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Anatomia foliar e peciolar de Genipa americana (Rubiaceae)

Adrian Francisco Rocha1


Dalva Graciano Ribeiro2
Resumo
Nesse trabalho é apresentado um estudo anatômico do pecíolo e da folha de
G. americana, uma espécie do da família Rubiaceae para a disciplina de Técnicas e
Aplicações em Anatomia Vegetal. Os indivíduos foram coletados na escola de
agronomia da Universidade Federal de Goiás. Os materiais foram submetidos a
diferentes processos de fixação, preparo de lâminas e testes histoquímicos. As
lâminas foram então analisadas e os tecidos das duas regiões da planta foram
descritos. As análises feitas condisseram com os resultados encontrados em outras
publicações.
Introdução
A família Rubiaceae apresenta cerca de 637 gêneros subdivididos em cerca de
10.700 espécies. Com ampla distribuição, sendo encontrada principalmente nos
trópicos e subtrópicos, mas podendo ser encontrada também nas regiões temperadas
(Mabberley,1997). Esse gênero possui duas espécies registradas para o brasil, sendo
elas Genipa americana e Genipa infudibuliformis e ambos os gêneros sendo grande
importância na indústria, medicina e ecologia (Gomes [sd]).
O jenipapeiro como é conhecido popularmente, é uma arvore de grande
interesse econômico, medicinal e ecológico. Seus frutos são utilizados de diferentes
maneiras como a preparação de sucos, corantes e licores, remédios e como
alimentação para a flora regional. A arvore tem grande potencial ornamental, madeireira
e de reflorestamento, o que a torna alvo de ações extrativistas(CARVALHO, 2014).
O objetivo desse trabalho foi analisar e descrever as características anatômicas
do pecíolo e lâmina foliar de Genipa americana bem como aprender os diferentes
métodos de preparo de lâmina biológicas.

Material e métodos
Os matérias usados de Genipa americana foram coletados na escola de
agronomia da Universidade Federal de Goiás, no município de Goiânia no estado de
Goiás. O material botânico coletado foi armazenado no herbário da UFG.
Os materiais coletados para corte a mão livre foram fixados em FAA 70%
(jOHANSEN,1940) já os materiais coletados para emblocamento em parafina foram
fixadas em formalina neutra (LILLIE, 1948apud CLARCK 1981).
Folhas de dois indivíduos foram usadas para os estudos. Elas foram colhidas em
seu estágio adulto e foram selecionadas as folhas do segundo e terceiro entrenó, de
onde se retirou as secções.
Nas regiões do pecíolo da lâmina e da nervura mediana os cortes foram
realizados de maneira transversal. Lâmina paradérmicas também foram preparadas
para a lâmina foliar, obtidos de material fixado. Os cortes foram feitos manualmente ou
com o auxílio do micrótomo do tipo (colocar a marca). Já para as lâminas paradérmicas,
as secções foram submetidas a dissociação em hipoclorito por 32 horas e em solução
de Franklin (FRANKLIN, 1945).
Os segmentos peciolares e foliares feitos à mão livre foram clarificados com
solução comercial de hipoclorito de sódio 20%,30% e 50% em seguida foram corados
com corante azul de Astra e Safranina. Após a etapa de coloração, os cortes anatômicos
foram montados em resina sintética (Paiva et al 2016).
As secções foliares para corte no micrótomo foram preparadas em historesina.
Esses cortes foram inseridos na lâmina de vidro e foram coradas com (nome do
corante), não sendo necessário as etapas de clarificação, e aplicação de lamínula.
As lâminas paradérmicas foram feitas utilizando-se o método de dissociação de
Franklin e o material resultante foi corado com Safranina 1% (Johansen, 1940) e
preparadas em resina sintética (Paiva et al 2016).
Alguns testes histoquímicos foram realizados em cortes a mão livre para a
determinação dos componentes presentes como: Sudan IV(Perguntar a professora)
para óleos essenciais; Sudan IV(Gerlach, 1984,p244) para látex; Sudan
III(Sass,1951,p.98) para cutina, suberina e ceras; Lugol, para presença de amido;
Vanilina clorídrica (Mace & howell,1974) para taninos; Cloreto férrico( Johansen, 1940,
p. 193) para substancias fenólicas;(falta a de lignina); Ácido acético para cristais de
carbonato de cálcio; Ácido sulfúrico para oxalato de cálcio.
Com o auxílio dos microscópios (colocar modelo e marca) foram feitas
fotomicrografias e as mensurações. As escalas das fotomicrografias correspondem as
medidas das preparações histológicas.
O critério adotado para o estudo anatômico foi a descrição de todos os tipos
celulares e os componentes elas apresentavam, bem como (talvez eventuais diferenças
anatômicas dos indivíduos)
Resultados
Descrição morfológica
Árvore de oito a 25 metros de altura. Com folhas simples opostas com estipulas
interpeciolares. Pecíolo curtos de um a três centímetros com a face abaxial pilosa. A
lâmina foliar apresenta um formato obovado a oblanceolado. A base é aguda e o ápice
é acuminado com a margem lisa. A folha apresenta consistência semicoreacea. Suas
faces são discolores sendo a face abaxial mais clara pilosa e a face adaxial em um tom
de verde escuro sem presença de indumento. Suas medidas variam de 5 a 12 cm de
largura por 18 a 28 cm de largura.
Descrição anatômica
Pecíolo
A epiderme é uniestratificada, com células de diâmetro mediano na face adaxial
e ligeiramente menores na face abaxial, em relação as células colenquimáticas. A
parede externa é convexa e coberta por uma cutícula fina. A epiderme na face abaxial
do pecíolo é coberta por tricomas tectores uni e multicelulares (Figura 4).
Abaixo da epiderme está presente um colênquima anelar mutiestratificada.
Nessa região é possível observar uma circunferência de células com drusas de oxalato
de cálcio. Mais internamente observa-se o parênquima cortical com sua porção central
com células com drusas em seu interior formando um anel continuo em torno do feixe
vascular ( Figura 3)
O pecíolo possui dois feixes vasculares assessórios nas alas e um feixe vascular
colateral central desenvolvido com arranjo cilíndrico (Figura 1 , 2 e 4). O feixe central
se inicia logo abaixo parênquima cortical com a presença de elementos crivados que
são interrompidas por células parenquimáticas (Figura 5). O xilema é composto por
elementos traqueais dispostos de maneira radial intercalados com células
parenquimáticas lignificadas. Internamente ao xilema tem se a medula com parênquima
de preenchimento e alguns feixes vasculares menores que variam em quantidade,
sendo em maior quantidade na região basal do pecíolo. (figura 1 e 2)

A
B

Figura 1- Corte a mão livre do pecíolo em sua região basal evidenciando a região xilemática do
feixe vascular central (A). Figura 2- Corte a mão livre do pecíolo em sua região terminal
evidenciando a região xilemática do feixe vascular central (B).
e co pc dr fl xi Fi

a
eb b

Fa

ed
4

Figura 3- (ep) epiderme, (co) colênquima, (pc) parênquima cortical, (fl) floema, (xi) xilema, (Fi) feixe vascular
interno. Figura 4-(Fa) feixe vascular da ala do peciolo, (eb) epiderme da face abaxial do pecíolo, (ed)
epiderme da face adaxial. Figura 5- xilema do feixe central do peciolo, (a) parênquima de preenchimento,
(b) vasos do xilema

Testes histoquímicos foram realizados no pecíolo e mostrara que estão


presentes: drusas de oxalato de cálcio, substancias fenólicas nas células das
extremidades e presença de grãos de amido.
Lâmina foliar

Em corte transversal, a epiderme da face adaxial com estômatos não é presente.


Para a face abaxial os estômatos são mais frequentes, porém ainda pouco encontrados.
As células epidérmicas comuns na face abaxial são menores com relação as mesmas
células localizadas na face adaxial (Figuras 8 e 9).

No mesofilo estão presentes duas camadas de células parenquimáticas


paliçádicas mais próximas a superfície adaxial. Já próximo a superfície abaxial
o parênquima presente é o esponjoso.
c ed es
Pp

8 Pe eb 9

Figura 8- (c) cutícula, (ed) célula epidérmica da face adaxial,(eb) célula epidérmica da face abaxial (Pp)
parênquima paliçádico (Pe) parênquima esponjoso. Figura 9-(es) estômatos

Em secção paradérmicas as células epidérmicas tem formato poligonal. Os


estômatos estão presentes somente na face abaxial, caracterizando a folha como
hipoestomática. Na face abaxial estão presentes estômatos com crista cuticular e duas
células subsidiarias ao lado das células guarda. Também estão presentes de maneira
recorrente tricomas tectores multicelulares (figuras 6 e 7).

t
a
a
6 7

Figura 6- epiderme abaxial, (a) estômato. Figura 7- Epiderme abaxial (t) tricomas.
Discussão
Os resultados encontrados em relação a descrição da anatomia foliar e peciolar foram
de acordo com as com trabalhos anteriores, variando em alguns aspectos que precisam
ser devidamente investigados como a ausência de tricomas em um dos indivíduos
coletados. Além disso um grande número das técnicas de preparo abordadas durante
a aula foi utilizado para o preparo do material de Genipa americana.

Referencia

CARVALHO, Paulo Ernani Ramalho. Espécies Arbóreas Brasileiras. Embrapa


Florestas, Circular Técnica, v. 5, 2014.
GOMES, M. Genipa in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB14044. Acesso em:
07 ago. 2023.
GOMES, R.P. Fruticultura brasileira. 9ª ed. São Paulo: Nobel, p. 278-281, 1983.
MABBERLEY, D. J. The plant-book: a portable dictionary of the vascular plants.
Cambridge University Press, Cambridge. 240 p. 1997.
PAIVA, José Geraldo Antunes de et al. Verniz vitral incolor 500R: uma
alternativa de meio de montagem economicamente viável. Acta Botânica
Brasilica, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 257-264, jun./ abr. 2006. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
33062006000200002&lng=en&nrm=iso.

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