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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI

Departamento de Engenharia Mecânica

Equipe FEI Baja 1


Carro # 02

São Bernardo do Campo - SP


Janeiro/2014
FEI Baja 1

Relatório de Projeto
Bruno Afonso Garcia
Centro Universitário da FEI

Copyright © 2014 Society of Automotive Engineers, Inc.

1. RESUMO
3. PRÉ-PROJETO
Este relatório mostra o desenvolvimento do
protótipo de veículo fora de estrada MBF-28 que atende 3.1. Pesquisa de Mercado – Para conhecer o
aos requisitos do Regulamento Baja SAE Brasil (RBSB) e mercado consumidor e desenvolver um produto que vá ao
as exigências do mercado consumidor. Baseou-se no encontro de suas expectativas, realizou-se uma pesquisa de
projeto anterior para realizar as modificações e estudos que mercado na VII EXPO BRASIL OFFROAD onde foram
proporcionassem um veículo mais seguro e confiável, entrevistados mais de 150 visitantes entre 18 e 45 anos.
levando-se sempre em consideração maneiras viáveis de Primeiramente, traçou-se o perfil econômico do usuário de
produção, os custos, a manutenção dos componentes e a acordo com critério de [1], mostrando-se que o potencial
redução de massa. Um novo dinamômetro de bancada e consumidor se enquadra na classe econômica A2 e possui
um sistema de aquisição de dados foram desenvolvidos local próprio para utilização do veículo.
para auxiliar no desenvolvimento e calibração dos
sistemas, permitindo também uma melhor avaliação dos O foco da pesquisa relativa ao projeto foi
testes realizados para validar o resultado final esperado determinar as características exigidas para o protótipo,
para o veículo. Ao concluir as avaliações do protótipo, encontrando-se como fator principal a segurança (22%),
verificou-se que os objetivos estabelecidos foram seguido pelo desempenho (19%) e pela confiabilidade
atingidos, proporcionando um produto apto a venda para o (18%) (Apêndice A1). Observou-se também que a maior
consumidor, que desfrutará de um veículo que atenda a utilização do produto se destina ao lazer (41%), seguido
todas suas expectativas. pelo trabalho agrícola (34%), fator que determinou a
preocupação com o conforto para longas horas de
2. INTRODUÇÃO utilização. Mesmo não sendo o fator mais relevante para o
consumidor, pesquisou-se o valor esperado para aquisição
Este relatório descreve o projeto do protótipo do veículo, obtendo-se um valor de R$20.000,00. Segundo
MBF-28 abordando-se seu desenvolvimento técnico, os a pesquisa, 91% dos proprietários gostariam da
testes realizados e as respectivas conclusões. Os itens disponibilidade de ajustes e 75% fariam a manutenção sem
podem ser acessados através de links na Tabela 1. o auxílio de terceiros, sendo que 65% destes se dispõem a
um maior investimento para adquirir um sistema de
Tabela 1 – Índice monitoramento dos dados vitais do veículo. [↑]

4.8. Trem de força 3.2. Projeto anterior – Após os testes do veículo


3. PRÉ- PROJETO
4.8.1. Motorização anterior, o mesmo foi avaliado para determinar as suas
3.1. Pesquisa de Mercado 4.8.2. Relação Primária principais falhas, que levaram principalmente a perda de
3.2. Projeto anterior 4.8.3. Relação secundária
3.3. Objetivos confiabilidade, desempenho e conforto ao operador:
4.8.4. Eixo Final
3.4. Organização
4.9. Eletrônica embarcada  Fadiga prematura da manga de eixo traseira;
4. DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS
5. MANUTENÇÃO E AJUSTES  Desgaste excessivo das pastilhas de freio;
4.1. Considerações Iniciais
6. ACABAMENTO
 Falha na fixação do cubo de roda traseiro;
4.2. Pneus e Rodas
4.3. Suspensão Dianteira e Direção  Falha na fixação das peças de fibra de carbono
7. MANUFATURA E CUSTOS
4.4. Suspensão Traseira utilizadas nos pratos da CVT;
4.5. Mola – amortecedor 8. VALIDAÇÕES
 Dificuldade no acionamento do sistema de
4.6. Chassis e ergonomia 9. CONCLUSÃO
4.7. Freios redução na caixa de transmissão;
10. REFERÊNCIAS  Perda na comunicação entre o veículo e o sistema
de monitoramento em tempo real.

1
A Análise de Modo e Efeito de Falhas (FMEA) prazos e responsáveis. Um rigoroso controle de custos
(Apêndice A2) foi utilizada para a implementação de realizado no ano anterior também auxiliou no
modificações que possam eliminar os defeitos encontrados levantamento dos recursos necessários para cada
e proporcionar soluções viáveis para a redução dos subsistema.
possíveis modos de falha do veículo. [↑]
Introduziram-se, juntamente com os fornecedores
3.3. Objetivos - Observando-se as considerações a de materiais e serviços, ferramentas do sistema Lean-
cima, determinou-se como premissa principal para o MBF- Sigma. Dessa maneira aperfeiçoou-se a produção, evitando
28 o aumento da segurança e confiabilidade. Estudos ações desnecessárias e desperdícios com pessoal e
preliminares indicaram pontos em que os subsistemas maquinário parados.
pudessem atuar para melhoria contínua do protótipo,
atendendo assim todos os quesitos idealizados pelo Os arquivos virtuais foram organizados por meio
consumidor. Dessa forma, definiram-se como objetivos de uma numeração padrão, especificando modelo do
para o projeto: protótipo, subsistema, o tipo de componente e o tipo de
arquivo. Para facilitar o acesso às informações e a melhor
 Aumentar a confiabilidade de maneira que o integração dos sistemas, os arquivos eletrônicos foram
veículo seja utilizado por 8 horas sem apresentar falhas; mantidos em um único servidor acessado por uma rede. [↑]
 Garantir segurança ao operador;
 Atingir um raio de cobertura do sistema de 4. Descrição dos sistemas
transmissão de dados de no mínimo 3 km;
 Proporcionar conforto ao condutor oferecendo 4.1. Considerações iniciais - O projeto foi iniciado
também ajustes e regulagens diversificados; considerando o RBSB e as análises executadas durante a
 Reduzir a massa do veículo em 3,5% atingindo-se fase de pré-projeto. Adotando-se o sistema de coordenadas
uma massa total de 142 Kg; conforme a norma DIN 70000, modelou-se totalmente o
 Desenvolver peças e processos que sejam veículo com o software SIEMENS NX 8.5. Estudou-se o
compatíveis com a produção em massa, de maneira que os comportamento cinemático da suspensão com software
custos para a fabricação em escala alcancem o valor de OPTIMUM KINEMATICS e para as análises de
R$18.000,00; elementos finitos utilizou-se o software ANSYS 14.
 Facilitar a manutenção e a reposição de peças;
 Utilizar processos e materiais que reduzam o Os valores de bitola, entre-eixos, distribuição do
impacto ambiental e o desperdício de material; carregamento e a posição do Centro de Gravidade (CG)
 Introduzir ferramentas de gestão que facilitem a basearam-se no protótipo anterior e em estudos da
organização da equipe, reduzindo-se o tempo de projeto e dinâmica do veículo, priorizando-se a garantia das
construção em 10%. capacidades trativa e de frenagem, além da tendência de
sobre-esterço. Os valores utilizados podem ser vistos na
Modelos matemáticos e as análises anteriores Tabela 2 e na Figura 1.
possibilitaram a definição dos objetivos quanto ao
desempenho do veículo: Tabela 2 – Condições iniciais
Peso total com piloto de 60 Kg W 2020 N
 Aceleração de 0 a 30m em 3,8s;
 Velocidade máxima de 68 km/h; Carregamento do eixo dianteiro WF 39,37 %
 Capacidade trativa de 5000 N; Carregamento do eixo traseiro WR 60,63%
 Capacidade de rampa estática de 36%. [↑] Bitola dianteira TF 1300 mm
Bitola traseira TR 1200 mm
3.4. Organização - Estruturou-se a equipe com
auxílio de um organograma (Apêndice A3) no qual o
Centro Rolagem dianteiro
capitão é o responsável pela gestão do grupo e pelo
acompanhamento de todas as atividades. Para auxiliar o Centro Rolagem traseiro
capitão nas tarefas administrativas, um grupo é
selecionado especificamente para as operações logísticas e Centro de Gravidade
de marketing. Os chefes de subsistema são responsáveis
pelo desenvolvimento técnico do projeto e pela instrução Eixo de Rolagem
de seus aprendizes, encarregando-os da manutenção,
construção e testes do sistema em específico.

Para a melhor organização e elaboração das metas


525
250

implantaram-se algumas ferramentas do sistema de


188

Gerenciamento pelas Diretrizes (GPD), como o 5W2H 867 563


(What? When? Where? Why? Who? How? How Much?). 1430
Esta ferramenta foi auxiliada por um cronograma que
possibilitou a visualização de todas as atividades que
deveriam ser executadas, as relações entre elas, seus Figura 1 - Dimensões do veículo [mm] [↑]

2
4.2. Pneus e rodas – Testes e comparativos uma relação de 5,3:1 e com um curso de volante de 200º
anteriores apontaram o desempenho e a relação custo- entre batentes. Dessa maneira, realizam-se todas as
benefício esperados para os pneus já utilizados. Desta manobras sem a necessidade de tirar as mãos do volante,
forma optou-se por manter o pneu Maxxis Front Pro 21x7- proporcionando segurança e agilidade.
10 para o eixo dianteiro e o Carlisle AT489 23x7-10 para o
eixo traseiro. Para alimentar os modelos matemáticos
referentes à dinâmica do veículo, os testes de rigidez
lateral, rigidez vertical e capacidade trativa foram
realizados, como explicado abaixo:

 Capacidade trativa: o protótipo tracionou um


veículo por meio de uma corrente acoplada a uma célula
de carga. Variou-se o ângulo de camber e a pressão de
enchimento para a definição das melhores condições de
funcionamento do pneu em diferentes situações de terreno
como asfalto, lama e terra batida. (Apêndice A4). Figura 2 - Sistema de suspensão dianteira e direção
Procurou-se o melhor desempenho em curvas
 Rigidez lateral: Desenvolveu-se um dispositivo através da capacidade do pneu em resistir à força lateral,
capaz de impor um ângulo de deriva conhecido no pneu, assim, utilizou-se o ganho de camber obtido pelo trabalho
deslocando-se o suporte do mesmo em relação a uma placa de suspensão (Apêndice A6) e um ângulo de cáster de 17º
fixa (Apêndice A5). Células de carga permitiram o cálculo que proporciona o ganho de camber durante o
da força lateral obtida para cada ângulo imposto. As esterçamento. Os esforços no volante e nos componentes
condições de ensaio, como velocidade e carga normal, do conjunto foram reduzidos com o deslocamento do
foram determinadas através de dados de testes em pista. cáster de 15 mm e com a inclinação do pino mestre em 5º
atingindo-se um rastro de 60 mm. O posicionamento do
 Rigidez vertical: Uma máquina de deslocamento sistema definiu um raio mínimo de curva de 1,80 m em
vertical e uma célula de carga mediram a rigidez vertical baixas velocidades, sendo que este se mostrou suficiente
dos pneus com diferentes pressões de enchimento durante os testes de manobrabilidade.
(Apêndice A4).
O comprimento da cremalheira foi dimensionado
Os resultados obtidos apresentam-se na Tabela 3. segundo [2] para reduzir os ganhos de divergência durante
o trabalho de suspensão alcançando-se melhor estabilidade
Tabela 3 – Dados dos pneus utilizados e desempenho em retas. (Apêndice A6). Posicionou-se o
Ensaio Front Pro AT489 sistema de suspensão com 24% de pró-dive, o que reduz os
Pressão [psi] 5.0 7.0 esforços nos componentes durante a transposição de
Capacidade trativa [N] - 1550.0 obstáculos como descrito por [8]. [↑]
Rigidez lateral [N/°] 340.0 380.0
4.4. Suspensão traseira – Os objetivos principais
Rigidez vertical [kN/m] 40.0 45.0 para o desenvolvimento da suspensão traseira foram o
aumento do desempenho dinâmico e da confiabilidade,
As rodas são fabricadas em alumínio, possuindo visto que o componente crítico do protótipo anterior foi a
alívios usinados que reduzem a inércia e a massa girante, manga de eixo traseira.
passando também pelo processo de anodização, que
aumenta a sua resistência ao desgaste e possibilita a maior Utilizou-se a geometria independente de duplo
personalização do protótipo. Com intuito de facilitar a braço triangular (Figura 3) devido ao seu maior conforto
reposição das rodas, padronizaram-se as furações para os quando comparada ao eixo-rígido, além de melhores
dois eixos e utilizam-se rodas com dimensões encontradas controles cinemáticos e facilidade de ajustes quando
no mercado de quadriciclos. [↑] comparada a sistemas como o braço semi-arrastado e o
McPherson. Devido ao seu maior número de componentes
4.3. Suspensão dianteira e direção – A suspensão quando comparado a esses sistemas, procurou-se facilitar a
dianteira utiliza uma geometria independente de duplo manufatura e reduzir os custos do sistema através da
braço triangular (Figura 2), pois, mesmo possuindo uma simplificação de geometrias.
quantidade maior de componentes, esta proporciona um
melhor controle cinemático quando comparada a outras Aumentou-se o ganho de camber no trabalho de
geometrias como a McPherson. suspensão para recuperar o camber durante a rolagem do
veículo, de maneira que o pneu trabalhe perpendicular ao
O sistema de direção (Figura 2) possui geometria de solo, dispondo de maior capacidade trativa durante curvas.
Ackerman-Jeantaud, de maneira que a roda interna esterce Um dispositivo mediu a perda de camber gerada pela
mais que a roda externa, mantendo-se o mesmo centro de deformação do conjunto de suspensão em função da
giro o que reduz o desgaste dos pneus. O conjunto é aceleração lateral. O sistema atual apresentou uma
acionado por um par pinhão-cremalheira projetado com deformação de 0,3º/g, 20% a menos que o anterior

3
(Apêndice A7), assim foi possível levantar a curva real dos (Apêndice A7). Analisou-se o novo conjunto de suspensão
ganhos cinemáticos em função da rolagem do veículo traseira considerando-se a máxima aceleração obtida
(Apêndice A8). Para que se atingisse o comportamento durante testes em pista, 38,31 m/s² (Apêndice B2). A
sobre-esterçante esperado, baseou-se no comportamento análise apontou a maior robustez da manga de eixo, bem
do protótipo anterior para determinar o ganho de como a integridade dos braços de suspensão. As
divergência no trabalho de suspensão (Apêndice A8). modificações necessárias para o desenvolvimento do novo
Posicionou-se o sistema com 40% de anti-squat, de sistema e a simplificação dos braços de suspensão
maneira que se aumente a velocidade da transferência de possibilitaram uma redução de 3,5% em massa e 4,5% nos
carga para o eixo traseiro durante acelerações, como custos de manufatura. [↑]
descrito por [3].
4.5. Mola-amortecedor – O sistema é composto
MBF – 26 por amortecedores destinados especificamente para
MBF – 28 veículos fora de estrada do tipo Baja, com mola
2013
2014 pneumática, corpo de alumínio e ajustes do coeficiente de
amortecimento.

Uma máquina de deslocamento linear e uma célula


de carga foram utilizadas para obtenção das curvas de
amortecimento (Apêndice B3) e rigidez (Apêndice B4).
Figura 3 - Sistemas de suspensão traseira Utilizando o modelo de um quarto de veículo e nos
Relacionou-se a taxa de rolagem e a perda de carga fundamentos de [5], desenvolveram-se modelos
normal gerada pelo efeito de “jacking force” descrito por matemáticos (Apêndice B5) para definir a correta pressão
[4], em função da altura do centro de rolagem traseiro, que de enchimento das molas traseiras e dianteiras de acordo
foi reduzido de 227 mm para 188 mm. Assim, reduziu-se, com a massa do condutor e o comportamento desejado
em média, 11% da perda de carga normal no eixo traseiro pelo mesmo. As frequências obtidas devem estar dentro
garantindo maior capacidade trativa em curvas e ainda dos limites de conforto e desempenho, 1 e 2 Hz
obteve-se uma taxa de rolagem de 5,28 º/g que está dentro respectivamente, como descrito por [5]. Para um condutor
da faixa de conforto segundo [5]. de 60 kg, definiram-se as frequências naturais amortecidas
de 1,24 Hz e 1,38 Hz, para o eixo dianteiro e traseiro
Uma barra estabilizadora regulável para controle da respectivamente. Observa-se que a frequência do eixo
taxa de rolagem foi dimensionada segundo [4], traseiro é 12 % maior que a do eixo dianteiro reduzindo-se
verificando-se também sua influência nos valores do o movimento de arfagem do veículo e proporcionando
gradiente de esterço referente à transferência lateral de maior conforto ao condutor.
carga (Kllt). Na tabela 4 observam-se os valores obtidos,
lembrando-se que, de acordo com [5], quanto menor o Obteve-se o histograma de velocidades dos
valor de Kllt, maior a diferença entre o ângulo de deriva do amortecedores durante testes em pista, mostrando a faixa
eixo traseiro em relação ao eixo dianteiro, o que leva a em que o amortecedor trabalha na maior parte do tempo
tendência de sobre-esterço. Observa-se também que os (Figura 4). Conseguiu-se determinar o melhor ajuste do
valores de taxa de rolagem, do maior para o menor, coeficiente de amortecimento para garantir a simetria do
encontram-se nas faixas de conforto, conforto histograma, o que garante o contato do pneu com o solo na
intermediário e desempenho, segundo [5]. maior parte do tempo, como descrito por [6].
Tabela 4 – Influência da barra estabilizadora -800
Sem Barra Posição 1 Posição 2 -600
Velocidade [ mm/s]

-400
Rφ [º/g] 5,28 3,40 2,80
-200
Kllt [%] -0,128 -0,170 -0,195
0
200
Identificada a falha da manga de eixo traseira
durante as três primeiras horas de utilização, avaliou-se o 400
equívoco cometido durante seu dimensionamento: nas 600
análises de elementos finitos considerou-se a região do 800
assento dos rolamentos como sendo rígida, de maneira que 0 3 6 9 12 15 18 %
não se pôde avaliar a deformação dessa região quando
sujeita a força lateral (Apêndice B1). Figura 4 - Histograma de velocidades do amortecedor [↑]
4.6. Chassi e ergonomia – O chassi do protótipo
As alterações no sistema de CVT e nos pontos da MBF-28 foi desenvolvido atendendo ao RBSB e aos
suspensão permitiram o desenvolvimento de braços retos, principais objetivos propostos ao veículo, principalmente o
facilitando a construção e garantindo uma geometria 20% aumento da segurança e do conforto.
mais rígida, como visto no ensaio de deformação

4
O conforto do operador foi verificado por meio de Buscando-se a segurança da estrutura, a verificação
estudos do seu posicionamento e o acesso aos da integridade estrutural da nova ancoragem da suspensão
componentes do veículo (Figura 5). Utilizou-se a norma traseira foi priorizada. Simulou-se a condição crítica onde
SAE J826, que utiliza um modelo de corpo humano o veículo sofre uma queda em apenas uma das rodas com a
baseado em 95% da população mundial. Posicionou-se o máxima aceleração obtida durante testes em pista,
assento do condutor, o sistema de direção e os pedais 38,31 m/s² (Apêndice B7).
conforme a norma SAE J1100. Seguindo-se a norma SAE
J827, avaliou-se o fator “General Packed Factor”, Análises modais com a influência da massa de um
referente ao conforto do operador, obtendo-se o valor piloto com 60 kg e do sistema de trem de força indicaram
(-0,75) que, segundo a norma, deve ser menor que (-0,5). que as frequências naturais obtidas estão dentro da faixa de
O fator “Hand Reference Plane Factor”, que se refere ao conforto segundo [5] e fora da faixa de trabalho do motor e
posicionamento das mãos e acessibilidade aos controles, da suspensão, garantindo que não ocorrerá ressonância
deve ser menor que zero, foi obtido o valor de (-8,5). (Apêndice B8).

Desenvolveu-se um sistema de engate rápido para o Através de um binário aplicado a suspensão


volante que proporciona duas regulagens de altura e dianteira, verificou-se a rigidez torcional do chassi,
facilita a entrada e saída do condutor no veículo. O volante obtendo-se uma rigidez de 2444.45 N.m/º, sendo esta 0,5%
foi desenvolvido com geometrias ergonômicas, sendo maior que a anterior devido ao novo posicionamento da
revestido por couro para melhor aderência das mãos. suspensão traseira. A estrutura mostrou-se 90% mais rígida
que o sistema de suspensão, garantindo, segundo [8], que
sua deformação não tenha influência sobre a transferência
lateral de carga. [↑]

4.7. Freios – O desenvolvimento do sistema de


freios priorizou o aumento de confiabilidade, a melhoria
do rendimento na frenagem em todos os tipos de
pavimento e a facilidade de manufatura e manutenção.

Utilizou-se freio a disco nas quatro rodas por


Figura 5 - Estudos de ergonomia apresentar menor massa, maior dissipação de calor e
facilidade para manutenção e fabricação quando
Para a escolha do material empregado na estrutura, comparado ao freio a tambor. Como principal
priorizou-se a segurança da estrutura, optando-se pelo SAE desvantagem, o sistema apresenta, segundo [9], menor
4130, pois, segundo [7], este apresenta maior resistência “Brake Factor”, que foi considerado para o correto
mecânica e tenacidade quando comparado ao SAE 1020. dimensionamento do sistema.
Utilizaram-se apenas duas dimensões de tubos (Figura 6):
diâmetro de 31,75 mm e espessura de 1,65 mm, que possui O cilindro mestre, encontrado no mercado de peças
44% mais rigidez específica à flexão do que o exigido pelo automotivas, possui duas câmaras independentes com uma
regulamento e para os travamentos dimensionaram-se saída para cada eixo, garantindo o funcionamento do
tubos de diâmetro 25,4 mm e espessura 0,9 mm, sistema em caso de falha em um dos circuitos.
garantindo a rigidez e a massa reduzida da estrutura. Determinou-se o material da linha de transmissão com
auxílio de testes de bancada para avaliação da perda
Tubos 1” ¼ (31,75mm) volumétrica por metro de linha, em que a melhor
combinação foi a linha rígida de aço inox ABNT 304 com
flexíveis de PTFE e malha de aço (Apêndice C1).
Tubos 1” (25,4mm)
O material das pastilhas de freio utilizadas no
protótipo anterior mostrou-se inadequado para a aplicação
em veículos fora de estrada, apresentando desgaste
excessivo. Assim optou-se por pastilhas comerciais da
Figura 6 - Dimensões dos tubos da estrutura marca Fischer que oferece materiais específicos para a
aplicação do protótipo. A substituição de pastilhas
Utilizou-se o processo de soldagem tipo TIG personalizadas por comerciais favoreceu a reposição de
(Tungsten Inert Gas), por proporcionar maior qualidade de peças e a redução de custos, tal redução alcançou 60%.
cordão e menor zona afetada pelo calor (ZAC) quando Através de testes, obteve-se a temperatura máxima de
comparado a outros processos, além da ausência de trabalho dos discos que foi estabilizada em 200ºC, assim
necessidade de remoção de escória. Foi garantida a avaliou-se a variação de atrito das novas pastilhas em
qualidade do procedimento de soldagem através de ensaios função desta temperatura (Apêndice C2).
de tração e flexão conforme norma ASTM-A370-08b, em
que se verificou a ruptura das amostras fora da ZAC Adequaram-se as pinças de freio às novas pastilhas,
(Apêndice B6). resultando em uma massa 3% maior com os mesmos

5
custos de fabricação. Análises de elementos finitos Desenvolveu-se um novo dinamômetro que suporta
verificaram um aumento de 5,77% na rigidez das novas todo o trem de força para auxiliar nos estudos de
peças, aumentando a eficiência do sistema (Apêndice C3). desempenho dos sistemas, obtendo-se de maneira mais
Desenvolveram-se as pinças flutuantes para serem rápida a avaliação de alterações no projeto (Apêndice C5).
intercambiáveis, facilitando sua manufatura e manutenção. [↑]

Para o dimensionamento do sistema, adotou-se o 4.8.1. Motorização – Utilizou-se um motor da


modelo de [9], considerando o coeficiente de atrito entre o Briggs&Stratton, monocilíndrico, 4 tempos com potência
pneu e o solo numericamente igual à desaceleração nominal de 7,46 kW @ 3800 rpm.
máxima. Para definição do balanço de frenagem do
sistema, traçou-se a curva ideal, que se refere à Por meio de um dinamômetro de bancada, foram
distribuição de frenagem necessária para o travamento obtidas as curvas reais de potência, torque e consumo
simultâneo dos eixos em função da desaceleração. A reta, específico (Apêndice C6) variando-se a angulação do
que representa o balanço de frenagem real disponível, foi motor dentro dos limites definidos pelo fabricante (0º a
posicionada de forma a manter proximidade da curva ideal 15º). Com o auxílio de uma sonda lambda foi possível
em desacelerações próximas a 0,4 g (Figura 7), garantindo analisar os gases no escape, concluindo-se que para a
eficiência de frenagem em pavimentos fora de estrada. angulação de 15º a mistura apresentou-se 5,0% mais rica
Instalou-se uma válvula equalizadora de pressão no do que a 0º, proporcionado uma potência 7,50% maior.
circuito traseiro que previne o travamento prematuro do
eixo traseiro em altas desacelerações, garantindo Utilizou-se um sensor capacitivo para determinar o
estabilidade e segurança em frenagens de emergência em curso de pedal de maneira que o motor trabalhe na rotação
qualquer tipo de pavimento. de menor consumo específico, 2600 rpm. Assim
1.2 desenvolveu-se um batente para o pedal que limita o motor
a essa rotação, podendo ser utilizado em situações em que
dianteira [Fxf,din/W]

1
Força de frenagem

Ideal a economia de combustível se faz necessária, e um batente


0.8 secundário que proporciona a máxima potência do motor.
Real
0.6
0.4 Instalaram-se sensores capacitivos no tanque, que
Influência
informam ao condutor quando se atinge o nível de reserva
0.2 da Válvula
de combustível. O sinal é enviado ao condutor pelo display
0 acoplado ao volante e por um sinal luminoso posicionado
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 no travamento dianteiro (barra FAB). [↑]
Força de frenagem traseira [Fxr,din/W]
4.8.2. Relação primária – Utilizou-se o sistema de
Figura 7 – Curva Ideal e Real transmissão do tipo CVT, pois, mesmo apresentando
maiores custos quando comparada aos sistemas manuais, o
Definiu-se a força de aplicação no pedal de 315 N conjunto proporciona maior conforto, desempenho, ajustes
para uma desaceleração de 1g, força esta que está contida de funcionamento e fácil manutenção devido ao menor
dentro de uma faixa considerada “muito boa” segundo [9], número de componentes. Baseando-se no modelo
o que garante conforto ao operador. [↑] matemático do trem de força e testes, definiu-se a relação
da CVT entre 3.6:1 e 0.89:1.
4.8. Trem de força – O conjunto de trem de força é
composto pelo motor, o sistema de transmissão por CVT A polia movida da marca Team Performance foi
(Continuously Variable Transmission), a caixa de redução substituída pela polia da marca Gaged GX 9 (Figura 8),
com duas velocidades e as semi-árvores. Durante o assim obteve-se uma redução de 83% em inércia, 14,14%
desenvolvimento do sistema, priorizaram-se os objetivos em massa e 8% em custos, além de maiores possibilidades
quanto ao desempenho do veículo e o aumento de de ajustes e manutenção simplificada.
confiabilidade, buscando-se alternativas que facilitassem a
manufatura e a manutenção dos conjuntos. Por meio de testes em pista, verificou-se que o
sistema de transmissão trabalha na maior parte do tempo
Para o seu correto dimensionamento, desenvolveu- em redução, assim, segundo [5], há maior influência da
se um modelo matemático para o conjunto de trem de inércia da polia motora no desempenho do sistema. Dessa
força com auxílio do software OPTIMUM LAP. Para maneira, o projeto da polia motora foi revisado
alimentar o modelo, necessitou-se da obtenção das forças conseguindo-se melhorias listadas na tabela 5, que
resistivas ao veículo, assim realizou-se uma análise CFD compara a nova polia com o projeto anterior e polia da
considerando a máxima velocidade estipulada para o marca Gaged.
veículo (69 km/h) (Apêndice C4). Testes de coast down
seguindo a norma ABNT NBR 10312 validaram o Tabela 5 – Comparativo entre as polias motoras
coeficiente de resistência aerodinâmica e permitiram o Gaged GX9 FEI 2013 FEI 2014
cálculo do coeficiente de resistência ao rolamento. Inércia [kg.mm2] 17234,00 3068,66 2553,74
Massa [kg] 2,74 1,50 1,33

6
Assim, foram dimensionados pratos totalmente em melhor desempenho do veículo em situações de
alumínio, eliminando-se a utilização de materiais atolamento ou diferença de aderência ao solo. O conjunto
compósitos e de adesivos estruturais que não suportavam a é composto por um sistema de catracas independentes que
temperatura de trabalho. são acopladas diretamente às semi-árvores, possibilitando
a diferença de velocidade entre os pneus (Figura 9).
MBF – 28
2014

MBF – 26
2013
Figura 8 - Sistemas de CVT
Utilizou-se o dinamômetro de trem de força para
definição dos parâmetros do novo conjunto de CVT.
Durante os testes, variaram-se os ângulos das rampas, a
rigidez das molas e o centro de massa dos pesos da polia
motora, que alteraram a rotação de trabalho do motor Figura 9 - Caixa de transmissão com duas velocidades, com
favorecendo o desempenho ou o consumo de combustível. sistemas de engate e diferencial.
Os testes de bancada apontaram um rendimento do sistema Utilizam-se engrenagens cilíndricas de dentes retos
de 56% (4,30 % maior que anterior), sendo um dos fatores para facilitar o empacotamento e para reduzir os esforços
que, aliados a redução de inércia e custos, fundamentam a axiais nos componentes. As rodas dentadas foram
utilização do novo sistema. Identificados os melhores dimensionadas pelos critérios de Lewis e Hertz.
ajustes, realizaram-se testes em pista para o ajuste final do
sistema. Buscou-se facilitar a manufatura e reduzir os
custos para fabricação das rodas dentadas através da
Identificou-se que a alta temperatura de trabalho metalurgia do pó, reduzindo-se o tempo e os custos de
diminui o rendimento do sistema, logo se desenvolveu fabricação. Utilizou-se o aço sínter-forjado 100%
uma proteção do conjunto com auxílio de análises CFD densificado, que atinge valor de limite de resistência
(Apêndice C7) para que fosse obtida a refrigeração do superior ao exigido pelo projeto (Apêndice D1). [↑]
conjunto através da entrada de ar frio e saída de ar quente.
[↑] 4.8.4. Eixo final - O conjunto é composto por duas
semi-árvores acopladas a juntas homocinéticas de
4.8.3. Relação secundária – A relação secundária quadriciclos que garantem o ganho angular necessário
tem como objetivos: atender as propostas de velocidade durante o trabalho da suspensão. Do lado da roda as semi-
final, aceleração e capacidade trativa. Assim necessitou-se árvores são fixadas internamente ao flange traseiro.
de uma caixa de redução com duas velocidades (Figura 9).
A primeira relação foi dimensionada com o intuito de
alcançar a velocidade final de 68 km/h. Com o auxílio do
modelo matemático do trem de força, levantaram-se as
forças resistivas e as forças disponíveis pelo motor
(Apêndice C8), sendo possível variar as relações de
transmissão de maneira interativa até a definição de uma
relação de 5.89:1. A segunda redução, com relação de
15,32:1, foi dimensionada segundo [5] para possibilitar a Figura 10 - Eixo Final
carga de reboque de 5000 N sem o escorregamento do O sistema de fixação por interferência entre a junta
pneu. homocinética e o flange traseiro desenvolvido para o
protótipo anterior, mostrou-se inadequado para condições
Verificou-se que a geometria do sistema anterior severas de torque e choque, apresentando perda de
não favorecia o engate para a troca das reduções, interferência e fadiga do sistema nas primeiras cinco horas
dificultando seu acionamento e ocasionado até mesmo a de uso. Para a melhor confiabilidade da junta, optou-se
falha dos componentes. Aperfeiçoou-se o sistema pela utilização de uma fixação por entalhes que foram
utilizando-se pinos cônicos e canais para conduzi-los ao dimensionados segundo [10].
correto posicionamento de engate (Figura 9). Por meio de
testes repetitivos verificou-se a eficácia do novo conjunto, Determinou-se o menor coeficiente de segurança de
garantindo o seu funcionamento e o conforto ao operador. todo o conjunto de trem de força para as semi-árvores,
assim, em caso crítico, esta será a primeira peça do
Foi desenvolvido um sistema de diferencial 100% conjunto a apresentar defeitos. Tal escolha priorizou a
auto-blocante para melhoria da manobrabilidade e para o

7
segurança e a reposição de peças, visto que esse é o Visando à segurança do sistema, todos os circuitos
componente com maior facilidade de detecção de falha, do veículo são protegidos contra curto-circuito através de
menor custo e manutenção simplificada, sendo necessário fusíveis automotivos. O sistema eletrônico é alimentando
para sua remoção apenas a desmontagem de dois anéis por uma bateria de LiFePO4 que oferece maior segurança
elásticos. e aproveitamento da tensão quando comparada à baterias
de lítio - polímero. O sistema possui um menor impacto
As alterações realizadas permitiram a redução de ambiental devido a instalação de placas fotovoltaicas, que
8% em massa, quanto aos custos, reduziu-se o tempo de geram 300 mAh para a recarga da bateria, aumentando a
torneamento e retífica cilíndrica, porém, devido ao alto sua vida útil e diminuindo a necessidade de recarga
custo do processo de eletro-erosão utilizado, houve um externa. As placas foram posicionadas na cobertura do
aumento de 6% nos custos de fabricação do conjunto. [↑] veículo para melhor aproveitamento da incidência de luz.

4.8. Eletrônica embarcada – O sistema eletrônico Os lay-outs das placas foram desenvolvidos com
do protótipo MBF-28 foi desenvolvido com o objetivo de auxílio do software CADSOFT EAGLE. Para aumentar a
tornar o veículo mais atrativo ao consumidor, oferecendo confiabilidade, fabricaram-se as placas de circuito
segurança e conforto por meio do monitoramento dos impresso pelo processo de prensagem a vácuo e optou-se
dados vitais do veículo. pela utilização de componentes que atendam a norma
automotiva AEC Q101. Outras preocupações durante o
Dividiu-se o sistema em quatro módulos que se desenvolvimento, foram a aplicação de malha de terra,
comunicam via protocolo CAN (Controller Area Network) circuitos de proteção, filtros contra interferências (ESD,
operando a 1Mbps. Os sinais dos sensores dos módulos EMI e RFI) e a utilização de componentes que atendam às
traseiro e central são processados pelo módulo principal e exigências da RoHS (Restriction of Certain Hazardous
enviados para o módulo do volante e, via transmissor de Substances), que visa redução de materiais tóxicos na
rádio frequência X-Bee (protocolo ZigBee), para o sistema fabricação de componentes eletrônicos. [↑]
de monitoramento em tempo real.
5. MANUTENÇÃO E AJUSTES
O módulo do volante realiza a interface entre o
piloto e o veículo, através de um display de LCD (Liquid Identificou-se na pesquisa de mercado que a maioria
Crystal Display) que apresenta as informações vitais do dos consumidores realizaria a manutenção do veículo sem
veículo, e conta com botões para a troca de tela, o auxílio de mão de obra especializada, logo a facilidade
acionamento da buzina, comunicação com a equipe e o de manutenção se tornou uma das premissas do projeto.
farol manual e automático (acendimento gradativo).
Todos os subsistemas padronizaram as dimensões
Para evitar perda de sinal entre o módulo principal dos parafusos utilizados, sendo necessário para a
do veículo e o sistema de monitoramento, optou-se pela manutenção de todo o veículo apenas oito chaves. Os
utilização do X-Bee 900HP de 900Mhz, atingindo um raio sistemas foram desenvolvidos para que possam ser
de cobertura de 3 km em campo aberto. Com o aumento da montados e manuseados separadamente, de maneira que há
capacidade de transmissão de dados, foi possível melhor acesso a todos os seus componentes. O
desenvolver uma interface de aquisição de dados alinhamento das rodas é efetuado com apenas dois jogos
utilizando o software Labview, que permite a verificação de chaves e sem a desmontagem de qualquer peça da
dos sinais em tempo real e o armazenamento dos dados suspensão.
para análise posterior (Apêndice D2).
A reposição das peças foi enfatizada em todos os
Criou-se um sistema de segurança que informa sistemas, promovendo a intercambialidade entre os
sobre qualquer anomalia dos sistemas, enviando um alerta componentes e buscando-se alternativas facilmente
ao piloto pelo display do volante e por um sinal luminoso encontradas no mercado automobilístico. O sistema de
posicionado em local de melhor visualização. monitoramento dos dados vitais foi desenvolvido para
Desenvolveu-se também um sistema de comunicação entre identificar eventuais reparos necessários e auxiliar na
o módulo do volante e o scanner, onde se pode pré- manutenção programada do veículo.
programar alertas e mensagens que facilitam a
comunicação entre o condutor e os responsáveis pelo O protótipo dispõe de diversos ajustes para melhor
monitoramento do veículo. acomodação e satisfação do consumidor. O sistema de
CVT oferece ajustes quanto ao seu desempenho e consumo
O chicote foi fabricado com produtos da linha de combustível, enquanto o sistema de suspensão dispõe
automotiva, utilizando-se bitolas que garantem a segurança de regulagens da barra estabilizadora, que possibilitam
quanto aos valores de corrente e a resistência mecânica diferentes tipos de condução. Para o conforto do condutor
exigida pela aplicação do protótipo. Nas partes quentes, o com diferentes biotipos desenvolveram-se regulagens
chicote é revestido por fita de poliimida, reduzindo-se o quanto à altura do volante e do pedal de freio. A rigidez
aumento de resistência ôhmica devido à alta temperatura. das molas pneumáticas também pode ser alterada com a
Os conectores são selados e de linha automotiva o que correta pressão de enchimento de acordo com a massa do
garante a confiabilidade e a proteção do sistema. condutor e o tipo de comportamento desejado. [↑]

8
6. ACABAMENTO Estudou-se a substituição de processos utilizados
pela equipe para fabricação do protótipo por processos
O acabamento final do veículo foi uma grande compatíveis com a produção em massa como estampagem,
preocupação para o MBF-28 com a intenção de torná-lo forjamento e ajuste dos tubos pelo corte a laser. O processo
único e atrativo ao mercado consumidor. O protótipo pode de fundição também foi explorado a fim de reduzir os
ser totalmente personalizado de acordo com a preferência custos com usinagem da grande quantidade de peças de
de cada cliente através do adesivo de vinil impresso na alumínio empregadas no protótipo. Com o auxílio do
carenagem e da vasta combinação de cores utilizadas para software SolidCast, foi possível determinar as
a pintura dos componentes. A carenagem do veículo é feita modificações necessárias para adequar as peças ao
de politereftalato de etileno (PET) reciclado, um material processo de fundição (Apêndice D6). Estudaram-se os
resistente e de baixo custo. Utilizam-se tintas a base custos para a fabricação do veículo em larga escala através
d´água que reduzem em 90% a emissão de solventes. dos estudos citados a cima e através do levantamento dos
custos para a aquisição de componentes com os preços de
Os tecidos impermeáveis que revestem os tubos atacado, alcançando-se o valor final de R$ 18.000,00,
do habitáculo, o banco e encosto de cabeça podem possuir como proposto na fase de pré-projeto. [↑]
detalhes bordados e são fixados por velcro e zíper,
facilitando sua remoção para limpeza. Peças fabricadas em 8. VALIDAÇÕES
alumínio passam por polimento ou anodização, o que
melhora seu aspecto visual e sua resistência à fadiga. [↑] Construiu-se um protótipo de testes para auxiliar no
desenvolvimento e validação dos estudos realizados, o
7. MANUFATURA E CUSTOS qual foi instrumentando com o sistema de eletrônica
embarcada do próprio veículo e o aquisitor de dados AIM.
Durante o desenvolvimento do protótipo MBF-28
buscou-se desenvolver soluções e processos que permitam Verificou-se o comportamento do veículo durante
a fabricação em massa do protótipo, tentando-se reduzir testes de skidpad, em que sensores de velocidade e um
seus custos e obter maior qualidade do produto final. acelerômetro permitiram o cálculo do esterçamento teórico
e, através de um potenciômetro linear acoplado à
A estrutura foi construída a partir de módulos cremalheira, avaliou-se o ângulo de esterço real. Realizou-
individuais que permitem a construção simultânea dos se a comparação entre o esterço real e o teórico, onde os
mesmos para posterior soldagem do conjunto final valores negativos apontam o comportamento sobre-
(Apêndice D3). Para garantir o posicionamento relativo esterçante esperado. Os testes foram realizados com e sem
entre os sistemas, desenvolveram-se gabaritos para a a barra estabilizadora, sendo possível avaliar a sua
instalação da suspensão, direção e trem de força influência na tendência de sobre-esterço (Figura 11).
(Apêndice D4).

Sub-esterço
4
(esterço real - esterço teórico) [°]

A padronização dos diâmetros dos tubos e dos raios 2


das dobras do chassi, aliados a simplificação da geometria
dos braços de suspensão, reduziram o tempo de 0
manufatura das estruturas em 10%, principalmente pela -2

Sobre-esterço
utilização da máquina de dobras e uma fresa ajustadora de
tubos (Apêndice D3). Todas as peças fabricadas a partir de -4
chapas foram cortadas com jato de água, reduzindo o
-6
tempo de manufatura em 8% e aumentando o
aproveitamento das chapas em 12% quando comparado ao -8
processo de oxi-corte utilizado anteriormente.
-10
Peças de fibra de vidro e fibra de carbono, 0 20 40 60
Tempo [ s ]
fabricadas anteriormente pelo processo de laminação por
infusão, foram fabricadas com auxílio de uma máquina de sem barra com barra ( posição 2)
conformação á vácuo, reduzindo-se o tempo de manufatura Figura 11 - Estudo de comportamento do veículo
em 90% e 44% em custos de material e fabricação. Com o auxílio de potenciômetros lineares montados
em paralelo com os amortecedores e acelerômetros,
A organização da produção e o cumprimento do validou-se a taxa de rolagem durante testes de skidpad,
cronograma teve maior impacto nas etapas de pintura e de segundo o método de [6], como visto na Tabela 6.
montagem, em que se reduziu o tempo médio de operação
Tabela 6 – Validação da Taxa de Rolagem
em 25% devido a todas as peças estarem prontas para o
início da sua preparação. O custo final do protótipo foi de Sem Barra Posição 1 Posição 2
R$ 40.430,40, obtendo-se uma redução de 4,9% nos custos Rφ real [º/g] 5,91 3,77 3,05
de fabricação (Apêndice D5) e de 12% no tempo total para
Rφ teórico [º/g] 5,28 3,40 2,80
manufatura em relação ao veículo anterior.
Erro percentual [%] 12,0 11,0 9,0

9
Realizou-se um teste de manobrabilidade diferencial traseiro complementaram a melhora do
padronizado pela equipe para comparação entre os desempenho dinâmico do veículo.
veículos anteriores, assim pode-se avaliar o desempenho
oferecido pelo novo conjunto de suspensão traseira, Juntamente aos estudos estruturais do chassi e da
obtendo-se uma redução no tempo de execução do teste de suspensão, o sistema de freios foi de grande importância
8% em relação ao veículo anterior. A influência do sistema para agregar maior segurança ao veículo, garantindo
de diferencial foi verificada pelo mesmo teste, obtendo-se frenagens seguras em todos os tipos de pavimento. Estudos
uma redução de 11% no tempo de execução, quando referentes à ergonomia, o acerto dos amortecedores e a
comparado ao teste sem utilização do sistema. disponibilidade de ajustes, garantiram o conforto ao
operador, de maneira que o mesmo não sofra qualquer tipo
Realizaram-se testes de aceleração longitudinal e de lesão ou mal estar durante a utilização do veículo.
velocidade final que validaram o modelo matemático O sistema eletrônico mostrou-se indispensável para o
utilizado para o dimensionamento do sistema desenvolvimento do projeto, sendo utilizado de maneira
(Apêndice D7), além de testes de capacidade trativa e intensa na obtenção de dados para aprimoramento de todos
subida de rampa. Os resultados encontram-se na Tabela 7. os sistemas, o que explica a grande preocupação da equipe
Tabela 7 – Testes de dinâmica longitudinal com a confiabilidade e segurança do sistema.
Teórico Real Erro [%]
O novo modelo de gestão permitiu a execução de
Aceleração (0 a 30 m) [s] 3,73 3,78 1,34 todas as atividades com maior qualidade e eficiência,
Velocidade final [km/h] 70 68 2,86 assim atingiram-se todos os objetivos quanto ao custo e
manufatura do protótipo. Dessa maneira, conclui-se que
Capacidade trativa [N] 5000 4350 13,00
todos os objetivos foram atingidos, com a exceção dos
Subida de rampa [%] 36 32 11,11 quesitos de subida de rampa e capacidade trativa, tornando
o MBF-28 apto para a fabricação em larga escala,
Para validação das análises de elementos finitos, oferecendo ao consumidor um veículo mais seguro,
desenvolveu-se um amplificador para o sinal de confortável e com maior desempenho. [↑]
extensômetros, permitindo a obtenção do ciclo de tensão
durante os testes em pista, juntamente com carregamentos 10. REFERÊNCIAS
que são obtidos por meio de acelerômetros nas mangas de
eixo. Os ensaios apontaram um desvio médio de 18% [1] ALMEIDA; WICKERHAUSER. O critério ABA-
devido, principalmente, ao amortecimento dos pneus e Abipeme: em busca de uma solução, 1991.
amortecedores que é desconsiderado nas simulações. [2] REIMPELL, J; STOLL, H.; BETZLER, J. W. The
Automotive Chassis: Engineering Principles, 2001.
Submeteu-se o protótipo a rigorosos testes de [3] BARRETO, M.A.Z. Dinâmica Longitudinal: Efeitos
durabilidade em que se avaliou a eficiência de todos os da Geometria de Suspensão..., 2004.111f. Dissertação
subsistemas, de maneira que se conseguiu realizar 8 horas (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Escola de
de testes sem apresentar falhas (Apêndice D8). [↑] Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos.
9. CONCLUSÃO [4] MILLIKEN, W.F.; MILLIKEN, D.L. Race Car
Vehicle Dynamics, 2002.
Os testes finais do veículo apontaram que os [5] GILLESPIE, T. D. Fundamentals of Vehicle
estudos referentes às falhas ocorridas no veículo anterior Dynamics, Warrendale , 1992.
foram de grande importância para o aumento da [6] SEGERS, J. Analysis Techniques for Racecar Data
confiabilidade e a melhoria contínua do projeto, visto que Acquisition, Warrendale, 2008.
nenhuma falha foi detectada durante os testes e ao mesmo [7] AMERICAN SOCIETY FOR METALS
tempo alcançou-se uma massa de 141,5 kg (redução de INTERNATIONAL. ASM handbook V.1: ASM
3,7% em relação ao veículo anterior e 0,35% em relação International, Novelty,1998.
ao estimado na fase de pré-projeto). [8] DEAKIN, A. et al. The effect of chassis stiffness on
race car handling balance. SAE Paper No. 2000-01-
Verificou-se que o veículo atendeu aos objetivos 3554, 2000.
estabelecidos de aceleração e velocidade final, de maneira [9] LIMPERT, R. Brake Design and Safety, 3. ed,
que se conseguiu reduzir o tempo de aceleração em 2,60% Warrendale, 2011
e uma velocidade final 3,5% maior que veículo anterior. [10] SHIGLEY,J.E;MISCHKE.C.R. Mechanical
Tal desempenho foi possível graças a redução da massa Engineering Design 7 ed. MacGraw-Hill Science, 2003
total do veículo e a redução da inércia do sistema de CVT, [↑]
que foi melhor calibrado com o auxílio do dinamômetro de
trem de força. Os valores de capacidade trativa e subida de _________________________________________
rampa não foram atingidos devido à dificuldade Bruno Afonso Garcia – Capitão da Equipe
encontrada para simular a interação entre o pneu e solo
ensaiado. O acerto de suspensão traseira e a utilização do _________________________________________
Roberto Bortolussi – Professor Orientador

10
APÊNDICE A

Apêndice A5 – Ensaios de rigidez vertical e lateral [↑]


Apêndice A1 – Exigências do consumidos [↑] 1
Descrição: Pastilhas de freio
PEÇA N°: 26.14.08.0.99 0.5

Ângulo [º]
Veículo: MBF-26 Revisão data: 12/11/2013
Sub-Sistema: Revisão: Leonardo Santana
Responsável: Fernado Nakashima
Pág. 1 de 1
0
Data da primeira emissão: 13/08/2013
Emitente: Fernado Nakashima
-0.5
Severidade

Severidade
Ocorrência

Ocorrência
Detecção

Detecção

Tipo(s) de Efeito(s) de Causa da Acão


Item

RPN

RPN

Função Controle Ação


Falha Falha Falha Recomendada

Gerar Desgate Perda da Especificação Análise do Especificação Especificação


-1
Pastilhas de freio

atrito com
o disco de
excessivo capacidade
de frenagem
incorreta de
material
Projeto /
Testes de
de material de material
específico específico
-60 -40 -20 0 20 40 60 80
do veículo 10 8 durabilidade 1 80 10 3 1 30
freio /
gerar força
para a para a
aplicação do aplicação do
Trabalho de roda [mm]
de veículo veículo
frenagem Ganho de Convergência Ganho de camber
Apêndice A2 – Análise de falhas – Pastilhas de freio [↑] Apêndice A6 – Ganhos cinemáticos da suspensão dianteira [↑]

0.8
Ângulo de camber [°]

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5
Aceleração lateral [ g ]
MBF-26 MBF-28
Apêndice A7 – Medição da deformação da suspensão [↑]
Apêndice A3 – Organograma [↑] 5

4 Camber
MBF-26
Ângulo [°]

3
Camber
2 MBF-28

Divergência
1
MBF-28
0
0 2 4 6
Ângulo de rolagem [°]

Apêndice A4 – Teste de capacidade trativa do Apêndice A8 – Ganhos cinemáticos da roda traseira


pneu traseiro [↑] externa á curva [↑]

11
APÊNDICE B

Desempenho
1.9-2
1.8-1.9
1.7-1.8
1.6-1.7
1.5-1.6
1.4-1.5
1.3-1.4
1.2-1.3
Análise inicial Conforto

40.0
52.5
65.0

70,0
60,0
77.5

50,0
90.0

40,0
102.5

30,0
20,0
115.0
10,0
Apêndice B5- Modelo para definição da pressão de
enchimento das molas pneumáticas dianteiras [↑]

Revisão da análise
Apêndice B1 - Análise da falha da manga de eixo [↑]

Apêndice B6 – Ensaio de tração da solda [↑]

Apêndice B2 - Análise da suspensão traseira [↑]


-400
-350
-300
Força [N]

-250
-200
-150
-100
-50 Apêndice B7- Análise da ancoragem traseira [↑]
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Velocidade [m/s]
Apêndice B3 – Curvas de amortecimento [↑]

1400 20 Psi
1200 25 Psi
1000
Força [N]

30 Psi
800 35 Psi
600 40 Psi
400 45 Psi
200 50 Psi
0
0 15 30 45 60 75
Deslocamento [mm]
Apêndice B4 - Curvas de rigidez [↑] Apêndice B8 – Análise modal do chassi [↑]

12
APÊNDICE C

1.4
Deformação volumétrica

1.2
1
0.8
[mL/m]

0.6
0.4
0.2
0
0 20 40 60 80 100
Pressão [bar]
ABNT 304 PTFE SAE J1401
Apêndice C1 – Deformação volumétrica da linha freio [↑] Apêndice C5- Dinamômetro para o trem de força [↑]
25 1.4
0.5
1.2
Coeficiente de atrito

20

Potência [cv]
1

Torque [Nm]

Ce [Kg/cv.h]
0.45
15 0.8
0.4 10 0.6
0.4
5
0.35 0.2
0 0
0.3 1800 2300 2800 3300 3800
50 100 150 200 250 300 350 Rotação [rpm]
Temperatura [°C] Torque 0° Potência 0° Torque 15°
Apêndice C2- Variação do atrito das pastilhas Potência 15° Ce 15° Ce 15°

em função da temperatura [↑] Apêndice C6 - Curvas do motor [↑]

Apêndice C7 - Estudo da proteção de CVT [↑]


Apêndice C3 – Rigidez das pinças de freio [↑]
1500
Força Trativa [N]

1000

500

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Fx Disponível Fx Necessária
Velocidade [km/h]
Apêndice C8 – Comparação
APÊNDICE D entre as forças resistivas
Apêndice C4- Análise de CFD do veículo [↑] a força necessária [↑]

13
APÊNDICE D
R$10,000.00
Custos Totais
R$8,000.00 2013 R$ 42,513.56

R$6,000.00 2014 R$ 40,430.40


Redução 4.9%
R$4,000.00
R$2,000.00
R$-
Apêndice D1 – Comparativo entre processos
de fabricação [↑]

2014 2013
5 Apêndice D5 - Comparativo de custos (protótipo) [↑]
4
1 3

Aba Sensores: 1) Nível de combustível, fluido de freio e sinal do box. 2) Corrente


consumida pelo sistema e tensão da bateria. 3) RPM. 4) Velocidade. 5) Temperatura do
Motor, CVT e Painel elétrico. Aba Sensores 2: Aceleração lateral, longitudinal e vertical.
Pressão da linha de freio dianteira e traseira. Curso do pedal do Acelerador. Aba
Aceleração: Teste da aceleração do veículo em 30 metros. Aba Gráfico: Gráficos RPM x
Tempo e Velocidade x Tempo. Aba GPS: Latitude, longitude e Altitude.
Aba Diagnóstico: Diagnóstico dos módulos em funcionamento. Aba Gravar: Gravação Apêndice D6- Estudos para fundição de peças [↑]
de todos os dados coletados.

50 5
Apêndice D2 - Sistema de aquisição de dados [↑]
Velocidade [km/h]

40 4

Tempo [s]
30 3

20 2

10 1

0 0
0 10 20 30
Apêndice D6- Estudos para fundição de peças [↑]
Espaço [m]
Velocidade real Velocidade teórica
Tempo real Tempo teórico
Apêndice D7 – Validação do modelo matemático
do trem de força [↑]

Apêndice D3 – Construção das estruturas [↑]

Apêndice D4 – Gabaritos para posicionamento da Apêndice D8 – Testes de durabilidade [↑]


suspensão, direção e trem de força. [↑]

14

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