Ano 3 | Edição 11 | Setembro 2018

SQA
Selo de qualidade do
pasto ao prato
Revista Senepol | 1
2 | Revista Senepol Revista Senepol | 3
 Palavra do Presidente

Senepol com
selo de qualidade
de Certificação da Carne Senepol, atestando seus

Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens

processos produtivos e garantindo padronização e
qualidade superior, trazendo benefícios ao produtor, à
indústria frigorífica e, principalmente, ao consumidor.
Este lançamento, que certamente será um divisor de
águas, ocorrerá no II Mega Encontro Internacional
da Raça Senepol/II Seminário Internacional da Raça
Senepol e ilustra a capa desta edição da nossa revista.

Sabemos que há uma grande demanda por carne de

qualidade no Brasil, mas a associação se preocupa
em inserir, de forma bastante estruturada, a raça nesse
mercado. Foram criados protocolos de produção e
certificação para a carne, interligados com o PMGS, para
que possamos ofertar animais equilibrados e dentro das
exigências de mercado. Este é um projeto que envolve
todos os elos da cadeia produtiva e que vem coroar
os inúmeros esforços dos criadores, pesquisadores,

T odos sabem que a crise econômica tem impactado

todos os setores, inclusive a pecuária. Apesar de
toda essa conjuntura de mercado, a raça Senepol tem
técnicos e tantos outros profissionais comprometidos
com a evolução da raça Senepol. Tudo isso para que
o consumidor final possa ter em sua mesa uma carne
conseguido se manter firme, sendo bem menos impactada saudável, nutritiva e saborosa.
que outros segmentos do agro. A nossa raça já se provou
no mercado como um investimento seguro e, à medida Estamos confiantes no sucesso desse programa de
que o pecuarista for ampliando os investimentos em certificação. Um fato tem chamado nossa atenção:
melhoramento genético, o Senepol será cada vez mais os clientes de touros da raça vêm percebendo uma
uma ferramenta eficiente para a pecuária de resultado. maior valorização no mercado do produto oriundo do
E tudo isso de forma muito equilibrada com as atuais cruzamento com Senepol. Isso sinaliza o bom trabalho
exigências do consumidor de carne. de seleção conduzido até agora no País e enormes
possibilidades de expandirmos nos próximos anos.
Em função dessa nova realidade de mercado, a Então, cabe a nós continuarmos selecionando com
Diretoria da ABCB Senepol tem se empenhado em critério e rigor nossos animais, utilizando para isso
fazer com que a raça passe a integrar de forma global modernas ferramentas de seleção, para atendermos com
a cadeia produtiva da carne, e não como um pequeno excelência a essa demanda.
nicho de mercado. A entidade, em alinhamento
total com o aumento da demanda do mercado para Pedro Crosara Gustin
carne de alta qualidade, está lançando o Programa Presidente da ABCB Senepol

4 | Revista Senepol Revista Senepol | 5

 Palavra do Editor

Certificação da

Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens

carne, um marco
na história da raça
T rabalhar com raças mais eficientes e rústicas tem sido a opção de muitos
pecuaristas pelo mundo, pois esta é um forma de garantir a sustentabilidade
do negócio. Na 41ª Reunião Anual Internacional do Senepol, realizada na terra de
origem da raça, a ilha de Saint Croix, os criadores participantes foram unânimes
em destacar a excelente performance dos animais Senepol em qualquer tipo de
condição climática. Desde as imensas extensões de pastagens nativas da Austrália,
dos pastos abundantes do Brasil e de outros países da América do Sul até a África,
os Estados Unidos e os pequenos rebanhos na América Central, o Senepol tem
apresentado bons resultados em cruzamento industrial com zebuínos. E toda essa
história só está começando. Há muito mercado a conquistar e o Brasil, com certeza, C

está um passo à frente na seleção da raça.

M

Y
Como vamos mostrar nesta edição da revista Senepol, em terras brasileiras,
os projetos de melhoramento genético e de certificação de todo o processo de
CM

produção, incluindo o produto final, estão avançando. A ABCB Senepol lança, nesta MY

segunda edição do Mega Encontro Internacional da raça, seu projeto de certificação CY

da carne, o SQA. Um marco na história do Senepol em plena comemoração de sua CMY

maioridade no Brasil. Esse programa sinaliza ao mercado a seriedade com que a K

ABCB Senepol e os criadores têm conduzido o melhoramento genético do rebanho

nacional para produzir uma carne de qualidade.
Seus cavalos merecem
Esta edição ainda traz outras iniciativas de extrema relevância dentro do setor, como a Integração Lavoura-Pecuária, que tem elevado
não só o ganho de peso dos animais, mas também a produtividade das lavouras. Já os trabalhos sobre bem-estar animal mostram o que há de melhor
em nutrição
que as boas práticas de manejo dos bezerros de corte têm reflexos positivos na saúde e no desempenho dos mesmos.

Nosso entrevistado da edição é o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Marco Túlio Duarte Soares,
que tem o desafio de defender o agronegócio em um dos estados de maior potencial produtivo. Ele acredita em um amanhã melhor
para o setor, mas reforça que o produtor deve continuar investindo em tecnologia mesmo no atual momento econômico vivido pelo
País. Falando em produção de carne, fomos conversar com a JBS que, neste ano, lançou o programa 1953, bonificando criadores
de várias raças, inclusive o Senepol. A linha Kromium® é formulada com
ingredientes selecionados e com a
Outro papo interessante foi com o mestre churrasqueiro Bruno Panhoca, um dos pioneiros do churrasco americano defumado
alta tecnologia dos exclusivos Minerais
no Brasil. Ele conta como o churrasco americano BBQ vem se popularizando no País e se tornou a estrela de grandes eventos de
degustação de carne. A edição ainda traz um giro pelos principais eventos da raça, uma viagem pelas fazendas criadoras de Senepol Tortuga, que proporcionam melhora da
na Austrália, dicas para a estação de monta, a importância da análise de sêmen para garantir melhores índices de prenhez, os saúde, da fertilidade além da redução
cuidados com os brincos de identificação para evitar infecções e muito mais. Aproveitem! do estresse animal.

Converse com nossa equipe de especialistas e entenda

Carlos Alberto da Silva como Kromium® pode potencializar o seu plantel.
Editor e Presidente do Grupo Publique Ligue para 0800 011 62 62

6 | Revista Senepol Revista Senepol | 7

 Expediente Sumário

Capa

54
PUBLISHER: Carlos Alberto da Silva | MTb 20.330

SQA,
selo de
Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol
Rua: Tupaciguara, 296 - Aparecida
qualidade
CEP: 38400-618 - Uberlândia-MG
do pasto
ao prato
Fone: (34) 3210-2324 ou (34) 9 9962-4357
senepol@senepol.org.br / marketing@senepol.org.br EDITOR: Carlos Alberto da Silva | MTb 20.330
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AGRO DIRETOR DE CRIAÇÃO: Gutche Alborgheti
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caminho para a raça acessar o cobiçado
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20
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Conselho Deliberativo Técnico (CDT) (11) 9.9364.1398 | Skype: tisguera presidente da Associação dos
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Criadores de Mato Grosso (Acrimat)
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Gilberto Romeiro de Oliveira Menezes larissa@publique.com
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João Carlos Ribeiro (Representante Mapa)
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Leonardo Galvão Netto
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COLOBORARAM NESTA EDIÇÃO: Riba Velasco

Curtas da ABCB Senepol 10
Luciano Coelho
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42
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Conselho Fiscal Estrada Municipal Bairro dos Mirandas, s/n Falando de Carne
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72
Eduardo Alves www.publique.com • publique@publique.com
Eldino Zeli Gastronomia
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Jairo Ferreira
Jorge Basílio Sanidade 76
Conselho Editorial
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Celso Menezes PRESIDENTE E FUNDADOR: Carlos Alberto da Silva
Marketing do Agro 78
Gilberto Romeiro de Oliveira Menezes
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www.publique.com Melhoramento Genético 80
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Núcleo Feminino do Senepol 88
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Informe Publicitário 94
Senepol Internacional 96
8 | Revista Senepol Revista Senepol | 9
 Curtas da ABCB Senepol

Programa “Senepol #ADICA” Tributo Asbia

A partir de agora, os
A quarta edição do Tributo ASBIA, homenagem Senepol. A revista DBO foi a escolhida na categoria Mídia

Divulgação
concedida anualmente pela Associação Brasileira de Impressa Corte. Já no leite, a agraciada foi a revista Balde
criadores de Senepol
Inseminação Artificial a personalidades que contribuem Branco. Na Mídia Digital, o Portal DBO dividiu o prêmio
e pecuaristas em geral
para o avanço do agronegócio, foi realizada no dia 3 de com a Scot Consultoria. Na Televisão, outro empate: os
passam a contar com um
maio, em Uberaba/MG, durante a ExpoZebu 2018. O associados da ASBIA elegeram o Canal Rural e o Terraviva
programa informativo sobre
presidente da ASBIA, Sérgio Saud, destacou a importância para receber a homenagem. O presidente da ABCB
a raça, seu uso em projetos
dos veículos de comunicação para que a informação Senepol, Pedro Crosara, participou do evento e aproveitou
de cruzamento industrial
chegue ao produtor rural de forma rápida e precisa. Os para conhecer as instalações do Laboratório ASBIA Bio,
e as ações desenvolvidas
homenageados foram escolhidos por votação feita pelos que realiza análises de sêmen a preços diferenciados para
pela ABCB Senepol
quase 30 associados da ASBIA, dentre eles a ABCB os associados da entidade.
para garantir a evolução
genética do rebanho.

Thiago Galdiano / Publique Banco de Imagens

Com veiculação nas redes
sociais da entidade,
o programa “Senepol
#ADICA” traz informações
sobre a seleção genômica provas zootécnicas, as avaliações quinta-feira, nas redes sociais
em suas primeiras edições. genéticas e o registro genealógico. oficiais da associação (Facebook,
Outros temas que estão na O programa “Senepol #ADICA” Instagram, YouTube) e também será
pauta do programa são as estreará um novo episódio a cada compartilhado via WhatsApp.

Escola de Pecuária Intensiva 2018

C om o objetivo de capacitar profissionais que atuam em

Divulgação
Os premiados do Tributo ASBIA 2018 entre os membros da diretoria da entidade.
fazendas de pecuária de corte, a Escola de Pecuária
Intensiva 2018 segue ocorrendo em várias regiões do
Brasil. Foram realizadas cinco edições nas cidades de
Britânia/GO, Barreiras/BA, Iaciara/GO, Redenção/PA
e Barretos/SP. O evento contou com palestras técnicas
sobre seleção, nutrição, sanidade, manejo, instalações
e identificação animal. Técnicos da ABCB Senepol
ministraram palestra sobre a seleção de animais para
a fase de engorda e sobre as características da raça
Senepol, que vem sendo muito usada em cruzamento
industrial por apresentar grande velocidade de ganho de
peso e precocidade. Realizada pela Associação Nacional
da Pecuária Intensiva (Assocon), a Escola da Pecuária
contou com a participação da ABCB Senepol em todas
Barretos (SP) recebeu a 4ª etapa da Escola de Pecuária Intensiva da Assocon, nos
as cinco etapas. dias 30 e 31 de julho.

10 | Revista Senepol Revista Senepol | 11

 A ABCB Senepol
Thiago Galdiano / Publique Banco de Imagens
Aposta
no melhoramento
Cresce em todo o País o número de criatórios participantes do PMGS
Larissa Vieira
N ão podemos fazer pecuária olhando para o passado.
A adoção de novas tecnologias e o aprimoramento
dos nossos conhecimentos, enquanto produtores, é que
garantirão o futuro da raça Senepol”. Quem assegura é o
criador Humberto Eustáquio dos Reis, da Agropecuária HR,
que acaba de aderir ao PMGS (Programa de Melhoramento
Genético da Raça Senepol). Selecionador da raça desde
2010, ele aderiu à primeira fase do programa, referente ao
Serviço de Registro Genealógico, mas pretende ampliar a
participação, pois acredita que a genômica é o caminho
para o avanço genético mais rápido e preciso da raça.
“Um bom exemplo vem da agricultura, que está sempre
adotando novas tecnologias e conseguiu dar um enorme
12 | Revista Senepol
salto de qualidade nos últimos anos. Na pecuária, não pode
ser diferente. Temos de ter as melhores informações na
área de genética para garantirmos a evolução do rebanho.
A genômica é o futuro da pecuária. Por isso, optei por
aderir ao PMGS, que tem na genômica um dos seus quatro
pilares”, diz Humberto.
Em seu primeiro ano de funcionamento, o PMGS já conta
com 75 criatórios de várias regiões do País inscritos. Para
o presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosara Gustin, o
número significativo de fazendas participantes demonstra a
preocupação dos criadores com o melhoramento genético
da raça e a confiança no trabalho da entidade. “Não tem
como chegar ao consumidor final se a base de melhoramento
e seleção genética também não estiver estruturada e bem
coordenada. Por isso, o PMGS é uma ferramenta segura
para o criador agregar qualidade genética a seu rebanho,
além de aumentar de forma sustentável a produtividade e a
competitividade da raça”, afirma.
Para facilitar a participação dos criadores, especialmente dos
pequenos e médios rebanhos, a ABCB Senepol dividiu o tipo
de adesão em até oito níveis diferentes, que estão alicerçados
nos quatro pilares: Registro Genealógico, Provas Zootécnicas,
Melhoramento Genético/Geneplus Embrapa e Informação
Genômica. Os oito níveis podem ter várias combinações
entre os pilares do programa (veja “Níveis de participação
no PMGS”). O criatório Senepol Vitória aderiu ao primeiro
nível e, como está em uma região que ainda não conta
com provas zootécnicas oficiais, pretende passar para o
nível 4 (Registro Genealógico e Informação Genômica).
“Considero a associação muito visionária ao apostar na
genômica como dos pilares do programa. O PMGS está
ajudando os criadores a dar um rumo certo para o sistema
de seleção”, diz Maria Vitória Proença.
Os criatórios que aderirem aos níveis de 5 a 8 do PMGS
terão direito a dois selos de qualidade. Um dos selos é
o PMGS Approved, destinado aos criatórios que adotam
práticas e condutas alinhadas às atuais exigências de
mercado relacionadas à sustentabilidade da pecuária.
Já o PMGS Senepol Quality Assurance é um selo de
certificação de carnes produzidas a partir da genética
Níveis de participação no PMGS
% ADESÃO NÍVEL SRG
25 1 X
50 2 X
50 3 X
50 4 X
75* 5 X
75* 6 X
75* 7 X
100** 8 X
*PMGS Approved
**PMGS Approved + Brazilian Senepol. O criatório participante que atingir os níveis 5, 6, 7 e 8 já estará apto a receber o selo e a placa de certificação PMGS
de animais Senepol participantes do PMGS. Ele garante
que o animal abatido tem o padrão racial definido pelo
programa de melhoramento e é procedente de um criatório
que segue as melhores práticas na criação. “Esse é um
projeto que começa no pasto, nos criatórios de genética
participantes do PMGS, e chega ao prato através das redes
de varejo Pilotos, com o Selo SQA - SENEPOL QUALITY
ASSURANCE, que será lançado no Mega Encontro
Senepol”, explica o presidente. Os criatórios que obtiverem
o selo PMGS Approved e estiverem no nível 8 de adesão
poderão participar do programa internacional Brazilian
Senepol, cujo lançamento ocorrerá entre 2019 e 2020.
Outra medida estabelecida pela entidade para possibilitar a
participação de todos os criatórios foi a gratuidade na adesão.
É cobrado apenas o valor do serviço realizado. Em Minas
Gerais, estado que concentra o maior número de associados
da ABCB Senepol, muitos criatórios já participam do PMGS.
É o caso da Fazenda Vitória, localizada em Uberlândia,
que seleciona a raça desde 2009, sempre apostando no
melhoramento genético para aprimorar a qualidade de seu
rebanho. “Acredito que todo selecionador de bovino tem de
avaliar geneticamente seus animais para que, a cada ano,
tenha animais melhores nascendo. O bezerro que vai nascer
no próximo ano tem que ser melhor que seus pais. Como
queremos dar continuidade ao trabalho que estamos fazendo
há quase 10 anos, decidimos aderir ao PMGS”, assegura
Silvânia Souza, que resolveu entrar na raça depois de obter
excelentes resultados com touros Senepol utilizados em
cruzamento industrial.
PZ MGG IG
X
X
X
X X
X
X X X
X X X
Revista Senepol | 13
 A ABCB Senepol

Confira os criatórios* participantes do PMGS

FABIO LUIS DE MELLO OLIVEIRA SENEPOL DA CONQUISTA ROSÁRIO OESTE MT

JOSÉ ALEXANDRE DE MELLO CUNHA SRF SENEPOL ARAGUARI MG
SENEPOL SERTANEJO LTDA SENEPOL SERTANEJO UBERLÂNDIA MG
ALBERTO DINIZ ZERLOTINI SENEPOL DA ILHA UBERLÂNDIA MG
PEDRO CROSARA GUSTIN SENEPOL SANTA LUZIA MONTE ALEGRE/UBERLÂNDIA MG
IVO VLADEMIR REICH SENEPOL CMI CAMAPUÃ MS
HUMBERTO EUSTÁQUIO DOS REIS SENEPOL HR PATROCÍNIO MG
FABIO DAS GRAÇAS OLIVEIRA BRAGA FAZENDA GUANANDI UBERLÂNDIA MG
ELIAS BOTTREL REIS SENEPOL PORTEIRA DE TÁBUA CARMO DA CACHOEIRA MG
ITAMAR NETTO ITA SENEPOL PORTEIRÃO GO
JULIO ROBERTO MOTA PEREIRA JVR SENEPOL UBERLÂNDIA MG
PATRICIA DE FELICIO CENEDEZE E MARCELO DE ALMEIDA FELICIO CONDOMÍNIO FELÍCIO RIOLÂNDIA SP
JOSÉ LEONICIO GOMES FAZENDA BRASIL UBERLÂNDIA MG
ÁUREO GAUDÊNCIO FILHO SENEPOL DO CIPÓ SANTANA DE PIRAPAMA MG
ROBERTO FOLLEY COELHO SENEPOL SAN MIRANDA MS
LEONARDO CRESPO SILVA LCS SENEPOL BARRA DO PIRAÍ RJ
GIULIANO JORGE WASSALL W SENEPOL SANTA RITA DO PASSA QUATRO SP
ELDINO ZELI E GUILHERME CANDELORO ZELI PARANOÁ SENEPOL TRÊS LAGOAS MS
MARCELO DE ALMEIDA FELÍCIO SENEPOL 3M COLINA SP
BRISA AGROPECUÁRIA LTDA BRISA AGROPECUÁRIA MARÍLIA SP
ANDRÉ LUIS DE OLIVEIRA ANDRADE KING SENEPOL ABAETÉ MG
JOSÉ ANTÔNIO FERNANDES NETTO GRAMA SENEPOL PIRAJUÍ SP
JOÃO ARANTES AGROPECUÁRIA NOVA VIDA ARIQUEMES RO
LUIZ CARLOS RIANI ESTÂNCIA SÃO FRANCISCO GASTÃO VIDIGAL SP
JOÃO ORÁVIO DE FREITAS JUNIOR SENEPOL JOF INOCÊNCIA MS
AITEMAR NUNES FERNANDES SENEPOL TATIMAR SÃO BERNARDO DO CAMPO SP
LEANDRO LIMA BORGHI SENEPOL PIATÃ DESTERRO DE ENTRE RIOS MG
ARTUR EDUARDO MONASSI SENEPOL DA BARRA RIFAÍNA SP
GILMAR GOUDARD ESTÂNCIA GOUDARD UBERLÂNDIA MG
DAVI GARCIA BELA VISTA SENEPOL JABOTICABAL SP
AUREA TEREZA FERREIRA DE FREITAS AGA SENEPOL TURVELÂNDIA GO
DARLON WOLMAR PORT FAZENDA TERRA VERDE CORUMBÁ DE GOIAS GO
WENDER ALVES PEREIRA SENEPOL HARMONIA PRATA MG
GUILHERME GARCIA GOIS AGROPECUÁRIA GOIS UMUARAMA PR
WILHELMUS GERARDUS DE RUIJTER ESTÂNCIA VALE ALEGRE ARTUR NOGUEIRA SP
MARCO TÚLIO BRAGA PEREIRA SANTA CRUZ ITUIUTABA MG
JOÃO RICARDO PEREIRA DA SILVA J3R SENEPOL ENTRE RIO DE MINAS MG
GENÉSIO CARVALHO DINIZ SENEPOL DA SERRA MONTE ALEGRE MG
JACQUELINE POMPEU DA SILVA JRB SENEPOL SÃO BENTO MG
VALDIVINO DINIZ LINHARES NETO SENEPOL REI UNAÍ MG
ESTEVÃO BARRA BERNARDES SENEPOL CONSTELACAO PARANAIGUARA GO
ALFREDO JULIO FERNANDES NETO FAZENDA PEDRA BRANCA TUPACIGUARA MG
SALVIO FAUSTINI LANA SENEPOL SS UBERLÂNDIA MG
ERIK JAN PETTER SENEPOL DA KOELPE PIRAÍ DO SUL PR
GLAYSON BOM CONSELHO BC SENEPOL BOM JESUS DO AMPARO MG
JOAQUIM MARTINS NETO E OUTROS TAQUARUÇU CARLINDA MT
AÉCIO FRANCO JUNQUEIRA AFRA SENEPOL PRATA MG
RICARDO CESAR CROSARA MAGNINO SENEPOL CANAÃ MONTE ALEGRE DE MINAS MG
MARIA VITÓRIA FAE PROENÇA SENEPOL VITÓRIA RIO DAS ANTAS SC
PAULO AFONSO DE RESENDE SENEPOL SANTA CLARA OLIVEIRA MG
CARLOS ANTÔNIO DE CARVALHO FERNANDES BIOTRAN FAMA MG
FREDERICO AUGUSTO FRANCO E CORSI E EDUARDO FRANCO E CORSI CORSI SENEPOL UBERLÂNDIA MG
JADSON ALVES DOS SANTOS SENEPOL JJ CORGUINHO MS
AUGUSTO DE AGUIAR SENEPOL DON AUGUSTO PAINEL SC
SILTER APARECIDO DE OLIVEIRA FADEL PRÓ - VENTRE SENEPOL CAMPOS NOVOS PAULISTAS SP
EBENEZER SALUM DOS REIS SENEPOL 4E DIVINÓPOLIS MG
RICARDO TRAJANO TELLES NEO SENEPOL COSTA RICA MS
ANAURY AUGUSTUS VIEIRA DE OLIVEIRA AES AGROPECUÁRIA ESTRELA DO SUL SÃO PAULO SP
RICARDO PEREIRA CARNEIRO SOLEDADE UBERLÂNDIA MG
GERALDO JUSKEVICIUS GPM SENEPOL IPAMERI MT
DOUGLAS VITOR ANDRADE DHC SENEPOL RIO PIRACICABA MG
ALESSANDRO PERFEITO FORTALEZA SENEPOL UBERLÂNDIA MG
GUILHERME BUMLAI E ALMIR SATER CONDOMÍNIO BRANDAMUNDO CAMPO GRANDE MS
CELSO DIONÍSIO PEREIRA CD SENEPOL CACHOEIRA DE MINAS MG
DALNI FREITAS DE OLIVEIRA FAZENDA PARAISO BOM JARDIM RJ
JEREMIAS BARBOSA DE OLIVEIRA ESTÂNCIA LUZES DE UBERABA SÃO PAULO SP
AGROPECUÁRIA IGV SENEPOL IGV CANTAGALO RJ
ARMANDO SAICK ARMANDO SAICK SANTA TERESA/ES ES
VINICIUS CRESPO GOMES VG SENEPOL CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ
HELTON LUIS BASTOS GERONIMO 2 IRMÃOS SENEPOL MARÍLIA SP
VITOR JOSÉ DELLA FLORA VESZ SENEPOL BELO BRASIL CAMPO VERDE MT
BRTRUST GESTAO CONSULTORIA E PARTICIPAÇOES EIRELI SENEPOL BRT SÃO PAULO SP
BRUNO DE MELO REIS ALPHA SENEPOL PATROCÍNIO MG
FLAVIO BATISTA PEIXOTO FP SENEPOL UBERLÂNDIA MG

*Em ordem de adesão ao programa.

14 | Revista Senepol Revista Senepol | 15

 A ABCB Senepol

Pará para a Turquia, apenas duas raças são aceitas, e a técnico efetivo de registro. O estágio deve ser de, no mínimo,

Arquivo ABCB Senepol

Aspirantes ao cargo de técnico inspetor
da ABCB Senepol durante curso ocorrido
em Uberlândia, (MG).
Senepol é uma delas justamente por ser muito precoce”,
assegura Fábio. Filho de produtor rural, mas com foco em
pecuária leiteira, ele conta que sua preferência sempre
foi trabalhar com gado de corte e, ao conhecer em uma
fazenda da região o Senepol, vislumbrou um nicho de
mercado promissor para a raça no Pará. Dali em diante,
começou a assessorar propriedades que criam Senepol e
decidiu participar do curso para novos técnicos.
Assim como os outros 21 participantes, Fábio terá de
cumprir todas as exigências para ser credenciado pela
ABCB Senepol. Ao todo, o candidato precisa ser aprovado
nas seis etapas do processo de admissão. Somente
participam do curso profissionais indicados por associados
da entidade. Todos têm o currículo analisado pela diretoria
da ABCB Senepol e pelo Conselho Deliberativo Técnico
(CDT). É pré-requisito básico o candidato aspirante ter
formação profissional em Agronomia, Veterinária ou
Zootecnia. Caso aprovado, pode participar do curso, que
conta com conteúdo técnico sobre a raça e aulas teóricas e
práticas. Ao final do curso, o candidato é submetido a uma
30 horas no campo, incluindo a inspeção de, no mínimo,
50 animais para registro em pelo menos dois criatórios,
e a obtenção de pelo menos dois pareceres favoráveis
de técnicos diferentes para serem credenciados. No
parecer, o Técnico avaliador apreciará o desempenho
do candidato em 10 itens, atribuindo a nota de 1 a 5
para cada item avaliado. O Parecer será considerado
favorável se o candidato obtiver no mínimo 30 pontos no
somatório dos 10 itens.
Fábio já cumpriu o estágio em um criatório de Senepol
localizado em Dourados/MT e espera a aprovação final
para poder iniciar a etapa final, que é o cumprimento de,
pelo menos, 8 horas de estágio na sede da associação
para conhecimento do Sistema do SRG e de todos
os procedimentos técnicos, além de uma entrevista
com o superintendente Técnico, Celso Menezes. “O
credenciamento de novos técnicos é muito criterioso,
pois precisamos garantir que o serviço prestado no
campo terá o rigor e a qualidade necessária para
garantir o registro apenas de animais que realmente

ABCB Senepol amplia

prova escrita contendo 10 questões, devendo o mesmo estejam dentro do padrão racial do Senepol. Um animal
ter um desempenho satisfatório com o mínimo de 70% fora do padrão racial não pode ser registrado, pois, ao
de acerto. No decorrer do curso, os candidatos passam, ser utilizado para reprodução, poderá desencadear
também, por uma avaliação psicotécnica, efetuada por a multiplicação de características morfológicas e de

atendimento técnico
profissionais especializados nesta prestação de serviços. O desempenho indesejáveis, comprometendo o sucesso
laudo psicotécnico do candidato também é um pré-requisito da raça”, explica Celso.
para o processo de credenciamento. Ainda é preciso ter
Carteira Profissional (CREA ou CRMV) para ser credenciado. Atualmente, a ABCB Senepol conta com 20 técnicos
credenciados para atender os criadores no País.
O objetivo é diminuir o custo de diárias e A última etapa a ser cumprida pelos aspirantes é o estágio Confira abaixo a lista dos aspirantes ao cargo de
prático em criatório de Senepol e supervisionado por um técnico inspetor do SRG.
de deslocamento para os associados
CURSO INTENSIVO DE CAPACITAÇÃO TECNICA - MARÇO DE 2018 (FEMEC)
Larissa Vieira ASPIRANTES A TÉCNICOS
NOME PROFISSÃO MUNICÍPIO - UF

D e Norte a Sul do Brasil, a raça Senepol vem do Serviço de Registro Genealógico da raça Senepol, ANTONIO EMÍLIO GONÇALVES JUNIOR ZOOTECNISTA GOIANIA - GO
DAIZA ORTH VETERINÁRIA BRASILIA - DF
expandindo o número de animais puros registrados tendo como principal objetivo diminuir o custo de diárias FABIO MITTERRAN BRILHANTE DE PAULA ZOOTECNISTA REDENÇÃO - PA
JADSON RAMOS DA SILVA ZOOTECNISTA ITAPETINGA - BA
e o seu uso em cruzamento industrial. Com a demanda e de deslocamento para os associados”, explica. JOAO PAULO NUNES BASTOS VETERINÁRIO MARLIERIA - MG
crescente pelo Serviço de Registro Genealógico em todo JOAO SIMÃO ARAUJO FILHO ZOOTECNISTA PARACATU - MG
JULIO MARIO VIEIRA SOARES VETERINÁRIO RECIFE - PE
o País, a ABCB Senepol está investindo na ampliação Entre os aspirantes a técnico inspetor da ABCB Senepol LEANDRO RODELLO VETERINÁRIO ARAGUAINA - TO
MARCELO CASTILHO VETERINÁRIO CAÇADOR - SC
do quadro de técnicos credenciados. Segundo o está o zootecnista e pós-graduado em Produção Animal no MARCOS NEREU LUCKNER VETERINÁRIO RIO BRANCO - AC
superintendente técnico da entidade, Celso Menezes, Bioma Amazônico, Fábio Mitterran Brilhante de Paula, que MATEUS BERNARDES VETERINÁRIO PARANAIGUARA - GO
RAINER MOZER DE MATTOS AGRÔNOMO ICONHA - ES
neste ano, 22 profissionais participaram do curso para trabalha com a raça no estado do Pará há alguns anos. “Na RICARDO ALEX PEDROSO DE OLIVEIRA VETERINÁRIO CURITIBA - PR
RODOLFO DA SILVA DIAS VETERINÁRIO AMERICANA - SP
credenciamento de novos inspetores. “O Curso Intensivo região, a procura pelo Senepol é grande, principalmente RODRIGO QUIRINO LEAL VETERINÁRIO TRÊS LAGOAS - MS
de Capacitação Técnica é realizado de acordo com para cruzamento com zebuínos, porque a raça mostrou SERGIO LUIS FARIA VETERINÁRIO COSTA RICA - MS
SILTER APARECIDO DE OLIVEIRA FADEL VETERINÁRIO ASSIS - SP
a necessidade. Realizamos um em 2015 e agora, em ser altamente adaptada e produtiva dentro das condições SILVIO COSTA E SILVA VETERINÁRIO BELO HORIZONTE - MG
THIAGO FREITAS DE ALMEIDA MATTOS VETERINÁRIO JARDIM AMERICA - RJ
março de 2018. Essa é mais uma ação para a expansão climáticas do estado. Hoje, dos animais exportados pelo VITOR HUGO VIEIRA VETERINÁRIO PARANAÍBA - MS

16 | Revista Senepol Revista Senepol | 17

 Equipe ABCB Senepol Tá Todo Mundo Lendo

Quem trabalha
na ABCB Senepol

Robert Antônio Macedo Vicente Poliandra Amaral Machado Gislaine Rocha Félix Rabelo
Gerente Geral Analista Pleno - Nível III Secretária Executiva
gerencia@senepol.org.br Departamento de Marketing falecomadiretoria@senepol.org.br
marketing@senepol.org.br

Mateus Garcez Sousa Isadora Ramos Silva

Analista Pleno - Nível III Analista Júnior - Nível II
Departamento Serviços de Registro Genealógico Departamento Serviços de Registro Genealógico
senepol@senepol.org.br senepol@senepol.org.br

Michelle Alves da Silva Emmanuele Karine S. Moreira

Analista Financeiro Júnior - Nível I Analista Júnior - Nível II
Departamento Financeiro Departamento Financeiro
financeiro@senepol.org.br financeiro@senepol.org.br

18 | Revista Senepol Revista Senepol | 19

 Arquivo Acrimat
Páginas Vermelhas

Otimista,
mas em luta
pelo avanço
do setor
Marco Túlio Duarte Soares, presidente da Associação dos
Criadores de Mato Grosso (Acrimat)

Larissa Vieira

F
ilho de produtores rurais, o administrador de
empresas, Marco Túlio Duarte Soares, assumiu, em
2017, o desafio de defender o agronegócio em um
dos estados de maior potencial produtivo, o Mato Grosso.
Mineiro de Uberaba, cidade considerada um grande polo
de genética bovina do País, ele assumiu a presidência da
Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) em
um momento complicado para o setor, em decorrência da
Operação Carne Fraca, mas acredita que o pior já passou
e que o cenário está mais favorável em 2018. Segundo ele,
os pecuaristas são guerreiros e acreditam em um amanhã
melhor. Formado em Administração de Empresas e com
pós-graduação em Agronegócio, Marco Túlio destaca, em
entrevista à revista Senepol, que o produtor deve continuar
investindo em tecnologia para aumentar a rentabilidade do
negócio. Com mandato até 2019, assegura que a entidade
vai cobrar dos pré-candidatos soluções para problemas,
como a alta carga tributária.

20 | Revista Senepol Revista Senepol | 21

 Páginas Vermelhas
Revista Senepol - Na época em que estourou a Operação
Carne Fraca, os produtores ressaltaram a importância da
criação de cooperativas de carne e da retomada de frigoríficos
regionais para evitar que o setor voltasse a sofrer com o
monopólio na indústria da carne. O senhor concorda? Como
está o Mato Grosso após a Operação Carne Fraca?
Marco Túlio Duarte Soares - A Operação Carne Fraca
causou impacto na cadeia produtiva, mas pontual. A
atuação incisiva do Ministério da Agricultura e Pecuária,
o reforço na fiscalização e a qualidade da carne brasileira
foram importantíssimos para a retomada do mercado
internacional. Ano passado, Mato Grosso superou São
Paulo na exportação de carne e movimentou US$ 1,1
bilhão. Agora, queremos agregar valor ao nosso produto e
a Acrimat tem atuado no intuito de dar suporte ao produtor
para melhorar a qualidade da carne e alcançar mercados
diferenciados. Além do volume, temos capacidade para liderar
também em qualidade. Somos a favor de novos arranjos de
mercado, inclusive com a participação dos pecuaristas em
outras etapas do ciclo produtivo da carne. Mas, para isso, é
primordial a viabilidade econômica do negócio.
Revista Senepol - A Acrimat é uma das entidades que
estão se mobilizando contra a proibição dos embarques de
animais vivos. Caso o Projeto de Lei passe na Assembleia de
São Paulo, os prejuízos econômicos ao setor serão grandes?
Marco Túlio Duarte Soares - Não se trata apenas
de prejuízos econômicos, mas do impedimento a uma
atividade legal, fiscalizada e que representa uma alternativa
de renda para os produtores. Para os produtores de bovinos
de corte, a exportação de animais vivos é, também, um
reconhecimento com relação à qualidade e sanidade do
nosso rebanho. A Acrimat está disposta a sentar à mesa
das discussões para que todos os lados sejam expostos e
uma solução contemplativa seja alcançada.
Revista Senepol - Os custos de produção vêm crescendo
ao longo dos últimos anos e a arroba não teve o mesmo
ritmo. Como melhorar a rentabilidade da pecuária mesmo
nesse cenário?
Marco Túlio Duarte Soares - Eficiência produtiva é
a chave do negócio. O produtor que quiser melhorar os
resultados da propriedade e, assim, aumentar a renda,
precisa analisar todos os índices produtivos e investir em
22 | Revista Senepol
tecnologias que possibilitem produzir mais, em menores
áreas e tempo. Hoje há ferramentas para todos os sistemas
pecuários, da cria à terminação, e os números apontam
que os resultados existem. Nos últimos anos, por exemplo,
o produtor mato-grossense reduziu a idade média de abate
com a implantação de técnicas como suplementação
alimentar, reforma de pastagem e melhoramento genético.
Também aumentamos a produção de carne por hectare
(ha), que passou de 36,8 kg/ha para 50 kg/ha.
Revista Senepol - Neste ano, teremos eleições. Quais são
as principais reivindicações que a Acrimat pretende levar
aos candidatos?
Marco Túlio Duarte Soares - A Acrimat sempre busca
isenção com relação aos candidatos, mas não do processo
eleitoral, e busca junto aos seus associados as principais
demandas dos produtores. Em Mato Grosso, um dos
entraves à agropecuária é a alta carga tributária, que onera
nossa produção e compromete a competitividade, e vamos
apresentar propostas para que haja uma redução dos
impostos sem que a receita do estado fique comprometida.
Quando retiramos ou reduzimos uma alíquota, permitimos
o aumento nas vendas, o que reflete no caixa público.
Também temos problemas com relação à logística, que é
totalmente dependente do modal rodoviário e as estradas
não recebem a devida atenção.
Revista Senepol - No início de 2018, a expectativa era
de recuperação do setor após os problemas enfrentados
em 2017. O senhor acredita que esta estimativa deve se
concretizar em Mato Grosso e também no País?
Marco Túlio Duarte Soares - O processo de recuperação
da economia já começou, de forma mais lenta do que
esperávamos, mas começou. A Reforma Trabalhista foi
a primeira a ser feita e precisamos que as reformas da
Previdência e Política também sejam aprovadas para
desonerar os setores produtivos e, assim, gerar emprego
e renda para a população. O País precisa rever o seu
modelo de gestão e reduzir o inchaço da máquina pública.
A eficiência que é tão importante na iniciativa privada
também precisa ser aplicada na gestão pública.
Revista Senepol - Algumas associações de criadores,
como a de Senepol, já têm projetos de certificação da
carne para atender ao mercado premium. Em Mato Grosso,
a carne certificada já é uma realidade?
Marco Túlio Duarte Soares - Sim. O Instituto Mato-
Grossense da Carne (Imac) foi criado pelo governo do estado
e tem uma organização mista, com representantes de todos
os elos da cadeia produtiva da carne. O objetivo é promover
a carne produzida no estado a partir da implantação de um
selo de garantia de origem, para comprovar o atendimento
de requisitos sanitários, ambientais, sociais e econômicos
de acordo com a legislação vigente.
Revista Senepol - Que balanço faz desse seu um ano
e meio à frente da Acrimat? Quais os principais projetos
realizados nesse período?
Marco Túlio Duarte Soares - Assumi a Acrimat e,
em seguida, passamos por algumas crises, como a
Operação Carne Fraca, os embargos internacionais e o
Funrural, entre outros problemas, e sempre buscamos
Eficiência produtiva
é a chave do negócio.
O produtor que quiser
melhorar os resultados
da propriedade e, assim,
aumentar a renda,
precisa analisar todos
os índices produtivos e
investir em tecnologias
que possibilitem produzir
mais, em menores
áreas e tempo.
atuar em defesa dos produtores e pelo direito de produzir
em nosso País. Mas também tivemos grandes projetos,
como o Acrimat em Ação, que, neste ano, mobilizou mais
de cinco mil produtores em Mato Grosso. Percorremos
o estado para levar informações técnicas aos produtores
e coletar dados e demandas da pecuária de corte.
Neste ano, o tema foi “Do pasto ao prato: agregação
de valor à pecuária de corte”, e levamos aos produtores
informações sobre como é possível investir em todas
as etapas produtivas para atingir o principal resultado:
produzir carne de qualidade. Foram quatro meses
visitando 33 municípios e mais de 12 mil quilômetros
percorridos. Também estamos participando de todas
as discussões do processo de retirada da vacina contra
a aftosa, um importante passo que está sendo tomado
e que requer muita atenção e cuidado. O Brasil tem
importantes conquistas no setor sanitário e pode correr
o risco de perder a certificação do nosso rebanho.
Revista Senepol | 23
 Arquivo ABCB Senepol
Pasto Técnico

No Brasil, geralmente a
melhor época para iniciar
a estação de monta é
no início das chuvas,
época em que o pasto é
abundante e de melhor
qualidade, ou seja,
quando há alimento
farto para o gado
ficar bem nutrido.

planejada dificulta os controles sanitários, produtivos

Escolha certa
e reprodutivos do rebanho e pode comprometer os
resultados produtivos e econômicos.

No Brasil, geralmente a melhor época para iniciar a

para a estação
estação de monta é no início das chuvas, época em que
o pasto é abundante e de melhor qualidade, ou seja,
quando há alimento farto para o gado ficar bem nutrido.

de monta
Além disso, concentrar os acasalamentos em um período
do ano faz com que os nascimentos ocorram em épocas
mais favoráveis e o rebanho fique mais homogêneo por
conta da idade semelhante, facilitando as demais etapas
do sistema de produção e a venda dos animais.

Dentro desse cenário, os touros são peça importante. Os

Larissa Vieira cuidados com o manejo, a sanidade e a nutrição desses
Os touros que serão usados para cobrir animais é que vão garantir uma vida de serviço mais

S
Touro Senepol. e o caminho para produzir uma carne de qualidade longeva. Ao longo da vida reprodutiva, o touro pode
Só se for registrado.
Do Pasto ao prato, a vacada devem ser comprovadamente é longo e repleto de desafios, o pontapé inicial ser pai de dezenas de bezerros, enquanto a vaca pode
simples e lucrativo.
melhoradores, ter a capacidade reprodutiva para essa jornada precisa ser estrategicamente deixar até dez filhos. Segundo dados da Embrapa Gado
de Corte, o touro proporciona 88% do ganho genético de
calculado para ser certeiro. Como a eficiência econômica
atestada por exame andrológico e bom da pecuária de corte está vinculada à produção de todo o rebanho para relações touro:vaca de 1:40. Por isso,
bezerros (sejam eles destinados à produção de carne a escolha dos reprodutores deve ser bastante criteriosa
escore corporal ou à reposição do rebanho), a estação de monta mal para garantir o sucesso do sistema de produção.

24 | Revista Senepol Revista Senepol | 25

 Pasto Técnico
Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
Rafael Pacheco, técnico inspetor do Serviço de Registro Genealógico
da ABCB Senepol.
O pecuarista deve procurar o que há de melhor no
mercado, um animal comprovadamente melhorador, e
esquecer de vez o chamado boi cabeceira de boiada,
que nada acrescenta em termos de melhoramento
genético do rebanho. Segundo o técnico inspetor do
Serviço de Registro Genealógico da ABCB Senepol,
Rafael Pacheco, um dos pontos a ser considerado na
hora de definir quais touros serão utilizados na estação
de monta é a idade. “Um animal muito novo pode ter seu
desempenho comprometido. O ideal é ter, no mínimo,
20 meses, além de um estado corporal de acordo com
a sua idade. Também não é recomendado usar animais
debilitados”, ensina Rafael.
Para preservar o desempenho reprodutivo dos animais,
é preciso fazer uma revisão geral em todos os touros
selecionados para a estação de monta. O primeiro passo
para saber se o touro está bem nutrido e em condições
de cobrir é a avaliação de Escore de Condição Corporal.
O estado dos aprumos e das unhas também influencia o
salto e a capacidade de acertar a matriz.
Como existem animais que param de se alimentar
quando estão acasalando, o monitoramento frequente
dos touros durante o serviço ajuda na adoção de um
manejo nutricional correto. “O que mais prejudica o
desempenho de um touro é seu estado corporal, seu
vigor mostra se está sadio e pronto para a cobertura”,
26 | Revista Senepol
esclarece o técnico da ABCB Senepol. A alimentação do
reprodutor deve ser ajustada, seja por meio de pastagens
cultivadas de melhor qualidade, reserva de feno em pé ou
pela utilização de algum tipo de suplemento. A adequada
condição corporal permite fecundar o maior número
possível de vacas em um curto espaço de tempo. O touro
muito pesado tem dificuldade de montar, além disso, o
excesso de peso sobrecarrega o sistema de aprumos,
podendo diminuir a vida útil. Se o animal está muito
pesado e gordo, a qualidade do sêmen também diminui
porque a deposição de gordura na bolsa escrotal dificulta
a termorregulação e prejudica a espermatogênese.
Para evitar touros com este e outros problemas de
fertilidade, a realização do exame andrológico antes
da estação de monta é importante. Touros subférteis,
que representam de 20% a 40% dos animais em
serviço no País, comprometem a fertilidade do rebanho
ocasionando perdas de produção. Vale lembrar que o
certificado de exame andrológico tem validade de 60
dias, portanto, essa avaliação deverá ser feita próximo
à estação de monta.
O técnico da ABCB Senepol lembra ainda que, mesmo
durante a estação de monta, o animal deve ter seu
desempenho acompanhado, porque podem ocorrer
acidentes que comprometerão o seu trabalho de
monta. Outra recomendação é utilizar apenas touros
Senepol com Registro Genealógico Definitivo (RGD).
“Para usar em cruzamento, o touro registrado é uma
garantia de qualidade, pois você sabe que ele passou
por uma inspeção de seleção morfológica, em que são
descartados os exemplares com defeitos indesejáveis,
sendo muitos deles prejudiciais ao bom desempenho
de cobertura, tais como umbigo (umbigudo, agarrado)
e aprumos. O touro com RGD traz consigo a garantia
do que vai ser transmitido à sua progênie: precocidade,
adaptabilidade, fertilidade na fêmea, docilidade”, explica.
Já em relação às fêmeas, os cuidados com o manejo
nutricional são importantes. As vacas de primeira cria são
consideradas o grande gargalo dos índices produtivos
de uma estação de monta. Nesta fase da vida do
animal, os nutrientes são distribuídos preferencialmente
para a produção de leite, o crescimento e, por último,
O pecuarista deve procurar o que há de melhor no mercado,
um animal comprovadamente melhorador, e esquecer de vez
o chamado boi cabeceira de boiada, que nada acrescenta em
termos de melhoramento genético do rebanho. Segundo o
técnico inspetor do Serviço de Registro Genealógico da ABCB
Senepol, Rafael Pacheco, um dos pontos a ser considerado
na hora de definir quais touros serão utilizados na estação
de monta é a idade. ‘Um animal muito novo pode ter seu
desempenho comprometido. O ideal é ter, no mínimo, 20
meses, além de um estado corporal de acordo com a sua idade.
Também não é recomendado usar animais debilitados’.
a reprodução. Este fato faz com que os índices de produtividade da prole. Quando o manejo nutricional
concepção da categoria sejam bastante baixos. É da matriz é deficiente, causa uma subnutrição, sendo
preciso garantir uma boa condição corporal para as reportadas complicações na produção animal, que
novilhas que serão emprenhadas, pois essa estratégia é incluem o aumento da mortalidade neonatal, disfunções
essencial para que estas futuras primíparas possam ser respiratórias e intestinais, crescimento neonatal
trabalhadas rapidamente e de forma eficaz na estação retardado, diferenças no diâmetro das fibras musculares
de monta subsequente. Para obter bons resultados na e reduzida qualidade de carne”, explica.
estação de monta, é necessário reforçar a alimentação
desses animais no período pré-monta (estação seca). Estudos comprovam que a suplementação proteica das
matrizes influencia o peso à desmama e o desempenho
Segundo o médico-veterinário, Doutor em Ciências e do animal nas demais etapas. “Um experimento realizado
coordenador de Cria da Premix, Marcos Vinicius Biehl, por Greenwood et al. (2007) demonstrou que machos
nos últimos anos, muitas pesquisas têm sido realizadas com 30 meses de idade, oriundos de fêmeas submetidas
com o objetivo de entender como a nutrição materna à restrição nutricional durante a gestação, tiveram
afeta a saúde e a produtividade no período pós-natal. um peso corporal e peso de carcaça inferior quando
“Sabe-se que a nutrição materna durante a prenhez comparados à machos oriundos de vacas com nutrição
desempenha função essencial sobre o desenvolvimento adequada, indicando que o crescimento muscular foi
fetal e placentário, afetando diretamente a saúde e a prejudicado”, diz Biehl.
Revista Senepol | 27
 Marcelo da Cunha Xavier, responsável
Pasto Técnico clínico pela Bio Biotecnologia Animal.
O
touro tem um impacto direto sobre a fertilidade
do rebanho. Segundo dados da Embrapa Gado
de Corte, um reprodutor infértil pode representar
a perda de 25 a 50 bezerros, conforme a relação
touro:vaca utilizada. Já uma vaca infértil representa a
perda de um bezerro, apenas. Os prejuízos podem ser
ainda maiores caso existam animais subférteis, aqueles
que produzem menos filhos do que deveriam no rebanho.
Estima-se que entre 20 e 40% dos touros em serviço são
subférteis e outros 5% sejam inférteis.
A fertilidade de um touro é uma característica variável,
podendo se alterar durante a fase reprodutiva, o ano ou
Thiago Galdiano / Publique Banco de Imagens
no decorrer da sua vida útil. Além disso, vários fatores
podem contribuir para isso, tais como: nutrição, idade,
estresse calórico, doenças infecciosas, agentes tóxicos,
integridade anatômica e qualidade do sêmen. Por isso, a
recomendação é realizar o exame andrológico em todos
os reprodutores antes da estação de monta.
Esse cuidado deve ser adotado também para os touros
Tecnologia
destinados à produção de sêmen ou que participam
de provas zootécnicas. “A avaliação andrológica é de
fundamental importância na seleção de touros que
entrarão em reprodução, pois permite excluir os animais
garante análise
com patologias congênitas. O exame andrológico ajuda
a maximizar os resultados de prenhez, tanto em uma
estação de monta quanto em uma inseminação artificial”,
de sêmen de
explica o médico-veterinário Marcelo da Cunha Xavier,
responsável clínico pela Bio Biotecnologia Animal que,
em parceria com a Associação Brasileira de Inseminação
Artificial (ASBIA), disponibiliza esse tipo de serviço no
alta precisão
Laboratório ASBIA-BIO, localizado no interior do Parque
Fernando Costa, em Uberaba/MG. Como a ABCB
Senepol é associada da ASBIA, os criadores da raça têm
direito a preços diferenciados na realização do serviço de
análise de sêmen.
O laboratório realiza uma análise totalmente
Manipulação errada do sêmen pode provocar a perda da qualidade da palheta, computadorizada, utilizando para isso equipamentos
de última geração, garantindo um diagnóstico mais
o que causará um baixo índice do resultado da Inseminação Artificial, mas já preciso da motilidade e da concentração do sêmen. É
existem equipamentos capazes de fazer análise precisa do material possível observar volume, motilidade, turbilhonamento,
vigor, congelabilidade, ou seja, tudo o que está ligado
à qualidade espermática. “Esse tipo de equipamento
é o mesmo utilizado pelas centrais de inseminação,
Larissa Vieira
por alguns institutos de pesquisa e por apenas dois
28 | Revista Senepol
laboratórios particulares, sendo o ASBIA-BIO um
deles”, explica Xavier.
Além de ser indicada para touros de provas zootécnicas
ou que vão ser utilizados na estação de monta, a
análise de sêmen também é importante para verificar a
qualidade das doses de sêmen do estoque da fazenda
ou adquiridas de terceiros que serão utilizadas em um
programa de IATF ou FIV, por exemplo. “Sabemos que a
dose de sêmen é muito sensível à variação de temperatura
e que os processos de transporte, armazenagem e
manipulação do produto são vitais para a garantia da
qualidade. Então, se o pecuarista tem dúvida sobre o
manejo e o armazenamento do mesmo, recomenda-se
testar algumas amostras do sêmen armazenado antes
do uso. A questão é que grande parte das análises de
sêmen congelado feitas a campo em nosso País são
realizadas de maneira subjetiva e, sobretudo, muitas
vezes com equipamentos que não permitem uma
avaliação mais precisa e objetiva. O Laboratório ASBIA-
BIO possui equipamentos altamente sofisticados,
que determinam diferentes parâmetros de qualidade
espermática de forma precisa”, explica o presidente
da ASBIA, Sérgio Saud.
Caso seja utilizada uma palheta de sêmen com qualidade
comprometida pelo manejo ou armazenamento, haverá
um baixo índice no resultado da inseminação artificial.
Na análise no laboratório, o equipamento consegue
determinar de forma precisa os diferentes parâmetros de
qualidade espermática e se os movimentos realizados
pelas células são os progressivos, ou seja, aqueles que
realmente interferem na fertilidade.
Segundo o presidente da ASBIA, as centrais de
inseminação associadas já seguem todos os padrões
de qualidade para produção e conservação de sêmen
e fazem altos investimentos no seu processo produtivo
e em testes para a checagem da qualidade do sêmen,
garantindo a qualidade do material disponibilizado ao
mercado.
Serviço
Os interessados em fazer a análise de sêmen no
Laboratório ASBIA-BIO, que oferece desconto para os
associados da ABCB Senepol, devem entrar em contato
pelo telefone (34) 3333-1403.
Revista Senepol | 29
 Animais devem receber suplementação
Pasto Técnico adequada para sua categoria.

C
om o período de seca em andamento em várias
regiões do Brasil, os cuidados com o manejo
nutricional devem ser redobrados para evitar
o “efeito sanfona” no rebanho. A redução das chuvas,
aliada à diminuição das horas de luz por dia e à queda da
temperatura, compromete o crescimento da forrageira,
Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
seca com o fornecimento de suplementos. Segundo o
pesquisador da Embrapa Acre, Maykel Sales, as práticas
suplementares permitem manter o gado bem alimentado,
saudável e produtivo, independentemente da duração e da
intensidade da estiagem. Alternativas, como a silagem e
os sais proteinados, são importantes para complementar

resultando em baixa produção de matéria seca por hectare
e perda da qualidade do capim disponível para os animais
em pastejo. E, sem um bom pasto, o animal começa a
perder o peso que conquistou no período de águas, pode
deixar de reproduzir e acaba tendo sua produtividade
afetada, além de aumentar a predisposição a doenças
entre outros fatores que interferem na produção.
Gado gordo no pasto ou no cocho nada mais é do que o
resultado da interação entre a genética e o ambiente. Sem
um manejo nutricional correto, não há como a qualidade
genética do animal ser revelada. Por isso, é essencial
ter um planejamento alimentar para cada época do ano,
capaz de suprir as necessidades de cada categoria animal,
da região e do sistema de produção da fazenda. Esta é a
a dieta bovina. “Quando a silagem é bem feita, o seu valor
nutritivo é bem superior ao da forragem verde, garantindo
alimento de qualidade para o gado”, diz Sales.
Produzir silagem é uma prática largamente utilizada no
Brasil, aceita em todas as espécies animais, mas que
necessita de total atenção aos detalhes, pois, na maioria
das propriedades, ocorrem perdas durante o processo
de ensilagem. A qualidade do volumoso oferecido aos
animais ajuda a maximizar os efeitos da suplementação.
É possível aumentar o ganho por área em até 40% com a
suplementação correta para o período da seca e uma boa
disponibilidade de forragem.

Arquivo DSM
Planejamento
palavra-chave para conseguir manter a rentabilidade do
negócio, mesmo na seca.

Os especialistas alertam que não existe receita de bolo. O

nutricional
planejamento nutricional deve ser elaborado dentro das reais
necessidades da fazenda. Para definir o manejo nutricional
que será adotado, o pecuarista deve ter em mãos dados
atualizados do rebanho, tais como quantos animais e qual

evita perda de
o peso deles, para categorizá-lo. Outra medida importante
é definir a meta de venda para aquele ano, quantos animais
serão comercializados na safra, com quantas arrobas e qual

rentabilidade
Desde que elaborada dentro das reais necessidades da fazenda e
de acordo com cada categoria animal, a suplementação na seca e
o tempo necessário para atingir esse peso. “O produtor
precisa definir a taxa de lotação adequada e separar os
bovinos por categoria para conseguir atravessar a seca
com estoque de forragem adequado dentro das metas de
produção da fazenda. Por isso, recomendamos criar um
estoque da forrageira para fazer uma reserva de volumoso.
Quanto menor a qualidade e a quantidade da pastagem,
maior será a quantidade de suplemento a ser oferecido
para a mesma meta de desempenho”, diz o gerente de
Categoria Gado de Corte da DSM, Luciano Morgan.

nas águas contribui para melhorar o desempenho do rebanho

A etapa seguinte é definir qual suplementação será
adotada para cada categoria. Com a queda nutricional
das forragens por conta da falta de chuva, é fundamental
Larissa Vieira
corrigir as deficiências nutricionais dos bovinos na Luciano Morgan, gerente de Categoria Gado de Corte da DSM.

30 | Revista Senepol Revista Senepol | 31

 Pasto Técnico
O fornecimento de produtos proteicos e proteico-
energéticos é outra estratégia nutricional que pode
potencializar o desempenho dos animais na seca, mas
deve começar logo no início para que o animal continue
com boa velocidade de ganho de peso mesmo quando
chegar aos meses mais críticos da falta de chuvas. O
tipo de suplemento vai depender da categoria animal. Os
ureados são utilizados para os animais de cria. Para as
fases de recria e engorda, aposte nos proteicos e proteico-
energéticos. As vacas primíparas e novilhas também
precisam ser suplementadas com proteicos para chegarem
à estação de monta com bons índices reprodutivos. O
fornecimento de proteico-energéticos eleva o ganho de
peso diário, podendo ser direcionado não só para a fase
de terminação, mas também para cria e recria. Outra opção
para as categorias de cria/recria é fornecer suplemento
mineral para acelerar esse ganho de peso. Em sistemas
de semiconfinamento, a recomendação para o inverno
é oferecer uma suplementação de 1% do peso vivo,
em torno de 4,5 kg de ração por animal/dia. Já para
quem trabalha com quantidades de concentrado mais
elevadas, esse percentual pode ser maior, chegando a
até 2% do peso vivo animal.
Vedação da pastagem - Calcular com precisão o estoque
de forragem necessário para todo o período da seca é
uma das grandes dificuldades verificadas nas fazendas.
Quem faz o manejo a pasto o ano todo, inclusive no
semiconfinamento, precisa ter feito a lição de casa antes
da seca para garantir um maior volume de forragem
possível no período. Entre os cuidados necessários estão a
manutenção do solo, por meio de correção e de adubação
sempre que necessário, e o pastejo com lotação rotativa,
com a área dividida em piquetes que são submetidos a
períodos alternados de pastejo e descanso. Isso permite
maior controle sobre a quantidade de pasto disponível,
evita que o pisoteio excessivo dos animais leve a perdas no
pasto e garante uma recuperação maior da forrageira que
chega ao período da seca mais nutritiva e resistente.
A vedação da pastagem, ou pastejo diferido, é outra
estratégia que precisa ser adotada com antecedência. Em
geral, a recomendação é reservar em torno de 30% da área
dos pastos para utilizar durante o período da seca. Esse
valor permitiria um bom manejo dos pastos da fazenda
e não sobrecarregaria a lotação nas áreas não diferidas
durante o final das águas. Esse índice de vedação pode
32 | Revista Senepol
variar conforme a necessidade de cada propriedade
e deve ser calculado com base na taxa de lotação da
propriedade (média do ano) e nas taxas de lotação que
serão praticadas, nas áreas diferidas e naquelas que não
serão diferidas. Vale lembrar que, mesmo com o pastejo
diferido, é preciso, manter a suplementação específica para
cada categoria, porque o valor nutricional da forrageira cai
no inverno. A suplementação estratégica, com proteicos e
proteico-energéticos, corrige essa carência de nutrientes
do pasto vedado e faz com que os animais continuem
engordando e consigam chegar ao final da estação com o
peso determinado para a sua categoria.
Suplementação nas águas
Apesar de muitos produtores ainda acreditarem que não há
motivo para suplementar os animais no período das águas,
estudos conduzidos por diversos centros de pesquisa
mostram que os ganhos econômicos e na qualidade final
do produto são significativos. O professor da Universidade
Federal de Viçosa, Mário Fonseca Paulino, destaca que
a suplementação múltipla (de natureza proteico-mineral-
energética) durante a Época de Crescimento das Plantas
(ECP), que envolve águas e transições, seca-águas e
águas-seca, constitui uma oportunidade para potencializar
o desenvolvimento dos bovinos durante um período
que representa 75% do ano em grande parte das áreas
pecuárias brasileiras. “O incremento na taxa de crescimento,
em relação ao sistema pasto/mistura mineral, atinge a
magnitude de 150 a 300 gramas por dia, dependendo do
mérito genético, do estado fisiológico, da classe sexual
e da idade dos animais. Este diferencial, associado ao
plano nutricional estratégico durante a época da seca,
permite ganhos substanciais em termos de produtividade e
competitividade à bovinocultura brasileira, que podem ser
avaliados em termos de taxas de desfrute superiores a 40%
em rebanhos de ciclo completo, na redução da fase de
recria, na diminuição do número de épocas secas na vida
dos animais destinados ao abate e na antecipação da idade
de reprodução das novilhas, dentre outros indicadores”,
destaca o professor.
Estudos desenvolvidos na UNESP apontaram que o
fornecimento de maiores quantidades de suplemento
(0,6 % do PC – Peso Corporal) para tourinhos durante a
estação chuvosa, em elevada pressão de pastejo (15 cm
de altura) do capim Marandu, proporcionou ganho de peso
semelhante ao de tourinhos recriados em menor pressão
de pastejo (35 cm de altura) e recebendo apenas mistura Gado gordo no pasto ou no
mineral. O fornecimento de suplementos para bovinos
de corte em pastagens permite reduzir e até anular os
cocho nada mais é do que o
efeitos da pressão de pastejo. O ajuste da suplementação resultado da interação entre
conforme a altura do pasto permite modular o ganho de
peso, possibilitando alta produtividade com elevada
a genética e o ambiente.
pressão de pastejo, sem prejudicar o ganho de peso por Sem um manejo nutricional
animal. A quantidade de suplemento e a pressão de pastejo
podem ser ajustadas conforme o contexto econômico e o
correto, não há como a
objetivo de produção, sem influenciar de forma negativa o qualidade genética do
desempenho animal.
animal ser revelada.
O zootecnista Pedro Henrique Ferro reforça que a
suplementação nas águas com produtos proteicos
e energéticos possibilita que o rebanho chegue com fundamental em qualquer época. “No caminho entre o
bom peso no período da seca. “Na seca, o uso do suplemento e a boca do boi, podem ocorrer situações
suplemento já é mais comum no Brasil, mas deve se que interferem na acurácia do planejamento feito, como
estender ao longo do ano para maximizar ao máximo o estrutura não adequada, mão de obra sem treinamento,
ganho de peso”, aconselha Pedro Ferro, que é gerente armazenamento incorreto e quantidade errada. O
de Contas de Bovinos de Corte da Zinpro Performance produtor precisa ficar atento a todos esses pontos e
Mineral. Segundo ele, o acompanhamento do que acompanhar o desempenho do animal para detectar
foi planejado para o manejo nutricional do rebanho é falhas e corrigi-las a tempo”, conclui.
Vantagens da suplementação nas águas
• Promove maiores e melhores respostas zootécnicas, como aumento
do ganho de peso e da eficiência alimentar dos bovinos;
• Mantém a saúde e o equilíbrio homeostático dos bovinos em boas condições.
Isto é, mantém o equilíbrio de todas as funções fisiológicas do organismo animal
em condições ideais de funcionalidade;
• Reduz o ciclo de produção, ou seja, produz boi de ciclo curto, gerando maior
giro de capital para o produtor rural;
• Aumenta a quantidade de arrobas produzidas por unidade de área e,
consequentemente, aumenta a entrada de capital;
• Promove maiores lucros aos produtores rurais.
Revista Senepol | 33
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34 | Revista Senepol Revista Senepol | 35

 Galeria Evento | Senepol na Terra do Zebu / Central Uberaba

36 | Revista Senepol Revista Senepol | | 37

RevistaSenepol 37
 Gado na área de ILPF.
Pecuária Sustentável

Fabiano Bastos
Em pastagens degradadas, a produtividade é de cerca

Karina Pulrolnik
de 4 arrobas/ha em equivalente carcaça, proporcionando
lucro de R$ 50,00/ha/ano a R$ 100,00/ha/ano, com
a possibilidade de ocorrer saldo negativo em alguns
sistemas de produção. Já nas pastagens recuperadas por
meio de sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP),
a produtividade média de carne no sistema de recria e
terminação de animais pode ser de 15 arrobas/ha/ano a 30
arrobas/ha/ano de equivalente carcaça, nos dois primeiros
anos de pastejo após a retirada da lavoura de grãos.
Segundo dados da Embrapa, nesse cenário, a rentabilidade
com os animais pode proporcionar lucro de R$ 1.200,00/
ha/ano a R$ 1.600,00/ha/ano, além do lucro da lavoura
que, no caso da cultura da soja, fica entre 5 sacas/ha e 15
Lourival Vilela, pesquisador da Embrapa Cerrados.
sacas/ha. Quando entra o componente Floresta, formando
o sistema ILPF, essa lucratividade com os animais gira em tinha solos arenosos. Foi introduzida a agricultura como
torno de R$ 500,00/ha/ano a R$ 750,00/ha/ano, com a alternativa para recuperar o pasto, no início implantando-

Integração
produtividade média de 15 arrobas/ha de carne.
O Brasil tem hoje 11,5 milhões de hectares que utilizam
os diferentes formatos da estratégia ILPF, sendo 87% em
se a lavoura de soja como forma de amortizar os custos
com a recuperação do solo. Uma década depois, a fazenda
concentrou a pecuária em 36% da área no período chuvoso,
e os outros 74% ficaram reservados para a lavoura. Com

que dá lucro
sistema de ILP, segundo pesquisa encomendada pela Rede
Fomento ILPF e realizada pelo Kleffmann Group na safra
2015/2016. Como mostram os números acima, os pecuaristas
que estão variando as atividades em suas terras não têm do
que reclamar. O engenheiro- agrônomo e pesquisador da
Embrapa Cerrados, Lourival Vilela, acompanha esse avanço
da integração desde as primeiras aplicações do sistema no
isso, a taxa de lotação saltou de 1 UA/Ha para 3,2 UA/
Ha. Com um pasto de melhor qualidade, o passo seguinte
foi adotar o cruzamento industrial. Essa combinação de
heterose e comida de qualidade, permitiu uma desmama
dos bezerros aos oito meses e peso de 270 kg.
Em outra fazenda no estado de São Paulo, que tinha 9%

Sistema Integração Lavoura-Pecuária tem elevado os ganhos tanto Brasil, ainda na década de 1970. “Existem várias estratégicas
dentro da integração e, para definir qual o melhor modelo,
de argila no solo, a Integração Lavoura-Pecuária permitiu
aumentar em 126% a taxa de lotação, passando de 1,3 para

da agricultura quanto do rebanho. Há um aumento da taxa de o produtor deve levar em conta vários fatores, tais como a
região onde a fazenda está localizada, se há boa logística para
lotação, do peso final ao abate e da quantidade de sacas colhidas, escoamento dos grãos ou madeira, condições de clima e de
solo, infraestrutura local e regional, experiência do produtor
melhorando a rentabilidade do negócio e tecnologias disponíveis. Mas, independentemente do tipo
de integração, há um ganho muito grande em produtividade,
pois a oferta de forragem melhora tanto em quantidade
Larissa Vieira
quanto em valor nutritivo. Quem trabalha com pecuária sabe
2,9 cabeças por hectare, mesmo com a redução de 36%
da área de pastagem. O peso dos bezerros à desmama
aumentou mais de 20 kg.
Os dois exemplos comprovam que a viabilidade econômica
da pecuária consorciada com grãos pode ser obtida nas
mais variadas estratégias. Segundo o pesquisador da
Embrapa Cerrados, uma opção muito usada em regiões

Q
uando a pecuária e a agricultura passaram a
andar juntas em muitas propriedades brasileiras,
os produtores rurais viram os números de seus
negócios aumentarem consideravelmente. Dados da
Embrapa, publicados no livro “Integração lavoura-pecuária-
que a interação genótipo/ambiente é o que determina uma de temperaturas mais elevadas e de maior incidência
floresta: o produtor pergunta, a Embrapa responde”, de chuva, como o Mato Grosso, é a utilização da soja
boa produtividade. Não adianta ter boa genética se não tem
apontam que a diferença de rentabilidade pode ser 16 consorciada com o plantio direto de capim. Já no sudoeste
comida de qualidade e vice-versa”, explica.
vezes maior nas áreas de lavoura-pecuária do que nas de goiano, muitas fazendas têm feito a primeira safra de soja,
pastagem degradada. Quando se fala em produtividade, seguida de uma segunda safra de milho consorciada com
O pesquisador acompanhou por dez anos uma propriedade
essa diferença chega a ser 7,5 vezes superior. alguma forrageira. Como é uma região de período mais
em Uberlândia/MG que sofria com o pasto degradado e

38 | Revista Senepol Revista Senepol | 39

 Pecuária Sustentável Informe Safiras

Central Senepol fecha

curto de chuva, essa forragem servirá de alimentação para
os animais durante a seca.
A ILP ainda tem feito surgir o “boi safrinha” no Cerrado.
No oeste da Bahia, as condições climáticas dificultam
o cultivo de uma segunda safra de verão, como, por
exemplo, uma segunda safra de verão de milho depois
da colheita da soja. Por isso, é feito o consorciamento de
grãos com algum tipo de forrageira, surgindo, assim, o
“boi safrinha”, alimentação para os bovinos (cria, recria e
engorda) na entressafra, aproveitando parte da forragem
acumulada. O sistema tem elevado o ganho de peso dos
animais. “Em 2008, comecei a acompanhar uma fazenda
das chuvas. A IATF (Inseminação Artificial por Tempo
Fixo) passar a ser realizada a partir de maio. “Pastos do
sistema ILP se mantêm verdes por um bom período da
estação seca. Essa maior disponibilidade de forrageira,
com bom valor nutricional, ajuda a ter melhores taxas de parceria com o CQG em busca
de avaliação e qualificação
reconcepção, principalmente nas primíparas, que são
animais mais estressados.
Ganhos na agricultura
O impacto positivo da ILP na pecuária já é bem conhecido.
genética para seus clientes
Agora, os estudos vêm mostrando que o inverso também é
real. Áreas que tiveram pastejo de animais estão produzindo
maior quantidade de grãos. A produtividade de soja depois de Daniel de Paula

no oeste da Bahia, cujos solos são mais arenosos e onde
chove menos. Entre um terço e um quarto da área, é
plantado milho consorciado com braquiária. A partir de
maio e junho, o milho é colhido e a braquiária passa a
desenvolver muito mais nessas condições. Um mês
depois da colheita do milho, o gado é colocado na área
para pastar”, explica.
Em 2010, a fazenda utilizou o sistema em uma área
experimental de menos de 200 hectares e abateu 234
cabeças, aos 36 meses de idade, com ganho médio
diário de 870 gramas e peso final de 202 kg. Foi adotada,
também, a suplementação e, dois anos depois, o
cruzamento industrial. Em 2015, foi possível aumentar o
milho consorciado com braquiária tem aumentado entre 10%
e 20%. “Em avaliações realizadas durante três anos em áreas
diferentes da Fazenda Triunfo, em Formosa do Rio Preto/BA, o
proprietário verificou o efeito positivo do pastejo na produção
de grãos de soja, entre 6 e 10 sacos por hectare. E isso tem
acontecido em várias regiões do País, ou seja, quando as
pastagens são bem manejadas, o boi não compacta o solo
como se dizia antigamente. O grande volume de raízes das
braquiárias proporcionando melhoria nas fertilidades física e
biológica do solo é uma das explicações para isso. Sabemos
que ocorre uma ativação biológica do solo quando se coloca
braquiária”, explica Lourival.
Daniel de Paula
A
Central Senepol fechou parceria com o Centro de
Qualificação Genética Grama Senepol, o CQG-
Senepol, que vai dar ainda mais praticidade e
valorização a produtos que forem planejados na sua sede,
em Marília/SP. A partir de agora, os criadores que produzirem
seus animais com os serviços prestados pela central podem
encaminhá-los para qualificação na Fazenda da Grama, em
Pirauí/SP, onde acontecem as provas Safiras do Senepol e
Topázio Senepol, afim de avaliar os seus produtos.
Zucolotto (esq.) e Aluísio Fávaro, na Central Senepol, em Marília/SP:
Em contrapartida, os criadores que qualificam seus animais parceria com CQG-Senepol dá um caminho para avaliação dos produtos planejados.
no CQG podem encaminhar suas doadoras para exploração
reprodutiva na central. “Com essa parceria, o criador não criadores”, comenta Aluísio Favaro, sócio de Wanderley

número de animais abatidos para 1.522 cabeças, porém,
com redução de 12 meses na idade de abate e aumento
do peso final, chegando a 261 kg. Em 2017, houve um
ganho ainda maior, com o peso final atingindo 300 kg e
a idade ao abate ficando abaixo de 24 meses. “É preciso
aliar a estratégia de ILP a uma suplementação proteico-
energética ou proteica, variando de 0,3% a 0,5% do
peso vivo animal”, destaca Lourival.
Outra possibilidade é o plantio direto da forrageira logo
após a colheita da soja precoce ou a sobressemadura aérea
da semente de capim quando a soja começar a “loirar”. A
mombaça tem apresentado bons resultados nesta técnica.
Estação de monta invertida
Com a melhoria na qualidade dos pastos consorciados,
algumas propriedades já estão invertendo a estação de
monta, que, na maior parte do Brasil, acontece no período
Fabiano Bastos
precisa se preocupar com o destino de suas doadoras
qualificadas no Safiras, porque a Central tem toda tecnologia
e o know how para isso”, afirma Júnior Fernandes, da Grama
e da S+. “E também estamos a menos de 90 quilômetros de
distância, a logística fica bem mais fácil”, acrescenta.
A Central Senepol existe desde 2016, numa área arrendada
da Fazenda Experimental da Unimar, onde a equipe realiza os
trabalhos de aspiração, produção de embriões, transferência,
sexagem e até venda de produtos, passando por todos os
processos sanitários e de nutrição iniciados no laboratório da
empresa, que tem 120 doadoras em coleta, banco de sêmen,
550 receptoras e equipe de veterinários.
“O CQG-Senepol dispensa apresentações, não é de hoje que
o Júnior [Fernandes] vem trabalhando todas as avaliações
de forma extremamente competente em uma estrutura das
Área de ILPF. mais completas e modernas, dando direcionamento aos
Zucolotto na Central Senepol. “Todo mundo vai ganhar com
isso, porque somos duas empresas que vivemos de Senepol
e conhecemos o mercado”, emenda Zucolotto.
Segundo JR Fernandes, outras duas vantagens para o criador
que optar pelo uso desses serviços é que as informações
geradas no Safiras e no Topázio Senepol já entram diretamente
na base de dados do Geneplus-Embrapa, que coordena as
duas provas, e o criatório já faz automaticamente parte do
Programa de Melhoramento Genético Senepol (PMGS), da
ABCB-Senepol, que inclusive chancela o Safiras.
Com essa nova parceria do CQG-Senepol com a Central
Senepol, o criador poderá escolher a forma de receber o seu
produto, se o embrião ou o animal pronto. O importante é saber
que do acasalamento dirigido, passando pelo nascimento até
a comercialização ele tem profissionais especializados em
Senepol para criar, qualificar e consolidar a sua genética.

40 | Revista Senepol Revista Senepol | 41

 Mundo da Raça
Na Terra do Zebu,
Senepol mostra seu
potencial produtivo
Larissa Vieira
C
om a presença de mais de 250 pessoas, incluindo
estrangeiros de vários países da América Latina, o
Circuito de Palestras Técnicas da Mostra “Senepol
na Terra do Zebu” apresentou uma série de inovações
da pecuária de corte. O evento aconteceu na sede da
Central Uberaba, em Uberaba/MG, no dia 03 de maio. A
genômica foi um dos temas apresentados. Pesquisas com
o sequenciamento do genoma bovino identificaram que o
gene Slick (maior capacidade de tolerar altas temperaturas
ambientais sem redução da produtividade) está presente
na raça Senepol. “Essa é uma característica de grande
relevância econômica para a pecuária tropical, pois animais
Slick conseguem produzir mais. Um levantamento apontou
que fêmeas com essa característica produzem 750 kg de
leite a mais por lactação. Além disso, não têm estresse
na lactação e entram no cio mais rápido”, assegura o
42 | Revista Senepol
Divulgação
Presidente da ABCB Senepol,
Pedro Crosara durante a
Mostra Senepol na Terra do Zebu.
pesquisador norte-americano do Departamento Americano
de Agricultura – USDA, Tad Sonstegard, que ministrou
palestra durante a Mostra de Senepol. A pesquisa para
identificar a variante genética que faz com que um bovino
tenha alta capacidade para tolerar o calor foi feita com
várias raças bovinas existentes no mundo.
Segundo o professor da UNESP Jaboticabal, José
Fernando Garcia, o Senepol mostrou ser um grande
transmissor dessa característica para seus descendentes.
“O Slick também está sendo incorporado aos rebanhos
leiteiros. Já existem pesquisas nos Estados Unidos para
incorporar esse gene à raça Holandesa”, informa Garcia,
que ministrou palestra sobre o uso da genômica na seleção
de Senepol no Brasil. Três mil e quinhentas amostras de
animais da raça estão sendo genotipadas e os dados serão
utilizados pelo Programa de Melhoramento Genético do
Senepol (PMGS).
O superintendente Técnico da ABCB Senepol, Celso
Menezes, apresentou ao público as vantagens da raça para
a pecuária de corte e reforçou que a produção de animais de
genética superior é fundamental para o avanço do setor. “O
maior concorrente de qualquer raça bovina de corte no Brasil
é o boi de boiada (animal sem qualquer comprovação de ser
geneticamente superior)”, assegura. Para o médico-veterinário
Carlos Matheus de Souza, que acompanhou todo o Circuito
de Palestras, o que mais chama a atenção é o fato de a raça
ser precoce e com excelentes resultados em cruzamento
industrial. “A pecuária brasileira é, em sua maior parte,
realizada de forma extensiva, ou seja, o touro precisa andar
grandes extensões para cobrir a vacada. Como o Senepol é
rústico, consegue cumprir esse papel muito bem”, acredita
Souza. Segundo o pecuarista Marco Túlio Braga Pereira,
existe uma grande demanda por touros Senepol por parte
dos produtores que trabalham com cruzamento industrial. “A
precocidade e a fertilidade são dois pontos fortes do Senepol,
que consegue atingir o peso de abate bem mais rápido do
que outras raças, com bom ganho de peso, e apresenta maior
índice de nascimento”, destaca Pereira.
No exterior, o Senepol também tem viabilizado a pecuária,
conforme esclarece o pecuarista do Panamá Apolonio
Herrera, que visitou o Brasil em busca de tecnologias
que possam melhorar a qualidade de seu rebanho. Ele
ficou impressionado com os animais Senepol expostos na
Mostra. “A genética selecionada no Brasil contribuirá muito
para a evolução do rebanho panamenho. São animais
com porte e aprumos ideais para o tipo de pecuária
que desenvolvemos por lá”, diz Herrera, que utiliza a
raça Senepol em cruzamento com zebu há cinco anos e
pretende importar a genética dos touros brasileiros. Como
o Panamá tem clima de altas temperaturas, o pecuarista
acredita que o Senepol é a melhor opção para a produção
de carne a baixo custo, especialmente em pequenas e
médias propriedades locais.
O diretor da Hangar Projetos Estratégicos, Jorge Dias,
confirmou essa grande demanda pela genética brasileira,
mas destacou que o mercado internacional exige garantia
de procedência. “As raças que contam com um programa
de melhoramento oficial têm mais chances de ter sucesso
no exterior. O Senepol terá um selo de certificação para todo
o processo de produção, desde a fazenda produtora de
genética até a ponta final, que é a carne Senepol”, assegura
Dias, que abordou esse tema durante a sua palestra no
Circuito do Senepol. O evento ainda teve palestra sobre
reprodução, ministrada pelo médico-veterinário Athos de
Assunção Pastore. “O exame andrológico é uma ferramenta
muito importante para atestar a qualidade reprodutiva do
reprodutor. Não é recomendado adquirir touros sem exame
andrológico recente, pois o investimento pode se tornar um
grande prejuízo”, diz Athos. Após as palestras, os visitantes
conheceram os animais Senepol participantes da Mostra,
que ocorreu de 29 de abril a 5 de maio.
Estreia com sucesso na Agrishow
Em cinco dias de evento, a Feira Internacional de Tecnologia
Agrícola em Ação (Agrishow), em Ribeirão Preto (SP), realizada
de 30 de abril a 4 de maio, contabilizou um público de 150 mil
visitantes e R$2,7 bilhões de negócios iniciados. Pela primeira
vez, a raça Senepol foi uma das atrações da área de pecuário
da Agrishow. Em um espaço exclusivo, o criatório Senepol
da Barra (pertencente ao pecuarista Artur Monassi) expôs
doadoras e touros puros e animais meio-sangue. A ação teve
o apoio da ABCB Senepol. Segundo Rafael Ribeiro Trajano
Telles, gestor da Senepol da Barra, essa foi uma iniciativa
importante, porque a raça tem se destacado no campo por
meio do mercado crescente e do aumento da comercialização
dos animais. “Tivemos a honra de receber milhares de pessoas
no nosso espaço e de explicar um pouco mais do Senepol
para agricultores e visitantes. A edição de 2018 da maior
feira de tecnologia agrícola da América Latina foi um marco
para nós e para a raça! Essa iniciativa pioneira foi excelente
em termos de visibilidade, conhecimento, relacionamento e
negócios”, acrescenta.
Arquivo ABCB Senepol
Senepol da Barra na Agrishow 2018.
Revista Senepol | 43
 Mundo da Raça
Arquivo ABCB Senepol
Expoagro em Franca (SP) teve palestra sobre a raça Senepol.
EXPOAGRO 2018
Uma das exposições mais tradicionais do interior
paulista, a Exposição Agropecuária de Franca – Expoagro
2018 encerrou sua 49ª edição com uma expressiva
participação da raça Senepol. Realizada em Franca (SP),
entre 21 e 27 de maio, a feira contou com o ciclo de
palestras “2º Dia Senepol”, em 23 de maio, no auditório
“Fábio de Salles Meirelles”, do Parque de Exposições
Fernando Costa. Entre os palestrantes, estava o técnico
da ABCB Senepol, Ricardo Andrade Oliveira Júnior,
que falou sobre a “Raça Senepol – Presente e Futuro”.
A Expoagro ainda contou com uma área exclusiva, o
Espaço Senepol, onde estiveram expostos touros e
doadoras pertencentes aos criatórios Arroba Senepol,
Ipê Senepol e RF Senepol. O espaço recebeu um grande
número de visitantes, que demonstraram interesse em
conhecer as principais características da raça. “Participar
da Expoagro foi a realização de um sonho, que era
trazer esses animais para o evento e ter a oportunidade
de apresentar ao público o que é o gado Senepol, as
suas qualidades. Também levamos a bandeira da ABCB
Senepol sobre a importância de usar touros registrados,
eliminando o uso do boi de boiada nos rebanhos. Vimos
que há um grande interesse pela raça”, garante José
Ramon Ribeiro Filho, da Arroba Senepol. O evento teve o
apoio da ABCB Senepol.
44 | Revista Senepol
58ª Exposição Agropecuária
Arquivo ABCB Senepol
de Minas Gerais
Quem passou pela 58ª Exposição Estadual Agropecuária
pode conhecer as características zootécnicas do Senepol
e investir na raça. As duas palestras realizadas nos dias
24 e 25 de maio contaram com a presença de mais de 300
pessoas. O técnico da ABCB Senepol, Luciano Coelho,
falou sobre as “Virtudes zootécnicas da raça Senepol
– Heterose simples e lucrativa” e o criador Ricardo
Magnino destacou o uso da raça do pasto ao prato e
os cortes especiais de carne Senepol. Com o apoio da
Associação Brasileira dos Criadores Bovinos Senepol
(ABCB Senepol), a exposição foi realizada entre 22 e 27
de maio, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte/
MG. Os criatórios BC Senepol (Glayson Bom Conselho),
J3R (João Ricardo Pereira da Silva) e Senepol do Cipó
(Aureo Gaudencio Filho), que juntos formam o grupo
Central Senepol reúne pecuaristas em Worshop.
Senepol das Geraes, levaram exemplares da raça para
o evento. Segundo os criadores, a venda de tourinhos
I Workshop Central Senepol Lab FIV todas essas vantagens a campo, cobrindo a vacada Nelore
foi um sucesso e, também, foi possível atrair novos
No dia 29 de junho, a Central Senepol reuniu, em Marília/ em qualquer tipo de clima do País”, diz Eros Filho, que
investidores para o Senepol. Com os bons resultados,
SP, cerca de 225 pecuaristas para apresentar soluções seleciona a raça em Ipiaçu/MG desde que constatou o seu
eles pretendem ampliar a participação da raça na edição
em reprodução animal, as instalações da empresa e mais bom desempenho na produção de animais meio-sangue.
de 2019 da Exposição Estadual Agropecuária.
de 110 animais da raça Senepol de nove criatórios do
Brasil. O 1º Workshop Central Senepol Lab FIV contou em O pecuarista Murilo Duarte, do Senepol Euro, participou do
sua programação com várias palestras ministradas por Workshop e assegura que o mercado está bastante aquecido
Palestras na Unifenas
especialistas, dentre eles o superintendente Técnico da para a raça. Há dois anos, ele vem investindo no Senepol,
Mais uma universidade abriu espaço para a raça Senepol.
ABCB Senepol, Celso Menezes, e o professor da Unesp inclusive para recria e engorda de fêmeas. “Logo na minha
A Unifenas realizou, no dia 15 de maio, o VI Ciclo de
Jaboticabal, Ricardo Reis. Segundo Aluísio Favaro, um primeira safra de tourinhos, vendi toda a produção. A procura
Palestras do Nepar (Núcleo de Estudos em Pastagens
dos sócios da Central Senepol, o evento marcou o início foi maior que a oferta e, agora, vou voltar a produzir touros
e Ruminantes), no campus de Alfenas/MG. O evento
da terceira parte do projeto completo, que contempla para atender a essa demanda”, explica Murilo, que cria a raça
reuniu 225 pessoas, entre produtores rurais e estudantes
avaliação, apresentação dos resultados e comercialização. em Palestina/SP e em Inocência/MS.
de Ciências Agrárias, e contou com o apoio da ABCB
Senepol. O zootecnista e técnico inspetor da associação, “Além da hospedagem das receptoras e execução da
FIV, criamos um canal de vendas para os embriões, Durante o evento, foram apresentadas diversas
Ricardo Andrade, foi um dos palestrantes do evento e
iniciativa que beneficiará muitos criadores, inclusive os doadoras de criatórios parceiros da Central Senepol
abordou o tema “Raça Senepol e Cruzamento Industrial”.
que estão começando no Senepol. A partir da seleção e LAB FIV. A empresa, que iniciou suas atividades em
Os participantes também acompanharam palestras
do direcionamento dos acasalamentos, nossa meta é 2016, selecionando e multiplicando a genética de vários
sobre a produção da silagem de milho de alta qualidade,
transformar os leilões da central em um berço de genética criatórios, conta atualmente com cerca de 2.000 prenhezes
a importância da suplementação proteica na seca para
superior. Trabalhamos em todos os processos, dando total que serão comercializadas em 2019, em dois leilões. Com
gado de corte, o manejo de curral e o melhoramento
assistência aos clientes e garantia de prenhez”, diz Aluísio. um moderno laboratório construído nas instalações da
genético animal em bovinos de corte: aspectos atuais
Universidade de Marília (Unimar), tem à disposição outras
e futuros no Brasil. Segundo os organizadores, o ciclo
Para os criadores Eros Filho e Eros Neto, da Genelc duas propriedades, sendo uma destinada ao manejo das
de palestras teve como objetivo levar aos alunos e
Senepol, o evento foi uma oportunidade para mostrar doadoras de embriões e outra para abrigar a produção
produtores rurais o que há de mais atual na agropecuária
o potencial da raça a pecuaristas de várias regiões. “O própria de receptoras, que chega a 400 animais, além de
brasileira, fazendo com que haja um estreitamento
Senepol tem revolucionado a pecuária brasileira com outras 700 disponíveis em uma propriedade goiana. São
entre os lados da cadeia produtiva pecuária (alunos,
sua grande heterose, volume de carcaça e velocidade de vacas paridas ou novilhas de cruzamento industrial, com
produtores e técnicos de campo), e que o conhecimento
ganho de peso. E o melhor é que o touro Senepol agrega boa carcaça e produção de leite.
seja acessível a todos.
Revista Senepol | 45
 Mundo da Raça

Senepol estreia na
Produção de excelência
Arquivo ABCB Senepol

35ª Festa Nacional do Colono

Mais uma exposição no Sul do Brasil contou com a
participação da raça Senepol. Desta vez foi a 35ª Festa
para gerar resultados.
Nacional do Colono, ocorrida de 26 a 29 de julho, em
Itajaí/SC. Com o apoio da ABCB Senepol, os associados
Cristian Lisboa e Maria Vitória Proença fizeram uma mostra
da raça no evento, que atraiu um grande público. Entre
os visitantes que passaram pelo pavilhão do Senepol,
estavam autoridades locais, estaduais e nacionais, como
o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio

Presidente da ABCB Senepol durante visita à Expo Araçatuba.

Mello, o deputado federal, Celso Maldaner, o senador
Dário Berger, o prefeito de Itajaí, Volnei José Morastoni,
o secretário municipal de Agricultura e Expansão Urbana,
Senepol amplia participação
Cesar Reinhardt, e o secretário municipal da Fazenda,
na Expo Araçatuba
Erico Laurentino Sobrinho. O técnico da ABCB Senepol,
A Expo Araçatuba 2018, realizada de 6 a 15 de julho, abriu
Geovanni Camargo, também prestigiou a exposição.
amplo espaço para a divulgação da raça Senepol. Quem
passou pelo Recinto de Exposições “Clibas de Almeida
Esta foi a primeira vez que a raça contou com uma mostra
Prado”, em Araçatuba/SP, pode conhecer o trabalho de
na Festa Nacional do Colono. Voltada ao fortalecimento
seleção dos criadores José Avelino Pereira, do criatório
das famílias rurais e da tradição de pai para filho, a 35ª
Chinelo Senepol, e Sebastião Pires, do criatório Senepol
Festa Nacional do Colono reuniu um público aproximado
cunha, que, juntos, colocaram à mostra quase 40 animais,
de 100 mil pessoas ao longo de quatro dias. Além dos
entre touros e novilhas. Também houve a realização do 3º
shows nacionais, a festa atraiu famílias inteiras para ver de
Shopping Rural Chinelo Senepol.
perto os animais e desfrutar a gastronomia do interior. O
encerramento do evento ficou por conta do cantor sertanejo
No dia 8 de julho, o técnico inspetor da ABCB Senepol, Murilo
Michel Teló, que também é criador de Senepol.
Brandimarte, ministrou palestra sobre o uso da raça em
cruzamento industrial e esclareceu dúvidas dos visitantes

Arquivo ABCB Senepol

da Expo Araçatuba. O presidente da ABCB Senepol, Pedro
Crosara, visitou no dia 13 de julho o espaço da raça na
Expo Araçatuba, acompanhado dos pesquisadores da
Embrapa Gado de Corte, Gilberto Menezes e Andréa Egito,
do professor da Unesp Araçatuba, José Fernando Garcia, e
do pesquisador norte-americano, Tad Sostengard.
Desde o princípio primando
por melhorias gené cas e
A Expo Araçatuba ainda teve dois dias de degustação da trazendo resultados eficazes
carne Senepol, ocorrida nos dias 8 e 15 de julho. “Nos
anos anteriores, sempre falávamos sobre a qualidade da
ao produtor rural.
carne para o público, mas este ano resolvemos mostrar
isso na prática. Os visitantes ficaram impressionados com
a maciez e o sabor da carne”, diz José Avelino, que há
oito anos consecutivos participa da Expo Araçatuba e em
2018 contou com a parceria do Senepol Cunha. Os dois
criadores acreditam que a participação no evento foi muito
positiva, pois levou informações técnicas sobre a raça a
futuros investidores. Criadores Cristian e Maria Vitória na exposição de Itajaí (SC).

46 | Revista Senepol Revista Senepol | 47


Mundo da Raça
Momento de
celebrar e inovar
Maior evento da raça, o II Mega Encontro Internacional do Senepol celebrará
os 100 anos do Senepol no mundo e os seus 18 anos no Brasil, além de
contar em sua programação com a segunda edição do Seminário Técnico
Internacional da Raça Senepol
Larissa Vieira
A
s inovações no setor pecuário, as tendências de
mercado e o trajeto da raça Senepol nesses 18 anos
de seleção no Brasil serão a tônica do II Seminário
Técnico Internacional da Raça Senepol, agendado para
os dias 3 e 4 de setembro, em Uberlândia/MG. O evento
integra a programação II Mega Encontro Internacional
do Senepol. A programação do Seminário contará com
palestras divididas em quatro painéis. O primeiro deles,
intitulado Mercado Pecuária de Corte, terá a participação
de dois renomados especialistas. O pesquisador do CEPEA
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)/
ESALQ, Sérgio De Zen, falará sobre “Atualidades em
Agroeconomia”. Segundo ele, a pecuária brasileira vem
passando por um processo de aumento de produtividade
48 | Revista Senepol
Arquivo ABCB Senepol
contínuo desde o momento que deixou de ser uma reserva
de valor, com a edição do plano Real, em 1994, e passou
a ser uma atividade econômica viável, com o objetivo claro
de oferecer proteína animal de qualidade. “Neste contexto,
a produtividade e o aumento de qualidade de todos
os tipos de proteína foram notáveis, mas, no caso da
carne bovina, o sistema produtivo tinha muito pontos de
ineficiência. O aumento da produtividade é dependente
da melhoria da produção de alimentos, genética,
sanidade, suplementação e dos recursos humanos para
operar e gerenciar a nova realidade. A discussão técnica e
cientifica oferecendo cada vez mais e melhores soluções
em condições econômicas viáveis é muito salutar para o
processo”, diz o pesquisador do CEPEA.
Dentro das ferramentas utilizadas para aumentar a
produtividade do rebanho, está o cruzamento industrial.
Durante o Seminário Internacional da Raça Senepol, os
participantes poderão conhecer em detalhes os resultados
do uso da raça em cruzamento com Nelore. O diretor da Scot
Consultoria, Alcides Torres, ministrará palestra sobre o uso
de animais meio-sangue Senepol na pecuária comercial. “O
levantamento apontou que o peso à desmama se destacou
entre os índices zootécnicos, quando a raça pura Senepol e
suas cruzas foram comparados a outras raças. Na amostra
houve superioridade tanto para machos como para fêmeas.
Acredito que uma parceria sólida com frigoríficos, com um
eventual programa de parceria e sobre-preço, tende a ser
positiva para o aumento da demanda pelas categorias de
reposição, colaborando com a manutenção dos prêmios,
que já existem, por estes animais”, diz Alcides Torres.
Já a história do Senepol será a tônica do segundo painel do
Seminário. O jornalista Daniel de Paula falará sobre o Senepol no
mundo. Durante o Seminário, ele ainda fará o lançamento do livro
“Linhagens do Senepol – Os genearcas da raça”, que escreveu
em parceria com o criador Frederico Corsi. Na sequência, o
diretor-sócio da Central Uberaba, Lúcio Cornachini, mostrará
dados sobre a pecuária antes da entrada da raça no Brasil. Já
um panorama dos 18 anos de seleção em terras brasileiras será
apresentado pelo criador Itamar Netto.
O primeiro dia do evento será encerrado com a entrega de
prêmios e homenagens. Serão agraciados os vencedores
do Prêmio ABCB Senepol de Pesquisa Científica &
Inovação, do Prêmio de Jornalismo, do Concurso Bandeira
Senepol e do Prêmio Honoris Causa. No mesmo dia haverá
o lançamento e posse da “Ala Jovem Senepol”, que terá
a participação da nova geração de criadores, com idades
entre 18 e 30 anos, na promoção e fomento da raça.
Tecnologias em destaque
O segundo dia do II Seminário Técnico Internacional da Raça
Senepol será focado em tecnologias capazes de tornar a
pecuária cada vez mais eficiente. O painel “Pecuária eficiente
no pasto” terá palestra sobre tecnologia em pastagem,
ministrada pelo engenheiro agrônomo e responsável Técnico
em Produção de Sementes, Gustavo Farineli. O painel sobre
o PMGS e suas implicações do pasto ao prato encerra o
Seminário. O pesquisador norte-americano do Departamento
Americano de Agricultura – USDA, Tad Sonstegard, falará
sobre as “Visões para o futuro da genética Senepol no mundo”.
Já o pesquisador da UNESP Araçatuba, José Fernando
Garcia, ministrará palestra com o tema “Gestão da Genética
Senepol: ferramentas e caminhos PMGS”. Na sequência, o
pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Gilberto Menezes,
apresentará as informações genômicas do Sumário PMGS
Senepol 2018, que será lançado durante o Seminário.
A eficiência da pecuária porteira adentro e sua implicação na
qualidade da carne que chega à mesa do consumidor será
abordado ao final do evento. O primeiro a falar sobre esse tema
será o engenheiro agrônomo, Roberto Barcellos, que atuou
em grandes projetos de pecuária intensiva e verticalização da
produção e também na indústria frigorifica para desenvolvimento
dos projetos especiais e marcas de carne. Barcellos é um dos
consultores do SQA (Senepol Quality Assurance), programa de
certificação da carne Senepol que será lançado durante o Seminário.
Como a qualidade da carne está ligada à genética e nutrição,
os participantes do Seminário acompanharão os resultados
do projeto “Boi 777”, conduzido pela Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA). O pesquisador da
entidade, Flávio Dutra de Resende, falará sobre o conceito do
Boi 777, que consiste em engordar 7@ na desmama, 7@ na
recria, 7@ na engorda e abater com 21@ até os 24 meses,
aumentando em até 30% o lucro do produtor. Em média, o
sistema tradicional de produção pecuária demora três anos
para abater um boi com 18 arrobas (@). Com a tecnologia, é
possível reduzir esse tempo.
Já a visão da cadeia frigorífica sobre a produção de carne
de qualidade será apresentada pelo diretor de Relação com
o Pecuarista da JBS, Fábio Dias. “Vamos mostrar dados de
nosso abate evidenciando as oportunidades para os criadores
explorarem suas carcaças e bons caminhos para agregar
valor à carcaça”, diz o executivo. Ele também apresentará
o programa multirraças1953, lançado este ano, e que tem
a participação da raça Senepol. Na sequência, o pecuarista
José Carlos Deilfim Miranda falará sobre sua experiência de
sucesso na pecuária de corte. O Seminário será encerrado
com a palestra sobre o programa de certificação SQA, que
será detalhado pelo consultor Jorge Dias.
Agenda diversificada do Mega
Encontro Internacional do Senepol
Mais uma vez o Mega Encontro Internacional do Senepol
Revista Senepol | 49
 Mundo da Raça
promete ser uma grande vitrine para a raça. De 30 de
agosto a 8 de setembro, o evento terá mostra de animais.
A expectativa é de estejam expostos 273 exemplares da
raça de diversos criatórios do país no espaço Senepol,
localizado no interior do Parque de Exposição Camaru.
A programação ainda trará uma série de lançamentos,
palestras, dia de campo, leilões e degustação de carne.
No dia 2 de setembro, a partir das 9h, acontecerá o Dia
de Campo do Senepol Canaã, que conta com apoio ABCB
Senepol. A partir das 20h, a pesquisadora do Grupo ETCO
da UNESP, Lívia Carolina Magalhães Silva, ministrará
palestra sobre o tema “Manejo de crias - Uma abordagem
sustentável e eficiente na produção de bovinos”. Na
sequência, o Núcleo Feminino Senepol tomará posse (Veja
“Reforço feminino na promoção da raça”).
No dia 5, será realizado o projeto “Senepol Solidário -
Senepol integrando com a sociedade”, oportunidade
da comunidade local de Uberlândia conhecer o universo
pecuário. Já às 15h ocorrerá a Assembleia Extraordinária
ABCB Senepol, que contará com a presença dos
associados da entidade. A partir das 20h, será realizado o
3º Leilão Senepol União.
Ala Jovem
Para valorizar a participação dos jovens
criadores na seleção da raça Senepol, a
associação instituiu a “Ala Jovem Senepol-
AJS”. A primeira gestão da Ala Jovem tomará
posse no dia 3 de setembro e terá como
integrantes: coordenadora Maria Vitória Faé Proença,
vice-coordenador Leonardo Champion Senepol, secretário
Geral Igor Tostes, secretário de Relações Institucionais Mateus
Bernardes, secretária de Desenvolvimento Raise Montanha, primeiro-
Conselheiro Aluísio Favaro, segundo-Conselheiro Murilo Felício,
terceiro-Conselheiro Guilherme Kehdi. A AJS terá a participação da nova
geração de criadores, com idades entre 18 e 30 anos, na promoção e
fomento da raça. “Queremos integrar os jovens criadores aos projetos
e ações da ABCB Senepol e incentivar a sucessão familiar. Para isso,
a Ala Jovem promoverá encontros para integração cultural, social e
profissional”, explica o presidente da ABCB Senepol. Outros objetivos
da AJS são: Integração dos jovens criadores diretamente com a ABCB
Senepol; Incentivar a sucessão familiar; Promover por meio de eventos
a divulgação da raça; Estudar e fomentar estudos sobre Senepol;
Desenvolver redes de relacionamento entre os jovens criadores.
50 | Revista Senepol
Publique Banco de Imagens
Reforço feminino na promoção da raça
É cada vez maior a participação da mulher no agronegócio. Pesquisa feita
pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio revelou que,
nos últimos quatro anos, a presença feminina no segmento saltou de 10%
para 31%. E no Senepol elas têm marcado presença e agora passam a contar
dentro da ABCB Senepol com um espaço exclusivo para promoverem ações
em prol do crescimento da raça.
O Núcleo Feminino Senepol (NFS) será lançado no II Mega Encontro, quando
tomará posse o colegiado. Para a coordenadora Rubia Pereira Barra, as
mulheres vêm ocupando posições transformadoras no cotidiano do país,
sobretudo mostrando o são quanto fundamentais para o desenvolvimento
da sociedade, e na pecuária não é diferente. “O Núcleo terá como meta
promover a troca de informações, discutir problemas comuns a todas e
apresentar soluções”, diz Rubia. Para Maria Helena Corsi, vice-coordenadora,
esta é a oportunidade para fortalecer a interação das mulheres e estimular a
participação delas nos assuntos referentes à raça e a seus criatórios. Giselly
Pereira Palhares Perfeito, secretária Geral, reforça que a o Núcleo ainda
promoverá palestras técnicas pelo país.
Segundo Karina Tittoto, secretária de Relações Institucionais, a participação
das mulheres cresce a cada ano. “Desde que passei a trabalhar com a raça,
em 2013, a cada encontro com outros criatórios, tenho a grata satisfação
de comprovar, o crescente interesse das mulheres por uma raça tão dócil e
apaixonante, como o Senepol. As criadoras estão cada vez mais conectadas
entre si e buscando formas de atuar em conjunto com a nossa Associação
para colaborar no que for preciso”, assegura.
Para Silvânia Souza, primeira secretária de Marketing, o Núcleo tem
muitos desafios a superar e chega para mostrar ao mercado um novo
“olhar” sobre a participação das mulheres na pecuária. “Acredito que o
Núcleo Feminino Senepol veio para fortalecer o trabalho já desenvolvido
por muitas mulheres no campo, o que não é fácil, pois ainda esbarramos
em preconceito, que só é quebrado quando mostramos conhecimento e
prática. O Núcleo pode colaborar muito através de trocas de experiências e
incentivando outras mulheres a irem para o campo, mostrando alternativas
e detalhes não visto pelo universo masculino no campo”, destaca.
Na visão da criadora Regina Célia Trajano Telles Rodrigues, que ocupará o
cargo de secretária de Projetos e Desenvolvimento, o Núcleo tem também o
propósito de modernizar e expandir os negócios dos criatórios. “Pensando
no apoio da associação às criadoras de Senepol, acredito que será possível
desenvolver novos projetos, expandir conhecimentos, trazer treinamento aos
nossos colaboradores, dentre outras atividades que nos permitam modernizar
a seleção da raça”.
Diante das atuais mudanças sociais, que vêm colocando a mulher como
protagonista de sua própria história, o Núcleo Feminino Senepol chega para
pavimentar esse caminho na raça. “Esta é uma iniciativa muito importante
da ABCB Senepol para capacitar a mulher ao campo”, afirma Talita Garcia,
primeira secretária de Eventos.
Revista Senepol | 51
 A Raça no Martelo
Semestre agitado
no mercado de leilões
A movimentação financeira já ultrapassou a soma de R$ 11 milhões
e deve seguir firme até o final do ano
Larissa Vieira
O
primeiro semestre do ano fechou com a oferta
de Senepol em 17 leilões, com mais de 500 lotes
comercializados de fêmeas, machos, embriões,
aspirações e prenhezes. Em maio, a agenda foi aberta
no dia 14 pelo Leilão Virtual Grandes Famílias - Senepol
Grama, cuja transmissão foi feita pelo Canal Rural. Os
41 lotes de fêmeas negociados tiveram média de R$
15.102,00, totalizando R$ 619.200,00. No dia 20 de maio,
52 | Revista Senepol
de R$ 10.843,00. Também foram colocados à venda 279
animais meio-sangue Senepol, atingindo uma média de
R$ 1.362,49. No geral, o leilão faturou R$ 824.697,71. O
criatório ainda realizou outros dois remates no mês. No dia
24 de maio, o Leilão Virtual Embriões 3G teve faturamento
de R$ 315.150,00, com a venda de 330 embriões com
Divulgação
média de R$ 955,00. Encerrando os três dias seguidos de
pregões, o Leilão Estrelas do Senepol 3G aconteceu no dia
25 de maio e movimentou R$714.000,00, com 17 fêmeas
leiloadas a uma média de R$ 42.000,00.
A agenda de pregões da raça em maio terminou com o
Leilão Senepol Taquari, ocorrido em Ji Paraná/RO, no dia
27 de maio. Foram 80 lotes comercializados, atingindo R$
768.000,00, com 20 fêmeas leiloadas a uma média de R$
9.600,00 e 60 machos, com média de R$ 9.600,00.
Em junho, a batida do martelo ficou por conta do Leilão
Virtual Giongo Senepol 2018, no dia 11 de junho, que
o Leilão Virtual Senepol da Mata e Convidados, transmitido
pelo Terraviva, teve o maior faturamento entre os pregões
do ano, atingindo um total de R$ 1.636.960,00. Foram
vendidos 160 machos a uma média de R$ 10.231,00.
Outro leilão virtual do mês foi o Leilão Reprodutores 3G,
realizado no dia 23 de maio. Com transmissão pelo Canal
do Boi, o evento leiloou 41 reprodutores a uma média
atingiu R$ 611.400,00. O evento comercializou 25 fêmeas a
uma média de R$ 9.000,00 e 42 machos a R$ 9.200,00. A
transmissão foi pelo Canal Rural.
O Leilão Virtual Central para os Amigos aconteceu no
dia 23 de julho. Com transmissão pelo Canal do Boi, o
pregão comercializou 42 lotes, obtendo faturamento
de R$ 895.720,00. A média das fêmeas ficou em
R$13 mil e das aspirações em R$ 12.680,00. Já entre
os dias 27 de julho e 2 de agosto a 3ª Mega Semana
Senepol negociou touros e novilhas com preço fixo
durante cinco dias e um remate no encerramento. O
faturamento final foi de R$ 638.280,30. Os animais
ofertados foram adquiridos por compradores dos
estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Maranhão, Minas Gerais, Rondônia e São Paulo. Com
chancela da ABCB Senepol, o evento foi promovido
pelos criatórios Ita Senepol e R3 Senepol e teve
transmissão pelo Canal do Boi.
Revista Senepol | 53
 Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
Capa

SQA
Selo de qualidade
do pasto ao prato
Lançamento do Programa de Certificação da Carne Senepol abre caminho
para a raça acessar o cobiçado mercado de carnes premium
Larissa Vieira

54 | Revista Senepol Revista Senepol | 55

54 | Revista Senepol Revista Senepol | 55
 Capa

A
ssim como o ano 2000 entrou para a história produto de origem controlada, desde a criação até o estamos lançando o SQA, que será concedido à carnes
como o marco inicial da raça no Brasil, 2018 abate, ou seja, do pasto ao prato. provenientes de animais oriundos de cruzamento
também já tem seu fato memorável dentro da
trajetória do gado vermelho em terras tupiniquins. A Com larga experiência no mercado internacional de
industrial com a raça Senepol, certificando seus
processos produtivos e garantindo padronização e
A utilização da
partir de agora, a raça passa a contar com o Programa
de Certificação da Carne Senepol, o SQA (sigla em inglês
genética bovina, tanto de raças de corte quanto de leite,
Dias destaca a necessidade de o selo trazer no próprio
qualidade superior. Isso trará benefícios ao produtor, à
indústria frigorífica e, principalmente, ao consumidor.
nomenclatura em inglês,
para Senepol Quality Assurance) e entra para o seleto nome a internacionalização da marca. “A utilização da Queremos fomentar o consumo da carne Senepol para tanto para o SQA quanto
grupo de associações de criadores detentoras de um nomenclatura em inglês, tanto para o SQA quanto para um público que prioriza o consumo de um produto
selo de qualidade específico para a raça. o PMGS Approved [selo de qualidade da raça Senepol diferenciado”, esclarece Crosara. para o PMGS Approved
voltado para a parte de genética], é necessária, uma vez
Esta é uma estratégia da ABCB Senepol para tornar que segue padrões internacionais de marketing. Como já ocorreu no mercado de vinhos, de queijos [selo de qualidade da
a carne da raça ainda mais competitiva, pois
a certificação garante
O Brasil é o maior exportador de
carne e clientes internacionais
e, mais recentemente, das cervejas artesanais, os
produtos premium têm conquistado cada vez mais os
raça Senepol voltado
segurança alimentar ao podem se interessar futuramente consumidores que estão dispostos a pagar mais por para a parte de genética],
processo produtivo em adquirir a carne Senepol. qualidade. A indústria da carne já percebeu isso e alguns
e atesta qualidades Diante de um cenário como frigoríficos começam a premiar os produtores. é necessária, uma vez
sensoriais à carne esse, já teríamos cumprido com
bastante demandadas o ‘dever de casa’ por assim Melhoramento em sintonia que segue padrões
com o mercado
pelos
como
consumidores,
maciez, sabor
dizer”, explica Jorge Dias.
O consultor do SQA, Roberto Barcellos, conhece a
internacionais de marketing.
e padronização. O lançamento do programa fundo esse mercado premium, tanto do ponto de vista
“Atualmente, o consumidor SQA ocorrerá no dia 4 de do produtor, da indústria, quanto de quem comercializa
busca uma garantia de que setembro, durante o Mega carnes nobres para o consumidor final. Engenheiro-
está comprando algo que Encontro Senepol, em agrônomo por formação, atuou por vários anos em

Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens

realmente satisfaça as suas Uberlândia/MG, quando grandes projetos de pecuária intensiva e de verticalização
necessidades e isso vem serão apresentadas as da produção, incluindo o desenvolvimento de marcas
ocorrendo em vários setores, regras de utilização, os próprias de carne. Viu, nos últimos anos, a carne
incluindo o de alimentos. percentuais de sangue a nobre ganhar a preferência de muitos consumidores.
Os selos e as certificações serem considerados no “A demanda por produto de qualidade está maior que
servem para dar a esse cliente produto de cruzamento, a oferta porque qualidade custa caro para produzir”,
a chancela de que o que está assim como parceiros assegura Barcellos, que tem sua própria marca de carne,
na embalagem, por assim em potencial da cadeia a BBQ Secrets.
dizer, condiz com as premissas de varejo e da indústria
aplicadas pela empresa que frigorífica. “Uma coisa é certa: com É essa experiência que ele está incorporando à certificação
fornece o produto”, explica o a demanda cada vez maior por produtos de qualidade, da raça Senepol. Segundo ele, a proposta é desenvolver
consultor Jorge Dias, responsável o SQA cai como uma luva, sendo um programa que um projeto integrado com os demais elos da cadeia
por delinear o SQA em conjunto certifica a qualidade e a origem, do pasto ao prato”, produtiva, com o consumidor final como o foco. “Neste
com a ABCB Senepol e com o acrescenta Jorge Dias. mercado é essencial ter equilíbrio entre quem produz e
especialista Roberto Barcellos. quem consome, ou seja, é preciso ter a demanda, mas
De acordo com o presidente da ABCB Senepol, também o produto para atendê-la com regularidade. E
A chegada às prateleiras dos Pedro Crosara, o programa SQA é uma forma de vamos trabalhar com esse foco na raça Senepol, criando
supermercados das carnes valorizar a genética dos rebanhos participantes do o protocolo de qualidade e encontrando parceiros dentro
Senepol com o selo do SQA PMGS (Programa de Melhoramento Genético da Raça da indústria e das boutiques de carne para que a carne
significará para o consumidor Senepol). “Em alinhamento total com o aumento da chegue ao consumidor final. É um trabalho que tem
que ele está adquirindo um demanda do mercado para carne de alta qualidade, de começar de trás para frente, identificar quem está O consultor Jorge Dias, um dos responsáveis por delinear o SQA.

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56 | Revista Senepol Revista Senepol | 57
 Capa
ourofinosaudeanimal.com

produzindo, coordenar os produtores para trabalharem

em conjunto e criar a demanda na ponta final da cadeia”,
diz o consultor.
Neste mercado é essencial ter
Evol
Barcellos acredita ser essencial em qualquer projeto equilíbrio entre quem produz Para melhores resultados escolha
de certificação que os programas de melhoramento e quem consome, ou seja,
incorporem a suas ferramentas de
características relacionadas à carne de qualidade.
seleção as
é preciso ter a demanda, a evolução dos endectocidas.
“O Brasil não tinha um padrão de qualidade e mas também o produto para Evol é o único endectocida com a tecnologia que combina
acabamos importando algumas características de fora,
principalmente dos Estados Unidos, onde os cortes
atendê-la com regularidade. dois ativos, o que promove maior proteção para todas as
E vamos trabalhar com esse fases do rebanho, apresenta apenas 22 dias para o abate
mais valorizados são os com maior marmoreio. Só que
e ainda proporciona melhor retorno sobre investimento que
marmoreio é um fator genético, é preciso selecionar
foco na raça Senepol, criando os produtos tradicionais com 1% de concentração.
animais com pré-disposição para essa característica e
passar a explorá-la nutricionalmente. Só que existe um o protocolo de qualidade e Por tudo isso, Evol traz o avanço que a pecuária exige.
antagonismo nesta questão porque, quanto maior a encontrando parceiros dentro
musculosidade do animal, menor é o marmoreio. E este é
o desafio da pecuária brasileira: se o produtor selecionar
da indústria e das boutiques de
para ter animais com maior peso, ele se afastará do carne para que a carne chegue
marmoreio. Aí entram os programas de melhoramento,
para encontrar formas de chegar a um animal com peso
ao consumidor final.
e, também, carne de qualidade”, explica Barcellos.

Outro desafio da pecuária brasileira é tornar a nossa

Divulgação

carne mais homogênea em relação à maciez. Esta é uma

característica fundamental para se destacar no mercado.
Hoje, a exigência do consumidor está mais ligada a
essa característica mas, à medida que o brasileiro for
“lapidando” o paladar, conhecendo mais a fundo os
cortes nobres, apenas a maciez não será suficiente para
este público. “Em um futuro próximo, a carne precisará
ser macia e, também, ter sabor, e quem confere sabor à
carne é a gordura. Portanto, o produtor terá de trabalhar
para ter animais precoces e com boa cobertura de
gordura e marmoreio. Só que produzir carne de qualidade
é mais caro do que produzir commodities e, infelizmente,
os programas de carnes premium da indústria frigorífica
que existem nem sempre estão alinhados com esse alto
custo de produção do pecuarista. O produtor brasileiro
está em um dilema: parte para produzir commoditie ou
qualidade”, diz Barcellos.

Como a demanda por este tipo de produto é crescente,

quem apostar no mercado de carnes nobres terá pela frente
Roberto Barcellos, consultor do SQA e especialista em certificação de
um cenário bastante promissor na visão do especialista.
carnes premium.

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58 | Revista Senepol
 Capa
Cada vez mais novos consumidores estão buscando um
produto diferenciado e dispostos a experimentar novos
produtos. O churrasco não é mais apenas uma refeição,
mas um momento especial de confraternização. E é
nessa onda que os eventos de degustação de carne
têm aumentado consideravelmente pelo País. As
pessoas estão começando a conversar sobre sistema
de produção, raça, origem da carne, blends (palavra
inglesa que significa mistura, combinação, mescla e
é muito usada pelos apreciadores de cafés e vinhos),
terroir (palavra francesa usada para caracterizar os
efeitos do ambiente no alimento). “Há uns 20 anos,
praticamente só era servido o vinho da garrafa azul
nos eventos no Brasil. Hoje, esse vinho continua o
mesmo, mas a percepção do consumidor mudou. Ele
se especializou, conheceu outros vinhos e o nível de
exigência aumentou. Na carne, estamos vivendo a fase
do vinho da garrafa azul, ou seja, qualquer iniciativa
60 | Revista Senepol
60 | Revista Senepol
Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
O Senepol está se
posicionando perante
o mercado enquanto
associação, com um
Processo de Certificacao da Carne
produto certificado, está
muito alinhado com o atual
momento do consumidor
brasileiro, que hoje vê o
churrasco como um
estilo de vida.
que aparece está se destacando. Mas, com as mídias
sociais, o compartilhamento das informações é muito
O que é o SQA? Como participar?
Desenvolvido pela Associação Brasileira dos Criadores O primeiro passo é se cadastrar na Plataforma de Qualidade
ágil. Não vai demorar 20 anos para o consumidor saber de Bovinos Senepol (ABCB Senepol), o Senepol Quality – Carne Bonificada da CNA pelo site: http://rastreabilidade.
diferenciar a carne de qualidade. Daqui a cinco anos, Assurance (SQA) é o Programa de Certificação da Carne cnabrasil.org.br.
o consumidor vai olhar este momento que estamos Senepol para garantir a produção de uma carne de alta Depois do cadastro aprovado, basta indicar os animais a serem
qualidade e com segurança alimentar. Conta com rigorosos abatidos e em qual frigorífico (dentre os que estão cadastrados
vivendo e falar: ‘Como eu consumia aquela carne’? O
protocolos de produção e padronização. Todo o processo na Plataforma) ocorrerá o abate. Um técnico da ABCB Senepol
setor vai passar por um processo de estratificação”, é avaliado por técnicos da ABCB Senepol e, somente irá inspecionar as carcaças dos animais abatidos. O produtor
acredita Barcellos, que fornece carne para mais de 60 se aprovado, a carne recebe o selo SQA. O programa é receberá do frigorífico uma bonificação por todas as carcaças
boutiques do País. integrado com os demais elos da cadeia produtiva e faz entregues dentro dos requisitos do SQA.
parte da Plataforma de Qualidade – Carne Bonificada da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Quem administra a plataforma?
E esse será um momento que trará ganhos para toda a A Plataforma de Qualidade – Carne Bonificada da
cadeia, influenciando desde quem trabalha com genética Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é
até os contratos de compra dos frigoríficos, o varejo Quem pode participar? uma ferramenta que reúne os Programas de Certificações
Produtores rurais de qualquer região do Brasil que atuam na de Raças Bovinas. O objetivo do SQA integrar a Plataforma
e assim por diante. “O Senepol está se posicionando
pecuária de corte, cujo rebanho comercial tenha, no mínimo, é para dar transparência e estreitar a relação entre a ABCB
perante o mercado enquanto associação, com um produto 50% de sangue Senepol. Senepol, os produtores rurais, frigoríficos e consumidores.
certificado, está muito alinhado com o atual momento do
consumidor brasileiro, que hoje vê o churrasco como um
estilo de vida”, finaliza.
Revista Senepol | 61
 Capa
Um mercado ávido
pela certificação
A
certificação de carnes é uma velha aspiração dos
produtores e dos consumidores da carne bovina
brasileira. Um dos primeiros programas de
certificação por raça surgiu no final dos anos 1990, por
iniciativa da Associação Brasileira de Hereford e Braford
(ABHB), exemplo seguido por outras entidades nas
décadas seguintes. Para lideranças do setor, o mercado
nunca foi tão promissor para as carnes certificadas.
“Com a certificação, o Brasil terá condição de oferecer
62 | Revista Senepol
62 | Revista Senepol
Na opinião do presidente da Comissão Nacional de
Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
Divulgação
Bovinocultura de Corte da CNA, Antônio Pitangui
de Salvo, este é um mercado incipiente no Brasil e
com grande potencial de crescimento. “O Brasil é um
mega produtor de carne bovina e faz isso com muita
competência, mas, no mercado gourmet, ainda somos
grandes importadores. É um mercado a ser aberto
pelos pecuaristas brasileiros e, quanto mais protocolos
tivermos e melhor produzirmos, mais condições teremos
de atender os consumidores brasileiros e do exterior”,
assegura. A CNA conta com o Programa de Certificação
Raças Bovinas, que reúne projetos de várias associações.
As carnes entregues dentro dos critérios de qualidade
recebem um selo de certificação e o produtor ganha uma
bonificação pelas carcaças certificadas.
A proposta é fazer com que a certificação traga ganhos
para toda a cadeia produtiva e, também, para quem paga
a conta no final, que é o consumidor. “A iniciativa da
Associação de Senepol em ter seu próprio programa de
certificação é muito válida e trará benefícios não só para
a raça, mas também para a pecuária como um todo, pois
será mais uma raça a mostrar a qualidade da nossa carne
para o Brasil e para o mundo”, acredita Salvo.
Sebastião Costa Guedes, presidente da Câmara Setorial da Carne
Bovina do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Wenderson Araújo
O tema já foi pauta da Câmara Setorial, que passou a contar
com um grupo para definir ações relativas à certificação
e é constituído por várias entidades públicas e privadas
do setor, dentre elas a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e a Associação
Brasileira dos Frigoríficos (ABRAFRIGO). “Foi feita uma
proposta bastante objetiva, aprovada por unanimidade
na Câmara e remetida ao Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Animal (Dipoa) para a tramitação
ao mercado internacional informações sobre padrões de final. Esta certificação permitirá uma união de objetivos
qualidade em nível semelhante aos norte-americanos, e será a base para remunerar os pecuaristas a partir de
australianos e franceses, dentre outros. Deverá haver critérios de qualidade”, afirma Guedes. Segundo ele, a
uma diferenciação de qualidade e de preços entre as certificação consolida as aspirações dos produtores e dos
carnes em geral e as ‘gourmet’, cada vez mais apreciadas consumidores em relação às carnes de melhor qualidade,
pelo consumidor brasileiro e internacional”, assegura permitindo, também, que o consumidor final conheça
o presidente da Câmara Setorial da Carne Bovina do detalhes dos cortes adquiridos, tais como sexo, idade,
Antônio Pitangui de Salvo, presidente da Comissão Nacional de
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, identificação anatômica, raça etc. Bovinocultura de Corte da CNA.
Sebastião Costa Guedes.
Revista Senepol | 63
Revista Senepol | 63
 Capa
Prêmio Honoris
Causa do Senepol
E
m quase duas décadas do Senepol no Brasil, muitos
pecuaristas e profissionais do setor contribuíram
para o avanço da raça. Para homenagear essas
personalidades, a ABCB Senepol criou o Prêmio Honoris
Causa, que será entregue no II Mega Encontro Senepol.
Nesta primeira edição, os agraciados serão o pesquisador
da Embrapa Gado de Corte, Luiz Otávio Campos da Silva,
o criador brasileiro, Jair dos Santos, e o criador paraguaio,
José Pereira. Conheça, a seguir, um pouco da história de
cada um.
Um dos maiores
rebanhos de Senepol
Nascido em Tupi Paulista, interior de São Paulo, em 1956, o
pecuarista Jair dos Santos sempre teve sua história ligada
ao agronegócio. Cresceu em meio à cultura do café, em
Dracena/SP, nas lavouras do pai, o saudoso agricultor
João Vicente dos Santos. Em meados da década de 1980,
decidiu atuar na área de fertilizantes. Instalou fábricas
próprias para a produção e comercialização de fertilizantes
e adubos na cidade de Rondonópolis, no Mato Grosso. Em
1997, a empresa Copernutri Fertilizantes recebeu o Prêmio
Qualidade Brasil – considerado o Oscar da qualidade no
País. Jair atuou no setor agroindustrial até 2003.
A partir de 2007, buscando maximizar o retorno financeiro
de suas propriedades rurais e ampliar suas atividades
no setor pecuário, passou a investir na raça Senepol. As
áreas de agricultura cederam espaço aos pastos, que
iriam abrigar um dos maiores planteis puros de Senepol
do mundo. A docilidade, rusticidade e precocidade da raça
encantaram o criador que viu ali um nicho de mercado
promissor, não só no Brasil como em outros países. Ele não
pensou duas vezes e vendeu uma propriedade rural para
investir na raça. Fundou o criatório Senepol Água Limpa
64 | Revista Senepol
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da genética de formação da raça Senepol. Com o lema
Divulgação
“Genética para condições extremas”, o criatório é um
grande produtor de genética, fornecendo touros PO para
várias regiões. Hoje, o rebanho da Água Limpa, entre
animais puros e meio-sangue, chegam a 10 mil cabeças.
Já conquistou vários prêmios. Dentre eles, The Best,
concedido pela Revista AG em parceria com a Sociedade
Rural do Paraná aos melhores criadores de raças bovinas,
bubalinas (búfalos) e equinas. A Água Limpa levou o
primeiro lugar. Outra conquista foi a 2ª etapa do Leilão
e foi buscar no berço da raça a genética que daria início a
Quality 2010. Os dois lotes de cruzamento industrial, um
seu plantel. Importou diretamente de criatórios localizados
de macho e outro de fêmea da propriedade, ficaram em
na ilha caribenha de Saint Croix e nos Estados Unidos.
primeiro lugar nas duas categorias, o que fez do criatório o
Destes locais, trouxe para o Brasil sêmen e embriões de
primeiro do Senepol a conquistar a premiação.
animais certificados com os melhores índices de qualidade
genética internacional.
Nos últimos anos, a Água Limpa passou a investir em
mais um elo da cadeia, a pecuária comercial, fazendo o
E é no maior estado produtor de carne, o Mato Grosso, O pecuarista paraguaio José Pereira Benza.
ciclo completo a partir da base genética do Senepol para
na região de Rondonópolis, que ele vem lapidando
fornecer carne de qualidade aos frigoríficos. Este é mais um
seu rebanho de Senepol, utilizando, para isso, as mais
investimento na raça que o pecuarista Jair dos Santos faz Em seus anos de universidade, José Pereira conheceu o
modernas técnicas de melhoramento genético. Atualmente,
com a certeza de que, com muita dedicação e seriedade, americano Rob Brown, que o apresentou ao Senepol e
seu diferencial estratégico está em disponibilizar produtos
colherá bons frutos. que, em uma das tantas vezes que importou sêmen dos
nascidos em solo brasileiro com a máxima preservação
Estados Unidos para o Paraguai, presenteou-lhe com um
Pioneirismo no Paraguai botijão com algumas doses de Senepol, em meados dos
Desde o final dos anos 50, Juan Carlos Pereira, um anos 90. Ao chegar ao Paraguai com o tal botijão, Dom
Divulgação
homem visionário nascido no Paraguai, pratica o ofício de Juan perguntou do que se tratava e, ao obter a resposta
pecuarista. No ano de 1963, implantou a Agropecuária 63, do filho, tratou logo de sacramentar: “Minha fazenda não
que leva este nome por conta do ano de fundação oficial da é campo de teste. Trate de jogar fora isso tudo”, ordenou.
companhia. Foi no lugar mais alto de uma área do Chaco
paraguaio, o equivalente ao nosso Pantanal, que ele, José Pereira não só desobedeceu ao pai como
durante uma das piores cheias da época, encontrou sãos e inseminou as piores vacas do rebanho, aquelas que já
salvos cerca de 1.000 animais, que estavam todos juntos. seriam descartadas, com o “tal Senepol”. Na desmama
Foi a deixa para começar a construir, naquele local, a sede do ano seguinte, quando nasceram os bezerros, veio a
da companhia. surpresa. Seu pai ficou impressionado e mandou separar
os produtos para registro imaginando que eram Santa
Era uma área de 250.000 hectares, com a dureza Gertrudis. “Quando eu confessei o que havia feito, ele
característica desse bioma. Foi nessa realidade que pensou um pouco, ficou em silêncio alguns instantes
nasceu e cresceu nosso homenageado, o filho do e logo sentenciou que eu teria que voltar aos Estados
meio de Dom Juan, José Pereira Benza, hoje com 51 Unidos e comprar mais daquela genética, pois os
anos, formado em Economia Agrária pela prestigiada bezerros nascidos eram os melhores que ele já tinha
Universidade Texas AM. Desde sua diplomação, seguiu visto na vida. Ufa! Foi assim que compramos três touros
os passos do pai, que dedicou mais de meio século à e 400 embriões congelados em 1997, que chegaram ao
pecuária. O trabalho sempre foi com cerca de 20.000 Paraguai e que resultaram em 210 bezerras e bezerros
cabeças de gado de corte, com 8.000 matrizes de cria, nascidos em julho de 1998. Nesse mesmo ano,
O pecuarista Jair dos Santos, do Senepol Água Limpa.
em um trabalho de ciclo completo até o abate. lançamos a raça na exposição de Assunção, com grande
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 Capa

estardalhaço, apenas com os três touros, já que os
bezerros e bezerras sequer haviam desmamado”, conta.
Dois anos depois, no ano 2000, José Pereira decidiu vir
ao Brasil para achar um parceiro e introduzir a raça por
aqui. Foi direto para a Meca do Zebu em Uberaba e, claro,
ninguém deu bola para ele. Até que o leiloeiro, jornalista e
editor Daniel Bilk Costa o aconselhou: “José, você está no
lugar errado. Dá aqui para mim essa “K-7” sobre os animais
que vou levá-la para um amigo em São Paulo que pode ter
algum interesse.”
O amigo em questão era João Arantes, da Agropecuária
Nova Vida, e o resto da história já é bem conhecido de
todos. Juntos, a família Arantes e a família Pereira trouxeram
56 matrizes direto dos EUA para Rondônia.
O que talvez muita gente não saiba é que os animais dessa
parceria com os Arantes deveriam ser as bezerras que
estavam no Paraguai, mas, em função de barreira sanitária
criada pelo governo brasileiro, dois dias antes do embarque
do gado para o Brasil, isso se tornou impossível.
“E agora?”, perguntou José Pereira ao seu pai. “Agora, você
embarca para os Estados Unidos, compra um rebanho de
Senepol por lá e cumpre o acordo com os Arantes”. E assim
foi feito. No mesmo ano, em cinco meses, a partir das 56
matrizes, foram produzidas 2.000 prenhezes, que deram
mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de
Viçosa (1980), cuja tese foi focada em melhoramento de
gado de corte. Os estudos foram ampliados no doutorado
em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal de
Viçosa, concluído em 1990. Já o pós-doutorado foi feito na
Universidade da Geórgia.
Os conhecimentos na área vêm sendo aplicados desde
1982 nas pesquisas desenvolvidas na Embrapa Gado de
Corte. Luiz Otávio é gerente do Programa Embrapa de
Melhoramento Genético de Bovinos de Corte – Geneplus,
que atende a oito raças bovinas, dentre elas o Senepol.
O pesquisador ainda é gerente do Arquivo Zootécnico
Nacional do Zebu de Corte.
Luiz Otávio desempenha liderança e colaboração
em diversos projetos desenvolvidos pela Embrapa
Gado de Corte. Tem experiência na área de Genética
e Melhoramento Animal, com ênfase em genética
quantitativa, atuando, principalmente, com avaliação
genética, seleção quantitativa e genômica, programas de
melhoramento genético, considerando os grupos genéticos
de zebuínos, compostos, adaptados e cruzados. A
experiência na pecuária é dividida com futuros profissionais
do setor. O pesquisador colabora na formação acadêmica,
coorientando alunos junto às diversas universidades.

Divulgação
início à seleção brasileira da raça Senepol. Anos mais tarde,
a Ganadera 63 transferiu para o Brasil parte do rebanho
de matrizes que estava no Paraguai, dando origem aqui à
linhagem Arena, que ficou no País quando a Ganadera 63
decidiu deixar o Brasil.

Este é o resumo da ópera. Parabéns à Família Pereira pelo

legado deixado no Brasil!

Uma vida dedicada à pesquisa

No universo das pesquisas com raças de corte, ele é uma
referência nacional. O zootecnista Luiz Otávio Campos
da Silva começou sua trajetória profissional em 1977 ao
se graduar pela Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, mas a paixão pela genética bovina já tinha sido
despertada. Ainda na faculdade, atuou como monitor
concursado do Departamento de Genética nos anos de
1976 e 1977. Três anos depois de formado, concluiu o O zootecnista Luiz Otávio Campos da Silva.

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66 | Revista Senepol
 Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
Falando de Carne
O preço da
qualidade
Larissa Vieira
N
ão é de hoje que os pecuaristas brasileiros
buscam, sem sucesso, uma bonificação justa
pelos investimentos feitos por eles para entregar
ao mercado carcaças dentro do padrão exigido. Uma
situação que pode estar mudando graças a um “empurrão”
Pecuaristas miram a produção de carnes nobres de olho do consumidor, cada dia mais disposto a pagar um preço
em melhores bonificações por parte da indústria mais elevado por um macio e suculento corte de carne. Só
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Arquivo Senepol água Limpa
Rodrigo Matos, diretor do Senepol Água Limpa.
na JBS a demanda por este tipo de produto cresceu cerca
de 70% em 2017, e a expectativa da empresa é dobrar o
volume produzido em 2018. Claro que a bonificação maior
ainda está restrita a uma pequena parcela de produtores,
com condições de atender aos rigorosos protocolos de
produção de carnes nobres.
Para ter volume para atender a esse nicho de mercado,
a JBS vem pagando prêmios de até R$13,00 por arroba
aos pecuaristas que estão aderindo ao protocolo 1953,
entregando novilhas e machos castrados, jovens e bem
terminados. A empresa qualificou o seu programa como
o primeiro multirraças por permitir a participação de
diferentes raças de corte de origem europeia, sejam elas
britânicas, continentais ou adaptadas, em cruzamento com
raças zebuínas, como o Nelore. Os produtos precisam ter,
no mínimo, 50% de sangue taurino, pesar entre 16 e 24
arrobas, ter acabamento de gordura mediano ou ideal e
número de dentes de zero a dois para machos e de zero a
quatro para fêmeas.
Essa bonificação tem atraído muitos produtores que
trabalham com animais meio-sangue Senepol. Em Mato
Grosso, o Senepol Água Limpa está se preparando para ser,
em breve, fornecedora do programa 1953. De propriedade
do pecuarista Jair dos Santos, o criatório vem investindo
pesado na raça há mais de 10 anos, com números
impressionantes de produção. “Em 2006, decidimos
selecionar Senepol. Entre 2007 e 2009, adquirimos mais
Revista Senepol | 69
 Falando de Carne

de 300 doadoras. Nesse período, foram transferidos mais Desde que começou a funcionar, no início deste ano, é seguir gerando experimentação entre os consumidores

3.000 embriões. O foco do nosso trabalho é a produção de
genética, a partir do Senepol PO, mas, desde o ano passado,
decidimos ampliar o rebanho comercial e passamos a reter
os bezerros que, antes, vendíamos na fase da desmama.
Nossa meta é fornecer produtos para os frigoríficos que
ofereçam a melhor bonificação”, diz Rodrigo Matos, diretor
do Senepol Água Limpa.
No caso do programa 1953, a fazenda pretende se
enquadrar nos protocolos exigidos para o fornecimento
de novilhas. Já os machos serão negociados com
outro frigorífico, o Minerva, também com o objetivo
de obter uma bonificação diferenciada. “Esses lotes
devem ser abatidos após 70 dias de cocho, com média
de 20 meses de idade e pesando em torno de 20
arrobas. Devem ser abatidas cerca de 900 cabeças”,
diz Matos. Segundo ele, todo o rebanho comercial do
Senepol Água Limpa tem a raça como base genética.
As fêmeas F2 e PC1 são inseminadas com sêmen
de Senepol e cobertas por touros da raça. São os
produtos desse acasalamento que seguirão para a
indústria. O rebanho comercial é composto de 4 mil
o programa 1953 tem recebido lotes de animais meio-
sangue Senepol de várias propriedades. De acordo
com o diretor executivo de Originação da JBS, Eduardo
Pedroso, todos os lotes da raça recebidos apresentaram
grande homogeneidade, carcaças padronizadas, carne
com qualidade e com consistência dessa qualidade. “O
programa está indo muito bem. Os pecuaristas estão
entendendo quais são os pré-requisitos exigidos. Os
volumes estão crescendo, com abates semanais e já
temos escala contratada até dezembro. Atualmente, são
10 fábricas habilitadas no Brasil para atender ao programa
1953. Dentro desse cenário, o Senepol tem se mostrado
muito interessante pelo padrão apresentado”, informa
Pedroso. Ele esclarece que esses primeiros meses do
programa foram de entendimento por parte dos produtores
das premissas comerciais e do padrão de qualidade.
De acordo com o diretor de Relação com o Pecuarista da
JBS Fábio Dias, o programa foi bem aceito pelo mercado e o
interesse de todas as raças foi muito grande. “Conseguimos
desenvolver com nossos fornecedores conceitos de escala
planejada e demanda puxada. Já estamos trabalhando o
Arquivo JBS
e consolidar uma demanda cada vez maior para carne
premium”, explica Dias.
Dentro do mercado de carne premium, o desafio maior
para a indústria é manter a consistência. “Fazer carne top
apenas um dia já não é fácil. Agora, imagina fazer isso todo
dia! É um desafio altíssimo porque esse produto é resultado
do esforço conjunto de toda uma cadeia, incluindo
investimentos em melhoramento genético, precocidade,
acabamento adequado, alimentação correta, bom manejo
e bem-estar animal. Tão importante quanto os aspectos
zootécnicos do animal é a parte industrial que precisa
ser capaz de preservar a qualidade do produto vindo do
campo, a cadeia de frios, a embalagem, os controles
microbiológicos e assim por diante. Tudo isso combinado
é que leva a uma carne de qualidade. Não existe sorte em
produzir um bife top. Tem, sim, muito trabalho envolvido”,
enfatiza o diretor executivo de Originação da JBS.
Outro desafio apontado por Fábio Dias é mostrar o ponto
ideal da carcaça para a produção de 1953, independente da
combinação de raças. “Está bem definido o que precisamos: Eduardo Pedroso, diretor executivo de Originação da JBS.

fêmeas em idade reprodutiva. primeiro trimestre do ano que vem. Nosso desafio agora novilhos castrados de até 2 dentes e novilhas de até 30 meses
(4 dentes), sempre com acabamento acima do 3= (uniforme) e
no mínimo de 50% de sangue de raças taurinas ou adaptadas
de corte. Nosso desafio é mostrar para um produtor que faz
Arquivo Senepol água Limpa
e gestão do Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN),
um conjunto de normas e procedimentos para garantir ao
mercado carcaças bovinas padronizadas e de qualidade

uso de raças continentais em seu sistema de cruzamento que
o peso ideal de abate de suas novilhas é pelo menos uma
arroba acima das novilhas meio-sangue de raças britânicas.
O pessoal que faz tricross com Senepol tem que mirar essas
diferenças, para não errar o ponto de acabamento e aproveitar
ao máximo cada carcaça”, aconselha.
Um desafio possível com muito planejamento e um sistema
produtivo eficiente nas fazendas. Na visão da indústria, o
pecuarista precisa deixar de ser produtor de boi para ser
produtor de carne. “Os bons produtores já entenderam essa
mudança de postura do negócio. Temos nos surpreendido
com lotes de volume significativo e com padronização à
beira da excelência. A carne nobre brasileira está entre as
melhores do mundo”, destaca.
Pedroso conhece bem os dois lados da cadeia. Antes de
controlada. A iniciativa culminou na marca de carne “Nelore
Natural”, comercializada no País. Neste ano, o PQNN
foi estendido para a Bolívia, por meio da parceria com a
Associação dos Criadores de Zebu da Bolívia (Asocebu).
Com o mercado de carnes nobres em franca expansão
e os produtores se especializando cada vez mais em
seus sistemas de produção, a expectativa é de que as
bonificações deixem de ser apenas pontuais e passem
a ser realidade em toda a indústria frigorífica. “Temos o
grande desafio de consolidar este mercado, fazer com
que as pessoas tenham percepção de valor, e não só de
preço, em relação a uma carne top. O consumidor brasileiro
está começando a compreender isso e vem percebendo
que existe carne para o dia a dia e carne para ocasiões
especiais. Sabemos que a parte mais importante de uma
marca é o que está dentro da embalagem e que o mais
relevante no negócio é o próximo negócio”, acredita

Rebanho meio-sangue comercial do Senepol Água Limpa.

entrar para a indústria frigorífica, coordenou a implantação Eduardo Pedroso.

70 | Revista Senepol Revista Senepol | 71

 Gastronomia
BBQ com
tempero brasileiro
Um dos pioneiros do churrasco
Divulgação
americano defumado no Brasil, o
mestre churrasqueiro Bruno Panhoca
fala como essa modalidade vem se
popularizando no País e se tornou
a estrela de grandes eventos de
degustação de carne
Larissa Vieira
N
o pit (uma espécie de churrasqueira americana
utilizada para preparar o churrasco defumado) do
mestre churrasqueiro Bruno Panhoca, a picanha
não tem vez. Só entram cortes menos nobres do boi, como
a ponta de peito, a sobrepaleta inteira e algumas partes da
costela. O chamado BBQ (sigla em inglês para Barbecue,
um tipo de churrasco americano) valoriza o uso do animal
inteiro e tem sido a sensação de eventos por todo o País.
Muitos deles comandados por Panhoca, que percebeu o
potencial desse mercado ao participar do reality show do
SBT “BBQ Brasil”, há três anos. “Trabalhava no mercado
publicitário, mas sempre fui o churrasqueiro da turma.
Quando participei do BBQ Brasil, deu um estalo na minha
cabeça: Eu posso trabalhar com isso, juntar a paixão com
a possibilidade de ter um bom negócio”, lembra Panhoca.
E assim ele fez.
72 | Revista Senepol
Foi um resgate às origens. Na infância e na adolescência,
Divulgação
viu o pai trabalhar com produção de diversos tipos de
carne, em granja de frangos, criando porcos e ainda teve
um frigorífico de pequeno porte. Hoje, a experiência com
a publicidade é utilizada para divulgar a paixão maior de
Panhoca, seu trabalho como mestre churrasqueiro. “Em
três anos, houve um boom nesse mercado, que continua
em ascensão. No País, havia pouquíssimos especialistas
em BBQ e todo o material era importado. Agora, já temos
empresas especializadas em fabricar churrasqueira
de defumação, inúmeros eventos e cursos. Estamos
engatinhando nessa história, mas fomos beneficiados pela
experiência centenária dos norte-americanos e australianos
que desenvolveram toda a técnica. Agora, é colocar o toque
brasileiro no BBQ”, anima-se Panhoca, um dos pioneiros
do BBQ no Brasil.
Churrasqueira usada para o preparo do BBQ.
Apesar das carnes bovinas utilizadas neste tipo de
churrasco não serem as mais nobres, as premissas do
produto premium prevalecem: maciez e bom teor de qualidade da carne depende de uma série de fatores, e
gordura. Como o tempo de cocção é longo (pode chegar do pasto até chegar à mesa do consumidor. O tipo de
a 18 horas, dependendo do corte), a gordura ajuda a carne pasto muda o sabor da carne, assim como a dieta no
a passar por todo esse período de calor e ainda assim ficar confinamento, o transporte estressante, o abate ruim,
macia e suculenta após assada. “A qualidade da carne a desossa mal feita, o armazenamento e o preparo
interfere muito no resultado do churrasco americano. Por incorreto. Isso é quase um mistério para o consumidor”,
isso, utilizamos apenas animais provenientes de fazendas conta Panhoca.
que tenham um sistema de produção voltado para bom
acabamento de gordura e maciez”, explica. Para evitar essas interferências na qualidade das carnes
que utiliza nos eventos, o mestre churrasqueiro só trabalha
Com a experiência de quem trabalha na ponta final com produtos de origem conhecida. Ele foi a campo
da cadeia produtiva da carne, o mestre churrasqueiro para conhecer o sistema de produção de muitos de seus
percebeu uma forte evolução do setor pecuário nos últimos fornecedores, tanto na fazenda, no confinamento, quanto
anos. Hoje, a padronização das carcaças é maior. Segundo no frigorífico. De acordo com ele, há um interesse de todos
ele, isso é fruto da tecnificação da pecuária brasileira, os elos da cadeia produtiva em fazer chegar ao consumidor
que, mesmo reduzindo bastante as áreas de pastagem, um alimento de qualidade. Só ofertar volume não adianta
conseguiu elevar a produção e imprimir mais qualidade. mais dentro da atual realidade de mercado. “Os frigoríficos
“Diferente de outras espécies, como frango e suínos, em precisam valorizar o produtor, bonificá-los melhor por um
que, em poucos meses, o produtor consegue saber se todo produto de qualidade para que eles possam, a partir dessa
o trabalho realizado realmente deu bom resultado, no gado melhor remuneração, entregar uma carne superior”.
leva-se dois anos ou mais para isso. Essa é a natureza da
pecuária bovina, exige mais tempo para comprovar esse A carne de Senepol já esteve diversas vezes na
avanço. Mas não há dúvidas de que o produtor tem feito churrasqueira de Panhoca. Segundo ele, um produto
um trabalho incrível”, acredita. que se destaca pela grande maciez. O tricross, tendo
o Senepol como parte do cruzamento, na visão de
Panhoca ainda destaca o fato de o processo de produção Panhoca, resulta em um produto de alta qualidade não só
de carne bovina ser muito suscetível a interferências. “A para o churrasco americano, mas também para qualquer
Revista Senepol | 73
 Gastronomia
outro tipo de churrasco. “Em minha opinião, o futuro da
carne de qualidade é o tricross”, assegura.
Por dentro do BBQ
Além do longo tempo de preparo e do uso de carnes
menos nobres, outro diferencial do churrasco defumado
americano é o tempero. Ele é considerado a assinatura do
churrasqueiro. Na base do tempero seco, podem entrar
sal, pimenta, páprica, cebola, mostarda, gengibre, alho
e até açúcar. Agora, a proporção de cada ingrediente e
quais realmente entram no tempero já é um segredo do
churrasqueiro. Nos Estados Unidos, cada região tem o seu
tipo de tempero para BBQ. Por aqui, estamos adaptando ao
paladar do brasileiro. Panhoca fez mais de 20 testes para
desenvolver o seu próprio tempero, que varia conforme o
tipo de carne e até mesmo o tipo de lenha utilizada para
cozinhar a carne.
Aliás, a lenha é outro segredo do sucesso de um BBQ
mais saboroso. A defumação em temperatura baixa
confere não só maciez, mas também o sabor da fumaça.
Por isso, só podem ser usadas madeiras de árvores
frutíferas ou de castanhas. Já eucalipto, pinho, araucária
não são utilizados, pois, por serem muito oleosos, soltam
muita fuligem e acabam dando um sabor amargo à carne.
“No Brasil, fizemos uma adaptação das madeiras para
aproveitar as espécies locais. Usamos muito laranjeira,
macieira, goiabeira, que não são nativas e vêm de aparas ou
74 | Revista Senepol
erradicação de pomar. O que antes iria parar no lixo, agora
virou um produto reaproveitável pelos eventos de BBQ,
agregando valor a essa madeira que seria descartada”,
explica. Nos Estados Unidos, as madeiras regionais usadas
são carvalho, macieira e pessegueiro.
O BBQ ainda trouxe valorização para as partes dos animais
(além de bovinos, usa-se suínos e frangos) que antes eram
subvalorizadas. A procura tem sido tão grande que, peças
como o peito bovino, por exemplo, já são mais difíceis de
achar no mercado.
Toda a história do BBQ e seu processo de preparação
impressiona quem participa dos eventos. Segundo Panhoca,
as pessoas ficam surpresas com a transformação da carne,
pois são peças pouco utilizadas para churrasco, mas que se
tornam a estrela do evento. Pesquisas e testes mostraram
que o paladar da carne não retrocede, ao contrário do que
acontece com outros alimentos. Uma vez apresentado a
uma carne de qualidade, dificilmente o consumidor deixará
de experimentar novamente. E esse novo consumidor, mais
exigente e disposto a boas experiências na culinária, é que
tem levado ao boom dos eventos de degustação de carne
e das vendas do produto. “Antes, comparava-se muito
a carne brasileira com argentina e a uruguaia, que eram
consideradas superiores. Hoje, a situação mudou. Come-
se carne de melhor qualidade no Brasil do que nesses
outros países”, declara Panhoca.
Revista Senepol | 75

Sanidade
Saúde na
ponta da orelha
A aplicação correta do brinco de identificação animal é essencial
para evitar problemas de infecção ou perdas
Larissa Vieira
B
oi com brinco é uma imagem bem comum
atualmente nos pastos brasileiros, mas antes
da década de 1990, esse não era o método de
identificação individual bovino mais usado nas fazendas
de pecuária de corte. O cenário começou a mudar quando
surgiram casos da doença da “vaca louca” na Inglaterra e
os europeus passaram a exigir maior rigor no controle da
produção animal. Hoje, quase 30 anos depois, os brincos
de identificação são utilizados tanto na pecuária comercial,
com foco em exportação de carne, quanto na pecuária
seletiva, pois são ferramentas importantes em qualquer
sistema de registro de informações.
Na raça Senepol, os brincos fazem parte do sistema
de identificação individual previsto pelo Serviço de
Registro Genealógico, juntamente com a marcação
a fogo. “O brinco é um grande facilitador no manejo
diário do rebanho, além de garantir maior segurança
quanto à correta identificação dos animais, pois traz
76 | Revista Senepol
Thiago Galdiano/Publique Banco de Imagens
O ICAR, comitê internacional que avalia os sistemas de
identificação para animais, estabeleceu como recomendado
um índice de retenção de, pelo menos, 97% dos brincos
aplicados ao ano. Portanto, se na sua propriedade as
perdas forem acima dos 3% preconizados pelo ICAR, está
ocorrendo alguma falha nos procedimentos de aplicação
ou o brinco não é de boa qualidade. Na hora de comprar o
produto, prefira os de maior flexibilidade, com formato que
diminua o risco de enroscar em cercas e arbustos, mais
resistentes à radiação solar, com números ou letras com
boa impressão e que não apaguem com o tempo.
A aplicação também influi na duração do identificador.
Segundo Ivo, o resultado será influenciado por um bom
planejamento e organização do procedimento, que só deve
ser feito por uma equipe bem treinada e com equipamentos
e materiais adequados. Os cuidados de higiene também
são importantes para evitar infecções futuras. “Brinco mal
aplicado é sinônimo de prejuízo”, alerta o gerente da Allflex.
A total cicatrização do furo ocorre algumas semanas após a
aplicação do brinco. Faça a higienização correta das mãos
Divulgação
um código que é único dentro do rebanho, ou seja, não
haverá outro bovino com o mesmo código na fazenda.
Outra vantagem é a praticidade na aplicação, quando
comparado com outros métodos de identificação”,
assegura o superintendente Técnico da ABCB Senepol,
Celso Menezes.
A identificação dupla do animal, que pode ser feita com brincos
duplos ou apenas um combinado com tatuagem na orelha ou
marcação a fogo, é uma forma de evitar problemas futuros no
rastreamento do bovino, caso ocorra a perda do brinco. “A
identificação com brinco visual ou eletrônico é muito utilizada
no Brasil por ser um método de fácil aplicação e de boa
visibilidade, mas exige cuidados no momento da aplicação
para evitar acidentes e futuras perdas”, explica o gerente
comercial da Allflex, Ivo Martins. Com fábricas localizadas
no Brasil, França, Polônia, China e Argentina, a empresa
produz diariamente mais de 1,5 milhões de identificadores e é
fornecedora de brincos para a ABCB Senepol. Ivo Martins, gerente Comercial da Allflex.
e dos equipamentos antes de aplicar os brincos. Para evitar
riscos de bicheiras ou inflamações, é preciso utilizar pastas
repelentes de moscas (unguento) nas bases de ambas
as partes (“macho e fêmea”) dos brincos, mantendo uma
camada desse produto entre o brinco e a orelha do animal.
Outra dica é aplicar o brinco preferencialmente nos períodos
mais secos e frios do ano, para evitar que a umidade
favoreça o aparecimento de infecção. Se for no período das
chuvas, utilize preventivamente um antiparasitário.
Segundo o manual “Boas Práticas de Manejo –
Identificação”, produzido pela UNESP Jaboticabal, após a
aplicação é necessário realizar inspeções periódicas para
monitorar eventuais problemas e tomar ações para resolvê-
los o quanto antes. “As inspeções devem ser frequentes
nos primeiros 15 dias após a aplicação dos brincos (se
possível, diariamente) e, também, quando há maior risco
de infestação (quando faz muito calor e a umidade do ar
é alta, em locais com alta ocorrência de moscas e quando
o brinco for aplicado muito próximo à cabeça do animal)”.
Uma inspeção mais cuidadosa deve ser feita nos animais
que apresentarem orelha sangrando, inflamada ou
“melada”, e, também, naqueles que coçam ou balançam
muito a cabeça e que ficam apartados do rebanho. Se
forem encontrados ovos e larvas de bicheira, é preciso
retirar o brinco, aplicar produto larvicida no local e limpar a
área afetada, retirando completamente os ovos e as larvas.
Aplicação correta - Além dos cuidados com a higiene,
a aplicação deve seguir as recomendações ligadas ao
local da orelha a ser introduzido o brinco. Ele deve ser
posicionado na parte central da orelha e entre as duas
nervuras principais. Não aplique nas pontas, nas partes de
baixo ou de cima, e nem sobre as nervuras. O espaçamento
entre as partes “macho” e “fêmea” do brinco deve ser de
oito mm, para que haja uma boa ventilação no local da
aplicação. Eles devem girar livremente na orelha do animal.
Cuidado ao posicionar o alicate aplicador na orelha
porque, se houver alguma falha na contenção do animal,
o fechamento do brinco pode ocorrer fora da orelha. Outro
risco é rasgar a orelha do animal. “Todo o procedimento
deve ser feito com calma para garantir a aplicação correta
e evitar o sofrimento do animal e prejuízos com futuras
perdas”, aconselha Ivo.
Revista Senepol | 77
 Marketing do Agro Presidente da ABMRA
divulga pesquisa sobre
hábitos do produtor.

para construir novas ferramentas para o marketing do
setor. Este será o tema do 13º Congresso Brasileiro de
Marketing Rural e Agronegócio, previsto para ocorrer em
setembro. O conceito do Agronegócio 4.0 é usado para
definir o aproveitamento dos avanços nas tecnologias
da informação e da comunicação dentro do setor como
forma de repensar e redesenhar processos ao longo de
Muitos desses jovens, que hoje estão fazendo do
marketing digital uma ferramenta de consolidação de
suas marcas, acompanharam movimentos liderados pela
AMBRA nos últimos anos, dentre eles o “Sou Agro”. A
ação surgiu em 2011 com o apoio de 18 empresas e
entidades ligadas ao agronegócio, que decidiram investir
em marketing rural para apresentar o homem do campo

Divulgação
toda a cadeia de valor − do campo à mesa. Com isso, será
possível criar possibilidades para a geração de inovações
para a agricultura e a pecuária. No Brasil, já existem várias
ações nessa área, como as máquinas inteligentes guiadas
por GPS para plantio, colheita de precisão, aplicativos
móveis e pesquisas sobre sistemas inteligentes para o
manejo de rebanhos.
Dentro desse universo mais conectado, o presidente da
ABMRA reforça essa tendência apresentando o resultado
à população urbana. Com recursos da ordem de R$ 15
milhões, foram criadas campanhas publicitárias, site
informativo, notícias e vídeos para mostrar que tudo o
que é produzido pelo homem do campo faz parte do dia
a dia da população. O movimento já foi encerrado, mas,
na visão do presidente da ABMRA, deu frutos, sendo
uma inspiração para a atual campanha “Agro é Pop, Agro
é Tech, Agro é Tudo”, veiculada pela Rede Globo.
A ABMRA, que congrega empresas dos mais diversos

Uma nova imagem

da Pesquisa de Hábitos do Produtor Rural divulgada no segmentos do setor primário, agências, veículos e produtores
final do ano passado. “O produtor está cada vez mais rurais, além de especialistas, pretende realizar, ainda neste
conectado e usando uma grande diversidade de recursos ano, sua 18ª Mostra de Comunicação de Marketing Rural para

para o agro
tecnológicos para se comunicar. Os números da ABMRA premiar diversos trabalhos de marketing.
mostram que 61% dos produtores estão conectados à
internet e, deste total, 81% possuem smartphones. Quase

Divulgação
a totalidade do público com celulares conectados está nas
redes sociais e usa especialmente o WhatsApp para se

Este é o desafio constante da Associação Brasileira de Marketing Rural comunicar com seus grupos de contatos”, esclarece.

e Agronegócio (ABMRA), que chega aos 40 anos investindo em ações Com o produtor mais participativo nos mais diversos
canais de comunicação on-line, o presidente da
para conectar cada vez mais o campo e a cidade ABMRA acredita que será possível levar mais
informações ao público em geral, inclusive nos
debates cada vez mais frequentes nas redes sociais
sobre os benefícios da carne e a contribuição do setor
Larissa Vieira para a preservação do meio ambiente e o crescimento

O
agronegócio continua sendo detentor de números
impressionantes dentro da economia nacional.
As exportações atingiram US$ 96,01 bilhões, a
produção de carne bovina é de 9,5 milhões de toneladas e
o setor empregou 19 milhões de pessoas em 2017. Nessa
caminhada ascendente do agro, é cada vez mais crescente
a preocupação de “traduzir” essas estatísticas para a
sociedade em geral, construindo uma imagem positiva
de quem trabalha no campo. Na visão do presidente da
Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio
(ABMRA), Jorge Espanha, nas últimas décadas, a imagem
do agro melhorou consideravelmente. “O setor adotou
novas tecnologias, tornou a produção mais sustentável e
passou a investir mais nas boas práticas de marketing. Isso
ajudou a transformar a imagem do agronegócio que, hoje,
é visto pela sociedade como um setor importante para o
desenvolvimento do País”, acredita Jorge Espanha, que
está em sua gestão à frente da ABMRA.
A entidade prepara-se para as comemorações de seus 40
anos, que serão completados no início de 2019, e aposta
na comunicação e na conectividade do Agronegócio 4.0
do País. “Vejo os debates como uma forma de agregar
mais conhecimento ao público e uma oportunidade
de apresentar dados concretos e de desfazer mitos
sobre o setor. Temos que nos posicionar para educar”,
informa Jorge Espanha.
Outro dado da pesquisa renova as esperanças do presidente
no uso mais maciço do marketing pelos produtores rurais
daqui para frente. O levantamento apontou que os jovens
de 26 a 35 anos, uma geração que utiliza bastante as redes
sociais e é bem voltada para ações de marketing, estão
assumindo funções de liderança nas empresas rurais. Jorge Espanha, presidente da ABMRA.

78 | Revista Senepol Revista Senepol | 79

78 | Revista Senepol
 Humberto Bassanelli
Melhoramento Genético

criar bovinos da raça taurina no Brasil, onde o clima é
predominantemente quente, reduz a capacidade do animal
de expressar toda a sua produtividade. Como uma maneira
de contornar esse problema, as raças taurinas adaptadas
vêm sendo difundidas cada vez mais no País e usadas em
cruzamentos industriais, como é o caso do Senepol. A raça,
ao passar aos seus descendentes a habilidade em resistir
a climas quentes por conta da formação do seu pelame
conhecido como slickhair, a resistência a parasitas e ao
calor, tornou-se uma alternativa viável de bovino adaptado
para o nosso país.
Atualmente, o Brasil é o país que possui o maior número
de bovinos da raça, que é considerada uma raça taurina
adaptada de porte médio, caráter mocho, habilidade
materna e temperamento dócil. As progênies oriundas do
cruzamento com a raça herdam tais características, pois
esta seja uma opção em cruzamentos entre três raças no
sistema tricross. Touros Senepol realizam a monta a campo
dispensando o uso da técnica de inseminação artificial
muitas vezes inviável ao produtor, seja pelo custo ou pela
utilização de mão de obra qualificada.
É sabido que os animais submetidos ao estresse
provocados pelo calor têm capacidade reduzida de
produção. Hormônios como o do crescimento e da
conversão alimentar são atingidos, pois há alteração
nas secreções da tireoide e, quanto maior for o calor no
ambiente e a dificuldade que o animal tem em controlar
a sua temperatura interna nos mecanismos de sudação,
menor será o alimento ingerido pelo mesmo o que
tornará o animal vulnerável a doenças parasitárias. Fora
os prejuízos, visto que o peso além de estar associado
ao abate também é imprescindível para a reprodução do

Eficiente
estas são de efeito dominante, fazendo com que atualmente rebanho (PILA, 2011).

mesmo no calor
Estudo comprova potencial do Senepol para transmitir a característica
de termotolerância em cruzamento com Nelore

Areta Lúcia da Silva

Graduada em Logística pela Anhanguera Guarulhos /SP e em Agronegócio pela Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes

Geovanna Yuri Pereira Sato

Graduada em Agronegócio pela Fatec de Mogi das Cruzes

Roberto de Andrade Bordin

Médico-veterinário, professor Doutor da Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes

Henrique Guérin Reis

Mestre e médico-veterinário pela Universidade de Guarulhos

O
melhoramento genético vem sendo a opção mais
viável aos produtores como maneira de agregar
valor ao produto frente a consumidores que estão
cada vez mais exigentes e de atingir mercados superiores,
como o norte-americano e o europeu, pois o choque
sanguíneo traz benefícios, dentre os quais a redução de
ciclo de vida dos animais na propriedade, o aumento do giro
de capital e maior peso dos animais vendidos. Entretanto,

80 | Revista Senepol Revista Senepol | 81

 Melhoramento Genético
A busca por um animal taurino adaptado ao calor se faz
necessária para melhorar a produção e atender às exigências
do mercado atual. Segundo DELFINO et al. (2014), a
raça Senepol possui um pelo diferenciado denominado
slickhair, que tem como características uma pelagem
curta, lisa e brilhante encontrada em bovinos adaptados,
como os da raça criollo, de cor avermelha, herdada de seu
ancestral RedPoll, e de densidade e diâmetro herdados de
seu ancestral N’DAMA, que se perpetuam na raça através
de um cromossomo que HUDSON et al (2014) afirmaram
estar contido em um lócus gene denominado BTA 20, no
seu haplótipo ( as faixas que formam o DNA e o RNA).
Neste cromossomo BTA estão disponíveis três lócus
- ESE, AFT e ZEBU - que estabelecem uma condição
tripatolerante, sendo que dois estão relacionados ao
caráter mocho do Senepol e o BTA 20 se encontra no lócus
referente ao pelame que se encontra envolvido no conceito
da termotolerância, o que faz da raça adaptada ao calor,
embora o Senepol se mostre predominantemente europeu
com as porcentagens de (89%) herdada do RedPoll, (10,4%)
de Zebu e (0.6) herdados de um originário da raça N’DAMA.
Esse lócus relacionado ao conceito de adaptação da raça
se faz presente até os dias atuais. ABREU (2011) relata a
importância da temperatura ambiente para o gado europeu
manter o controle da sua temperatura corpórea em torno
de 20 graus Celsius associada a uma umidade relativa do ar
de 50 a 80%, para que não ocorra o aumento da frequência
respiratória deixando o animal ofegante, reduzindo a sua
capacidade de ingestão de matéria seca em 25%.
PILA (2011) relata que em temperaturas acima de 30º C
as novilhas da raça Senepol não necessitaram acionar
os mecanismos de manutenção de termólise referentes à
respiração para manter a homeotermia. Acredita-se que
essa adaptação deve-se ao seu pelame, pois variáveis
como espessura, diâmetro, comprimento e pigmentação
exercem influência diária na função de quantidade de suor
produzida e na dissipação desse calor com o ambiente.
Conclui-se que animais da raça Senepol possuem 96,2%
das suas glândulas saculiformes, cuja função é regular a
temperatura sempre que há dilatação do vaso periférico em
que animais taurinos costumam ter menores densidades
desse tipo de glândulas, sendo maior a porcentagem
para animais zebuínos. 3,57% das glândulas dos bovinos
Senepol são intermediárias e, por fim, 0,23% pertencem ao
grupo de glândulas enoveladas.
82 | Revista Senepol
Características relacionadas à
termotolerância
Animais do grupo genético Angus X Nelore demonstraram
valores maiores em números e comprimento dos pelos,
assim como apresentaram maior volume em densidade
do que os animais do grupo genético Senepol X Nelore,
segundo RIBEIRO et al.,(2010). Em climas quentes, quanto
maior for a espessura do pelame e a densidade, maior será
a dificuldade do animal em liberar o calor contido no corpo,
pois seu pelo servirá como uma espécie de capa térmica
retendo maior quantidade de calor no seu interior, o que
dificulta as trocas de calor com o ambiente por convecção.
Animais com pelame escuro, como no caso dos bovinos
da raça Angus, absorvem mais calor e refletem menos, já
que pelos escuros sofrem com pouca penetração de calor
(SILVA apud RIBEIRO et al., 2010).
No quadro 01, estão demonstradas as medidas referentes
ao comprimento e à espessura do pelame, de acordo com
os três grupos raciais. Pode-se verificar que as medidas
pertencentes ao grupo genético Senepol X Nelore se
assemelham ao do grupo Nelore, demonstrando menores
números de Comprimento de Pelame (CP) e Espessura de
Pelame (EP), enquanto o grupo genético Angus x Nelore
apresentou uma diferença em números relevante.
Quadro 1: Valores referentes aos grupos genéticos em
variáveis como comprimento de pelame e espessura
Grupo Genético CP (mm) EP (mm)
Nelore 6,07 ± 0,3ª 2,62 ±0,17ª
Senepol x Nelore 5,20 ± 0,3ª 1,81± 0,16ª
Angus x Nelore 13,61± 0,4b 4,66 ± 0,18b
Fonte: Adaptado de RIBEIRO et al, 2011.
Revista Senepol | 83
 Melhoramento Genético

O quadro 02 traz os valores para comprimento, diâmetro, volume e relação com os grupos genéticos Nelore, Angus x Quadro 4: Medidas referentes à Temperatura Retal (TR), Frequência Respiratória (FR),
Nelore e Senepol x Nelore, pelo método de Tukey. Taxa de Sudação (TS) e os grupos genéticos

Quadro 2: Valores referentes aos grupos genéticos em variáveis como comprimento de pelame e espessura

Grupo Genético TR (ºC) FR (mov/ min) TS g.m ­² h -¹

Comprimento Diâmetro Volume x10 Relação

Grupo Genético
(CP μm) (DM μm) (VL,μm³ ) (CP/ DM)
Nelore 40,06±0,04ª 35,19± 1,01b 582,52±10,06b

Nelore 414,72±28,6 99,93±5,9ª 4,18±0,8 4,22±0,3ª Senepol x Nelore 39,80±0,0 37,24±0,94b 437,88±10,06ª

Senepol x Nelore 442,02±28,6 99,32±5,9ª 3,75±0,8 4,51±0,3ª Angus x Nelore 39,92±0,04ª 41,52±0,98ª 597,83±10,09b

Fonte: Adaptado de RIBEIRO et al, (2011).

Angus x Nelore 451,72±28,6 80,04±5,9b 3,23±0,8 5,49±0,3b
Segundo NAY apud RIBEIRO et al (2010), os animais
zebuínos possuem glândulas de diâmetro maiores do
Fonte: Adaptada de RIBEIRO et al, (2011).
que os animais taurinos, enquanto o grupo genético
Angus X Nelore sobrepôs as características da parte
do Angus ( bos taurus taurus) em todas as análises
referentes às glândulas saculiformes e enoveladas,
Pode-se observar que as médias de diâmetro para o grupo Senepol X Nelore são semelhantes às do grupo Nelore e apresentando a porcentagem em glândulas saculiformes
diferem-se do grupo racial Angus x Nelore. Animais que possuem menor número de pelos por área, ou seja, pelos curtos de 66,65% e de glândulas enoveladas de 27,14%. As
e menos concentrados em área têm facilidade em trocar calor com o ambiente, mantendo a temperatura corpórea em maiores porcentagens de glândulas enoveladas
torno de 38 a 39ᵒ Celsius. encontradas em bovinos europeus. Os animais do grupo
genético Senepol X Nelore foram dominantes para as
Quadro 3: Porcentagem de glândulas Saculiformes Intermediária e Enoveladas por grupo genético características da parte zebuína, apresentando número
em porcentagem de glândulas saculiformes semelhantes
ao grupo Nelore, em que para Senepol X Nelore (SN)
foi respectivamente de 83,20% enquanto a raça Nelore
Saculiformes Intermediárias Enovelada
Grupo Genético obteve 90,11%. Já para glândulas enoveladas, o grupo
(%) (%) (%)
Nelore apresentou apenas 4,38% e os animais do grupo
Senepol X Nelore apresentaram 12,37%.
ao grupo Nelore, o grupo Angus x Nelore obteve uma
frequência respiratória maior do que os demais grupos
e, na taxa de sudação, o grupo Senepol x Nelore
demonstrou um valor abaixo dos outros dois grupos.
As proteínas de choque térmico são um método de
demonstrar a tolerância de uma raça ao ambiente
em temperaturas elevadas, tendo sua expressão
são aumentada pela exposição ao calor. Conhecidas como
Heat Shock Proteins, são compostas de três proteínas
- HSPA6, HSPA 1 e HSF1. Em testes realizados entre os
grupos genéticos Angus x Nelore e Senepol X Nelore,
o grupo NA apresentou uma expressão significativa
da proteína HSF1 como resposta ao estresse térmico,
sendo que células desprovidas ou com baixo teor
dessa proteína toleram menores níveis de estresse,
demonstrando que o grupo genético NA foi o menos
adaptado. (RIBEIRO et al., 2009).

Nelore 90,11±3,6ª 5,50±0,0 4,38±3,1ª

MORENO et al. (2007) afirmaram que bovinos
Conclui-se que animais oriundos do grupo Senepol X
Nelore são mais adaptados ao clima tropical do que os Senepol têm como qualidades a habilidade em
do grupo Angus X Nelore, pois mantiveram seus valores pastar em ambientes com temperatura elevada,
Senepol x Nelore 83,20±3,5ª 4,42±0,0 12,37±3,0ª
próximos aos valores do grupo racial Nelore. conseguem controlar de maneira mais eficaz
a temperatura retal e, quando cruzados com
No quadro 04, pode-se observar que houve diferenças raças não tolerantes ao calor, transmitem essas
Angus x Nelore 66,65±3,7b 6,20±0,0 27,14±3,3b
nos quesitos frequências respiratórias entre os grupos características para seus produtos, pois se tratam
genéticos. O grupo Senepol x Nelore se assemelha de características dominantes.
Fonte: Adaptado de RIBEIRO et al,( 2011).

84 | Revista Senepol Revista Senepol | 85

 Melhoramento Genético

Indicadores de temperatura retal, taxa de cortisol
plasmático no sangue e alta taxa de respiração servem
como medidas de estresse térmico. Em cruzamentos
com ½Senepol – E ⅝ Holstein - ⅜Brahman foram
encontrados diferenças P<0,05 para bezerros acima
dos seis meses de vida; para quatro bezerros mestiços
pertencentes à raça Holandesa, os valores de cortisol
ficaram entre 11 e 24 ng/ ml, enquanto apenas um vitelo
cruzado Senepol obteve um valor de 30 ng/ml (MORENO
et al. 2007). Ainda neste aspecto, MORENO et al (2007)
ressaltam que cruzados Senepol demonstraram melhor
tolerância ao calor, pois regularam de forma mais eficaz o
calor do corpo com o aumento da temperatura ambiente;
produtos de Senepol X Hereford mostraram valores de
temperatura retal inferiores aos dos produtos Hereford
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x Brahman, e de novilhos de raças Angus, Hereford e
Brahman em seu estado puro.
MORENO et al., (2007) concluíram que o uso da raça
Senepol é uma alternativa eficaz para ser usada em
cruzamentos com as demais raças.
Ainda neste aspecto, RIBEIRO et al., (2008) demonstraram
alguns valores de frequência respiratórias em que o
grupo Angus X Nelore apresentou maior frequência do
que os animais Senepol X Nelore que, também, foram
mais eficientes em manter a homeostase corporal com
menor taxa de sudação.
Para manter a temperatura corpórea, o primeiro
nelore and angus x nelore heifers in the southeast region of p3-13%20(RB262).pdf>. Acesso em: 21 fev. 2017.
DEPEC. São Paulo. Bradesco – Departamento de Pesquisas Brazil. South African Journal of Animal Science, v.39, p. 263-
e Estudos Econômicos: carne bovina. 2017. Disponível em: 265, 2009. Disponível em: <https://www.researchgate.net/ UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México).
https://www.economiaemdia.com.br/EconomiaEmDia/pdf/ publication/262776350_Heat_tolerance_of_Nelore_Senepol_x_ Disponível em: < https://www.unam.mx/>.
infset_carne_bovina.pdf >. Acesso em: 20 jul. 2017. Nelore_and_Angus_x_Nelore_heifers_in_the_southeast_
region_of_Brazil>. Acesso em: 26 set. 2016. ZADRA, A. Cruzamento Industrial: Processo chave para
obtenção de novilhos precoces. 19 p. Disponível em:<https://
DELFINO, J. L. et al. Perfil bioquímico sérico de bezerros
senepol nos primeiros 120 dias de idade. Semina: Ciências RIBEIRO, A. R. B. et al. Respostas fisiológicas de docs.ufpr.br/~freitasjaf/artigos/cruzamentoindustrial.pdf>.
Agrárias, Londrina, v. 35, n. 03 p. 1341-1350, mai./jun. 2014. bovinos Nelore, Senepol x Nelore e Angus x Nelore Acesso em: 21 fev. 2017.
Disponível em:< http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/
semagrarias/article/view/14862 >. Acesso em: 21 fev. 2017.
HUDSON, N. J. et al. Information compression exploits
patterns of genome composition to discriminate
populations and highlight regions of evolutionary
interest. BMC Bioinformatics, 2014. v. 15. Disponível
em:<http://bmcbioinformatics.biomedcentral.com/

mecanismo a ser usado após a temperatura ambiental articles/10.1186/1471-2105-15-66>. Acesso em: 21 fev. 2017

ultrapassar os 21º Celsius é a taxa de sudorese, sendo

a última opção a elevação da taxa respiratória, que
necessita de grande parte de energia deslocada de outras
funções do metabolismo, o que pode ser prejudicial ao
animal. O aumento dos batimentos cardíacos e a taxa
de sudorese fazem com que o animal consuma maior
quantidade de água e a perda de nutrientes não repostos
de maneira certa causa desidratação.
Como a maior parte produtora de gado de corte no Brasil
se encontra sobre temperaturas altas na maioria do ano,
o gado Senepol, utilizado em cruzamento simples ou
tricross, é a oportunidade de agregar valor, otimizando
os custos de produção.
MORENO, A. et al. Heat tolerance in ½ senepol – and 5/8
holstein – 3/8 brahman crossbred calves. Revista científica.
FCV-LUZ, v. 17, n. 5, p. 473-479, Sept. 2007. Disponível em:
< https://www.researchgate.net/publication/287276957_
Heat_tolerance_in_12_Senepol-_and_58_Holstein_38_
Brahman_crossbred_calves>. Acesso em: 21 fev. 2017.
OKAMURA, V. Estrutura genética da raça Senepol no Brasil
por meio de análise de pedigree. 2015. 42 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência Animal) – Programa de Pós- Graduação
em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, Campo Grande, 2015. Disponível em: <http://repositorio.
cbc.ufms.br:8080/jspui/bitstream/123456789/2343/1/
Vinicius%20Okamura.pdf >. Acesso em: 21 fev. 2017.

86 | Revista Senepol Revista Senepol | 87


Núcleo Feminino do Senepol
Manejo de crias:
uma abordagem
sustentável e eficiente
na produção de bovinos
Lívia Carolina Magalhães Silva
BEA Consultoria e Treinamento, Jaboticabal, São Paulo, Brasill
Grupo ETCO, Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, São Paulo, Brasil
Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa
Grupo ETCO, Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, São Paulo, Brasil
O
sucesso de uma fazenda produtora de bovinos
de corte é diretamente dependente da eficiência
produtiva do rebanho, representada pelos bons
índices zootécnicos, que são altamente relacionados
com a qualidade do manejo realizado pela sua equipe.
Quando definimos estratégias de manejo para melhorar
esses índices devemos considerar que tudo começa com
o nascimento do bezerro, pois os manejos realizados
88 | Revista Senepol
Divulgação
e no desempenho dos mesmos. Serão apresentadas
recomendações de manejos que devem ser realizados
desde antes e logo após o nascimento dos bezerros,
levando-se em conta princípios de sustentabilidade e de
bem-estar animal.
Os locais destinados à maternidade dos bezerros devem
ser limpos, com boa drenagem de água e disponibilidade
de sombra para os animais, além de ser de fácil acesso
ao materneiro. Na época de parição é importante que
haja pelo menos uma pessoa (o materneiro) que tenha
a função de realizar o monitoramento das fêmeas em
final de gestação, auxiliando aquelas que apresentam
problemas de parto e prestando os primeiros cuidados
aos bezerros. O monitoramento deve ser realizado
pelos menos duas vezes ao dia, pela manha e à tarde.
Sempre que possível, o materneiro deve também avaliar
Interação positiva entre a consultora a postura corporal das vacas no momento do parto. Em
em bem-estar animal e o bezerro
durante o manejo de pesagem um estudo realizado com rebanhos das raças Nelore e
do criatório Senepol Constelação Guzerá foi observado que a mortalidade de bezerros
(Paranaiguara-GO).
foi quatro vezes maior (16,1%) em situações em que as
vacas pariram em pé quando comparadas com aquelas
em que os partos ocorreram com as vacas deitadas
(4,2%) (Paranhos da Costa et al., 2006). Não é normal
vacas parirem em pé, isto ocorre com mais frequência
quando estão estressadas devido, por exemplo, à
presença de cães ou urubus no local do parto ou quando
têm dificuldades para parir.
Logo após o nascimento do bezerro, a primeira ação a
ser realizada é a cura do umbigo. Este manejo só deve
ser realizado após a formação do vínculo entre a mãe e o
filhote, principalmente no caso das novilhas, pois, quando
feito antes, pode resultar em abandono do bezerro.
Para uma cura de umbigo eficiente, utilize solução de
iodo a 10% ou outro medicamento que seja apropriado
para este fim. O importante é que todo o umbigo seja
embebido pela solução, inclusive a bainha (que é a base
nos seus primeiros dias de vida têm importante impacto do umbigo, região de inserção do umbigo na barriga do
sobre seu desempenho futuro. bezerro). Ao mergulhar o umbigo na solução, deve-se
aguardar pelo menos 10 segundos, para que ocorra uma
Com esta perspectiva, iremos apresentar algumas boa desinfecção e cauterização.
recomendações de boas práticas de manejo durante
os primeiros cuidados com os bezerros de corte, de O ideal é que a cura do umbigo seja feita com o bezerro
forma a proporcionar melhores condições de bem- em pé. Atenção especial deve ser dada aos casos em
estar aos animais, com reflexos positivos na saúde que isto não for possível, quando a cura do umbigo for
realizada como o bezerro deitado, assegurando que todo
o umbigo seja embebido pela solução desinfetante. É
importante salientar que todos os primeiros cuidados
com os bezerros recém-nascidos devem ser realizados
positivamente, com boas interações entre o tratador e
o bezerro. Isto porque os bovinos são muito sensíveis
ao aprendizado nos primeiros dias de vida e têm uma
ótima memória; assim, ações negativas realizadas
precocemente podem trazer dificuldades para os
manejos futuros. Lembre-se de que as boas práticas
de manejo com os bovinos devem ser aplicadas desde
o nascimento dos bezerros. Agindo positivamente,
estamos construindo um indivíduo mais tranquilo e mais
fácil de ser manejado.
Estudos apontam que a estimulação tátil (massagem nos
bezerros) pode promover um melhor desenvolvimento
cerebral dos filhotes, resultando em melhor ganho
de peso, maior eficiência na resposta imune e,
principalmente, na obtenção de comportamentos mais
desejáveis, facilitando a realização de manejos futuros.
Esta recomendação teve como base os resultados
de pesquisas realizadas com bezerros leiteiros, que
estimularam alguns produtores de bovinos de corte a
adotar esta ideia, como no caso da Fazenda Orvalho
das Flores (Barra do Garça-MT). A proprietária, Carmen
Perez, relata: “Eu acredito muito que esse conceito de
massagem nos bezerros durante os primeiros dias de
vida, que começamos há pouco tempo na fazenda, gere
uma boa impressão ao animal em relação ao ser humano e
facilite demais o manejo futuro. Antigamente, para conter
o bezerro, era necessário laçá-lo. Ele engolia terra, era
uma confusão, e, com isso, percebíamos que o bezerro
ficava muito reativo. Hoje, com a adoção da massagem,
existe toda essa ligação com o animal, e melhor, essa
massagem aumentou a conexão dos vaqueiros com o
bezerro. Para mim, essa junção é fantástica porque
o animal cresce mais receptivo e familiarizado com o
homem e, assim, podemos viver na fazenda da melhor
maneira possível. Essas boas práticas de manejo
mudaram a nossa maternidade e facilitaram muito o
nosso manejo futuro no curral e durante o manejo de
IATF, além de trazer segurança e orgulho para a equipe,
pois todos se sentem confiantes e valorizados por
poder realizar bem o trabalho”. É importante aproveitar
todas as oportunidades de interação com os animais na
Revista Senepol | 89
 Núcleo Feminino do Senepol
fazenda para que a memória do bezerro seja construída
de forma positiva quanto à interação humano-animal.
E que, depois, possa ser fortalecida com a adoção de
boas práticas nos manejos subjacentes, como pesagens,
aplicação de medicamentos, visitas ao curral etc. No
caso da Fazenda Orvalho das Flores, os materneiros
aproveitam o manejo de cura de umbigo do bezerro para
realizar a massagem (passar as mãos por todo o corpo
do bezerro, realizando movimentos circulares) que dura,
em média, dois minutos.
Durante o primeiro dia de vida do bezerro, é importante
que o materneiro continue realizando os monitoramentos
constantes, avaliando se o bezerro foi capaz de realizar
a primeira mamada de colostro em sua mãe. Essa ação
é muito importante, pois toda a boa resposta imune do
bezerro depende da ingestão de colostro. O colostro é
uma secreção láctea que contém todos os nutrientes
e anticorpos que o bezerro necessita, por este motivo,
é muito importante monitorar a sua ingestão, pois
os bezerros que não mamam colostro em suas mães
apresentam maiores riscos de adoecerem e até mesmo
virem a óbito. Quanto mais rápido o bezerro toma o
colostro, melhor. Um estudo do Grupo ETCO (Schmidek
e colaboradores, 2006) identificou maior mortalidade
para bezerros que não mamaram em até três horas após
o nascimento (17,5%) quando comparados àqueles
que mamaram o colostro em suas mães em até três
horas de vida (4,0%). Por esse motivo, bezerros que
estão apresentando dificuldades para mamar o primeiro
colostro devem ser auxiliados. Para avaliar se o bezerro
teve sucesso em realizar a primeira mamada, podemos
utilizar indicadores presentes em suas mães, como,
por exemplo, vacas com baixa habilidade materna ou
inexperientes (primeira cria), ou ainda muito agitadas
que não permitem que o bezerro se aproxime dela ou
que abandonam os bezerros. Outro ponto que também
dificulta a primeira mamada é a conformação do aparelho
mamário. Úberes pendulosos e tetos muito grandes
estão entre as principais causas de atraso ou de falha
na primeira mamada. Observe se os tetos estão cheios,
lisos e brilhantes. Estes são sinais de que o bezerro
ainda não conseguiu efetuar a mamada de colostro.
Também há fatores ligados aos bezerros que dificultam
a sua primeira mamada, com destaque para os bezerros
que apresentam baixo vigor ao nascimento. De forma
geral, os bezerros que não tiveram sucesso na primeira
90 | Revista Senepol
Divulgação
Materneiro auxiliando o bezerro a mamar o primeiro colostro, logo após
o nascimento, no criatório Senepol Constelação (Paranaiguara-GO).
mamada apresentam-se geralmente apáticos e com o
vazio fundo, enquanto aqueles que tiveram sucesso na
primeira mamada apresentam-se vigorosos, com o vazio
cheio, acompanhando a mãe ou deitados em posição
de decúbito external, descansando. Os bezerros que
não conseguirem realizar a primeira mamada devem ser
auxiliados, lembrando que quanto mais cedo o bezerro
mamar o colostro, melhor (Figura 2).
Passado o primeiro dia de vida, as observações diárias dos
animais devem ser mantidas e realizadas com bastante
atenção. É importante que o materneiro saiba identificar
sinais clínicos de doenças (como diarreia e pneumonia,
por exemplo) e preste auxílio imediato em caso de
problemas de umbigo e de bicheiras. Como estratégia de
controle, mantenha os bezerros em locais limpos (secos
e com baixa infestação por carrapatos e por bernes) e de
fácil observação diária. Quando realizamos boas práticas
de manejo durante os primeiros dias de vida do bezerro,
aumentamos sua chance de sobrevivência e oferecemos
melhores condições para seu pleno desenvolvimento até
o desmame. Aproveite sempre as oportunidades diárias
de manejo com os animais para interagir positivamente
com eles e para criar vínculos.
Referências bibliográficas
Paranhos da Costa, M.J.R.; Schmidek, A. e Toledo, L.
M. Boas Práticas de Manejo: Bezerros ao Nascimento,
Jaboticabal-SP: FUNEP, 36 p., 2006.
Schmidek, A.; Paranhos da Costa, M.J.R.; Mercadante,
M.E.Z. The effect of newborn calves vigour in their mortality
probability. In: Congress of International Society of
Applied Ethology, 2006, Bristol-UK. Proceedings… Bristol:
International Society of Applied Ethology, p. 221, 2006.
Revista Senepol | 91
 Divulgação
Núcleo Feminino do Senepol

doadoras da Fazenda Fortaleza Senepol, localizada em
Uberlândia/MG. “O Senepol é apaixonante à primeira
vista e nos conquistou principalmente pela docilidade,
rusticidade, precocidade e ganho de peso à desmama. O
nosso objetivo é a produção de touros para cruzamento
industrial”, explica a criadora, que também atua em uma
empresa de nutrição para Pets.
Atualmente, o criatório conta com 100 animais PO, entre
doadoras, novilhas, touros, bezerros e bezerras, e 100
receptoras. Para multiplicar a genética que vem sendo
selecionada, são utilizadas biotecnologias como a FIV
(Fecundação in Vitro) e a IATF (Inseminação Artificial em
Tempo Fixo). Segundo a criadora, os resultados são cada
vez mais eficazes. “Recentemente, aderimos ao PMGS,
pois sabemos que o programa conta com diversas
ferramentas de seleção importantes para o avanço
genética tem maior credibilidade no mercado, que está
cada vez mais exigente”, assegura.
Além de trabalhar em prol do melhoramento genético da
raça na Fazenda Fortaleza Senepol, Giselly assumiu um
novo desafio neste ano. Ela coordena o Núcleo Feminino
Senepol (NFS), juntamente com as criadoras Rubia Pereira
Barra e Maria Helena Corsi. “Nosso objetivo é promover
a participação de todas as mulheres no desenvolvimento
e no crescimento da raça no Brasil. Queremos promover
a troca de informações, conhecimentos, experiências
de trabalho, debater problemas e buscar soluções
conjuntas”, explica Giselly. O lançamento e a posse do
NFS será no dia 2 de setembro, durante o II Mega Encontro
Internacional da Raça Senepol, em Uberlândia. “Tenho
muito orgulho de ser criadora de Senepol, de fazer parte do
Núcleo Feminino Senepol e de poder contribuir para a raça

Unidas
A criadora Giselly Pereira Palhares Perfeito genético da raça. Além disso, um rebanho com avaliação que mais cresce no Brasil”, finaliza.
coordena o Núcleo Feminino Senepol
(NFS), juntamente com as criadoras Rubia
Pereira Barra e Maria Helena Corsi.

pelo avanço
da raça
Entusiasmada com os resultados do Senepol em cruzamento, a criadora
Giselly Pereira Palhares Perfeito decidiu investir na raça e quer ajudar
outras mulheres a obterem bons resultados em seus rebanhos

Larissa Vieira

H
á quatro anos, a médica-veterinária Giselly
Pereira Palhares Perfeito vislumbrou na raça
Senepol uma oportunidade de maximizar os
ganhos com o cruzamento industrial na vacada de leite.
O rápido retorno e os resultados positivos animaram a
pecuarista a dar um passo além com a raça, passando
a investir na formação de um plantel puro. Junto com
o marido Alexandre, Giselly comprou as primeiras

92 | Revista Senepol Revista Senepol | 93


Informe Publicitário
Seja no corte ou
no leite, o resultado
é garantido
O pecuarista Isper Simão Curi comanda um projeto de produção de touros com
metas arrojadas para atender à grande demanda nacional pelo Senepol
Larissa Vieira
O
planejamento é essencial para que a administração
de uma empresa seja eficaz e faça com que os
negócios tenham um resultado positivo. E a
pecuária não foge a essa regra. Com metas de produção
já estabelecidas até 2020, o pecuarista Isper Simão Curi
pretende até lá ampliar o plantel para 500 fêmeas Senepol
PO, entre doadoras e matrizes, para oferecer ao mercado
um touro 100% adaptado. Hoje, o criatório conta com 720
receptoras, sendo 220 prenhas de Senepol PO sexado de
fêmeas, com nascimentos a partir deste mês de agosto,
além de animais puros (31 doadoras e 21 touros). Para
94 | Revista Senepol
Divulgação
vinha estudando a raça e, ao conhecer bem o gado
vermelho, não pensou duas vezes e passou a formar
seu próprio plantel puro. “Logo percebi o quanto o
Senepol é importante para a evolução do rebanho
nacional que, hoje, em sua grande maioria, é de Nelore.
Aos poucos, comecei a reestruturar as fazendas para
que pudessem ser um criatório de PO”, lembra. Assim,
nascia o criatório Simão Curi Senepol. Segundo ele,
a raça imprime aos cruzamentos industriais muita
carcaça, precocidade, terminação, rusticidade, pelo
zero, docilidade, cobertura e marmoreio, permitindo a
produção de carne de qualidade internacional.
Com uma produção totalmente a pasto e com suplementação
mineral ou proteica, a fazenda tem colocado no mercado
nacional touros e embriões, e conseguido boa rentabilidade
nos negócios. “A procura pela raça Senepol PO é muito
maior que a oferta de animais. O que produzimos não é
suficiente para suprir o mercado nacional. Além disso,
outros países também estão superinteressados na genética
do Senepol brasileiro”, acredita.
Para atender à grande demanda, o pecuarista tem apostado
em parcerias com outros criadores que já atuam no mercado
de touros e com aqueles que pretendem investir na raça.
“Muitos colegas já estão com a sua produção reservada
até 2020. Para atender a essa grande demanda pela raça, é
2019, o rebanho deve chegar a 106 doadoras PO e 44
tourinhos. “Continuamos fazendo ao menos 60 protocolos/
mês”, explica Simão Curi.
Para colocar o projeto em prática, ele conta com duas
propriedades: a Fazenda Bom Jesus, localizada em
Uberlândia/MG, e a Fazenda Alegre, em Quirinópolis/
GO. Ambas com terra de cultura e boa estruturas
e com área disponível de aproximadamente 998
hectares. O Senepol começou a invadir os pastos das
propriedades há alguns anos. Desde 2006, Simão Curi
importante a união dos produtores de PO, afinal, não é fácil
fazer genética de ponta, cujos custos são mais elevados”,
esclarece Curi.
Apesar de o Senepol ser muito usado em cruzamentos com
raças de corte, o criador destaca que os touros também
apresentam excelentes resultados em raças leiteiras. Segundo
ele, ao colocar um touro Senepol PO em vacas Holandesas,
o produtor terá ótimos bezerros para abate e um lucro que
não teria com touros de outras raças. Em vacas Girolando,
como resultado da heterose, o produtor terá bezerros tricoss
para abate, com garantia de precocidade sexual, precoce na
terminação, cobertura de carcaça, marmoreio e uma carne
de qualidade para exportação. “Do meu ponto de vista, o
touro Senepol não tem concorrente. Ele é de fácil adaptação
em qualquer tipo de clima e tem libido muito grande. Os
bezerros meio-sangue Senepol em vacada Nelore nascem
muito bonitos, com carcaça avantajada, fortes, precoces,
muito valorizados na hora da venda. E mais: podem ser
desmamados mais cedo”, assegura.
Simão Curi credita o sucesso da raça no Brasil ao trabalho
sério de seleção que vem sendo feito pelos pecuaristas
brasileiros e com a orientação da Associação Brasileira
dos Criadores de Bovinos Senepol. “São criadores
sérios, visionários e futuristas, sempre querendo ver o
Brasil à frente”, acredita.
Revista Senepol | 95
 Senepol Internacional
Senepol além
das fronteiras
brasileiras
Eduardo Muniz de Lima “Mineiro”
Médico-veterinário e diretor da Minerembryo - Central de Receptoras
E
stive recentemente visitando a pecuária da Austrália
com a equipe do Beef Point, de Miguel Cavalcanti.
Fomos à Feira Beef Australia 2018, na cidade de
Rockhampton, que acontece a cada três anos. Visitamos
confinamentos e fazendas no interior da região do Outback
Australiano e gostaria de compartilhar algumas sacadas
com vocês. Trata-se de uma ilha, quase do tamanho do
Brasil, que tem pouco mais de 10% do nosso gado (25Mi)
e já foi o maior exportador de carne do mundo com uma
pecuária baseada em cruzamentos. Hoje, estão em terceiro
lugar, mas exportam 75% de sua produção para mercados
de maior valor agregado (Japão, Coreia do Sul, China, EUA
Eduardo Muniz de Lima
e Europa), o que os torna os maiores exportadores de carne
do mundo em receita.
Os taurinos são mais criados ao sul e no litoral do país,
enquanto na região do Outback (central) se concentram
as vacas criadeiras zebuínas, em sua maioria da raça
Brahman, selecionadas a “La Darwin” (seleção natural),
com características como fertilidade e docilidade. Os
touros utilizados são o próprio Brahman para reposição
de matrizes, o Brangus e, principalmente, o Senepol!!!
96 | Revista Senepol
Animais Cruzados Senepol na Fazenda Bushleigh Station do Sr. Astller, com mais de 100.000 cabeças e 1 milhão de hectares.
Tive a oportunidade de trabalhar na chegada do
Senepol ao Brasil através da Transferência de Embriões
na Minerembryo do Sr. João Arantes da Nova Vida, de
Rondônia, no início dos anos 2000, e confesso que
nunca vi nada parecido ao que vi na Austrália, desta
raça ser capaz.
Lá eles buscam animais mochos, rústicos, férteis e
precoces que cobrem bem a campo e, principalmente,
que dão mais heterose à sua base de
predominantemente zebuínas. E verificaram ser o
Senepol a raça que mais agrega estas características
aos zebuínos, utilizado tanto para o confinamento, em
que demonstram alta eficiência alimentar, quanto para a
exportação de animais em pé (são os maiores do mundo)
e a terminação a pasto em região de melhores chuvas.
Utilizam a FIV (Fertilização in Vitro) através de empresas
brasileiras lá instaladas em rebanhos de melhoramento
genético com ótimos resultados e utilizam receptoras
cruzadas ou meio-sangue Senepol.
Eduardo Muniz de Lima
O Outback é uma região desértica, quase inóspita. Chove
entre 300 e 500 mm e a lotação varia de 1 vaca/10 ha a
1 vaca/100 ha. Os animais são criados extensivamente,
sem suplementação na maioria das vezes, e são
fechados uma vez ao ano, geralmente com o auxílio de
helicóptero, quadriciclo e cães Blue Heeler, quando são
brincados, marcados, castrados, mochados e palpados.
As vacas que estiverem sem bezerros ou vazias no início
da estação seca são descartadas. Bezerros acima de
vacas seis semanas já são desmamados e suplementados para
que a vaca não sinta tanto a seca.
As fazendas com estas lotações são obrigadas a ter
grandes extensões (chegam a mais de um milhão de ha)
e a mão de obra é essencialmente familiar, com média de
uma pessoa para 1.500 animais. O preço de terra varia
de acordo com esta lotação, de AU$300,00 a AU$10,00/
ha (1US$=1.32AU$). O maior custo da pecuária é a
logística, os animais viajam de caminhão uma média de
3.000 Km desde a desmama (interior) até o abate (litoral).
Revista Senepol | 97
 Senepol Internacional

realidade da pecuária nacional em comparação com a
de outros países, ficamos abismados de ver a riqueza do
Brasil e as grandes oportunidades que temos em mãos.
Acredito que com um pouco mais de empenho de
cada um de nós, criadores, em usarmos o que temos
de melhor em cada uma de nossas propriedades,
como alimentação, genética, manejo, sanidade e,
principalmente, gestão, não haverá realmente outro
celeiro no mundo, que não o Brasil.
e qualquer região do planeta, seja ela fria ou quente, de
altíssima produção de forragem, suplementada a pasto
ou não, em confinamento e mesmo regiões inóspitas
do mundo, como o Outback Australiano, um verdadeiro
deserto, com temperaturas que chegam a 50 graus e
umidade abaixo de 20%, onde o Senepol é hoje a raça
escolhida para o cruzamento industrial a campo de
zebuínos, visando mercados que pagam melhor valor
agregado, fazendo-os os maiores exportadores em
receita do planeta.

Mas e o Senepol, não foi feito só para o Brasil? E viva esta raça que já é mundial!!!
Definitivamente, não!!! Afirmo categoricamente que o Obrigado, Austrália.
Senepol não foi feito só para o Brasil, e sim para toda Obrigado, Senepol.

Gado de cruzamento Senepol fechado com helicóptero.

Como aqui, é cada vez mais difícil abrirem novas áreas
para exploração pecuária. A pastagem é essencialmente
nativa, sem tratos culturais, e o máximo que fazem é
queimar e plantar de avião o capim Buffel em cima das
cinzas. Fato curioso é que usam camelos para o controle
de algumas ervas daninhas.
Notei uma relação muito pró-ativa que o campo tem com a
cidade, não deixando as pessoas “urbanas” se distanciarem
da importância do campo em suas vidas, como campanhas
televisivas, visitas técnicas e material escolar, entre outras.
Uma das maiores sacadas é a educação escolar rígida
das crianças nas fazendas feita pelos próprios pais
até os 12 anos de idade. Depois, vão para as cidades
maiores em regime de internato até o colégio. Após,
ingressam em Universidades ou Cursos Técnicos, e só
depois voltam para as fazendas, se assim desejarem. O
analfabetismo é crime, passível de prisão dos pais. Este
sistema educacional é tido como referência e atrai jovens
do mundo inteiro, principalmente do Sudeste Asiático.
Compartilhei aqui algumas coisas que considero serem
úteis para nós, pecuaristas brasileiros, que temos muito
a evoluir. Mas confesso que voltei com aquela sensação
de que não há nada no mundo comparado ao Brasil.
Aqui temos solo, chuvas, temperatura, aguadas de
qualidade, secas infinitamente mais amenas, mercado
interno forte, mas não conseguimos deslanchar
mundialmente nos mercados de carne de qualidade.
Isso ficou claro quando o pecuarista Michael Lyons,
da Wambiana Station, que já havia visitado o Brasil,
me disse não entender por que ainda não dominamos
o mundo, já que tínhamos, como fala um bom mineiro,
a “faca e o queijo na mão” na produção de carne com
baixo custo!!!
Temos sempre o impulso de falarmos mal de nosso
país com todos os desmandos, problemas econômicos
e políticos, corrupção, violência no campo, impostos e
Artista local faz desenho da cultura local Aborígene nos animais Senepol.
logística exorbitantes, etc., etc. Mas quando vemos a

98 | Revista Senepol Revista Senepol | 99


Senepol Internacional
De volta
às origens
Ilha de Saint Croix sedia a 41ª Reunião Anual Internacional
de Senepol que celebrou o centenário da raça
Esqueça os extensos e verdes pastos do Brasil e todas
as tecnologias e instalações utilizadas na criação do
gado Senepol. Na terra de origem da raça, o mar banha a
ilha de Saint Croix, tornando a paisagem deslumbrante,
mas é um cenário árido que contrasta com o vermelho do
rebanho de tradicionais criatórios da raça. No local, são
apenas dois meses de chuva e um sistema de criação
totalmente rústico, mas com animais em boas condições
corporais e bem saudáveis.
Quem participou da 41ª Reunião Anual Internacional e
Simpósio Internacional de Senepol, que aconteceu de 8
a 11 de agosto, em Saint Croix, pôde ver de perto essas
condições tão adversas que ajudaram a lapidar a raça
nesses 100 anos de existência. O evento contou com
participantes de diversos países, sendo a maior parte
da América Latina, Brasil, Estados Unidos e Austrália.
A comitiva brasileira foi composta pelo vice-presidente
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Divulgação
da ABCB Senepol, Gilmar Goudard, e pelos criadores
Paulo Eduardo Garcia, Neto Garcia, Kadu Battistella
e Sebastião de Aguiar, os dois últimos residentes nos
Estados Unidos.
Para o vice-presidente da ABCB Senepol, o evento
permitiu uma importante troca de experiências entre
as delegações. “Conhecer a história da raça in loco
foi muito gratificante e nos permitiu perceber que
estamos no caminho certo. Só temos 18 anos de
seleção e já somos grandes exportadores da raça.
Com muita competência, estamos dando sequência a
um trabalhado iniciado em Saint Croix. O Brasil está
um passo a frente com o trabalho que vem sendo
desenvolvido pela ABCB Senepol e pelos criadores
brasileiros”, diz Goudard. Segundo ele, tanto o Brasil
como outros países que selecionam a raça com critério
vêm apresentando uma genética de ponta.
A Reunião Anual foi dividida em dois momentos, o
primeiro deles dedicado às palestras técnicas sobre a
raça. O evento foi aberto pelo presidente da Senepol
Cattle Breeders Association (SCBA), Mark Sanders, que
destacou a presença de produtores da Austrália, Brasil,
Bolívia, Estados Unidos, Guatemala, Namíbia, Paraguai,
Porto Rico e Saint Croix. Em seguida, falou Carlos
Robles, da Comissão de Agricultura das Ilhas Virgens
Americanas. Hans Lawaetz, ex-presidente da SCBA e um
dos pioneiros do Senepol na Annaly Farms (WC Senepol)
fez, em sua apresentação, um panorama histórico da raça
Senepol, desde seus primórdios na Ilha até os dias atuais,
com sua presença mundial, especialmente nos países
tropicais. Já David Hall, presidente da Universidade das
Ilhas Virgens Americanas, discorreu sobre as pesquisas
realizadas pela entidade com a raça.
Na sequência do evento, Mark Mirando falou dos
investimentos feitos pelo National Institute of Food
and Agriculture (Instituto Nacional de Alimentação e
Agricultura), órgão do governo americano, para incentivar
a comercialização de produtos do país pelo mundo, com
destaque para as carnes bovina e suína e para o leite.
Já o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Gilberto
Menezes, ministrou duas palestras sobre as pesquisas
com a raça no Brasil e sobre o PMGS.
A segunda parte da Reunião Anual foi dedicada às visitas
em duas propriedades que guardam linhagens pioneiras
da raça. A Castle Nugent (CN) foi um dos berços do
Senepol e teve muitos animais exportados de Saint Croix
para outros países. Quando os proprietários deixaram de
atuar na pecuária, exemplares do plantel foram doados
para a Universidade das Ilhas Virgens Americanas. Os
exemplares remanescentes da CN puderam ser vistos
pelos participantes da Reunião Anual, que ficaram
impressionados com o escore corporal dos animais,
mesmo em condições extremas de criação. “A região
tem um regime de poucas chuvas. No lado da ilha que
chove mais, a precipitação chega a 800 milímetros de
chuva entre os meses de setembro e outubro. Já no lado
mais seco, chove uns 700 milímetros. A rusticidade do
Senepol e sua capacidade de produção em condições
desafiadoras é impressionante. Vendo tudo isso, só
posso concluir que o Brasil é um paraíso para a pecuária,
tem clima, terras, boas pastagens, condições sanitárias,
ou seja, é o melhor lugar do mundo para se trabalhar com
pecuária”, ressalta Kadu Vianna Battistella, que é diretor
executivo da SCBA, entidade organizadora do evento.
Outro criatório lendário da origem da raça visitado
pelos participantes da Reunião Anual foi a fazenda
Annaly Farms, detentora de uma das linhagens mais
concorridas dentro da raça, a WC. Mais uma vez a
qualidade dos animais impressionou as comitivas.
Para o presidente honorário da SCBA, Hans Lawetz,
o Senepol chega aos 100 anos com grande evolução
não só na ilha, como também em diversos outros
países. “Estou impressionado com o sucesso da raça
no Brasil”, declara Lawetz, que seleciona Senepol há
50 anos e, em 1977, fundou a SCBA, juntamente com
outros criadores. Dois anos depois, a entidade foi
transferida para os Estados Unidos.
Na vizinha Porto Rico, o pecuarista Coco Santiago
não tem do que reclamar do mercado para a raça. “O
rebanho de Senepol vem crescendo bastante no país.
Estamos conseguindo fornecer carne de Senepol, com
identificação da raça na embalagem, para supermercados
locais e com grande aceitação dos consumidores”,
informa Coco Santiago. Na República Dominicana, a
presença do Senepol nos pastos já é realidade em toda
a ilha. Segundo o criador e médico-veterinário, Felix
Alberto Paredes, a qualidade da carne é objeto de estudo
de pesquisadores dominicanos. “Eles estão estudando a
qualidade da carne em animais abatidos com 40 meses.
Os abates realizados mostraram que a carne apresenta
maior marmoreio e tem mais sabor”, explica Paredes. O
criador ainda destacou a precocidade sexual das fêmeas,
que têm conseguido emprenhar aos 14 meses.
O selecionador de Senepol em Taxisco, na Guatemala,
Juan Francisco Pivaral, ressalta o grande uso da raça em
cruzamento industrial com as raças Brahman e Nelore,
com bons resultados de rendimento de carcaça e de
qualidade da carne. “Como os animais são muito rústicos
e produtivos, acredito que o Senepol é uma solução para
produção de carne nos Trópicos”, assegura Pivaral, que,
desde 2012, cria a raça na Ganaderia La Perla.
Na América do Sul, os resultados com a raça também
empolgam os pecuaristas. De acordo com o presidente
Revista Senepol | 101
 Senepol Internacional
Gilberto Menezes, pesquisador da Embrapa Gado de Corte ministra palestra na Reunião Anual Mundial, em Saint Croix.
da Associação Boliviana de Senepol, Mario Alberto Bluun,
a demanda por touros é grande, impulsionada pelo uso
na pecuária comercial, em cruzamentos com Nelore. A
entidade existe há dois anos e tem conseguido a adesão
de muitos pecuaristas do país. “É uma oportunidade
imensa para os criadores de Senepol. Os criadores de
Nelore, raça que responde por 98% do rebanho comercial
de corte do país, estão confiando no Senepol e usando
os touros para cobrir a vacada”, diz Bluun.
Já no Paraguai, o Senepol figura entre as quatro raças
com maior número de animais registrados. “São cinco
mil animais registrados e faz dois anos que estamos
registrando mais que o Nelore. É uma opção lógica,
pois se cria Senepol tanto nas regiões mais secas do
Paraguai quanto nas mais úmidas. O pelo curto, frame
mediado, a docilidade e boa condição leiteira são ideais
para a pecuária nos trópicos”, afirma o vice-presidente
da Associação Paraguaia de Senepol, Miguel Doldan.
Segundo ele, o Paraguai já é o sexto exportador de
carne, atende a mais de 60 mercados e vem ascendendo
no mercado de carne Premium.
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Na África e na Austrália, o Senepol vem viabilizando
desde pequenos até grandes projetos pecuários.
Chris van Rooyen, criador de Senepol na Namíbia, no
sudoeste da África, conta que já existem 44 criadores
no país. “Os primeiros animais que chegaram à
Namíbia vieram do Zimbabue em 2011 e, desde
então, evoluímos bastante. A Reunião Anual foi muito
importante, pois nos permitiu ver como os outros
países estão selecionando a raça”, destaca.
O pecuarista australiano, Geoffrey Maynard, trabalha
com Senepol em sua fazenda de cria, cujo rebanho conta
com 1.300 vacas e 40 touros Senepol. As propriedades
do criador somam um total de 10.000 hectares. O
faturamento anual passa de 1,5 milhão de dólares.
“O Senepol na Austrália vai bem no cruzamento com
Brahman e apresenta muita fertilidade e qualidade de
carne”, diz Maynard, que ficou impressionado com o
sistema de coleta de dados da raça apresentado pelo
pesquisador Gilberto Menezes durante a palestra na
Reunião Anual. “O Brasil está no caminho certo”, finaliza
o australiano.
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