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Schumpeter – Teoria do Desenvolvimento Econômico (TDE, 1911)

• Três ciclos: Kitchin (curto, 40 meses), Juglar (médio, 8 a 10 anos), Kondra e (longo, 40 a 60 anos) 
Schumpeter pensava no Juglar

• Centro da teoria tradicional: a teoria do equilíbrio

• Fatores de produção: terra e trabalho (mão de obra)

Cap 1.: A visão Schumpeteriana do Processo Econômico


• U liza o uxo circular como representação de uma economia estacionária, que reproduz a si própria em
cada período de tempo, sem modi cações essenciais.

o Trata-se da reprodução de um modelo de equilíbrio geral walrasiano;

o A economia estacionária é também apresentada na forma de uma analogia com um organismo,


assemelhando-se à abordagem da Biologia  artérias idên cas ano após ano, analogia a
circulação de sangue

o Está tudo rela vamente o mizado. Períodos pregressos regem a a vidade atual, ro nas são
herdadas do passado / de gerações anteriores; meios e métodos de produção habituais

• Assume um status comercialmente organizado

o não procura suas origens

o supõe propriedade privada de par da/dada

o divisão do trabalho, herdada das fases anteriores

o livre concorrência / compe ção perfeita  lucro zero

o situação de pleno emprego

o moeda neutra (não faz diferença)  economia de troca / escambo

• As condições de existência de equilíbrio, sua estabilidade, as fricções no processo de ajuste, a


permanência das ro nas são estudadas para representar o mundo da previsão e da repe vidade

Cap 1.1.: A inovação

• Invenção: energia elétrica, por exemplo

• Inovação: quando a invenção é introduzida ao sistema econômico de fato

• O primeiro elemento do elo causal que promove a ruptura do sistema ocorre com a introdução de
grandes inovações, que aparecem de forma espontânea e descon nua no tempo.

o Trata-se de:

1. novos produtos,

2. novos processos produ vos,

3. conquista de novos mercados de novas fontes de matérias primas.

4. novas fontes de suprimento das matérias ou produtos (ex: rota da seda)

5. novas estruturas produ vas em segmentos da a vidade industrial e comercial (ex:


“trus cação”)

o São novas funções de produção que efe vamente passam a ser u lizadas no processo
produ vo

o São descon nuas, revolucionárias, espontâneas e disrup vas (mudanças de paradigmas)


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o As inovações aparecem em pontos localizados (setores especí cos) do sistema promovendo
verdadeiras revoluções que se espalham na forma de ondas, por todo a economia.

o Deslocam permanentemente o equilíbrio pré-existente

• O processo econômico, no que tem de essencial, que é sua transformação, evolução e desenvolvimento
(em oposição ao crescimento) é visto como funcionando em forma de saltos violentos,
desarmoniosamente, desequilibradamente.

o “we must recognize that evolu on is lopsided, discon nuous, disharmonious by nature – that the
disharmony is inherent in the very modus operandi of the factors of progress”

o Surge não a par r daquelas transformações da vida econômica que são impostas de fora para
dentro, e sim que surjam por inicia va própria, no âmbito interno.

Cap 1.2.: O empresário

• O agente que conduz as inovações recebe o nome de empresário

o dis ngue-se do homo economicus do uxo circulatório, não apresentando as caracterís cas
hedonistas, "racionais" do agente do repe vo processo econômico da economia estacionária

o O autor u liza termos como liderança, ousadia, aventura, desejo de conquistar, alegria de criar
para descrevê-lo.

o não cons tuem uma classe social, mas têm uma função social a exercer

o as inovações são conduzidas por novos homens (empresários), que criam novas rmas e novas
plantas para realizar seus projetos

o consegue fazer coisas extraordinárias quando o tempo está maduro. Quando as condições gerais
favorecem, consegue realizar as inovações, viabiliza novos projetos.

• Há uma separação ní da entre o empresário e o inventor que atua, em princípio, fora da esfera
econômica.

• O empresário também dis ngue-se do capitalista, que é o dono do capital.

• É o empresário que realiza o potencial produ vo que se encontra desar culado entre o sistema
econômico atual e o possível.

• O aparecimento de indivíduos com estas caracterís cas e atribuições não é previsível (esta s camente). O
mundo aqui é semelhante ao da incerteza keynesiana.

• Jogo do capitalismo: levar adiante as melhores ideias, escolher os indivíduos e ideias mais excepcionais.

Cap 1.3.: O crédito e o capital

• A inserção da inovação na esfera econômica ocorre através da criação de crédito colocado à disposição
do empresário para que este realize seus projetos.

o Na conceituação de Schumpeter, o papel e a própria de nição do crédito ocorrem em função


da a vidade inovadora  Capítulo 1 não tem capital. Apenas a par r do capítulo 2 temos
capital e crédito, ponto a par r do qual tem inovação.

o Fator monetário difere capitalismo de um sistema centralizado

• Numa economia de pleno emprego e em equilíbrio a alteração do comando das forças produ vas (terra e
trabalho) dá-se através dos meios de pagamentos, inclusive moeda.

• O capital é outra variável que recebe uma de nição própria em Schumpeter, que o considera como fundo
de poder aquisi vo, cujo papel é possibilitar a inovação.

o Para Schumpeter, é apenas alavanca por meio da qual o empresário desvia os fatores de
produção (terra, mao de obra) para novos usos, ou de imprimir nova direção a produção.
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• A natureza da organização econômica capitalista dis ngue-se das demais por este mecanismo de operação
do sistema.

• Schumpeter vai mais além, procurando demonstrar que o lucro e os juros têm origem, afora fricções ou
monopólios, na a vidade inovadora: a única capaz de gerar um excedente na economia e que
possibilitaria a geração do lucro e o pagamento de juros.

o No processo de difusão da inovação, criam-se estruturas produ vas monopolóides, lucros e a


expansão, para posterior contração do crédito que cessa com a conclusão do ciclo.

o Os lucros, juros e os excedentes são transitórios, efeitos e sintomas do desequilíbrio

o Schumpeter: lucro é decorrente da inovação e redução de custos, ou novos produtos.

Cap 2.: O Ciclo Econômico em Schumpeter


• O resultado do aparecimento das grandes inovações, que ocorrem de forma não-uniforme no tempo e
que para serem levadas adiante exigem grandes inves mentos (novas plantas), é o de provocar ondas
(enxames, o efeito bandwagon, clusters) que desequilibram a economia.

o O empresário (a onda primária) e depois seus seguidores (a onda secundária), na a vidade


direta e especí ca de inovação, alteram a estrutura de mercado prevalecente, gerando lucros
iniciais altos, que aos poucos, com o aparecimento de novas rmas, tendem a cessar.

• Se a economia operar a pleno emprego, a inovação signi ca maior produção, maior nível de emprego,
maior quan dade de crédito, maior quan dade de moeda, pressão para elevar a taxa de juros, maiores
salários e maiores lucros.

• A variável que conduz o processo é o inves mento que rebate nos demais setores e agentes através de
um mecanismo semelhante ao mul plicador keynesiano.

o O capitalismo operaria, portanto, através de ondas que são o resultado dos grandes
desequilíbrios. O capitalismo não funcionaria num esquema simples de uma onda de cada vez.
Pelo contrário, sucedem-se, no tempo, de forma não sincronizada, ciclos de diferentes períodos
de maturação e intensidade.

Cap 3.2.: A Postura Neoclássica


• A abordagem neoclássica não trata com maior profundidade a questão da mudança técnica.

o Basicamente considera que há um leque de técnicas (blue prints) dado e conhecido, portanto,
com custos de acesso e u lização nulos, que é resumido numa função de produção (a qualquer
nível de agregação).

o esta abordagem mostra-se par cularmente vulnerável quando se observa que a mudança era
medida através do resíduo de uma função de produção agregada  os resultados de suas
medições são excessivamente controver dos.

• A par r dos trabalhos de Solow e dos modelos de Harrod-Domar, desenvolveu-se uma extensa literatura
que procurava encontrar as fontes de crescimento de uma economia ao longo do tempo.

o apontam a mudança técnica como responsável pela quase totalidade do aumento da


produ vidade de um país como os Estados Unidos na primeira metade deste século.

Cap 3.3.: A Ruptura do Fluxo Circular


• Para Schumpeter, a ruptura do uxo circular ocorre através da introdução de mudança técnica radical no
sistema econômico que, deixada por si só, seguiria sua eterna repe ção.

o Nota-se, em primeiro lugar, o caráter excepcional desta alteração: as pequenas mudanças


poderiam ser tratadas dentro do ferramental neoclássico, representando adaptações às quais o
sistema econômico estaria preparado para receber e se ajustar "marginalmente”.

o O segundo aspecto a destacar é o caráter não previsível do aparecimento das inovações, o que
impediria que a esta s ca convencional tratasse o fenômeno em toda a sua extensão.
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o O terceiro elemento é a exigência do aparecimento de um agente econômico não-racional,
que atua numa dimensão que não é a do risco, mas da incerteza do novo.

Cap 3.4.: A Destruição Criadora


• “The opening up of new markets. foreign or domes c and the organiza onal development form the cra
shop and factory to such concerns as U.S. Steel illustrate the process of industrial muta on - if l may use
that biological term - that incessantly revolu onizes the economic structure from within incessantly
destroying the old one, incessantly crea ng a new one. This process of Crea ve Destruc on is the
essen al fact about capitalism.”

Cap 3.5.: O Conceito de Compe ção


• “Economists are at long emerging from the stage in which price compe on was all they saw. As soon as
quality compe on and sales e ort are admi ed into the sacred precincts of theory, the price variable is
ousted from its dominant posi on.”

• “it is not that kind of compe on which counts, but the compe on from the new commodity, the new
technology, the new source of supply, the new type of organiza on (the largest-scale unit of control for
instance) - compe on which commands a decisive post or quality advantage and which strikes not at
the margins of the pro ts and the outputs of the exis ng rms but at their founda ons and their very
lives.”

o This kind of compe on is as much more e ec ve than the other as a bombardment is in


comparison with forcing a door

Cap 3.6.: Mudança Tecnológica Maior e Menor


• O conceito de mudança tecnológica em Schumpeter tem uma separação importante entre as inovações
maiores e menores  As inovações maiores abrem novos espaços, afastam o sistema do equilíbrio,
de nem novos paradigmas, não podendo ser consideradas como elementos de ajustamento do sistema.

Cap 3.7.: Mudança Tecnológica Endógena e Exógena


• “As soon as it is divorced from inven on, innova on is readily seen to be a dis nct internal factor of
change. It is an internal factor because the turning of exis ng factors of produc on to new uses is a purely
economic process and, in capitalist society, purely a ma er of business behavior, it is a dis nct internal
factor because it is not implied in, nor a mere consequence of, any other.”

• “in reality, all three factors - changes in tastes, growth, and innova on – interact and mutually condi on
each other, and observed historic changes are the result of them all. But we can sa sfy ourselves of their
logical independence by visualizing socie es in which infernal change is merely caused by autonomous
change in consumers tastes or merely by growth or merely by innova on"

Malthus – Ensaio sobre a População (1798)


• Duas postulações iniciais para a população:

1. Comida / nutrição

2. Paixão / atração entre os sexos

• “Assuming then my postulate as granted, I say, that the power of popula on is inde nitely greater than
the power in the earth to produce subsistence for man”  Progressão populacional muito mais acelerada
que a progressão de produtos de subsistência provindos da terra

o “Popula on, when unchecked, increases in a geometrical ra o.”  PG

o “Subsistence increases only in an arithme cal ra o.”  PA

o “This natural inequality of the two powers of popula on and of produc on in the earth, and
that great law of our nature which must constantly keep their e ects equal, form the great
di culty that to me appears insurmountable in the way to the perfec bility of society.”
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• “By that law of our nature which makes food necessary to the life of man, the e ects of these two unequal
powers must be kept equal.”

o “This implies a strong and constantly opera ng check on popula on from the di culty
subsistence. This di culty must fall somewhere and must necessarily be severely felt by a large
por on of mankind.”

o Epidemia, guerra e fome como fatores de limitação do crescimento populacional

Adam Smith – A riqueza das nações (1776)


• o crescente desenvolvimento da produ vidade do trabalho e o aumento do engenho, destreza e
discernimento ao qual está ligado, parece ter sido provocado pela divisão do trabalho.

o os efeitos da divisão do trabalho seriam facilmente compreendidos se a considerarmos, como


ocorre em algumas indústrias  Exemplo da fábrica de al netes

• Fábrica de al netes

o Artesanal: conhece todo o processo, mas baixa produ vidade

o Fábrica / Divisão do trabalho  Aumento da produ vidade, decorrente de:

▪ Crescimento de destreza do trabalhador

▪ Economia de tempo

▪ Invenção de máquinas (cada vez + relevantes)

• sociedade bem governada – civilizada – pode gerar padrões crescentes de bem estar, com o tempo.

• Princípio que deu origem à divisão do trabalho: a tendência natural para negociar e trocar

• É limitada pela extensão do mercado

o mudança tecnológica dos transportes afetou muito a divisão do trabalho e a produ vidade

▪ comércio internacional amplia o mercado

• Origem da moeda  função de liquidez

o Diferentes mercadorias serviram como meio de troca comum, mas todas as nações nalmente
optaram pelos metais, que são duráveis e divisíveis, para esse m.

R. Solow e Deninson – Fontes do Crescimento Econômico

▪ I will rst explain what I have in mind mathema cally and then give a diagramma c exposi on. In this case
the mathema cs seems simpler.

o If Q represents output and K and L represent capital and labor inputs in 'physical' units, then the
aggregate produc on func on can be wri en as before. The variable t for me appears in F to
allow for technical change.

▪ It will be seen that I am using the phrase 'technical change' as a shorthand expression for any kind of shi
in the produc on func on. Thus slowdowns, speedups, improvements in the educa on of the labor force,
and all sorts of things will appear as 'technical change '.

▪ Resultados de Solow:
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o As medidas das fontes do crescimento, entre 1909-49, na economia americana, ainda segundo
Solow, são:

▪ A produção por trabalhador dobrou;

▪ 87 ½ do crescimento é atribuído à mudança técnica;

▪ 12 ½ ao aumento do uso do capital.

▪ Resultados de Deninson:

o Segundo Denison, a economia americana cresceu 2,93% a.a. entre 1929 e 1957 e as fontes de
crescimento foram:

▪ Aumento do emprego = 34%;

▪ Aumento da educação = 23%;

▪ Aumento do capital = 15%;

▪ Aumento do conhecimento = 20%;

▪ Economias de escala = 9%.

P1 2017 – Respostas
1. Apresente os argumentos que causam o aumento de produ vidade de Smith e compare com a visão
schumpeteriana da inovação e seus desdobramentos.

De acordo com Adam Smith, baseando-se na sua obra Riqueza das Nações, publicada no século XVIII, o principal
argumento causador do aumento de produ vidade é a divisão do trabalho. Smith jus ca que esse processo ocorre
por três vias principais, sendo elas (i) o aumento da destreza do trabalhador; (ii) economia de tempo e; (iii) invenção
de novas máquinas. U lizando-se do exemplo da fábrica de al netes, demonstra que a divisão do trabalho ocasiona
num salto de produ vidade em relação à produção artesanal, aquela na qual o trabalhador possui conhecimento
completo e par cipa do processo produ vo em sua totalidade.

Schumpeter, por outro lado, discorre na obra Teoria do Desenvolvimento Econômico sua visão acerca das inovações
e seus impactos sobre a produ vidade e desenvolvimento econômico. O autor assume como ponto de par da, para
o desenvolvimento de sua teoria, uma situação de equilíbrio geral walrasiano que conta com as caracterís cas
clássicas de existência de compe ção perfeita, pleno emprego, propriedade privada e por m, a divisão do trabalho
herdada de fases anteriores. No primeiro capítulo de sua obra, portanto, discorre acerca do uxo circulatório da vida
econômica, no qual há uma economia cuja situação é de estabilidade e sobre a qual rege o próprio argumento da
divisão do trabalho defendido por Smith. No entanto, para Schumpeter, uma economia nessa situação não gera
saltos de produ vidade e desenvolvimento econômico. Para o autor, são as inovações que protagonizam esse
processo de fato, e podem surgir em forma de (i) novos produtos; (ii) novos métodos de produção; (iii) abertura de
novos mercados; (iv) novas rotas de suprimento e; (v) novas estruturas produ vas. Essas inovações, por sua vez,
possuem caráter espontâneo, não con nuo, e representam mudanças de paradigmas. São rompedoras da situação
de equilíbrio posta anteriormente a elas, promovem um processo de destruição cria va e introduzem novas funções
de produção no processo produ vo. Portanto, enquanto para Smith basta o processo da divisão do trabalho para o
aumento de produ vidade, na visão schumpeteriana é requerida a ocorrência das inovações.

2. Apresente os papéis do empresário, do crédito e do lucro nos ciclos econômicos schumpeterianos

Nos ciclos econômicos de acordo com a teoria de Joseph Schumpeter, o empresário (ou empreendedor)
desempenha um papel central. Ele é o agente responsável por conduzir a inovação e introduzi-la no sistema
econômico. O empresário schumpeteriano é muito diferente do conceito do homus economicus comum, e é
caracterizado por qualidades como liderança, ousadia, espírito aventureiro e um forte desejo de conquistar e criar.
São indivíduos que não atuam na esfera da racionalidade, mas sim na da tomada de risco inova vo, da incerteza do
novo. Esses indivíduos não formam uma classe social, mas têm uma função social importante a desempenhar na
economia. O papel do empresário inclui a criação de novas empresas e unidades de produção para realizar seus
projetos inovadores. Eles são os pioneiros na introdução de novos produtos, processos produ vos e na conquista de
novos mercados. Além disso, o empresário é aquele que consegue iden car e realizar o potencial produ vo que
está desar culado entre o sistema econômico existente e o possível. Em essência, eles são os impulsionadores das
mudanças econômicas e desempenham um papel crucial na transformação econômica. No entanto, a aparição de
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indivíduos com as caracterís cas e atribuições necessárias para serem empresários inovadores não pode ser prevista
esta s camente. O ambiente em que atuam é marcado pela incerteza, semelhante à incerteza keynesiana, o que
torna o jogo do capitalismo desa ador. Os empresários devem escolher as ideias mais excepcionais e levar adiante
as melhores oportunidades de inovação em um ambiente incerto e compe vo.

O crédito também desempenha um papel fundamental na teoria schumpeteriana. A inserção da inovação na esfera
econômica ocorre por meio da criação de crédito disponibilizado para o empresário. O crédito é essencial para
nanciar os projetos inovadores, pois permite que o empresário mobilize recursos nanceiros para transformar suas
ideias em ações concretas. Ele atua como uma alavanca que permite ao empresário desviar os fatores de produção,
como terra e mão de obra, para novos usos e direções de produção. Esse mecanismo de operação do sistema é uma
das caracterís cas dis n vas do capitalismo.

Finalmente, o lucro desempenha um papel importante nos ciclos econômicos schumpeterianos. Segundo
Schumpeter, o lucro tem sua origem na a vidade inovadora. Os empresários inovadores podem gerar lucros
signi ca vos ao introduzir novos produtos, processos produ vos ou ao reduzir custos de forma inovadora. No
entanto, esses lucros são transitórios e sintomá cos do desequilíbrio econômico. Eles surgem como resultado das
inovações que perturbam o equilíbrio econômico existente e criam oportunidades de mercado. À medida que as
inovações se disseminam e se tornam comuns, os lucros tendem a diminuir, levando a uma contração do ciclo
econômico e retorno à situação de equilíbrio.

Em resumo, nos ciclos econômicos schumpeterianos, o empresário é o agente da inovação, o crédito fornece o
nanciamento necessário para viabilizar as inovações e o lucro é um resultado da a vidade inovadora que
impulsiona o crescimento econômico. Esses elementos interagem dinamicamente para promover o
desenvolvimento econômico em uma economia baseada na inovação e no empreendedorismo.

3. Comente a proposição: “O aumento da produ vidade a longo prazo depende do número de gênios que a
humanidade produziu”.

A proposição acima implicitamente diz a respeito da importância do avanço das técnicas para o crescimento da
produ vidade na sociedade. Os "gênios" podem se referir a indivíduos excepcionais, como cien stas, inventores e
empreendedores, que têm o potencial de impulsionar avanços tecnológicos e melhorias na e ciência da produção.
No entanto, é importante observar que o aumento da produ vidade não está estritamente ligado ao número de
gênios que uma sociedade produz na visão schumpeteriana, dado que são as inovações e a sua difusão as grandes
responsáveis pelo aumento da produ vidade, e não as invenções por si só. Embora os gênios desempenhem um
papel importante em relação as invenções, o aumento da produ vidade depende da introdução e difusão destas no
sistema econômico como um todo, ou seja, da transformação em uma inovação de fato. A gura do empresário,
portanto, pode ser vista como mais relacionada ao aumento da produ vidade a longo prazo do que aos gênios
produzidos pela humanidade, dado que o primeiro é o “responsável” pela transformação do potencial econômico
em efe vo.

Para os economistas o mistas populacionais, o crescimento populacional geraria maior número de gênio e portanto,
seria posi vo no sen do do aumento da produ vidade.

4. Apresente os modelos de Malthus e a da Transição Demográ ca e comente a adequação de cada um deles


à atualidade.

Os modelos de Malthus e a Teoria da Transição Demográ ca oferecem perspec vas dis ntas sobre o crescimento
populacional e têm diferentes graus de adequação à realidade atual. O modelo de Malthus, apresentado em seu
"Ensaio sobre a População" em 1798, fundamenta-se em duas postulações iniciais: a primeira é que a população
tem uma tendência natural a crescer, impulsionada pela paixão e atração entre os sexos, enquanto a segunda
postulação é que a produção de alimentos e recursos para subsistência da população tem um crescimento limitado
e mais lento. Malthus argumentou que, devido a essa diferença fundamental entre o crescimento populacional
(geométrico) e o crescimento da produção de subsistência (aritmé co), a população humana estaria sempre
ameaçada por um desequilíbrio entre esses dois fatores. Ele previu que, se o crescimento populacional não fosse
controlado por algum meio (como epidemias, guerras ou fome), isso inevitavelmente levaria a um excesso
populacional que ultrapassaria a capacidade da Terra de fornecer alimentos. Isso, por sua vez, resultaria em uma
redução drás ca da população por meio da miséria e da fome. A adequação do modelo de Malthus à atualidade é
deba da. Embora a previsão de Malthus não tenha se concre zado em escala global, em parte devido a avanços na
agricultura e tecnologia, ainda existem áreas do mundo onde o crescimento populacional descontrolado e a
escassez de recursos básicos, como água e alimentos, são preocupações reais. Além disso, o modelo de Malthus
con nua a ser relevante para discu r a relação entre crescimento populacional e recursos nitos, especialmente em
face das mudanças climá cas e da degradação ambiental.
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Já a Teoria da Transição Demográ ca, proposta por Je rey Sachs e outros demógrafos, oferece uma perspec va mais
o mista sobre o crescimento populacional. Essa teoria sugere que, à medida que as sociedades avançam e se
tornam mais desenvolvidas, ocorrem mudanças nas taxas de natalidade e mortalidade. Inicialmente, as taxas de
natalidade são altas devido ao acesso limitado à contracepção e a valores culturais, mas à medida que o
desenvolvimento prossegue, as taxas de natalidade tendem a diminuir, enquanto as taxas de mortalidade caem
devido a melhores cuidados de saúde e expecta va de vida mais longa.

1 estágio:

Taxa de natalidade: alta

Taxa de mortalidade: alta

2 estágio:

Taxa de natalidade: alta

Taxa de mortalidade: queda

3 estágio:

Taxa de natalidade: queda

Taxa de mortalidade: baixa

4 estágio:

Taxa de natalidade: baixa

Taxa de mortalidade: baixa

A Teoria da Transição Demográ ca é mais adequada à atualidade em muitos aspectos. Em várias partes do mundo,
vemos uma transição demográ ca acontecendo conforme as sociedades se desenvolvem economicamente e
melhoram seu acesso à educação e serviços de saúde. Isso leva a uma desaceleração do crescimento populacional e
a um envelhecimento da população em muitos países desenvolvidos.

Em resumo, tanto o modelo de Malthus quanto a Teoria da Transição Demográ ca têm méritos e limitações em
relação à atualidade. A adequação de cada modelo depende da região geográ ca e das circunstâncias especí cas de
cada país. Ambos os modelos ressaltam a importância de polí cas e estratégias bem planejadas para lidar com
questões de crescimento populacional e recursos.

Pike y – Capital no Século XXI (2013)

• Contexto: Thomas Pike y, em sua obra "Capital no Século XXI" (2013), aborda questões fundamentais
relacionadas à concentração de riqueza e poder na sociedade. Ele ques ona a ideia de uma curva do "U
inver do" de Kuznets, que sugere que a desigualdade diminui naturalmente com o progresso econômico.
Pike y argumenta que, ao contrário, o desa o crucial surge quando a taxa de remuneração do capital
supera a taxa de crescimento da produção e da renda, gerando desigualdades insustentáveis.

• Ponto central: a constatação de que a parcela de capital no produto interno bruto (PIB) tende a crescer
inevitavelmente, uma vez que a remuneração do capital é maior que o crescimento econômico (r > g). Isso
leva a uma concentração de riqueza, ameaçando os valores de meritocracia nas sociedades democrá cas.

o Pike y observa que a concentração de renda tem aumentado desde os anos 1970,
especialmente nos Estados Unidos. Ele defende a taxação da riqueza como uma medida para
conter essa tendência e preservar os valores democrá cos.

• Referindo-se a "profetas da desgraça" como Malthus, Ricardo e Marx, Pike y destaca as preocupações
históricas com o crescimento desigual e as desigualdades resultantes.
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• Grandes tendências: destaca a redução da desigualdade antes da Primeira Guerra Mundial, a compressão
das rendas e riquezas durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial (dada a enorme
destruição de capital), seguidas pelo aumento da desigualdade desde os anos 1970.

• Uma das leis fundamentais do capitalismo: segundo Pike y, é expressa pela equação:

o β (capital) . r (retorno) = α (capital/PIB)

o Essa equação destaca a dinâmica que impulsiona a concentração de riqueza ao longo do tempo.

Landes – Riqueza e a Pobreza das Nações (1998) e Prometeu


Desacorrentado (2005)
• Por que a Europa?

o Autonomia: governos procuravam vantagens sobre os rivais, ampliação da experiência –


navegadores.

o Novo método cien co: matemá ca, experimento – astronomia, sica

o Ro nização da descoberta (pesquisa): invenção da invenção

▪ debate acadêmico espalhou-se com muito vigor em vários locais, o que favoreceu o
desenvolvimento cien co que apoiou, décadas ou séculos depois, o avanço das
condições de produção e a própria Revolução Industrial.

o Outros fatores de desenvolvimento: ins tuições sólidas, cultura, inovação, geogra a e


educação.

• Inglaterra  Se destaca pelo modus operandi dis nto

o Vantagens inglesas materiais e valores não-materiais: cultura, ins tuições, sociedade ideal
(lado ins tucional, sistema – conjunto de regras).

▪ Preenchimento de funções por mérito, oferecimento de oportunidade para


empreendimentos, garan a a propriedade privada e governo estavel.

o Origens da precocidade:

o individualismo, direitos civis e poli cos amplos, classe média grande es mulando progresso
tecnológico  Poli ca economica liberal no sec XVIII

o produção para grandes mercados,

o ênfase em velocidade e transporte: cronômetros, pontualidade.

o Crescimento do Mercado Interno:

▪ Aperfeiçoamento das comunicações.

▪ Aumento da população.

▪ Renda média elevada e crescente.

▪ Padrão de consumo favorável a produtos duráveis, padronizados e de preço


moderado.

▪ Inicia va comercial não cerceada.

o Papel dos bancos e do crédito bancário: Em nenhum país da Europa do século XVIII a estrutura
nanceira era tão avançada quanto na Inglaterra

o Recursos naturais e transformação agrária (divisão de terras + evolução tecnologica)


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• Crescimento economico: historiadores da economia tenderam a exagerar a importância da formação de

capital como motor do crescimento econômico. Eles parecem derivar da maior produ vidade da nova
tecnologia e das quali cações e conhecimentos superiores de empresários e trabalhadores. E nesse ponto,
mais uma vez, como vimos, a Inglaterra da Revolução Industrial foi especialmente favorecida.

o na siderurgia como na indústria têx l, é provável que, a longo prazo, os pequenos progressos
anônimos tenham sido mais importantes do que as grandes invenções mencionadas nos livros
de história.

o foi uma revolução totalmente diferente de tudo que já fora vivenciado. As transformações
anteriores, polí cas ou econômicas, sempre haviam acabado por se estabilizar numa nova
posição de equilíbrio. Mas essa revolução claramente con nuava e prome a prosseguir
inde nidamente.

o Os “pobres” e “trabalhadores”, sobretudo os grupos marginalizados ou oprimidos pela indústria


mecanizada, pouco diziam, mas nham sem dúvida, outra opinião.

GERSCHENKRON – The Approach to European Industrializa on: A


Postscript (1962)
• Contexto da Guerra Fria (1962):

o URSS destacada; Europa e Ásia em foco, excluindo a América La na.

o Europa como palco central da Segunda Guerra Mundial.

• Re exões Iniciais sobre Desenvolvimento:

o História e geogra a desempenham papel crucial, apontando idiosincrasias.

o Questão: Os países avançados apontam o futuro dos atrasados?

• Elementos do Atraso:

o Oportunidades ligadas a recursos naturais e condições climá cas.

o Tensão entre atraso e riqueza.

o Necessidade de importação de máquinas e know-how.

o Falta de mão de obra local quali cada.

o Descon nuidade na adoção de técnicas modernas e plantas grandes.

o Barreiras ins tucionais à industrialização, incluindo falta de bancos e papel do Estado.

o Ideologias das industrializações tardias: in uência de socialistas utópicos e Marx.

• O Modelo Gerschenkron expressa que quanto mais atrasada a economia:

o Maior a probabilidade de industrialização começar de maneira descon nua, com um grande


salto a taxas rela vamente altas de crescimento da produção manufatureira.

o Maior ênfase em plantas grandes e tecnologia moderna cara.

o Maior ênfase em bens de produção em detrimento de bens de consumo.

o Maior pressão sobre o nível de consumo da população.

o Maior importância de fatores ins tucionais especiais para aumentar o suprimento de capital
para as indústrias nascentes.

o Menor probabilidade de a agricultura desempenhar um papel a vo.


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Sergio Buarque de Holanda – RAÍZES DO BRASIL (1936)
Sérgio Buarque de Holanda oferece uma análise profunda das in uências europeias, explorando desde a exploração
dos trópicos até as caracterís cas sociais e culturais que moldaram a iden dade brasileira, incluindo o conceito de
"homem cordial" e a herança rural.

o Implantação da Cultura Europeia no Brasil: a tenta va de trazer a cultura europeia para um vasto
território com condições naturais estranhas à tradição milenar, resultando em uma sociedade brasileira
ainda marcada por esse legado  desterrados na própria terra.

o Portugal e Espanha

o Pontes Culturais: Portugal e Espanha atuam como territórios-ponte, semelhantes à Rússia e aos
países balcânicos, facilitando a comunicação da Europa com outros mundos.

o Antecipação de Portugal e Espanha: na formação de unidades polí cas e econômicas de


expansão modernas, em relação aos demais Estados europeus

o Pioneiros da conquista do trópico para a civilização, veram os portugueses, nessa proeza, sua
maior missão histórica. Fez-se antes com desleixo e certo abandono.

o Princípios do aventureiro e do trabalhador (é ca do trabalho e a é ca da aventura): audácia,


imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade e vagabundagem.

o Ausência de um forte orgulho de raça / cole vidade nacional: por conta da mes çagem, diversidade
étnica. In uência indígena, africana e européia na cultura.

o Herança Rural: Estrutura da sociedade colonial fundamentada fora dos centros urbanos, pautada pelo
vínculo rural e patriarcal como base.

o O homem cordial: Descrição do brasileiro como "homem cordial", destacando a lhaneza no trato,
hospitalidade e generosidade. In uência ancestral dos padrões de convívio humano informados no meio
rural e patriarcal.

o Vida ín ma do brasileiro caracterizada por falta de coesão e disciplina, permi ndo a absorção livre de
ideias, gestos e formas encontradas no caminho.

Christopher Freeman – Japan: a new na onal system of innova on?


(1987)
Freeman ressalta a e cácia do sistema japonês, destacando o papel do governo, a colaboração entre os setores e a
ênfase no aprendizado. A obra busca compreender as dinâmicas especí cas que tornam o Japão um modelo de
sucesso em termos de inovação.

o Papel do MITI (Ministério de Comércio Internacional e Industria) e poli cas governamentais:

o Visão keynesiana

o Iden cação de áreas-chave a nível nacional, do “keiretsu” e das empresas

o Administração da mudança tecnológica

o Promoção das tecnologias mais avançadas: fazer a oferta local se desenvolver para a ngir o
padrão internacional

o Obje vos de longo prazo, forecas ng tecnológico

o Etapas: controles sicos (1950), incen vos scais (1960), papel estratégico da tecnologia da informação
(1970/80).

o Papel das rmas no Sistema Nacional de Inovação (SNI) – Keiretsu:

o Anos 30: Fortalecer a capacitação militar


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o 1952: Lei de Promoção da Racionalização das empresas = “subsídio”

o Pós Guerra 1950/60: “reverse engineering”  P&D ligado ao processo produ vo

▪ administração pensando o processo produ vo como um todo – poucas inovações


radicais – setor automo vo

▪ a fábrica como laboratórios – P&D como departamento ligado ao processo produ vo –


visão de engenheiro

▪ diálogo da empresa com seus fornecedores, etc

▪ ênfase na alta qualidade dos produtos – círculos de controle de qualidade

o Esforços de integração dos processos dentro das empresas = grande fator de sucesso

o Keiretsu – reduzir custos de transação: estrutura empresarial colabora va, com uxos de
informações horizontais e não hierárquicas (ver cais)

o Comparação com o modelo centralizados da Rússia – aprendizado nos Bureaux Central e com
outros países retardatários através de liais de mul nacionais

o Educação, Treinamento e Inovações Sociais

o Emprego permanente, baixos diferenciais de salários – bônus anuais: Reduz as barreiras entre os
blue-collar e white-collar

o Grande número de jovens com educação especialmente em ciência e engenharia; Alto nível de
educação geral e elevado nivel de inves mento em educação

o Qualidade do treinamento industrial, feito ao nível de empresas

o Novo paradigma tecno-econômico: O papel dos governos centrais e locais, a organização das rmas para
a administração da inovação, o sistema educacional e os es mulos da tecnologia da informação (TI)

Mowery – The U.S. na onal innova on system: Origins and prospects for
change (1992)
o Conceito de sistemas nacionais de inovação: o conjunto de ins tuições e organizações dentro da
economia que nancia e executa P&D, traduz os resultados de P&D em inovações comerciais e afeta a
difusão das novas tecnologias.

o Sistema pré-1945: inovações principalmente em setores de transporte, comunicações e tecnologias de


produção. Dependência de habilidades mecânicas (pesquisa aplicada), e não do conhecimento cien co
(poucas ins tuições faziam P&D fundamental). Foco em bens de produção em massa, extração e re no de
minerais etc. Forte sistema an -trust até a I GM.

o Origens do US industrial research:

▪ Sherman An -trust 1890 Act: controle de preços e repar ção de mercados sob ataque
 es mulo às fusões horizontais para escapar do controle an -truste  rmas
resolvem inves r em P&D.

• Produção em larga escala, inicialmente laboratórios nas plantas fabris,


posteriormente centrais de pesquisa de longo prazo.

• Laboratórios monitoram as oportunidades de aquisição de novas


tecnologias, frequentemente pela compra de empresas com patentes

• Exemplos de empresas: Du Pont, AT&T, GE, Kodak etc.

o Crescimento do US industrial research:



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▪ Observa-se crescimento no número de cien stas e engenheiros em todos os setores
manufatureiros, saltando de ~3 mil em 1921 para ~46 mil em 1946. Crescimento foi
maior nos setores dea indústria química e relacionados (vidro, borracha, petróleo)
com 40% dos laboratórios fundados entre 1889 – 1946, e maior crescimento no
número de contratações de cien stas/engenheiros, além do setor de equipamentos
elétricos.

o Pesquisa nanciada pelo governo e as universidades:

▪ 1930:

• Gastos federais: de 12 a 20% do total

• Indústria: 2/3 do total

• Universidades: 14%

• Links formais e informais entre pesquisas acadêmicas e industriais.

• Grande escala da educação superior: Sistema educacional e pesquisa das


universidades americanas estavam mais ligadas à comercialização e à
pesquisa aplicada, treinamentos do que na pesquisa básica (como os
europeus faziam)

▪ A força da pesquisa básica norte-americana ocorre no período de pós-guerra

▪ Estabilidade geográ ca da P&D no tempo (pouca globalização)

▪ Estabilidade da ordenação da P&D (por intensidade/setor).

o Período pós guerra:

o Governo federal assume a liderança do nanciamento à pesquisa: vai de 12 a 20% em 1930,


para 40 a 50% em 1989. A pesquisa é executada fora dos laboratórios do governo:

▪ Indústria de semicondutores, biotecnologia e TI.

▪ Start-ups e novas rmas apoiadas por um sistema nanceiro grande e exível.

o Lei Bayh-Dole (1980): criou uma polí ca nacional uniforme de patentes que permi u às
universidades manter direitos sobre patentes resultantes de pesquisas nanciadas pelo governo,
podendo assim obter retornos nanceiros sobre os resultados de suas pesquisas.

o Caso AT&T: fracionamento no setor de microeletrônica

o Setor militar/bélico: em média 50% do total dos gastos do governo em P&D

o Conclusões: prospects for change

o “Buy American”: Em 2017 os gastos em P&D nanciados pelo governo federal dos USA foram da
ordem de US$ 150 bilhões para um total superior a 450 bilhões de dólares. Em comparação, o
setor privado dos USA gastam cerca de US$ 300 bilhões, por ano.

o Leis an -trust, novas rmas, venture capital

o Intensa compe ção internacional e fortalecimento da propriedade tecnológica (patentes)

o Setor militar não tem a proeminência do passado e Spillovers são menores nessa área

Nelson & Winter – Uma Teoria Evolucionária da Mudança Econômica


(2005)
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Nelson e Winter (1982) propõem uma explicação para a mudança econômica centrada na inovação tecnológica,
abrangendo disposi vos sicos, como produtos e processos produ vos, além de outras dimensões que in uenciam
o comportamento da empresa. Eles destacam o papel das ro nas na compreensão do surgimento de novidades
nessas dimensões, levando a mudanças qualita vas e quan ta vas na economia. As inovações, uma vez
selecionadas e difundidas no mercado, impulsionam o crescimento econômico, entendido como uma combinação
de mudanças tanto qualita vas quanto quan ta vas, diferenciando-se de uma visão que apenas considera o
aumento sico do produto como indica vo de crescimento econômico.

• Habilidade: a capacidade de ter uma sequência regular de comportamento que, em geral, é e ciente em
relação à seus obje vos, dado o contexto em que normalmente ocorre. São programá cas – sequência de
etapas. Cons tui, em grande medida, conhecimento tácito, “escolhas” automá cas. São como ro nas,
representam a "memória" da empresa, são padronizações das a vidades organizacionais e são cruciais
para mi gar a incerteza.

o diz respeito à necessidade de controle e coordenação das a vidades, incluindo a alocação de


recursos, de modo a funcionarem em consonância com as estratégias compe vas que foram
de nidas pelos tomadores de decisão.

o Também está relacionado com a formação de capacitações e acúmulo de conhecimentos pela


rma.

• Modelo evolucionário:

o Hipótese básica: Uma empresa opera, em qualquer momento, principalmente de acordo com
um conjunto de regras de decisão que conectam um domínio de es mulos contextuais a uma
variedade de respostas por parte das empresas.

▪ Regras de decisão determinam inves mento/expansão ou contração de rmas.

o Estabilidade de curto prazo nas regras de decisão

o O processo de mudança de regras envolve uma a vidade deliberada e orientada para obje vos
de pesquisa ou resolução de problemas. Mo vação por lucro e crescimento.

o Mecanismo de seleção: entrada/saída, expansão/contração dependem de condições de


mercado (oferta e demanda de insumos e produtos) e do funcionamento do mercado de capitais
e nanceiro.

o Inovação = mudanças nas regras de decisão vigentes

o A diversidade entre as empresas é a norma na visão evolucionária, diferindo da homogeneidade


da teoria neoclássica. As empresas operam de maneira diferente, buscando inovações e
compe ndo de maneira variada.

o Apesar da diversidade, a autonomia da empresa é limitada pelo marco regulatório que


estabelece regras e limites ao seu funcionamento.

o O poder público regula as a vidades econômicas e impõe limites à autonomia decisória da


rma.

Vernon – Interna onal Investment and Interna onal Trade


in the Product Cycle (1966)
Raymond Vernon, em seu ar go "Interna onal Investment and Interna onal Trade in the Product Cycle" de 1966,
propôs a teoria do ciclo do produto para explicar o padrão de inves mento e comércio internacional. Em resumo, a
teoria de Vernon sugere que o comércio e o inves mento internacional são in uenciados pelos estágios de vida do
produto, com implicações signi ca vas para as estratégias de negócios e polí cas governamentais.
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• Ciclo do Produto: Vernon introduziu a ideia de que o ciclo de vida de um produto afeta os padrões de
comércio e inves mento internacional. Ele dividiu o ciclo de vida do produto em três estágios: inovação,
maturidade tecnológica e padronização.
• Estágios do Ciclo de Vida do Produto:
o Estágio inicial da inovação de produto: Inicialmente, um novo produto é desenvolvido em
países desenvolvidos, que têm vantagens tecnológicas e de pesquisa. A demanda é inicialmente
limitada.
▪ Produção em pequena escala, não padronizada (exige exibilidade na produção)
▪ Diferenciação de produtos
▪ Monopólios são frequentes, compe ção por qualidade
o Estágio de Crescimento (Maturidade tecnológica): O produto ganha aceitação e a produção se
expande. A demanda agora se estende a outros países, levando à exportação do produto e ao
inves mento direto em outros mercados.
▪ Crescimento na demanda
▪ Avanço da padronização e especialização  Ganhos de escala
o Estágio de Padronização: O produto a nge a saturação no mercado domés co e enfrenta
concorrência. A produção se desloca para países onde os custos são mais baixos. O inves mento
estrangeiro direto (IED) ocorre em países com mão de obra mais barata.
▪ Conhecimento tecnológico difundido, compe ção por preços
▪ Relevância maior dos ganhos de escala e logís ca/transporte
▪ Custo de mão de obra (não quali cada) é relevante
• Impacto no Comércio e Inves mento:
o No início, o país inovador exporta o produto.
o Conforme o produto amadurece, o inves mento estrangeiro direto é feito em países com custos
mais baixos.
o A produção nos países receptores de IED leva à exportação desses produtos de volta ao país
inovador.
• Exemplo Ilustra vo:
o Vernon usou o exemplo da indústria de televisores nos Estados Unidos. Inicialmente, os EUA
eram os inovadores e exportadores. Posteriormente, com o amadurecimento do produto, a
produção foi deslocada para países com mão de obra mais barata.
• Crí cas:
o Enquanto a teoria foi uma contribuição valiosa, ela foi cri cada por não se aplicar a todos os
setores e produtos de maneira uniforme.
o Alguns argumentam que, com a globalização e avanços tecnológicos, os ciclos de vida dos
produtos podem ser mais curtos ou mais complexos.

Raul Prebisch – Five Stages in My Thinking on Development (1983)


Em resumo, o pensamento de Raul Prebisch passou por uma evolução desde suas raízes neoclássicas até sua ênfase
nal na importância das polí cas nacionais e do planejamento para promover o desenvolvimento econômico nos
países em desenvolvimento. Essa trajetória re ete seu engajamento em encontrar abordagens mais adequadas para
lidar com os desa os especí cos enfrentados por essas nações.

1. Estágio Inicial: Abordagem Neoclássica (Década de 1930):


• Prebisch inicialmente aderiu à teoria neoclássica, que enfa zava o livre mercado como motor do
desenvolvimento. No entanto, sua experiência no governo argen no durante a Grande
Depressão o levou a ques onar a e cácia dessa abordagem, realizando re exões acerca do
papel do Estado e das polí cas do centro e a periferia.
2. Estágio 2: Crí cas ao Neoclássico (1940-1950):
• Ingressou a CEPAL em 1949, onde começou a ques onar as vantagens compara vas e a
perceber a persistência da desigualdade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
• A análise sobre o papel do progresso técnico deu origem a outro elemento-chave da teoria, o
conceito de centro-periferia: Esse conceito visava a representar o papel desempenhado pelos
países no processo de difusão do progresso técnico. O centro era de nido como um conjunto de
países geradores e difusores do progresso técnico, e a periferia, como a área que assimila as
novas tecnologias geradas no centro.
• No centro o processo foi mais veloz, mais homogêneo, isto é, propagou-se pelo
conjunto da economia, produzindo o efeito de elevar a produ vidade geral do sistema.
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Na periferia, as tecnologias modernas foram incorporadas nos setores exportadores,
voltados ao abastecimento de alimentos e matérias-primas das economias centrais. Os
demais setores da economia man veram-se na condição de atraso, com baixo grau de
produ vidade.
• Argumentou que as trocas internacionais tendiam a favorecer as nações industrializadas em
detrimento das agrícolas. Propôs a ideia de que a diferença na evolução dos preços dos produtos
exportados pelos países centrais (manufaturados) e periféricos (produtos primários) leva à
deterioração dos termos de troca para os países periféricos.
• Proposta: nova forma de desenvolvimento e a industrialização era seu principal obje vo.
• Industrialização: Desenvolveu o modelo de subs tuição de importações como uma estratégia de
industrialização para os países periféricos. Preconizou o uso do protecionismo como forma de
orientar os inves mentos para setores estratégicos da economia. Destacou a importância do
planejamento para garan r o desenvolvimento, mobilizar a complementaridade entre os setores
e evitar aprofundamento dos desequilíbrios. As mudanças estruturais inerentes à
industrialização requerem racionalidade e previsão na polí ca governamental, inves mento em
infraestrutura para acelerar o crescimento e reduzir a vulnerabilidade externa.
• Aumentar a produ vidade da economia como um todo
• a industrialização não deve ser espontânea – deve ser protegida transitoriamente nos
países periféricos (no centro, prejudica a alocação ó ma dos recursos)
• subs tuição de importações promovida por polí ca moderada e sele va
• Relações com o centro:
• papel da Teoria das Vantagens Compara vas e as Mul nacionais
• protecionismo transitório na periferia
• mudança das polí cas do centro (evitar protecionismo)
3. Estágio 3: Teoria da Dependência (Anos 1950-início de 1960):
• Melhor entendimento dos problemas e ênfase na análise das disparidades de renda
• Falhas da industrialização: A subs tuição de importações nha avançado e exaurido as
possibilidades de expansão em vários países nos setores de bens de consumo não duráveis. As
próximas etapas eram mais complexas – bens intermediários e bens de capital.
• Criação de um mercado comum la no americano
• A economia mundial nha sido reconstruída. Novas possibilidades eram visualizadas para a
periferia. Propõe exportações (es mulo) de manufaturados pela periferia. Corrigir os excessos
com redução de tarifas.
• Prebisch desenvolveu a Teoria da Dependência, destacando as relações desiguais entre países
centrais e periféricos. Ele argumentou que a periferia, composta por nações em
desenvolvimento, estava sujeita a uma exploração econômica por parte dos países
desenvolvidos.
4. Estágio 4: Crí cas à Teoria da Dependência (1963-1969):
• Prebisch começou a perceber as limitações da Teoria da Dependência e reconheceu que ela não
explicava completamente a diversidade de experiências de desenvolvimento. Ele passou a
enfa zar a importância das polí cas nacionais e das estratégias especí cas de desenvolvimento.
• Busca a cooperação internacional, com diálogo Norte/Sul, numa necessidade de estratégia
global
5. Estágio 5: Ênfase na Polí ca Nacional (Anos 1980):
• Retorno do conceito de centro-periferia: o progresso técnico começa no centro e seus frutos
permaneciam basicamente lá. A periferia ca para trás por causa da dinâmica do processo
(sistema) e quer seguir, inclusive nos padrões de consumo, o centro.

Jorge Katz – Structural reforms and technological behavior: The sources


and nature of technological change in La n America in the 1990s
(1999)

• Contexto/Introdução: abertura econômica, desregulamentação, priva zação (energia, telecomunicações)


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• Liberalização do comércio: diminuiu custos de importação de bens de capital, elevou a entrada
de inves mento estrangeiro direto e promoveu novos produtos, processos produ vos e
tecnologias organizacionais.

• Sistema de inovação nacional: P&D no setor privado, pesquisa básica nas universidades e
centros de pesquisa, tecnologias baseadas em avanços computacionais (just-in- me)

• Modelo de subs tuição de importações: P&D pequena e 80% do setor público, laboratórios e
treinamentos restringidos ao setor público.

• Esforços do setor público em geração de conhecimento: Petrobras, BNDES, Embrapa etc.

• Esforços do setor privado em geração de tecnologia: subsidiárias de mul nacionais, grandes


conglomerados e SMEs familiares.

• Liberalização do comércio e desregulamentação do mercado:

• Aumenta importação de bens de capital (BK), Perda de espaço da indústria local de BK e


aprofundamento das tecnologias

• Desver calização da produção domés ca, Transnacionais adotam mais produtos e processos
internacionais: inves mento estrangeiro, globalização

• Priva zações levam ao fechamento dos laboratórios de P&D em energia e telecomunicações

• Heterogeneidade estrutural: disparidade tecnológica entre SMEs e rmas grandes.

• Contexto/Pintura global:

• Queda do preço dos bens de capital importados e transição para nova base tecnológica

• No caso das empresas priva zadas , o desenvolvimento tecnológico é menos “domes c


intensive”

• Novas trajetória de aprendizado

• Conclusões:

• A liberalização cambial, a desregulamentação e a priva zação afetaram o Sistema Nacional de


Inovação (SNI). Reduzem-se as diferenças entre o SNI local e os padrões internacionais. As rmas
e as ins tuições estrangeiras tornam-se fontes mais relevantes de conhecimento

• Com o crescimento da compe ção, a estrutura de preços rela vos torna-se mais próxima às que
prevalecem internacionalmente. Para acelerar a convergência, dos padrões locais aos
internacionais, há que se desenvolver ins tuições locais apropriadas

Dani Rodrik – The New Global Economy and Developing Countries:


Making Openness Work – 1999
O autor argumenta que primeiro, a ISI funcionou bastante bem por cerca de duas décadas. Ela trouxe um
crescimento econômico sem precedentes para dezenas de países na América La na, Oriente Médio e Norte da
África, e até mesmo para alguns na África Subsaariana.

Segundo, quando as economias desses mesmos países começaram a se desintegrar na segunda metade da década
de 1970, as razões nham pouco a ver com as polí cas de ISI em si ou com a extensão das intervenções
governamentais na esfera microeconômica. Os países que resis ram à tempestade foram aqueles nos quais os
governos realizaram os ajustes macroeconômicos adequados (nas áreas de polí ca scal, monetária e cambial)
rapidamente e de forma decisiva.

O sucesso na adoção desses ajustes macroeconômicos estava vinculado a determinantes sociais mais profundos. A
capacidade de gerenciar os con itos sociais internos desencadeados pela turbulência da economia mundial durante
os anos 1970 fez a diferença entre crescimento con nuo e colapso econômico. Países com divisões sociais mais
profundas e ins tuições mais fracas para gerenciar con itos experimentaram uma maior deterioração econômica
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em resposta aos choques externos da década de 1970. A diferença crucial foi que a América La na lidou de maneira
menos e caz com a turbulência gerada pela economia mundial. Os países que enfrentaram problemas foram
aqueles que não conseguiram gerenciar adequadamente a abertura, não aqueles que eram insu cientemente
abertos.

• O novo ambiente global para o desenvolvimento (1964-1994): aumento das exportações acima do
crescimento real do PIB global

• Redução dos custos de transporte e tarifas

• Acaba o MSI, reduzem-se as tarifas e restrições

• Consenso de Washington: conjunto de reformas de polí ca econômica que foram recomendadas


para os países em desenvolvimento na América La na durante os anos 1980 e início dos anos
1990.

• Disciplina scal, liberalização comercial, priva zações, desregulamentação e


encorajamento aos inves mentos estrangeiros.

• A abertura não é su ciente para o crescimento, aumenta desigualdade e vulnerabilidade externa


dos países. O inves mento correlaciona-se com crescimento no longo prazo, e não possui
relação com a abertura.

• Abertura em perspec va:

• Bene cios: importação de ideias, bens e serviços, capitais e convergência ins tucional.

• Pessimismo exportador: autor cita Chile e Taiwan como casos improváveis de sucesso
exportador.

• Conclusão: As empresas mul nacionais eram vistas como agentes de exploração. Depois, o
comércio e o inves mento estrangeiro tornaram-se a “cura milagrosa” para todos os problemas
enfrentados pelos países pobres.

• Estratégias de inves mento:

• Leste asiá co  Export-led growth

• (1950) ISI na Coreia e Taiwan

• (1960) Export-led growth: uni cação da taxa de câmbio, desvalorização cambial, apoio às
exportações, liberalização das importações, inves mento público em infraestrutura e capital
humano, especialização de acordo com as vantagens compara vas

• Apoio do governo em prioridades industriais claras

• a contribuição das exportações para o crescimento do PIB não foi muito alta, o
crescimento das exportações não teve spillovers para o resto da economia em termos
de produ vidade e eram setores pequenos.

• Coreia do Sul: país sem indústria, com baixa taxa de inves mento, quali cação, e
ausência de recursos naturais, tornou-se grande exportador de semicondutores

• Incen vo ao inves mento: liberalização da regulamentação, subsídios (crédito barato) e


socialização dos riscos, incen vos scais e atuação governamental (empresas públicas em
setores de base, garan ndo oferta de matérias primas-chave).

• Turbulência na economia mundial:

• Do nal da 2 GM até 1973 (crise do petróleo) foi o período de ouro do crescimento. ISI
funcionou, produ vidade (TFP) aumentou.

• Com o choque do petróleo, TFP ca nega va e economias começam a “desabar”  Exaustão do


ISI? Não, tem a ver com
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• Cenário de turbulência: abandono do bre on woods, dois choques de petróleo, oscilação dos
preços das commodi es e juros altos

• Desequilíbrio macroeconômico: crise da dívida externa, in ação e dé cits

• Brasil: indexação impede ajuste de preços rela vos  estabilização somente com
Plano Real (1994)

• Ins tuições domés cas (democrá cas) são crí cas para a contenção dos efeitos econômicos
adversos dos choques  ajustes macroeconômicos ligados a determinantes sociais

Douglass C. North – Ins tu ons, Ins tu onal Change and Economic


Performance (1990)

Em "Ins tu ons, Ins tu onal Change and Economic Performance" (1990), Douglass C. North explora a relação entre
ins tuições, mudança ins tucional e desempenho econômico. Ele argumenta que as ins tuições desempenham um
papel fundamental na formação do comportamento humano e moldam as interações sociais. North destaca que as
ins tuições evoluem ao longo do tempo em resposta a mudanças nas condições econômicas e tecnológicas.

Ele destaca que sociedades com ins tuições que facilitam a coordenação e a cooperação tendem a ter melhor
desempenho econômico. Além disso, o autor aborda a importância da capacidade das ins tuições de se adaptarem
a novas circunstâncias para garan r o sucesso econômico a longo prazo.

Mudanças tecnológicas e mudanças ins tucionais são as chaves básicas para a evolução social e econômica, ambas
exibindo as caracterís cas de dependência de trajetória. A dependência da trajetória, ou path dependence em
inglês, refere-se à ideia de que o desenvolvimento histórico de uma ins tuição, tecnologia ou sistema econômico é
fortemente in uenciado pelas circunstâncias iniciais. Essa dependência destaca a importância do contexto histórico
e das condições iniciais na evolução de ins tuições e sistemas. Mudanças incrementais ao longo do tempo podem
consolidar uma determinada trajetória, tornando-a di cil de ser rever da em direção a alterna vas possíveis.

• Organizações X Ins tuições: natureza mais duradoura e fundamental das ins tuições, enquanto as
organizações são en dades mais dinâmicas e adaptáveis dentro desse contexto ins tucional. North
diferencia ins tuições de organizações, em que as ins tuições seriam as regras do jogo e as organizações
se comportariam como agentes, os big players no jogo econômico.

• Ins tuições: "regras do jogo em uma sociedade" ou "restrições concebidas pelo homem que moldam
a interação humana".

• Função: reduzir incerteza ao estabelecer uma estrutura estável de relações humanas.


ins tuições estáveis reduzem riscos, permitem mudanças incrementais. As ins tuições, ao
estabelecerem regras e estruturas, ajudam a reduzir os custos de transação,
proporcionando um ambiente mais previsível para as trocas econômicas.

• Diferenciação entre ins tuições formais (leis e regulamentos) e informais (normas sociais e
costumes).

• Relação entre mudança ins tucional e trajetórias de sucesso econômico.

• Organizações: As organizações seriam grupos de indivíduos reunidos em torno de um obje vo


comum; no caso das empresas, uma forma de organização, o obje vo seria o ganho econômico.
Existe um papel das organizações no molde da matriz ins tucional, na medida em que esses big
players podem seguir as regras existentes, perpetuando-as, ou podem tentar modi cá-las; tudo
dependerá do custo envolvido em cada uma dessas ações, bem como dos retornos esperados.

Amartya Sen – Desenvolvimento como Liberdade (1999)


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Amartya Sen, em "Desenvolvimento como Liberdade" (1999), argumenta que o desenvolvimento não deve ser
apenas medido por indicadores econômicos, mas sim pela expansão das liberdades e capacidades individuais ( m
primordial). O crescimento do PIB seria apenas um meio de a ngir o verdadeiro desenvolvimento, ao remover
fontes de privação de liberdade como a pobreza e miséria.

• Libertação Humana:
• Sen destaca que o desenvolvimento verdadeiro deve ser visto como a libertação das restrições
que impedem as pessoas de viverem vidas que valorizam. Ele argumenta que o foco deve ser
nas liberdades e capacidades das pessoas, não apenas nos recursos econômicos: vida longa e
viver bem.
• Fontes de privação de liberdade: pobreza/miséria, rania, carência de oportunidades
econômicas, negligência de serviços públicos e acesso a serviços básicos, desigualdade de
gênero, falta de direitos civis etc.
• Cinco pos de liberdades: polí ca (direitos civis), facilidades econômicas (consumo, produção),
oportunidades sociais (educação, saúde), transparência e segurança (suplementos de renda).
• Processos que permitem a liberdade de ações: direito ao voto
• Oportunidades reais: escapar da morte
• Enfoque nas Capacidades (Capabili es) das pessoas:
• Propõe uma abordagem centrada nas capacidades individuais, ou seja, na habilidade das
pessoas de fazerem escolhas substan vas em suas vidas.
• As capacidades incluem acesso à educação, saúde, par cipação polí ca, entre outros.
• Existem outras in uencias sobre privação de capacidades além do baixo nível de renda, como
idade, sexo, educação etc.
• Agência e Par cipação:
• Destaca a importância da agência individual, enfa zando que as pessoas devem ter a capacidade
de agir e moldar suas próprias vidas.
• Também destaca o papel das ins tuições que contribuem para a liberdade
• A par cipação a va na tomada de decisões é vista como crucial para o desenvolvimento.
• Desenvolvimento como Processo de Expansão:
• O desenvolvimento é visto como um processo con nuo de expansão das liberdades humanas,
em vez de uma busca por metas xas.
• A liberdade de troca e transações é parte essencial das liberdades.
• prestar atenção simultaneamente às questões de e ciência de mercado e a
desigualdade de liberdade (ex: monopólios e grupos de interesse)
• Sen argumenta que as liberdades polí cas, econômicas e sociais são interdependentes e se
reforçam mutuamente.
• Desenvolvimento Sustentável:
• A sustentabilidade é discu da não apenas em termos ambientais, mas também em termos de
preservar e melhorar as capacidades humanas ao longo do tempo.
• Crí ca a Abordagens Unilaterais:
• Sen cri ca abordagens que concentram apenas na renda ou no Produto Interno Bruto (PIB),
argumentando que essas medidas não capturam adequadamente a qualidade de vida das
pessoas.

P2 2017 – Respostas

1. Quais os fatores (condições) mais relevantes para “explicar” a Revolução Industrial da Inglaterra e a
industrialização dos países retardatários?

R: A explicação para a Revolução Industrial na Inglaterra e a industrialização posterior em países retardatários,


conforme descrita por Landes e outros historiadores econômicos, envolve uma combinação complexa de fatores.

Na Inglaterra, a autonomia dos governos, aliada à compe ção, es mulou a busca por vantagens sobre os rivais. A
adoção do método cien co, enfa zando matemá ca e experimentação, propiciou inovações em astronomia, sica
e tecnologia. A invenção da invenção, ou seja, a ro nização da pesquisa e sua disseminação, também desempenhou
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um papel importante, sendo disseminada pelas academias de ciência que permi ram a promoção do conhecimento
e a cooperação intelectual.

Ins tuições sólidas, como direitos de propriedade privada e um governo estável, aliadas a uma cultura inovadora,
também proporcionaram um ambiente propício. A produção para grandes mercados internos, associada a melhorias
nas comunicações e aumento da população, impulsionou o crescimento econômico sustentado.

Além das vantagens materiais, a Inglaterra também se destacou na criação de valores não-materiais, como cultura e
ins tuições. A sociedade da época era caracterizada por uma série de elementos ins tucionais favoráveis. Em
primeiro lugar, havia a capacidade de operar, administrar e construir instrumentos de produção, bem como a
transmissão desse conhecimento e know-how para as gerações futuras. A seleção de pessoas com base em
competência e mérito rela vo também era valorizada, assim como a promoção de oportunidades para
empreendimentos pessoais e cole vos, incen vando a inicia va, a compe ção e a emulação. Essa sociedade
permi a que as pessoas desfrutassem os resultados de seu trabalho e inicia va, promovendo a igualdade de sexos,
evitando discriminação racial e preferindo a nacionalidade. As ins tuições desempenharam um papel fundamental
nesse contexto, especialmente pela garan a dos direitos de propriedade privada e liberdade pessoal, juntamente
com um governo estável, sensível para fazer correções e honesto, foram elementos essenciais para o
desenvolvimento industrial.

A polí ca econômica liberal do século XVIII na Inglaterra promoveu o individualismo, amplos direitos civis e
polí cos, e uma grande classe média. O amplo espaço de movimentação, os direitos polí cos e civis abrangentes e o
senso de iden dade pessoal foram caracterís cas que impulsionaram o progresso tecnológico. A produção voltada
para grandes mercados, tanto domés co quanto internacionais, foi fundamental para o sucesso da indústria inglesa
nesse período. Produtos como têxteis, relógios, ferramentas, al netes e quinquilharias eram produzidos em larga
escala para atender à demanda crescente. O papel dos bancos e do crédito também foi crucial para o nanciamento
de inovações.

A conjuntura econômica, os preços e a elas cidade da demanda também desempenharam um papel crucial. A
disponibilidade de recursos, como matéria-prima e mão de obra, aliada a condições favoráveis de mercado,
contribuíram para o surgimento e a expansão da indústria. No nal do século XVIII, a Inglaterra estava
signi ca vamente à frente no processo de industrialização, especialmente na manufatura caseira (co age industry)
em regime de empreitada (pu ng-out). Esse sistema de produção, baseado no trabalho humano, foi a semente do
crescimento industrial. Além disso, a Inglaterra se bene ciou da abundância de recursos fósseis, como o carvão, que
serviu como combus vel para impulsionar a industrialização. Outro fator crucial foi a disponibilidade de tecnologia
nos ramos cruciais da indústria, como têxteis, ferro, energia e força. A e ciência na agricultura também
desempenhou um papel importante. Novas técnicas de irrigação, fer lização e rotação de culturas aumentaram a
produ vidade agrícola, liberando mão de obra para trabalhar nas indústrias. Além disso, as reformas de enclosures
contribuíram para o aumento da produ vidade agrícola.

A Inglaterra também se bene ciou do desenvolvimento de um sistema de transporte comercial e ciente. Tanto por
terra quanto por água, foram construídas estradas e canais privados, ampliando o mercado e promovendo a divisão
do trabalho. As condições geográ cas favoráveis da Inglaterra, como sua posição insular e a presença de rios
navegáveis, facilitaram o comércio e o transporte de mercadorias.

Já a industrialização de países retardatários se deu anos depois, por não apresentarem a mesma conjuntura
favorável que a Inglaterra. A Itália, em comparação, possuía tecnologias avançadas na produção de lã, mas a falta de
necessidade para uma mudança estrutural deses mulou essa con nuidade. Cita também a Índia, país que fazia
concorrência com a Inglaterra, mas em que as questões culturais e o excesso de oferta de trabalho não criavam um
ambiente propício para a mudança para máquinas.

2. Apresente e cri que o modelo de Nelson e Winter sobre a questão da mudança tecnológica.

R: Nelson e Winter propõem uma teoria evolucionária da mudança econômica, focando na inovação tecnológica e
destacando o papel das ro nas na compreensão do surgimento de novidades. O modelo evolucionário deles parte
da hipótese básica de que as empresas operam, em qualquer momento, principalmente de acordo com um
conjunto de regras de decisão, conectando es mulos contextuais a respostas. Nesse contexto, o que leva as
empresas a se rmarem ou não pelo crivo do mercado é seu processo de diferenciação, ou seja, dentro de uma
compe ção não neoclassica heterogênea. Para isso, as empresas u lizam processos de ro nização das inovações.
Então, buscam se diferenciar a par r de uma estratégia compe va, que só se comprova na prá ca, sendo esse o
processo de ro nização de inovação que eles vêem dentro do capitalismo.
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A ro na é central no modelo, representando sequências regulares de comportamento e cientes em relação aos
obje vos da empresa, semelhantes a ro nas que cons tuem a "memória" da empresa. Essas habilidades são
cruciais para o controle, coordenação de a vidades e mi gação da incerteza. Além disso, a habilidade está
relacionada à formação de capacitações e ao acúmulo de conhecimento pela rma.

O modelo evolucionário destaca a diversidade entre as empresas, em contraste com a homogeneidade da teoria
neoclássica. As empresas operam de maneira diferente, buscando inovações e compe ndo de maneira variada. A
autonomia da empresa, no entanto, é limitada pelo marco regulatório que estabelece regras e limites ao seu
funcionamento, com o poder público desempenhando um papel na regulação das a vidades econômicas.

Uma crí ca possível ao modelo de Nelson e Winter é a ênfase nas regras de decisão, que podem não capturar
totalmente outros fatores socioeconômicos mais amplos que in uenciam no desenvolvimento econômico. Essa
visão pode ser considerada limitada ao não abordar adequadamente aspectos sociais, culturais e ins tucionais que
também moldam a inovação e a mudança econômica, de acordo com outros autores. Ins tucionalistas, como
Douglass North, em "Ins tu ons, Ins tu onal Change, and Economic Performance" (1990), argumentam que as
ins tuições desempenham um papel fundamental na formação do comportamento econômico. As regras do jogo,
codi cadas em ins tuições formais e informais, afetam as decisões das empresas, incluindo escolhas relacionadas à
inovação. Dessa forma, o modelo de Nelson e Winter não apresenta uma compreensão aprofundada das
ins tuições que estruturam a interação entre os agentes econômicos, por exemplo.

Outro fator é que o processo de inovação ca completamente deslocado para o produtor, tendo o consumidor papel
passivo nessa dinâmica.

3. Comente a proposição de Schumpeter no capítulo VII – O Processo de Destruição Criadora. “As teorias da
compe ção monopolista e oligopolista e suas variantes populares podem levar à visão de que a realidade capitalista
é desfavorável ao desempenho máximo na produção”.

R: Schumpeter, no capítulo VII de "Teoria do Desenvolvimento Econômico," destaca a "Destruição Criadora" como
parte intrínseca do processo capitalista. Ele argumenta que o sistema não apenas gera inovações, mas também está
ligado à con nua destruição e recon guração das estruturas econômicas existentes. Ou seja, a "Crea ve
Destruc on" não apenas cria novas formas de produção e tecnologias, mas também implica na obsolescência de
estruturas an gas.

Schumpeter sugere que teorias enfa zando a compe ção monopolista e oligopolista podem distorcer a
compreensão do dinamismo do capitalismo. Ele não cri ca diretamente essas teorias, mas sugere que sua ênfase
pode obscurecer a função crucial desempenhada pela inovação disrup va. O processo de "Crea ve Destruc on" é,
para Schumpeter, o motor do progresso econômico que permite avanços signi ca vos na e ciência e produ vidade.

A perspec va schumpeteriana destaca que a compe ção entre empresas vai além da disputa por preços ou quotas
de mercado. Ela envolve a busca incessante por novas tecnologias, produtos e mercados. Ou seja, propõe que o
verdadeiro dinamismo do capitalismo reside na coexistência de compe ção e inovação disrup va. A destruição
criadora, longe de ser um obstáculo ao desempenho máximo na produção, é vista como o mecanismo pelo qual o
capitalismo impulsiona o progresso econômico.

4. Comente a proposição de Landes no “Prometeu Desacorrentado” – “Em geral, há razões para crer que, até muito
recentemente, os economistas e historiadores da economia tenderam a exagerar a importância da formação de
capital como motor do crescimento econômico. As pesquisas mais recentes mostram que o aumento de capital
responde apenas por uma fração dos aumentos do produto agregado, na verdade, o insumo do conjunto de fatores
tradicionais da produção – terra, mão-de-obra e capital – desempenha um papel minoritário no processo geral.”

R: Ao abordar a questão de “por que a Europa?”, Landes destaca vários elementos, incluindo a autonomia dos
governos, o desenvolvimento do método cien co, ins tuições sólidas, cultura, inovação, geogra a e educação. Ele
analisa a Inglaterra de forma mais especí ca, destacando vantagens materiais e valores não-materiais, como cultura,
ins tuições sólidas e uma sociedade que promove o mérito. Landes argumenta que a polí ca econômica liberal do
século XVIII, o crescimento do mercado interno, a ênfase em velocidade e transporte, e o papel avançado dos
bancos e do crédito bancário contribuíram para o excepcional desenvolvimento econômico inglês.

No contexto do crescimento econômico, Landes destaca a Revolução Industrial na Inglaterra e sugere que
historiadores podem ter exagerado a importância do capital como motor desse crescimento. Ele enfa za a
importância de pequenos progressos anônimos, muitas vezes subes mados, e argumenta que a produ vidade da
nova tecnologia e as habilidades superiores de empresários e trabalhadores foram mais relevantes a longo prazo do
que grandes invenções.
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P3 2017 – Respostas
1. Compare a visão de Schumpeter com a de Prebisch sobre o desenvolvimento econômico.

R: As perspec vas de Joseph Schumpeter e Raúl Prebisch sobre o desenvolvimento econômico divergem em vários
aspectos. Schumpeter, notável por sua Teoria do Desenvolvimento Econômico, destaca o papel central da inovação e
do empresário como impulsionadores do crescimento. Ele enfa za que as inovações, par cularmente aquelas
introduzidas de maneira disrup va por empresários empreendedores, são cruciais para desequilibrar a economia,
gerando ciclos econômicos e transformações estruturais.

Por outro lado, Prebisch, em sua evolução teórica desde uma abordagem neoclássica até a Teoria da Dependência,
concentra-se nas disparidades entre países desenvolvidos (centro) e em desenvolvimento (periferia). Ele argumenta
que a periferia está sujeita à exploração econômica pelos países centrais, destacando desigualdades nas relações
internacionais e na distribuição de bene cios do progresso técnico.

Schumpeter destaca a importância do empresário, caracterizando-o como um agente inovador, corajoso e orientado
para a criação. Sua teoria sugere que a inovação é essencial para deslocar permanentemente o equilíbrio
econômico. Prebisch, por outro lado, foca em estratégias nacionais para os países em desenvolvimento, propondo a
subs tuição de importações como meio de industrialização e enfa zando a necessidade de cooperação
internacional para superar as desigualdades.

Enquanto Schumpeter se concentra mais na dinâmica macroeconômica, Prebisch direciona sua atenção para
questões de relações internacionais e comércio internacional. Em resumo, as teorias desses dois pensadores
oferecem abordagens dis ntas para compreender e abordar os desa os do desenvolvimento econômico,
destacando a importância da inovação, do papel do empresário e das estratégias nacionais frente às disparidades
globais.

2. Compare a abordagem de Vernon com as propostas da Cepal dos anos 50.

R: A abordagem de Raymond Vernon, expressa em sua teoria do ciclo de vida do produto, e as propostas da CEPAL
(Comissão Econômica para a América La na) nos anos 1950, liderada por Raúl Prebisch, apresentam perspec vas
dis ntas sobre o comércio e desenvolvimento econômico internacional.

Vernon propõe que o comércio e inves mento internacional são moldados pelos estágios de vida do produto,
dividindo-os em inovação, maturidade tecnológica e padronização. Sua teoria destaca a evolução do comércio, com
exportação inicial pelos países inovadores, seguida pelo inves mento estrangeiro direto nos estágios subsequentes,
in uenciando a localização da produção e o comércio internacional.

Por outro lado, a CEPAL, sob a in uência de Prebisch, inicialmente cri cou o modelo neoclássico, evoluindo para a
Teoria da Dependência. Esta teoria destaca as disparidades entre países centrais e periféricos, apontando que a
periferia, composta por nações em desenvolvimento, estava sujeita a uma exploração econômica por parte dos
países desenvolvidos. A CEPAL propôs estratégias de desenvolvimento, como a subs tuição de importações,
destacando a intervenção estatal e o planejamento como elementos-chave para promover o desenvolvimento
econômico.

Ambas as abordagens divergem na ênfase temporal, com Vernon focando nos estágios de vida do produto e a CEPAL
inicialmente cri cando o modelo neoclássico e, posteriormente, desenvolvendo a Teoria da Dependência. Vernon
destaca a evolução do comércio internacional em relação ao ciclo de vida do produto, enquanto a CEPAL enfa za a
necessidade de polí cas nacionais especí cas para promover o desenvolvimento econômico, retornando ao
conceito de centro-periferia nos anos 1980.

3. Apresente e comente os efeitos da abertura comercial dos países la no-americanos à luz das propostas do
Consenso de Washington e dos trabalhos de Katz e Rodrik.

R: A abertura comercial na América La na, alinhada com as propostas do Consenso de Washington, teve impactos
signi ca vos nas estruturas econômicas desses países, conforme analisado por Jorge Katz e Dani Rodrik. A
implementação de polí cas de liberalização, desregulamentação e priva zação resultou em mudanças estruturais
profundas.

Jorge Katz, ao examinar o contexto dos anos 1990, destacou a in uência da abertura econômica,
desregulamentação e priva zação, especialmente nos setores de energia e telecomunicações. A liberalização do
comércio reduziu os custos de importação de bens de capital, promovendo a entrada de inves mento estrangeiro
direto (IED) e es mulando inovações em produtos, processos produ vos e tecnologias organizacionais.
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No entanto, Katz também apontou para efeitos heterogêneos, evidenciados pela disparidade tecnológica entre
pequenas e grandes empresas e pelo fechamento de laboratórios de P&D após priva zações. A desver calização da
produção domés ca e a adoção de produtos e processos internacionais por empresas transnacionais foram
caracterís cas marcantes desse período.

Dani Rodrik, por sua vez, fornece uma perspec va crí ca sobre a abertura comercial. Ele reconhece o sucesso inicial
da Industrialização por Subs tuição de Importações (ISI) na América La na, mas argumenta que as crises
econômicas nas décadas de 1970 e 1980 não podem ser atribuídas diretamente à ISI. Em vez disso, ele destaca a
importância dos ajustes macroeconômicos e da capacidade de gerenciar con itos sociais internos.

Rodrik enfa za que a abertura, por si só, não é su ciente para garan r o crescimento econômico. Ele aponta para a
necessidade de polí cas macroeconômicas adequadas, destacando que países que enfrentaram problemas não
foram aqueles considerados insu cientemente abertos, mas aqueles que não conseguiram gerenciar
adequadamente os desa os da abertura.

A análise de Rodrik também compara estratégias de inves mento, evidenciando o sucesso do Leste Asiá co com o
crescimento liderado por exportações. Ele destaca a importância do papel do governo na promoção de
inves mentos, incluindo subsídios, liberalização, socialização dos riscos e incen vos scais.

Em resumo, a abertura comercial na América La na, alinhada com as propostas do Consenso de Washington, teve
implicações complexas. Enquanto trouxe bene cios como importação de ideias e convergência ins tucional,
também apresentou desa os, incluindo a dependência de fontes estrangeiras de conhecimento e a necessidade de
polí cas macroeconômicas e estratégias de inves mento bem planejadas para garan r um desenvolvimento
econômico sustentável e equita vo.

4. Comente: “Com a globalização em curso, haverá uma convergência entre as ins tuições dos vários países e os
respec vos Sistemas Nacionais de Inovação”.

R: Na visão de Katz e Rodrik, ambos os autores indicam que a globalização e a abertura econômica não
necessariamente levam a uma convergência automá ca nas ins tuições e nos Sistemas Nacionais de Inovação (SNI).
Katz destaca que, em meio à liberalização do comércio, desregulamentação e priva zação na América La na, houve
uma transformação no SNI, mas essa mudança não necessariamente resultou em uma harmonização completa com
os padrões internacionais. Pelo contrário, a dependência de fontes estrangeiras de conhecimento aumentou, e a
estrutura ins tucional mostrou-se heterogênea, com disparidades tecnológicas entre diferentes pos de empresas.

Rodrik, por sua vez, ressalta que a abertura não é su ciente para garan r o crescimento econômico, destacando a
importância das ins tuições domés cas na capacidade de um país de gerenciar os desa os econômicos. Ele
argumenta que as diferenças nas capacidades ins tucionais e na resposta aos choques econômicos entre países
podem ser atribuídas a fatores sociais mais profundos.

Portanto, a perspec va desses autores sugere que a convergência nas ins tuições e nos Sistemas Nacionais de
Inovação não é automá ca com a globalização. Pelo contrário, o processo é complexo e depende de uma série de
fatores, incluindo as polí cas macroeconômicas adotadas, a capacidade de gestão de con itos sociais, as estratégias
de inves mento, entre outros.

Em resumo, embora a globalização possa promover algum nível de convergência, especialmente na importação de
ideias e prá cas, as análises de Katz e Rodrik indicam que as diferenças ins tucionais persistem e podem até se
aprofundar, exigindo uma abordagem mais cuidadosa ao considerar os impactos da globalização nos Sistemas
Nacionais de Inovação.

P5 2017 – Respostas
2. “As trajetórias tecnológicas de longo prazo, assim como as tendências demográ cas indicam que, em larga
medida, estes movimentos são os principais determinantes do desenvolvimento econômico”. Comente esta
proposição à luz das abordagens de Smith, Malthus e Schumpeter.

R: Adam Smith, em sua obra "A Riqueza das Nações", destaca a importância da divisão do trabalho como um dos
principais motores do desenvolvimento econômico. A especialização e a divisão e ciente das tarefas dentro de uma
sociedade resultam em um aumento signi ca vo da produ vidade do trabalho. A inovação, mencionada por Smith
no contexto de aumento do "engenho" (habilidade) e desenvolvimento de máquinas, também desempenha um
papel crucial. Portanto, as trajetórias tecnológicas de longo prazo, impulsionadas pela divisão do trabalho, são
fundamentais para o desenvolvimento econômico, conforme destacado por Smith.
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Thomas Malthus, em seu "Ensaio sobre a População", aborda as questões demográ cas, observando que a
população tende a crescer em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos aumenta em progressão
aritmé ca. Ele destaca a inevitabilidade de pressões populacionais sobre os recursos, resultando em epidemias,
guerras e fome como mecanismos de limitação populacional. Nesse sen do, as tendências demográ cas,
especialmente as limitações dos recursos em relação ao crescimento populacional, são iden cadas por Malthus
como um determinante crí co do desenvolvimento econômico.

Joseph Schumpeter, por sua vez, introduz a ideia de "destruição criadora" em sua "Teoria do Desenvolvimento
Econômico". Ele argumenta que as inovações disrup vas são fundamentais para impulsionar o desenvolvimento
econômico. Schumpeter destaca a importância do empresário, um agente não conformista e não racional, que
introduz inovações signi ca vas no sistema econômico. As inovações maiores, que alteram paradigmas e criam
novas estruturas, são vistas como impulsionadoras do desenvolvimento. Portanto, as trajetórias tecnológicas de
longo prazo, caracterizadas por mudanças tecnológicas signi ca vas, são iden cadas por Schumpeter como
determinantes-chave do desenvolvimento econômico.

Em conjunto, as abordagens de Smith, Malthus e Schumpeter sustentam a ideia de que tanto as trajetórias
tecnológicas quanto as tendências demográ cas desempenham papéis essenciais no desenvolvimento econômico.
A divisão do trabalho, inovação e crescimento populacional são fatores interconectados que moldam o curso do
desenvolvimento econômico ao longo do tempo.

3. Comente a proposição: “A evolução das ins tuições depende, sobretudo, dos es mulos do ambiente econômico
domés co e internacional, ou seja, a história conta.”

R: A proposição "A evolução das ins tuições depende, sobretudo, dos es mulos do ambiente econômico domés co
e internacional, ou seja, a história conta" está alinhada com a perspec va de Douglass C. North, conforme
apresentada em "Ins tu ons, Ins tu onal Change and Economic Performance" (1990).

North destaca a importância do contexto histórico e das condições iniciais na evolução das ins tuições. A ideia de
dependência da trajetória (path dependence) ressalta que o desenvolvimento histórico de uma ins tuição é
in uenciado signi ca vamente pelas circunstâncias iniciais. Nesse sen do, o ambiente econômico domés co e
internacional desempenha um papel crucial na formação e evolução das ins tuições.

O autor argumenta que as ins tuições evoluem em resposta a mudanças nas condições econômicas e tecnológicas.
Os es mulos do ambiente econômico, tanto no nível domés co quanto internacional, podem gerar pressões e
incen vos para a adaptação ins tucional. Sociedades com ins tuições capazes de se adaptar a novas circunstâncias
tendem a ter melhor desempenho econômico, conforme indicado por North.

Além disso, a dis nção entre ins tuições formais (leis e regulamentos) e informais (normas sociais e costumes)
ressalta a complexidade do processo evolu vo. As mudanças ins tucionais podem ocorrer de maneira incremental
ao longo do tempo, consolidando determinadas trajetórias. O papel das organizações, como agentes que moldam e
são moldados pelo ambiente ins tucional, também destaca a interação dinâmica entre ins tuições e atores
econômicos.

Portanto, a história, entendida como o desenvolvimento histórico das ins tuições em resposta aos es mulos do
ambiente econômico, é fundamental na análise de North. A evolução das ins tuições é moldada pelos eventos
passados e pelas condições iniciais, in uenciando a forma como as sociedades respondem às mudanças e desa os
presentes no ambiente econômico, tanto a nível domés co quanto internacional.

4. Comente: “Há um con ito entre desenvolvimento e distribuição de renda, como apontam Sen, Pike y, Solow e
Schumpeter.”

R: Os autores Amartya Sen, Thomas Pike y, Robert Solow e Joseph Schumpeter, cada um em sua abordagem,
oferecem perspec vas relevantes sobre desenvolvimento econômico e distribuição de renda. Amartya Sen
argumenta que o desenvolvimento verdadeiro vai além dos indicadores econômicos, enfa zando a expansão das
liberdades e capacidades individuais. Embora não trate explicitamente da distribuição de renda, sua ênfase na
remoção de privações sugere uma preocupação com a equidade no acesso às oportunidades. Para este autor, o
desenvolvimento econômico viria como um meio para alcançar-se a liberdade.

Thomas Pike y, por sua vez, destaca a tendência à concentração de riqueza ao longo do tempo, especialmente pelo
fato de que a taxa de retorno do capital supera a taxa de crescimento econômico. Ele aponta para um con ito entre
a concentração de riqueza e os valores democrá cos, defendendo a taxação da riqueza como medida redistribu va
para preservar a equidade.
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As contribuições de Robert Solow e Denison se concentram nas fontes de crescimento econômico, com Solow
destacando a importância da mudança técnica. Embora não se aprofunde na distribuição de renda, sugere que
inovações podem resultar em disparidades entre bene ciários e desfavorecidos.

Schumpeter, ao introduzir a "destruição criadora", enfa za a importância das inovações e da compe ção no
processo de desenvolvimento. Embora não trate explicitamente da distribuição de renda, sugere que o
desenvolvimento econômico pode gerar desigualdades, especialmente pelo fato de que existem agentes
econômicos que se bene ciam rela vamente mais das inovações durante um período de ajustamento transitório
(no qual podem haver lucros extraordinários, monopólios etc).

Assim, mesmo que os autores abordem o desenvolvimento e a distribuição de renda de maneiras dis ntas, é
possível iden car tensões entre esses obje vos. O processo de desenvolvimento, frequentemente impulsionado
por inovações, pode alterar a distribuição de recursos e renda, destacando a necessidade de polí cas que busquem
equilibrar o crescimento econômico com considerações de jus ça social e equidade.
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