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- A Fala do Narrador
- A Fala dos Personagens Diegéticos
- A Fala do Aparato de Aprendizagem
1. https://www.universitypressscholarship.com/view/10.5622/illinois/
9780252043000.001.0001/upso-9780252043000-chapter-003
Acessado em 26/10/2020
Análise de Cena:
A cena se inicia com o uma cama sonora composta por cordas friccionadas fazendo
um segundo plano para uma flauta que realiza ciclos de transição entre as notas C, Db e
Ab, formando uma segunda menor ascendente composta pela passagem da sensível para a
tônica e logo depois uma quarta justa descendente, trazendo uma sensação de
estranhamento seguida por um distanciamento, que nos traz uma percepção de suspense e
mistério associada a apresentação dessa nova tecnologia e do ritual de aprendizado Traag.
Essa música para quando Terr acaba de explicar sobre o aprendizado e dá espaço para um
som que sai do aparato identificado como tiara da informação, de textura sirene, um som
com alterações sobre a nota e filtro muito rápido, objeto sonoro representativo da
sonoridade tecnofônica da obra. Quando ele é ativado, traz consigo o início do tema 2. O
aparato começa a explicar o planeta fantástico, satélite natural onde os Traags conduzem
suas meditações, passando logo depois para uma divisão geológica do planeta Ygam.
Podemos perceber, enquanto o aparato fala, a presença constante de termos
alheios à nossa realidade humana, em falas como: “blocos de fixação combatem a
rebatização pôntica”, unindo termos científicos e termos fantasiosos em uma frase
suficientemente coesa para uma interpretação abstrata de como eles experienciam o
mundo, empregando aqui esse objeto sensível que é uma intersecção entre a literatura de
ficção científica e o soft storytelling.
A cena começa com os Oms dormindo, é possível ouvir seus roncos, porém Terr
está acordado e sai da grande árvore; temos uma cena curta, sem som específico
relacionado diretamente à ela, mostrando o ritual de acasalamento da árvore grande.
Enquanto Terr percorre o parque para chegar à tribo da árvore oca o som é
composto puramente por paisagem sonora, caracterizada principalmente por sons
biofônicos e antropofônicos(B5-A1).Entre os sons predominam texturas sirene
semelhantes ao ocorrido em 00:17:20 , porém em 46:41 há um som que se assemelha
levemente aos sons tecnofônicos do filme devido a aparente modulação rápida
sequenciada no pitch, o que pode representar o estágio avançado da tribo da árvore
oca em relação a tribo da grande árvore. Terr é atacado por um dos vigias da árvore
oca e conforme o levam inconsciente para a tribo começa o tema V, gerando tensão
que funciona para afligir o ouvinte e demonstrar o perigo da situação, já que a tribo da
árvore oca é descrita para Terr previamente pelo líder da grande árvore como uma
“tribo de ladrões” com a qual Terr deveria ter cuidado, vendo-os como inimigos. A anciã
da tribo da árvore oca pergunta para ele o que ele está fazendo ali e então a música
para enquanto ele se levanta e recobra a consciência.
Segue abaixo o diálogo decorrente:
É possível perceber pelo conteúdo das falas que elas servem apenas para
mover a história, a cena serve para uma introdução da anciã, que terá papel relevante
na narrativa. Além disso vemos que o estilo dessa animação, de poucos frames e feita
com recortes de papel, não possui uma grande gama de expressão faciais e sua
transição é brusca, deixando assim a voz incubida de demonstrar o estado emocional
do personagem baseado nas inflexões do diálogo.
Após o diálogo, Terr é preso e a câmera foca em seu rosto desesperançoso
enquanto entra o tema IV marcado por timbres graves de bumbo e baixo, tendo o baixo
as cordas puxadas com força. A música para quando o dia amanhece e corta para a
próxima cena.
3. Fuga de Terr I
Cena começa com Tiwa retornando para casa após sua primeira
meditação, com uma música alegre. Tiwa entra na casa e olha para o seu quarto
procurando por Terr. Quando a câmera muda de Tiwa para o quarto vazio a
melodia transita de calma para tensa através da pausa dos elementos e a transição
para o baixo, nesse momento a música expressa a busca de Tiwa por Terr com a
utilização de acordes tensos, uma melodia ascendente que se repete sob uma
flauta que alterna entre duas notas, primeiramente mi e fá e, em seguida, si e dó,
caracterizando ciclos de segunda menor entre um trítono, enquanto a velocidade
aumenta gradativamente, intensificando o grau de tensão da cena. Terr Narrador
começa a falar, segue abaixo sua fala:
“It just sounded robotic,” said Tom Gruber, who worked on synthetic speech
systems in the early ’80s and went on to create the digital assistant that became Siri
when Apple acquired it in 2010.
By 1990, companies like AT&T had started to deploy these new systems, allowing the
hearing-impaired, for example, to generate synthetic speech for phone calls. The
voices, though, typically sounded male.
That year, at the Bell Labs research center in Naperville, Ill., Dr. Syrdal
developed a voice that sounded female — a much harder result to achieve, in part
because so much of the previous engineering work had been done for male voices.
https://www.nytimes.com/2020/08/20/technology/ann-syrdal-who-helped-give-
computers-a-female-voice-dies-at-74.html
HAL's capabilities, like all the technology in 2001, were based on the speculation
of respected scientists. Marvin Minsky, director of the MIT Computer Science and Artificial
Intelligence Laboratory (CSAIL) and one of the most influential researchers in the field,
[29]
was an adviser on the film set. https://en.wikipedia.org/wiki/HAL_9000
Pesquisa:
https://www.universitypressscholarship.com/view/10.5622/illinois/
9780252043000.001.0001/upso-9780252043000-chapter-003
- Nas décadas seguintes ao fim da Guerra, dois grandes fatores passaram a ser
determinantes para o estudo da animação, influenciando tanto o conteúdo formal
quanto o formato técnico dos filmes e seus meios de produção: a polarização sócio-
econômica do mundo entre capitalismo e comunismo, e a popularização universal da
televisão como meio de comunicação.
(Movimentos Invisíveis, 2010, Daniel Leal Werneck, p. 44)
- Obviamente, os orçamentos dos filmes não eram tão altos quanto os dos estúdios
de Hollywood, e os animadores desses países comunistas dependiam muito mais de
seu talento narrativo do que de malabarismos tecnológicos para produzir seus
filmes. Entre o final da segunda guerra e a queda do muro de berlim, estúdios
lendários como o Kratky Film da Tchecoslováquia, o Panonnia Film da Hungria, o
SFA da Polônia, o Zagreb Film da Croácia e o Soyuzmultfilm da União Soviética
produziram milhares de curtas, longas e séries de TV que foram exibidos em salas
de cinema, festivais e programas de televisão em todo o mundo, com uma liberdade
artística tão grande quanto eram pequenas suas liberdades temáticas. Esses filmes
tinham um amplo espectro de técnicas e visualidades, permitindo um grande
experimentalismo estético por parte dos artistas, tanto nas imagens quanto no som.
(Movimentos Invisíveis, 2010, Daniel Leal Werneck, p. 45)
- O estúdio (Soyuzmultflm) foi financiado pelo governo comunista desde sua fundação
até 1989, quando pressões políticas e econômicas o privatizaram. Nesse meio
tempo, a principal função do estúdio não era de produzir filmes comerciais que
agradassem ao público, mas que agradassem também o governo e servissem como
propaganda. Não que os filmes fossem todos de propaganda ideológica, mas eram
provas de superioridade cultural da União Soviética, assim como o balé Bolshoi, os
cosmonautas e os atletas olímpicos. Assim, o principal interesse do governo não era
vender os filme para canais de televisão, mas sim exibí-los no maior número
possível de festivais de animação possível, acumulando prêmios e condecorações
que validassem o comunismo como estilo de vida.
(Movimentos Invisíveis, 2010, Daniel Leal Werneck, p. 68)
- Precurssores do som fotografado, como Oskar Fischinger e o russo Arseny
Avraamov, já haviam experimentado com imagens pintadas sobre papel e
fotografias sobre a faixa sonora do filme, e vários músicos experimentais dos anos
1930 usavam essa técnica para criar composições sonoras consideradas algumas
das primeiras experiências com música eletrônica. No entanto, era isso que eles
buscavam com o método: fazer música, em uma espécie de MIDI visual dos anos
1930. McLaren criava sons, às vezes usando imagens pré-definidas e estritamente
relacionadas às notas da escala musical ocidental, mas as vezes criando formas
orgânicas diretamente sobre o filme, criando sons imprevisíveis que nunca haviam
sido ouvido antes.
(Movimentos Invisíveis, 2010, Daniel Leal Werneck, p. 168)