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Uma coluna é um elemento arquitetónico destinado a receber as cargas estruturais verticais

de uma obra de arquitetura (arco como barramento, arquitrave, abóbada) transmitindo-as à


fundação. Embora tenha a mesma função de um pilar, este é geralmente mais robusto e de
secção quadrada, (o que poderia corresponder genericamente ao fuste da coluna). A coluna
costuma ser caracterizada por uma estrutura mais esbelta e esguia em prumo (tradicionalmente
de secção cilíndrica podendo também ser poligonal) e que acarreta um significado histórico,
decorativo e simbólico mais acentuado. Os materiais de construção podem variar entre
a pedra, alvenaria, madeira, metal ou mesmo tijolo atingindo-se uma grande variedade formal e
decorativa que se pode observar desde a antiguidade.
Componentes

Base
A base, do latim base (planta do pé), é o ponto de ligação do fuste com o pedestal ou pavimento
do edifício. Surge inicialmente como uma simples placa de pedra, consequência da necessidade
de evitar que a humidade do chão danificasse as primeiras colunas de madeira.
Em geral possui um tratamento estético próprio (no caso da antiguidade clássica, seguindo os
princípios da ordem utilizada). Na antiguidade clássica a base inicia com uma placa quadrada
designada plinto podendo ser seguida de outros discos de perfil côncavo ou convexo e que têm
por objetivo dar maior plasticidade visual à base.
Nas ordens clássicas a base assenta numa construção em degraus designada crépis ou
estereóbata cujo último nível é a estilóbata.
Ainda um elemento, o scamillus , surge entre a estilóbata e a base da coluna.
O templo grego apresenta uma ligeira curvatura na base e na arquitrave em
direção ao centro, quase imperceptível, mas o suficiente para transmitir uma
imagem total de harmonia. O scamillus define-se então como um pequeno
elemento (em cunha) de ajuste ou nivelamento que permite que a base da
coluna assente numa superfície horizontal.
Podem-se encontrar bases decoradas com elementos geométricos, vegetais ou animais
fantásticos.
Fuste
O fuste , do latim fuste (pau de madeira), é, de uma certa forma, a própria coluna (elemento
vertical de apoio), constituindo a sua central e maior parte e fazendo a ligação entre a base e o
capitel. Pode ser composto por um só bloco (monolítico) ou segmentado pela sobreposição de
diversos blocos (também designados tambores). Caso a coluna só apresente fuste, o extremo
inferior deste designa-se imoscapo e o superior sumoscapo.
Em alguns casos pode existir uma ligeira curvatura do fuste (engrossamento)
designada entasis , em que o diâmetro aumenta a 1/3 da sua altura de modo a reduzir a distorção
óptica, uma espécie de desproporção oferecida pelo nível baixo do ponto de vista do
observador. Outras deformações são também possíveis, como a redução do diâmetro numa das
extremidades do fuste (afunillamento).
Na antiguidade clássica as caneluras (finas estrias ou sulcos longitudinais) são a decoração do
fuste por excelência. Outros estilos apresentam um fuste totalmente desprovido de decoração e
ainda outros revestem-no de uma extrema profusão de relevos, descrições de cenas, decorações
vegetais ou geométricas.
Capitel
O capitel , do latim capitellum diminutivo de caput (cabeça, extremidade), faz a união entre o
elemento vertical (fuste) e horizontal (arquitrave ou imposta de um arco) de características
estáticas muito diferentes. Assim, o capitel não só soluciona problemas técnicos como assume,
acima de tudo, um papel estético sendo normalmente a parte mais trabalhada da coluna, a parte
mais característica de uma dada ordem ou estilo.
Consoante o momento histórico (principalmente nas ordens clássicas) o capitel pode ainda ser
subdividido nos seguintes elementos:

Astrágalo - (do grego astrágalos).


Moldura em forma de filete semicircular
na zona superior após o fuste e que
antecede o capitel.
Equino - (do grego echînos, ouriço).
Presente no capitel da ordem dórica é
um elemento em forma de almofada sob
o ábaco.
Ábaco (n no esquema) - (do grego abax,
quadro, mesa). Placa quadrada e espessa
que remata o capitel.

Posicionamento
A sua situação ou posicionamento relativamente ao espaço envolvente pode diferir consoante a
necessidade ou objetivo. Assim, a coluna pode ser independente ou exenta (no caso, por
exemplo, de colunas comemorativas), isolada (em que os únicos pontos de contacto com a
construção são as extremidades), geminada (agrupadas a duas, como se pode observar no caso
de claustros medievais), adossada (em que o fuste entra em contacto com outra superfície, como
em casos de pilares complexos com várias colunas adossadas nos cantos) ou embebida (em que
só uma determinada parte da coluna é visível, como estando “embutida” verticalmente noutro
elemento. Nestes casos o mais comum é a secção vertical resultando numa meia-coluna).
Quando se situa no cruzamento de duas superfícies (ângulo) designa-se por angular ou
acantonada, resultando numa coluna de ¾.

Antiguidade clássica

O desenho das colunas foi, em várias culturas, uma atividade bastante importante. Entre todas,
porém, a arquitetura clássica (desenvolvida pelos gregos e romanos) foi a que mais se dedicou
ao assunto, dando ao tratamento das colunas um lugar especial na categorização de suas ordens
arquitetônicas.
Ordens arquitectónicas

Ordem dórica
A ordem dórica é a mais rústica das três ordens arquitetônicas gregas, de acordo
com Vitrúvio é quase certo que esta ordem se originou de um tipo primitivo de construção em
madeira. Entre as suas características é possível citar as colunas desprovidas de base, assentando
no último degrau ou estilóbato; capitel despojado, arquitrave lisa, friso com métopas e tríglifos,
e mútulos sob o frontão. Possui vinte linhas verticais.
Origem
A coluna de estilo dórico surgiu nas costas do Peloponeso, ao sul, no início do século VII a.c. A
ordem dórica, a mais antiga das existentes na arte grega, apresenta formas geométricas, regras
rígidas, uma elegância formal e um equilíbrio de proporções. É principalmente empregada no
exterior de templos dedicados a divindades masculinas e é a mais simples das três ordens gregas
definindo um edifício em geral baixo e de caráter sólido. A coluna não tem base, tem entre
quatro e oito módulos de altura, o fuste é raramente monolítico e apresenta vinte estrias ou
sulcos verticais denominados de caneluras. O capitel é formado pelo equino, ou coxim, que se
assemelha a uma almofada e por um elemento quadrangular, o ábaco. O friso é intercalado por
módulos compostos de três estrias verticais, os tríglifos, com dois painéis consecutivos lisos ou
decorados, as métopas. A cornija apresenta-se horizontal nas alas, quebrando-se em ângulo nas
fachadas de acordo com o telhado de duas águas.
Na Ordem maçônica ela representa a fora, característica da coluna do Norte ou dos aprendizes.
Ordem jónica
A Ordem Jônica é uma das ordens arquitetônicas clássicas.
Suas colunas possuem capitéis ornamentados com duas volutas, altura nove vezes maior que
seu diâmetro, arquitrave ornamentada com frisos e base simples. Possui vinte e quatro linhas
verticais.
Origem
Na arquitetura grega, os templos eram as edificações que despertavam o maior interesse,
construídos não só para reunir pessoas em seu interior para cultos religiosos, como também para
proteger da chuva ou do sol as esculturas de suas divindades. A característica mais evidente dos
templos gregos é a simetria entre o pórtico da entrada - pronau - e o dos fundos - opistódomo.
O núcleo do templo grego era formado pelo pronau, pelo naos (recinto onde ficava a imagem da
divindade) e pelo opostódomo. Esse núcleo era cercado pelo peristilo (colunata, ou série de
colunas). Em cidades mais ricas, o peristilo chegou a ser formado por duas séries de colunas em
torno do núcleo do templo.
O templo era construído sobre uma base de três degraus. O degrau mais elevado chamava-
se estilóbata e sobre ele eram erguidas as colunas do peristilo e as paredes do núcleo do templo.
As colunas do templo sustentavam um entablamento horizontal, formado por três partes:
a arquitrave, o friso, e a cornija. As colunas e o entablamento eram construídos segundo os
modelos da ordem dórica ou da ordem jônica.
A Ordem Jônica surge a leste da Grécia oriental e seria, por volta de 450 a.C., adotada também
por Atenas. Desenvolvendo-se paralelamente ao dórico apresenta, no entanto, formas mais
fluidas e uma leveza geral, sendo mais utilizado em templos dedicados a divindades femininas.
A coluna possui uma base larga, tem geralmente nove módulos de altura, o fuste é mais elegante
e apresenta vinte e quatro caneluras. O capitel acentua a analogia vegetal da coluna pela criação
de um elemento novo entre o coxim e o ábaco de caráter fitomórfico. Este elemento dispõe de
dois “rolos” consideravelmente projetados para os lados, as volutas. O friso passa a ter elemento
único decorado em continuidade.
O Erecteion de Atenas, talvez o mais belo dos templos jônicos, levantando em honra de um
lendário herói ateniense chamado Erecteu, terminou sua construção em 406 a.C., estando
localizado sobre a Acrópole da cidade. A ordem jónica percorreu uma lenta evolução desde a
sua criação (séc. VI a.C.) até à sua constituição final no período clássico. A ordem jónica é
caracterizada pela existência de: uma base seguida ou não de um plinto ; tem igualmente um
fuste delgado, na generalidade feito por uma só pedra, que possui mais caneluras, do que as
existentes na ordem dórica; estas apresentam-se mais profundas e semicirculares, não possuem
quaisquer arestas vivas e a sua ênfase mostra-se pouco notória; do mesmo modo apresenta um
capitel muito característico com faces iguais duas a duas (normalmente são quatro volutas ou
espirais unidas por linhas curvas); apresenta ainda uma arquitrave composta por três faixas
progressivamente salientes e um friso contínuo e decorado.
O estilo jónico revela uma ligação entre o interior e o exterior do templo e entre as paredes, os
suportes e os balaústres; nota-se igualmente a existência de colunas esbeltas, decorativas,
conectadas com o símbolo feminino e apresentando-se menos rigorosas. Temos como exemplos
de templos estritamente ligados com a ordem jónica: o Templo de Atena Níké, o Tesouro de
Delfos e o Parténon. A junção da ordem dórica e da ordem jónica originou o que designamos
por propileus, ou seja, a entrada monumental dos antigos edifícios gregos

Ordem coríntia
A ordem coríntia começa a ser utilizada no século IV a. C. como uma evolução estilizada da
ordem jónica. As suas proporções são, igualmente, esbeltas e elegantes, o fuste decorado com
caneluras semicilíndricas, mas o capitel apresenta uma decoração exuberante com folhas de
acanto, coroadas por volutas jónicas. O entablamento e o frontão também apresentam motivos
decorativos. Esta ordem integra-se no espírito mais ornamentista que caracterizou o século IV a.
C. e viria a ser muito apreciada pelos Romanos que a expandiram por todo o Império.
Características
Sendo assim o formato do capitel coríntio sugere folhas de acanto e quatro espirais simétricas e
foi usado para substituir o capitel jônico como uma variante luxuosa desta ordem.
Suas principais características:
Acantos estilizados, com pontas curvadas para fora, com 4 volutas menores nos cantos;
Um fuste mais delgado do que o da ordem jônica;
Mais esguia: com altura igual a até 11 vezes o diâmetro.
O entablamento e o frontão, ricamente adornados com relíquias;
Precisão de detalhes que visava a expressão de luxo e poder.

Coluna de fuste humano: Trata-se de uma coluna onde o fuste é substituído pela representação
escultórica de uma figura feminina (cariátide, kanephoren ou koren) ou masculina (atlante, com
os braços levantados a suportar o peso da arquitrave, ou kouroi - da arte arcaica grega do mar
Egeu, com os braços ao longo do corpo).
Coluna das bestas: Trata-se de uma coluna independente que surge somente na época
do Império Romano, mais especificamente em França e Itália. Esta coluna apresenta o fuste
totalmente coberto por relevos escultóricos representando leões e animais fantásticos em
situação de luta.

Os tipos de colunas egípcias são divididas conforme seu capitel. A ordem protodórica (Que tem
a forma de um poliedro, um sólido delimitado por polígonos planos, composto por quatro ou
mais faces, ou que possui múltiplas faces), marca sob o Antigo Império a transição entre o pilar
e a coluna:
• Palmiforme – inspirada na palmeira branca;
• Lotiforme – capitel representa um ramo de lótus com corolas fechadas e o fuste reproduz
vários caules atados por um laço.
• Papiriforme - flores de papiro. O fuste da coluna papiriforme é igualmente fasciculado, desta
vez em arestas vivas. Quando as umbrelas estão abertas, o capitel é chamado de campaniforme;

Dórica
Como a mais antiga e simples das Ordens Clássicas gregas, surgiu durante o século VII a.c..
Com linhas rudimentares e estética ligada à proporção do corpo masculino e seu arquétipo
robusto, foi empregada em edifícios gregos em homenagem a divindades masculinas. Nas
palavras de Vitrúvio, o dórico exemplifica “proporção, força e graça do corpo masculino” [4],
denotando equilíbrio, e para ele, deve ser usada em “igrejas dedicadas aos santos mais
extrovertidos (S. Paulo, S. Pedro ou S. Jorge)” [5]. Na arquitetura grega, o desenho dos capitéis
também são dispostos em função da distribuição de cargas à coluna, e a partir desse
pressuposto, por desenho simplificado, a ordem dórica contempla edifícios mais baixos, com
aproximadamente 8 módulos de altura. Nesse modelo, o capitel é composto por duas partes, o
équino e ábaco. O primeiro diz respeito à espécie de uma almofada e o segundo a um elemento
quadrado que recebe diretamente as cargas do frontão.
Jônica
Caracterizando o estilo mais rebuscado dos três modelos baseados no desenho grego, esta
ordem apresenta uma série de detalhes e desenhos altamente pensados e elaborados de modo a
imitar a “figura delgada de uma menina”, como pontua Vitrúvio [8]. Brotos e folhas de acanto
caracterizam o grafismo tridmensionalizado pelo esculpir na pedra. Possui dez módulos em
altura, sendo a coluna mais esguia das três.

Coríntia
Concebida pelos romanos, denota uma reinterpretação da ordem dórica. Com sete módulos em
altura – um módulo a menos que a coluna dórica apresenta simplificação formal e
consequentemente estrutural. Para Vitrúvio, é “adequada para fortificações e prisões” [9].
Diferente dos três modelos de origem grega, onde o fuste apresenta caneluras, nesta, o mesmo é
liso, buscando a simplificação.

Descrição de Vitrúvio
Vitrúvio descreve a ordem Coríntia como inventada por Calímaco, um arquiteto e escultor
ateniense que se inspirou em um cesto de acantos.[1] Nas palavras de Vitruvius, em seu Livro 4,
Da Arquitetura:[1]
“Por seu turno, o terceiro, que é chamado coríntio, procura reproduzir a delicadeza virginal, pois
as donzelas, em razão da tenra idade, formadas por membros mais graciosos, produzem com
seus adereços efeitos mais agradáveis. (...) Uma virgem de Corinto, mal chegada à idade núbil,
acometida por uma enfermidade, faleceu. Após seu sepultamento, sua ama reuniu e dispôs num
cesto as poucas coisas às quais ela se afeiçoara enquanto vivera. Levou-as a seu túmulo e as
colocou sobre ele, e, para que elas se conservassem dia após dia, teceu por cima delas um
pequeno teto. O cesto havia sido colocado casualmente sobre raízes de acanto, e, nesse ínterim,
premidas por seu peso, verteram na primavera, folhagens e hastes em profusão. As hastes do
acanto, crescendo ao longo das bordas do cesto e empurradas pela beira do teto, em razão do seu
empuxo, foram forçadas acurvar suas extremidades. Calímaco, então, que em virtude da
elegância e da graça de sua arte de trabalhar o mármore foi denominado pelos atenienses o
príncipe dos artífices, passando perto desse monumento, reparou no cesto e na delicadeza da
folhagem que medrava ao redor, e, encantado com a novidade das formas produzidas, executou
para os coríntios colunas segundo esse modelo e instituiu suas proporções, e atribuiu as relações
da ordem coríntia a partir daquilo que está presente na perfeição de suas obras”.
— Vitrúvio[2][3]

Egípcio
As duas primeiras capiteis egípcias de importância são aquelas baseadas nas plantas de lótus
e papiro, respectivamente, e estas, com a capitel da palmeira, eram os principais tipos
empregados pelos egípcios, até sob os Ptolomeus nos séculos III a I a.C., vários outros plantas
fluviais também foram empregadas, e o capitel de lótus convencional passou por várias
modificações.

Muitos motivos da ornamentação egípcia são simbólicos, como o escaravelho, ou besouro


sagrado, o disco solar e o abutre. Outros motivos comuns incluem folhas de palmeira, a planta
do papiro e os botões e flores do lótus.[2]

Alguns dos tipos mais populares de capitéis eram o Hator, o lótus, o papiro e o composto
egípcio. A maioria dos tipos é baseada em motivos vegetais. Os capitéis de algumas colunas
foram pintados em cores brilhantes.

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