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Resumo
A contaminação de óleos lubrificantes está diretamente relacionada com as recorrentes
falhas de lubrificação em sistemas mecânicos que acarretam interrupções da produção.
Quantificar o crescimento de confiabilidade da lubrificação em redutores de velocidade
após instalação de medidas de engenharia, mediante sistema de blindagem dos
equipamentos foi o objetivo desse artigo. Com a base de dados de falhas nos padrões
aceitáveis do lubrificante a partir dos laudos das análises de óleo dos equipamentos,
levantou-se as curvas da função de densidade de probabilidade (pdf) e confiabilidade
(R(t)) para os diferentes períodos com o software Weibull ++. Foi observado que a
instalação dessas medidas em redutores contribui para o crescimento da confiabilidade do
óleo lubrificante em manter os padrões aceitáveis de operação por mais tempo quando
comparado aos períodos anteriores às blindagens.
Abstract
The contamination of lubricating oil is directly related to the often lubrication failures in
mechanical systems that lead to production interruptions. Quantify the lubrication
reliability growth in gearbox after engineering measures through equipment shielding
system was the objective of this article. Based on the failure database of acceptable
lubricant standards through the reports of the equipment oil analysis, it was possible to
generate the curves of the probability density function (pdf) and reliability (R(t)) for
different periods with Weibull ++ software. It was observed that the installation of these
measures in gearboxes contributes to the reliability growth of the lubricating oil in
preserving the acceptable standards of operation for longer when compared to previous
periods before shielding.
Key word: Reliability Growth. Gearboxes Shielding. Lubrication. Life Data Analysis.
1. Introdução
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Para sistemas mecânicos, é de consenso que os problemas com lubrificação é um dos
modos de falha mais recorrentes. Um levantamento por Análise de Pareto (Figura 1)
em máquinas operatrizes e sistemas automatizados, apontou falhas de lubrificação
como o primeiro modo de falha na análise (MACHADO, 2013). Incluem-se nessa
categoria os problemas de abrasão, de fadiga e de adesão compondo os desgastes
mecânicos de degradação de superfície.
Uma prática comum para sistemas de redução de velocidade a fim de evitar modos de
falhas enraizados na lubrificação é popularmente conhecida como blindagem de
sistemas de lubrificação. Essa prática consiste em manter os reservatórios de óleos
lubrificantes do sistema isolados do meio externo, garantindo que estejam em padrões
aceitáveis por normas ou definições corporativas. A contaminação nos lubrificantes
comprometem a vida útil das máquinas através do desgastes acelerados e
consequentemente à disponibilidade operacional dos equipamentos (GRACIA et
al.,2012).
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Com essas informações foi possível comparar diferentes momentos da implantação
das melhorias de blindagem quanto aos retornos em termos econômicos e de
confiabilidade. Indo além, o levantamento das curvas e funções constituirá uma base
de dados que permite benefícios para próximos estudos, como a exemplo da previsão
de falhas futuras, o tempo ótimo de troca de lubrificante e a projeção de orçamento e
estoque de lubrificantes.
4
As análises trimestrais de óleo aplicadas no terminal para os redutores passam por um
conjunto de ensaios tais como: viscosidade 40°C, água por crepitação, índice de
Acidez, Água por Karl Fischer, Contagem de partícula, Ferrografia quantitativa e
espectrometria. Os resultados são comparados aos padrões estabelecidos na empresa e
se qualquer um desses ensaios extrapolar os padrões prévios, o ativo é classificado em
amarelo (alerta) ou vermelho (alarme) conforme intervalos definidos, mantendo a cor
verde quando este está nas condições aceitáveis.
(a). Válvulas minimess e tubo de pitot; (b) Respiros higroscópico (sup.) e respiro não dessecante
(inf.); (c) Visor de nível externo modelo 3D.
Fonte: Autoria Própria (2014)
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3. Metodologia
Computar os três anos de análises de óleo foi possível estabelecendo uma metodologia
embasada na mudança de status dos laudos, ou seja, quando o ativo tem uma alteração
no status de saúde comparado ao laudo anterior. As mudanças do nível aceitável
(status verde) poderiam acontecer de duas formas: nível aceitável para alerta (amarelo)
ou nível aceitável para alarme (vermelho). Essas mudanças foram identificadas e
agrupadas separadamente para as análises, mantendo em comum o grupo de
equipamentos aceitáveis (verde).
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Os valores de confiabilidade para diferentes momentos foram utilizados para
quantificar o crescimento de confiabilidade quando comparado aos períodos anteriores
em que as modificações do processo de blindagem não haviam sido realizadas. Os
gráficos foram extraídos a fim de comparar visualmente as curvas das funções
densidades de probabilidade (pdf) de falha e confiabilidade. Também utilizou-se do
uso de confiabilidade condicional para quantificar o retorno econômico com troca de
lubrificantes para períodos diferentes.
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Os dados de todos os laudos foram analisados e compactados na tabela 2 que se segue.
Os ativos que tiveram mudanças drásticas nas propriedades do lubrificante, saindo de
aceitável para alarme (verde-vermelho) estão dispostos na primeira coluna, os que
tiveram uma variação menor nas propriedades do lubrificante, saindo de aceitável para
alerta estão na segunda coluna seguidos na terceira coluna dos ativos em suspensão, ou
seja, os lubrificantes que não tiveram alteração no período e estão na faixa aceitável.
Todas essas colunas se subdividem em colunas menores para os três anos da base de
dados.
Tabela 2 – Histórico das análises dos dados de vida dos óleos lubrificantes.
Duração em meses para alteração (F) ou permanência (S) de status
Código do Verde - Vermelho Verde - Amarelo Verde Suspensão
Equipamento 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
TC 201 - - - - - - - - 6S
TC 202 - - - 1-4F - - 1S 3S 12S
TC 203 - - - - - 5 - 8F 6S 6S 1S
TC 204 - - - - 1 - 3F - - 1S 12S
TC 212 - 1 - 3F - - - - - - -
TC 213 - - - - - - - - -
TC 214 - - - - 1 - 3F - 1S 1S 12S
EL 301 - 1 - 3F - - - 3 - 6F - - 1S
EL 304 - - - 4 - 6F - - - 3S 12S
EL 302 - - 1 - 3F - - - - - 1S
EL 303 - - - - 1 - 3F - 6S - -
RD 506 1 - 4F - - - - - - 6S 9S
RD 507 - - - - - 1 - 3F - - 3S
RD 508 - 1 - 3F - - - - - - 6S
EL 307 - - - - - - - 1S -
TC 217 1 - 3F - - - 1 - 3F 1 - 3F - 1S 3S
TC 218 - 1 - 3F - - - - - - 1S
EL 306 - - - - - - - - -
TC 205 - - 3 - 6F 1 - 4F 1 - 3F - - - -
TC 206 - - - - 1 - 2F - - 1S 6S
TC 207 - 1 - 4F 3 - 6F - - - - - -
TC 219 - - - 1 - 4F - - 1S 3S 9S
TC 220 - - - - 1 - 3F - 1S - 3S
TC 211A - - 6 - 9F - - - - 3S -
TC 211B - - - - - - - - -
TC 210A - - - - - - - - -
TC 210B - - - - - - - - -
TC 208A - - 1 - 3F - - - 1S - -
TC 208B - - - - - 1 - 3F - - -
TC 231 - - - - - - - - 1S
EL 305A - - - - - - - - 6S
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EL 305B - - - - - - - - -
RD 511 - - - 4 - 7F - 1 - 3F - 1S -
RD 512 - - - - - - - - -
TC 230 - - - - - 3 - 6F - 6S 1S
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R(15) 0,000 0,000 0,000 0,024 0,187 0,512
R(18) 0,000 0,000 0,000 0,007 0,108 0,447
Tempo Média até Falha (MTTF) - Meses
Linf MTTF MTTF Linf MTTF MTTF Linf MTTF MTTF
Confiança 95%
3,65 5,93 3,47 5,86 7,51 22,71
Confiabilidade Condicional em t meses (R(t1/t2))
Linf R(6/6) R(6/6) Linf R(6/6) R(6/6) Linf R(6/6) R(6/6)
Confiança 95%
0,000 0,032 0,000 0,174 0,405 0,754
−tβ
β
𝑓(𝑡) = 𝑡 β−1 𝑒 η (4.1)
η
𝑡 β
−( )
𝑅(𝑡) = 𝑒 η (4.2)
β−1
β 𝑡
ℎ(𝑡) = ( ) (4.3)
η η
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Tabela 4 – Resultados das análises de dados de vida na lubrificação dos redutores
Verde - Amarelo
2012 2013 2014
Distribuição Exponencial 2p Exponencial 1p Exponencial 2p
Parâmetros
Lambda (λ) 0,224 0,142 0,068
Gama (ϒ) 1,000 - 1,000
Confiabilidade em t meses (R(t))
Confiança 95% Linf R(t) R(t) Linf R(t) R(t) Linf R(t) R(t)
R(3) 0,391 0,638 0,452 0,652 0,775 0,872
R(6) 0,095 0,325 0,204 0,426 0,529 0,710
R(9) 0,023 0,165 0,092 0,278 0,360 0,578
R(12) 0,005 0,084 0,041 0,181 0,246 0,471
R(15) 0,001 0,043 0,018 0,118 0,168 0,383
R(18) 0,000 0,022 0,008 0,077 0,114 0,312
Tempo Média até Falha (MTTF) - Meses
Linf MTTF MTTF Linf MTTF MTTF Linf MTTF MTTF
Confiança 95%
3,13 5,45 3,77 7,03 8,84 15,61
Confiabilidade Condicional em t meses (R(t1/t2))
Linf R(6/6) R(6/6) Linf R(6/6) R(6/6) Linf R(6/6) R(6/6)
Confiança 95%
0,060 0,259 0,204 0,458 0,405 0,754
𝑓(𝑡) = λ𝑒 λt (4.4)
𝑅(𝑡) = 𝑒 − λt (4.5)
ℎ(𝑡) = λ (4.6)
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A análise dos dados apresentados nas tabelas 3 e 4 evidencia-se o crescimento de
confiabilidade para ambos os modos de alteração de status do óleo. Para o primeiro
caso, verde-vermelho (tabela 3), é observável que a confiabilidade saltou quase 40
vezes quando comparada o ano de 2014 ao mesmo período de 12 meses com o ano de
2012, e em 8 vezes quando comparado ao mesmo período em 2013. Ainda quanto a
esse caso, vale observar que mesmo considerando o limite unilateral inferior em 2014,
nenhum momento teremos a confiabilidade nula até 18 meses, o que para os anos de
2013 e 2012 acontecem em 12 e 9 meses respectivamente, de acordo com a tabela.
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contaminação era crescente evidenciado em região de alta probabilidade de falha
(pico) nas funções de densidade de probabilidade depois de um determinado período
(Figura 6).
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Em síntese dessa análise, teríamos para todo o ano de 2012 um total de 19 falhas no
primeiro semestre e 25 falhas no segundo semestre, 10 dos 19 ativos que foram
restaurados e 15 dos 16 que sobreviveram ao primeiro semestre, totalizando 44 trocas
de lubrificantes. Para o período de 2014 o total de falha reduz se a 8 no primeiro
semestre e 9 no segundo, 2 dos 8 que foram restaurados e 7 dos que sobreviveram ao
primeiro semestre, totalizando 17 trocas de lubrificantes. As trocas totais para os dois
períodos equivalem aproximadamente R$ 26.400,00 e R$ 10.200,00 para os anos de
2012 e 2014, respectivamente, equivalente a quase o triplo para o período sem a
blindagem.
5. Conclusão
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REFERÊNCIAS
GRACIA, M. A.; MEZA, A. Ganhos com programa proativo de lubrificação em mineradora de bauxita.
Revista Minérios e Minerales, jul. 2012, Disponível em:
<http://www.minerios.com.br/Publicacoes/3975/Ganhos_com_programa_proativo_de_lubrificacao_em
_mineradora_de_bauxita.aspx> Acesso em: 1. Fev. 2015.
MENDEL, E.; MARIANO, L. Z.; DRAGO, I.; LOUREIRO, S.; RAUBER, T. W.; VAREJAO, F. M.;
BATISTA, R. Reconhecimento automático de padrões de falhas em rolamentos usando análise de sinais
de vibração. XVII Congresso Brasileiro de Automática (CBA), v. 1, n. 1, p. 8, 2008.
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