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Relações sociais de sexo e divisão sexual do trabalho


18 de Setembro de 2009 por Marcha Mundial das Mulheres Deixe um comentário

Danièle Kergoat

(Publicado em “Gênero e Saúde” – org. Marta Julia Marques Lopes, Dagmar Estermann Meyer e
Vera Regina Waldow. Ed. Artes Médicas – 1996)

Relações sociais de sexo e divisão sexual do trabalho são duas proposições indissociáveis que
formam um sistema. A reflexão em termos de relações sociais de sexo é, ao mesmo tempo,
anterior e posterior à reflexão em termos de divisão sexual do trabalho. Ela é preexistente como Militamos na Marcha Mundial das Mulheres!
noção, mas posterior como problemática. É preexistente, pois foi uma aquisição do feminismo, por Estamos em luta por nossa autonomia,
meio da emergência de categorias de sexo como categorias sociais, de mostrar que os papéis nosso direito a viver livremente nossa
sociais de homens e mulheres não são produto de um destino biológico, mas que eles são, antes sexualidade e por uma transformação
de tudo, construções sociais que têm uma base material. radical da sociedade! Vamos mudar o mundo

Mas ainda faltava provar isso! Foi o que permitiu a formalização em termos de divisão sexual do e mudar a vida das mulheres! Somos
mulheres e não mercadoria!!!
trabalho, oferecendo um quadro para conhecer simultaneamente:
– Um trabalho considerável, geralmente de primeira mão, para conhecer a realidade (e não mais
os estereótipos) do trabalho feminino em todos os seus aspectos e por especificar sexualmente o
OBSERVATÓRIO DA MARCHA DAS MARGARIDAS
trabalho masculino.
– Um trabalho paralelo de desconstrução/reconstrução dos conceitos usualmente utilizados e de
desvendar sua “neutralidade” mostrando as suas características sexuadas, conduzindo,
necessariamente, a uma crítica dos modos de conceituação no conjunto das Ciências Sociais.

A partir de então é que se tomou possível um retomo às relações sociais para construir um quadro
teórico de conjunto, no qual se insere a divisão sexual do trabalho. Isto porque estes dois
conceitos são inseparáveis. É sobretudo a análise em termos de divisão sexual do trabalho que
permite demonstrar que existe uma relação social específica entre os grupos de sexo. É esta
análise que permite, a partir de uma análise fechada da repartição (da distribuição) dos homens e
das mulheres quanto à qualificação, por exemplo, no que se refere ao assalariado (Kergoat, 1982)
ou quanto ao trabalho doméstico (Chabaud-Rychter, Fougeyrollas-Schwebel, Sauthannax, 1985), de
provar que as separações entre homens e mulheres não são redutíveis a mais ou menos
exploração ou a uma divisão desigual, mas que se trata de um tratamento contraditório segundo o
sexo. Enfim, de uma análise da relação social específica à variável sexo. SIGA ESSE BLOG:
Esta curta introdução foi necessária, pois o termo de divisão sexual do trabalho, se é hoje
Digite seu endereço de e-mail para seguir
conhecido na linguagem sociológica corrente, tem significações muito diferentes umas das outras.
este blog e receber notificações de novos
Freqüentemente ele é utilizado com uma conotação simplesmente descritiva -há uma
posts por email.
diferenciação entre os sexos nas atividades sociais. Correto, esta abordagem sociográfica foi e é Introduza o seu endereço de email
indispensável. Mas, falar em termos de divisão sexual do trabalho é, a meu ver, muito mais. É
Seguir
articular essa descrição do real com uma reflexão sobre os processos pelos quais a sociedade
utiliza esta diferenciação para hierarquizar as
atividades. A divisão sexual do trabalho está no centro (no coração) do poder que os homens
@MARCHAMULHERES
exercem sobre as mulheres.
#PorTodasElas se encontra c/ ocupação
Portanto, argumentar em termos de divisão sexual do trabalho é, para mim, indissociável de uma
#MTST no escritório da Secretaria Geral da
sociologia das relações sociais.
Presidência: tod@s contra o golpe!
Para ficar claro, utilizamos, ao longo deste texto, relação social não simplesmente como contato,
https://t.co/isG1HdL8m6 1 day ago
ligação social, mas como uma relação: 1º) antagônica, 2º) estruturante para o conjunto do campo
social e 3º) transversal à totalidade deste campo social. #PorTodasElas Por todas nós: #feminismo
é revolução! #NÃOàculturadoestupro #SP
AS RELAÇÕES SOCIAIS DE SEXO #ForaTemer https://t.co/D1hccVnMoz
1 day ago
Este conceito nos leva a uma visão sexuada dos fundamentos e da organização de sociedade.
#PorTodasElas #SP Mulheres tomam as
Fundamentos e organização estes ancorados materialmente na divisão sexual do trabalho. Existe,
ruas de São Paulo mais uma vez pra dizer
portanto, um esforço para pensar de forma particular, mas não fragmentada, o conjunto do social,
NÃO à cultura do estupro e #FORATemer!
ou seja:
https://t.co/kEz0eEb88g 1 day ago
-Particular, porque ela foi elaborada a partir do “ponto de vista” da opressão das mulheres
(feminist stand-point). Michel Temer é cúmplice da violência
-Não-fragmentada, já que as relações sociais de sexo existem em todos os lugares, em todos os contra as mulheres! Nas primeiras horas

níveis do social. Esta abordagem deve, portanto, se integrar em uma análise global de sociedade, de gestão (golpe) extinguiu a
@SPMulheres! #GolpeÉMachista
contribuir para fazê-la avançar (não se trata, evidentemente, de se integrar passivamente, o que
3 days ago
seria mesmo impossível) e se articular aos outros elementos da dinâmica social.
Seguir @marchamulheres
Finalmente, é necessário precisar que esta visão global do social é pensada em termos dinâmicos,
pois ela repousa em antagonismos e contradições, bem como em termos materialistas, pois toda
relação social tem um fundamento material.
Marcha Mundial d...
A definição de relações sociais de sexo que avançamos aqui repousa em vários pontos: 32.729 gostos
1. Em uma ruptura radical com as explicações biologizantes das diferenças entre as práticas sociais
masculinas e femininas.
2. Em uma ruptura radical com os modelos supostos universais.
Gostei Partilhar
3. Nas afirmações de que tais diferenças são construídas socialmente e que esta construção social
tem uma base material (e não apenas ideológica).
Tu e 55 outros amigos gostam disto
4. Que elas são, portanto, passíveis de ser aprendidas historicamente.
5. Na afirmação de que estas relações sociais repousam em princípio e antes de tudo em uma
relação hierárquica entre os sexos.
6. De que se trata, evidentemente, de uma relação de poder .

Nesta perspectiva convém ressaltar que o conceito de relações sociais de sexo se prende à noção EM MARCHA NAS RUAS
de prática social. De fato, se admitimos que existe uma relação social específica entre os homens e
as mulheres, isto implica práticas sociais diferentes segundo o sexo. Mais fotos
Como práticas sociais e não-condutas biologicamente reguladas, podem se buscar seus princípios
de inteligibilidade. Assim, o que estava fora do campo da disciplina sociológica se toma um objeto
legítimo de questionamento.

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Neste sentido, a noção de prática social é indispensável para:
– Permitir a passagem do abstrato ao concreto (o grupo, o indivíduo).
– Definir os atores de outra forma do que como puro produto das relações sociais.
NA LUTA:
– Poder pensar simultaneamente o material e o simbólico.
– Restituir aos atores sociais o sentido de suas práticas, para que o sentido não seja dado de fora autonomia feminismo fim
por puro determinismo. da violência contra a mulher legalizar o
Esta definição é uma entre outras possíveis. Conceituar em termos de relações sociais de sexo não aborto legalização do aborto
é coisa nova entre as intelectuais francesas (podemos citar como exemplo a produção de N.C. marcha mundial das
Mathieu). E, evidentemente, muitas de nossas aquisições reflexivas são resultado do conjunto de mulheres mercantilização prostituição
nossos trabalhos. violência contra a
violência
A construção, para referenciar os termos de Helène de Doaré (1991), de um verdadeiro mulher
pensamento dialético, torna-se real o que não tinha sido feito anteriormente a não ser no âmbito
das classes sociais. Os sexos não são, a partir de então, categorias imutáveis, fixas, a-históricas e
associais. As relações sociais de sexo são, ao contrário, periodizadas, e o problema da mudança da
transformação pode ser abordado.
Falar em “relação social” quer dizer falar de relação de poder. A partir de então, está descartado o
desconhecimento do ponto de vista do dominante, pois ele conhece os mecanismos econômicos,
as justificativas ideológicas, os constrangimentos materiais e físicos a utilizar. Isto é tanto mais
indispensável que, quando se é dominado, se a gente conhece a vivência da opressão, não se tem
necessariamente plena consciência dos mecanismos da dominação (N.C. Mathieu,1991).
Por fim, e é aqui onde os caminhos divergem, as práticas de pesquisa são bastante divergentes e
uma questão se coloca: é necessário, então, centrar a reflexão somente nas relações sociais de
sexo, ou é necessário, ao contrário (e esta é a minha posição), tentar pensar o conjunto das
relações sociais na sua simultaneidade? Tudo depende do objeto que se assume. A meu ver, trata-
se de se instrumentalizar, com princípios de inteligibilidade, para compreender a diversidade e a
complexidade das práticas sociais de homens e mulheres. Nesta perspectiva, considerar somente a
relação de dominação homem/mulher é insuficiente.
É assim que pensam a si mesmos os atores sociais. É evidente que os homens, dominantes, não se
colocam enquanto “homens”, já que, quase por definição, o dominante existe de direito, mas não
“se pensa” como tal. É O dominado que se pensa, e ainda nem sempre, como “relativo”. Mas uma
mulher não se pensa como mulher, ela se pensa também dentro de uma rede de relaçÕes sociais.
Como trabalhadora (na relação capital/trabalho, na relação salarial), como jovem ou velha, como,
eventualmente, mãe ou imigrante. Ela sofre e/ou exerce uma dominação segundo sua posição
nestas diversas relações sociais. E é o conjunto que vai constituir sua identidade individual e dar
nascimento às suas práticas sociais. Em nível coletivo, é ainda o conjunto das relações sociais que
vai fundar o sentimento de pertencer a um grupo e a consciência de dele fazer parte.
Minhas reflexões se assentam, portanto, nas seguintes bases:
1. As relações sociais de sexo dinamizam todos os campos do social. Toda relação social é sexuada,
enquanto que as relações sociais de sexo são perpassadas por outras relações sociais:
– As relações de classe são analisadas enquanto relações que imprimem conteúdo e direção
concreta às relações sociais de sexo.
– Ao imerso, as relações de sexo são analisadas como emprestando conteúdos específicos às
outras relações sociais (por exemplo, a norma da “virilidade”, tão presente no meio operário
masculino).

2. Fazemos, assim, “explodir” os quadros de referência binários e com isso se pode pensar a
totalidade do social, sem que tentemos, afobadamente, pesquisar a “boa” relação social, ou a “boa”
identidade que vai resolver o que não pode aparecer, tanto numa perspectiva clássica como das
contradições.

3. Quebramos, assim, a homologia entre um tal lugar e uma tal relação social: a relação entre os
sexos não se esgota na relação conjugal, mas é ativa no lugar de trabalho, enquanto que a relação
de classes não se esgota no lugar de trabalho, mas é ativa, por exemplo, na relação com o corpo,
ou na relação com as crianças.

4. Podemos pensar a complexidade e a mudança no jogo das diferentes relações sociais entre si.
De fato, as relações sociais de sexo não funcionam de forma homogênea em todos os setores, nos
diferentes níveis sociais. Assim, na empresa, se assiste a uma recriação das relações sociais de
sexo e não a um simples reflexo do que se passa do lado de fora dela (Humphrey, 1987). Nada é
imutável, mecanicista, tudo é histórico, periodizável (Milkman, 1987).

5. Isto permite, enfim, de falar de “sujeitos” que, ao mesmo tempo, sofrem a ação das relações
sociais, mas, igualmente, agem sobre elas, construindo, tanto individualmente como
coletivamente, suas vidas, por meio das práticas sociais.

Para concluir esta parte, afirmo que a função do conceito de relações sociais de sexo é dupla e
retomarei aqui os termos do último relatório de atividades do GEDISST (Groupe d’Étude sur Ia
Division Sociale et Sexuelle du Travail- Laboratório do CNRS). Vimos que este conceito é princípio
organizador das práticas sociais, da mesma forma que as demais relações sociais, às quais ele se
articula. De fato, 1°) ele indica que a dimensão sexuada é parte integrante do social e deve ser
levada em conta na construção das categorias de análise das ciências sociais (trabalho de
desconstrução); 2°) ele indica a necessidade de forjar “instrumentos” conceituais aptos a analisar a
dinâmica complexa do conjunto das relações sociais (trabalho de construção).
É necessário, ainda, legitimar a articulação entre relações sociais de sexo e divisão sexual do
trabalho. Este é um problema essencial para não pensarmos em divisão sexual do trabalho na
“pura base empírica”, enquanto que reservamos às relações sociais de sexo a “teoria”. Teoria esta,
tanto mais inconsistente quanto menos ligada à materialidade social. É importante igualmente, se
não quisermos pensar tão-só o “porquê” dos fenômenos sociais, mas também o “como” (sobre
este problema, cf. Kergoat, 1986). É importante, enfim, se quisermos articular quadro teórico e
metodológico, porque não podemos estudar as relações sociais em si, mas suas modalidades, suas
formas, sua periodização, e isso se faz por meio das práticas sociais. Mesmo assim, ainda falta uma
mediação: hipóteses à capacidade média na qual situamos o papel explicativo da divisão sexual do
trabalho, a partir do momento em que lhe atribuímos um papel central nas disputas (enjeux*.) nas
relações sociais de sexo.
As relações sociais organizam, denominam e hierarquizam as divisões da sociedade:
privado/público, trabalho manual/trabalho intelectual, capital/trabalho, divisão internacional do
trabalho, etc. As modalidades materiais dessas bicategorias são centrais nas relações sociais; a
divisão social do trabalho entre os sexos é ponto ( de disputas) fundamental nas relações sociais
de sexo.

AS LINHAS DE DEMARCAÇÕES COM


OUTROS CAMPOS TEÓRICOS

Um primeiro debate poderia ser o da utilização do termo “gênero”, “relações de gênero” (do inglês
gender) ao invés de “relações sociais de sexo”. A primeira observação é de bom senso: é impossível
colocar em oposição gênero e relações sociais de sexo; os dois termos são altamente polissêmicos.
Encontramos, nos dois casos, O mesmo leque de acepções que vão da simples variável mulheres,
até uma análise em termos de relações sociais antagônicas (Scott, 1988). Trata-se, a meu ver,
menos de conceituações alternativas do que de formalizações preferenciais.
Pode ser útil lembrar que o movimento feminista francês, diferentemente do que se passou em
outros países, se definiu, de início, em parte no interior e/ou em oposição aos partidos políticos de
esquerda e foi profundamente marcado pelo marxismo como teoria de referência. Vem daí um
vocabulário análogo: modo de produção doméstica, relações sociais de sexo, classe de sexo
(Guillaumin, 1978), etc. Mas não se esgota nisso. De fato, a redução da análise em considerar
somente a variável sexo é muito mais difícil com o conceito de relações sociais de sexo, termo que
implica, necessariamente, uma certa visão da sociedade e que elimina outras, por exemplo: é difícil
falar simultaneamente de relações sociais de sexo e patriarcado, enquanto que a utilização do
termo gênero o permite. E mais, “relação” tem uma conotação de reciprocidade, o que não tem o
termo “gênero”: uma categoria só existe em relação à outra. É, portanto, mais difícil “esquecer”, no
segundo termo, o grupo social dos homens.
Enfim, a aproximação relação social (forçosamente fato da cultura) com a palavra sexo (sempre
percebido como fato da natureza) tem um efeito detonador, interrogativo, subversivo, efeito que,
para nós, é positivo, já que pensamos que esta abordagem conduz a repensar a epistemologia das
Ciências Sociais.
Um segundo debate diz respeito ao emprego do termo “patriarcado”. Diferentes definições de
patriarcado apareceram nos Estados Unidos (patriarcado baseado na reprodução ou na
sexualidade) e na França, (patriarcado baseado no modo de produção e no modo de produção
doméstica). Esses trabalhos parecem se inscrever definitivamente numa abordagem estruturalista,
e isso, levanta, a meu ver, dois problemas:

– Primeiro, remete às dificuldades próprias a toda abordagem estruturalista: a que insiste na


metaestabilidade do sistema, e, no que diz respeito aos nossos propósitos, rapidamente pode-se
passar à uma abordagem que considera a posição das mulheres como imutável.
– Afirmar a primazia (ou a simultaneidade -Guillaumin, 1978) do sistema patriarcal em relação à
organização social no seu conjunto não é suficiente para mostrar como o sistema afeta domínios
que não parecem estar ligados. Assim, por exemplo, como articular o modo de produção
doméstico (Delphy, 1978) -que explica que é a apropriação ou a exploração do trabalho das
mulheres na família que está na base de sua exploração comum, com o modo de produção
capitalista?

Podemos ver que a definição de relações sociais de sexo, que foi proposta aqui, torna caducas as
análises que se referem à “condição feminina ” (pois esta é pensada em termos de especificidade
em relação a um modelo que se diz geral) ou à noção de papéis sociais (essa análise pensa as
posições sociais dos dois sexos em termos de complementaridade).
Quanto ao que se convencionou chamar ” estudos sobre as mulheres”, tais análises se chocam
inelutavelmente na dificuldade seguinte: como pensar teoricamente a acumulação de dados e de
estudos pontuais? Mas o mais grave é que os “estudos sobre as mulheres” acreditam geralmente
na proposição segundo a qual é preciso desconstruir os conceitos que se apresentam falsamente
como universais, mesmo que eles sejam somente sujeito e objeto de teorias que esvaziam os
dados desse universal. No entanto, tais estudos tendem, por intermédio de seus dispositivos
metodológicos e teóricos, a apresentar lia” mulher como dotada de uma essência e como
universal, como sujeito e objeto de pesquisa (Harding, 1986). Nestes aspectos, essas análises me
parecem desembocar numa contradição insuperável.
Serei ainda mais breve sobre o esquema igualitário que, propondo como objetivo o alinhamento
da situação das mulheres baseado na situação dos homens, se constitui de fato sobre uma norma
masculina, supostamente estática. Realmente, o fracasso relativo das políticas de igualdade
(Doniol-Shaw et alii, 1989) mostra bem os limites de uma argumentação em termos de recuperar o
que foi perdido, Toda mudança na situação de um grupo induz uma mudança para outro grupo, É
certamente sobre o terreno das relações de força que se afrontam, com armas desiguais, os
grupos de sexo em oposição.
Terminarei sobre a teoria da diferença. É evidentemente com ela, baseado na adesão a valores
intrinsecamente sexuados, portanto, a-históricos (identidade feminina) que a distância é maior.
Citarei simplesmente Simone de Beauvoir que, desde 1972, em Tout compte fait, declarava: “Eu
não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos; seria
admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos
homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para as mulheres
de se afirmar como mulheres, mas de tornarem-se seres humanos na sua integralidade”.
É justamente o problema do universal que está posto aqui. Falar de relações sociais é colocar no
centro do problema a luta dos dominados -homens e mulheres -para ascender ao universal e para
poder pensar, enfim, esse universal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ICHABAUD-RYCmER D., Fougeyrollas-Schwebel D., Sonthonnax F. (1985).


Espace et temps du travail domestique. Paris, Librairie des Méridiens, collection Réponses
Sociologiques.
DELPHY C. (1978). “Travail ménager ou travail domestique?”, in Les femmes dans la societé
marchande, Paris, PUF, pp. 39-54.
DONIOL-SHAW G., Junter-Loiseau A., Genestet V., Gouzien A., Lerolle A.(1989). Les plans d’égalité
professionnelle. Etude-bilan. 1983-1988, Documentation Française, Paris.
GUILLAUMIN C. (1978). “Pratique du pouvoir et idée de Nature”, Questions Féministes nº 2 (pp. 5-
30) e 3 (pp. 5-28).
HARDING S. (1986), “L ‘instabilité des catégories analytiques de la théorie féministe”, Signs, voI. 11,
na 4. Paro en français dans Futur Antérieur, nO5 4 e 5,1991.
HUMPHREY J. (1987), Gender and Work in the Third World. Sexual division in Brazilian Industry,
London. Tavistock PubIications.
KERGOAT D: (1982), Les ouvrieres, Paris, Le Sycomore.
KERGOAT D. (1988), “Le syllogisme de Ia constitution du sujet sexué féminin. Le cas des ouvrieres
spécialisées”, in Les repports sociaux de sexe: problématiques, méthodologies, champs d’analyses,
Paris, IRESCO,Cahiers de l’ APRE, 7 vol. 1, pp. 283-291.
LE DOARÉ H. (1991), “Note sur une notion: le rapport social de sexe”, Encrage, nº hors série, pp. 8-
10.
MATHIEU N. C. (1991), L’anatomie politique, Paris, Côté-Femmes.
MILKMAN R. (1987), Gender at work: the Dynamics of Job Segregation by sex during World War II,
Illinois, University of IIlinois Press.
SCOTT J. (1988), “Geme: une catégorie utile d’ analyse historique”, in Le genre de l’histoire, Les
Cahiers du Grif, nºs 37-38, pp. 125-153.
Ouvrages collectifs: (1985), Le sexe du travail, Presses Universitaires de Crenoble. (1988), Les
rapports sociaux de sexe: problématiques, méthodologies, champs d’analyses, Paris, IRESCO,
Cahiers de l’ APRE n° 7, 3 vol.

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