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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E

MUCURI

Engenharia Mecânica
Modelagem de Materiais Compósitos

Pedro Henrique Lobato Guerra

PROVA 2

Diamantina
2023
1

Sumário
QUESTÃO 1...........................................................................................................................2
QUESTÃO 2...........................................................................................................................5
QUESTÃO 3...........................................................................................................................7
QUESTÃO 4...........................................................................................................................8
QUESTÃO 5:....................................................................................................................... 10
QUESTÃO 6.........................................................................................................................10
QUESTÃO 7.........................................................................................................................13
QUESTÃO 8.........................................................................................................................15
QUESTÃO 9.........................................................................................................................18
2

QUESTÃO 1
Descreva os seguintes processos de fabricação de materiais compósitos:

• Laminação manual (“hand lay-up”);


• Laminação com pré-impregnação de resina (“prepreg”);
• Deposição por pulverização (“spray-up”);
• Moldagem por ensacamento de pressão;
• Moldagem por ensacamento a vacuo;
• “Filament winding”
• Pultrusão (“Pulltrusion”)
• Estampagem térmica.

RESPOSTA:

➔ Laminação Manual

A laminação manual (ou hand lay-up) é um dos métodos de fabricação mais simples
e tradicionais para produção de componentes em materiais compósitos. Nesse processo, a
fibra de vidro é aplicada manualmente sobre um molde aberto, na forma de manta,
tornando-o um dos primeiros métodos adotados pelas indústrias. O passo a passo para a
aplicação desse método é o seguinte:

● Preparação do molde;
● Aplicação do Gel Coat;
● Aplicação da manta de fibra de vidro e resina;
● Cura;
● Desmoldagem da peça final.

A laminação manual é amplamente utilizada na fabricação de componentes em


materiais compósitos devido à sua simplicidade e facilidade de execução. Consiste em
banhar as fibras com a matriz (geralmente resina) sobre o molde, camada por camada.
Durante esse processo, o excesso de resina é retirado com uma espátula e a distribuição é
feita com um rolo, que também ajuda a evitar a formação de bolhas de ar. A presença de
bolhas poderia comprometer significativamente as propriedades mecânicas do componente
final.

Diversos tipos de fibras e matrizes poliméricas podem ser utilizados nesse método.
As combinações mais comuns envolvem resina epóxi ou poliéster com fibras de carbono,
vidro ou Kevlar. É importante ressaltar que as laminações são normalmente realizadas em
temperatura e pressão ambiente, o que inviabiliza o uso de matrizes poliméricas
termoplásticas nesses casos, uma vez que elas requerem condições específicas de
temperatura e pressão para o processo de cura.

➔ Laminação com pré-impregnação de resina


3

A fabricação dos prepregs inicia-se com a colimeração de uma série de mechas de


fibras contínuas enroladas em uma bobina. Em seguida, as fibras são tracionadas através de
um banho de resina aquecida de baixa viscosidade, garantindo a completa impregnação.
Posteriormente, uma lâmina é utilizada para espalhar a resina uniformemente sobre as
fibras.

Após esse processo, as fibras impregnadas são prensadas e sanduichadas entre folhas
de papel de liberação e suporte, utilizando rolos aquecidos, para promover uma pré-cura
(calandragem). As folhas de papel impregnado de silicone ou película de polietileno têm a
função de evitar a aderência e são removidas no momento do uso.

Esses materiais são feitos com resinas especiais que, quando mantidos em baixas
temperaturas (ligeiramente abaixo de zero), têm um tempo de vida útil relativamente longo,
em torno de 15 dias. Quando expostos a altas temperaturas, ocorre o processo de cura e
endurecimento. Vale mencionar que os prepregs têm um custo mais elevado em comparação
com os tecidos de fibra secos, principalmente devido às exigências especiais de transporte e
armazenamento.

➔ Deposição por pulverização

Para realizar o processo de laminação por projeção à pistola, são necessários os


seguintes equipamentos: um compressor, uma pistola laminadora e os mesmos
equipamentos utilizados no processo manual.

O procedimento ocorre através da pulverização simultânea da resina e das fibras de


vidro utilizando uma pistola específica. Durante o processo, as fibras de vidro são cortadas
no comprimento desejado e direcionadas por um jato de ar proveniente do compressor,
depositando-se ao mesmo tempo junto com a resina sobre a superfície do molde. Para evitar
deformidades, bolhas e outros efeitos indesejados, a camada de resina e reforço aplicada é
compactada manualmente com um rolo.

O processo de laminação por projeção à pistola é uma evolução do método de


laminação manual, onde as fibras de vidro e a resina são aplicadas simultaneamente sobre o
molde. Essa aplicação é realizada por equipamentos conhecidos como pistolas laminadoras,
que cortam as fibras de vidro em comprimentos pré-determinados, misturam a resina ao
iniciador (mistura interna ou externa à pistola) e projetam simultaneamente essa mistura
sobre o molde.

Após a aplicação, a camada de fibras de vidro e resina é compactada usando roletes,


de maneira semelhante ao processo manual, garantindo uma laminação de qualidade.

➔ Moldagem por ensacamento de pressão

O processo de moldagem a vácuo é empregado para obter peças com acabamento


superficial em ambos os lados. Devido a essa característica, esse método é amplamente
utilizado na produção de séries pequenas. A modelagem exige o uso de moldes seccionados,
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compostos por um macho e uma fêmea, para garantir um acabamento liso em ambos os
lados da peça.

Nesse procedimento, um molde fêmea e um molde macho são utilizados.


Primeiramente, uma quantidade de resina é inserida no molde fêmea e, em seguida, a peça é
pressionada por uma máquina contendo o molde macho. Para efetuar o processo, utiliza-se
vapor e ar comprimido para inflar o molde macho. Esse processo provoca a expulsão do
excesso de resina, juntamente com o ar retido, resultando em uma peça final com o
acabamento desejado.

➔ Moldagem por ensacamento a vacuo

A laminação a vácuo representa uma evolução e aprimoramento do processo de


laminação manual. O procedimento é semelhante à laminação manual convencional, porém,
com um diferencial significativo. Na laminação a vácuo, a peça a ser produzida é
cuidadosamente selada em uma bolsa plástica, que, por sua vez, é conectada através de
tubos, mangueiras e válvulas a uma ou mais bombas de vácuo.

O processo de moldagem a vácuo é especialmente empregado para a obtenção de


peças com acabamento superficial em ambos os lados, o que o torna ideal para produções
em séries pequenas. Para garantir esse resultado, é necessária uma modelagem com o uso de
moldes seccionados, compostos por um macho e uma fêmea. Essa estrutura assegura a
criação de um acabamento liso em ambos os lados da peça, conferindo alta qualidade ao
produto final.

➔ Filament winding

No processo de enrolamento plano, o mandril permanece fixo, enquanto o braço de


alimentação de fibra gira ao longo do eixo longitudinal ao redor dele. Já no enrolamento
helicoidal, o mandril gira, enquanto o carro de alimentação de fibra se move para frente e
para trás a uma velocidade controlada, permitindo a formação do ângulo helicoidal
desejado. Esse método também pode ser empregado em produtos que não possuem
superfícies de revolução.

Uma das técnicas de fabricação utilizadas na produção de peças feitas com materiais
compósitos é conhecida como "Enrolamento Filamentar" ou "Filament Winding". Nesse
processo, uma superfície de um mandril é revestida por meio do enrolamento de fibras
contínuas que são aplicadas a um banho de resina. Essa técnica permite criar peças
resistentes e com propriedades específicas de acordo com a disposição das fibras e a
orientação do enrolamento.

➔ Pultrusão

A pultrusão é um método para a fabricação contínua de compósitos. O equipamento


de pultrusão puxa as matérias-primas através de um molde de aço aquecido. Os materiais de
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reforço são alimentados continuamente pelo equipamento, seja por rolos de tapetes ou rolos
de fios. Os reforços são impregnados (molhados) com a mistura de resina fora do molde e,
em seguida, atravessam o molde aquecido. O calor do molde inicia o endurecimento da
resina, resultando em um perfil rígido e curado.

O processo consiste em tracionar fibras impregnadas com resinas através de moldes


aquecidos, onde ocorre a polimerização da resina. Os perfis obtidos por esse processo são
contínuos, podendo ser maciços ou vazados, retos ou curvos, mas sempre de seção
constante. Dentre as vantagens desse processo, destacam-se a produção contínua para séries
elevadas, a reduzida necessidade de mão-de-obra, a ampla variedade de perfis e a
diversidade de propriedades mecânicas, que podem ser ajustadas conforme o tipo e a
porcentagem de reforço utilizado.

➔ Estampagem térmica

A estampagem de compósitos termoplásticos é um método que possibilita o controle


eficiente da industrialização desses materiais inovadores, que possuem características
técnicas de vanguarda. Esse processo permite gerenciar de forma precisa o tempo e os
custos de fabricação. A formatação de peças complexas requer um controle minucioso em
todas as etapas do processo, incluindo a transformação, o aquecimento, a prensagem e o
resfriamento.

Para sua implementação, a resina termoplástica é submetida a altas temperaturas e,


em seguida, passa por um processo de resfriamento controlado. Isso é fundamental para
obter a estrutura cristalina adequada e determinar as propriedades mecânicas da peça feita a
partir desse compósito. Esse controle preciso do processo de estampagem garante a
qualidade e a consistência das peças produzidas, tornando possível a utilização desses
materiais inovadores em diversas aplicações industriais.

QUESTÃO 2
Descreva os mecanismos de falha:

• Tração longitudinal
• Compressão longitudinal
• Tração transversal
• Compressão transversal
• Cisalhamento no plano

RESPOSTA:

● Tração Longitudinal:

A tração longitudinal é a aplicação de força em um corpo na direção do seu


comprimento. Essa força provoca um alongamento no sentido da aplicação e redução da sua
seção transversal. Em termos de mecanismo de falha, isso ocorre quando forças opostas são
aplicadas no corpo. Se um laminado é submetido a um carregamento progressivo de tração
6

longitudinal, ou seja, paralelo às fibras, a falha pode ocorrer na matriz ou na fibra. O


componente que apresentar a menor deformação final governará a falha. O ponto de falha é
alcançado quando a deformação longitudinal atinge a deformação de tração final da fibra ou
matriz, o que tiver a menor deformação.

● Tração Transversal:

A tração transversal envolve a aplicação de forças opostas no corpo,


perpendicularmente às fibras do material. Em alguns casos, não é possível orientar as fibras
de forma paralela ao carregamento. Esse tipo de carregamento provoca concentração de
tensões e deformações nas fibras, matriz e interface entre esses constituintes.

● Compressão Longitudinal:

Na compressão longitudinal, o laminado é submetido a uma força progressiva na


direção do centro do material, ao longo das fibras do material. Isso faz com que o corpo seja
comprimido longitudinalmente, resultando em um processo inverso à tração. O modo de
falha aqui pode envolver microflambagem das fibras, mas isso dependerá da fração
volumétrica das fibras. Se a fração volumétrica das fibras for baixa, as fibras flambam
individualmente com grandes distâncias entre elas. Se a fração volumétrica for alta, as fibras
flambam alinhadas entre si.

● Compressão Transversal:

Sob carregamento de compressão transversal às fibras, podem ocorrer diversos


mecanismos de falha, incluindo cisalhamento da matriz, descolamento entre os constituintes
e esmagamentos localizados. Esse tipo de compressão envolve a aplicação de forças ao
longo do centro do material, perpendicularmente às fibras, resultando em uma compressão
transversal, processo inverso à tração.

● Cisalhamento no Plano:

O cisalhamento no plano ocorre quando o material está sujeito a um estado uniaxial


de tensão de cisalhamento em um plano específico. A deformação ou fratura por
cisalhamento ocorre devido ao escorregamento dos planos atômicos, similar ao movimento
de cartas empilhadas em um baralho. A resistência a esse tipo de falha depende
principalmente das propriedades da matriz e da interface matriz/fibra, uma vez que a
propagação da trinca pode ocorrer de forma a cisalhar toda a matriz sem danificar as fibras.
Além disso, a presença de vazios e a resistência de adesão entre os constituintes também
afetam a resistência ao cisalhamento. Os modos de cisalhamento no plano incluem
cisalhamento da matriz com ou sem descolamento da fibra/matriz ou apenas por
descolamento.
7

QUESTÃO 3
Um especimem é construído pela união, ao longo de uma extremidade, de dois
laminados unidirecionais com fibras a 0º e 45º em relação ao carregamento. Dadas as
propriedades abaixo, qual opção representa a deformação final esperada? Prove
numericamente sua resposta.

RESPOSTA:

Para θ = 0º, considerando σ1 = σx, σ2 = 0, γ6 = 0.

ε1 = S11 σ1
ε2 = S12 σ1
γ6 = 0
1 1 1
𝑆11 = 𝐸1
= 145
= 0, 0069 𝐺𝑝𝑎

𝑣12 0,28 1
𝑆12 =− 𝐸1
=− 145
=− 0, 00193 𝐺𝑝𝑎

1
ε1 = 0, 0069 σ𝑥 𝐺𝑝𝑎

1
ε2 =− 0, 00193 σ𝑥 𝐺𝑝𝑎

Para θ = 30º, considerando σ1 = σx, σ2 = 0, γ6 = 0


8

εx = Sxx σx
εy = Syx σx
½ γs = ½ Ssx σx

Considerando m = cos(θ) e n = sen (θ):


2 2 2 2 4 4 2 2
𝑆𝑦𝑥 = 𝑚 𝑛 𝑆11 + 𝑚 𝑛 𝑆22 + (𝑚 + 𝑛 )𝑆12 − 𝑚 𝑛 𝑆66
2 2 2 2 4 4
𝑆𝑦𝑥 = [ 𝑐𝑜𝑠 (θ)𝑠𝑒𝑛 (θ)𝑆11 + 𝑐𝑜𝑠 (θ)𝑠𝑒𝑛 (θ)𝑆22 + (𝑐𝑜𝑠 (θ) + 𝑠𝑒𝑛 (θ))𝑆12 −
2 2
𝑐𝑜𝑠 (θ)𝑠𝑒𝑛 (θ)𝑆66]

𝑆𝑦𝑥 = [0, 75 * 0, 25 * 𝑆11 + 0, 75 * 0, 25 * 𝑆22 + (0, 5625 + 0, 0625)𝑆12 −


0, 75 * 0, 25𝑆66]
1 1 1
𝑆22 = 𝐸2
= 10,46
= 0, 096 𝐺𝑝𝑎

1 1 1
𝑆66 = 𝐺12
= 7,66
= 0, 132 𝐺𝑝𝑎

Logo,

𝑆𝑦𝑥 = [ 0, 75 * 0, 25 * 0, 0069 + 0, 75 * 0, 25 * 0, 096 +


(0, 5625 + 0, 0625)(− 0, 00193) − 0, 75 * 0, 25 * 0, 132]
1
ε1 = -0,0066625 σx 𝐺𝑝𝑎
1
ε2 = -0,00193 σx 𝐺𝑝𝑎

ε2 > ε1
Letras C

QUESTÃO 4
Mostre que um material cujas propriedades satisfazem a seguinte relação é isotrópico:

RESPOSTA:

Supondo que o material seja isotrópico e, de acordo com a sugestão do


professor, suas propriedades independem da orientação. Para E1 = E2 temos:
9

( ) ( )
2 2 2 2
1 𝑚 2 2 𝑛 2 2 𝑚𝑛
𝐸𝑥
= 𝐸1
𝑚 − 𝑛 υ12 + 𝐸2
𝑛 − 𝑚 υ12 + 𝐺12

Considerando 𝑚 = 𝑐𝑜𝑠⁡(θ) e 𝑛 = 𝑠𝑒𝑛(θ), para θ = 0°:

( ) ( )
2 2
1 (θ) 2 𝑠𝑒𝑛 (θ) 2 2 (θ) 𝑠𝑒𝑛 (θ)
𝐸𝑥
= 𝐸1
(θ) − 𝑠𝑒𝑛 (θ)υ12 + 𝐸2
𝑠𝑒𝑛 (θ) − 𝑐𝑜𝑠 (θ)υ12 + 𝐺12

Logo:

1 1
𝐸𝑥
= 𝐸1

Para θ = 90°:

((θ) − 𝑠𝑒𝑛 (θ)υ ) + (𝑠𝑒𝑛 (θ) − 𝑐𝑜𝑠 (θ)υ ) +


2 2
1 (θ) 2 𝑠𝑒𝑛 (θ) 2 2 (θ) 𝑠𝑒𝑛 (θ)
𝐸𝑥
= 𝐸1 12 𝐸2 12 𝐺12

Logo:

1 1
𝐸𝑥
= 𝐸2

Então, 𝐸1 = 𝐸2.

Para a segunda equação fazendo a mesma consideração de 𝑚 = 𝑐𝑜𝑠⁡(θ) e 𝑛 = 𝑠𝑒𝑛(θ):

2 2 2 2 2 2 2
1
𝐺𝑥𝑦
=
4𝑚 𝑛
𝐸1 ( 1 + υ12 + ) 4𝑚 𝑛
𝐸2 ( )
1 + υ12 +
(𝑚 −𝑛 )
𝐺12

2 2 2 2
1
𝐺12
=
(θ) 𝑠𝑒𝑛 (θ)
𝐸1 (1 + υ12) + (θ) 𝑠𝑒𝑛 (θ)
𝐸2 (1 + υ12) + (θ) −𝑠𝑒𝑛 (θ))
𝐺12

Para θ = 0°:

1 1
𝐺𝑥𝑦
= 𝐺12

Para θ = 90°:

1 1
𝐺𝑥𝑦
= 𝐺12

1 1
𝐺12
= 𝐺12

𝐸1
𝐺12 =
(
2 1+υ12 )
10

QUESTÃO 5:
a) Descreva os passos do seguinte
algoritmo, inserindo as principais
equações a serem implementadas,
e descrevendo o processo e
cálculos a serem realizados:

b) Explique quais seriam as


diferenças para um caso de
laminado unidirecional.

c) Retomando o seguinte algoritmo,


insira as principais equações a
serem implementadas, e descreva
o processo e cálculos a serem
realizados. Descreva as diferenças
para a aplicação em laminados
multidirecionais.

RESPOSTA:

QUESTÃO 6
Explique os critérios de falha quando aplicados para laminados unidirecionais e
multidirecionais. Monte um algoritmo para cada caso, e explique o que seria
necessário para a extensão para o caso multidirecional.

RESPOSTA:

Os critérios de falha para laminados unidirecionais e multidirecionais têm como base


a avaliação da resistência da lâmina em relação aos carregamentos fundamentais. Por meio
desses critérios, é possível calcular a resistência de um laminado quando submetido a um
carregamento biaxial, utilizando como referência a resistência aos carregamentos
fundamentais. Como um laminado é composto de várias lâminas, os critérios de falha
aplicados para uma única lâmina também são utilizados para analisar o laminado como um
todo. Os principais critérios de falha para laminados são:

1. Critério da Tensão Máxima: Este critério estabelece que a falha ocorre quando a
tensão em qualquer direção principal alcança ou excede a tensão de ruptura
correspondente do material.
11

2. Critério da Deformação Máxima: Neste critério, a falha é determinada quando a


deformação em qualquer direção principal atinge ou ultrapassa a deformação
máxima admissível do material.

3. Critério de Tsai-Hill: Baseado na teoria da energia de deformação desviadora, o


critério de Tsai-Hill considera a combinação das tensões principais, levando em
conta os limites de resistência do material em diferentes direções.

4. Critério de Tsai-Wu: Este critério também considera as combinações das tensões


principais, mas é mais geral, permitindo a análise de materiais com comportamento
não linear.

Para aplicar esses critérios, é necessário encontrar o carregamento da lâmina no


laminado de acordo com sua posição Z e as deformações no eixo de referência. Em seguida,
a lâmina é analisada isoladamente usando cada critério para determinar a ocorrência de
falha.

A seguir, será apresentado cada critério de forma mais detalhada, bem como um
algoritmo para a implementação de cada um. O algoritmo servirá como uma ferramenta
prática para aplicar os critérios de falha em casos reais de laminados.

É importante ressaltar que a escolha do critério de falha mais adequado dependerá


das características específicas do material compósito e das condições de carregamento do
laminado em questão. Portanto, a análise cuidadosa e a consideração dos fatores relevantes
são fundamentais para garantir uma avaliação precisa da integridade e segurança do
laminado.

Critério de Tensão Máxima

O critério de tensão máxima é caracterizado pela sua aplicação exclusiva nas


direções principais da lâmina. Nesse critério, a falha ocorre quando pelo menos um dos
componentes de tensão atinge ou ultrapassa a resistência correspondente ao tipo de
carregamento em questão.

As principais formas de falha indicadas pelo critério de tensão máxima são as


seguintes:

● Falha por tração na direção longitudinal (fratura das fibras);


● Falha por compressão na direção longitudinal (fratura das fibras);
● Falha por tração na direção transversal (trincas na matriz paralelas às fibras);
● Falha por compressão na direção transversal (trincas na matriz devido ao
cisalhamento);
● Falha por cisalhamento (trincas na matriz paralelas às fibras).

Para aplicar esse critério, é necessário seguir os seguintes passos:

● Determinar as tensões relevantes no laminado;


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● Realizar a transformação das coordenadas das tensões para as direções principais do


material;
● Finalmente, comparar as tensões calculadas com as tensões admissíveis para avaliar
a possibilidade de falha.

Critério de Deformação Máxima

Neste critério procura-se analisar a deformação máxima do material ao invés da


tensão máxima suportada pelo mesmo. Logo, este critério não é equivalente ao critério de
tensão máxima mesmo que o laminado se comporte de forma linear até a falha. Os
principais tipos de falha indicadas pelo critério de deformação máxima são:

● Falha por tração longitudinal: Acontece quando a tensão de tração na direção das
fibras do compósito excede sua capacidade de resistência à tração. Essa falha é
especialmente relevante em compósitos unidirecionais, onde as fibras são alinhadas em uma
única direção.
● Falha por compressão longitudinal: Ocorre quando a tensão de compressão na
direção das fibras do compósito ultrapassa sua capacidade de resistência à compressão.
Novamente, essa falha é mais relevante em compósitos unidirecionais.
● Falha por cisalhamento interlaminar: Essa falha acontece entre as camadas do
compósito, quando as tensões de cisalhamento entre as camadas excedem a resistência do
material à cisalhamento. Essa falha é particularmente significativa em compósitos
laminados, compostos por várias camadas com diferentes orientações de fibras.

Critério de Tsai-Hill

Inicialmente proposto por Hill, este princípio estabelece que: "o escoamento de
materiais dúcteis e anisotrópicos ocorre quando a seguinte relação é satisfeita." Uma
característica essencial desse princípio é que ele não fornece informações sobre o tipo
específico de falha que o material pode sofrer. Seu propósito principal é determinar a carga
de fratura, não o modo de fratura em si.

Tsai-Wu/FPL para um laminado:


13

Critério de Tsai-Wu

Proposto por Tsai e Wu este critério de falha tensorial é baseado na seguinte


equação:

Este princípio, assim como o princípio de Tsai-Hill, não indica o tipo de falha que o
material sofre. Ele é encarregado apenas de determinar a carga de fratura mas não o modo
de fratura.

Para o critério de Tsai-Wu na análise de uma única lâmina.

QUESTÃO 7
Explique o uso da deformação no plano médio e curvatura, no desenvolvimento das equações
utilizadas para descrever o comportamento elástico de laminados multidirecionais, e descreva
as hipóteses básicas necessárias.

RESPOSTA:

As análises das deformações no plano médio e da curvatura são fundamentais para


determinar o comportamento elástico de laminados unidirecionais ou multidirecionais. O
plano médio refere-se à região onde o carregamento é aplicado, enquanto a curvatura é
examinada em relação à lâmina no laminado. Para realizar a análise de cada lâmina no
laminado, empregamos a equação que soma a deformação com a curvatura:
14

A diferença entre os laminados unidirecionais e multidirecionais está relacionada à


matriz de rigidez nos eixos principais, que é influenciada pelas variações dos ângulos das
fibras. Portanto, a matriz de transformação, denotada por T, também difere e,
consequentemente, sua inversa.

As hipóteses básicas necessárias para a análise são as seguintes:

● A lâmina é quase homogênea e ortotrópica.


● O laminado possui pequena espessura.
● Os deslocamentos são contínuos e de pequena magnitude.
● Os deslocamentos no plano variam linearmente ao longo da espessura.
● A seção transversal não sofre deformação.
● A relação entre tensão e deformação é linear.
● A distância normal à superfície média permanece constante.

Com base nessas hipóteses, podemos relacionar as deformações em qualquer ponto


do laminado com as deformações do plano de referência e as curvaturas do laminado por
meio de uma equação matricial abrangente. Essa equação permite considerar todas as
influências relevantes.

Com essa abordagem, é possível aproximar a tangente do ângulo alfa, formado


devido ao carregamento na superfície média, como sendo aproximadamente o próprio
ângulo alfa. A partir disso, obtêm-se as deformações que ocorrem nos eixos x e y de cada
lâmina, de forma individual, dentro do laminado. Essa análise detalhada é essencial para
compreender o comportamento elástico do laminado em diferentes condições de
carregamento. Portanto:

2
∂𝑢 ∂𝑢𝑜 ∂𝑤
𝐸𝑥 = ∂𝑥
= ∂𝑥
− 𝑧 2
∂𝑥
2
∂𝑣 ∂𝑣𝑜 ∂𝑤
𝐸𝑦 = ∂𝑦
= ∂𝑦
− 𝑧 2
∂𝑦
2
∂𝑢 ∂𝑣 ∂𝑢𝑜 ∂𝑣𝑜 ∂𝑤
γ𝑥𝑦 = γ𝑠 = ∂𝑥
+ ∂𝑦
= ∂𝑥
+ ∂𝑦
− 2𝑧 ∂𝑥∂𝑦

Ez = γxz = γyz = 0
15

QUESTÃO 8
Calcule os termos das matrizes A, B e D para um laminado [Teta1/Teta2] com as
seguintes propriedades:

Teta1 = 2 últimos dígitos do seu número de matrícula.

Teta2 = 2 últimos dígitos do resultado da soma de todos os algarismos do seu número


de matrícula.

RESPOSTA:

Para esta questão usaremos o software Scilab® para resolver as matrizes.

A seguir encontra-se o código utilizado para resolver todas as operações para o


cálculo das matrizes:

clear all
close all
clc
printf('\n Matrícula: 20222026016')
printf('\n teta1 = 16')
printf('\n teta2 = 2+2+2+2+2+6+1+6 = 23')
printf('\n')
printf('\n Dados Iniciais')
printf('\n')
E_1 = 145 //[GPa]
printf('\n E_1 = 145 //[GPa] ')
E_2 = 10.5 //[GPa]
printf('\n E_2 = 10.5 //[GPa] ')
v_12 = 0.28 //[-]
printf('\n v_12 = 0.28 //[-]')
v_21 = v_12/E_1*E_2;
printf('\n v_21 = v_12/E_1*E_2')
G_12 = 7.5 //[GPa]
printf('\n G_12 = 7.5 //[GPa]')
t = 0.00025 //[m]
printf('\n t = 0.00025 //[m]')
printf('\n')
Q_11 = E_1/(1 - v_12*v_21);
printf('\n Q_11 = E_1/(1 - v_12*v_21); ')
Q_22 = E_2/(1 - v_12*v_21);
printf('\n Q_22 = E_2/(1 - v_12*v_21)')
Q_12 = v_21*E_1/(1 - v_12*v_21);
printf('\n Q_12 = v_21*E_1/(1 - v_12*v_21); ')
16

Q_66 = G_12;
printf('\n Q_66 = G_12;')
printf('\n')
//para angulo de 16º matriz A
printf('\n Para angulo de 16º, matriz A ')
printf('\n')
teta1 = 16;
printf('\n teta1 = 16;')
m = cos(teta1);
printf('\n m = cos(teta1)')
n = sin(teta1);
printf('\n n = sin(teta1)')
Q_xx = m^4*Q_11 + n^4*Q_22 + 2*m^2*n^2*Q_12 + 4*m^2*n^2*Q_66;
Q_xy = m^2*n^2*Q_11 + m^2*n^2*Q_22 + (m^4 + n^4)*Q_12 - 4*m^2*n^2*Q_66;
Q_xs = m^3*n*Q_11 - m*n^3*Q_22 + (m*n^3 - m^3*n)*Q_12 + 2*(m*n^3 - m^3*n)*Q_66;
Q_yx = 0;
printf('\n Q_yx = 0;')
Q_yy = n^4*Q_11 + m^4*Q_22 + 2*m^2*n^2*Q_12 + 4*m^2*n^2*Q_66;
Q_ys = n^3*m*Q_11 - n*m^3*Q_22 + (n*m^3 - n^3*m)*Q_12 + 2*(n*m^3 - n^3*m)*Q_66;
Q_sx = 0;
printf('\n Q_sx = 0;')
Q_sy = 0 ;
printf('\n Q_sy = 0')
Q_ss = n^2*m^2*Q_11 + n^2*m^2*Q_22 - 2*n^2*m^2*Q_12 + (m^2 - n^2)^2*Q_66;
printf('\n')
M = [Q_xx Q_xy Q_xs; Q_yx Q_yy Q_ys; Q_sx Q_sy Q_ss];
printf('\n M = [Q_xx Q_xy Q_xs; Q_yx Q_yy Q_ys; Q_sx Q_sy Q_ss]')
printf('\n')
disp(M)
M_flex_A_16 = zeros(3,3);
M_flex_B_16 = zeros(3,3);
M_flex_D_16 = zeros(3,3);
for i=1:3
for j=1:3
for k=1:2
M_flex_A_16(i,j) = (t*k - t*(k-1))* M(i,j) + M_flex_A_16(i,j);
M_flex_B_16(i,j) = ((t*k)^k - (t*(k-1))^k)*M(i,j)/2 + M_flex_B_16(i,j);
M_flex_D_16(i,j) = ((t*k)^k - (t*(k-1))^k)*M(i,j)/3 + M_flex_D_16(i,j);
end
end
end
M_flex_16 = [M_flex_A_16 M_flex_B_16; M_flex_B_16 M_flex_D_16];
printf('\n')
printf(' M_flex_16')
printf('\n')
disp(M_flex_16)
//para angulo de 23º matriz A
printf('\n Para angulo de 23º matriz A')
teta2 = 23;
printf('\n')
printf('\n teta2 = 23;')
m = cos(teta2);
17

printf('\n m = cos(teta2)')
n = sin(teta2);
printf('\n n = sin(teta2)')
Q_xx = m^4*Q_11 + n^4*Q_22 + 2*m^2*n^2*Q_12 + 4*m^2*n^2*Q_66;
Q_xy = m^2*n^2*Q_11 + m^2*n^2*Q_22 + (m^4 + n^4)*Q_12 - 4*m^2*n^2*Q_66;
Q_xs = m^3*n*Q_11 - m*n^3*Q_22 + (m*n^3 - m^3*n)*Q_12 + 2*(m*n^3 - m^3*n)*Q_66;
Q_yx = 0;
printf('\n Q_yx = 0;')
Q_yy = n^4*Q_11 + m^4*Q_22 + 2*m^2*n^2*Q_12 + 4*m^2*n^2*Q_66;
Q_ys = n^3*m*Q_11 - n*m^3*Q_22 + (n*m^3 - n^3*m)*Q_12 + 2*(n*m^3 - n^3*m)*Q_66;
Q_sx = 0;
printf('\n Q_sx = 0; ')
Q_sy = 0 ;
printf('\n Q_sy = 0;')
printf('\n')
Q_ss = n^2*m^2*Q_11 + n^2*m^2*Q_22 - 2*n^2*m^2*Q_12 + (m^2 - n^2)^2*Q_66;
M = [Q_xx Q_xy Q_xs; Q_yx Q_yy Q_ys; Q_sx Q_sy Q_ss];
printf('\n M = [Q_xx Q_xy Q_xs; Q_yx Q_yy Q_ys; Q_sx Q_sy Q_ss]')
disp(M)
M_flex_A_23 = zeros(3,3);
M_flex_B_23 = zeros(3,3);
M_flex_D_23 = zeros(3,3);
for i=1:3
for j=1:3
for k=1:2
M_flex_A_23(i,j) = (t*k - t*(k-1))* M(i,j) + M_flex_A_23(i,j); M_flex_B_23(i,j) = ((t*k)^k -
(t*(k-1))^k)*M(i,j)/2 + M_flex_B_23(i,j);
M_flex_D_23(i,j) = ((t*k)^k - (t*(k-1))^k)*M(i,j)/3 + M_flex_D_23(i,j);
end
end
end
M_flex_23 = [M_flex_A_23 M_flex_B_23; M_flex_B_23 M_flex_D_23];
printf('\n M_flex_23')
disp(M_flex_23)
M_FLex = M_flex_16 + M_flex_23
printf('\n MM_FLex = M_flex_16 + M_flex_23')
disp(M_FLex)

Em seguida, temos o resultado das matrizes calculadas pelo programa:


18

QUESTÃO 9
Determine a resistência para um laminado unidirecional [Teta2] considerando um
carregamento unidirecional e:

A) Critério de Tsai-Hill
B) Critério de Tsai-Wu

Teta2 = 2 últimos dígitos do resultado da soma de todos os algarismos do seu número de


matrícula.

RESPOSTA:

Esta questão também será feita através do Scilab®.


19

O código utilizado para essa questão foi:

close
clear all
clc
printf('\n Matrícula: 20222026016')
printf('\n Resultado da soma = 23')
printf('\n')
teta=23;
printf('\n Ângulo: 23º')
printf('\n')
//DADOS
//MATERIAL
printf('\n Dados Iniciais:\n MATERIAL ASA/3501-6')
printf('\n')
e_M1_1= 142e9; //[Pa]
printf('\n E_M1_1= %d [Pa]', e_M1_1)
e_M1_2= 10.30e9; //[Pa]
printf('\n E_M1_2= %d [Pa]', e_M1_2)
sig_M1_1=2.280e6; //[Pa]
printf('\n sig_M1_1= %d [Pa]', sig_M1_1)
sig_M1_2=57e6; //[Pa]
printf('\n sig_M1_2= %d [Pa]', sig_M1_2)
tal_M1_6= 71e6; //[Pa]
printf('\n tal_M1_6= %d [Pa]', tal_M1_6)
x_1C=1296e6; //[Pa]
printf('\n x_1C= %d [Pa]', x_1C)
y_1C=238e6; //[Pa]
printf('\n y_1C= %d [Pa]', y_1C)
M=cosd(teta);
N=sind(teta);
printf('\n')
//MATERIAL A:
printf('\n MATERIAL As4/3501-6')
printf('\n')
printf('\n PARA TSAI-HILL COM sig_2 = tal_6 = 0 E TRACAO PURA')
printf('\n')
sig_AX_TSAI_HILL=sqrt(1./(M.^4./sig_M1_1^2+N.^4./sig_M1_2^2+M.^2.*N.^2./tal_M1
_6^2-M.^2.*N.^2./sig_M1_1^2));
printf('\n sig_AX_TSAI_HILL= %d', sig_AX_TSAI_HILL)
printf('\n')
printf('\n PARA TSAI-WU COM sig_2 = tal_6 = 0 E TRACAO PURA')
printf('\n')
f_M1_1=1/sig_M1_1-1/x_1C;
printf('\n f_M1_1= %d',f_M1_1)
f_M1_2=1/sig_M1_2-1/y_1C;
printf('\n f_M1_2= %d',f_M1_2)
f_M1_11=1/(sig_M1_1*x_1C);
20

printf('\n f_M1_11= %d',f_M1_11)


f_M1_22=1/(sig_M1_2*y_1C);
printf('\n f_M1_22= %d;',f_M1_22)
f_M1_12=-(1/2)*(f_M1_11*f_M1_22)^(1/2);
printf('\n f_M1_12= %d', f_M1_12)
f_M1_66=1/(tal_M1_6^2);
printf('\n f_M1_66= %d;',f_M1_66)
printf('\n')
a=f_M1_11.*M.^4+f_M1_22.*N.^4+f_M1_66.*M.^2.*N.^2+f_M1_12.*M.^2.*N.^2;
printf('\n a= %d', a)
b=f_M1_1.*M.^2+f_M1_2.*N.^2;
printf('\n b= %d', b)
sig_AX_TSAI_WU= (-b+sqrt(b.^2+4.*a))./(2.*a);
printf('\n sig_AX_TSAI_WU= %d', sig_AX_TSAI_WU)

A figura a seguir demonstra o resultado obtido pelo Scilab:

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