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Mercados

informação regulamentar

Reino Unido
Condições Legais de Acesso ao Mercado
Outubro 2015
aicep Portugal Global
Reino Unido – Condições Legais de Acesso ao Mercado (outubro 2015)

Índice

1. Regime Geral de Importação 3

2. Regime de Investimento Estrangeiro 4

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1. Regime Geral de Importação

O Reino Unido, como membro da União Europeia (UE), é parte integrante da União Aduaneira,
caracterizada, essencialmente, pela livre circulação de mercadorias e pela adoção de uma política
comercial comum relativamente a países terceiros.

O Mercado Único, instituído em 1993 entre os Estados-membros da UE, criou um grande espaço
económico interno, traduzido na liberdade de circulação de bens, de capitais, de pessoas e de serviços,
tendo sido suprimidas as fronteiras internas aduaneiras, fiscais e técnicas.

Deste modo, as mercadorias com origem na UE ou colocadas em livre prática no território comunitário
(isto é, que sejam provenientes dos Estados terceiros em relação às quais forem pagos os direitos
aduaneiros e que tenham cumprido as formalidade de importação) encontram-se isentas de controlos
alfandegários, sem prejuízo, porém, de uma fiscalização no que respeita à respetiva qualidade e
características técnicas.

Neste contexto, a rede SOLVIT é um mecanismo criado pela União Europeia para resolver problemas
entre os Estados-membros resultantes da aplicação incorreta das regras do Mercado Único, evitando-se,
assim, o recurso aos tribunais.

A União Aduaneira implica, para além da existência de um território aduaneiro único, a adoção da
mesma legislação neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário (CAC) / disposições de aplicação
(apesar do novo Código Aduaneiro da União ter entrado em vigor a 30 de outubro de 2013, de acordo
com o n.º 2, do artigo 288.º, a maioria das suas disposições só será aplicável a partir de 1 de maio de
2016, segundo Retificação do Regulamento que estabelece o Código Aduaneiro da União, como é o
caso da revogação do Regulamento n.º 2913/92, atual CAC), bem como a aplicação de iguais
imposições alfandegárias aos produtos provenientes do exterior – Pauta Exterior Comum (PEC).

A regra geral de livre comércio com países terceiros não impede que as instâncias comunitárias
determinem restrições às importações (ex.: fixação de contingentes anuais), quando negociadas no seio
da Organização Mundial de Comércio (World Trade Organization – WTO).

A PEC baseia-se no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH), sendo os


direitos de importação na sua maioria ad valorem, calculados sobre o valor CIF (Cost, Insurance and
Freight / Custo, Seguro e Frete) das mercadorias.
Para além dos referidos encargos, há, também, lugar ao pagamento do Imposto sobre o Valor
Acrescentado (Value Added Tax – VAT):

• Taxa normal – 20%, aplicável à generalidade de bens e serviços;

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• Taxas reduzida – 5%, incidente sobre alguns bens (ex.: painéis solares; radiadores; turbinas eólicas;
produtos de proteção higiénica) e serviços (ex.: fornecimento de gás e eletricidade para uso
doméstico);
• Taxa de 0% – para certos géneros alimentícios, alguns medicamentos, o transporte de passageiros
(excluindo os táxis), determinado tipo de vestuário e calçado para crianças, livros, revistas e jornais.

Os diferentes bens e serviços isentos de IVA, sujeitos à taxa de 0% ou à taxa reduzida de 5% podem ser
consultados no site HM Revenue & Customs (Business and Charging VAT / Rates).

Importa, ainda, considerar o facto de determinados produtos se encontrarem submetidos ao pagamento


de Impostos Especiais de Consumo (Excise Duties), que incidem sobre a produção, detenção, circulação
e introdução no consumo de bens como as bebidas alcoólicas, o tabaco e os produtos petrolíferos.

Os interessados podem aceder a informação sobre os impostos e taxas na UE (Taxation and Customs
Union), no Portal Europa; também está disponível para consulta, a publicação – VAT Rates Applied in
the Member States of the European Union (september 2015).

2. Regime de Investimento Estrangeiro

O Tratado da União Europeia consagra, entre outros princípios, a liberdade de circulação de capitais, de
onde resulta um quadro geral do investimento estrangeiro comum em todo o espaço comunitário, nos
limites decorrentes do princípio da subsidiariedade, sem prejuízo dos instrumentos legislativos
estabelecidos pelos Estados-membros.

No Reino Unido o promotor externo encontra um regime jurídico adaptado ao ordenamento comunitário,
embora apresentando algumas particularidades. De um modo geral, nenhum setor se encontra vedado à
iniciativa privada. Assim, não são impostos quaisquer limites ou restrições quanto à participação externa,
podendo as empresas ser detidas na sua totalidade por capital estrangeiro.

É de referir, no entanto, que embora as operações de investimento não estejam sujeitas ao cumprimento
de formalidades especiais, para determinados setores (como o financeiro, de defesa e de exploração de
petróleo) são exigidas licenças ou autorizações.

Por outro lado, o exercício de atividades comerciais e industriais está dependente do cumprimento (como
em muitos Estados-membros) de regulamentação específica em matéria do direito de estabelecimento,
necessitando os empresários (nacionais ou estrangeiros) de obter licenciamento específico. Os
interessados podem aceder, no Portal Europa, à Base de Dados das Atividades Económicas Reguladas
na UE – Regulated Professions, by Country, with Competent Authorities – e consultar informação sobre
as formalidades/requisitos a cumprir para cada situação concreta.

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De destacar, também, a existência de um amplo quadro legislativo relativo ao ambiente e à proteção


ambiental cuja aplicação está dependente do tipo de negócio que o promotor pretende estabelecer, do
setor onde se propõe investir, da dimensão do projeto, entre outros fatores (Environmental Law / UK
Environmental Law Association – UKELA). Para informações mais detalhadas sobre a regulamentação
ambiental em função do tipo de negócio os interessados podem consultar os sites Environment Agency e
Environmental Guidance for Your Business in Northern Ireland and Scotland.

Em matéria de proteção ao investimento, o Estado garante a segurança e a proteção dos bens e direitos
resultantes dos investimentos estrangeiros em igualdade de tratamento com empresas de capital
nacional. À semelhança dos restantes parceiros comunitários, não estão estabelecidos quaisquer
controlos cambiais e o repatriamento de capital, lucros, dividendos e royalties processa-se livremente.

De referir, ainda, que com o objetivo de simplificar o ambiente de negócios no Reino Unido foi efetuada
uma reforma legislativa ao nível da criação de empresas, traduzida na aprovação e publicação do
Companies Act 2006 (objeto de várias alterações posteriores), que veio estabelecer um novo quadro
jurídico aplicável às sociedades comerciais, mais moderno e flexível, e cuja entrada em vigor foi faseada
no tempo para permitir uma melhor adaptação por parte dos empresários (1 de outubro de 2009).

Uma chamada de atenção para o facto de não obstante a grande proximidade entre os sistemas legais
em vigor na Inglaterra, País de Gales e Escócia, em algumas matérias (nomeadamente a relativa à
propriedade) o regime jurídico pode ser bastante diferenciado, sobretudo no que respeita à Escócia, pelo
que o recurso a assessoria jurídica é fundamental.

O UK Trade & Investment (UKTI) é o departamento não ministerial que para além de ser responsável
pela promoção da oferta nacional, está incumbido de atrair investimento estrangeiro para o país,
identificando oportunidades de mercado/parceiros locais e disponibilizando informação variada aos
promotores externos, nomeadamente, sobre formas de criação de empresas, ajudas e incentivos
financeiros; também presta aconselhamento fiscal e apoio na escolha/seleção da localização dos
projetos a implementar.

Como resultado do processo de devolução de poderes do Governo Central para a Escócia, País de
Gales e Irlanda do Norte, a política de captação do investimento e promoção da internacionalização das
suas economias compete aos respetivos governos (Scottish International Development / Welsh
Government / Bringing your Business to Wales / Invest Northern Ireland).

No Reino Unido o mercado de trabalho é bastante flexível, embora orientado para a proteção dos direitos
e garantias dos trabalhadores. O quadro legal aplicável às relações laborais está consubstanciado,
fundamentalmente, no Employment Act, 2008 (com alterações posteriores).

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Quanto ao sistema tributário (consultar a publicação – Taxation and Investment in United Kingdom 2015,
Deloitte) este baseia-se numa rede complexa de impostos, diretos e indiretos, estaduais e locais.
Assume especial destaque o Imposto sobre as Sociedades (Corporation Tax) que incide sobre a
totalidade dos rendimentos auferidos no Reino Unido (incluindo os obtidos fora do território nacional)
pelas empresas residentes, sendo que também recai sobre os rendimentos imputáveis aos
estabelecimentos estáveis (ex.: sucursal) de empresas não residentes no país.

Em termos de taxas (Corporation Tax Rates), a tributação tem vindo a ser reduzida nos últimos anos, no
contexto de uma reforma fiscal levada a cabo pelo Governo, sendo aplicável em 2015 uma taxa de 20%
sobre o rendimento das sociedades. Quanto aos impostos indiretos, destaca-se o IVA (VAT), imposto
que recai sobre o consumo da maioria dos bens transacionados e serviços prestados no Reino Unido (ou
importados) a uma taxa normal de 20%, existindo, conforme já foi referido, uma taxa reduzida de 5% e
produtos/serviços isentos (VAT Rates).

No que respeita aos incentivos (Business Finance and Support) estão disponíveis, entre outros,
benefícios fiscais às atividades de desenvolvimento e investigação, financiamento dirigido às PME e às
Star-ups, apoios às indústrias inovadoras criativas (Creative Industry Tax Reliefs), isenções de
pagamento de Imposto sobre as Sociedades nas chamadas Zonas Empresariais (Enterprise Zones) que
visam incentivar a criação de novas atividades em regiões que se encontram em declínio económico.

Existem, ainda, Fundos Estruturais e de Investimento comunitários, que têm por objetivo estabelecer
uma articulação com o Programa / Estratégia 2020 (Europe 2020 in the United Kingdom), assim como o
Plano de Investimento para a Europa (Investment Plan / United Kingdom), que visa promover a criação
de emprego, recuperar a economia e aumentar a competitividade das PME.

Para mais informações sobre como iniciar um negócio neste mercado, a AICEP disponibiliza as
seguintes publicações:
• Reino Unido – Estabelecimento de Empresas (2015);
• Reino Unido – Formas Societárias e Custos de Constituição (2013).

Por sua vez, na Internet, os interessados podem também aceder a Guias de Investimento / sites
relevantes, que abordam, designadamente, formas de sociedades, questões laborais, fiscais, segurança
social, propriedade intelectual, setores de oportunidades e incentivos no Reino Unido:

• Business Investment in the UK: Guidance for Overseas Businesses (UK Trade & Investment, 2015);
• Business and Self-employed / Set up a Business in the UK (Government UK, 2015);
• Entrepreneurs Setting up in the UK (UK Trade & Investment, 2015);
• Invest in the UK: Your Springboard for Global Growth (UK Trade & Investment, 2015);
• Doing Business in the United Kingdom (World Bank Group, 2015);

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• Doing Business in the UK (UHY, 2015);


• Taxation and Investment in United Kingdom / Highlights (Deloitte, 2015);
• Creative Setor Tax Reliefs (UK Trade & Investment, 2014).
• International Business Guide to the Isle of Man (Cains Advocates).

Finalmente, de forma a promover e a reforçar as relações de investimento entre os dois países, foi
assinada, entre Portugal e o Reino Unido, a Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a
Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, em vigor desde 20 de janeiro de 1969.

Notas:
1. A produção legislativa britânica pode ser consultada no site – Legislation UK (National Archives).
2. Para mais informação legislativa sobre mercados externos, os interessados podem aceder ao Site da aicep Portugal Global em
Mercados Externos ou na “Livraria Digital”.

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