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Acta Farmacêutica Portuguesa

2014, vol. 3, n. 1, pp. 43-58


As farmacopeias portuguesas e a saúde pública
Portuguese pharmacopoeias and public health
Conceição J.1, Pita J.R.2, Lobo J.S.3, Estanqueiro M.4
ARTIGO DE REVISÃO | REVIEW ARTICLE

RESUMO
As Farmacopeias são livros oficiais com valor legal que acompanham a evolução científica e tecnológica dos
conhecimentos ligados aos medicamentos, garantindo a atualização da qualidade dos mesmos e
salvaguardando assim, a Saúde Pública. Presentemente, a nível mundial, existem 49 farmacopeias, sendo 46
farmacopeias nacionais, 2 farmacopeias regionais e 1 farmacopeia internacional. A Farmacopeia Europeia
(intergovernamental), a Farmacopeia dos Estados Unidos da América (independente do governo) e a
Farmacopeia Japonesa (governamental) são as principais farmacopeias para o delineamento de uma política
global da qualidade do medicamento. Em Portugal, ao longo do tempo, existiram farmacopeias não
oficiais e oficiais. A primeira farmacopeia oficial data de 1794 e atualmente está em vigor a Farmacopeia
Portuguesa 9. O Grupo de Discussão das Farmacopeias, a Conferência Internacional de Harmonização e a
Cooperação Internacional sobre a Harmonização Veterinária desempenham uma função muito importante na
ha o izaçãoà i te a io al.à ásà Boasà P ti asà Fa a opei as visam favorecer e facilitar a colaboração, a
partilha de trabalho e a harmonização entre as farmacopeias. Neste artigo efetua-se uma resenha histórica
das farmacopeias portuguesas e articula-se o assunto com a literatura congénere estrangeira, evidenciando
o valor para a Saúde Pública.
Palavras-chave: Farmacopeias, medicamentos, saúde pública, legislação farmacêutica

ABSTRACT
Pharmacopoeias are official books that follow the scientific and technological evolution of knowledge
relating to medicines, which ensures their quality update and therefore safeguarding Public Health.
Nowadays, in the world, there are 49 pharmacopoeias, 46 are national, 2 are regional and 1 is international.
The European Pharmacopoeia (intergovernmental), the United States Pharmacopoeia (independent of the
government) and the Japanese Pharmacopoeia (governmental) are the main ones for the delineation of a
global policy for quality of medicines. In Portugal, throughout times there have been official and non-
official pharmacopoeias. The first official pharmacopoeia dates from 1794 and the Portuguese
Pharmacopoeia 9 is currently in vigor. The Pharmacopoeial Discussion Group, the International Conference
on Harmonization and the International Cooperation on Veterinary Harmonization play an important role in
the international harmonization. The Good Pharmacopoeial Practices aim is to facilitate and promote the
cooperation, work sharing and harmonization among pharmacopoeias. This article makes a historical review
of portuguese pharmacopoeias and articulates the issue with international papers concerning the same
subject, emphasizing the value for Public Health.
Keywords: Pharmacopoeias, medicines, public health, pharmaceutical legislation

1Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal


2Grupo de Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
3 Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal
4Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal. Grupo de
Trabalho Standard Terms da EDQM

Endereço para correspondência: Jaime Manuel Guedes Morais da Conceição, Laboratório de Tecnologia
Farmacêutica, Departamento de Ciências do Medicamento, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua
de Jorge Viterbo Ferreira, n.º 228, 4050-313 Porto, Portugal. E-mail: jmgmconceicao@ff.up.pt

Submetido/ Submitted: 11 de março de 2014| Aceite/Accepted: 24 de abril de 2014


© Ordem dos Farmacêuticos, SRP ISSN: 2182-334
Conceição J., Pita J.R., Estanqueiro M., Lobo J.S.

A Farmacopeia é o farol orientador dos farma- valor acrescentado e a sua avaliação económica
cêuticos, e, concomitantemente, é o guardião do (a análise da relação custo/benefício e custo/
público consumidor de medica e tos efetividade) constitui um quarto critério muito
Professor Doutor José Ramos Bandeira
importante na sua aprovação pelas autoridades
(1906-1991)
regulamentares8.
INTRODUÇÃO Atualmente, graças à harmonização comu-
A Farmácia e as Ciências Farmacêuticas têm nitária, a União Europeia dispõe de um Sistema
um papel muito importante no contexto da de Regulamentação do Medicamento alicerçado
história da Ciência, especialmente nas suas nas autoridades reguladoras de cada Estado-
relações com a Medicina, com a Biologia e com Membro, que funciona sob a coordenação e
a Química1. A ciência e a arte de preparar supervisão da Agência Europeia do Medica-
medicamentos foram exercidas ao longo dos mento (EMA) e da Comissão Europeia9. Este
séculos por consagrados Mestres, tendo por sistema articula-se de forma particular com o
base obras de notável saber. Conselho da Europa, através da Direção
O setor do medicamento e a área da Europeia da Qualidade dos Medicamentos e
Farmácia são extremamente regulamentados2. Cuidados de Saúde (EDQM), e também com a
Segundo o Estatuto do Medicamento, Decreto- Organização Mundial de Saúde (OMS)9. A nível
Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, medicamen- nacional, a Autoridade Nacional do Medicamen-
to é toda a substância ou associação de to e dos Produtos de Saúde I.P. (INFARMED),
substâncias apresentada como possuindo pro- criada em 1993, regula e super-visiona os
priedades curativas ou preventivas de doenças setores dos medicamentos, dispositivos médicos
em seres humanos ou dos seus sintomas ou que e produtos cosméticos e de higiene corporal,
possa ser utilizada ou administrada no ser segundo os mais elevados padrões de proteção
humano com vista a estabelecer um diagnóstico da Saúde Pública, e garante o acesso dos
médico ou, exercendo uma ação farmacológica, profissionais da saúde e dos cidadãos a produ-
imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir tos de qualidade, eficazes e seguros, quer se
ou modificar funções fisiológicas3. trate de medicamentos, ou de dispositivos
O medicamento consiste num sistema físico médicos, ou ainda de produtos cosméticos e de
constituído pela(s) substância(s) ativa(s), pelos higiene corporal10.
excipientes (excipientes tecnológicos ou primá- O termo farmacopeia (do grego Pharmakon,
rios e os excipientes específicos ou secundários) droga, fármaco; poeio, faço) apareceu pela
e pelos materiais de embalagem (acondiciona- primeira vez como um título distinto num
mento primário e acondicionamento secundá- trabalho publicado em Basileia, Suíça, em 1561
rio), e tem que apresentar três características pelo Dr. A. Foes11,12. Todavia, não entrou em uso
principais, nomeadamente Qualidade (atributo geral até ao início do século XVII11.
por excelência do domínio da Tecnologia Farma- A OMS define uma farmacopeia como uma
cêutica), Segurança e Eficácia4. O conceito de coletânea legalmente vinculativa, elaborada por
qualidade é inerente quer aos produtos utili- uma autoridade nacional ou regional, de normas
zados na preparação de medicamentos quer aos e especificações de qualidade para medica-
próprios medicamentos5. As Boas Práticas de mentos usados num país ou região11. Segundo
Fabrico são uma consequência lógica da Prista et al, uma farmacopeia constitui um livro
industrialização no fabrico de medicamentos e oficial elaborado por uma comissão, o qual
criam mecanismos que permitem garantir a estabelece normas farmacêuticas destinadas a
qualidade do produto através da obtenção da assegurar, num espaço político-geográfico
reprodutibilidade dos lotes6. A segurança do determinado, a uniformidade da natureza, da
medicamento é essencialmente garantida pela qualidade, da composição e da concentração
qualidade da matéria-prima ativa (isto é, pela dos medicamentos aprovados ou tolerados,
manutenção de algumas características básicas), sendo essas normas obrigatórias e estabelecidas
enquanto a eficácia está mais dependente da pelas entidades competentes e a elas se deve
qualidade da forma farmacêutica (ou seja, do cingir o farmacêutico13. Uma farmacopeia é
respeito pelas especificações a que deve obede- essencialmente constituída por um conjunto
cer)7. de5: monografias de matérias-primas utilizadas
O medicamento é um produto de elevado no fabrico de medicamentos, quer como

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substâncias ativas quer como excipientes; Dinamarca, Egipto, Eslováquia, Eslovénia,


monografias específicas de produto acabado, Espanha, Estados Unidos da América, Federação
quer se trate de medicamentos quer de diversos da Rússia, Filipinas, Finlândia, França, Grécia,
produtos sanitários; textos informativos; textos Hungria, Índia, Indonésia, Irão, Irlanda, Islândia,
que visam padronizar técnicas (de índole física Itália, Japão, Lituânia, México, Montenegro,
ou química) descritas nas diferentes monogra- Noruega, Paquistão, Polónia, Portugal, Reino
fias; textos respeitantes a alguns materiais de Unido, República Checa, Roménia, Sérvia,
embalagem; e breves referências aos materiais Suécia, Suíça, Tailândia, Turquia, Ucrânia, e
utilizados como reagentes na execução dos Vietname), 2 são regionais ou sub-regionais
diferentes ensaios. (Farmacopeia Europeia (Ph. Eur.) e Farmacopeia
Em 15 de dezembro de 1820, foi publicada a Africana), e 1 é internacional (Farmacopeia In-
primeira farmacopeia dos Estados Unidos da ternacional publicada pela OMS)22,23. Entre as di-
América (USP) e de acordo com o seu prefácio é versas fármacopeias subsistem diferenças signi-
o objetivo de uma farmacopeia selecionar, entre ficativas, mas também existem semelhanças
as substâncias que possuem propriedades importantes, tais como a sua finalidade e con-
medicinais, aquelas que são completamente teúdo das suas publicações23,24.
estabelecidas e compreendidas, e preparar, a Em algumas nações como, por exemplo, a
partir delas, formulações em concentrações que América do Norte e a Grã-Bretanha, a publi-
proporcionem grande benefício. Deve distinguir- cação dos formulários nacionais acompanha as
se aqueles artigos por nomes convenientemente respetivas farmacopeias, constituindo aqueles
definidos, para prevenir problemas e enganos um complemento indispensável a estas13. Em
por médicos e boticários14-16. Agnès Artiges 1980, o Formulário Nacional (NF) passou a ser
afirma que a finalidade de uma farmacopeia é publicado cumulativamente com a USP, num
promover a Saúde Pública, fornecendo padrões único volume denominado Farmacopeia dos
comuns reconhecidos para serem utilizados Estados Unidos da América XX-Formulário
pelos profissionais de cuidados de saúde e por Nacional XV (USP XX-NF XV)22.
todos aqueles que se preocupam com a Marques Leal et al classifica os formulários
qualidade dos medicamentos17. Esses padrões em dois grandes grupos: os galénicos e os
deverão ter uma qualidade adequada, como a terapêuticos25. Os formulários de índole galéni-
base da utilização segura dos medicamentos ca como, por exemplo, o Formulário Galénico
pelos doentes e consumidores17. As farma- Português, ao fixarem especificações precisas
copeias também desempenham um papel para as matérias-primas que integram a compo-
importante no combate aos medicamentos sição de cada medicamento e ao estabelecerem
falsificados e contrafeitos, um problema global e normas relativas aos procedimentos a adotar na
uma ameaça crescente para a Saúde Pública18,19. preparação, embalagem, rotulagem e verifica-
Alguns historiadores da Farmácia, ao estu- ção, contribuem, juntamente com as fármaco-
darem as farmacopeias, dividem-nas em três peias, para a qualidade dos medicamentos
grupos distintos, nomeadamente20,21: manipulados preparados em pequena escala
• Farmacopeias-Dispensatórios, nas farmácias de oficina e hospitalares26-28.
caracterizadas por serem escritas por um
único autor e sem qualquer cunho oficial; FARMACOPEIA PORTUGUESA
• Farmacopeias-Antidotários, livros elabo- A história da Farmacopeia Portuguesa (FP)
rados por um só indivíduo mas tornados tem sido alvo da análise e reflexão de vários
oficiais por força de uma determinação autores, designadamente Pedro José da Silva29,
legal; Tello da Fonseca30-33, Jorge Pereira da Gama34,
• Farmacopeias propriamente ditas, isto é, Rafael Folch y Andreu21, Joaquim Rosendo35,
todos os códigos oficiais elaborados por José Damas Móra36,37, Francisco Carvalho Guerra
comissões especialmente nomeadas para o e António Correia Alves20, José Pedro de Sousa
efeito. Dias38, Rui Morgado39, João Rui Pita40,41, José
Atualmente, a nível mundial, existem 49 Manuel Sousa Lobo7, A. Proença da Cunha e O.
farmacopeias, das quais 46 são nacionais (Ale- Rodrigues Roque42, etc…àO estudo das fármaco-
manha, Argentina, Áustria, Bélgica, Bielorrússia, peias constitui uma matéria de enorme
Brasil, Cazaquistão, China, Coreia, Croácia, interesse científico histórico médico e histórico

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farmacêutico, uma vez que estas refletem assuntos com esta conexos49.
problemas de ordem económica, científica e A FP também é aceite pela legislação do
técnica, mas também político-social43. Brasil e de outros países onde o Português é
A literatura farmacêutica portuguesa era uma língua oficial como, por exemplo
praticamente inexistente até ao século XVIII40,44. Moçambique, Guiné e São Tomé e Príncipe11.
Os boticários portugueses preparavam os medi- O Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto,
a e tosàsegui doàasài di açõesàdosà Dispensa- aprova o regime jurídico das farmácias de
tórios àouàdosà Antidotários ,àge al e teàes i- oficina e declara que estas devem dispor nas
tos em latim, ou ainda de algumas fármacopeias suas instalações da FP, em edição de papel, em
estrangeiras (Mântua, 1559; Antuérpia, 1560; formato eletrónico ou online, a partir de sítio da
Basileia, 1561; Augsburgo, 1564; Colónia, 1565; Internet reconhecido pelo INFARMED50.
Londres, 1618; Amesterdão, 1636; Paris, 1638;
Valência, 1651; Dinamarca, 1658; etc.)28,37,45. Farmacopeias não oficiais
Além disso, tinham ainda como referência os Antes de 1700 foram publicadas duas farma-
livros dos ilustres Mestres, como Hipócrates, copeias, designadamente a Pharmacopoea Ele-
Galeno, Célsio, Dioscórides, Plínio, Mesué, gantissima de Zacuto Lusitano (1557-1642), e a
Avicena, Averroes, etc.28,37,46. Pharmacopeia de Francisco Sanches (1636),
Durante o século XVIII foram publicadas em filósofo e médico da Renascença1,51,52. Ambas se
Portugal inúmeras farmacopeias, o que estava destinavam a ser consultadas por médicos44.
em sintonia com o que vinha acontecendo nos A Pharmacopea Lusitana foi a primeira
países europeus cientificamente avançados47. farmacopeia escrita por um boticário em língua
Contudo, a maioria dessas farmacopeias não portuguesa, cujo autor foi D. Caetano de Santo
apresentava valor legal e tinham que ser António, cónego regrante de Santo Agosti-
autorizadas pela Autoridade Eclesiástica, pelo nho1,36. Esta obra abriu uma nova página na his-
Tribunal do Santo Ofício (Inquisição), pelo tória da farmácia portuguesa e, num sentido
Ordinário e por Licença Régia e, mais tarde, pela mais amplo, na própria história da medicina
Real Mesa Censória ou Mesa do Desembargo do portuguesa40. Esta farmacopeia teve o privilégio
Paço32,35,37. Entre 1794 e 2008, foram publicadas deà à a os,à du a teà osà uaisà nenhum Impres-
nove farmacopeias oficiais: Pharmacopeia Geral sor Livreiro, ou outra algũa pessoa à podiaà
(1794), Codigo Pharmaceutico Lusitano (1835), imprimir, vender, nem trazer de fora do Reyno
Pharmacopea Portugueza (1876), Farmacopeia a mesma obra53. A sua grande anuência é
Portuguesa IV (1935), Farmacopeia Portuguesa patenteada pelas suas quatro edições em 1704,
V (1986), Farmacopeia Portuguesa VI (1997), 1711, 1725 e 1754, esta última póstuma31,32,35,45.
Farmacopeia Portuguesa VII (2002), Farmaco- A Pharmacopea Bateana, primeira edição em
peia Portuguesa VIII (2005), e a Farmacopeia 1713 traduzida para português por D. Caetano
Portuguesa 9 (2008). de Santo António, contém cerca de oitocentos
Presentemente, a FP é um códex oficial de medicamentos prescritos com um índice de
normas e métodos de aplicação obrigatória para achaques tirados da prática de Jorge Bateo
garantir a qualidade dos medicamentos, para (1608-1669), médico da família real inglesa35,42.
uso humano e veterinário, que estabelece atra- A segunda edição, em 1763, é atribuída a D.
vés das suas monografias os requisitos a que António dos Mártires, cónego regrante de Santo
devem obedecer os fármacos, excipientes, ou- Agostinho de Coimbra35,37.
tras substâncias de uso farmacêutico e os méto- Em 1716, foi editada a Pharmacopea
dos analíticos a usar na sua caracterização e Ulyssiponense da autoria de João Vigier (1662-
doseamento48. É elaborada em conjugação com 1723), um boticário francês que se naturalizou
a Ph. Eur., publicada sob a égide do Conselho da português54. Trata-se do primeiro livro editado
Europa, de que Portugal é membro perma- em Portugal a incluir uma descrição do material
nente48. O documento é da responsabilidade da e das técnicas de Química Farmacêutica31,54.
Comissão da Farmacopeia Portuguesa (CFP), A Pharmacopea tubalense chimico-galenica,
comissão técnica especializada do INFARMED, à primeira edição em 1735 constituída por duas
qual compete, genericamente, elaborar, rever, partes, do boticário Manuel Rodrigues Coelho,
atualizar e interpretar a FP, bem como emitir natural de Setúbal, foi provavelmente a que
parecer, sempre que solicitada, sobre os maior divulgação teve no nosso país no regime

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das farmacopeias não oficiais40,43,55. É um em 1834, o segundo tomo35,42. Trata-se de uma


verdadeiro e colossal monumento da polifar- coletânea de fórmulas inscritas em várias
mácia31. O seu autor teve o privilégio de 10 farmacopeias estrangeiras, como as de Baumé,
anos, durante os quais nenhuma outra pessoa de Edimburgo, de França, de Espanha, etc.40.
podia imprimir, nem mandar vir de fora do
Reino a farmacopeia56. Em 1751 foi publicada a
terceira parte da primeira edição e a segunda
edição foi editada em 176031,35.
Em 1749 foi publicada a Pharmacopoea
Contracta de Jacob de Castro Sarmento (1691-
1762), médico e divulgador de Newton e da
Iatromecânica em Portugal57,59. Este formulário,
concomitantemente o primeiro elaborado para
um hospital de portugueses e para um hospital
de Londres, influenciou a farmácia nos Estados
U idosàdaàá é i a,àat avésàdaàdesig adaà Lititz
57,59
pharmacopoeia ,àdeà .
Em 1766 foi editada a Pharmacopea Portu-
ense de António Rodrigues Portugal, cirurgião
na cidade do Porto36,60. Trata-se de uma
compilação de fórmulas recolhidas em várias
obras de autores estrangeiros20.
A Pharmacopea Meadiana foi publicada em
1768 e o seu autor foi o médico inglês Ricardo
Mead40,42. Nesta obra, as fórmulas estão agru-
padas de acordo com a função terapêutica e não
com a forma farmacêutica, como acontecia na
maioria dos outros textos semelhantes40.
Em 1772, Frei João de Jesus Maria (1716- Figura 1. Frontispício do tomo III da Pharmacopea
1795), monge-boticário de grande competência, 63
Dogmatica, 1777 . Manuscrito inédito de Frei João
publica a Pharmacopea Dogmatica61,62. Esta far- de Jesus Maria
63

macopeia era constituída pelo tomo I e pelo


tomo II35,62. Em 1777 foi aprovada a publicação Farmacopeias oficiais
do III tomo (Figura 1), manuscrito inédito com E à à éà editadaà aà Pharmacopeia Geral
todas as licenças do Tribunal do Santo Ofício para o Reino, e Domínios de Portugal ,à vul-
para impressão35,62,63. garmente designada por Farmacopeia de D.
Em 1785 é publicada a primeira edição da Maria I61. O autor da primeira farmacopeia
Pharmacopea Lisbonense de Manuel Joaquim oficial foi Francisco Tavares (1750-1812),
Henriques de Paiva (1752-1829), médico e boti- médico da Rainha nomeado físico-mor e filho de
cário, tendo sido divulgada a segunda edição em um conceituado boticário de Coimbra1,40,44. Esta
180242,44. O mesmo autor traduziu e adaptou a obra corresponde a uma tradução e adaptação
Pharmacopoea Collegii Regalis Medicorum Lon- de dois livros de texto que este professor havia
dinensis, em 17911,40. escrito em lati ,àoà De Pharmacologia Libellus
No ano de 1805 é publicada a Pharmacopea deà à eà oà Medicamentorum Sylloge à deà
40,42
Chymica, Medica, e Cirurgica de António José de 1787 . Esta farmacopeia foi aprovada por
Sousa Pinto, boticário de Lisboa (1777- 1853)1,20. decreto de D. Maria I de 7 de janeiro de 1794, e
A Pharmacopea Naval e Castrense, com editada para cumprir o que estava determinado
carácter oficial, foi editada em 1819 por Jacinto nos Estatutos da Universidade de Coimbra de
Costa, cirurgião, exclusivamente destinada aos 177240,64,65. Pretendia-se que a farmacopeia
Hospitais do Exército e da Marinha1,32,35. atingisse os seguintes objetivos1: por um lado,
No ano de 1833 é publicado o primeiro tomo conferir a formação farmacêutica conveniente;
da Pharmacopea das Pharmacopeas Nacionaes por outro lado, a responsabilidade de orientar
e Estrangeiras pelo bacharel B. J. O. T. Cabral e, no exercício da prática profissional todo o

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boticário que preparasse os medicamentos des da Costa (1802-1874) de organizar uma


devidos. A primeira edição, em 1794, da nova farmacopeia, mas este não chegou a
Farmacopeia Geral consta de dois tomos e a terminar essa tarefa no prazo de dois anos em
segunda edição, em 1824, tem igualmente dois que se comprometera38,71.
tomos35. A Pharmacopêa Portugueza, a primeira
O Codigo Pharmaceutico Lusitano constituiu farmacopeia oficial redigida por médicos e
a segunda farmacopeia oficial portuguesa, cujo farmacêuticos, foi aprovada pelo Decreto de 14
autor foi Agostinho Albano da Silveira Pinto de setembro de 1876 e serviu de código aos
(1785-1852), Doutor em Filosofia (1806) e farmacêuticos portugueses durante 60 anos30,72.
bacharel em Medicina (1814)66. A 1.ª edição foi Foi elaborada por uma comissão (Tabela 1)
aprovada pelo Decreto de 6 de outubro de nomeada por Decreto de 15 de novembro de
183567. A 2.ª edição foi publicada em 1836, a 3.ª 1871, o que foi inovador numa farmacopeia
edição em 1841, a 4.ª edição em 1846, a 5.ª oficial portuguesa68,73. Esta farmacopeia aban-
edição em 1858 e a 6.ª edição em 187630,35,66. As donou a parte de técnica farmacêutica, passan-
duas últimas edições póstumas foram da do apenas a incluir por ordem alfabética as
responsabilidade de José Pereira dos Reis (1808- monografias das drogas vegetais, substâncias
1887), lente de Matéria Médica na Escola químicas e medicamentos38,44. É importante
Médico-Cirúrgica do Porto1,66,68. Esta obra salientar que esta obra não indicava qualquer
encontrava-se, como a de Francisco Tavares, processo de esterilização para as soluções para
igualmente dividida em duas partes, a da injeções hipodérmicas38,44.
Farmacotecnia e a da Farmacopeia, mas Em 1879 é publicado o Vade-mecum da
representa um salto qualitativo muito grande Pharmacopêa Portugueza, cujo autor foi José
em relação à sua antecessora38,44. As principais Pereira Reis, responsável pelas duas edições
inovações desta farmacopeia são as póstumas do Código Pharmaceutico Lusitano37.
seguintes38,66 substâncias ativas isoladas a partir A nomenclatura é dada em português, inglês,
de produtos naturais; introdução de francês, espanhol e alemão37.
instrumentos laboratoriais modernos; adoção O Decreto de 21 de janeiro de 1903 nomeou
da nova nomenclatura química; referências à uma comissão de revisão da farmacopeia
teoria atómica de Dalton e ao sistema métrico. (Tabela 2), visto que esta tinha vinte e sete anos
A Pharmacopea Geral do Reino, de 1794 a de vigência e não satisfazia as exigências
1835, e o Codigo Pharmaceutico Lusitano, de impostas pelos progressos realizados na
1835 a 1851, vigoraram como farmacopeias Medicina, na Farmácia e ciências acessórias74.
oficiais do Brasil36,44. Esta comissão não terminou os seus trabalhos,
O Decreto de 5 de outubro de 1838 criou tendo o Decreto n.º 139 de 18 de setembro de
uma comissão para redigir e propor uma nova 191375 e a Portaria de 5 de novembro de 191376
farmacopeia, constituída pelos seguintes criado uma nova comissão permanente de
elementos31,69: Francisco José de Almeida revisão da farmacopeia, cuja constituição era a
(1755-1844), médico da Real Câmara; seguinte: três professores da Faculdade de
Francisco Soares Franco (1772-1844), lente Medicina (Carlos Belo de Morais, presidente;
jubilado de Medicina, conselheiro, deputado Sílvio Rebelo Alves, secretário; Aníbal
e médico da Real Câmara; Frederico Kessler Bettencourt), dois da Escola de Farmácia (José
(1804-1872), médico de D. Fernando; António Evaristo de Morais Sarmento e António Moreira
José de Sousa Pinto (1777-1853), Beato), dois da Faculdade de Ciências (Aquiles
farmacêutico da Casa Real; e Bento António Alfredo da Silveira Machado e António Xavier
Alves. Do trabalho da comissão resultou uma Pereira Coutinho) e ainda um farmacêutico de
farmacopeia designada Pharmacopêa lusitana, reconhecida competência (Joaquim Urbano da
que acabou por nunca ser oficializada37,38. Veiga). Com efeito, esta comissão nunca
Posteriormente, a Portaria de 24 de janeiro de apresentou quaisquer resultados38.
1840 declarou subsistir em vigor o Decreto de 6 Em 9 de janeiro de 1935 é aprovada uma
de outubro de 1835, que mandou adotar o nova farmacopeia, a Farmacopeia Portuguesa,
Código Farmacêutico Lusitano70. pelo Decreto-lei n.º 24876, e em vigor desde 1
A Portaria de 24 de dezembro de 1860 de julho do ano seguinte77,78. Esta farmacopeia
retificou o encargo ao Dr. Francisco Fernan- foi elaborada por uma comissão que nunca fora

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Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 1

nomeada para esse efeito38. A sua composição Teixeira, professor de Ciências Físico-Químicas e
era a seguinte44,68: Bernardino Álvaro Vicente de farmacêutico; José Maria Pinto Fonseca, major
Pinho, médico e farmacêutico; José do Souto
68,72,73
Tabela 1. Comissão da Pharmacopêa Portugueza, 1876
Presidente da comissão e lente jubilado de Matéria e Terapêutica
Bernardino António Gomes
Médica
Francisco José da Cunha Viana Lente de Patologia Interna
Carlos Augusto May Figueira Lente de Clínica Médica
Secretário da comissão, médico e farmacêutico, demonstrador de
José Tomás de Sousa Martins
Medicina
Professor jubilado de Farmácia e presidente da Sociedade
José Tedeschi
Farmacêutica Lusitana
Claudino José Vicente Leitão Professor de Farmácia
Isidoro da Costa Azevedo Farmacêutico
Farmacêutico, vice-presidente da Sociedade Farmacêutica Lusitana e
Joaquim Urbano da Veiga autor do famoso Formulário oficinal e magistral, conhecido como
Fo ul ioàVeiga
Agostinho Vicente Lourenço Lente de Química
António Augusto de Aguiar Lente de Química
Pedro José da Silva Demonstrador de Química e farmacêutico

farmacêutico; Carlos Cândido Coutinho, 1.º ministerial de 15 de junho de 194380,81. Esta


tenente farmacêutico naval; e Homero Ferreira, ediçãoà o stituíaà u à ve dadei oà liv oà de
capitão farmacêutico. Pela primeira vez, a fó ulas ,àu aàvezà ueà i tegrava cerca de 350
comissão da FP não incluía um único professor fórmulas de soluções, emulsões, pomadas, pós,
do ensino superior38. Segundo José Ramos óvulos, supositórios, etc.28,81.
Bandeira (1906-1991), a farmacopeia de 1935 O Suplemento à Quarta Edição da FP, publicado
veio dar uma vida extraordinária à Farmácia em 1961, foi elaborado pela Comissão
Portuguesa e os seus autores merecem o preito Permanente da Farmacopeia Portuguesa (19
da nossa maior admiração79. membros; o seu presidente era o Professor José
A segunda edição da FP IV foi publicada em Toscano Rico), criada pelo Decreto-Lei nº 40
1946, cuja comissão foi nomeada por despacho 462, de 27 de dezembro de 195582.
74
Tabela 2. Comissão revisora da farmacopeia, 1903
Eduardo Augusto Mota Presidente da comissão e professor de Matéria Médica e Terapêutica
João Ferraz de Macedo Professor de Clínica Médica
Carlos Joaquim Tavares Professor de Patologia Interna
Ricardo de Almeida Jorge Professor de Higiene
Eduardo Bournay Professor de Química Orgânica
Aquiles Alfredo da Silveira Machado Professor de Química Inorgânica
D. António Xavier Pereira Coutinho Professor de Botânica
Aníbal Bettencourt Diretor do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana
Vicente José de Seiça Professor de Farmacotecnia
Nuno Freire Dias Salgueiro Professor de Farmacotecnia
José de Ponte e Sousa Professor de Farmacotecnia
Carlos Moniz Tavares Diretor do Hospital Militar de Lisboa
Guilherme José Enes Diretor do Posto de Desinfeção de Lisboa
José Bento Coelho de Jesus Presidente da Sociedade Farmacêutica Lusitana
Alfredo da Silva Machado Diretor dos Serviços Farmacêuticos dos Hospitais Civis de Lisboa
Joaquim Urbano da Veiga Ex-chefe do Serviço Farmacêutico Naval
Secretário da comissão e chefe do Serviço Farmacêutico do Hospital
Emílio Fragoso
de D. Estefânia

Seguidamente, em 1967, 1969, 1972 e 1976 Em 1969, a Comissão Permanente da Farma-


foram editadas adições e correções28. copeia Portuguesa elaborou o Formulário
49
Conceição J., Pita J.R., Estanqueiro M., Lobo J.S.

Galénico Nacional83. Esta Comissão Permanente cocinética, os soros e vacinas, a Biotecnologia e


foi reestruturada em 1978, tendo em vista a as preparações radio-farmacêuticas85.
publicação de uma nova edição da FP36.
Pelo Decreto-Lei n.º 40/462 de 27 de Tabela 3. Comissão Permanente da Farmacopeia
86
dezembro de 195582 foi criada na Direção-Geral Portuguesa, 1986
de Saúde a Comissão Permanente da Farmaco- Joaquim Barros Polónia Presidente
peia Portuguesa, incumbida da revisão e W. F. Osswald
Vice-presidentes
interpretação da FP, tendo passado, na sequên- L. N. Prista
J. L. F. Cristina Afonso
cia da publicação do Decreto-Lei n.º 103-A/84
A. Correia Alves
de 30 de março84, a constituir uma comissão
J. Almeida Baltasar
técnica especializada da Direção-Geral de A. E. V. Nazaré Barbosa
Assuntos Farmacêuticos85. Maria M. Ferreira Braga
A Farmacopeia Portuguesa V, aprovada em 1 A. Pinho Brójo
de outubro de 1985, é uma tradução-adaptação A. Proença da Cunha
da 2.ª edição da Ph. Eur. aplicando a Convenção E. F. Neves Ferreira
relativa à elaboração de uma Farmacopeia Ana B. Ramos Godinho
Europeia (Série de Tratados Europeus n.º 50) do J. Borralho da Graça
Conselho da Europa86. Relativamente à sua Maria Isilda Jacinto Vogais
A. C. Marques Leal
estrutura, a farmacopeia obedece aos princípios
Tice R. Anastácio de Macedo
que nortearam a Ph. Eur.86. A Comissão Perma- A. Torres Pereira
nente da Farmacopeia Portuguesa está exposta Albano Pereira
na Tabela 386. Madalena Pinto
Entre 1986 e 1995 foi possível preparar e J. A. Almeida Ribeiro
fazer entrar em vigor 12 tomos da farma- J. M. Toscano Rico
copeia87,88. Ainda, em 1995, foi publicada a L. Duarte Rodrigues
Pa teà à daà FPà Memento Terapêutico ,à J. F. Vale Serrano
dedicada às vias de administração, posologia e Manuel Vieira da Silva
interações dos fármacos, que consistia num
volume de indiscutível interesse especialmente A Farmacopeia Portuguesa VI, aprovada
para a Farmácia de Oficina e para a classe através da Portaria n.º 74/97, de 31 de janeiro,
médica87,89. constituiu uma tradução-adaptação da 3.ª
Portugal tornou-se observador da comissão edição da Ph. Eur87,92. Trata-se da primeira FP a
da Ph. Eur. em 1980 durante a presidência do ser editada, na totalidade, sob a responsa-
Professor Polónia. No dia 16 de novembro de bilidade do Instituto Nacional da Farmácia e do
1989, sendo presidente o Professor Nogueira Medicamento (INFARMED), atualmente designa-
Prista, durante a 428.ª Reunião do Conselho da do de Autoridade Nacional do Medicamento e
Europa em Estrasburgo, Portugal tornou-se Produtos de Saúde I.P.87. Anualmente foi publi-
membro de pleno direito da Comissão da cado um suplemento (1998, 1999, 2000 e 2001),
Farmacopeia Europeia ao ver aprovado o seu com vista à sua revisão e atualização87. A
pedido para aderir à Convenção para a elabora- comissão da FP VI está ilustrada na Tabela 487.
ção de uma Farmacopeia Europeia39,87,90,91. A FP VI foi consequência, em primeiro lugar,
A Portaria n.º 408/96, de 22 de agosto, passou a da obrigação decorrente da adesão de Portugal
designar a Comissão Permanente da Farmaco- à Ph. Eur. e, também, da consequência dos
peia Portuguesa por CFP, sendo esta um órgão defeitos à otadosà à FPà V:à o aà e à to osà deà
consultivo do INFARMED85. Os membros da difícil manuseamento; arrumação dos assuntos
comissão são escolhidos de entre farmacêu- a necessitar de uma remodelação; atualização
ticos, médicos e veterinários, com currículos de monografias, etc.39. As principais inovações
adequados, de modo a cobrir as principais áreas desta farmacopeia são as seguintes39: substi-
do fabrico e da análise do medicamento e das tuição em inúmeros casos, dos ensaios em ani-
substâncias medicamentosas, nomeadamente a mais por ensaios in vitro (ensaio de pirogénios
Tecnologia Farmacêutica, a Química Farmacêu- por ensaio de endotoxinas bacterianas, supres-
tica, os métodos físico-químicos e biológicos, os são do ensaio de toxicidade anormal quase na
fármacos naturais, a Farmacoterapia, a Farma- sua totalidade, doseamentos físicos, químicos
ou físico-químicos em vez de doseamentos
50
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 1

microbiológicos ou biológicos); reorganização em vez de quinquenal, sendo publicadas três


das diferentes partes da farmacopeia para adendas anuais, tantas quantos os suplementos
simplificar a sua consulta (nova numeração de- da Ph. Eur.94. A comissão da FP VII está exibida
cimal, os anexos passaram a figurar nas mono- na Tabelas 594.
grafias); uso exclusivo do sistema internacional A Farmacopeia Portuguesa VIII é uma
de unidades; e harmonização de numerosas tradução adaptação da 5.ª edição da Ph. Eur. e a
monografias entre as farmacopeias dos Estados sua comissão está apresentada na Tabela 696.
Unidos da América do Norte, do Japão e Euro- No es oà a o,à foià pu li adoà oà Vademecum ,à
peia. publicação em que a Subcomissão para a Har-
Em 1998, foi editada a 2.ª edição do monização de Terminologias da CFP participou
Memento Terapêutico ,à ujoà o teúdoà eà o ga- com o objetivo comum de promover a harmo-
nização são muito semelhantes aos da sua 1.ª nização de terminologias e conceitos tendo co-
edição93. mo referência os consensos e orientações a ní-
vel europeu e internacional, designadamente,
Tabela 4. Comissão da Farmacopeia Portuguesa os emanados da OMS e dos órgãos competentes
VI, 199787 do Conselho da Europa97.
Rui Manuel Ramos Morgado Presidente A Farmacopeia Portuguesa 9 (Figura 2),
José M. C. Neves de Sousa Lobo Vice- aprovada pela Deliberação n.º 2272/2009, de 3
José A. Barreto Damas Móra presidentes de agosto, é uma tradução-adaptação da 6.ª
Domingos de Carvalho Ferreira Secretário edição da Ph. Eur.48,98. No âmbito de cooperação
Carlos M. Magalhães Afonso entre agências de medicamentos, a agência
Maria Fernanda C. Guedes Bahia Brasileira do medicamento - ANVISA (Agência
Maria Margarida S. Ferreira Braga Nacional de Vigilância Sanitária), através da sua
Maria Margarida Duarte Diretoria Colegiada, incluiu em 2006 (Resolução-
Caramona RDC N.º 169, de 21 de agosto de 2006), a FP co-
A. Proença M. A. da Cunha mo um dos códigos farmacêuticos estrangeiros
Maria Orlanda F. de Freitas de referência no controlo da qualidade de insu-
Domingos mos e produtos farmacêuticos Brasileiros48. A
Ascenção M. Ribeiro Farinha comissão da FP 9 está indicada na Tabela 748. A
Eduardo C. S. Marques Fontes publicação da Farmacopeia Portuguesa 10 esta-
João A. Borralho da Graça
Maria Irene dos Santos Graça Tabela 5. Comissão da Farmacopeia Portuguesa VII,
94
Maria Isilda S. J. Marques Louro Vogais 2002
Tice R. Anastácio de Macedo Rui Manuel Ramos Morgado Presidente
José M. C. Neves de Sousa Lobo Vice-
José A. Guimarães Morais
José A. Barreto Damas Móra presidentes
Daniel F. Lima de Moura
Domingos de Carvalho Ferreira Secretário
André da S. Campos Neves Carlos M. Magalhães Afonso
Albano Pereira Maria Fernanda C. Guedes Bahia
Luís V. Nogueira Prista Maria Margarida Duarte Caramona
Carlos A. C. Tomé dos Reis A. Proença M. A. da Cunha
Maria Anabela Rodrigues Maria Orlanda F. de Freitas Domingos
Rosa M. Moreira Seabra Ascenção M. Ribeiro Farinha
Manuel J. Vieira da Silva Eduardo C. S. Marques Fontes
Rui Vidal Correia da Silva Maria de Fátima Neutel Guerreiro
António P. Martins Valadares Maria Irene dos Santos Graça Vogais
Maria Isilda S. J. Marques Louro
Tice R. Anastácio de Macedo
A Farmacopeia Portuguesa VII, aprovada Helena Maria Cabral Marques
pela Portaria n.º 122/2003, de 23 de janeiro, é Maria Anabela Rodrigues
uma tradução-adaptação da 4.ª edição da Ph. Rosa M. Moreira Seabra
Eur.94,95. Pela primeira vez foi disponibilizada Manuel J. Vieira da Silva
uma versão em CD-ROM que, embora prevista Adriano B. Teixeira de Sousa
na edição anterior, não foi possível produzir94. A António P. Martins Valadares
periodicidade de publicação passou a ser trienal

51
Conceição J., Pita J.R., Estanqueiro M., Lobo J.S.

va prevista começar durante 2012. No mesmo ano106,108,110.


ano, a CFP foi reestruturada (Tabela 8)99-102. A Comissão da Farmacopeia Europeia
reconhece a utilidade de uma cooperação com
Tabela 6. Comissão da Farmacopeia Portuguesa VIII, outras farmacopeias para a elaboração de
96
2005
monografias e capítulos gerais harmonizados111.
Rui Manuel Ramos Morgado Presidente
A harmonização dos capítulos gerais tem como
José M. C. Neves de Sousa Lobo Vice-
fim a obtenção de métodos ou normas
José A. Barreto Damas Móra presidentes
Domingos de Carvalho Ferreira Secretário
intercambiáveis; e a harmonização das
Carlos M. Magalhães Afonso monografias tem como fim obter normas
Maria Fernanda C. Guedes Bahia idênticas para todas as características de uma
Maria Margarida Duarte Caramona substância111. Esta harmonização apresenta
A. Proença M. A. da Cunha diversas vantagens, sobretudo a simplificação e
Maria Orlanda F. de Freitas Domingos a racionalização dos métodos de controlo da
Ascenção M. Ribeiro Farinha qualidade e os processos de registo111.
Eduardo C. S. Marques Fontes A harmonização auxilia positivamente os
Maria de Fátima Neutel Guerreiro trabalhos da Conferência Internacional sobre a
João A. Borralho Graça Vogais
Harmonização (ICH) e da Cooperação Inter-
Maria Irene dos Santos Graça
Maria Isilda S. J. Marques Louro
nacional sobre a Harmonização Veterinária
Tice R. Anastácio de Macedo (VICH)111. A ICH, criada em 1990, envolve as
Helena Maria Cabral Marques autoridades regulamentares do medicamento e
Maria Anabela Rodrigues os fabricantes industriais do Japão, da Europa e
Rosa M. Moreira Seabra dos Estados Unidos da América, nas discussões
Manuel J. Vieira da Silva técnicas e científicas dos procedimentos sobre
Adriano B. Teixeira de Sousa ensaios que são exigidos para garantir e avaliar
a qualidade, a segurança e a eficácia dos
HARMONIZAÇÃO DAS FARMACOPEIAS medicamentos112,113. A VICH, criada oficialmente
O crescimento da atividade comercial e o em abril de 1996, é um programa multinacional
fortalecimento das relações entre países fez (União Europeia – Japão - Estados Unidos da
com que a harmonização internacional de leis e América), que visa harmonizar os requisitos
normas fosse imprescindível24,103,104. A área do técnicos para registo de produtos veteri-
medicamento, que é uma das áreas mais nários114. Os três princípios da globalização
fortemente regulamentadas por razões de compendial são as práticas farmacopeicas
Saúde Pública, é especificamente afetada e a padronizadas Boasà P ti asà Fa a opei as à
harmonização é particularmente delicada e (GPhP)), a colaboração entre as farmacopeias e
trabalhosa103. Um dos primeiros exemplos da a aceitação regulamentar24. O conceito é ilus-
necessidade de unificação das farmacopeias foi trado num banco de três pernas para enfatizar o
a criação da Farmacopeia Britânica, em 1864, equilíbrio necessário entre os três princípios,
para superar os inconvenientes e perigos estando na aseà es itoà e efí ioà pa aà osà
decorrentes da existência de três farmacopeias pa ie tes ,à u a vez que estes são os grandes
diferentes no Reino Unido e na Irlanda: as de beneficiários ao usufruírem de medicamentos
Londres, Edimburgo e Dublin18,105. com qualidade24.
Em 1989, algumas empresas farmacêuticas Como mencionado por Rui Morgado no
multinacionais expressaram a necessidade de prefácio da FP VI, o objetivo da harmonização é
harmonização das farmacopeias do Japão, da aproximar, tanto quanto for possível, políticas,
Europa e dos Estados Unidos da América103,106. normas, especificações de monografias, méto-
Deste modo, em 1990, a Ph. Eur. cofundou, com dos de análise e critérios de aceitação comuns
a Farmacopeia Japonesa (JP) e com a USP-NF, o de modo a corresponder à realidade que é,
Grupo de Discussão das Farmacopeias hoje, a globalização da indústria farmacêutica87.
(PDG)103,107-109. Em maio de 2001, o PDG deu as
boas-vindas à OMS como observadora106,109. Os FARMACOPEIA EUROPEIA
trabalhos de harmonização são realizados no Em 22 de julho de 1964, a Bélgica, a Ale-
PDG entre as 3 farmacopeias e este grupo manha, os Países-Baixos, a França, a Itália, o
reúne-se normalmente duas vezes por Luxemburgo, a Suíça e o Reino Unido decidiram,

52
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 1

no âmbito do Conselho da Europa, assinar a criada em 26 de maio de 1994, formada pelos


Convenção para a elaboração de uma Farma- laboratórios de todas as agências regulamen-
copeia Europeia90,91,103. A 1.ª edição da Ph. Eur. tares nacionais dos diferentes países euro-
foi publicada em 1967, a 2.ª edição em 1980, a peus7,17,116. A EMA participa nas sessões da
3.ª edição em 1997, a 4.ª edição em 2002, a 5.ª Comissão da Farmacopeia Europeia.
edição em 2005, a 6.ª edição em 2008, a 7.ª Relativamente à frequência de atualização, a
edição em 2011 e em 2014 teve início a Ph. Eur. tem nova edição a cada três anos, com
publicação da 8.ª edição22.
A missão da Ph. Eur é a seguinte115: proteger
a Saúde Pública; elaborar monografias e outros
textos de modo a responderem às necessidades
das autoridades regulamentares, dos serviços
encarregados dos controlos da qualidade, e dos
fabricantes de matérias-primas e de medica-
mentos; garantir a qualidade dos medicamentos
importados ou exportados da Europa; e facilitar
a livre circulação dos medicamentos no espaço
europeu. Atualmente são seus membros a
União Europeia e 37 Estados-Membros: Alema-
nha, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina,
Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslová-
quia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia,
França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda,
Islândia, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo,
Macedónia, Malta, Montenegro, Noruega,
Polónia, Portugal, Reino Unido, República
Checa, Roménia, Sérvia, Suécia, Suíça, Turquia, e
Ucrânia (adesão em 2013)11,107. Além disso, há
25 observadores, 24 países (África do Sul (ade-
são em 2013), Albânia, Argélia, Argentina, Armé-
nia, Austrália, Bielorrússia, Brasil, Canadá,
Cazaquistão, China, Estados Unidos da América, Figura 2. Frontispício da Farmacopeia Portuguesa
48
Geórgia, Israel, Madagáscar, Malásia, Marrocos, 9.0, 2008
Moldávia, República da Guiné, Rússia, Senegal,
Singapura, Síria, Tunísia) e a OMS11,107. Tabela 7. Comissão da Farmacopeia Portuguesa 9,
48
Os textos legais que tornam obrigatório o 2008
Rui Manuel Ramos Morgado Presidente
cumprimento da Ph. Eur. na Europa são os
José M. C. Neves de Sousa Lobo Vice-
seguintes115: a Convenção relativa à elaboração
José A. Barreto Damas Móra presidentes
de uma Farmacopeia Europeia; o Protocolo à Domingos de Carvalho Ferreira Secretário
convenção relativa à elaboração de uma Carlos M. Magalhães Afonso
Farmacopeia Europeia, aprovado em 1989 e Maria Fernanda C. Guedes Bahia
respetiva adenda em 1994; e as Diretivas da Maria Margarida Duarte Caramona
União Europeia 2001/82/CE e 2001/83/CE, e A. Proença M. A. da Cunha
2003/63/ CE sobre medicamentos para uso hu- Maria Orlanda F. Freitas Domingos
mano e veterinário. A Ph. Eur. aplica-se, obriga- Ascenção M. Ribeiro Farinha
toriamente, por força da assinatura e ratificação João A. Borralho Graça
por Portugal da Convenção Internacional da Maria Irene dos Santos Graça Vogais
Farmacopeia Europeia27. Maria Isilda S. Jacinto Louro
Tice R. Anastácio de Macedo
A elaboração da Ph. Eur. é da responsabilidade
Helena Maria Cabral Marques
da EDQM, fundada em 1996116. Este organismo Maria de Fátima Neutel
inclui a Comissão da Farmacopeia Europeia e Maria Anabela Rodrigues
coordena a Rede Europeia de Laboratórios Rosa M. Moreira Seabra
Oficiais de Controlo de Medicamentos (OMCL), António P. Martins Valadares

53
Conceição J., Pita J.R., Estanqueiro M., Lobo J.S.

Tabela 8. Atual Comissão da Farmacopeia adaptação da Ph. Eur., conferindo-lhe uma


99-102
Portuguesa diminuição do tempo de vigência de cada edi-
José Manuel de Sousa Lobo Presidente ção. Relativamente à FP, no futuro, pretende-
Carlos Manuel Magalhães Afonso Vice- -se118,119: continuar a colaboração com a Ph.
Maria João Antunes Gaspar presidentes Eur.; atualizar os textos nacionais e publicar
Portela
novas monografias (principalmente de produtos
António José Infante Alfaia Secretário
acabados); reforçar as relações com os países de
Ana Paula Rodrigues Martins
António Miguel Pinto Ribeiro da língua portuguesa; e reforçar as ligações com
Costa diversos intervenientes (reguladores, fabrican-
Cristina Maria Martins Almeida tes de substâncias ativas e medicamentos).
Dinah da Conceição Marçal O crescimento da atividade comercial e o
Verdugo Duarte fortalecimento das relações entre países fez
Helena Maria Cabral Marques com que a harmonização internacional de leis e
Isabel Vitória Figueiredo normas fosse absolutamente necessária. O PDG,
João Manuel Braz Gonçalves a ICH e a VICH realizam uma função muito
José Paulo de Sousa e Silva Membros importante na harmonização internacional,
Luís Miguel Meirinhos Soares
outorgando inúmeras vantagens, particular-
Maria Anabela Rodrigues
Maria da Graça Campos mente a simplificação e a racionalização dos
Maria Eduardo Morgado Figueira métodos de controlo da qualidade e os
Maria Helena Pinto Ferreira processos de registo dos medicamentos.
Maria Margarida Duarte Ramos Nos últimos anos decorreram inúmeros
Caramona eve tosà ie tífi osà o o,àpo à exe plo,à oà Fi st
Natércia Maria Guerra Simões International Meeting of World Pharmaco-
Rui Manuel Amaro Pinto poeias à Ge e a,à“uíça,à àdeàfeve ei oàaà de
a çoà deà à eà oà “e o dà I te atio alà
suplementos três vezes por ano (março, junho, Meeti gàofàWo ldàPha a opoeias à NovaàDeli,
novembro)11,22. A Pharmeuropa, fórum da Ph. Índia, 18-19 de abril de 2013), onde se
Eur., é publicada quatro vezes por ano e analisaram as principais questões relacionadas
constitui um auxiliar para a elaboração das com as farmacopeias, e dos quais surgiu como
monografias e um meio de informação sobre a tema emergente o desenvolvimento das
farmacopeia e matérias relacionadas22,117. GPhP107,120. As GPhP visam favorecer e facilitar a
colaboração, a partilha de trabalho, e a
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES harmonização entre as farmacopeias, aumen-
O medicamento é um bem extremamente tando o acesso a medicamentos com
regulado e constitui um produto de elevado qualidade24,107,121.
valor acrescentado. O objetivo basilar de uma Os três princípios da globalização compendial
farmacopeia é promover a Saúde Pública, são as práticas farmacopeicas padronizadas, a
estabelecendo normas e métodos de aplicação colaboração entre as farmacopeias e a aceitação
obrigatória para garantir a qualidade dos regulamentar24.
medicamentos, beneficiando os doentes, A evolução da ciência e da prática médica, a
profissionais de saúde, indústria farmacêutica, globalização da indústria farmacêutica, e a
autoridades regulamentares e sistemas de contrafação de medicamentos exigem uma
saúde. constante atualização das farmacopeias.
Presentemente, a nível mundial, existem 49 áà fa a opeiaàideal àdeveàfo e e à o as
farmacopeias, sendo 46 farmacopeias nacionais, adequadas para facilitar o registo de medica-
2 farmacopeias regionais e 1 farmacopeia inter- mentos, apoiar as agências regulamentares
nacional. A Ph. Eur. (intergovernamental), a através de um compêndio padronizado único e
USP-NF (independente do governo) e a JP global, e ser desenvolvida e revista através de
(governamental) são as principais farmacopeias um processo transparente baseado num con-
a nível mundial para a delimitação de uma senso que permita a análise e comentários do
política global da qualidade do medicamento. público (por exemplo, Pharmeuropa, Japanese
Em Portugal, ao longo das épocas, foram Pharmacopoeial Forum e U. S. Pharmacopoeial
publicadas farmacopeias não oficiais e oficiais. A Forum)23.
partir de 1986, a FP passou a ser uma tradução-
54
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2014, vol. 3, n. 1

Em suma, as farmacopeias são livros oficiais R, Sousa Lobo J. Tecnologia Farmacêutica, I


com valor legal que acompanham a evolução Volume. 6.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste
científica e tecnológica dos conhecimentos Gulbenkian; 2003.
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