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Em nossa última aula tivemos uma vasta gama de conteúdos,


não? Essa aula, um pouco mais “pesada” se fez necessária a fim de
que pudéssemos estudar os pensadores clássicos (Marx, Durkheim e
Weber) e suas teorias de forma ampla. Caso eles aparecessem em
aula separadas, nossa visão ficaria compartimentada, certamente.
A aula que temos em mãos, no entanto, será mais tranquila e
abordará os seguintes temas:

Processo e organização do trabalho: Taylorismo, Fordismo.


Crise do Modelo Fordista e Toyotismo
Divisão do Trabalho e distribuição de tarefas

O planejamento de nosso curso foi feito em novembro, antes do


lançamento do presente concurso e baseado no conteúdo
programático de 2006 que era um pouco mais amplo. Como teremos
alguns itens a menos nesse certame, poderemos abordar com mais
profundidade os conteúdos que serão efetivamente cobrados, além
de termos mais exercícios em nossa última aula.
Assim, poderemos melhor organizar nosso estudo: os tópicos
“Determinismo Tecnológico” e “Crise da Sociedade do Trabalho” serão
tratados na próxima aula. O tópico “Disciplina e saber operário”,
anteriormente planejado para essa aula, não será mais abordado em
nosso curso, pois não consta do conteúdo programático de 2010,
entrando em seu lugar mais exercícios.

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O processo do trabalho é uma área bastante ampla, estudada


sob a perspectiva de diferentes disciplinas, como a Sociologia, a
Administração, a Psicologia e a Engenharia. Encontramos em nossa
sociedade três principais vertentes de processo do trabalho, a saber,
o 2 " ,#(", o " !,#(" e, mais recentemente, o "2"),#(".
Contudo, antes de analisarmos cada uma dessas vertentes, vamos
relembrar alguns importantes itens sobre o processo de trabalho em
Marx.
Na aula passada, ao estudarmos a teoria marxista, vimos que
no processo de trabalho a atividade do homem opera uma
transformação, subordinada a um determinado fim, no objeto que se
atua por meio do instrumental. Dessa forma, percebemos que o
significado do processo de trabalho em Marx é eminentemente
, pois se refere à utilidade do resultado do trabalho (ou
seja, de seu valor de uso). Em contrapartida, do ponto de vista do
processo de produção sob controle capitalista, o processo de trabalho
assume um significado e supõe um modo definido de
relações de produção que determinam as condições sociais nas quais
se realiza o trabalho, ou seja, a própria organização do trabalho.
Concluímos, então, que segundo Marx, o processo de trabalho
capitalista é, essencialmente, processo de produção de mais=valia e
não de simples produção de mercadorias. O processo de trabalho
para Marx produz e reproduz a relação capitalista, que é aquela
dividida entre diferentes classes sociais: de um lado, o capitalista e,
de outro, o assalariado. Assim, entendemos que o processo de
trabalho determina o próprio modelo de sociedade. Marx aponta,
conforme vimos na aula anterior, que o processo de trabalho
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determina a totalidade da existência humana, pois constitui o modelo


básico da sociedade.

Sintetizando:

"/ ##" ! ) 0 1" ( " (independente do modo de


produção)

► É qualitativo, voltado para a produção de valor de uso


(utilidade do produto)

"/ ##" ! "!&-." / ,) ,#) (específico do modo de


produção capitalista)

► É quantitativo, voltado para a produção de valor de troca


(valorização do valor, ou seja, mais=valia)

Dentro do modo de produção capitalista, há diferentes maneiras


de se organizar o processo de trabalho, ou seja, há diversas maneiras
de se alcançar a mais=valia. Assim, nessa aula poderemos verificar
que através dos tempos as formas de organização do processo de
trabalho vão se modificando, assim como a própria forma de viver da
humanidade. Estudaremos, então, as vertentes Taylorista e Fordista;
em seguida focaremos a crise desses modelos; analisaremos, por fim,
o Toyotismo, que se consolidou mais recentemente como uma
alternativa de estruturação da produção.

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Foi com o objetivo de melhorar em ampliar a produtividade das


fábricas que alguns estudos sobre a organização do trabalho foram
surgindo, merecendo especial destaque o Taylorismo, que se iniciou
no final do século XIX e foi efetivamente difundido e implantado em
todo o mundo no início do século XX.
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Frederic W. Taylor (1856=1915), engenheiro e empregado da


Bethlehem Steelworks e, depois, consultor de empresas, desenvolveu
e sistematizou alguns princípios de racionalização produtivista do
trabalho, ganhando sua teoria o nome de Organização Científica do
Trabalho (OCT). A orientação de Taylor é no sentido de que a
organização do trabalho se inicie com a sua análise científica, de
forma a encontrar as melhores metodologias para executar cada
tarefa. Depois de definir estas formas de execução, havia que forçar
a sua adoção universal e selecionar os trabalhadores mais
competentes para a sua execução (que seriam então treinados para
desempenhar a sua tarefa exatamente como foi definida).
A obra de Taylor propõe que a definição do método de trabalho
passe a ser uma atribuição da gerência e não mais uma escolha do
operário. Assim, cabe à gerência analisar a forma como o trabalho é
executado, eliminar movimentos inúteis e fixar a melhor forma de
executar cada tarefa.
Isso ocorreu principalmente porque desde o início do
capitalismo, a organização de sua produção esbarrou na autonomia
dos produtores diretos (trabalhadores assalariados) e na sua
capacidade de definir a seqüência das tarefas e os ritmos de trabalho.
Deste confronto, resultava uma multiplicidade de formas de produzir.
Taylor observava existir uma grande variedade de modos de
operação e de ferramentas para cada atividade, considerando que os
trabalhadores eram incapazes de determinar os melhores, por falta
de instrução e/ou capacidade mental. Ao mesmo tempo, acreditava
que os mesmos tinham uma indolência, natural ou premeditada, na
execução de suas tarefas.
Dessa forma, ao longo do século XIX, intensificaram=se as
tentativas de se reduzirem o domínio operário e aquilo que os
empresários denominavam a “anarquia da produção”. Taylor, então,
analisou essas experiências, completando=as com sistemáticos
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estudos sobre os tempos e movimentos, utilizando, pela primeira vez,


planilhas bastante detalhadas e o cronômetro.
Assim, podemos entender o Taylorismo da seguinte maneira:

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&
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"

Agora fica mais fácil analisar quais são os ,'/3 ,"# 0 #,/"#
do Taylorismo. Vejamos:

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) 6 #! 7 /&-."8
O administrador expropria ao máximo o saber do operário,
reordenando=o a fim de atender às necessidades de acumulação
do capital. As iniciativas e o trabalho cerebral são banidos das
oficinas e centrados na administração superior. Segundo Taylor,
“os trabalhadores não são pagos para pensar, mas para
executar”.

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Graças ao estudo dos tempos e movimentos é possível
decompor=se o trabalho em parcelas elementares e
simplificadas e, assim, encontrarem=se maneiras mais rápidas e
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eficientes de executá=las (“the one best way”). Cada tarefa


corresponde a um posto de trabalho e, graças a um criterioso
processo de recrutamento, é possível destacar=se o operário
mais adequado para ocupá=lo (“the right men, in the right
place”);

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O objetivo é eliminar a “porosidade” na jornada de trabalho,
isto, é o tempo não dedicado às tarefas produtivas.

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Salários e prêmios por produção)

, -." ! &( #) &)& 1, :&, ! na qual atuam


especialistas de controle (engenheiros, contramestres,
cronometristas).

Os princípios tayloristas foram aplicados de tal maneira


generalizada e intensiva, que eles configuraram o paradigma
explicativo do regime de acumulação para o período compreendido
entre o final da Primeira Guerra mundial até meados dos anos 1970,
mas o surgimento de novas formas de gestão da força de trabalho no
regime de acumulação flexível não pode ser entendido como a
superação total da Organização Científica do Trabalho. Seus
princípios continuam sendo aplicados nos mais diferentes ambientes
de trabalho.
Conlcuímos que organizado pelo Taylorismo, o trabalho
transfigurou=se em atividade fragmentada, repetitiva, monótona e
desprovida de sentido. Perdendo sua autonomia, sua capacidade de
usar a criatividade, o trabalhador transformou=se em operário=massa,
alienado do conteúdo do seu esforço produtivo. Referendando os
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preceitos liberais, o Taylorismo considera o embrutecimento e a


alienação do trabalho como irrelevantes. O que conta são a vida e o
consumo no pós=trabalho.
Importantes autores envolvidos com a temática do processo de
trabalho no século XX, corroborando Marx, afirmam que o Taylorismo
ilustra de maneira privilegiada a natureza do processo de trabalho
capitalista. Para eles, tudo o que Marx anuncia em relação às
características especificamente capitalistas do processo de trabalho
(parcelamento de tarefas, incorporação do saber técnico no
maquinismo, caráter despótico da direção), Taylor acabou realizando.

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A indústria automobilística caracterizou=se por ser pioneira na


organização do processo de trabalho industrial. Foi dela que se
originou tanto o Fordismo quanto o Toyotismo (conforme
verificaremos mais adiante).
A partir da primeira década do século XX, Henry Ford abraça os
princípios do Taylorismo e os coloca mais efetivamente em prática a
fim de obter uma intensificação ainda maior do trabalho.
Além de aplicar em sua fábrica, a Ford Motors Company, os
conceitos desenvolvidos por Taylor, Ford extrai dos abatedouros do
Chigago a ideia do uso de carretilhas aéreas, nas quais as reses
abatidas eram preparadas para o consumo através de um sistema
mecânico. Assim, a indústria fordista introduz o sistema de esteiras
rolantes, com base no movimento contínuo de circulação de peças.
Agora o trabalhador não precisaria mais sair de seu lugar para buscar
peças ou ferramentas, pois elas viriam em sua direção.
Percebemos, portanto, que o termo ) tornou=se a
maneira usual de se definirem as características daquilo que muitos
consideram constituir=se um modelo/tipo de produção, baseado em
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inovações técnicas e organizacionais que se articulam tendo em vista


a produção e o consumo em massa. Nesse sentido, referindo=se ao
processo de trabalho propriamente dito, o Fordismo caracteriza=se
como prática organizacional na qual se observa a radical separação
entre concepção e execução, baseando=se esta (execução) no
trabalho fragmentado e simplificado, com ciclos operatórios muito
curtos, requerendo pouco tempo para formação e treinamento dos
trabalhadores.
O processo de produção fordista fundamenta=se na linha de
montagem acoplada à esteira rolante, que evita o deslocamento dos
trabalhadores e mantém um fluxo contínuo e progressivo das peças e
partes, permitindo a redução dos tempos mortos, e, portanto, da
porosidade. O trabalho nessas condições torna=se repetitivo,
parcelado e monótono, sendo sua velocidade e ritmo estabelecidos
independentemente do trabalhador que o executa através de uma
rígida disciplina. O trabalhador perde suas qualificações, as quais são
incorporadas à máquina.
O método fordista de produção alcançou surpreendente
crescimento da produtividade: a produção anual de carros na fábrica
de Detroit passou de 300.000, em 1913, para 2.000.000, em 1923.
Com estes resultados, Ford foi capaz de demonstrar que seria
possível aumentar a produção, reduzir os preços, elevar o consumo e,
assim, aumentar as taxas de lucro. No entanto, o Fordismo encontrou
a resistência dos trabalhadores ao sistema de produção baseado no
trabalho rotinizado e fragmentado
A grande indústria fordista, construída a partir de um processo
de desqualificação profunda do trabalho, e empregadora de grande
quantidade de trabalhadores, teria gerado o que se chamou de %
* + . Essa grande indústria marcaria a própria natureza
da produção capitalista: o capital exige o emprego de um elevado
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número de trabalhadores, justamente com o objetivo de extrair em


grande volume a mais=valia, o objetivo maior do próprio capitalismo.

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Compreendido o conceito da organização fordista, podemos


analisar sua ,'/, ,# / /) 3#),/ #:

"!&-." ( ( ## 8 A justificativa para isso é que apenas a


produção em massa poderia reduzir os custos de produção e o
preço de venda dos veículos. No entanto, produção em massa
significa um grande número de empregos e um conseqüente
achatamento dos salários.
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/,"' , -." ! "!&-." O trabalho massificado ganha


condições de trabalho precário, reforçado por uma segunda
característica fordista, a racionalização da produção através do
parcelamento de tarefas fundado na tradição taylorista.
Parcelamento de tarefas implica que o trabalhador não
necessita mais ser um artesão especialista em mecânica, sendo
necessária apenas resistência física e psíquica num processo de
produção constituído por um número ilimitado de gestos,
sempre os mesmos, repetidos ao infinito durante sua jornada
de trabalho.

,'1 ! ("') + (8 O processo de racionalização da


produção é completado por uma terceira característica, a linha
de montagem, que permite aos operários, colocados um ao
lado do outro e em frente a uma esteira rolante, realizar o
trabalho que lhes cabe, ligando as tarefas individuais
sucessivas. Mas era necessário adequar ainda mais a produção
aos objetivos traçados. E foi no intuito de reduzir o trabalho do
operário a gestos simples e repetitivos e evitar constantes
adaptações das peças produzidas aos veículos, que Ford decidiu
por padronizá=las. Ocorre, então, o que se chama de integração
vertical, ou seja, o controle da produção total de autopeças,
comprando as firmas fabricantes. Essas transformações
permitem que a fábrica fordista seja automatizada.

Um filme interessante que aborda o Fordismo é “Tempos


Modernos”, produzido e estrelado por Charles Chaplin. O filme faz
uma crítica ao sistema de produção em série, além de mostrar a
combalida economia norte=americana após a crise econômica de
1929. Vale à pena assistir!
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O aparecimento do Fordismo revela que a empresa que muda


radicalmente a organização da produção para ser mais eficaz e
adaptar=se à demanda, assume a liderança da indústria,
conquistando fatias do mercado e se tornando dominante. Dessa
forma, os rivais têm que seguir o modelo dominante para não
desaparecerem ou saírem do mercado. É o que acontece com as
demais indústrias de automóveis como a General Motors e a Chrysler,
por exemplo. No entanto, a acirrada competição entre as empresas
impede que recursos suficientes fossem destinados à melhoria de
certas condições de trabalho, pois eram necessários custos de
produção cada vez mais baixos para conquistar fatias do mercado.
Neste contexto de deterioração cada vez maior das condições
de trabalho, com os operários sendo submetidos a trabalhos
precários e mal remunerados, é que resulta a crise estrutural do
capital, conforme analisaremos mais adiante.

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É preciso destacar que o Fordismo não se confunde com o


Taylorismo. Tratam=se de processos de trabalho com traços
particulares, mas que podem, no entanto, encontrar=se juntos numa
mesma empresa.
O Taylorismo caracteriza=se pela intensificação do trabalho
através da racionalização científica (estudando os tempos e
movimentos na execução de uma tarefa), tendo como objetivo
eliminar os movimentos inúteis através da utilização de instrumentos
de trabalho mais adaptados à tarefa.
O Fordismo é uma estratégia mais abrangente de organização
da produção, que envolve extensa mecanização, com uso de
máquinas=ferramentas especializadas, linha de montagem e de
esteira rolante e crescente divisão do trabalho.
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Enquanto que o Taylorismo pode ser aplicado em firmas médias


e pequenas, o Fordismo difunde=se, principalmente em grandes
empresas produtoras de bens de consumo duráveis (tecnicamente
mais complexos), tendo em vista a produção de produtos
padronizados, para consumo de massa, utilizando, portanto,
economia de escala.
A visão tanto de Taylor como de Ford, no entanto, é
fundamentada no trabalho individualizado, baseado no posto de
trabalho e na alocação fixa de um trabalhador a cada posto. Essa
abordagem considera a produtividade global como o resultado da
somatória das produtividades individuais e requer um grande número
de atividades de suporte e controle, exercidas por técnicos
especializados, com poder hierárquico sobre os trabalhadores diretos.

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O período em que o Fordismo vigorou como modelo dominante


possibilitou um grande acúmulo de capitais pelas empresas
automobilísticas, em especial, assim como aquelas de produtos
duráveis. No entanto, os anos 70 marcaram o início de uma crise
estrutural que se caracterizou, principalmente, pela queda na taxa de
lucro, retração do consumo, aumento do preço da força de trabalho e
aumento do desemprego.
A crise do sistema fordista pôde ser percebida no pólo do
sistema externo à produção, isto é, na demanda e no consumo, que
nesse momento começam a se pautar em novos padrões de
exigência, distantes da produção em massa – verticalizada e produtos
estandarlizados – que se defrontava com mercados cada vez mais
saturados.
A crise da estrutura capitalista ocorrida no final da era fordista
era resultado, ainda, de um sentido destrutivo da lógica do capital,
verificado na tendência decrescente do valor de uso das mercadorias
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(com vida útil cada vez menor) e na exploração cada vez maior do
trabalhador, caracterizada pela intensificação do trabalho e da
deterioração das condições de trabalho.
Ainda nesse período podemos perceber um aumento no preço
da força de trabalho, resultado das lutas entre capitalistas e
trabalhadores nos anos 60, que tinham agora vários direitos
trabalhistas conquistados e se tornava mais “caros” ao capitalista.
Podemos verificar, ainda, uma crise fiscal do Estado capitalista,
que levou boa parte dos governos do mundo inteiro a adotarem
políticas pautadas no Estado mínimo, na contramão do Estado do
bem=estar social1 até então presente.
Tem início, então, um processo de reorganização, que teve
como principal resultado a emergência do neoliberalismo, com a
privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho
e a falência do setor público estatal. Posterior a isso ocorre um
intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, que
daria origem ao modelo flexível de produção. Tudo isso no intuito de
recuperar o ciclo reprodutivo do capital (ANTUNES, 1999).
Assim, os modelos produtivos presentes no Fordismo tiveram
que ser reestruturados, sem, no entanto, transformar os pilares
essenciais do modo de produção capitalista. Pretendia=se resgatar os
níveis de acumulação de capital existentes no período anterior.
Teremos assim, o surgimento de um modelo de produção mais
flexível, diferente da produção fordista de bens estandartizados. Uma
produção mais flexível requereria também máquinas e ferramentas
mais flexíveis e mais flexibilidade no próprio processo de trabalho.

1. O #) !" !" ( #) também é conhecido por sua denominação em inglês,


. Os termos servem basicamente para designar o Estado assistencial
que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade
social a todos os cidadãos. Já a ideia de #) !" <3',(" pressupõe um
deslocamento das atribuições do Estado perante a economia e a sociedade em que
se preconiza=se a não=intervenção, e este afastamento em prol da liberdade
individual e da competição entre os agentes econômicos que, segundo o
neoliberalismo, é o pressuposto da prosperidade econômica.
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Esse novo modelo flexível poderia ser notado no interior das


empresas através do fim do processo de verticalização presente no
Fordismo. Haveria uma ‘desvercatilização’ organizacional, ou seja,
deixaria de existir a empresa que faz tudo, dando lugar à empresa
apoiada na focalização em processos e produtos, com redução no
porte e no número de trabalhadores.
Para melhor compreender a passagem desse período de crise
fordista para o surgimento do modelo flexível, é preciso lembrar que
no Fordismo, a produção em série dada ao redor de uma linha de
montagem separava nitidamente elaboração e execução, suprimindo
a dimensão intelectual do trabalho operário. Tidos apenas como
extensão das máquinas e ferramentas, só cabia aos operários
executar mecanicamente as respectivas tarefas, cuja organização e
elaboração pertenciam à alçada da gerência científica. O operário
fordista nunca era chamado a participar da organização do processo
de trabalho, sendo relegado a uma atividade repetitiva e desprovida
de sentido.
Mas as lutas por melhorias das condições de trabalho e pelo
controle social da produção, ocorridas nos anos 60, teriam papel
determinante no rompimento da separação entre elaboração e
execução, uma vez que os trabalhadores reivindicavam, entre outras
pautas básicas, também uma maior participação do operariado na
organização do trabalho.
Percebeu=se, então, que os operários tinham se mostrado
capazes de controlar diretamente não só o movimento reivindicatório
mas o próprio funcionamento das empresas. Eles demonstraram que
não possuem apenas uma força bruta, mas também de inteligência,
iniciativa e capacidade organizacional.
Então, os capitalistas compreenderam que, em vez de limitar a
explorar a força de trabalho física dos trabalhadores, privando=os de
qualquer iniciativa e mantendo=os presos a atividades específicas
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típicas do modelo Fordista, podiam multiplicar seu lucro explorando


outros aspectos, como a organização, cooperação e inteligência.
O operário tido não só como apêndice da máquina, mas
também como ser pensante, consciente e integrado ao processo
produtivo cria as bases de um novo modelo de produção, o
"2"),#(". Surge o que se chama de flexibilidade profissional, na
qual se verifica a mescla entre elaboração e execução de tarefas e
estratégias organizacionais, bem diferente ao padrão fordista.
Veremos maiores consequências no que tange à crise do
modelo fordista no item “A crise da sociedade do trabalho”.

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Alguns estudos em Sociologia focados na temática do trabalho


em relação às transformações do sistema fordista têm apresentado
posições variadas que podem ser agrupdas em dois conjuntos:
aqueles que defendem que o novo modelo flexível representa a
superação do Fordismo e apontam novos rumos possíveis e aqueles
que acreditam que as mudanças são somente uma readequação e um
ajuste frente à crise do sistema produtivo.
Nesse sentido, no âmbito acadêmico, desencadeia=se intenso
debate sobre a origem e significado de tais mudanças: discute=se se
o que está ocorrendo representaria uma ruptura em relação ao
modelo fordista (pós=fordismo), ou, ao contrário, uma continuidade,
apenas em novas roupagens (neofordismo).
Os defensores da primeira tese ( =# 6" !,#(") afirmam que
as condições de vigência do modelo fordista estariam esgotadas em
razão de os mercados não mais aceitarem a padronização da
produção fordista, exigindo produtos diferenciados, de acordo com
demandas de diferentes segmentos sócio=culturais. A nova firma
deveria, portanto, tornar=se flexível, capaz de responder rapidamente
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às freqüentes mudanças de demanda do mercado. Para tanto,


utilizar=se=ia das possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias
(flexibilidade do equipamento) e pelas novas formas de uso e de
gestão da força de trabalho (trabalho em equipe e círculos de
controle de qualidade, com ênfase na cooperação, na
multifuncionalidade e na polivalência). Nesse sentido, as novas
formas de produção demandariam um novo tipo de trabalhador: mais
qualificado, mais flexível, mais envolvido com a produção.
A percepção de que os novos métodos de produção
expressariam a superação do modelo fordista é contestada por alguns
teróricos que propõem=se a tratar os processos de transformação da
economia sob a perspectiva da acumulação do capital. Para eles, as
alterações no modelo fordista, resultariam da incapacidade de
esgotamento do fordismo para enfrentar, através de ganhos de
produtividade, a crise do sistema capitalista, o que imporia às
empresas, a necessidade de profunda reestruturação econômica,
expressa pela introdução de novas tecnologias, flexibilidade dos
processos e dos mercados de trabalho, dos produtos e dos padrões
de consumo.
Entretanto, as novas formas de produção não teriam sido
capazes de romper com os princípios básicos do fordismo, entre eles,
a separação entre concepção e execução. Permaneceria, portanto, o
monopólio gerencial em termos de controle do processo de
programação da tecnologia computadorizada, da esfera da pesquisa e
desenvolvimento e do processo de informação e difusão. Não haveria,
portanto, alterações significativas na divisão do trabalho: o trabalho
de execução permaneceria na esfera da operação e manutenção das
máquinas computadorizadas, sem intervir ao nível da programação. A
tecnologia computadorizada seria utilizada como meio de se poupar
mão=de=obra e de se elevarem a produtividade e a qualidade do
produto. Nessa perspectiva, ressaltam=se aspectos negativos
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associados à produção flexível no que respeita à situação do


trabalhador, ou seja, os altos índices de desemprego, o crescimento
do trabalho em tempo parcial e do trabalho temporário ou sub=
contratado, a ausência ou ganhos modestos de salários reais e o
enfraquecimento do poder de barganha dos sindicatos. Junto a isto,
são apontados: o rápido crescimento da economia informal mesmo
em países industrialmente avançados; o retorno do trabalho
doméstico familiar artesanal, que implicaria o ressurgimento de
práticas mais atrasadas de exploração dos trabalhadores,
carcteríticos do ' "6" !,#(".
O debate em torno da questão da ruptura ou continuidade do
modelo fordista de produção não pode, no entanto, ser abordado em
termos de dicotomia. Em relação ao uso e gestão da força de
trabalho, mesmo admitindo=se os limites restritos de participação dos
trabalhadores, há que se reconhecer que as novas formas de gestão
valorizam a capacidade de expressão do trabalhador, o que, por si só,
constituiria mudança significativa face às formas fordistas de gestão.

,') ), '!";

=# 6" !,#(" ► o terícos dessa linha acreditam na


superação do Fordismo e apontam novos rumos possíveis,
como flexibilidade do equipamento e das forças de trabalho.

"6" !,#(" ► os teóricos que seguem essa vertente


entendem que há uma continuidade do modelo fordista,
ganhando apenas uma nova “roupagem”, mas permancendo
o trabalho precário e explorado do sistema anterior.
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"2"),#("

Conforme analisamos anteriormente, na década de 1970 o


modelo fordista entrou em declínio. Pressões competitivas, causadas,
principalmente, pela concorrência japonesa, possibilitaram a
expansão de um novo sistema de produção mais eficiente (conforme
com a demanda daquele momento), o "2"),#(".
Surgido no Japão, das fábricas de automóveis Toyota e criado
após a 2ª guerra criado pelo japonês Taiichi Ohno, o sistema toyotista
seguia um sistema enxuto de produção, aumentando a produção,
reduzindo custos e garantindo melhor qualidade e eficiência no
sistema produtivo. É baseado num contexto de intensificação dos
processos de inovação tecnológicas (com utilização de tecnologia de
base micro=eletrônica) e de competição ao nível global.
Além disso, o Toyotismo propicia novas relações no interior da
firma, mais favoráveis aos trabalhadores quando comparadas às
existentes no modelo anterior, principalmente por possibilitarem o
advento de um trabalhador mais qualificado, participativo,
multifuncional, polivalente e dotado de maior realização no ambiente
de trabalho.
No modelo toyotista o operário é tido não só como extensão da
máquina, mas também como ser pensante, consciente e integrado ao
processo produtivo. Se antes se procurava manter o operário longe
das decisões organizacionais relacionadas à produção, no Toyotismo
há uma inversão de valores, com a valorização do operário
participativo, integrado ao processo produtivo.
Da mesma forma, se no modelo anterior a lei era um
operário/uma máquina, no Toyotismo passa a vigorar o operário
polivalente e multifuncional, capaz de trabalhar com diversas
máquinas simultaneamente. Surge o que se chama de flexibilidade
profissional, na qual se verifica a mescla entre elaboração e execução
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de tarefas e estratégias organizacionais. O trabalhador tornado


polivalente é o que conhece além das suas atribuições peculiares,
sendo capaz de compreender a essência do processo produtivo. Com
a possibilidade de conhecer outras operações, pode=se reforçar a
cooperação entre os funcionários de uma organização, aumentando a
eficiência e a produtividade em prol do capitalismo.
Além desses aspectos, podemos perceber que o operário
meramente executor não era mais lucrativamente interessante para o
capital frente ao operário polivalente e participativo. As lutas sociais
do operariado em defesa de melhores condições de trabalho e
respeito aos direitos do trabalhador perturbavam os interesses do
capital e deveriam ser rapidamente solucionadas. Ao capital cabia
uma resposta à sua própria crise, à crise do fordismo. E o seu
sistema de metabolismo social apresenta a solução que melhor
corresponde aos seus interesses de lucratividade: incorpora as
reivindicações por melhores condições de trabalho investindo na
qualificação profissional dos trabalhadores e passando a valorizá=la
nas políticas de contratação de mão=de=obra e ascensão hierárquica
nas empresas.
O capital destrói, então, o operário/executor e reconstrói o
profissional polivalente, flexível, participativo, organizativo e
altamente especializado. Assim, a empresa ao invés de possuir
trabalhadores que são meros executores passa a ter profissionais
mais rentáveis que são, ao mesmo tempo, executores e
administradores, que conhecem o processo produtivo e são
extremamente capazes de identificar e corrigir erros.
Apesar de não romper em definitivo com a lógica do Fordismo,
o Toyotismo, entretanto, realiza um salto qualitativo na captura da
subjetividade do trabalho pelo capital, se distinguindo do Fordismo
por promover uma via original de racionalização do trabalho,
desenvolvendo, sob novas condições sócio=históricas e tecnológicas,
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as determinações presentes nas formas tayloristas e fordistas,


principalmente no que diz respeito à racionalidade tecnológica.
Estratégias como o , * +, + , a
eliminação do desperdício e o controle de qualidade total são parte do
discurso do modelo toyotista de produção e adotadas pelas empresas
em todo o mundo. Vejamos uma melhor análise abaixo:

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No intuito de convencer a todos de que o ambiente e as


relações de trabalho são os melhores possíveis, estabelece=se os
certificados de qualidade ISO. Isso também se verifica com as
mercadorias, que só são liberadas para o mercado quando passam
pelas inspeções de qualidade. O mesmo ocorrendo com os
profissionais a serem contratados ou analisados, só prevalecendo os
que forem qualificados (ou seja, terem qualidade) o suficiente.
Os lucros capitalistas dependem do mercado e do consumidor.
Se o mercado exige qualidade é porque o público consumidor
também exige. E o capital sabe muito bem disso e por isso instaura
os programas e certificados de qualidade total. Assim, somente as
empresas que se encontram integradas a tais estratégias são tidas
como empresas=modelo, recebendo os certificados de qualidade ISO
9000, 9001, 9002, etc.
Contudo, divulgam=se as mudanças no processo produtivo,
ocorridas com o advento do toyotismo, enfatizando melhorias no que
diz respeito ao trabalho mais qualificado e habilitado – como o
trabalho em equipe, a multifuncionalidade e a polivalência, a
flexibilidade, mas se oculta que este mesmo processo tem levado
freqüentemente à intensificação e precarização do trabalho, conforme
destacam os neofordistas.
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No tocante à qualidade, parte=se da idéia da focalização das


atividades da empresa em produtos e tarefas onde se garanta sua
maior competitividade e lucratividade, deixando as outras atividades
complementares para firmas “terceirizadas” que passam a fazer
parte, de modo decisivo, do processo produtivo; e da detecção e
resolução rápida dos problemas surgidos na linha de produção,
tornando sua correção menos onerosa. Isso exige uma ação mais
engajada dos trabalhadores em um processo de melhoria contínua do
curso de produção.

@&#) ,' ),( (no exato tempo)


É a forma de administração da produção industrial e de seus
materiais, segundo a qual a matéria=prima e os estoques
intermediários necessários ao processo produtivo são supridos no
tempo certo e na quantidade exata.
Consiste na redução dos estoques de matéria=prima e de peças
intermediárias, conseguida através da linearização do fluxo da
produção e de sistemas visuais de informação (kanban). Através
dela, busca=se chegar a um estoque zero. Requer a transformação do
layout tradicional da fábrica em seções fixas, constituídas por
máquinas similares (setor de tornos, de fresas, etc.), em uma
seqüência de pequenas unidades ou células independentes, que
funcionam como clientes e fornecedores.
Cada unidade de produção emite à unidade anterior, através de
um cartão (kanban), a informação de quantas peças devam ser
produzidas ou a quantidade de matéria=prima necessária. Em
decorrência dessa nova configuração, a produção em massa é
substituída pela produção de pequenos lotes diversificados para se
atender a um mercado mais exigente. Responde, igualmente, aos
imperativos da crise econômica do período, transformando o capital
anteriormente investido em estoques e espaço em capital circulante
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que passa a ser investido no mercado financeiro, uma vez que


também é característica desse novo mercado o aumento da taxa de
juros.
! " é uma idéia subjacente ao just=in=time: todos os
elementos que não agreguem valor ao produto são considerados
desperdício e devem ser eliminados. O controle de qualidade total, ou
seja, a qualidade produzida e controlada na fonte pelo próprio
operador, também é um conceito=chave dentro do sistema.
Este modelo é chamado just=in=time interno quando o
suprimento do fluxo de produção dá=se dentro da mesma empresa, e
just=in=time externo quando envolve outras empresas da cadeia
produtiva.
Por depender, fundamentalmente, de que os materiais sejam
supridos no momento certo, o just=in=time só se torna eficaz com
este envolvimento dos fornecedores externos. Considerado, por
alguns, uma filosofia gerencial e, por outros, apenas uma técnica, é a
espinha dorsal do que se convencionou chamar o Modelo Japonês,
Toyotismo, pois segundo os pesquisadores, é um dos elementos que
pode ser encontrado em todas as empresas japonesas que aderiram
ao novo modelo.

( A" B ( trabalho em equipe) –


Os trabalhadores passaram a trabalhar em grupos, orientados
por uma líder. O objetivo é de ganhar tempo, ou eliminar os “tempos
mortos”.

C ' 0 ' (placa visível, placa, etc.)


Refere=se ao sistema visual de informação utilizado para
administrar o just=in=time. Esse sistema, utilizado, pela primeira vez
pela Toyota japonesa, constitui=se em um conjunto de cartões que
indica a quantidade necessária de matéria=prima ou de peças
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intermediárias a serem produzidas para se suprir a célula seguinte. O


kan=ban, tal qual, introduzido pela Toyota japonesa, diferencia=se do
sistema de cartões de informação que acompanham a produção nos
moldes industriais tradicionais: enquanto estes se baseiam em um
planejamento a priori da produção, empurrando=a desde o estoque
até o setor de vendas, o kan=ban funciona como chamada para a
quantidade a ser produzida pelas unidades anteriores, fazendo com
que a produção seja acionada do fim para o início.

É importante destacar, ainda, que a crise do petróleo fez com


que as organizações que aderiram ao Toyotismo tivessem vantagem
significativa, pois esse modelo consumia menos energia e matéria=
prima, ao contrário do modelo Fordista. Assim, através desse modelo
de produção, as empresas toyotistas conquistaram grande espaço no
cenário mundial.

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O Toyotismo surge como nova organização do trabalho e
apresenta como desafios: produção a partir do que for consumido,
combatendo o desperdício e flexibilização em seu processo de
produção (trabalho de equipe, trabalhador polivalente e
multifuncional, que opera em média cinco máquinas onde quatro
delas funciona automaticamente).

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Na aula passada estudamos a divisão social do trabalho a partir


da teoria de dois principais teóricos: Marx e Durkheim. Nessa aula
focaremos na divisão do trabalho e na divisão da tarefas, ou seja,
como o trabalho se divide dentro do processo de produção.
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É importante destacar que a divisão do trabalho nessa


perspectiva técnica encontra=se de acordo com o modo de
organização do trabalho, ou seja, teremos modelos diferentes de
acordo com o processo focado (taylorista, fordista ou toyotista).
A divisão técnica do trabalho, ou seja, a especialização do
trabalhador em tarefas cada vez mais segmentadas no processo
produtivo, é também uma característica importante do modo
capitalista de produção, uma vez que proporciona aumento de
produtividade.
A indústria manufatureira evoluiu para a produção mecanizada,
possibilitando a constituição de grandes empresas, nas quais se
implantou o processo de divisão técnica do trabalho e a
especialização da mão=de=obra. Partindo dessa premissa, conclui=se
que o processo produtivo acabou sendo dividido entre trabalho
manual e trabalho intelectual, ou seja, de um lado estão aqueles que
planejam e controlam, enquanto do outro há aqueles que executam
as ações consideradas braçais, conforme ocorre no Taylorismo e no
Fordismo.
O trabalho intelectual geralmente compreende as ciências, as
artes, a idéia, a concepção, a invenção, o cálculo, o governo e a
direção geral. O trabalho manual, de que se ocupa o povo, se define
pela execução manual reduzida a uma ação puramente mecânica.
Desta divisão do trabalho deriva a ideologia dominante de uma
época, ideologia que não é outra se não a da classe dominante. No
sentido marxista, a divisão do trabalho diz respeito à divisão entre o
trabalho manual/físico e intelectual/mental. Essa divisão, objeto de
inúmeras críticas de Marx, será contemplada no modelo
Taylorista/Fordista de organização do trabalho.
No Toyotismo, no entanto, a distribuição de tarefas é revista,
pois os trabalhadores são qualificados para conhecer todos os
processos de produção, podendo atuar em várias áreas do sistema
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produtivo da empresa. Supera=se a separação entre o pensar e o


fazer, próprio do modelo Taylorista/Fordista, havendo unidade entre
concepção e execução da tarefas.
Nesse sistema, a intenção seria, além de programar e controlar
coletivamente a produção, gerar uma integração de interesses e
compromissos com os empregadores, além da um achatamento na
própria hierarquia gerencial.

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tarefas se dá na divisão entre concepção e execução;
fragmentação das tarefas unitárias.

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ocorre pela unidade entre concepção e execução;
trabalhadores organizados em grupos ou equipes.

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(a) organização científica do trabalho


(b) liberalismo científico
(c) estruturação do trabalho
(d) socialismo científico
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(a) dar melhores condições de trabalho aos operários.


(b) construir um ambiente de trabalho mais harmonioso.
(c) alienar os trabalhadores do conhecimento total do processo
produtivo.
(d) diminuir o ritmo da produção industrial.

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(a) colocar em foco uma certa necessidade percebida no mercado


consumidor e então procurar atendê=la.
(b) mantendo toda a linha de produção, concentrar esforços para
aumentar a produtividade de um determinado setor que vem
apresentando resultados abaixo do desejável.
(c) elevar a competitividade da empresa, atacando o interesse de
certos concorrentes.
(d) concentrar esforços naquilo que é vantagem competitiva da
empresa, buscando sempre a diminuição dos custos.

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(a) taylorismo.
(b) taylorismo / fordismo
(c) toyotismo
(d) neoliberalismo

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(a) Unidade entre concepção e execução, com o intuito de preservar


a qualificação dos trabalhadores.
(b) Substituição do trabalho fragmentado e simplificado pelo trabalho
realizado em equipes.
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(c) Supressão progressiva do trabalhador desqualificado pelo


trabalhador polivalente.
(d) Controle dos tempos e movimentos do trabalho, com a introdução
da esteira rolante.
(e) Redução das distâncias hierárquicas no interior da empresa.

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(A) Fordismo é um conjunto de ideias, também denominado


gerenciamento científico, segundo o qual a produtividade poderia ser
imensamente ampliada, dividindo=se as tarefas industriais em uma
série de operações simples que poderiam ser cronometradas com
precisão e melhor coordenadas.
(B) A especialização flexível, o trabalho em equipe e as habilidades
múltiplas são três abordagens tayloristas bem populares.
(C) O pós=fordismo define uma nova era da produção econômica
capitalista na qual a flexibilidade e a inovação são maximizadas a fim
de satisfazer às demandas que o mercado tem de produtos diversos,
que atendem ao gosto do cliente.
(D) Taylorismo corresponde ao sistema que envolveu a introdução da
linha de montagem com esteira rolante e estabeleceu ligações
cruciais entre os métodos de produção em massa e o
desenvolvimento dos mercados em massa para as mercadorias
produzidas.

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(A) separação entre concepção e execução (apropriação do saber=


fazer operário: "os trabalhadores não são pagos para pensar; mas
para executar” diz Taylor), implicando a quebra da unidade do
trabalho até então realizada pelos trabalhadores qualificados. A
concepção passa a ser responsabilidade da gerência;
(B) a utilização das três dimensões da fábrica para através de
processos de queda livre fazer chegar, sem esforço mecânico
adicional, as matérias primas até os postos de trabalho.
(C) parcelamento ao máximo do trabalho, correspondendo a cada
operação um trabalhador na medida do possível (com o trabalho
parcelar, a empresa encontra maneiras mais rápidas e eficientes de
executar determinadas tarefas);
(D) classificação e parcelamento das tarefas, isto é, retirada do
processo de trabalho dos gestos e ações tradicionalmente realizados
pelos trabalhadores, que não contribuam para a produção;
(E) determinação do tempo ótimo para a realização das operações,
como controle dos tempos e movimentos para eliminar a porosidade,
os tempos mortos, na jornada de trabalho, isto é, o tempo não
dedicado às tarefas produtivas.
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(A) Apresenta fragmentação na execução das tarefas.


(B) Baseia=se na eliminação da autonomia dos produtores diretos.
(C) Busca um envolvimento dos trabalhadores com os objetivos do
capital.
(D) Caracteriza=se pela economia de escala, voltada à ampla
produção de estoques.

Gabarito: 1. a; 2. c; 3. d; 4. c; 5. d; 6. c; 7. b; 8. b

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O taylorismo é uma estratégia patronal de gestão/organização do


processo de trabalho e, juntamente com o fordismo, integra a
Organização Científica do Trabalho. Conjugado à utilização intensiva
da maquinaria, sua ênfase é no controle e na disciplina fabris, com
vistas à eliminação da autonomia dos produtores diretos e do tempo
ocioso, como forma de se assegurarem aumentos na produtividade
do trabalho. (Cattani, 1997)

(a) Desde os primórdios do capitalismo, a organização da produção


esbarrou na autonomia dos produtores diretos e na sua capacidade
de definir a seqüência das tarefas e os ritmos do trabalho.
(b) O taylorismo estimula o desempenho individual através de
salários e prêmios por produção.
(c) Desde o início o modelo de produção taylorista se deparou com a
resistência operária.
(d) O princípio básico do taylorismo é a unidade programada da
concepção e da execução da produção.
(e) Organizado pelo taylorismo, o trabalho transfigurou=se em
atividade fragmentada, repetitiva, monótona e desprovida de sentido.

# "#) /" ) ; 8 Na verdade, o princípio do Taylorismo é a fragmentação


entre aqueles que planejam/concebem o processo (gerência) daqueles que
executam a tarefa (operariado).
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É uma estratégia Indústria automobilística Lutas sociais do operariado defesa de


patronal de pioneira na organização do melhores condições de trabalho e respeito
gestão/organização do processo de trabalho aos direitos do trabalhador perturbação
processo de trabalho e, industrial. dos interesses do capital;
juntamente com o Capital busca uma resposta à sua própria
Fordismo, integra a Transformação: indústria crise, à crise do fordismo;
Organização Científica artesanal e individualizada Surge o Toyotismo solução para a crise
do Trabalho (OCT). massificação. do capital ocorrida nos anos 70.
Originário no Japão, das fábricas de
Ford, aplica os métodos do automóveis , ganhou terreno e
taylorismo, também chamado estendeu=se pelo mundo todo.
de organização científica do
trabalho (OCT).

Características 1ª característica fordista – Operário ≠ extensão da máquina


Produção em massa ser pensante, consciente;
separação das Valorização do operário
funções de concepção e Produção em massa poderia participativo, organizativo, altamente
planejamento da reduzir os custos de produção especializado, integrado ao processo
função de execução, e o preço de venda dos produtivo, polivalente, multifuncional
fragmentação e veículos grande número de (capaz de trabalhar com diversas máquinas
especialização das empregos e um conseqüente simultaneamente), mais realizado em seu
tarefas, achatamento dos salários. ambiente de trabalho.
controle de Os operários conhecem o processo
tempos e movimentos 2ª característica fordista produtivo e são extremamente capazes de
remuneração Racionalização da identificar e corrigir erros.
por desempenho; produção através do Flexibilidade profissional mescla
controle e na parcelamento de tarefas entre elaboração e execução de tarefas e
disciplina fabris, (OCT); estratégias organizacionais;
eliminação da Separação entre Constitui=se em torno de noções
autonomia dos elaboração e execução, tais como rapidez, produtividade, qualidade
produtores suprimindo a dimensão e participação.
eliminação do intelectual do trabalho Reforço da cooperação entre os
tempo ocioso como operário funcionários de uma organização,
forma Operários = extensão aumentando a eficiência e a produtividade
das máquinas e ferramentas; em prol do capitalismo;
Objetivo: Atividade repetitiva e Estratégias just in time, team
desprovida de sentido. work, kanban, a eliminação do desperdício
Assegurar aumentos na e o controle de qualidade total;
produtividade do 3ª característica – A linha de Certificados de qualidade ISO
trabalho. montagem, ligando as tarefas buscam convencer a todos de que o
individuais sucessivas ambiente e as relações de trabalho são os
melhores possíveis;
Discurso da qualidade total uma
das estratégias do capital para atingir seu
objetivo único e primordial: o lucro.
Escamoteação este processo tem
levado freqüentemente à intensificação e
precarização do trabalho;
Focalização das atividades da
empresa em produtos e tarefas onde se
garanta sua maior competitividade e
lucratividade, deixando as outras atividades
complementares para firmas terceirizadas.
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Espero que essa aula tenha proporcionado a todos bastante


aprendizado e que a leitura tenha sido prazerosa.
Peço, se possível, que através do fórum me forneçam um
+ sobre seus desempenhos na realização das atividades.
Essas questões nos ajudarão a nos preparar para um simulado
que planejo para nossa última aula.
Usem o fórum também para sanar possíveis dúvidas e até para
estreitar laços através dele! Até a próxima semana.

Contem comigo e sucesso sempre!

Tatiana Claro

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