Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Óleos Lubrificantes
Jorge Luiz Coutinho
contato.coutinhoeng@gmail.com
Leovaldo Leão
leovaldoleo@yahoo.com
Resumo
É possível acompanhar e monitorar o desempenho de suas máquinas e equipamento por meio da
análise de lubrificante, esse método da manutenção preditiva, permite identificar se o óleo está em
condição de uso e ainda identificar falhas precoces em equipamentos, elevando sua constância de
utilização, obtendo assim uma redução de custos operacionais. Neste trabalho será utilizado o método
de pesquisa científica e estudo de caso na análise de óleo de modo a potencializar o desempenho, a
confiabilidade e a disponibilidade física dos equipamentos, e assim realizar uma intervenção
programada, eliminando as chances de ocorrer uma parada de emergência para manutenção que
podem acarretar atrasos de projeto e prejuízos financeiros. O estudo de comportamento dos
componentes de um equipamento em predizer seu real estado, e análise de tendência mostra-se de
grande importância, pois permite obter informações técnicas e específicas para tomar possíveis
decisões, trazendo garantia, segurança e confiança nos processos industriais.
1. Introdução
Em setores Industriais e agroindustriais, mais especificamente em empresas
que trabalham com partes móveis de grande porte, e ou com sistemas dinâmicos, a
análise de óleos lubrificantes está cada vez mais presente, empregada como uma
ferramenta indispensável no setor da manutenção. Buscando um bom rendimento dos
equipamentos, e para se obter essa performance é necessária uma manutenção bem
sustentável, incluindo nela investimentos em novas ferramentas. De acordo com a
ABNT, pode-se classificar a manutenção em corretiva e preventiva.
A manutenção corretiva é efetuada após a pane ou avaria. A manutenção
preventiva, por sua vez, subdivide em: Sistemática (Manutenção Produtiva), e
Condicional (Manutenção Preditiva). Na manutenção sistemática intervém-se em
intervalos fixos, baseando-se em uma expectativa de vida mínima dos componentes.
A manutenção preditiva é uma manutenção preventiva subordinada a um tipo de
acontecimento predeterminado tais como as informações dadas por um captor ou a
medida de um desgaste que revelam o estado de degradação de um bem (Xavier,
1998).
Todo o propósito do monitoramento da condição da máquina, como a análise
do óleo, é para permitir que se preveja o futuro. Produzir dados que apontem para os
problemas existentes e a gravidade destes problemas (Salvador, 2021).
Essa possibilidade de monitoramento e previsão de desgaste, dá a
oportunidade de agir antes de sua parada funcional, medidas indispensáveis para
preservar a vida útil do equipamento, reduzir custos com a troca desnecessária, além
da possibilidade de ocorrência de um impacto ambiental caso o óleo seja descartado
com suas características preservadas, se não refinado, onde se trabalha no processo
de purificação, assegurando seu destino e em alguns casos podendo ser reutilizado
para outros fins. A quebra não prevista se traduz por uma parada brusca, geralmente
levando a grandes prejuízos e perda de produtividade (LAGO, 2007).
Análise estas, importantes devido aos objetivos da lubrificação, sendo eles:
• Reduzir ruídos;
• Prevenir o aumento da temperatura;
• Diminuir o atrito entre as peças;
• Minimizar vibrações;
• Prevenir a oxidação ou a corrosão precoce;
• Evitar quebras prematuras;
• Regular a troca de calor entre componentes.
3. Referencial Teórico
3.1 Manutenção Industrial
Com a constante evolução do setor industrial é imprescindível que a
manutenção aprimore novas ferramentas de trabalho em níveis cada vez maiores. O
trabalho proposto insere-se mais especificamente no campo de análise de óleos
lubrificantes e de pesquisa inserido na área técnica de Manutenção.
Para a elaboração do referencial teórico foi consultado teses de doutorados,
dissertações de mestrados, normas regulamentadoras, sites de internet, folhetos
técnicos, livros e o manual do maquinário em estudo, descrevendo os passos
fundamentais para a elaboração concreta do trabalho, bem como um entendimento
sólido do assunto abordado.
A manutenção tem procurado novos modos de pensar, técnicos e
administrativos, já que as novas exigências de mercado tornaram visíveis as
limitações dos atuais sistemas de gestão (MOUBRAY, 1996).
Que a manutenção é uma atividade, meio do processo produtivo que alicerça
segundo os conhecidos fabricantes de classe mundial, cujos produtos competem nos
mercados domésticos, bem como nos mercados que se localizam além de suas
próprias fronteiras (MIRSHAWKA, 1993).
Xavier (2003) considera bastante adequada a seguinte classificação em função
dos tipos de manutenção sendo bastante atualizado em relação à norma ABNT (NBR
5462-1994):
• A Manutenção Preventiva é realizada em intervalos pré-determinados ou
por critérios específicos, minimizando a probidade de falhas. Um dos
segredos de uma boa preventiva está na determinação dos intervalos de
tempo. Como, na dúvida, temos a tendência de sermos mais conservadores,
os intervalos normalmente são menores que o necessário, o que implica
paradas e troca de peças desnecessárias;
• A Manutenção Preditiva ocorre quando é feita de forma a prever (predizer)
a necessidade de uma manutenção, seja corretiva, seja preventiva. Ela tem
por objetivo se antecipar aos problemas por meio de embasamento estatístico
e agir pontualmente de forma técnica e perita. Quando a intervenção, fruto do
acompanhamento preditivo, é realizada, fazendo uma Manutenção Corretiva
Planejada. Esse tipo de manutenção é conhecido como CBM — CONDITION
BASED MAINTENANCE — ou manutenção baseada na condição. Essa
manutenção permite que os equipamentos operem por mais tempo e a
intervenção ocorre com base em dados e não em suposições;
• A Manutenção Preditiva ocorre quando é feita de forma a prever (predizer)
a necessidade de uma manutenção, seja corretiva, seja preventiva. Ela tem
por objetivo se antecipar aos problemas por meio de embasamento estatístico
e agir pontualmente de forma técnica e perita. Quando a intervenção, fruto do
acompanhamento preditivo, é realizada, fazendo uma Manutenção Corretiva
Planejada. Esse tipo de manutenção é conhecido como CBM — CONDITION
BASED MAINTENANCE — ou manutenção baseada na condição. Essa
manutenção permite que os equipamentos operem por mais tempo e a
intervenção ocorre com base em dados e não em suposições;
• A manutenção corretiva se refere à atuação para correção de falha ou do
desempenho menor que o esperado. É oriundo da palavra “corrigir”. Podendo
ser dividida em duas fases: manutenção corretiva planejada e emergencial.
De modo geral, uma de suas principais desvantagens é a parada inesperada
do equipamento.
3.2.1 Lubrificantes
Os lubrificantes são classificados de acordo com seu estado físico: líquido,
semissólido, sólido e gasoso (CYRINO, 2015).
Lubrificantes líquidos são divididos em: minerais, graxos, compostos, aditivos
e sintéticos.
Minerais: são extraídos do petróleo e seus derivados recebem aditivos,
podendo ser parafínicos ou naftênicos.
Graxos: A graxa é um tipo de fluido pseudoplástico, composta por óleo básico,
aditivos e espessantes. É um dos componentes mais versáteis na lubrificação
industrial. Aplicável em ampla faixa de temperaturas, velocidades e cargas. Também
é mais resistente à ambientes com contaminantes.
Compostos: Esse tipo de óleo mistura os dois tipos, minerais e graxos A
vantagem é que se aproveitam as boas características dos dois óleos.
Aditivos: São os óleos comuns (graxos ou compostos) que recebem alguns
aditivos, substâncias químicas que adicionam ou potencializam algumas
propriedades.
Sintético / Semissintético: obtidos através de processos industriais
envolvendo formulações químicas de compostos orgânicos e inorgânicos.
• Lubrificantes semissólido (Graxa): Empregados em locais onde não é
possível utilizar óleo (suspensos). Existem dois tipos de graxas mineral e
sintéticas.
• Lubrificantes Sólidos: Pouco empregado na industrial, geralmente utilizado
em condições extremas, exemplo: talco, grafite e mica.
• Lubrificante Gasosos: Apresentam um alto custo de manutenção, por conta
disso são raramente empregados no setor industrial. Tem como vantagem
a propagação do lubrificante, tendo como exemplo o nitrogênio e hélio.
Cada um desses óleos apresenta diferentes propriedades físico-químicas,
como os níveis de viscosidade (resistência de escoamento), segundo Manutenir
(2004): “A viscosidade é definida como a resistência que um fluido oferece ao seu
próprio movimento, aspectos importantes que caracterizam um óleo lubrificante.
Quanto menor for sua viscosidade, maior será a sua capacidade de escoar (fluir).
Com um viscosímetro é possível obter os valores da viscosidade dos óleos,
onde é medido uma área percorrida pelo tempo de escoamento por meio de um tubo
capilar a uma dada temperatura constante.
3.3 Técnicas de análise do óleo:
A análise de óleo é uma das ferramentas mais importantes da manutenção
preditiva, por meio da mesma a equipe de manutenção identifica as causas e pode
antecipá-las. Segundo ALS-Tribology. Manutenção preditiva, 2016 entendemos que:
Empresas que apostam na análise de óleo só têm a ganhar em benefícios e
vantagens da ferramenta. Com ela, a vida útil dos componentes é ampliada,
o que reduz gastos com trocas de óleo desnecessárias, mão de obra em
manutenções não programadas e gastos com material de reposição. Uma
frota pode ter muitos benefícios com a análise de óleo. Realizada de forma
eficaz, a técnica evita paradas desnecessárias, aumentando a disponibilidade
dos equipamentos, além de antecipar situações de risco de falhas e reduzir
custos com manutenção e estoque.
Os principais tipos de análise de óleo são:
• Ferrografia: analisa as partículas encontradas em suspenção nos
lubrificantes para identificar as condições de desgaste dos componentes de
máquinas e equipamentos, conforme figura 1.
ELEMENTOS DE DESGASTE
ELEMENTOS DE DESGASTE
ELEMENTOS CONTAMINANTES
ELEMENTOS DE DESGASTE
31/out/1
Data Coleta Método 19/mai/17 08/mar/18 22/abr/19 06/nov/19 02/out/20
6
Reg.
Amostra 281.069 318.353 377.419 464.958 506.885 569.440
(ppm)
ASTM D5185 -
Fe (Ferro) 51,13 69,76 70 98 81 41
18
ASTM D5185 -
Cu (Cobre) 12,85 16,76 20 17 16 9,4
18
Al ASTM D5185 -
1,34 2,46 2,6 1,4 0,94 0,37
(Alumínio) 18
ASTM D5185 -
Cr (Cromo) 0,16 0,28 0,54 0,33 0 0,16
18
Pb ASTM D5185 -
5,69 7,53 9,3 20 16 5
(Chumbo) 18
Sn ASTM D5185 -
0,57 0,03 0,67 0,35 0,2 0
(Estanho) 18
Fonte: Exxon Mobil Corporation (2013).
ELEMENTOS CONTAMINANTES
ELEMENTOS CONTAMINANTES
Data Coleta Método 06/nov/18 24/jun/21
Reg. Amostra 432.397 618.952
Si (Silício) (ppm) ASTM D5185 - 18 67 34
Na (Sódio) (ppm) ASTM D5185 - 18 2,2 1,9
K (Potássio) (ppm) ASTM D5185 - 18 1,3 0,0
Fonte: Exxon Mobil Corporation (2013).
Com base nos laudos de análise apresentados acima, observa-se que os óleos
lubrificantes: HYP GL-4 10 W-30 Mobilfluid 424 e HLP 68 – Mobil hidráulico AW 68
DTE 26 ainda estavam em condições ideais de trabalho no equipamento, conforme
manual do fabricante.
O fluido HLP 68 – Mobil hidráulico AW 68 DTE 26 apresentava um alerta de atenção,
que demandava intervenções em locais específicos e pré-determinados.
Já o fluido GLP 150 – Mobilgear 600 XP 150 apresentou uma observação de
“Alerta” que demanda intervenções mais drásticas ao equipamento em questão.
A imagem a seguir demonstra o filtro de sucção na parte interna do reservatório,
contaminado por sílica da poeira, elemento normalmente abrasivo. Validando a
precisão do laudo fornecido pele empresa.
Figura 5: Limalhas no filtro de sucção do reservatório
4.3 Discussão
Interpretando a fundo o laudo de análise recebido da empresa: COSAN –
Laboratório de Análises de Lubrificantes e Combustíveis. Mais especificamente os
fluidos: HYP GL-4 10 W-30 Mobilfluid 424 e HLP 68 – Mobil hidráulico AW 68 DTE 26,
apresentaram que a carga dos lubrificantes está em condições ideais de trabalho, não
apresentando nenhuma contaminação que posso interferir em suas propriedades.
Com isso, não foi necessária nenhuma intervenção no equipamento de forma
imediata. Contudo o acompanhamento e monitoramento são imprescindíveis,
seguindo sempre as recomendações do plano de manutenção (preventiva) conforme
manual do fabricante.
Já o Fluído HLP 46 – Mobil DTE 25, apresentou um alerta de atenção,
demandando uma imediação mais minuciosa da equipe de manutenção. Foi
constatado presença de teor de ferro no fluido, em quantidade moderadamente
elevada comparado com seu estado inicial. Porém esse percentual elevado não
prejudica as condições de trabalho do maquinário. Não sendo necessário a
substituição da carga do lubrificante. Seguido é realizado o monitoramento e análise
de vibrações nas partes moveis do elemento de transmissão, sendo elas:
Engrenagens, virabrequim, bombas, rolamentos entre outros. A fim de encontrar
alguns desgastes prematuros e intervir de maneira imediata (preditiva) impedindo a
parada inesperada do equipamento.
E por último o fluido GLP 150 – Mobilgear 600 XP 150, apresentou uma
notificação de “ALERTA”. Descrevendo que o fluido está contaminado. O elemento
contaminante encontrado foi o silício, que, como comentado anteriormente, é
normalmente atribuída à contaminação externa na forma de sílica da poeira, podendo
assim ser abrasivo. O silício pode também ser originário das pastas de selagens,
nesse caso não tendo poder abrasivo. A abrasão tem como consequência o aumento
da geração de elementos de desgastes nos elementos. Foi tomada uma ação física
de imediato, realizado a verificação dos filtros e respiros do sistema onde pode estar
havendo o depósito de sílica que acarretou a contaminação do fluido. Foi constatado
a necessidade de substituição e em seguida foi realizada a troca desses elementos
por parte da equipe de manutenção.
Todos os fluidos listados anteriormente demandam o envio de uma nova
amostra para a COSAN (Laboratório de Análises de Lubrificantes e Combustíveis)
empresa credenciada responsável pelo laudo de análise dos lubrificantes, que será
fornecido para a equipe de controle de manutenção de acordo com o plano de
monitoramento, geralmente sendo a cada seis meses.
Conclusão
O desenvolvimento deste trabalho permitiu desenvolver a análise de óleo onde
é possível melhorar o monitoramento da preservação de equipamentos. Apenas a cor
do óleo lubrificante não indica contaminação, o que torna a análise do óleo essencial
para investigar o real estado do óleo lubrificante. Além disso, permite o estudo dos
principais contaminantes dos óleos lubrificantes. Em termos de máquinas, é
importante monitorar a manutenção e o estado real do equipamento.
Dentro de um plano de manutenção a análise do óleo mostra-se sua
importância, com base na preditiva, geralmente não realizada pela empresa,
colocando em risco a eficiência dos fluidos e o desempenho da máquina, o que pode
gerar perdas financeiras e de produção. Caso a análise de lubrificante continue
elevando os índices de contaminantes, interferindo em suas propriedades, o mesmo
deverá ser substituído. Sendo necessário analisar as partes móveis, verificando se
possuem algum tipo de desgaste que prejudiquem o seu funcionamento, o que faz
com que a vida útil do lubrificante permaneça inalterado até que seja substituído.
O desenvolvimento desse trabalho foi te extrema importância, com a
apresentação da ferramenta de manutenção e exemplificando a vasta área de atuação
da engenharia mecânica. Foi demonstrando suas diversas ferramentas com o intuito
de tornar cada vez mais previsível alguma falha que possa ocorrer no equipamento,
tornado possível a elaboração de um plano de ação incisivo.
Por meio da análise de lubrificantes é possível ter um resultado extraído da
análise dos instrumentos de prova oferecidos, com a demonstração de uma verdade
daquele fato, contrariando o manual do fabricante que pré-determinava sua vida útil,
reduzindo custos e aumentando a eficiência do equipamento.
O trabalho mostrou-se essencial a partir do estudo de comportamento dos
componentes de um equipamento em predizer o real estado por meio de gráficos e
análise de tendencia mostrando informações técnicas e especificas para tomar
possíveis decisões, e trouxe garantia e segurança e confiança dentro de um parque
industrial.
A partir desse trabalho é possível desenvolver pesquisas buscando o
aprimoramento das propriedades dos lubrificantes com o propósito de prever de
maneira mais clara e objetiva as intervenções que sejam necessárias para manter o
bom funcionamento do equipamento. Outro fator que demanda atenção é a análise de
vibrações sendo que, em conjunto com a análise de lubrificante aumentará a precisão
de diagnóstico de causa de desgaste.
Referências Bibliográficas
ABNT - P -TB -116. Confiabilidade de Equipamentos e Componentes
Eletrônicos: Termos Básicos e Definições. 1975
BEER, Lambert’s Law. Análise por Espectrometria. Análise de nevoa de oleo, [s. l.], 11
set. 2019. Disponível em: https://breathebrdotcom.wordpress.com/analise-de-nevoa-
de-oleo-por-espectrometria. Acesso em: 18 out. 2021.
VIBMASTER (SC/PR). Análise físico-química. Análises periódicas de desempenho, [s.
l.], 6 jul. 2020. Disponível em: https://www.vibmaster.com.br/analise-de-oleo/. Acesso
em: 18 out. 2021.
GIL. Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. 2. ed. São Paulo: Atlas
2006.