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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA

FONSECA
DEPARTAMETO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS APLICADAS DO ENSINO
SUPERIOR

RESUMOS

Alyssa Theophilo Breda Schneweiss

Trabalho apresentado em cumprimento às


normas da disciplina Teoria das Relações
Internacionais II do Bacharelado em Ensino de
Línguas Estrangeiras Aplicadas às negociações
Internacionais.

Professora da disciplina: Bianca Bittencourt

RIO DE JANEIRO
2023.2
RESUMO: Teorias de Relações Internacionais; cap. 20, 21 e 22. – Sarfati

Capítulo 20 – Pós-Modernismo

• O Pós-Modernismo nas Relações Internacionais faz parte de um movimento


mais amplo nas ciências sociais, influenciado por Michel Foucault e Jacques
Derrida.
• O Pós-Modernismo critica a suposta racionalidade do Modernismo, buscando
desmascarar as metanarrativas por trás dos discursos teóricos.
• Foucault argumenta que o conhecimento é influenciado pelo poder dominante
em cada época, e a verdade é um instrumento de poder.
• A genealogia é uma abordagem que reconta a história sob a perspectiva dos
excluídos, recusando interpretações objetivas da história.
• Derrida procura desconstruir o pensamento filosófico ocidental, mostrando que
não existe uma realidade objetiva e que as teorias são produtos de discursos.
• O Realismo/Neo-Realismo é um alvo central desse movimento, demonstrando
que não existem teorias objetivas nessa área.
• O desconstrutivismo explora a relação entre poder e conhecimento nos discursos
de Relações Internacionais e desafia as teorias e temas de segurança
internacional.

Desconstruindo as Teorias de Relações Internacionais

• A desconstrução teórica das Relações Internacionais envolve analisar e


questionar as crenças e construções teóricas subjacentes às teorias nesse campo.
• O conceito de Estado é problematizado, especialmente nas teorias Estado-
cêntricas, que assumem o Estado como uma premissa não problemática de
divisão de fronteiras.
• A anarquia internacional é analisada por meio da dupla leitura, questionando as
suposições sobre os Estados soberanos e suas diferenças.
• Para os pós-modernistas, os Estados são produtos de práticas políticas históricas
e discursos dominantes, não existindo como entidades pré-científicas.
• A lógica territorialista dos Estados é desafiada por migrantes e refugiados que
desafiam a lógica de fronteira e identidade.
• A soberania dos Estados é vista como uma resolução de problemas ontológicos,
mas os pós-modernistas questionam essa resolução e buscam uma ética
universal.
• A desconstrução pós-modernista critica a ideia de uma ciência de Relações
Internacionais objetiva, argumentando que teoria, teórico e realidade estão
intrinsecamente ligados.
• Os discursos são entendidos como meios de reproduzir as concepções e
realidades estabelecidas pelos próprios discursos, com práticas dominantes que
excluem e deslegitimam determinados sujeitos.

Desconstrução da Segurança Internacional


• A tecnologia da informação tem desfeito a fronteira entre guerra virtual e real,
com o planejamento de conflitos realizado em computadores e sua simulação
virtual.
o A relação entre guerra e mídia é exemplificada pela rede militar-
industrial-mídia-entretenimento (RMime)
o Isso inclui conflitos cibernéticos, ataques de hackers, guerras virtuais e
outros tipos de confrontos baseados na informação.
o A infoguerra desafia fronteiras domésticas e externas e envolve batalhas
epistêmicas de opiniões, crenças e decisões.
Capítulo 21- Teoria Crítica
• A Teoria Crítica das Relações Internacionais busca um projeto emancipatório
inspirado na Escola de Frankfurt, combinando elementos de Kant e Marx.
o Este projeto visa eliminar várias formas de dominação, incluindo não
apenas a classe, mas também aspectos raciais, étnicos e sexuais.
• A Teoria Crítica destaca a relação entre conhecimento e sociedade,
questionando a existência de uma realidade objetiva e enfatizando a construção
social do conhecimento.
o Ela critica o idealismo de Habermas, que propõe uma ética universal,
argumentando que o poder está sempre envolvido no conhecimento.
o A Teoria Crítica ressalta a necessidade de emancipar os excluídos das
injustiças sociais e debate com abordagens pós-modernas, como o
desconstrutivismo, que também busca resistir ao poder.
• Em Relações Internacionais, a Teoria Crítica enfatiza a superação do Marxismo,
ressaltando que a exclusão de classes não é a única forma de exclusão social
existente, e promove novas formas de organização política que superem a
ordem soberana e se baseiem no diálogo e na inclusão.

A teoria é sempre para alguém e para algum propósito


• A Teoria Crítica das Relações Internacionais destaca que toda teoria tem um
propósito e é influenciada por uma perspectiva específica em um determinado
tempo e lugar.
• Enquanto as teorias tradicionais tendem a legitimar a ordem social e política
existente, a Teoria Crítica questiona essa ordem e busca entender suas origens
e possíveis mudanças.
• A Teoria Crítica reflete sobre a construção de teorias, considerando a ordem
política e social vigente como ponto de partida, mas também aponta para
alternativas à ordem dominante.
o Ela é normativa, pois adota um projeto emancipatório da Escola de
Frankfurt, buscando construir alternativas à ordem dominante.
o Desafia a visão de imutabilidade social das teorias tradicionais, como
o Neo-Realismo, mostrando que as circunstâncias históricas são
produtos das relações sociais e podem ser modificadas.
o Seu papel é denaturalizar explicações tradicionais, destacando que não
existem fenômenos naturais na política e na sociedade, e promovendo
alternativas que levem à emancipação social.
• O projeto de emancipação da Teoria Crítica visa remover obstáculos
socialmente construídos que impedem as pessoas de levar vidas livres e
autodeterminadas.
• Metodologicamente, a pesquisa da Teoria Crítica envolve a desconstrução de
discursos teóricos e práticas sociais, bem como a apresentação de alternativas
emancipatórias à ordem dominante.
A construção de uma teoria pós-marxista (e pós-kantiana)
• A Teoria Crítica das Relações Internacionais possui raízes no Marxismo e no
materialismo histórico, enfatizando a dialética, a dominação, e o papel do
Estado.
• No entanto, critica o paradigma da produção por não abordar outros conflitos
sociais, como gênero e etnia, e por não considerar aspectos não econômicos
na história.
• Cox destaca três categorias de forças que interagem com a estrutura:
capacidades materiais, ideias e instituições, cuja importância varia de acordo
com o contexto histórico.
• O processo de internacionalização do Estado envolve a expansão da produção
global, levando à formação de uma classe global de executivos e à erosão do
poder dos Estados nacionais.
• Cox sugere que o movimento contra-hegemônico poderia vir da aliança de
países do Terceiro Mundo e forças globais como ONGs e movimentos sociais.
• Linklater aborda a formação de Estados soberanos e como eles definem
fronteiras, destacando que em um contexto de globalização, as fronteiras
nacionais estão se enfraquecendo.
o Ele critica fronteiras rígidas que promovem exclusão e injustiça,
propondo uma visão na qual o Estado nacional pode ser transcendido
sem suprimir a liberdade dos cidadãos.

A ética dos excluídos internacionais


• A Teoria Crítica se preocupa com o discurso excludente na cultura ocidental
e promove uma ética discursiva universal baseada em princípios morais
universais, contexto social e necessidades dos indivíduos.
• A ética discursiva é vista como uma forma moral de raciocínio, não guiada
por cálculos utilitaristas.
• O projeto normativo emancipatório da Teoria Crítica enfatiza três tendências
transformacionistas: universalização dos princípios morais, redução das
desigualdades materiais e respeito pelas diferenças culturais, étnicas e de
gênero.
o Essas tendências visam desmantelar a exclusão e levar a uma forma
cosmopolita de governança além dos Estados soberanos.
• Linklater propõe três formas de organização social internacional: sociedade
pluralista de Estados, sociedade de Estados com princípios morais
substanciais e sistema pós-westfaliano com divisão de poder e normas morais
institucionalizadas.
• A ética discursiva desempenha um papel central na reconstrução da política
internacional, oferecendo uma alternativa democrática para a tomada de
decisões, contribuindo para a resolução de conflitos violentos e incentivando
a reflexão constante sobre princípios de inclusão e exclusão na política
internacional.

Capítulo 22 – A Teoria Construtivista das Relações Internacionais

• O Construtivismo surgiu na década de 1990 como uma alternativa às teorias


positivistas, Neo-Realismo e Neoliberalismo, bem como às teorias pós-
positivistas, Teoria Crítica e Pós-Modernismo.
o Ganhou popularidade, especialmente entre acadêmicos europeus,
desafiando as teorias tradicionais e buscando uma terceira via no
debate das Relações Internacionais.
• O Construtivismo procura sintetizar preocupações positivistas (explicar as
relações internacionais) e pós-positivistas (compreender a construção das
relações internacionais).
• Alexander Wendt, um dos principais teóricos do Construtivismo, é conhecido
por sua obra "Social theory of international politics" de 1999, que tem sido
citada como uma alternativa importante à visão tradicional de Waltz em
"Theory of international politics" de 1979.

O papel da identidade na formação do interesse dos Estados


• O Construtivismo de Wendt critica o racionalismo das teorias tradicionais e
busca entender de onde vêm os interesses dos Estados.
o Os Estados são construções sociais cujas identidades e interesses são
moldados pela convivência social ao longo da história.
o O Construtivismo vê os Estados como a principal unidade de análise
nas relações internacionais.
o Identidades positivas levam à cooperação entre Estados, enquanto
identidades negativas levam ao conflito.
o A anarquia no sistema internacional é o que os Estados fazem dela, e
seu significado é construído socialmente.
o A internacionalização requer compartilhamento de identidades
comuns em várias funções estatais e a capacidade de punir atores que
perturbem essas funções.
o A internacionalização está transformando o sistema westfaliano em
direção a uma autoridade desarticulada e neomedieval.
o A internacionalização levanta questões sobre a relação entre
governança global e democracia, especialmente em termos de
representatividade e déficit democrático.

O Construtivismo como via media


• Wendt busca construir uma versão do Construtivismo que concilie a
epistemologia positivista com a ontologia pós-positivista, posicionando o
Construtivismo como uma "via media" entre o positivismo e o pós-
positivismo nas Relações Internacionais.
o A posição intermediária entre essas duas tradições não é neutra e tem
implicações, sugerindo que o Construtivismo poderia ser uma síntese
teórica lógica das Relações Internacionais.
• O debate subjacente às teorias de Relações Internacionais envolve a
explicação das relações internacionais, associada ao positivismo, e a
compreensão do que constitui as relações internacionais, associada ao pós-
positivismo.
o Wendt destaca dois debates fundamentais: o papel das forças
materiais versus o papel das ideias e a relação entre agente e estrutura.
o Ele usa esses debates para localizar as teorias de Relações
Internacionais em um quadrante, onde o Construtivismo é
posicionado no quadrante superior direito, enfatizando o papel das
ideias na construção das relações internacionais.
• Epistemologicamente, o Construtivismo adere às teorias positivistas,
buscando explicações em Relações Internacionais, mas não separa a
realidade (ontologia) da teoria (epistemologia), pois a realidade e a teoria são
mutuamente constituídas.

Comunidades epistêmicas
• A ideia das comunidades epistêmicas não é exclusiva ao Construtivismo e
pode ser incorporada em explicações liberais, neoliberais, Teoria Crítica e
Pós-Modernismo nas Relações Internacionais.
• Emmanuel Adler, um construtivista, também discute a construção de uma
"middle ground" (meio-de-campo teórico) semelhante à "via media" de
Wendt.
• Comunidades epistêmicas são redes de profissionais com conhecimento em
uma área que compartilham crenças e princípios normativos, influenciando
as políticas do Estado.
• A coordenação política entre Estados depende das expectativas, que surgem
de processos interpretativos envolvendo estruturas políticas e culturais.
• Comunidades epistêmicas influenciam a ação do Estado, especialmente em
questões técnicas, como o Protocolo de Kioto, onde a comunidade científica
desempenhou um papel fundamental.
o As comunidades epistêmicas também impactam a formação da
agenda de negociações internacionais e a difusão de políticas.
o A influência das comunidades epistêmicas ocorre de forma evolutiva,
à medida que suas ideias são assimiladas e institucionalizadas.
• A governança global depende do conhecimento e da legitimidade, e as
comunidades epistêmicas desempenham um papel crucial na formação de
consensos sobre questões de governança.
• A validação epistêmica confere legitimidade à 'verdade' sobre um tópico, e
as comunidades epistêmicas estabelecem as boas práticas em torno desse
tópico.
• A construção de boas práticas depende do estabelecimento de razões
práticas, que são interpretadas epistemicamente para determinar o que é
correto em uma comunidade.

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