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Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 41/2019

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// Contabilidade de Custos Veja nos Próximos


Avaliação de estoques de mercadorias pelo valor de mercado (valor Fascículos
recuperável líquido). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

// Contabilidade Geral a Aquisição de bens por meio de


consórcio
Partes relacionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
a Décimo terceiro salário

// Contabilização a Regularização das divergências


entre o estoque físico e o
Venda de cartões telefônicos e recarga de telefones celulares. . . . . . 12 contábil
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Capa:
Marketing SAGE | IOB

Editoração Eletrônica e Revisão:


Editorial SAGE | IOB

0800-724-7900 SAC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Temática contábil e balanços : contabilidade de


custos.... -- 15. ed. -- São Paulo : Sage -
IOB, 2019. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-3505-7

1. Balanços contábeis 2. Empresas - Contabilidade


I. Série.

19-30073 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:

1. Administração financeira : Empresas 658.15


2. Análise de balanços : Empresas : Administração
financeira 658.15
3. Balanços : Empresas : Administração financeira
658.15

Iolanda Rodrigues Biode - Bibliotecária - CRB-8/10014

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).
Boletim IOB

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

a Contabilidade de Custos
Avaliação de estoques de mercadorias o Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1) - Estoques,
recepcionado, no âmbito da Comissão de Valores
pelo valor de mercado (valor Mobiliários (CVM), pela Deliberação CVM nº 575/2009
recuperável líquido) e, no âmbito do Conselho Federal de Contabilidade
SUMÁRIO (CFC), pela Resolução CFC nº 1.170/2009 (NBC TG
1. Introdução 16 (R1) - Estoques), alterada pela Resolução CFC
2. Considerações sobre valor de mercado, valor nº 1.273/2010.
realizável líquido e valor justo
3. Regras gerais para aplicação do valor realizável
líquido 2. CONSIDERAÇÕES SOBRE VALOR DE MERCADO,
4. Exemplo VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO E VALOR JUSTO
5. Nova avaliação nos períodos subsequentes
Ao tratar do assunto, o item 9 do Pronunciamento
1. INTRODUÇÃO Técnico CPC 16 (R1) estabelece que os estoques
devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo
De acordo com o inciso II do art. 183 da Lei
valor realizável líquido, dos dois o menor. Como
nº 6.404/1976, no balanço, os direitos que tiverem por
podemos observar, ao determinar a adoção do menor
objeto mercadorias e produtos do comércio da com-
panhia, assim como matérias-primas, produtos em valor para os estoques, a norma considerou em sua
fabricação e bens em almoxarifado, serão avaliados: plenitude o princípio da prudência. De maneira geral,
podemos dizer que o termo “valor realizável líquido”
[...] pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de veio substituir o termo “valor de mercado”, em se
provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este tratando de mensuração dos estoques de produtos
for inferior;
acabados e de mercadorias para revenda.
[...]
Contudo, o conceito de “valor realizável líquido” é
No § 1º do mesmo artigo, a Lei nº 6.404/1976 defi- muito mais abrangente do que a tradicional acepção
niu a expressão “valor justo”, considerando-o como: de “valor de mercado”, até então utilizada. De uma
forma simplista, tínhamos que o valor de mercado, até
§ 1º [...]
as alterações promovidas na Lei nº 6.404/1976 pela Lei
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o nº 11.638/2007, era o preço praticado pelo mercado
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no relativamente a determinado produto/mercadoria.
mercado;

b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido Portanto, se tínhamos uma quantidade de produto
de realização mediante venda no mercado, deduzidos os X em nossos estoques avaliado por R$ 100.000,00 e,
impostos e demais despesas necessárias para a venda, e na data do balanço, esse produto atingiu um preço de
a margem de lucro;
venda de R$ 95.000,00 (líquido dos impostos recu-
[...] peráveis), teríamos que constituir uma provisão de
R$ 5.000,00, pois o preço de mercado seria inferior ao
Neste texto, discorremos sobre a avaliação de de custo, e reconheceríamos a perda. Como vimos,
mercadorias para revenda segundo o método de agora, temos de adotar o valor de custo ou o valor
mercado (valor realizável líquido), tendo como base realizável líquido, dos dois o menor.

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Temática Contábil e Balanços

O Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1) define, algumas circunstâncias, porém, pode ser apropriado
em seu item 6, “valor realizável líquido” como: agrupar unidades semelhantes ou relacionadas. Pode
ocorrer de os itens de estoque se relacionarem com
[...] o preço de venda estimado no curso normal dos negó-
cios deduzido dos custos estimados para sua conclusão a mesma linha de produtos, com finalidades ou usos
e dos gastos estimados necessários para se concretizar finais semelhantes, que sejam produzidos e comercia-
a venda. lizados na mesma área geográfica e não possam ser
avaliados separadamente de outros itens da mesma
Esse conceito (valor realizável líquido), conforme linha de produtos.
se depreende da leitura do inciso II e do § 1º, alínea
“b” do art. 183 da Lei nº 6.404/1976, deve ser utilizado Não é apropriado reduzir o valor do estoque com
para determinarmos o valor de mercado, relativa- base em uma classificação de estoque, como, por
mente aos estoques, aos produtos acabados e às exemplo, em bens acabados ou em todo estoque de
mercadorias para revenda. determinado setor ou segmento operacional. Os pres-
tadores de serviços normalmente acumulam custos
A mesma norma traz também a seguinte definição relacionados a cada serviço para o qual será cobrado
para “valor justo”, qual seja: um preço de venda específico. Portanto, cada um dos
[...] o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou serviços deve ser tratado como um item em separado.
que seria pago pela transferência de um passivo em uma
transação não forçada entre participantes do mercado na
data de mensuração. 3.1.1 Estimativas do valor realizável líquido
As estimativas do valor realizável líquido devem
Esse conceito (valor justo), conforme se depre- se basear nas evidências mais confiáveis disponíveis
ende da leitura do inciso II e do § 1º, alínea “a”, do no momento em que são feitas as estimativas do valor
art. 183 da Lei nº 6.404/1976, deve ser utilizado para dos estoques que se espera realizar. Essas estima-
determinarmos o valor de mercado, relativamente aos tivas devem levar em consideração variações nos
estoques, às matérias-primas e aos bens em geral preços e nos custos diretamente relacionados com
constantes do almoxarifado, não avaliado pelo valor eventos que ocorram depois de terminado o período,
realizável líquido. à medida que tais eventos confirmem as condições
existentes no fim do período.
3. REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO VALOR
REALIZÁVEL LÍQUIDO As estimativas do valor realizável líquido também
O custo dos estoques pode não ser recuperável devem levar em consideração a finalidade para a qual
se os referidos estoques estiverem danificados, o estoque é mantido. Por exemplo, o valor realizável
tornarem-se total ou parcialmente obsoletos ou se líquido da quantidade de estoque conservado para
os seus preços de venda tiverem diminuído. O custo atender a contratos de venda ou de prestação de
dos estoques pode também não ser recuperável se serviços deve basear-se no preço do contrato. Se
os custos estimados de acabamento ou os custos os contratos de venda dizem respeito a quantidades
estimados a serem incorridos para realizar a venda inferiores àquelas de estoque mantidas, o valor reali-
tiverem aumentado. zável líquido do excesso deve basear-se em preços
gerais de venda.
A prática de reduzir o valor de custo dos estoques
(write down) para o valor realizável líquido é consis- 3.1.2 Provisões
tente com o ponto de vista de que os ativos não devem
Podem surgir provisões resultantes de contratos
ser escriturados por quantias superiores àquelas que,
de venda superiores às quantidades de estoque
se espera, sejam realizadas com a sua venda ou uso.
existentes ou resultantes de contratos firmes de
compra em andamento se as aquisições adicionais a
3.1 Critérios para redução dos estoques ao valor serem feitas para atender a tais contratos de venda
realizável líquido
forem previstas com base em valores estimados que
Os estoques devem ser, geralmente, reduzidos levem à situação de prejuízo no atendimento desses
para o seu valor realizável líquido item a item. Em contratos de venda. Tais provisões devem ser tratadas

41-02 TC Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 - Boletim IOB


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de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25 - e os outros bens de consumo devem ser reduzidos
Provisão e Passivo e Ativo Contingentes. ao valor realizável líquido. Em tais circunstâncias,
o custo de reposição dos materiais pode ser a
3.1.3 Materiais e outros bens de consumo melhor medida disponível do seu valor realizável
líquido.
Os materiais e outros bens de consumo mantidos
para uso na produção de estoques ou na prestação
4. EXEMPLO
de serviços não sofrerão redução abaixo do custo se
for previsível que os produtos acabados em que eles Conforme vimos anteriormente, o Pronunciamento
devem se incorporar ou que os serviços nos quais Técnico CPC 16 (R1) define valor realizável líquido
serão empregados sejam vendidos pelo custo ou como o preço de venda estimado no curso normal
acima do custo. dos negócios deduzido dos custos estimados para
sua conclusão e dos gastos estimados necessários
Porém, quando a diminuição no preço dos para se concretizar a venda.
produtos acabados ou no preço dos serviços pres-
tados indicar que o custo de elaboração destes Desse modo, consideremos determinada empresa
excederá seu valor realizável líquido, os materiais comercial com os seguintes dados:

Custo de aquisição Custo para vender/receber


Preço de
Venda Custo
Mercadorias Custo
Quantidade Total estimado Embalagem Frete Comissão Cobrança Total unitário de
em estoque Unitário
venda

A 80 R$ 43,00 R$ 3.440,00 R$ 50,00 R$ 300,00 R$ 350,00 R$ 600,00 R$ 500,00 R$ 1.750,00 R$ 21,88

B 120 R$ 105,00 R$ 12.600,00 R$ 120,00 R$ 250,00 R$ 450,00 R$ 200,00 R$ 300,00 R$ 1.200,00 R$ 10,00

C 140 R$ 100,00 R$ 14.000,00 R$ 190,00 R$ 750,00 R$ 1.300,00 R$ 1.500,00 R$ 1.400,00 R$ 4.950,00 R$ 35,36

Diante dessas informações, o valor líquido realizá- 5. NOVA AVALIAÇÃO NOS PERÍODOS
vel seria calculado da seguinte forma: SUBSEQUENTES
Produto Em cada período subsequente, deve ser feita uma
Item
A B C nova avaliação do valor realizável líquido.
1 Preço de venda estimado R$ 50,00 R$ 120,00 R$ 190,00
2 Custo unitário de venda R$ 21,88 R$ 10,00 R$ 35,36 Quando as circunstâncias que anteriormente
3 Valor líquido realizável (1-2) R$ 28,12 R$ 110,00 R$ 154,64 provocaram a redução dos estoques abaixo do custo
4 Custo de aquisição R$ 43,00 R$ 105,00 R$ 100,00 deixarem de existir ou quando houver uma clara evi-
Custo de aquisição abaixo dência de aumento no valor realizável líquido devido
(R$ 14,88) R$ 5,00 R$ 54,64
5 do mercado (3-4) à alteração nas circunstâncias econômicas, a quantia
da redução deve ser revertida (considerando-se que
Portanto, como se observa, a provisão deve ser
a reversão é limitada à quantia da redução original)
efetuada somente para o produto “A” e corresponde a
de modo que o novo montante registrado do estoque
R$ 1.190,00 (80 unidades x R$ 14,88).
corresponda ao menor valor entre o custo e o valor
realizável líquido revisto. Isso ocorre, por exemplo,
Contabilmente, teremos o seguinte registro:
com um item de estoque registrado pelo valor reali-
D - Perdas em Estoques - Valor Realizável Líquido zável líquido quando o seu preço de venda tiver sido
(Conta de Resultado) reduzido e, enquanto mantido em período posterior,
C - Provisão para Perdas em Estoques - Valor tiver o seu preço de venda aumentado.
Realizável Líquido (Conta Redutora do Ativo
Circulante) 1.190,00 N
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a Contabilidade Geral
Partes relacionadas 4.
5.
O que não se considera parte relacionada
Aplicação das regras das partes relacionadas
SUMÁRIO 6. Propósito da divulgação sobre partes relacionadas
1. Quadro sinótico 7. Divulgação de partes relacionadas
2. Introdução 8. Exemplos ilustrativos de situações que envolvem a
3. Alguns conceitos importantes divulgação de partes relacionadas

1. QUADRO SINÓTICO
Fundamentação legal NBC TG 05 (R3) - Divulgação sobre Partes Relacionadas.
Parte relacionada É a transferência de recursos, serviços ou obrigações entre uma entidade que reporta a informação e
uma parte relacionada, independentemente de ser cobrado um preço em contrapartida.
O que não se considera parte Não são partes relacionadas:
relacionada a) duas entidades simplesmente por terem administrador ou outro membro do pessoal-chave da admi-
nistração em comum, ou porque um membro do pessoal-chave da administração da entidade exerce
influência significativa sobre a outra entidade;
b) dois empreendedores em conjunto simplesmente por compartilharem o controle conjunto sobre um
empreendimento controlado em conjunto (joint venture);
c) outras situações:
c.1) entidades que proporcionam financiamentos;
c.2) sindicatos;
c.3) entidades prestadoras de serviços públicos; e
c.4) departamentos e agências de Estado que não controlam, de modo pleno ou em conjunto, ou exer-
cem influência significativa sobre a entidade que reporta a informação, simplesmente em virtude dos
seus negócios normais com a entidade (mesmo que possam afetar a liberdade de ação da entidade ou
participar no seu processo de tomada de decisões);
d) cliente, fornecedor, franqueador, concessionário, distribuidor ou agente geral com quem a entidade
mantém volume significativo de negócios, meramente em razão da resultante dependência econômica.
Pessoal-chave da administração São as pessoas que têm autoridade e responsabilidade pelo planejamento, direção e controle das ativi-
dades da entidade, direta ou indiretamente, incluindo qualquer administrador (executivo ou outro) dessa
entidade.

2. INTRODUÇÃO a.3) for membro do pessoal-chave da admi-


nistração da entidade que reporta a in-
Neste texto, discorremos sobre o tema com
base na NBC TG 05 (R3) - Divulgação sobre Partes formação ou da controladora da entida-
Relacionadas cujo objetivo principal é o de assegu- de que reporta a informação;
rar que as demonstrações contábeis da entidade b) uma entidade está relacionada com a entida-
contenham as divulgações necessárias para chamar de que reporta a informação se qualquer das
a atenção dos usuários para a possibilidade de o condições a seguir for observada:
balanço patrimonial e a demonstração do resultado b.1) a entidade e a entidade que reporta a in-
da entidade estarem afetados pela existência de par-
formação são membros do mesmo grupo
tes relacionadas e por transações e saldos, incluindo
econômico (o que significa dizer que a
compromissos, com referidas partes relacionadas.
controladora e cada controlada são inter-
-relacionadas, bem como as entidades
3. ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
sob controle comum são relacionadas
Seguem alguns conceitos, termos e seus signifi- entre si);
cados fundamentais no entendimento deste texto: b.2) a entidade é coligada ou controlada em
a) uma pessoa, ou um membro próximo de sua conjunto (joint venture) de outra entidade
família, estará relacionada com a entidade que (ou coligada ou controlada em conjunto
reporta a informação se: de entidade membro de grupo econômi-
a.1) tiver o controle pleno ou compartilhado co do qual a outra entidade é membro);
da entidade que reporta a informação; b.3) ambas as entidades estão sob o controle
a.2) tiver influência significativa sobre a enti- conjunto (joint ventures) de uma terceira
dade que reporta a informação; ou entidade;

41-04 TC Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 - Boletim IOB


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Temática Contábil e Balanços

b.4) uma entidade está sob o controle conjun- a) benefícios de curto prazo a empregados e ad-
to (joint venture) de uma terceira entida- ministradores, tais como ordenados, salários e
de e a outra entidade for coligada dessa contribuições para a seguridade social, licen-
terceira entidade; ça remunerada e auxílio-doença pago, partici-
b.5) a entidade é um plano de benefício pós- pação nos lucros e bônus (se pagáveis dentro
-emprego cujos beneficiários são os em- do período de 12 meses após o encerramento
pregados de ambas as entidades, a que do exercício social) e benefícios não monetá-
rios (tais como assistência médica, habitação,
reporta a informação e a que está rela-
automóveis e bens ou serviços gratuitos ou
cionada com a que reporta a informação.
subsidiados) para os atuais empregados e ad-
Se a entidade que reporta a informação
ministradores;
for ela própria um plano de benefício
pós-emprego, os empregados que con- b) benefícios pós-emprego, tais como pensões,
tribuem com a mesma serão também outros benefícios de aposentadoria, seguro de
considerados partes relacionadas com a vida pós-emprego e assistência médica pós-
-emprego;
entidade que reporta a informação;
c) outros benefícios de longo prazo, incluindo li-
b.6) a entidade é controlada, de modo pleno
cença por anos de serviço ou licenças sabá-
ou sob controle conjunto, por uma pes-
ticas, jubileu ou outros benefícios por anos de
soa identificada na letra “a”;
serviço, benefícios de invalidez de longo pra-
b.7) uma pessoa identificada na letra “a.1” zo e, se não forem pagáveis na totalidade no
tem influência significativa sobre a enti- período de 12 meses após o encerramento do
dade, ou for membro do pessoal-chave exercício social, participação nos lucros, bô-
da administração da entidade (ou de nus e remunerações diferidas;
controladora da entidade); d) benefícios de rescisão de contrato de tra-
b.8) a entidade, ou qualquer membro de gru- balho; e
po do qual ela faz parte, fornece serviços e) remuneração baseada em ações.
de pessoal-chave da administração da
entidade que reporta ou à controladora Pessoal-chave da administração são as pes-
da entidade que reporta. soas que têm autoridade e responsabilidade pelo
planejamento, direção e controle das atividades da
Membros próximos da família de uma pessoa entidade, direta ou indiretamente, incluindo qualquer
são aqueles membros da família dos quais se pode administrador (executivo ou outro) dessa entidade.
esperar que exerçam influência ou sejam influencia-
dos pela pessoa nos negócios desses membros com Estado refere-se ao governo no seu sentido lato,
a entidade e incluem: agências de governo e organizações similares, sejam
elas municipais, estaduais, federais, nacionais ou
a) os filhos da pessoa, cônjuge ou companheiro(a);
internacionais.
b) os filhos do cônjuge da pessoa ou de
companheiro(a); e Entidade relacionada com o Estado é a entidade
c) dependentes da pessoa, de seu cônjuge ou que é controlada, de modo pleno ou em conjunto, ou
companheiro(a). sofre influência significativa do Estado.

Remuneração inclui todos os benefícios a empre- Nota


gados e administradores (conforme definido na NBC Ao considerar cada um dos possíveis relacionamentos com partes rela-
cionadas, a atenção deve ser direcionada para a essência do relacionamen-
TG 33 - Benefícios a Empregados), inclusive os bene- to, e não meramente para sua forma legal.
fícios dentro do alcance da NBC TG 10 - Pagamento
Baseado em Ações. Os benefícios a empregados são 4. O QUE NÃO SE CONSIDERA PARTE
todas as formas de contrapartida paga, a pagar ou RELACIONADA
proporcionada pela entidade, ou em nome dela, em
troca de serviços que lhes são prestados. Também Não são partes relacionadas:
inclui a contrapartida paga em nome da controladora a) duas entidades simplesmente por terem admi-
da entidade em relação à entidade. A remuneração nistrador ou outro membro do pessoal-chave
inclui: da administração em comum, ou porque um

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 TC41-05


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membro do pessoal-chave da administração influência significativa sobre ela, apresentadas de acordo com a NBC TG
35 - Demonstrações Separadas e a NBC TG 36 - Demonstrações Consoli-
da entidade exerce influência significativa so- dadas. Essa Norma também deve ser aplicada às demonstrações contábeis
bre a outra entidade; individuais.

b) dois empreendedores em conjunto simples- (2) As transações com partes relacionadas e saldos existentes com
outras entidades de grupo econômico devem ser divulgadas nas demons-
mente por compartilharem o controle conjunto trações contábeis da entidade. As transações e os saldos intercompanhias
sobre um empreendimento controlado em con- existentes com partes relacionadas são eliminados, exceto em relação àque-
les entre entidade de investimento e suas controladas mensuradas ao valor
junto (joint venture); justo por meio do resultado, na elaboração das demonstrações contábeis
c) outras situações: consolidadas do grupo econômico.

c.1) entidades que proporcionam financia-


6. PROPÓSITO DA DIVULGAÇÃO SOBRE PARTES
mentos;
RELACIONADAS
c.2) sindicatos;
Os relacionamentos com partes relacionadas são
c.3) entidades prestadoras de serviços públi-
uma característica normal do comércio e dos negócios.
cos; e
Por exemplo, as entidades realizam frequentemente
c.4) departamentos e agências de Estado parte das suas atividades por meio de controladas,
que não controlam, de modo pleno ou empreendimentos controlados em conjunto (joint
em conjunto, ou exercem influência signi- ventures) e coligadas. Nessas circunstâncias, a enti-
ficativa sobre a entidade que reporta a in- dade tem a capacidade de afetar as políticas financeiras
formação, simplesmente em virtude dos e operacionais da investida por meio de controle pleno,
seus negócios normais com a entidade controle compartilhado ou influência significativa.
(mesmo que possam afetar a liberdade
de ação da entidade ou participar no seu O relacionamento com partes relacionadas pode
processo de tomada de decisões); ter efeito na demonstração do resultado e no balanço
d) cliente, fornecedor, franqueador, concessioná- patrimonial da entidade. As partes relacionadas
rio, distribuidor ou agente geral com quem a podem levar a efeito transações que partes não rela-
entidade mantém volume significativo de ne- cionadas não realizariam. Por exemplo, a entidade
gócios, meramente em razão da resultante de- que venda bens à sua controladora pelo custo pode
pendência econômica. não vender nessas condições a outro cliente. Além
Nota
disso, as transações entre partes relacionadas podem
Na definição de parte relacionada, uma coligada inclui controladas não ser feitas pelos mesmos montantes que seriam
dessa coligada e uma entidade sob controle conjunto (joint venture) inclui entre partes não relacionadas.
controladas de entidade sob controle compartilhado (joint venture). Portanto,
por exemplo, a controlada de uma coligada e o investidor que exerce influên-
cia significativa sobre a coligada são partes relacionadas. A demonstração do resultado e o balanço
patrimonial da entidade podem ser afetados por um
5. APLICAÇÃO DAS REGRAS DAS PARTES relacionamento com partes relacionadas, mesmo que
RELACIONADAS não ocorram transações com essas partes relaciona-
As regras tratadas neste trabalho devem ser das. A mera existência do relacionamento pode ser
aplicadas: suficiente para afetar as transações da entidade com
outras partes. Por exemplo, uma controlada pode
a) na identificação de relacionamentos e transa- cessar relações com um parceiro comercial quando
ções com partes relacionadas; da aquisição pela controladora de outra controlada
b) na identificação de saldos existentes, incluin- dedicada à mesma atividade do parceiro comercial
do compromissos, entre a entidade que repor- anterior. Alternativamente, uma parte pode abster-se
ta a informação e suas partes relacionadas; de agir por causa da influência significativa de outra.
c) na identificação de circunstâncias sob as quais Por exemplo, uma controlada pode ser orientada pela
a divulgação dos itens “a” e “b” é exigida; e sua controladora a não se envolver em atividades de
pesquisa e desenvolvimento.
d) na determinação das divulgações a serem fei-
tas acerca desses itens.
Por essas razões, o conhecimento das transações,
Notas dos saldos existentes, incluindo compromissos, e dos
(1) É requerida a divulgação de relacionamentos com partes relaciona- relacionamentos da entidade com partes relacionadas
das, de transações e saldos existentes com partes relacionadas, incluindo
compromissos, nas demonstrações contábeis consolidadas e separadas
pode afetar as avaliações de suas operações por parte
de controladora ou investidores com controle conjunto da investida ou com dos usuários das demonstrações contábeis, inclusive

41-06 TC Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 - Boletim IOB


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Temática Contábil e Balanços

as avaliações dos riscos e das oportunidades com os 7.3 Transações entre partes relacionadas
quais a entidade se depara. realizadas durante os períodos cobertos pelas
demonstrações contábeis
7. DIVULGAÇÃO DE PARTES RELACIONADAS Se tiver realizado transações entre partes relacio-
Os relacionamentos entre controladora e suas nadas durante os períodos cobertos pelas demonstra-
controladas devem ser divulgados independente- ções contábeis, a entidade deve divulgar a natureza
mente de ter havido ou não transações entre essas do relacionamento entre as partes relacionadas, assim
partes relacionadas. A entidade deve divulgar o como as informações sobre as transações e saldos
nome da sua controladora direta e, se for diferente, existentes, incluindo compromissos, necessárias para
da controladora final. Se nem a controladora direta, a compreensão dos usuários do potencial efeito desse
nem a controladora final elaborarem demonstrações relacionamento nas demonstrações contábeis. Esses
contábeis consolidadas disponíveis para o público, requisitos de divulgação são adicionais aos referidos
o nome da controladora do nível seguinte da estru- no subtópico 7.2. No mínimo, as divulgações devem
tura societária que proceder à elaboração de ditas incluir:
demonstrações também deve ser divulgado. a) montante das transações;
b) montante dos saldos existentes, incluindo
Para possibilitar que os usuários de demonstra- compromissos;
ções contábeis formem uma visão acerca dos efeitos
c) seus prazos e condições, incluindo eventuais
dos relacionamentos entre partes relacionadas na
garantias, e a natureza da contrapartida a ser
entidade, é apropriado divulgar o relacionamento
utilizada na liquidação;
entre partes relacionadas quando existir controle,
tendo havido ou não transações entre as partes rela- d) detalhes de quaisquer garantias dadas ou re-
cionadas. cebidas;
e) provisão para créditos de liquidação duvidosa
7.1 Divulgação de relacionamentos de partes relacionada com o montante dos saldos exis-
relacionadas entre controladoras e suas tentes; e
controlada f) despesa reconhecida durante o período rela-
cionada a dívidas incobráveis ou de liquida-
A obrigatoriedade de divulgação de relaciona- ção duvidosa de partes relacionadas.
mentos de partes relacionadas entre controladoras
e suas controladas é uma exigência adicional ao já Os valores incorridos pela entidade para a presta-
requerido na NBC TG 35 e NBC TG 45 - Divulgação ção de serviços de pessoal-chave da administração,
de Participações em Outras Entidades. As regras que são fornecidos por entidade administradora
estabelecidas no início do tópico 6 referem-se à con- separada, também devem ser divulgados.
troladora do nível seguinte da estrutura societária. A
controladora do nível seguinte da estrutura societária 7.3.1 Divulgação por categorias
é a 1ª controladora do grupo, acima da controladora
As divulgações requeridas no subtópico 7.3
direta imediata, que produza demonstrações contá-
devem ser feitas separadamente para cada uma das
beis consolidadas disponíveis para o público.
seguintes categorias:

7.2 Divulgação da remuneração do pessoal-chave a) controladora;


da administração b) entidades com controle conjunto da entidade
ou influência significativa sobre a entidade que
A entidade deve divulgar a remuneração do reporta a informação;
pessoal-chave da administração no total e para cada
uma das seguintes categorias: c) controladas;
d) coligadas;
a) benefícios de curto prazo a empregados e ad-
e) empreendimentos controlados em conjunto
ministradores;
(joint ventures) em que a entidade seja investi-
b) benefícios pós-emprego; dor conjunto;
c) outros benefícios de longo prazo; f) pessoal-chave da administração da entidade
d) benefícios de rescisão de contrato de trabalho; e ou de sua controladora; e
e) remuneração baseada em ações. g) outras partes relacionadas.

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Temática Contábil e Balanços

7.3.2 Classificação de montantes a pagar e a receber (3) As divulgações de que as transações com partes relacionadas fo-
ram realizadas em termos equivalentes aos que prevalecem nas transações
com partes independentes serão feitas apenas se esses termos puderem ser
A classificação de montantes a pagar e a receber efetivamente comprovados.
de partes relacionadas em diferentes categorias con-
(4) Os itens de natureza similar podem ser divulgados de forma agre-
forme requerido no subtópico 7.3.1 é uma extensão gada, exceto quando a divulgação em separado for necessária para a com-
dos requerimentos de divulgação da NBC TG 26 preensão dos efeitos das transações com partes relacionadas nas demons-
trações contábeis da entidade.
- Apresentação das Demonstrações Contábeis, para
informações a serem prestadas no balanço patrimo-
nial ou nas notas explicativas que o acompanham. As 7.5 Entidades relacionadas com o Estado
categorias de partes relacionadas são ampliadas para A entidade que reporta a informação está isenta
proporcionar uma análise mais abrangente dos saldos das exigências de divulgação referida no subtópico
entre partes relacionadas, aplicando-a a transações 7.3 no tocante a transações e saldos mantidos com
com essas partes. partes relacionadas, incluindo compromissos, quando
a parte for:
7.4 Exemplos de transações que devem ser
a) um ente estatal que tenha controle, controle
divulgadas
conjunto ou que exerça influência significativa
Seguem exemplos de transações que devem ser sobre a entidade que reporta a informação; e
divulgadas, se feitas com parte relacionada: b) outra entidade que seja parte relacionada,
a) compras ou vendas de bens (acabados ou pelo fato de o mesmo ente estatal deter o con-
não acabados); trole ou o controle conjunto, ou exercer influência
significativa, sobre ambas as partes (a enti-
b) compras ou vendas de propriedades e outros
dade que reporta a informação e a outra enti-
ativos;
dade).
c) prestação ou recebimento de serviços;
d) arrendamentos; 7.5.1 Divulgação acerca de saldos mantidos
e) transferências de pesquisa e desenvolvimento; Se a entidade que reporta a informação aplicar a
f) transferências mediante acordos de licença; isenção referida no subtópico 7.5, ela deve divulgar o
g) transferências de natureza financeira (incluin- que segue acerca de saldos mantidos e transações
do empréstimos e contribuições para capital aos quais se refere o referido subtópico:
em dinheiro ou equivalente); a) o nome do ente estatal e a natureza de seu
h) fornecimento de garantias, avais ou fianças; relacionamento com a entidade que reporta a
i) assunção de compromissos para fazer algu- informação (por exemplo, controle, pleno ou
ma coisa para o caso de um evento particular compartilhado, ou influência significativa);
ocorrer ou não no futuro, incluindo contratos a b) a informação que segue, em detalhe suficien-
executar (reconhecidos ou não); e te, para possibilitar a compreensão dos usuá-
rios das demonstrações contábeis da entida-
Nota
de dos efeitos das transações com partes rela-
A NBC TG 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingen-
tes define contratos a executar como sendo contratos por meio dos quais cionadas nas suas demonstrações contábeis;
nenhuma parte cumpriu qualquer das suas obrigações ou ambas as partes
só tenham parcialmente cumprido as suas obrigações em igual extensão.
c) a natureza e o montante de cada transação in-
dividualmente significativa; e
j) liquidação de passivos em nome da entidade ou
d) para outras transações que, no conjunto, são
pela entidade em nome de parte relacionada.
significativas, mas individualmente não o são,
Notas uma indicação qualitativa e quantitativa de sua
(1) A participação de controladora ou controlada em plano de benefí- extensão. Tipos de transações incluem aque-
cios definidos que compartilha riscos entre entidades de grupo econômico é
considerada uma transação entre partes relacionadas (ver item 34B da NBC
las enumeradas no subtópico 7.4.
TG 33 - Benefícios a Empregados).
7.5.2 Avaliação do “nível” de relacionamento com
(2) Para quaisquer transações entre partes relacionadas, faz-se neces-
sária a divulgação das condições em que elas foram efetuadas. Transações a parte relacionada
atípicas com partes relacionadas após o encerramento do exercício ou pe-
ríodo também devem ser divulgadas. De acordo com a Nota Explicativa 2 Ao recorrer ao julgamento para determinar o nível
(NE2), anexa à NBC TG 05, a situação comentada nesta nota não existe na
versão do IASB; assim, é um requerimento adicional no Brasil, mas não ne-
de detalhe a ser divulgado de acordo com as exigên-
cessariamente em outras jurisdições. cias do subtópico 7.5.1, letra “b”, a administração da

41-08 TC Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 - Boletim IOB


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entidade que reporta a informação deve considerar b) transações com as entidades 1 e 2 e com as
o quão próximo é o relacionamento com a parte entidades B, C e D.
relacionada, e outros fatores relevantes para o esta-
belecimento do nível de significância da transação, ao Contudo, a isenção não deve ser aplicada em
avaliar se a transação é: transações com a pessoa X.

a) significativa em termos de magnitude; Exigências de divulgação quando a isenção é


b) realizada fora das condições de mercado; aplicada (item 26)
c) foge das operações normais do dia a dia dos
negócios, como a compra e venda de negó- EI3. Nas demonstrações contábeis da entidade A,
cios; um exemplo de divulgação para pleno atendimento
ao item 26 (b) (i), para transações individualmente
d) divulgada para autoridades de supervisão ou
significativas, poderia ser:
regulação;
e) reportada a administradores seniores; Exemplo de divulgação para transações
f) sujeita à aprovação dos acionistas. individualmente significativas realizadas fora das
condições de mercado
8. EXEMPLOS ILUSTRATIVOS DE SITUAÇÕES
QUE ENVOLVEM A DIVULGAÇÃO DE PARTES Em 15 de janeiro de 20X1, a entidade A, companhia
RELACIONADAS prestadora de serviços públicos de caráter essencial,
Os exemplos a seguir acompanham, mas não são da qual o ente estatal G detém indiretamente 75% das
parte integrante da NBC TG 05 (R3). Eles ilustram: ações, vendeu uma área de 10 hectares para outra
entidade relacionada com o Estado, também presta-
a) a isenção parcial das entidades relacionadas dora de serviços públicos de caráter essencial, por
com o Estado; e $ 5 milhões. Em 31.12.20X0, uma área de terreno em
b) como a definição de parte relacionada seria localidade similar, com tamanho similar e com carac-
aplicada em circunstâncias específicas. terísticas similares, foi vendida por $ 3 milhões. Não
ocorreu nenhuma valorização ou desvalorização da
Nos exemplos, as referências a demonstrações área nesse interstício temporal. Ver nota X (às demons-
contábeis devem ser entendidas como referências a trações contábeis) para divulgação de assistências
demonstrações contábeis individuais, separadas ou governamentais, conforme requerido pela NBC TG 07
consolidadas. - Subvenção e Assistência Governamentais, e notas Y
e Z (às demonstrações contábeis) para atendimento
“Isenção parcial das entidades relacionadas de outras normas do CFC relevantes.
com o Estado
Exemplo de divulgação para transações indivi-
Exemplo 1 - Isenção de divulgação (item 25) dualmente significativas realizadas em decorrência
do tamanho da transação
EI1. O ente estatal G controla direta ou
indiretamente as entidades 1 e 2 e as entidades A, No exercício encerrado em dezembro de 20X1,
B, C e D. A pessoa X é membro do pessoal-chave da o ente estatal G concedeu à entidade A, companhia
administração da entidade 1. prestadora de serviços públicos de caráter essencial,
da qual o ente estatal G detém indiretamente 75% das
ações, um empréstimo equivalente a 50% das suas
necessidades de capitalização (funding), a ser pago
em prestações trimestrais ao longo dos próximos 5
anos. Os juros cobrados pelo empréstimo foram de 3%
a.a., o que é comparável com o custo que a entidade
A iria incorrer normalmente em empréstimos bancários
(*). Ver as notas Y e Z (às demonstrações contábeis)
para atendimento de outras normas do CFC relevantes.
EI2. Para as demonstrações contábeis da enti-
(*) Se a entidade que reporta a informação concluir que essa transação cons-
dade A, a isenção do item 25 deve ser aplicada a: titui uma assistência governamental, ela deve levar em consideração as exi-
gências de divulgação previstas na NBC TG 07 - Subvenção e Assistência
a) transações com o ente estatal G; e Governamentais.

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Exemplo de divulgação de transações coletiva- separadas e individuais da controlada B, a controla-


mente significativas dora, as controladas A e C e as coligadas 1, 2 e 3
são consideradas partes relacionadas. Para fins das
Nas demonstrações contábeis da entidade A, um demonstrações contábeis da controlada C, a controla-
exemplo de divulgação para pleno atendimento ao item dora, as controladas A e B e as coligadas 1, 2 e 3 são
26(b)(ii), para transações coletivamente significativas, consideradas partes relacionadas [item 9 (b) (i) e (ii)].
pode ser: o ente estatal G detém, indiretamente, 75%
das ações da entidade A. As transações significativas EI7. Para fins das demonstrações contábeis das
da entidade A com o ente estatal G e com outras enti- coligadas 1, 2 e 3, a controladora e as controladas
dades controladas, de modo pleno ou em conjunto, A, B e C são consideradas partes relacionadas. As
ou que sofram influência significativa do ente estatal coligadas 1, 2 e 3 não são consideradas partes rela-
G, são [grande parte de suas receitas com vendas de cionadas entre elas [item 9 (b) (ii)].
produtos ou compras de matérias-primas] ou [cerca
de 50% de suas receitas com vendas de produtos e EI8. Para fins das demonstrações contábeis
cerca de 35% de suas compras de matérias-primas]. consolidadas da controladora, as coligadas 1, 2 e 3
são consideradas partes relacionadas com o grupo
A companhia ainda se beneficia das garantias econômico [item 9 (b) (ii)].
do ente estatal G em empréstimos bancários obtidos.
Ver nota X (às demonstrações contábeis) para divul- Exemplo 3 - Pessoal-chave da administração
gação de assistências governamentais, conforme
requerido pela NBC TG 07 - Subvenção e Assistência EI9. A pessoa X detém 100% de investimento na
Governamentais, e notas Y e Z (às demonstrações entidade A e é membro do pessoal-chave da adminis-
contábeis) para atendimento de outras normas do tração da entidade C. A entidade B detém 100% de
CFC relevantes. investimento na entidade C.

Definição de parte relacionada

Exemplo 2 - Coligadas e controladas

EI4. A entidade controladora detém o controle das


entidades A, B e C e exerce influência significativa
sobre as entidades 1 e 2. A controlada C exerce
influência significativa sobre a coligada 3.

EI10. Para fins das demonstrações contábeis da


entidade C, a entidade A é parte relacionada com
a entidade C em função de a pessoa X controlar a
entidade A e ser membro do pessoal-chave da admi-
nistração da entidade C [item 9 (b) (vi) - (a) (iii)].

EI11. Para fins das demonstrações contábeis da


entidade C, a entidade A também é parte relacionada
com a entidade C se a pessoa X for membro do
EI5. Para fins das demonstrações contábeis pessoal-chave da administração da entidade B e não
separadas e individuais, as controladas A, B e C e as for da entidade C [item 9 (b) (vi) - (a) (iii)].
coligadas 1, 2 e 3 são consideradas partes relaciona-
das [item 9 (b) (i) e (ii)]. EI12. Ademais, as possíveis situações descritas
nos itens EI10 e EI11 produzem os mesmos efeitos se
EI6. Para fins das demonstrações contábeis a pessoa X controlar de modo compartilhado a enti-
da controlada A, a controladora, as controladas B e dade A [item 9(b)(vi)-(a)(iii)]. (Se a pessoa X exercer
C e as coligadas 1, 2 e 3 são consideradas partes tão somente influência significativa sobre a entidade
relacionadas. Para fins das demonstrações contábeis A e não a controlar de modo pleno ou em conjunto,

41-10 TC Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 - Boletim IOB


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então as entidades A e C não são consideradas par- EI19. Se a pessoa X exercer influência significa-
tes relacionadas uma da outra). tiva sobre ambas as entidades A e B, as entidades A
e B não são consideradas partes relacionadas uma
EI13. Para fins das demonstrações contábeis da da outra.
entidade A, a entidade C é parte relacionada com
a entidade A em função de a pessoa X controlar a Exemplo 5 - Membros próximos à família deten-
entidade A e ser membro do pessoal-chave da admi- tora de holding de investimentos
nistração da entidade C [item 9 (b) (vii) - (a) (i)].
EI20. A pessoa X é sócia de Y. A pessoa X tem
EI14. Ademais, a possível situação descrita
investimento na entidade A e a pessoa Y tem investi-
no item EI13 produz o mesmo efeito se a pessoa X
mento na entidade B.
controlar de modo conjunto a entidade A. Produzirá
também o mesmo efeito se a pessoa X for membro do
pessoal-chave da administração da entidade B e não
for da entidade C [item 9 (b) (vii) - (a) (i)].

EI15. Para fins das demonstrações contábeis


consolidadas da entidade B, a entidade A é parte
relacionada como grupo econômico, se a pessoa X
for membro do pessoal-chave da administração do
grupo [item 9 (b) (vi) - (a) (iii)].

Exemplo 4 - Pessoa como investidora EI21. Para fins das demonstrações contábeis da
entidade A, se a pessoa X controlar, de modo pleno
EI16. A pessoa X tem investimento na entidade A
ou em conjunto, a entidade A, a entidade B é consi-
e na entidade B
derada parte relacionada com a entidade A quando
a pessoa Y controlar, de modo pleno ou em conjunto,
ou exercer influência significativa sobre a entidade B
[item 9 (b) (vi) - (a) (i) e item 9 (b) (vii) - (a) (i)].

EI22. Para fins das demonstrações contábeis da


entidade B, se a pessoa X controlar, de modo pleno ou
em conjunto, a entidade A, esta é considerada parte
relacionada com a entidade B, quando a pessoa Y
controlar, de modo pleno ou em conjunto, ou exercer
influência significativa sobre a entidade B [item 9 (b)
EI17. Para fins das demonstrações contábeis da
(vi) - (a) (i) e item 9 (b) (vi) - (a) (ii)].
entidade A, se a pessoa X controlar, de modo pleno
ou em conjunto, a entidade A, a entidade B é con-
EI23. Se a pessoa X exercer influência significativa
siderada parte relacionada da entidade A quando X
sobre a entidade A e a pessoa Y exercer influência
controlar, de modo pleno ou em conjunto, ou exercer
influência significativa sobre a entidade B [item 9 (b) significativa sobre a entidade B, as entidades A e B
(vi) - (a) (i) e item 9 (b) (vii) - (a) (i)]. não são consideradas partes relacionadas uma da
outra.
EI18. Para fins das demonstrações contábeis da
entidade B, se a pessoa X controlar, de modo pleno Exemplo 6 - Entidade que exerça controle
ou em conjunto, a entidade A, a entidade A é con- compartilhado (venturer)
siderada parte relacionada da entidade B quando X
controlar, de modo pleno ou em conjunto, ou exercer EI24. A entidade A controla de modo conjunto a
influência significativa sobre a entidade B [item 9 (b) entidade B e, simultaneamente, exerce influência sig-
(vi) - (a) (i) e item 9 (b) (vi) - (a) (ii)]. nificativa e controla de modo conjunto a entidade C.

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 TC41-11


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Nota
De acordo com a Nota Explicativa 3 (NE3) à NBC TG 05, o exemplo 7,
deste item EI 27, não existe na versão do IASB; esse foi um exemplo adicional
que não contradiz a Norma.

a) prestação de serviços administrativos e/ou


qualquer forma de utilização da estrutura físi-
ca ou de pessoal da entidade pela outra ou ou-
tras, com ou sem contraprestação financeira;
b) aquisição de direitos ou opções de compra ou
qualquer outro tipo de benefício e seu respec-
EI25. Para fins das demonstrações contábeis da
tivo exercício do direito;
entidade B, a entidade C é considerada parte relacio-
nada com a entidade B [item 9(b) (iii) e (iv)]. c) quaisquer transferências de bens, direitos e
obrigações;
EI26. Similarmente, para fins das demonstrações d) concessão de comodato de bens imóveis ou
contábeis da entidade C, a entidade B é considerada móveis de qualquer natureza;
parte relacionada com a entidade C [item 9(b) (iii) e (iv)].
e) manutenção de quaisquer benefícios para em-
pregados de partes relacionadas, tais como
Exemplo 7 - Outras transações que devem ser
planos suplementares de previdência social,
divulgadas
plano de assistência médica, refeitório, cen-
tros de recreação, etc.;
EI27. Se ocorrerem com uma parte relacionada,
em complemento aos constantes no item 21 da Norma, f) limitações mercadológicas e tecnológicas.
as seguintes transações devem ser divulgadas: N

a Contabilização
Venda de cartões telefônicos e recarga telefônicos, com ou sem suporte físico de cartão, ficha
ou assemelhados, por pessoa jurídica não qualificada
de telefones celulares como concessionária de serviço público de teleco-
municação, não caracteriza serviço de comunicação,
1. INTRODUÇÃO tampouco configura sua intermediação.
Neste texto, abordamos os aspectos contábeis
relacionados às operações de venda de cartões Ao receber os valores decorrentes das vendas
telefônicos e recarga de telefones celulares, que têm dos mencionados créditos, a empresa não o faz em
gerado controvérsia quanto a sua classificação, ou nome ou por conta de outrem, mas, sim, em nome e
seja, sobre se devemos considerá-las como venda de por conta próprios. A receita é integralmente sua, não
mercadoria, prestação de serviços ou intermediação obstante o lucro da operação signifique apenas uma
de venda. fração do valor recebido. Logo, tais receitas devem
ser contabilizadas pelo seu valor efetivo da venda,
sem quaisquer reduções.
2. VENDAS DE CARTÕES TELEFÔNICOS
Conforme entendimento exarado pelo Fisco fede- Do mesmo modo, os créditos adquiridos das
ral, por meio da Solução de Consulta Cosit nº 76/2014, operadoras de telefonia devem ser registrados no
a operação de venda para usuário final de cartões Ativo Circulante (no subgrupo de Estoques), pelo

41-12 TC Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 - Boletim IOB


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valor efetivamente pago, que, em geral, contempla eletrônico no qual disponibilizam um valor em cré-
um deságio em relação ao valor pelo qual este será ditos para o revendedor. Após um determinado pe-
vendido. ríodo previamente convencionado entre as partes, o
revendedor emite um boleto de cobrança pelo valor
2.1 Exemplo referente aos créditos revendidos, descontado o valor
correspondente à sua comissão.
Admitamos que determinada pessoa jurídica
adquirisse, em 1º.01.20X1, por R$ 90.000,00, a serem Nesses casos, recomenda-se que, por ocasião
pagos em 1º.02.20X1, 10.000 cartões telefônicos com do recebimento das recargas, a revendedora dos
valor facial de R$ 10,00, os quais foram todos vendi- créditos efetue o registro contábil mediante débito na
dos naquele mesmo mês. conta Caixa ou Bancos Conta Movimento (no Ativo
Circulante), a crédito de conta do Passivo Circulante,
Nesse caso, teríamos os seguintes lançamentos: a qual poderá intitular-se “Recargas de Telefones
Celulares”, pelo valor a ser repassado à operadora do
1) Pela aquisição dos cartões telefônicos serviço de telefonia, e a crédito de conta de receita
D - Estoques de Créditos de Telefones Celulares (Receitas de Comissões sobre Recargas de Telefones
(Ativo Circulante) Celulares, por exemplo), pelo valor da sua comissão.
C - Fornecedores
(Passivo Circulante) R$ 90.000,00
3.1 Exemplo
2) Pela venda dos cartões telefônicos Admitamos determinada pessoa jurídica que
D - Caixa ou Bancos Conta Movimento
tenha efetuado, no período de 1º a 10.01.20X1, recar-
(Ativo Circulante) gas de telefones celulares no montante de 10.000,00 e
C - Receita de Venda de Recargas que esta receba da operadora do serviço de telefonia
de Telefones Celulares (Conta de um percentual de 3% sobre as recargas efetuadas.
Resultado) R$ 100.000,00

3) Pela baixa, nos estoques, dos cartões telefôni- Nesse caso, teríamos os seguintes lançamentos
cos vendidos contábeis:

D - Custo das Mercadorias Vendidas 1) Pelo registro da venda da recarga e da respec-


(Conta de Resultado)
tiva comissão
C - Estoques de Créditos de Telefones Celulares
(Ativo Circulante) R$ 90.000,00 D - Caixa ou Bancos Conta
Movimento (Ativo Circulante) R$ 10.000,00
Nota C - Recargas de Telefones Celulares
No exemplo, por medida de simplificação, estamos efetuando um único (Passivo Circulante) R$ 9.700,00*
lançamento pela venda e pela baixa dos estoques dos cartões telefônicos
vendidos. Na prática, obviamente, seria feito um lançamento para cada ope-
C - Receita de Comissões s/
ração de venda. Recargas de Telefones
Celulares (Conta de Resultado) R$ 300,00**
* R$ 10.000,00 (valor das recargas efetuadas no período) - R$ 300,00 (valor
3. RECARGA VIA TERMINAL ELETRÔNICO da comissão a ser paga pela operadora do serviço de telefonia).

Nas recargas de telefone realizadas mediante ** R 10.000,00 (valor das recargas efetuadas no período) x 3% (percentual da
comissão a ser paga pela operadora do serviço de telefonia).
a utilização de um terminal eletrônico, o revendedor
recebe um percentual fixo sobre o valor de cada
2) Pelo registro do repasse do valor da recarga à
recarga realizada. Logo, nessa modalidade, o reven-
operadora do serviço de telefonia
dedor da recarga é um intermediário entre a operadora
do serviço de comunicação e o usuário final desse D - Recargas de Telefones Celulares
serviço, ou seja, trata-se de venda por conta e ordem (Passivo Circulante)
de terceiros. C - Caixa ou Bancos Conta Movimento
(Ativo Circulante) R$ 9.700,00

Normalmente, nessas operações, as prestadoras


do serviço de comunicação fornecem um terminal ◙

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2019 - Fascículo 41 TC41-13

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