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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Curso de Bacharelado em Engenharia de Materiais

[AULA 10]

Professora: Valdeci Bosco dos Santos


2018/1
Conformação
 Definição
São processos de compactação de um pó ou massa, com dimensões e geometria
desejada, para a formação de produtos cerâmicos mecanicamente resistentes (ao
manuseio).

 Objetivo
Transformar a matéria-prima particulada em uma forma consolidada (corpo
coerente) de acordo com as dimensões e geometria pré-estabelecidas, bem
como contribuir na obtenção de uma microestrutura adequada às características
finais desejadas.
Seleção do Processo de Conformação

A escolha do método de conformação para produzir um determinado


produto, depende de vários fatores técnicos e econômicos, tais
como:
 volume de produção e custo do equipamento
 forma, tamanho e especificações da peça a ser fabricada
 acabamentos posteriores
 Outros (tolerâncias dimensionais, características microestruturais,
e etc)

O processo de conformação não só inclui produzir compactos com formato e


dimensões desejadas, mas também produzir compactos com máxima
densidade e uniformidade.
Principais Métodos de Conformação
Consistência da massa cerâmica para conformação
De um modo geral, os métodos de conformação podem ser agrupados de acordo
com as propriedades reológicas da massa cerâmica utilizada.

 pós seco (aglomerados) – conformação por pressão


 massa plástica – processo de extrusão
 suspensão – processo de colagem

pós seco massa plástica suspensão


[PRENSAGEM]
Processo de Conformação
 Prensagem
Conformação baseada na compactação do pó contido no interior de pós seco
um molde metálico ou um molde flexível, através da aplicação de
pressão.

 Prensagem a seco: pó apresentando baixa umidade (<5%) ou umidade zero (necessário


uso de ligantes e lubrificantes orgânicos).

 Prensagem semi-seca: pó apresentando teor entre 5 a 15% de umidade.


Prensagem

Etapas de prensagem:

1. Preenchimento do molde
2. Compactação
3. Retirada da peça
Etapas de Prensagem

1. Preenchimento do molde
Distribuição de tamanho das partículas
e forma das partículas:
 partículas esféricas: aumenta a
Empacotamento das partículas densidade empacotamento.
varia com as características do pó  menor tamanho: efeito devido a
grande área superficial.

Estado de aglomeração:
 diminuição da densidade
 diminuição da resistência mecânica
do produto
Etapas de Prensagem
1. Preenchimento do molde

Eficiência de empacotamento: máxima densidade de empacotamento teórica


Etapas de Prensagem
2. Compactação

A prensagem consiste de um deslocamento (deformação plástica) do


pó ou grânulos dentro de um molde matriz, aplicando uma pressão
para obter a compactação.

Três estágios de compactação

Estágio 1. Empacotamento de grânulos


e rearranjo
Estágio 2. Deformação dos grânulos
Estágio 3. Densificação dos grânulos
Etapas de Prensagem
2. Compactação

 Aumento do número de contatos entre as partículas


(consolidação permanente do material);
 Diminuição da porosidade (compressão elástica das
partículas, e aditivos, bem como do gás presente no corpo);
 Quebra dos agregados;
 Uniformidade de pressão no interior do corpo prensado:
ocorre a fricção entre partículas-partículas e entre partículas-
parede da matriz ( resulta em um gradiente de pressão e
conseqüentemente, num gradiente de densidade no corpo
compactado)
Etapas de Prensagem
3. Retirada da peça

À medida que a peça é extraída do molde, é possível que ocorra o surgimento


de tensões de tração na peça, logo acima da borda superior da matriz,
provocando a aparição de trincas laminares, quando o valor destas tensões
supera o da resistência mecânica do material.
Tipos de conformação por Prensagem

Prensagem uniaxial

 Prensagem de ação simples e dupla


 Prensagem à quente

Prensagem isostática

 Prensagem isostática à quente


Prensagem Uniaxial
Prensagem uniaxial de ação simples

 Distribuição de densidades ao longo da


peça é não uniforme.

 É empregada quando se necessita obter


peças de geometria simples e de
espessura reduzida.
Prensagem uniaxial ação dupla

 Distribuição de densidades ao longo da


peça é simétrica.

 Empregada quando a espessura da peça é


muito grande para o emprego da técnica
de ação simples.
Densidade relativa inadequada da peça
ação simples ação dupla ação dupla c/ lubrificante
Extração da peça: fricção entre a peça e a matriz
À medida que a peça é extraída do molde, é possível que ocorra o surgimento de tensões de tração na peça,
logo acima da borda superior da matriz, provocando a aparição de trincas laminares, quando o valor destas
tensões supera o da resistência mecânica do material.

Borda superior Laminação


Defeitos e Problemas Associados à Prensagem Uniaxial

 Densidade relativa inadequada da peça (Falta de uniformidade da densidade


no interior da peça e/ou entre peças);
 Desgaste do molde por abrasão;
 Desenho inadequado do molde
 Formação de trincas.
Prensagem

Variáveis do processo de prensagem

 Características do pó:
Fluidez do pó dentro do molde

 Parâmetros de prensagem:
Preenchimento do molde
Pressão de prensagem  Pós-secos
Ação simples ou dupla  Pós semi-secos
Direção da pressão
Moldes Metálicos
Prensas Hidráulica para Laboratório
Prensas Hidráulicas
Prensas Hidráulica para uso industrial
Prensas Hidráulica Industrial para Fabricação de Pisos e Azulejos

BISCOITO
Aplicações
Pisos e azulejos

Ladrilhos, tijolos refratários


Aplicações
Cerâmica para mesa
Aplicações
Cerâmica Avançada

Ferramentas de corte
Prensagem Isostática
Prensagem isostática

 O pó cerâmico é colocado no interior de um molde de borracha;


 Aplicação de pressão por fluído igualmente ao pó por todos os lados;
 Promover um maior empacotamento das partículas, aumentando a densidade
de forma homogênea.

Molde de borracha
Prensagem isostática

Dois tipos de Técnica:

• Molde Úmido
• Molde Seco
Prensagem isostática - Molde Úmido
O pó cerâmico é introduzido no interior de um molde flexível e impermeável ao fluído
pressurizado, o qual transmitindo a pressão uniformemente a todas as superfícies do
molde.

 Meio líquido: (H2O, glicerina, óleos, água);


 Molde: membrana elastomérica (Poliuretano, isoprene, borracha butílica, nitrílica, PVC siliconas);
 Aplicações: peças volumosas e com formas complexas.
Prensagem isostática - Molde Seco

Basicamente, nesta técnica, em vez de submergir o molde em um fluído, ele é feito com
canais internos por onde se faz circular o fluído pressurizado.

Molde
Aplicações

Ferramentas de corte

Rolamentos
Aplicações
Prótese médicas
Tipos de conformação por Prensagem

Prensagem à quente (hot pressing)

Prensagem isostática à quente (hot isostatic pressing)


Prensagem à quente
Consiste da aplicação simultânea de pressão e temperatura. A prensagem é
uniaxial em um molde refratário confinado no interior de um forno.

Desvantagens:
 Envolve altos custos e produção lenta
 Os moldes utilizados normalmente de grafites, os quais
são caros e de curta durabilidade.
 Limite nas formas a serem prensadas.

Vantagem
 Necessita de temperaturas inferiores as sinterizações
convencionais.
Usada quando necessita-se de alta densidade em
sistemas que apresentam dificuldade de densificação
usando sinterização convencional.
Prensagem isostática à quente

Prensagem isostática à quente é similar a prensagem isostática à frio, porém


nesse caso o molde utilizado é de vidro de baixo ponto de fusão (pirex) e o
fluido compressor é um gás aquecido.

A QUENTE
Conformação por prensagem isostática (à frio) e prensagem à quente

MEV do nanocompósito de alumina-5%vol TiC

Sinterização sem pressão a 1550ºC Sinterização com pressão a 1400ºC


Densidade Teórica = 88,6 % Densidade Teórica = 96,0 %

Trombini, V.; Pallone, E.M.J.A.; Mello, F.C.; Botta, W.J.; Tomasi, T. Densification of reactive milled Al2O3-TiC composite powders
Materials Science Forum Vols. 416-418 (2003) pp 475-480
Conformação por prensagem isostática (à frio) e prensagem à quente

MEV do nanocompósito de alumina-5%vol NbC

Sinterização sem pressão a 1550ºC Sinterização com pressão a 1300ºC


Densidade Teórica = 94,9 %DT Densidade Teórica = 99,5 %

Trombini, V.; Bressiani, A. H. A.; Pallone, E. M. J. A., Tomasi, R. Utilization of NbC nanoparticles obtained by reactive milling in
production of alumina niobium carbide nanocomposites, Advances in Science and Technology Vol. 63 (2010) pp 257-262
Aplicações

Bicos de jateamento
cerâmicas à base de nitreto de
silício (Si3N4): exigem
resistência mecânica e
estabilidade dimensional em
temperaturas elevadas.

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