estru- no subtópico 7.2. No mínimo, as divulgações devem
tura societária que proceder à elaboração de ditas incluir:
demonstrações também deve ser divulgado. a) montante das transações;
b) montante dos saldos existentes, incluindo
Para possibilitar que os usuários de demonstra- compromissos;
ções contábeis formem uma visão acerca dos efeitos
c) seus prazos e condições, incluindo eventuais
dos relacionamentos entre partes relacionadas na
garantias, e a natureza da contrapartida a ser
entidade, é apropriado divulgar o relacionamento
utilizada na liquidação;
entre partes relacionadas quando existir controle,
tendo havido ou não transações entre as partes rela- d) detalhes de quaisquer garantias dadas ou re-
cionadas. cebidas;
e) provisão para créditos de liquidação duvidosa
7.1 Divulgação de relacionamentos de partes relacionada com o montante dos saldos exis-
relacionadas entre controladoras e suas tentes; e
controlada f) despesa reconhecida durante o período rela-
cionada a dívidas incobráveis ou de liquida-
A obrigatoriedade de divulgação de relaciona- ção duvidosa de partes relacionadas.
mentos de partes relacionadas entre controladoras
e suas controladas é uma exigência adicional ao já Os valores incorridos pela entidade para a presta-
requerido na NBC TG 35 e NBC TG 45 - Divulgação ção de serviços de pessoal-chave da administração,
de Participações em Outras Entidades. As regras que são fornecidos por entidade administradora
estabelecidas no início do tópico 6 referem-se à con- separada, também devem ser divulgados.
troladora do nível seguinte da estrutura societária. A
controladora do nível seguinte da estrutura societária 7.3.1 Divulgação por categorias
é a 1ª controladora do grupo, acima da controladora
As divulgações requeridas no subtópico 7.3
direta imediata, que produza demonstrações contá-
devem ser feitas separadamente para cada uma das
beis consolidadas disponíveis para o público.
seguintes categorias:
7.3.2 Classificação de montantes a pagar e a receber (3) As divulgações de que as transações com partes relacionadas fo-
ram realizadas em termos equivalentes aos que prevalecem nas transações
com partes independentes serão feitas apenas se esses termos puderem ser
A classificação de montantes a pagar e a receber efetivamente comprovados.
de partes relacionadas em diferentes categorias con-
(4) Os itens de natureza similar podem ser divulgados de forma agre-
forme requerido no subtópico 7.3.1 é uma extensão gada, exceto quando a divulgação em separado for necessária para a com-
dos requerimentos de divulgação da NBC TG 26 preensão dos efeitos das transações com partes relacionadas nas demons-
trações contábeis da entidade.
- Apresentação das Demonstrações Contábeis, para
informações a serem prestadas no balanço patrimo-
nial ou nas notas explicativas que o acompanham. As 7.5 Entidades relacionadas com o Estado
categorias de partes relacionadas são ampliadas para A entidade que reporta a informação está isenta
proporcionar uma análise mais abrangente dos saldos das exigências de divulgação referida no subtópico
entre partes relacionadas, aplicando-a a transações 7.3 no tocante a transações e saldos mantidos com
com essas partes. partes relacionadas, incluindo compromissos, quando
a parte for:
7.4 Exemplos de transações que devem ser
a) um ente estatal que tenha controle, controle
divulgadas
conjunto ou que exerça influência significativa
Seguem exemplos de transações que devem ser sobre a entidade que reporta a informação; e
divulgadas, se feitas com parte relacionada: b) outra entidade que seja parte relacionada,
a) compras ou vendas de bens (acabados ou pelo fato de o mesmo ente estatal deter o con-
não acabados); trole ou o controle conjunto, ou exercer influência
significativa, sobre ambas as partes (a enti-
b) compras ou vendas de propriedades e outros
dade que reporta a informação e a outra enti-
ativos;
dade).
c) prestação ou recebimento de serviços;
d) arrendamentos; 7.5.1 Divulgação acerca de saldos mantidos
e) transferências de pesquisa e desenvolvimento; Se a entidade que reporta a informação aplicar a
f) transferências mediante acordos de licença; isenção referida no subtópico 7.5, ela deve divulgar o
g) transferências de natureza financeira (incluin- que segue acerca de saldos mantidos e transações
do empréstimos e contribuições para capital aos quais se refere o referido subtópico:
em dinheiro ou equivalente); a) o nome do ente estatal e a natureza de seu
h) fornecimento de garantias, avais ou fianças; relacionamento com a entidade que reporta a
i) assunção de compromissos para fazer algu- informação (por exemplo, controle, pleno ou
ma coisa para o caso de um evento particular compartilhado, ou influência significativa);
ocorrer ou não no futuro, incluindo contratos a b) a informação que segue, em detalhe suficien-
executar (reconhecidos ou não); e te, para possibilitar a compreensão dos usuá-
rios das demonstrações contábeis da entida-
Nota
de dos efeitos das transações com partes rela-
A NBC TG 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingen-
tes define contratos a executar como sendo contratos por meio dos quais cionadas nas suas demonstrações contábeis;
nenhuma parte cumpriu qualquer das suas obrigações ou ambas as partes
só tenham parcialmente cumprido as suas obrigações em igual extensão.
c) a natureza e o montante de cada transação in-
dividualmente significativa; e
j) liquidação de passivos em nome da entidade ou
d) para outras transações que, no conjunto, são
pela entidade em nome de parte relacionada.
significativas, mas individualmente não o são,
Notas uma indicação qualitativa e quantitativa de sua
(1) A participação de controladora ou controlada em plano de benefí- extensão. Tipos de transações incluem aque-
cios definidos que compartilha riscos entre entidades de grupo econômico é
considerada uma transação entre partes relacionadas (ver item 34B da NBC
las enumeradas no subtópico 7.4.
TG 33 - Benefícios a Empregados).
7.5.2 Avaliação do “nível” de relacionamento com
(2) Para quaisquer transações entre partes relacionadas, faz-se neces-
sária a divulgação das condições em que elas foram efetuadas. Transações a parte relacionada
atípicas com partes relacionadas após o encerramento do exercício ou pe-
ríodo também devem ser divulgadas. De acordo com a Nota Explicativa 2 Ao recorrer ao julgamento para determinar o nível
(NE2), anexa à NBC TG 05, a situação comentada nesta nota não existe na
versão do IASB; assim, é um requerimento adicional no Brasil, mas não ne-
de detalhe a ser divulgado de acordo com as exigên-
cessariamente em outras jurisdições. cias do subtópico 7.5.1, letra “b”, a administração da
entidade que reporta a informação deve considerar b) transações com as entidades 1 e 2 e com as
o quão próximo é o relacionamento com a parte entidades B, C e D.
relacionada, e outros fatores relevantes para o esta-
belecimento do nível de significância da transação, ao Contudo, a isenção não deve ser aplicada em
avaliar se a transação é: transações com a pessoa X.
então as entidades A e C não são consideradas par- EI19. Se a pessoa X exercer influência significa-
tes relacionadas uma da outra). tiva sobre ambas as entidades A e B, as entidades A
e B não são consideradas partes relacionadas uma
EI13. Para fins das demonstrações contábeis da da outra.
entidade A, a entidade C é parte relacionada com
a entidade A em função de a pessoa X controlar a Exemplo 5 - Membros próximos à família deten-
entidade A e ser membro do pessoal-chave da admi- tora de holding de investimentos
nistração da entidade C [item 9 (b) (vii) - (a) (i)].
EI20. A pessoa X é sócia de Y. A pessoa X tem
EI14. Ademais, a possível situação descrita
investimento na entidade A e a pessoa Y tem investi-
no item EI13 produz o mesmo efeito se a pessoa X
mento na entidade B.
controlar de modo conjunto a entidade A. Produzirá
também o mesmo efeito se a pessoa X for membro do
pessoal-chave da administração da entidade B e não
for da entidade C [item 9 (b) (vii) - (a) (i)].
Exemplo 4 - Pessoa como investidora EI21. Para fins das demonstrações contábeis da
entidade A, se a pessoa X controlar, de modo pleno
EI16. A pessoa X tem investimento na entidade A
ou em conjunto, a entidade A, a entidade B é consi-
e na entidade B
derada parte relacionada com a entidade A quando
a pessoa Y controlar, de modo pleno ou em conjunto,
ou exercer influência significativa sobre a entidade B
[item 9 (b) (vi) - (a) (i) e item 9 (b) (vii) - (a) (i)].
Nota
De acordo com a Nota Explicativa 3 (NE3) à NBC TG 05, o exemplo 7,
deste item EI 27, não existe na versão do IASB; esse foi um exemplo adicional
que não contradiz a Norma.
a Contabilização
Venda de cartões telefônicos e recarga telefônicos, com ou sem suporte físico de cartão, ficha
ou assemelhados, por pessoa jurídica não qualificada
de telefones celulares como concessionária de serviço público de teleco-
municação, não caracteriza serviço de comunicação,
1. INTRODUÇÃO tampouco configura sua intermediação.
Neste texto, abordamos os aspectos contábeis
relacionados às operações de venda de cartões Ao receber os valores decorrentes das vendas
telefônicos e recarga de telefones celulares, que têm dos mencionados créditos, a empresa não o faz em
gerado controvérsia quanto a sua classificação, ou nome ou por conta de outrem, mas, sim, em nome e
seja, sobre se devemos considerá-las como venda de por conta próprios. A receita é integralmente sua, não
mercadoria, prestação de serviços ou intermediação obstante o lucro da operação signifique apenas uma
de venda. fração do valor recebido. Logo, tais receitas devem
ser contabilizadas pelo seu valor efetivo da venda,
sem quaisquer reduções.
2. VENDAS DE CARTÕES TELEFÔNICOS
Conforme entendimento exarado pelo Fisco fede- Do mesmo modo, os créditos adquiridos das
ral, por meio da Solução de Consulta Cosit nº 76/2014, operadoras de telefonia devem ser registrados no
a operação de venda para usuário final de cartões Ativo Circulante (no subgrupo de Estoques), pelo
valor efetivamente pago, que, em geral, contempla eletrônico no qual disponibilizam um valor em cré-
um deságio em relação ao valor pelo qual este será ditos para o revendedor. Após um determinado pe-
vendido. ríodo previamente convencionado entre as partes, o
revendedor emite um boleto de cobrança pelo valor
2.1 Exemplo referente aos créditos revendidos, descontado o valor
correspondente à sua comissão.
Admitamos que determinada pessoa jurídica
adquirisse, em 1º.01.20X1, por R$ 90.000,00, a serem Nesses casos, recomenda-se que, por ocasião
pagos em 1º.02.20X1, 10.000 cartões telefônicos com do recebimento das recargas, a revendedora dos
valor facial de R$ 10,00, os quais foram todos vendi- créditos efetue o registro contábil mediante débito na
dos naquele mesmo mês. conta Caixa ou Bancos Conta Movimento (no Ativo
Circulante), a crédito de conta do Passivo Circulante,
Nesse caso, teríamos os seguintes lançamentos: a qual poderá intitular-se “Recargas de Telefones
Celulares”, pelo valor a ser repassado à operadora do
1) Pela aquisição dos cartões telefônicos serviço de telefonia, e a crédito de conta de receita
D - Estoques de Créditos de Telefones Celulares (Receitas de Comissões sobre Recargas de Telefones
(Ativo Circulante) Celulares, por exemplo), pelo valor da sua comissão.
C - Fornecedores
(Passivo Circulante) R$ 90.000,00
3.1 Exemplo
2) Pela venda dos cartões telefônicos Admitamos determinada pessoa jurídica que
D - Caixa ou Bancos Conta Movimento
tenha efetuado, no período de 1º a 10.01.20X1, recar-
(Ativo Circulante) gas de telefones celulares no montante de 10.000,00 e
C - Receita de Venda de Recargas que esta receba da operadora do serviço de telefonia
de Telefones Celulares (Conta de um percentual de 3% sobre as recargas efetuadas.
Resultado) R$ 100.000,00
3) Pela baixa, nos estoques, dos cartões telefôni- Nesse caso, teríamos os seguintes lançamentos
cos vendidos contábeis:
Nas recargas de telefone realizadas mediante ** R 10.000,00 (valor das recargas efetuadas no período) x 3% (percentual da
comissão a ser paga pela operadora do serviço de telefonia).
a utilização de um terminal eletrônico, o revendedor
recebe um percentual fixo sobre o valor de cada
2) Pelo registro do repasse do valor da recarga à
recarga realizada. Logo, nessa modalidade, o reven-
operadora do serviço de telefonia
dedor da recarga é um intermediário entre a operadora
do serviço de comunicação e o usuário final desse D - Recargas de Telefones Celulares
serviço, ou seja, trata-se de venda por conta e ordem (Passivo Circulante)
de terceiros. C - Caixa ou Bancos Conta Movimento
(Ativo Circulante) R$ 9.700,00