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DE ALIMENTOS
NO COMÉRCIO
ATACADO E VAREJO
SEGURANÇA
DE ALIMENTOS
NO COMÉRCIO
ATACADO E VAREJO
BRIGITTE BERTIN
FÁTIMA MENDES
DIAGNÓSTICO DO ESTABELECIMENTO........................................................................................................... 12
O COMPROMISSO DA ALTA ADMINISTRAÇÃO .................................................................................................. 21
O responsável técnico (RT)..................................................................................................................... 21
O COMPROMISSO DE TODA A CADEIA PRODUTIVA DE ALIMENTOS........................................................................ 22
PERIGOS FÍSICOS..................................................................................................................................... 25
Perigos físicos: tipos de perigo, danos possíveis, medidas preventivas e de controle............................................. 26
PERIGOS QUÍMICOS.................................................................................................................................. 27
Perigos químicos: tipos de perigo, danos possíveis, medidas preventivas e de controle.......................................... 28
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS E ASPECTOS DE CONSERVAÇÃO.........................................30
Curva de multiplicação dos microrganismos.............................................................................................. 30
Fatores que interferem na multiplicação microbiana.................................................................................... 31
Conservação dos alimentos................................................................................................................... 37
PERIGOS BIOLÓGICOS............................................................................................................................... 41
PERIGOS BIOLÓGICOS POR GRUPOS DE PRODUTOS:
TIPOS DE ALIMENTO, PERIGOS, MEDIDAS PREVENTIVAS E DE CONTROLE............................................................... 41
PERIGOS DA QUALIDADE............................................................................................................................ 45
Perigos da qualidade por grupos de produtos............................................................................................. 46
CAPÍTULO 3 | DOENÇAS DE ORIGEM ALIMENTAR................................................................................................61
EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES..................................................................................................................... 85
Edificações/Layout.............................................................................................................................. 85
Instalações....................................................................................................................................... 86
EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS......................................................................................................... 91
ETAPAS OPERACIONAIS............................................................................................................................. 92
Recebimento..................................................................................................................................... 92
Armazenamento................................................................................................................................. 94
Exposição à venda............................................................................................................................... 96
Produção/manipulação de alimentos........................................................................................................ 97
Embalagem/rotulagem........................................................................................................................ 97
Transporte........................................................................................................................................ 99
[7]
CONTROLE DE QUALIDADE/GARANTIA DA QUALIDADE...................................................................................... 99
POP 1 | Controle da potabilidade da água.................................................................................................100
POP 2 | Higiene das instalações, equipamentos e utensílios.......................................................................... 103
POP 3 | Higiene e saúde dos manipuladores............................................................................................. 114
POP 4 | Manejo de resíduos................................................................................................................. 120
POP 5 | Manutenção preventiva e calibração de equipamentos....................................................................... 121
POP 6 | Controle integrado de vetores e pragas urbanas.............................................................................. 123
POP 7 | Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens................................................................. 125
POP 8 | Programa de recolhimento de alimentos....................................................................................... 127
GLOSSÁRIO.................................................................................................................................................. 229
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 235
[9]
IMPLEMENTAÇÃO DAS
BOAS PRÁTICAS
capítulo
1
[10]
Usar
uma lista
1. Diagnosticar como está o estabelecimento:
de verificação
identificar as conformidades e as não conformidades
mensurável
(check-list)
Usar um
2. Planejar as ações corretivas para cada não modelo de
conformidade identificada no diagnóstico (check-list) plano de ação
corretiva
Acompanhar as
3. Distribuir as responsabilidades das ações correções e dar
corretivas e cobrar a sua realização apoio (financeiro,
treinamento etc.)
Se NÃO: Se SIM:
Voltar para o primeiro Implementar,
passo até estar em manter e atualizar
conformidade as Boas Práticas
(*) São considerados itens críticos os relacionados a: controle de pragas; potabilidade da água; higienização das instalações, equipamentos e utensílios;
higiene e saúde dos manipuladores; resíduos; manutenção e calibração de equipamentos; seleção de matérias-primas; ingredientes e embalagens;
recolhimento de alimentos e outros itens relacionados diretamente com a segurança do produto.
(**) Para os demais itens do check-list não diretamente envolvidos com a segurança dos produtos, podem-se estabelecer outros percentuais – 80% é um
exemplo de critério a ser adotado.
[12]
DIAGNÓSTICO DO ESTABELECIMENTO
NÚMERO/ANO
A - IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
1- RAZÃO SOCIAL:
2- NOME DE FANTASIA:
3- ALVARÁ/LICENÇA SANITÁRIA: 4- INSCRIÇÃO ESTADUAL / MUNICIPAL:
5- CNPJ / CPF: 6- FONE: 7- FAX:
8- E-MAIL:
9- ENDEREÇO (Rua/Av.): 10- Nº: 11- Compl.:
12- BAIRRO: 13- MUNICÍPIO: 14- UF: 15- CEP:
16- RAMO DE ATIVIDADE: 17- PRODUÇÃO MENSAL:
18- NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 19- NÚMERO DE TURNOS:
20- CATEGORIA DE PRODUTOS:
Descrição da categoria:
Descrição da categoria:
Descrição da categoria:
Descrição da categoria:
Descrição da categoria:
21- RESPONSÁVEL TÉCNICO: 22- FORMAÇÃO ACADÊMICA:
3. MANIPULADORES
3.1 VESTUÁRIO
3.1.1 Utilização de uniforme de trabalho de cor clara, adequado à atividade e exclusivo para a
área de produção.
3.1.2 Limpos e em adequado estado de conservação.
3.1.3 Asseio pessoal: boa apresentação, asseio corporal, mãos limpas, unhas curtas, sem
esmalte, sem adornos (anéis, pulseiras, brincos etc.); manipuladores barbeados, com os
cabelos protegidos.
3.2 HÁBITOS HIGIÊNICOS
3.2.1 Lavagem cuidadosa das mãos antes da manipulação de alimentos, principalmente
após qualquer interrupção e depois do uso de sanitários.
3.2.2 Manipuladores não espirram sobre os alimentos, não cospem, não tossem, não
fumam, não manipulam dinheiro ou não praticam outros atos que possam contaminar o
alimento.
3.2.3 Cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem das mãos e demais
hábitos de higiene afixados em locais apropriados.
3.3 ESTADO DE SAÚDE
3.3.1 Ausência de afecções cutâneas, feridas e supurações; ausência de sintomas e
infecções respiratórias, gastrintestinais e oculares.
3.4 PROGRAMA DE CONTROLE DE SAÚDE
3.4.1 Existência de supervisão periódica do estado de saúde dos manipuladores.
3.4.2 Existência de registro dos exames realizados.
3.5 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
3.5.1 Utilização de equipamento de proteção individual.
[18]
5. DOCUMENTAÇÃO
5.1 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO
5.1.1 Operações executadas no estabelecimento estão de acordo com o Manual de Boas
Práticas de Fabricação.
5.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS (POP)
5.2.1 Higienização das instalações, equipamentos e utensílios.
5.2.1.1 Existência de POP estabelecido para este item.
5.2.1.2 POP descrito está sendo cumprido.
5.2.2 Controle de potabilidade da água.
5.2.2.1 Existência de POP estabelecido para controle de potabilidade da água.
5.2.2.2 POP descrito está sendo cumprido.
5.2.3 Higiene e saúde dos manipuladores.
5.2.3.1 Existência de POP estabelecido para este item.
5.2.3.2 POP descrito está sendo cumprido.
5.2.4 Manejo dos resíduos.
5.2.4.1 Existência de POP estabelecido para este item.
5.2.4.2 O POP descrito está sendo cumprido.
[20]
C – CONSIDERAÇÕES FINAIS
D – CLASSIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
Compete aos órgãos de vigilância sanitária estaduais e distrital, em articulação com o órgão competente no âmbito
federal, a construção do panorama sanitário dos estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, mediante
sistematização dos dados obtidos nesse item. O panorama sanitário será utilizado como critério para definição e
priorização das estratégias institucionais de intervenção.
( ) GRUPO 1 – 76 A 100% de atendimento dos itens ( ) GRUPO 2 – 51 A 75% de atendimento dos itens
( ) GRUPO 3 – 0 A 50% de atendimento dos itens
E – RESPONSÁVEIS PELA INSPEÇÃO
Nome e assinatura do responsável – Matrícula:
LOCAL:
DATA: __/__/____
[21]
PERIGOS, SEGURANÇA
E QUALIDADE
capítulo
2
[24]
PERIGOS FÍSICOS
Os perigos físicos são os contaminantes visíveis a olho nu ou corpos estranhos
presentes nos produtos de forma acidental ou intencional (por sabotagem). Po-
dem ser controlados por rigorosas técnicas de inspeção ao longo de toda a cadeia
produtiva de alimentos. Veja no quadro a seguir os casos mais comuns de perigos
físicos aos quais é preciso estar atento.
Contaminação física em
embalagem fechada –
oriunda do fornecedor.
Presença de larva
de inseto em alimento
pronto para consumo.
[26]
PERIGOS QUÍMICOS
Os perigos químicos são contaminantes advindos de substâncias químicas (resí-
duos) ou produtos de degradação do próprio alimento, toxinas naturais ou meta-
bólitos tóxicos.
A contaminação química dos alimentos pode ocorrer em qualquer etapa da
cadeia produtiva. As consequências para o consumidor dependem dos níveis da
contaminação. Podem ocorrer em curto prazo (poucos minutos após a ingestão),
como nos casos agudos advindos de resíduos de metais pesados, pesticidas, adi-
tivos, toxinas de pescados. No longo prazo, causam enfermidades crônicas com
efeito cumulativo no organismo.
Os perigos químicos podem também provocar danos hepáticos ou renais,
com efeitos carcinogênicos, teratogênicos ou tóxicos, e até levar à morte. Veja os
casos mais comuns de perigos químicos no quadro a seguir e as medidas preventi-
vas e de controle a nosso alcance.
A toxina encontrada
nas vísceras de peixes
infláveis, como o
baiacu, pode levar à
morte quando ingerida.
[28]
Toxinas de peixes marinhos Dores abdominais, diarreia, tremores, » Selecionar fornecedores que conheçam o local
(ciguatoxinas de algas perda de sensibilidade na boca, língua e de captura e evitem a pesca em áreas com algas
marinhas, azuis e verdes, garganta, paralisia, efeitos neurológicos tóxicas.
contaminando qualquer (alucinações, amnésias), formigamento,
pescado e molusco bivalve). morte.
[29]
Histamina (pescados com Dor de cabeça, náuseas, vômito, gosto » Armazenar o produto em temperatura inferior
toxina escombroide – atum, metálico, inchaço ao redor dos olhos, a 4ºC desde a captura.
bonito, sardinha, anchovas, lábios, língua e gengiva, coceira,
arenque e outros de pele vermelhidão na face, pescoço e peito.
escura).
Tiramina (queijos, creme de Palpitações, dor de cabeça, vômito, » Não consumir simultaneamente queijos com
leite e outros lácteos ricos hipertensão arterial, fotofobia, acidentes drogas inibidoras de oxidase.
em tirosina). vasculares cerebrais.
» Armazenar em temperatura inferior a 4ºC.
Micotoxinas – toxinas Aflatoxinas » Febre baixa, icterícia, » Controlar a umidade desde a colheita até o
produzidas por bolores edema dos pés, infiltração gordurosa, armazenamento e venda de produtos como: milho,
(aflatoxinas, ocratoxinas, cirrose hepática. arroz e outros cereais, farinhas e temperos secos.
tricotecenos).
Ocratoxinas » Comprometimento renal » Selecionar fornecedores.
e hepático em animais.
É importante ressaltar:
1) Alguns pescados, como cavala, enguias, congro negro e outros, possuem óleos como gympilid, ou óleo ruvettus, que são purgativos, causando diarreia sem dor.
A medida preventiva e de controle indicada é evitar a ingestão desses peixes ou combater os efeitos laxativos.
2) As toxinas de cogumelos causam efeitos neurológicos, entéricos, destruição celular – hepatotóxicos.
3) Vacas que se alimentam de plantas tóxicas (serpentária, estramônio, entre outras) transmitem o efeito tóxico ao leite.
[30]
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA
MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS
E ASPECTOS DE CONSERVAÇÃO
Antes de tratarmos dos perigos biológicos, é preciso entender alguns conceitos e princípios
básicos da microbiologia de alimentos e de conservação. Assim fica mais fácil entender a aplicação
de metodologias que visam à segurança e à qualidade dos produtos.
FASE EXPONENCIAL OU FASE LOG » O termo log, do inglês, significa alcance de uma deter-
minada velocidade de crescimento/reprodução. Nesta fase, a multiplicação dos microrganismos é
contínua. O tempo de geração (tg) é o tempo necessário para dobrar o número de células (em minu-
tos). Ele pode variar de acordo com o microrganismo e com as características ambientais do meio
(temperatura, nutrientes etc.).
As bactérias se multiplicam por divisão binária ou cissiparidade. Elas se alongam, dividem
material genético e criam uma parede que as dividirá em duas iguais, criando uma nova geração.
[31]
Fatores intrínsecos
Os fatores que interferem na qualidade microbiana inerentes aos alimentos são chamados “fatores
intrínsecos”. São eles: potencial hidrogeniônico (pH), atividade aquosa (Aa), potencial de oxirredução,
conteúdo de nutrientes, constituintes antimicrobianos, estruturas biológicas e microbiota própria.
HORTALIÇAS pH
Brócolis 6,5 CARNES pH
Aspargos 5,7 – 6,1 Frangos 6,3 – 6,4
Couve-de-bruxelas 6,3 Presunto 5,9 – 6,1
Batata 5,3 – 5,6 Corned beef 5,5 – 6,0
Cenoura 4,9 – 6,0 Salsichas Frankfurt 6,2
Milho 7,3 Bovina (moída) 5,1 – 6,2
Azeitona 3,6 – 3,8 FRUTAS pH
Tomate 4,2 – 4,3 Ameixa 2,8 – 4,6
LATICÍNIOS pH Figo 4,6
Creme de leite 6,5 Laranja (suco) 3,6 – 4,3
Manteiga 6,1 – 6,4 Maçã 2,9 – 3,3
Queijo 4,9 – 5,9 Morango 3,0 – 3,9
Leite 6,3 – 6,5 Geleia de frutas 3,5
PESCADOS pH
Atum 5,2 – 6,1
Camarão 6,8 – 7,0
Peixe fresco (maioria) 6,6 – 6,8
Salmão 6,1 – 6,3
exigentes em água livre do que as leveduras, e depois vêm os bolores, com exceção do S. aureus.
Estas bactérias toleram uma atividade aquosa baixa.
A atividade aquosa também tem sido muito utilizada para conservar alimentos, adicionando-se
sal ou açúcar aos alimentos cujo prazo de validade se quer aumentar.
Alguns grupos de microrganismos são resistentes à baixa Aa:
MICRORGANISMOS OSMOFÍLICOS » Necessitam de ambientes com baixa Aa, como produtos
muito açucarados.
MICRORGANISMOS OSMODÚRICOS » Suportam, mas não necessitam de ambientes com
muito açúcar.
MICRORGANISMOS HALOFÍLICOS » Necessitam de ambientes com muito sal para se de-
senvolver.
MICRORGANISMOS HALODÚRICOS » Suportam ambientes com muito sal.
MICRORGANISMOS XEROFÍLICOS » Têm afinidade por ambientes secos.
Conteúdo de nutrientes
Além da água, os microrganismos necessitam de alguns nutrientes para se desenvolver. São eles:
FONTE DE ENERGIA (CARBONO) » Presente nos carboidratos, óleos, gorduras. Pode limitar
a multiplicação dos microrganismos. Os bolores são de particular interesse na deterioração
de produtos que contenham esses substratos.
FONTE DE NITROGÊNIO » Presente nos aminoácidos e proteínas, dentre outros.
VITAMINAS » Em geral, todos os alimentos possuem as quantidades necessárias para que
os microrganismos se desenvolvam.
SAIS MINERAIS » Sódio, potássio, cálcio, ferro, cobre, manganês, zinco, fósforo etc. são
indispensáveis para a multiplicação dos microrganismos.
Constituintes microbianos
Alguns constituintes antimicrobianos presentes naturalmente nos alimentos influenciam a
estabilidade de alguns produtos de origem vegetal e animal. Veja alguns exemplos:
ALHO » Possui alicina, uma substância com capacidade antimicrobiana, atuando sobre vários
microrganismos, como, por exemplo, Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Clostridium
botulinum, Penicillium e outros.
CANELA » Possui aldeído cinâmico, substância que atua contra bolores, e eugenol, que atua
contra bactérias.
CONDIMENTOS » Pimenta, orégano, cebola, coentro etc. contêm óleos essenciais com ativi-
dade antifúngica e antibacteriana.
CRAVO » Possui eugenol, que atua contra bactérias.
FRUTAS COMO AMORA, AMEIXA E MORANGO » Possuem ácido benzoico, substância com
ação contra bactérias e fungos, que funciona melhor com pH entre 2,5 e 4,5.
FRUTAS CÍTRICAS » Algumas possuem óleos essenciais, principalmente nas cascas, com
atividade contra fungos e bactérias.
LEITE CRU » Possui várias substâncias com ação antimicrobiana, protegendo contra a dete-
rioração e inibindo a multiplicação de bactérias patogênicas.
[35]
Estruturas biológicas
Algumas estruturas biológicas protegem os alimentos e dificultam o acesso dos microrganis-
mos à sua parte perecível, cujos nutrientes favorecem a multiplicação de microrganismos. Podem
ser citados como exemplos: cascas de sementes, cascas de nozes, casca de arroz, pele e pelo de
animais, casca ou película das frutas.
Microbiota do alimento
A microbiota própria do alimento atua inibindo ou favorecendo a ação de determinados micror-
ganismos. As bactérias láticas, por exemplo, podem produzir ácido lático e bacteriocinas, que inibem ou
eliminam alguns microrganismos patogênicos que podem estar presentes no alimento. Alguns tipos de
leveduras podem favorecer a multiplicação de bactérias ao consumirem os ácidos orgânicos que conferem
acidez ao alimento, tirando assim o fator ácido de proteção. Isto pode acontecer, por exemplo, nos iogurtes.
Fatores extrínsecos
São considerados fatores extrínsecos aqueles relativos ao ambiente e que podem interferir de
forma positiva ou negativa no desenvolvimento dos microrganismos. São eles: temperatura, umidade
relativa e composição gasosa do ambiente.
Temperatura
A temperatura é o fator ambiental que mais interfere na viabilidade e multiplicação dos mi-
crorganismos. Embora haja desenvolvimento de microrganismos entre -8ºC e 90ºC, existe uma tem-
peratura considerada “ótima” para o crescimento microbiano, que é 35ºC.
Os microrganismos podem ser classificados segundo a temperatura mais adequada para seu
crescimento, como veremos na tabela. Há bactérias que crescem em todas as faixas de temperatura,
já os bolores e as leveduras crescem preferencialmente nas faixas de temperatura de mesófilos e
psicrotróficos. O resfriamento e o congelamento não matam bactérias, apenas inibem o seu cresci-
mento, podendo permanecer viáveis durante longos períodos de tempo enquanto congelados.
TEMPERATURA (ºC)
GRUPO
Mínima Ótima Máxima
Mesófilos 5 a 15 30 a 45 35 a 47
Psicrófilos -5 a +5 12 a 15 15 a 20
Psicrotróficos -5 a +5 25 a 30 30 a 35
Termófilos 40 a 45 55 a 75 60 a 90
[36]
450C
300C
Para obter a atmosfera modificada no produto, retira-se a maior parte do oxigênio residual
presente na embalagem. Introduz-se uma mistura de gases (na maioria dos casos nitrogênio e dióxido
de carbono) de forma a inibir a proliferação de microrganismos e a formação de fungos e retardar a
ação enzimática natural em certos produtos. A introdução dos gases é realizada com equipamento
próprio, como as seladoras a vácuo, que podem tanto retirar ar como injetar misturas de gases. A
composição da atmosfera interna depende da embalagem utilizada e do tipo de alimento que se
deseja conservar, assim como do microrganismo cujo crescimento se deseja inibir.
A embalagem com atmosfera modificada apresenta algumas vantagens: favorece a conser-
vação de produtos com alta qualidade, permite boa apresentação, reduz a manipulação do produto
durante a distribuição e a venda, diminui perdas no armazenamento, mantém uma única embalagem
até chegar ao comércio varejista, diminui ou mesmo elimina a necessidade de conservantes. Mas
há algumas desvantagens, como: custo mais elevado, necessidade de equipamento específico, oti-
mização do sistema, especificidade das misturas de gases e embalagens para cada tipo de produto,
embalagens não biodegradáveis.
PRODUTOS SALGADOS » O sal reduz a água livre (Aa) nos alimentos, aumentando sua con-
servação. Por essa razão, produtos salgados podem ser mantidos em temperatura ambiente, como,
por exemplo, o bacalhau, o charque etc. É importante proteger tais produtos em local seco e ventilado
e mantê-los protegidos da ação de pragas.
ANTIESPUMANTES » Substâncias que modificam a tensão superficial dos alimentos líquidos. Ex.:
dimetilpolisiloxana.
Embalagens
As embalagens podem interferir ou não na conservação dos alimentos. Existem as que apenas
protegem o produto contra contaminações externas e alterações ambientais. É o caso das embalagens
de grãos, condimentos e massas. Já para embutidos e enlatados, por exemplo, as embalagens atuam
de forma fundamental para conter a deterioração.
Além da função de contenção e proteção, as embalagens possibilitam o fornecimento de
informações referentes à composição do produto, validade, origem, forma de armazenamento e
uso pelo consumidor. Além disso, algumas induzem o consumidor à compra, ou mesmo facilitam
o transporte e a distribuição. Poderíamos dizer que as embalagens estão a serviço do consumidor.
A integridade das embalagens é, portanto, fundamental para a conservação dos produtos. Tam-
bém merece atenção para a segurança dos alimentos a possível migração de substâncias tóxicas das
embalagens para os produtos. A migração pode ocorrer de três formas: pela transferência de coran-
tes de embalagens impróprias (por exemplo, jornal embrulhando produto úmido), pela migração de
componentes tóxicos das embalagens ou pelo aparecimento de substâncias produzidas no processo
de reciclagem do material da embalagem.
CONSERVADORES » Substâncias que impedem ou retardam a alteração dos alimentos provocada por
microrganismos ou enzimas. Ex.: dióxido de enxofre, metabissulfito de potássio, nitrato de potássio
(salitre), propionato de cálcio, ácido benzoico e seus sais, ácido ascórbico e seus sais etc.
CORANTES » Substâncias que conferem ou intensificam a cor dos alimentos. Ex.: 1) Corantes natu-
rais: açafrão, ácido carmínico/cochonilha. 2) Corantes sintéticos idênticos aos naturais: betacaroteno,
xantofilas, riboflavinas. 3) Corantes artificiais: amarelo crepúsculo, azul brilhante, bordeaux ou ama-
ranto, eritrosina, tartrazina etc.
UMECTANTES » Sustâncias capazes de evitar a perda da umidade dos alimentos. Ex.: glicerol, sorbi-
tol, propileno glicol, lactato de sódio.
[40]
Possibilidade de migração de
substâncias tóxicas das embalagens
Metálicas flexíveis
para os produtos (com amassamento,
(papel alumínio, folhas Possibilitam a reciclagem.
por exemplo, o verniz interno pode se
de aço). Impermeáveis e rígidas.
romper e deixar o produto em contato
Permitem fechamento hermético.
direto com algum metal tóxico da
Possuem resistência mecânica
costura da lata. A contaminação pode
Metálicas rígidas e térmica.
ocorrer principalmente
(latas, tambores de aço
quando o alimento é ácido,
inoxidável, alumínio etc.).
como o suco de tomate, que capta
os íons metálicos para si).
Possibilitam reciclagem.
São barreiras de acordo com A maioria não é biodegradável,
a necessidade – há mais de mas já são produzidas embalagens
Plásticas
40 variedades: polipropileno, biodegradáveis com aditivos
polietileno, cloreto de polivinila oxibiodegradáveis.
(PVC), poliéster, náilon etc.
[41]
PERIGOS BIOLÓGICOS
Os perigos biológicos citados no quadro a seguir são os que podem causar danos à
saúde do consumidor. As bactérias, toxinas, vírus, parasitos ou micotoxinas cau-
sam danos se atingem uma contagem específica, chamada dose infectante.
Ao se realizar uma análise microbiológica, é importante verificar os limites
de tolerância aceitos pela legislação em vigor. Esses limites utilizados como crité-
rios de segurança geralmente ficam bem abaixo da dose infectante.
» Seleção de fornecedores.
Produtos cárneos
Clostridium botulinum. » Processamento térmico com controles rigorosos e
esterilizados também na recravação e resfriamento dos enlatados
para evitar a entrada de outros patógenos.
Salmonella sp..
E. coli enteropatogênica (principalmente » Controlar a qualidade das rações.
entero-hemorrágica e diarreiogênicas). » Evitar a contaminação cruzada.
Clostridium perfringens. » Retirar portadores da manipulação.
Yersinia enterocolitica. » Controlar o gado (portadores do tipo O157:H7).
Toxina de S. aureus (não crítico em » Refrigerar e manter cadeia fria.
carnes in natura, pois são maus » Cozinhar adequadamente.
competidores, ou seja, perdem a » Manter de forma adequada até o consumo. Os frios
competição pelos nutrientes, na presença devem ser mantidos frios e os quentes, quentes.
de outros microrganismos).
Carne in natura
» Eliminar ou reduzir as bactérias do trato intestinal
dos animais (coelhos, carneiros, bovinos, cavalos,
Campylobacter jejuni. suínos e aves).
» Higiene de mãos, utensílios e equipamentos
durante a manipulação, principalmente em
aves cruas.
Parasitos: Taenia sollium (em suínos),
Taenia saginata (em bovinos), » Não consumir carnes cruas ou mal cozidas.
Toxoplasma gondii. » Congelamento (destrói os cistos).
B. cereus (esporo),
C. perfringens (esporo), » Fornecedores com qualidade assegurada que
E raramente: Salmonella spp., garantam aplicação de técnicas como irradiação,
Especiarias e
Shigella, exposição a vapores, tratamento com produtos
condimentos
Toxina estafilocócica, bactericidas e gases como óxido de etileno.
Areomonas hydrophila, » Armazenamento em local seco e fresco.
Listeria monocytogenes.
Vibrio para-haemolyticus,
Vibrio cholerae,
Vibrio vulnificus,
Vibrio mimicus,
Vibrio hollisae, » Fornecedor com Boas Práticas implantadas, com
Vibrio fluialis, captura em águas limpas e longe de contaminação
Pleisiomonas, por esgoto.
Pescados crus
refrigerados e
Aeromonas, » Manutenção da cadeia fria.
congelados (peixes,
Clostridium botulinum tipo E. » Cozimento adequado.
moluscos e crustáceos) Giárdia. Diphylobothrium » Evitar contaminação cruzada.
(em peixes importados). » Congelamento (para os parasitas).
» Higiene nas superfícies e na manipulação durante
Vírus da hepatite A. o processamento.
Salmonella spp.,
Shigella sp.,
Campylobacter,
vírus Norwalk.
[43]
Aeromonas,
Shigella sp.,
L. monocytogenes, » Antes do consumo, garantir lavagem e desinfecção
Pratos quentes prontos apropriadas para a eliminação da contaminação por
Yersinia enterocolitica,
para o consumo com água, solo, fezes.
S. aureus,
matérias-primas e
C. botulinum, » Manipulação com higiene.
ingredientes crus
Salmonella spp., » Evitar contaminação cruzada.
Vibrio cholerae, » Manutenção em temperatura segura.
vírus Norwalk.
É IMPORTANTE RESSALTAR:
1 Em relação aos alimentos mistos (crus com cozidos) e lanches rápidos, de rotis-
seria e similares, tanto os perigos como as medidas de controle devem ser consi-
derados de acordo com os ingredientes utilizados. As medidas preventivas passam
pelo controle do tempo e da temperatura, da higiene e das condições ambientais.
2 Toxina estafilocócica: S. aureus dificilmente sobrevivem com tratamento térmico
efetivo, acima de 70ºC, mas pode haver contaminação posterior na manipulação,
assim como por patógenos entéricos, cocos e bacilos gram-positivos.
3 Frutas congeladas, caso sejam manipuladas adequadamente, em boas condi-
ções de higiene, não apresentam riscos.
4 Iogurte e similares: em produtos fermentados, os patógenos são inibidos devido
ao pH baixo.
5 Nos pescados esterilizados (sardinha e atum enlatados), a autoclavação destrói
os patógenos biológicos. A esterilização de alimentos é usualmente denominada
“esterilização comercial”, para diferenciá-la do entendimento de esterilização em
serviços de saúde. Na esterilização comercial são eliminadas todas as bactérias
patogênicas existentes no produto, tanto na forma vegetativa como na esporulada.
6 Vegetais comercialmente esterilizados: em conservas artesanais, há relatos de
presença de toxina botulínica. Em produtos subprocessados, de toxina estafilo-
cócica. Portanto, a medida preventiva de controle é a qualidade assegurada pelo
fornecedor. E para a toxina botulínica, a fervura do produto antes do uso, para ina-
tivação da toxina.
7 Vegetais congelados: em geral passam pela etapa de branqueamento, eliminan-
do as bactérias patógenas não formadoras de esporos.
PERIGOS DA QUALIDADE
Os perigos da qualidade são os contaminantes de natureza biológica, química ou
física, ou ainda alguma condição do próprio alimento que possa alterar as caracte-
rísticas do produto, mesmo não causando danos à saúde. Essas alterações podem
estar relacionadas a fraudes econômicas, alterações sensoriais, danos nas emba-
lagens e outras situações.
» Guelras esfregadas com papel de seda vermelho (que solta tinta) ou com
sangue de galinha.
» Retirada da cabeça do peixe e corte em postas para impedir o exame das
características pelo consumidor.
»Aplicação de água oxigenada para melhorar a aparência dos peixes.
» Uso de carnes alteradas (sobras do açougue) para fabricação de embu-
tidos etc.
ALIMENTOS EM GERAL
» Qualquer tipo de produto
» Prazo de validade vencido, produto visivelmente deteriorado, produto
avariado (rasgado, amassado, violado, perfurado): causam deterioração
do produto e danos diversos.
- Medidas preventivas e de controle
» Retirar o produto da exposição à venda.
PRODUTOS CÁRNEOS
» Serratia marcescens: causa pigmentação vermelha.
» Pseudomonas syncynea: causam pigmentação azul na superfície.
» Pseudomonas fluorecens: causam pigmentação esverdeada fluorescente na su-
perfície com odor alterado. Também pode ocorrer em carnes de aves.
» Pseudomonas mephitica, Shewanella putrefaciens, Lactobacillus sake: causam
produção de H2S, além do esverdeamento em carnes a vácuo refrigeradas.
» Pseudomonas spp, Aerobacter, Moraxella, bactérias láticas: causam mela (visco-
sidade) ou slime, quando em número elevado de microrganismos.
» Bacillus, Clostridium, Proteus, Aeromonas, Pseudomonas: causam mudança de
textura devido à ação das enzimas da carne não tratada termicamente ou de enzi-
mas microbianas que amolecem e mudam o aroma do produto e causa elevação
do pH, com o seguinte critério de aceitação: a) pH entre 5,1 e 6,2: bom para o con-
sumo; b) pH 6,4: limite crítico, consumir imediatamente; c) pH acima de 6,4: início
de decomposição.
» Bactérias láticas: causam redução da vida de prateleira de produtos curados e
cozidos embalados a vácuo (adicionados de nitritos), por esverdeamento e acúmulo
de peróxido de hidrogênio (salsichas, linguiças e mortadelas).
» Bacillus psicrófilos: causam acidificação, viscosidade e odor desagradável em
produtos curados e cozidos embalados a vácuo (adicionados de nitritos).
[48]
LATÍCINIOS
» Leites pasteurizados
» Bacillus cereus: produz lecitinase, causando aparência desagradável e modifi-
cação do sabor.
- Medidas preventivas e de controle
» Selecionar fornecedores com boas condições de higiene para evitar a
recontaminação após a pasteurização.
» Queijos moles
» Bactérias proteolíticas: causam odor desagradável.
- Medidas preventivas e de controle
» Selecionar produtores com Boas Práticas implantadas.
[50]
» Manteiga
» Pseudomonas putrefaciens: causa odor pútrido.
» Pseudomonas: bolores e enzimas presentes no leite, que produzem áci-
do butírico e causam rancidez.
» P. fragi, P fluorescens (contaminação pós-pasteurização do leite): cau-
sam odor de frutas.
» Streptococcus lactis: causa odor de malte (mesmo após a pasteurização).
» P. nigrifaciens e bolores: causam mudança de cor (após o tratamento
térmico).
- Medidas preventivas e de controle
» Selecionar fornecedores com Boas Práticas implantadas, higiene
no processo produtivo (inclusive na pós-pasteurização do leite).
» Evitar contaminação cruzada.
» Iogurtes e similares
» Bactérias láticas (vivas) produzem o ácido devido à temperatura inade-
quada ao tempo de estocagem: causam acidez excessiva com retração do
coágulo que libera mais soro.
»Leveduras (odor leve de álcool: fermentação alcoólica): causam estufa-
mento, sabores estranhos e produção de gases.
» Coliformes (contaminação na indústria): causam estufamento.
- Medidas preventivas e de controle
» Manutenção da cadeia fria.
» Utilização do produto dentro do prazo de validade.
» Fornecedor com Boas Práticas implantadas, higiene nas instalações
e uso de matéria-prima não contaminada, como polpas e açúcar.
» Desprezar embalagens estufadas ou produtos com mau odor.
PESCADOS
» Pescados crus refrigerados e congelados (peixes, moluscos e crustáceos)
» Pseudomonas, Shewanella, Sarcina, Micrococcus, Bacillus, Moraxella,
Acinetobacter, Alcaligenes, fungos; microrganismos do trato gastrintesti-
nal e da pele que atingem o tecido muscular, provocando a decomposição
proteolítica: causam amolecimento dos tecidos e odores característicos de
deterioração.
- Medidas preventivas e de controle
» Congelamento efetivo para evitar o problema.
» Boas Práticas na captura e lavagem do pescado.
» Retirada das vísceras.
» Manutenção da cadeia fria.
» Pescados curados
» Bactérias halotolerantes (Microcococcus): causam deterioração e conse-
quente alteração no odor.
[51]
» Pescados defumados
» Pseudomona, Moraxella, Acinetobacter, Bacillus, Micrococcus, fungos: cau-
sam alteração sensorial (aspecto, odor, textura).
- Medidas preventivas e de controle
» Selecionar fornecedores com Boas Práticas implantadas e que garan-
tam um processo correto de defumação e resfriamento.
[52]
» Vegetais congelados
» Bactérias láticas; Leuconostoc mesenteroides; Enterococcus; Coliformes: cau-
sam deterioração de vegetais.
- Medidas preventivas e de controle
» Realizar branqueamento antes do congelamento, para reduzir carga mi-
crobiana de enzimas e de seus efeitos.
» Manter a temperatura recomendada.
» Frutas congeladas
» Fungos (bolores e leveduras): causam deterioração.
- Medidas preventivas e de controle
» Garantir a correta temperatura na estocagem.
» Garantir a integridade da embalagem.
[53]
» Vegetais desidratados
» Bactérias láticas nos produtos que sofrem branqueamento. Nos que não
sofrem branqueamento, permanece a microbiota dos vegetais crus: causam
deteriorações diversas.
- Medidas preventivas e de controle
» Selecionar fornecedores com Boas Práticas implantadas e que garantam:
» a utilização de produtos crus com baixa contaminação inicial e grau de
maturação controlado.
» a limpeza dos equipamentos.
» um branqueamento adequado (se aplicável) e controle da umidade na
estocagem e integridade da embalagem.
» Grãos de cereais
» Bolores: Cladosporium; Aspergillus; Fusarium; Alternaria; Rhizopus SP: cau-
sam emboloramento de grãos (odor de mofo, redução do glúten).
» Coliformes: Enterococcus (devido a fezes de insetos, pássaros, ratos e outros
animais): são indicadores de falhas de higiene.
» Bacillus, bactérias láticas, Pseudomonas: causam contaminação (pelo solo,
campo, ambiente e outros grãos).
- Medidas preventivas e de controle
» Garantir adequadas condições de estocagem com controle da umidade
e temperatura.
» Fumigação dos grãos (no fornecedor), reduzindo simultaneamente in-
setos e mofos.
[56]
» Farinhas
» Insetos de grãos (carunchos, gorgulhos, mariposas ou traças), ácaros, parasi-
tas, roedores, besouros (como Tenebrio molitor e Tribolium, que se alimentam de
fungos e detritos e quebram os grãos armazenados): causam danos quantitativos
e qualitativos ao produto.
- Medidas preventivas e de controle
» Selecionar fornecedores com Boas Práticas implantadas e que garantam:
» desinfestação,
» fumigação,
» armazenamento nos silos,
» controle da umidade e da temperatura,
» controle da contaminação cruzada,
» retirada de focos residuais dos depósitos para evitar ataque a novas re-
messas no armazenamento e na exposição à venda,
» controle efetivo de pragas.
MOLHOS E CONDIMENTOS
» Especiarias e condimentos
» Não sofrem deterioração devido à baixa atividade aquosa e à presença de
substâncias antimicrobianas. Porém, são fontes de bolores e esporos de bac-
térias.
» Vinagres
» Bactérias acéticas (inerentes ao produto): causam formação de película e
depósito com alteração do aspecto e sabor.
- Medidas preventivas e de controle
» Armazenamento sob refrigeração.
OVOS
» Pseudomonas aeruginosa e P. fluorescens: causam coloração esverdeada
na clara (fluorescência), se for exposta à luz ultravioleta. E alterações na gema,
levando ao seu rompimento.
» Outras Pseudomonas: causam coloração rósea na clara e precipitado róseo
na gema.
» Serratia: causam manchas roxas.
» Proteus e às vezes Pseudomonas e Aeromonas: causam enegrecimento
(H2S) e odor pútrido.
» Bolores: causam odor de mofo, coagulação ou liquefação do ovo.
» Penicillium: causam manchas puntiformes amarelas, verdes ou azuis dentro
da casca.
» Cladosporium: causam manchas verde-escuras ou negras.
» Sporotrichium: causam manchas róseas, roxas (com gelatinização da clara).
» Penicillium, Cladosporium, Sporotrichium, Mucor e Alternaria: causam mu-
cosidade superficial e emboloramento em toda a casca.
» Micélios de bolores (penetração pelos poros ou rachaduras): causam apo-
drecimento.
» Microrganismos proteolíticos: causam alterações sensoriais (odor e sabor)
com produção de H2S, amônia, aminas indol, ureia.
- Medidas preventivas e de controle
» Proteção da cutícula pela própria casca e membrana interna.
» Controle da umidade relativa do ambiente.
» Evitar oscilação de temperatura do produto.
» Garantir boas condições de higiene no ambiente de armazenagem.
» Não utilizar ovos rachados ou com bolores aparentes.
[59]
DOENÇAS DE
ORIGEM ALIMENTAR
capítulo
3
[62]
AGENTES PATOGÊNICOS
BACTÉRIAS CAUSADORAS DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS
Aeromonas
Fontes Água doce, água salgada, efluentes.
e disseminação
Alimentos envolvidos Mariscos, aves, carne vermelha, leite cru, vegetais e água.
Infecção Os sintomas dependem da espécie.
Aeromonas hydrophila – causa diarreia similar ao cólera.
Aeromonas sobrea – causa disenteria similar à causada por Shiguella.
Medidas preventivas - Saneamento básico.
e de controle - Cozimento adequado.
- Prevenção da contaminação cruzada.
- Boas práticas de higiene.
Bacillus cereus
Fontes O solo contém os esporos bacterianos, que também é encontrada na água e na superfície de grãos
e disseminação de cereais e dos vegetais. Através da poeira e sujidades, ela chega também ao leite cru.
Alimentos envolvidos O tipo emético é mais descrito em arroz cozido ou frito, preparado e guardado inadequadamente
para uso posterior. É menos frequente e mais violento. Já o tipo diarreico é mais comum, sendo
descrito maior número de surtos em pratos ou sobremesas contendo amido ou cereais, tais como:
pudins, pratos com milho e canjicas. Também são importantes o feijão cozido, verduras cozidas,
sopas, molhos, bolos e empadões de carne.
Toxinfecção Existem dois tipos de B. cereus: o emético e o diarreico. O tipo emético produz uma enterotoxina
termoestável no alimento (intoxicação alimentar), causando vômito, náuseas, raras vezes diarreia,
sem febre. O período de incubação é de uma a seis horas. O tipo clássico ou diarreico causa
infecção intestinal com fortes diarreias, náuseas, vômitos raros e sem febre, sintomas que surgem
após oito a 22 horas.
Medidas preventivas Dependem da destruição dos esporos pelo processamento térmico e do controle de temperatura
e de controle para impedir sua germinação e multiplicação em alimentos cozidos, prontos para o consumo.
Portanto, deve-se evitar preparar alimentos com muita antecedência; alimentos cozidos
à temperatura ambiente; utilizar métodos de resfriamento rápido, para levar o alimento a
temperaturas abaixo de 5ºC; estocar alimentos quentes, acima de 60ºC, até o momento de servir;
reaquecer os alimentos rapidamente a 70ºC ou acima.
Campylobacter jejuni
Fontes Água, intestinos do homem e da maioria dos animais domésticos e de vida livre.
e disseminação
Alimentos envolvidos Pratos à base de carnes de aves; leite não pasteurizado.
Toxinfecção Pessoas doentes apresentam diarreia, cólicas, dores abdominais e febre, de dois a cinco dias após
a exposição ao microrganismo. A diarreia pode ser sanguinolenta e vir acompanhada de náusea e
vômitos. A doença dura cerca de uma semana e raramente leva a pessoa à morte. Muitas pessoas
que se infectam com este microrganismo não apresentam sintoma.
Medidas preventivas - Higiene pessoal.
e de controle - Prevenção à contaminação cruzada.
- Tratamento térmico eficiente.
Clostridium botulinum
Fontes O C. botulinum é encontrado no solo e na água, especialmente nos sedimentos. Dessas fontes,
e disseminação através do contato direto ou da poeira, chegam aos pescados, vegetais e produtos de origem
animal.
Alimentos envolvidos As conservas caseiras, de vegetais, pescado e carnes, são responsáveis por grande número de
surtos. Patês, escabeche de peixe, pescado defumado, produtos industrializados apertizados, bolos
de aves, ensopados, saladas, palmitos e azeitonas (produzidos de modo inadequado) já foram
relatados em casos de botulismo.
Toxinose A toxina botulínica, causadora do botulismo, é muito potente. Os seguintes tipos são conhecidos:
A, B, C, D, E, F e G. Destas, as do tipo A, B, E e F são envolvidas em doença humana. A toxina é
uma proteína termolábil, podendo ser inativa por um tratamento de 10 minutos a 100ºC. Uma vez
ingerida a toxina, os sintomas aparecem entre 12 e 72 horas, começando com náuseas, vertigens,
visão dupla, dificuldade de deglutir, paralisação da respiração e morte. Pode-se evitar a morte
administrando-se o soro específico (ou polivalente) para a toxina ingerida.
Medidas preventivas Inibir a germinação dos esporos e a proliferação das formas vegetativas, com consequente
e de controle produção de toxina. Processamento térmico apropriado dos alimentos enlatados em geral inativam
os esporos.
[67]
Nota: Estudos recentes indicam que, além dessas quatro categorias de E. coli aqui citadas, uma outra E.
coli, a enteroagregativa (EAggEC) tem sido identificada como causadora de doenças. Embora existam poucas
informações a seu respeito, sabe-se que o mecanismo da doença ocorre por adesão, sem invasão, à mucosa
intestinal, produzindo toxinas. Causa diarreia aquosa por mais de duas semanas, principalmente em crian-
ças. A doença por por EaggEC está associada a problemas nutricionais e ao retardo de crescimento.
Listeria monocytogenes
Fontes Solo, água, sedimentos marinhos e vegetais.
e disseminação
Alimentos envolvidos Queijos, produtos cárneos, pescados crus e vegetais, entre outros.
Toxinfecção A doença causa desde um leve resfriado, diarreia, febre e mal-estar, até quadros mais graves como
meningite, aborto e septicemia. O período de incubação é variável.
Medidas preventivas - Boas práticas de higiene.
e de controle - Tratamento térmico.
- Prevenção de recontaminação.
Pleisomonas shiguelloides
Fontes Reservatórios, que incluem aves, peixes, crustáceos, mamíferos (cães, gatos, ovelhas), répteis e
e disseminação seres humanos. Isolada em água doce.
Alimentos envolvidos Peixes de água doce e vários animais. A água é, provavelmente, o maior transmissor da doença
para o homem (água suja para beber, de uso recreativo ou para lavar alimentos a serem
consumidos crus, sobretudo no verão).
Infecção Febre, calafrios, dor abdominal, náusea, diarreia e vômito, após 20 a 24 horas do consumo do
alimento ou da água contaminada. Dose infectante superior a 1 milhão de organismos.
Diarreia aquosa (sem sangue ou muco); em casos mais graves, as fezes podem ser
amarelo-esverdeadas espumosas.
Em pessoas debilitadas pode haver complicações, septicemia e morte.
Medidas preventivas - Saneamento básico.
e de controle - Cozimento adequado.
- Prevenção da contaminação cruzada.
- Boas práticas de higiene.
[70]
Salmonella spp.
Fontes Trato intestinal do homem e dos animais doentes ou portadores. As fezes podem se disseminar,
e disseminação direta ou indiretamente, para matérias-primas cruas (carne bovina, suína, aves e pescado)
no processo de abate, limpeza e desossa. Nos vegetais, ocorre através do esterco, águas
contaminadas e manuseio. Podem ser encontradas no interior de ovos (contaminação
transovariana). Na cozinha se disseminam principalmente através da contaminação cruzada, falta
de higiene pessoal e presença de insetos.
Alimentos envolvidos Produtos de origem animal (carnes, aves, ovos e leite), produtos contendo ovos, tais como
maionese, cremes e recheios. Vegetais crus, frutas (melão, melancia), sementes comestíveis e
qualquer alimento manipulado com pouca higiene.
Infecção Todo sorotipo de Salmonella é potencialmente patogênico. O número de microrganismos
necessários para que se desenvolva a infecção varia com o sorovar. O período de incubação varia
de oito a 22 horas. Os sintomas são: náusea, vômito, dores abdominais com diarreia, podendo
haver febre ou não. Surtos e casos esporádicos têm sido associados com uma variedade de
alimentos, sendo carnes e aves, bovinos e suínos, ovos e vegetais os mais frequentes. Ostras
cruas, salmão, salada de atum e coquetel de camarão foram veículos de surtos ocorridos em
diversas partes do mundo.
Medidas preventivas Aquecer o alimento para eliminar as bactérias (65ºC a 74ºC). Manter os alimentos a uma
e de controle temperatura abaixo de 5ºC. Prevenir contaminação cruzada após ter sido realizada a cocção.
Não permitir que pessoas que apresentem sintomas de enterite ou que sejam portadoras de
Salmonella manipulem alimentos.
Shigella spp.
Fontes Trato intestinal de pessoas com a doença Shigelose. As fezes podem se disseminar para águas e
e disseminação alimentos, contaminando-os. Hortaliças irrigadas ou adubadas com esgotos são perigosas.
Alimentos envolvidos Águas de poço e alimentos manipulados por pessoas portadoras, principalmente alimentos prontos
para o consumo e que não sofrerão tratamento térmico. Outros alimentos úmidos de vários tipos:
leite, feijão, batata, peixe, camarão, peru etc.
Infecção Infecção intestinal intensa, apresentando desidratação, fezes com presença de sangue, cólicas,
vômitos e febre. O período de incubação é de 12 a 72 horas.
Medidas preventivas Evitar a contaminação dos abastecimentos de água com dejetos humanos. Atentar para as
e de controle Boas Práticas de higiene e sanificação durante o processamento de alimentos. Cozinhar bem os
alimentos e resfriar os que serão consumidos frios, rapidamente e em pequenas porções.
Staphylococcus aureus
Fontes Encontrada nas cavidades bucal e nasal do homem e dos animais, bem como na pele e nas
e disseminação fezes. Há disseminação entre os humanos e destes para os alimentos. Também pode acontecer
indiretamente, por meio de fragmentos de pele, ou por secreções do trato respiratório. Além
da contaminação por manipuladores de alimentos portadores de S. aureus, essa bactéria pode
ser introduzida no alimento a partir de equipamentos e utensílios usados no processamento de
alimentos, como moedores de carne, facas, tábuas de cortar e serras. Os animais constituem outra
fonte importante, pois são frequentemente colonizados por esse microrganismo, podendo resultar
na contaminação de alimentos, sobretudo do leite obtido de animais com mastite.
Alimentos envolvidos Pratos de carne ou frango cozido (empadões, fricassé, risoto), peru recheado, salsichas, bolos
recheados, creme de leite, chantilly, queijos (especialmente os frescais), salgadinhos, presuntos,
bacon e outros produtos industrializados.
Toxinose O microrganismo S. aureus produz diversos tipos de toxina (tipos A, B, C, D, E, F), chamadas
enterotoxinas, nos alimentos em que se desenvolve. Essas toxinas são termoestáveis (suportam
aquecimento da ordem de 100ºC), podendo o alimento envolvido em um surto não apresentar S.
aureus viável, mas sim a toxina.
Medidas preventivas Minimizar o tempo / temperatura inadequado, sobretudo na pós-cocção. Exigir que os
e de controle manipuladores de alimentos sigam as Boas Práticas de higiene. Utilizar refrigeração adequada
para os alimentos após a cocção. Evitar o preparo dos alimentos com muita antecedência.
[71]
Vibrio cholerae
Fontes Fezes humanas, estuários, baías e águas salgadas.
e disseminação
Vibrio parahaemolyticus
Fontes Ocorre naturalmente em estuários e ao longo de outras áreas litorâneas na maior parte do mundo.
e disseminação Os frutos do mar contaminados são os responsáveis pela disseminação.
Alimentos envolvidos Frutos do mar, em especial os ingeridos crus ou mal cozidos. A contaminação cruzada pode
originar problemas em outras preparações cozidas de modo adequado e recontaminadas (risoto de
camarão, por exemplo).
Infecção Os sintomas mais comuns são diarreia, dores abdominais, náusea, vômito e cefaleia. O período
de incubação é de 12 a 18 horas. A doença tem sido associada ao consumo de caranguejos
contaminados, ostras, camarão, lagosta e peixe cru.
Medidas preventivas Coccionar os frutos do mar por completo. Prevenir contaminação cruzada depois da cocção.
e de controle Realizar práticas adequadas de higiene pessoal e alimentar. É importante destacar que este
microrganismo não resiste ao resfriamento e congelamento. Evitar ingerir alimentos crus.
Vibrio vulnificus
Fontes Ambiente marinho (Atlântico, Pacífico e Golfo do México, sobretudo). Nos meses quentes, os níveis
e disseminação são mais elevados. Necessitam de sal para sobreviver.
Alimentos envolvidos Ostras, moluscos e caranguejos.
Obs.: Menos de cem organismos podem causar a doença.
Infecção Causa infecção com febre, náuseas, feridas (lesões bolhosas na pele), choque séptico.
Obs. 1: Dor abdominal, vômito e diarreia (raros); morte em 50% dos casos;
Obs. 2: Pessoas mais suscetíveis e que podem ter sintomas mais graves: as que têm doenças
hepáticas, alcoolismo, câncer, diabetes, problemas renais, Aids, além dos idosos.
Medidas preventivas e Cozimento efetivo. Evitar a contaminação cruzada. Nos meses mais quentes, refrigerar
de controle rapidamente as ostras e realizar depuração. Indivíduos de alto risco não devem consumir ostras
cruas.
Yersinia enterocolitica
Fontes Intestino animal (porco, roedores, bovinos, cavalos, coelhos, cachorros e gatos).
e disseminação
Alimentos envolvidos Água, carne de porco mal cozida (incluindo miúdos).
Toxinfecção Os sintomas prevalentes são: dor abdominal no lado direito e febre, semelhantes à apendicite
aguda, porque ocorre intensa inflamação do íleo terminal. Podem ocorrer complicações, como
artrite reumatoide, erupções na pele, conjuntivite, bacteremia. Período de incubação de cinco a sete
dias.
Medidas preventivas - Tratamento térmico.
e de controle - Higiene adequada (geral).
[72]
ROTAVÍRUS
Fontes e disseminação Trato intestinal humano e água contaminada.
Alimentos envolvidos Água, gelo, alimentos crus e prontos para o consumo, tais como saladas e frutas.
Infecção Vômitos e diarreia, dor abdominal e febre branda (doença mais comum em crianças do que em
adultos). Período de incubação: de um a três dias.
Medidas preventivas - Adquirir mariscos de fontes aprovadas.
e de controle - Evitar a contaminação cruzada.
- Tratamento térmico.
- Boas Práticas de higiene geral durante o processamento.
VÍRUS DA HEPATITE A
Fontes e disseminação Trato intestinal e urinário de seres humanos e água contaminada.
Alimentos envolvidos Água, gelo, mariscos, saladas, frios e sanduíches, frutas e sucos de frutas, leite e derivados,
hortaliças e qualquer alimento que não receba tratamento térmico.
Infecção Afecção leve ou ausência de sintomas, surgimento súbito de febre, desconforto geral, fadiga, dor
de cabeça, náuseas, perda de apetite, vômitos, dor abdominal e icterícia depois de alguns dias.
Período de incubação: de dez a 15 dias.
Medidas preventivas - Adquirir mariscos de fontes aprovadas.
e de controle - Evitar a contaminação cruzada.
- Tratamento térmico.
- Boas Práticas de higiene geral durante o processamento.
- Uso de água potável.
[75]
Nota: Apesar de os vírus da família Norwalk e de os rotavírus serem as principais causas de gastrente-
rite viral, outros vírus foram associados a surtos, tais como: astrovírus, calcivírus, adenovírus e parvo-
vírus. Todos com sintomas leves de náusea, vômito, diarreia, mal-estar, dor abdominal, cefaleia e febre
(Inppaz, 2001).
AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA:
METODOLOGIA EM CASO DE SURTOS
Para o sucesso da avaliação, é fundamental que as ações sejam tomadas
com rapidez, tão logo verificados os primeiros sintomas. É importante providen-
ciar a coleta dos materiais orgânicos dos acometidos (fezes, vômito e sangue) an-
tes de administrar tratamento antibiótico. Os materiais devem ser encaminhados
rapidamente ao laboratório clínico para a realização dos exames. Em casos espe-
ciais, exames químicos ou histológicos podem ser necessários, e os responsáveis
precisam ter à mão nomes de laboratórios preparados para cada tipo de análise.
[80]
EXEMPLOS DE FORMULÁRIOS
3 Conclusão do surto
Data:
Quem informou o ocorrido:
Local do ocorrido:
Número de envolvidos:
Sintomas:
Período de incubação: Duração da enfermidade:
Alimento veiculador:
Fatores possíveis que contribuíram para o surto:
Resultados laboratoriais Número de amostras Número de casos positivos Agente
Diarreia
Vômitos
Sangue
Alimentos (especificar)
Alimento e agente responsável:
Medidas de controle adotadas:
Data: Responsável:
[82]
[83]
[83]
BOAS PRÁTICAS
NA DISTRIBUIÇÃO
E COMERCIALIZAÇÃO
DE ALIMENTOS
capítulo
4
[84]
O PROGRAMA DE BOAS PRÁTICAS que será apresentado neste capítulo inclui os re-
quisitos que devem ser implantados, implementados e mantidos nos estabelecimen-
tos que comercializam alimentos do setor atacadista e varejista. O objetivo é orientar
sobre a melhor maneira de cumprir as exigências. Quanto melhor for a implantação,
maior será o sucesso e a facilidade na implementação do sistema APPCC (Análises de
Perigos e Pontos Críticos de Controle), que estará mais detalhado no capítulo 7.
Estes são os temas que compõem o Programa de Boas Práticas.
EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES
EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS
ETAPAS OPERACIONAIS
CONTROLE DE QUALIDADE/GARANTIA DA QUALIDADE
POP 1 | CONTROLE DA POTABILIDADE DA ÁGUA
POP 2 | HIGIENE DAS INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
POP 3 | HIGIENE E SAÚDE DOS MANIPULADORES
POP 4 | MANEJO DE RESÍDUOS
POP 5 | MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CALIBRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
POP 6 | CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS
POP 7 | SELEÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS, INGREDIENTES E EMBALAGENS
POP 8 | PROGRAMA DE RECOLHIMENTO DE ALIMENTOS
EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES
EDIFICAÇÕES/LAYOUT
Em princípio, todo estabelecimento deve estar legalmente habilitado pelos
órgãos competentes quanto aos documentos de autorização de funcionamento.
As edificações dos estabelecimentos de comércio atacadista e varejista, as-
sim como os demais que trabalham com alimentos, devem estar localizadas em
áreas livres de focos insalubres, lixo, objetos em desuso, animais, insetos, água
estagnada, roedores e outros que possam contaminar os produtos alimentícios,
superfícies, utensílios e embalagens.
A planta física e as instalações devem ser de construção sólida e os mate-
riais utilizados não podem transmitir nenhum contaminante aos alimentos. De-
ve-se garantir também o fluxo ordenado do alimento desde o recebimento até a
exposição para a venda/distribuição, de forma que sua trajetória seja linear (par-
tindo do recebimento, passando pelo armazenamento e posteriormente para os
setores de pré-preparo, preparo e exposição), ou seja, da área “suja” para a área
“limpa”. Isso evita o fluxo cruzado e a possibilidade de recontaminação dos pro-
dutos prontos ou tratados.
O layout deve prever a separação física ou funcional das áreas de trabalho
de acordo com as características de cada setor, além de separar as áreas críticas
como banheiros, depósito de resíduos, casa de máquinas, entre outros (detalhes
serão vistos no próximo capítulo). É indispensável um sistema eficiente de escoa-
mento de águas residuais com proteção contra pragas.
As vias de acesso interno devem estar sempre limpas e ter superfície dura
ou pavimentada, adequada ao trânsito sobre rodas. Além disso, os acessos devem
ser diretos, não comum a outros usos, como habitação, por exemplo, e estar livres
de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente.
É fundamental determinar áreas distintas para recebimento de mercado-
rias (preferencialmente com docas para veículos), estocagem, produção/manipu-
lação e exposição à venda. Os materiais tóxicos, explosivos e inflamáveis precisam
ser mantidos separados das áreas de produção/manipulação e armazenamento de
alimentos.
Deve-se prever espaço adequado nas áreas de preparo e manipulação de
alimentos, especificamente para a realização da higienização de equipamentos e
utensílios. Este espaço poderá estar fisicamente separado ou dentro dessas áreas,
desde que não causem a contaminação dos alimentos por respingos ou pela pro-
ximidade.
Os materiais limpos devem ser mantidos em locais apropriados e protegi-
dos de contaminação (mais detalhes serão vistos no próximo capítulo).
[86]
INSTALAÇÕES
PISOS E RALOS
Os pisos devem ser de material que permita uma fácil e apropriada higieni-
zação, ou seja, impermeáveis, lisos, com característica antiderrapante, resistentes
ao trânsito, drenados com declive em direção aos ralos ou canaletas. Devem ser
mantidos limpos e em adequado estado de conservação, sem trincas ou buracos.
O sistema de drenagem corretamente dimensionado e projetado evita o
acúmulo ou o refluxo de resíduos. Os ralos devem ser sifonados e possuir tampos
dotados de sistema de fechamento escamoteável (ou outra forma) que impeça
a entrada de pragas vindas da tubulação e evite que elas se alojem no interior do
ralo. Os ralos também devem impedir a entrada de resíduos sólidos para evitar
entupimentos e mau odor no ambiente. A instalação de telas é uma boa alternati-
va de proteção a ser instalada nos ralos e canaletas.
As canaletas devem cumprir a mesma exigência dos ralos, além de preci-
sarem ser inteiramente revestidas com material que as torne lisas, para evitar o
acúmulo de resíduos e facilitar a limpeza.
PAREDES E DIVISÓRIAS
Acabamento liso, impermeável e de fácil higienização é o ideal para pa-
redes e divisórias. A altura das paredes deve ser adequada a todas as operações
e preferencialmente de cor clara. Devem ser mantidas em adequado estado de
conservação, livres de rachaduras, trincas, infiltrações, bolores e descascamen-
tos. Não deve haver aberturas que propiciem a entrada ou o abrigo de pragas en-
tre as paredes e os tetos.
[87]
TETOS E FORROS
Acabamento liso, impermeável, lavável e de cor clara: essas são as exi-
gências básicas para tetos e forros. Caso haja aberturas para ventilação, estas
devem possuir telas com espaçamento de 2 mm e serem removíveis para a lim-
peza. Goteiras, fungos, trincas, rachaduras ou descascamentos precisam ser eli-
minados, pois o estado de conservação de tetos e forros são fundamentais para a
segurança.
PORTAS
As superfícies das portas devem ser lisas, de cor clara, de fácil higienização,
de material não absorvente, sem falhas de revestimento, ajustadas aos batentes,
com fechamento automático. É recomendável a existência de barreiras ou meca-
nismos de proteção contra a entrada de insetos e roedores.
JANELAS
As janelas devem ter superfície lisa, de fácil higienização, ajustadas aos ba-
tentes e sem falhas de revestimento. Devem ainda possuir proteção contra a en-
trada de insetos e roedores (telas de malha de 2 mm ou outro sistema). Além disso,
é preciso manter as janelas em adequado estado de conservação, com proteção
para que os raios solares não incidam nos alimentos e equipamentos.
BANCADAS
As bancadas das áreas de manipulação de alimentos devem ser de material
liso, lavável, resistente e impermeável, preferencialmente em inox.
[88]
VENTILAÇÃO E EXAUSTÃO
A ventilação e a circulação de ar devem proporcionar conforto térmico e re-
novação de ar no ambiente. O mecanismo de ventilação/exaustão pode ser natu-
ral ou mecânico, a fim de minimizar a contaminação dos alimentos pelo ar através
de aerossóis e gotas de condensação. A boa circulação de ar evita problemas como
impregnação de gorduras no teto, nas pinturas e luminárias, bem como minimiza
riscos de incêndio.
Podem ser instalados sistemas de exaustão do tipo individual ou centra-
lizado (coifa adaptadora, filtro, exaustores, chapéu etc.), o importante é que o
ambiente fique livre de fungos, gases, fumaça, poeira, partículas em suspensão e
condensação de vapores.
Os sistemas de ventilação devem ser projetados e construídos de tal forma
que o ar não circule das áreas contaminadas para as limpas. Além disso, o fluxo
de ar de aparelhos ventiladores ou climatizadores não deve incidir diretamente
sobre os alimentos.
A manutenção periódica, a limpeza e a troca de filtros dos equipamentos
de exaustão e de climatização devem ser registradas conforme a legislação. Por
exigência legal, em locais de armazenamento de alimentos pode ser necessário
realizar o controle da umidade do ar para garantir a qualidade dos alimentos.
ETAPAS OPERACIONAIS
As Boas Práticas devem ser seguidas em todas as etapas operacionais, que para
empresas do setor atacadista e varejista são três: recebimento, armazenamento
e exposição à venda. Em alguns estabelecimentos do setor, no entanto, além des-
sas etapas, podem ser realizadas outras que incluem: produção/manipulação de
alimentos, tratamento térmico, resfriamento, manutenção quente e fria, embala-
gem/rotulagem, transporte.
RECEBIMENTO
O recebimento pode ser realizado diretamente no ponto comercial ou atra-
vés de uma central de distribuição, mas precisa ocorrer em área protegida de in-
tempéries (sol, chuva, poeira).
Os gêneros devem ser inspecionados seguindo os critérios preestabelecidos
pela própria empresa, podendo incluir:
ARMAZENAMENTO
Esta etapa é importante porque pode interferir na qualidade dos produtos,
caso não sejam cumpridos os critérios de segurança em cada tipo de armazena-
mento: a seco, refrigerado e congelado. Veja os cuidados operacionais:
EXPOSIÇÃO À VENDA
Nesta etapa operacional, os seguintes itens devem ser observados:
» A iluminação não deve ser fonte de riscos de contaminação física por quebra ou
estilhaços, caso haja produtos vulneráveis no entorno. Deve ser adequada para
não aquecer os produtos nem alterar sua aparência ou cor.
» Na exposição à venda não é recomendável colocar ornamentos sobre os produ-
tos, para evitar a contaminação.
» Os produtos expostos à venda devem estar protegidos contra poeira, pragas e
produtos químicos.
» Nos nichos de exposição (gôndolas, vitrines, displays etc.), os diferentes grupos
de alimentos devem ser separados para evitar contaminação cruzada.
» A validade dos produtos expostos deve ser supervisionada constantemente, e os
produtos vencidos segregados e/ou descartados de imediato. É proibido o reapro-
veitamento dos produtos vencidos ou a reembalagem para prolongar a validade.
» A temperatura de exposição dos produtos expostos à venda deve estar de acor-
do com a orientação do fabricante, considerando a temperatura do produto que
exige maior rigor.
» A capacidade dos equipamentos expositores a frio deve ser respeitada, para
que produtos não fiquem fora da faixa de temperatura recomendada. As saí-
das de ar não devem ser bloqueadas e as temperaturas devem ser monitora-
das constantemente.
» As embalagens que acondicionam os produtos devem estar íntegras, sem qual-
quer dano que possa comprometer a qualidade.
» Produtos deixados nos caixas ou próximos à área de check out devem ser ava-
liados e só voltar ao ponto de venda se suas características sensoriais estiverem
inalteradas.
[97]
PRODUÇÃO/MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS
Os estabelecimentos devem descrever os processos de produção e manipu-
lação de alimentos de forma detalhada à sua equipe, indicando os cuidados das
Boas Práticas seguidos para cada tipo de produto ou grupo de produtos. Seguem
aqui as recomendações básicas:
EMBALAGEM/ROTULAGEM
Nesta etapa operacional, os requisitos das Boas Práticas referentes à edifi-
cação, organização e higienização dos alimentos são muito importantes para a se-
gurança e a qualidade. Seguem aqui algumas recomendações básicas para a emba-
lagem e a rotulagem, lembrando que é fundamental manter-se atualizado quanto
às exigências da Anvisa para a rotulagem (consultar o site www.anvisa.gov.br).
TRANSPORTE
As matérias-primas e os produtos devem estar em condições adequadas para
a expedição. Durante o transporte, precisam ser protegidos contra contaminações ou
danos e armazenados segundo as normas das Boas Práticas. Os veículos de transporte
próprios ou contratados também devem atender às exigências das Boas Práticas, já
citadas no item referente às etapas operacionais de Recebimento e Armazenamento.
CONTROLE DE QUALIDADE/GARANTIA
CONTROLE DE QUALIDADE/GARANTIA DA QUALIDADE
DA QUALIDADE
O programa Boas Práticas deve ser supervisionado para que seja cumprido e
permanentemente atualizado. Como vimos, o supervisor responsável pode ser o
próprio proprietário ou outro profissional devida e comprovadamente capacita-
do. Quando for um profissional legalmente habilitado (veterinário, engenheiro de
alimentos, nutricionista, biólogo etc.) é chamado de Responsável Técnico – RT.
É recomendável que uma equipe de Boas Práticas seja nomeada (independen-
temente dos cargos exercidos no estabelecimento) para facilitar a efetiva imple-
mentação do programa de Boas Práticas. Consultores externos, empresas tercei-
rizadas ou profissionais do ramo também podem ser contratados para auxiliar
essa implementação.
O supervisor das Boas Práticas deve ser o responsável pela definição das tarefas e
funções de cada membro da equipe. Deve elaborar e atualizar o Manual de Boas Prá-
ticas da empresa, garantir o monitoramento dos procedimentos e a tomada de ações
corretivas dos procedimentos, quando necessário. Além disso, o supervisor deve ser o
responsável pela programação de treinamentos e execução do programa, incluindo a
coleta de amostras de produtos para a realização de análises microbiológicas.
No programa de Boas Práticas, oito Procedimentos Operacionais Padroni-
zados (POP) referentes à segurança e à qualidade dos alimentos devem figurar
por escrito, constando a descrição do procedimento, as formas de monitoramento
e de verificação a serem cumpridas, os registros comprobatórios da segurança e as
ações corretivas necessárias, caso ocorram falhas nos monitoramentos. Esses do-
cumentos devem ser incluídos no Manual de Boas Práticas e afixados nos setores
do estabelecimento (ou mantidos em pastas especiais) para consulta.
No capítulo 6, Documentos, Procedimentos e Registros, veremos como ela-
borar um POP e demais documentos pertinentes às Boas Práticas. Agora detalha-
remos cada procedimento:
RESERVATÓRIOS
O abastecimento contínuo de água é garantido por reservatórios. Eles devem
ser edificados ou revestidos de materiais que não comprometam a qualidade da
água. Além disso, devem estar livres de rachaduras, vazamentos, infiltrações, des-
cascamentos e ser mantidos em adequado estado de higiene e conservação. Perma-
necer devidamente tampados e impedir a entrada de resíduos de lavagem, óleos,
chuva, entre outros contaminantes, é condição imprescindível para a segurança.
Os reservatórios devem ser higienizados no mínimo semestralmente ou
sempre que ocorrer qualquer acidente que possa contaminar a água. Convém
manter os registros de higienização e os relatórios contendo as condições estru-
turais dos reservatórios. A higienização deve ser realizada preferencialmente por
empresa especializada do ramo, de acordo com as exigências da legislação local. O
procedimento de higienização deve ser descrito no Manual de Boas Práticas, por
isso deve-se solicitar à empresa contratada essa informação.
Caso o serviço não seja executado por uma empresa terceirizada ou o esta-
belecimento necessite de informações sobre os procedimentos básicos, pode-se
utilizar a seguinte metodologia, descrita no livro Elementos de Apoio para as Boas
Práticas e Sistema APPCC no Setor de Distribuição, que é uma adaptação das reco-
mendações feitas pela Sabesp – Serviço de Abastecimento de Água de São Paulo:
PADRÃO DE POTABILIDADE
A Portaria 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde estabe-
lece os procedimentos e as responsabilidades relativas ao controle e à vigilância
da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, cujos
artigos estão a seguir.
De acordo com o artigo 11, a água deve estar em conformidade com o pa-
drão microbiológico conforme o quadro abaixo:
PARÂMETRO VMP(1)
ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO(2)
Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100 ml
ÁGUA NA SAÍDA DO TRATAMENTO
Coliformes totais Ausência em 100 ml
ÁGUA TRATADA NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO (reservatórios e rede)
Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100 ml
> Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês
> Ausência em 100 ml em 95% das amostras examinadas no mês
Coliformes totais > Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês
> Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado
positivo em 100 ml
GELO
Produzido no estabelecimento ou adquirido de terceiros, o gelo deve ser
feito a partir de água potável e manipulado e estocado sob condições sanitárias
satisfatórias.
Os padrões microbiológicos que ajudam a monitorar a qualidade do gelo são
os mesmos aplicados à água potável. Para a segurança alimentar, deve-se levar
em consideração os riscos de contaminação por manipulação, ensacamento, ar-
mazenamento ou transporte não higiênico por contato direto com o piso ou outras
superfícies contaminadas.
[103]
VAPOR
Quando utilizado em contato direto com alimentos ou com superfícies que
entrem em contanto com alimentos, o vapor deve ser produzido com água potável
e não pode representar fonte de contaminação.
MONITORAMENTO DA POTABILIDADE
O responsável técnico deve estabelecer procedimentos de monitoramen-
to e verificação da potabilidade da água utilizada, identificando a frequência, os
responsáveis, o procedimento e os registros comprobatórios. Por exemplo, ava-
liar semestralmente as condições estruturais dos reservatórios, constatadas no
momento da higienização por empresas contratadas, descrevendo no registro
(Ordem de Serviço) as condições encontradas; avaliar a potabilidade com perio-
dicidade semestral por meio de análise microbiológica realizada por laboratório
contratado com emissão de laudo.
“De acordo com a legislação, os estabelecimentos devem elaborar e manter disponíveis os pla-
nos de limpeza de todas as superfícies dos setores, com a descrição detalhada dos procedimentos de
limpeza. Com maior conhecimento técnico, a tarefa da escolha dos produtos e da metodologia de uso
fica mais fácil, econômica e segura.
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
O conceito de limpeza é recente na história da humanidade. É sabido que as práticas higiênicas (me-
lhor dizendo, a ausência delas) foram responsáveis por muito sofrimento na forma de moléstias e pragas.
Curiosamente, as práticas de higiene e limpeza não evoluíram progressivamente ao longo da
história das civilizações. Ao menos no que diz respeito aos cuidados com o chamado asseio pessoal, a
civilização ocidental sofreu incríveis retrocessos desde os tempos clássicos greco-romanos até o início
dos tempos modernos, passando por obscuras eras em que hábitos higiênicos elementares, como o
banho ou mesmo a lavagem das mãos, foram banidos ou só podiam ser praticados clandestinamente.
Eram consideradas vergonhosas ou pecaminosas.
[104]
Mais curioso ainda é que outras civilizações cultivaram desde tempos remotos hábitos higiênicos
extraordinariamente evoluídos, como os chineses, conforme comprovaram os primeiros ocidentais a
travar contato com esse povo no segundo milênio da era cristã. Os relatos de Marco Pólo chegaram a
causar incredulidade não só pelas improváveis riquezas descritas, como também pelo “estranho asseio”
daquele povo, que costumava banhar-se com frequência, além de manter suas casas e palácios sempre
limpos e arrumados (BROWN, 2007).
Podemos deduzir, embora os relatos de Marco Pólo não chegassem a esses detalhes, que também
com relação à alimentação esse “estranho povo” devesse cultivar hábitos saudáveis, como cuidados
higiênicos básicos no preparo e asseio das instalações, equipamentos e utensílios. A longevidade desses
“homens de pele amarelada” parece ser uma evidência. Eles atingiam sete, oito ou mais décadas de
vida, enquanto na Europa era raro quem chegasse a cinquenta anos de idade.
Apesar disso, a relação entre os bons hábitos higiênicos e a saúde só começaram a ficar claros
para o chamado “mundo civilizado” muitos séculos depois. Mais precisamente a partir do século XIX,
graças a estudos e descobertas de grandes homens como Louis Pasteur.
A compreensão dos processos de putrefação, a derrocada da tese da geração espontânea, as
descobertas científicas, enfim, deflagraram uma revolução comportamental que tomou força nas últimas
décadas do século XIX e se consolidou no século XX. Os hábitos de higiene estavam definitivamente
incorporados à vida das pessoas nas cidades.
OS PRODUTOS QUÍMICOS
O responsável pela limpeza não precisa (e nem é sua função) ser um expert em formulação de
produtos. Essa função é do fabricante e de seus técnicos (vendedores inclusive). Cada produto químico
usado em higiene e limpeza deve vir acompanhado de uma “Ficha de Informação e Segurança”, com
instruções de uso e providências para o caso de má utilização ou eventuais acidentes. Essas fichas
devem ser mantidas em local acessível e indicar:
» Uso e manipulação seguros.
» Perigos físicos para a saúde, incêndio e reatividade.
» Precauções.
» EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) a serem utilizados para manipulação do produto.
» Informações de primeiros socorros.
» Nome, endereço e telefone do fabricante.
» Data da elaboração da ficha em questão.
» Ingredientes perigosos e informações de identidade ou composição.
» No caso de o fabricante não disponibilizar essas fichas, as informações de segurança
deverão ser fornecidas na rotulagem ou em outro meio de comunicação.
Sabões
Nome genérico de uma classe de compostos que resultam da reação química entre as gor-
duras (animais ou vegetais) e os “álcalis”, como a soda cáustica. O sabão era fabricado a partir da
“lixívia” de cinzas fervidas juntamente com “sebo de animais”. As cinzas são compostas basicamente
de óxidos de metais alcalinos, como o sódio. Lixiviadas, isto é, misturadas com água, dão origem aos
óxidos hidratados, ou hidróxidos, desses metais – no caso do sódio, o hidróxido é a soda cáustica.
Os sebos, por sua vez, são constituídos por gorduras ou triglicérides. Desta fervura resulta uma reação
química de “neutralização” formando, então, os compostos chamados genericamente de sabões.
A razão de os sabões serem bons agentes de limpeza é o fato de que suas “moléculas”
permitem que a água possa dissolver gorduras. Todos sabem o que ocorre quando tentamos lavar
um objeto “engordurado” usando apenas água pura: Por mais que esfreguemos, não retiramos,
apenas “espalhamos” a gordura pela superfície.
Esta propriedade dos sabões é conhecida como “detergência”. Outros produtos sintéticos
também a possuem e, cada vez mais, vêm substituindo os sabões. São os detergentes.
Detergentes
É o nome genérico dado a qualquer produto que apresente a propriedade da “detergência”
(inclusive os sabões), porém se aplica mais a produtos obtidos de matérias-primas não naturais
(como, por exemplo, os ácidos sulfônicos), que são manipulados para apresentarem poder de deter-
gência (capacidade de desengordurar) superior à dos sabões obtidos a partir da lixiviação de cinzas.
[106]
Detergentes são, por isso mesmo, excepcionais removedores de sujidades gordurosas, o que
os faz indispensáveis na limpeza rotineira dos estabelecimentos (industriais ou comerciais) que lidam
com alimentos. Os fabricantes ou formuladores ainda adicionam a seus produtos outros componentes
(aditivos) capazes de melhorar sua capacidade de limpeza mediante a adição de outras propriedades.
Estes aditivos fazem o diferencial entre um produto e outro, tornando-os mais ou menos ade-
quados a usos específicos. Saber escolher, portanto, o produto mais adequado às necessidades do seu
estabelecimento refletirá em aumento de eficácia e redução de custos, bem como adequação às cada
vez mais relevantes condicionantes de ordem ambiental. Veja algumas características essenciais:
» Dispersão: também chamada de desfloculação ou suspensão, garante que a sujidade
removida da superfície não se redeposite, mas fique suspensa na solução.
» Enxaguamento: ação da água no arraste das sujidades removidas.
» Umectação: ou surfactação, diminuição da “tensão superficial” da água, permitindo sua
melhor penetração nas reentrâncias da superfície (“molhamento”).
» Peptização: propriedade de “dispersar” proteínas pela formação de suspensões coloidais,
parcialmente solúveis.
» Quelação ou capacidade sequestrante: remove e impede a deposição de sais minerais na
superfície a ser limpa. Essa propriedade é particularmente importante quando a água uti-
lizada para a limpeza apresenta ‘dureza’, ou seja, contenha cálcio e magnésio dissolvidos.
Esses elementos, se não retirados, inibem a ação dos detergentes.
» Emulsificação: reação com óleos e gorduras, formando soluções coloidais.
» Alcalinidade: quanto mais elevada a alcalinidade maior a capacidade de remoção de gor-
duras (consequentemente maior a “agressividade” do produto).
Alguns componentes podem ser adicionados à formula do detergente com o objetivo de
inibir características indesejáveis, como diminuir a agressividade do detergente à pele, conferir
biodegradabilidade (a capacidade do produto ser “consumido” ou degradado naturalmente por
microrganismos presentes nas águas – córregos, rios, baías etc.). Certamente esses aditivos
determinam variações extraordinárias de eficiência e custo. Ao profissional responsável pela
escolha do produto cabe ter a melhor noção possível das propriedades que de fato lhe interes-
sam, de acordo com o tipo de limpeza, para que o produto escolhido não seja sub nem superdi-
mensionado. Vale, portanto, nesse momento, muita consulta, comparação, testes e confiança no
fabricante e/ou representantes.
Sanitizantes
Sanitização é o conjunto de procedimentos adotados com o objetivo de garantir as condições
ideais de higiene do estabelecimento e do processo.
Quando a superfície em questão é a pele, o termo mais utilizado é antissepsia. Que é diferente
de esterilização, a eliminação total de microrganismos.
Os sanitizantes são substâncias químicas que apresentam ação bactericida ou bacteriostática.
Vários são os compostos utilizados para essa finalidade, porém, assim como os detergentes, um pe-
queno grupo de sanitizantes pode atender à maioria das necessidades das pequenas indústrias e dos
estabelecimentos comerciais. Segue a lista:
CLORO E DERIVADOS: É um dos sanitizantes de mais largo emprego, sobretudo para uso em
equipamentos e ambientes. O cloro na forma gasosa é utilizado em condições muito específicas, já que
sua manipulação requer cuidados especiais. Na maioria dos casos, são usados compostos (sólidos ou
[107]
líquidos) que possuem cloro na composição e que o liberam de forma gradual, diminuindo os riscos
para os operadores e melhorando sua performance como sanitizante.
Vantagens
» Largo espectro germicida.
» Excelente ação contra esporos.
» Não sofre influência da “dureza” da água.
» Barato e encontrado com facilidade.
» Pode ser facilmente combinado com detergentes.
Desvantagens
» Corrosivo para vários tipos de materiais.
» Agressivo aos manipuladores (mesmo nas formas abrandadas).
» Perde eficiência com aumento de pH.
» É consumido por matéria orgânica (perde eficiência).
» Requer cuidados no armazenamento. Não pode ser estocado por muito tempo.
» Altera certos alimentos, como frutas sensíveis.
SOLUÇÃO CLORADA: Pode-se preparar solução clorada a partir da água sanitária comercial, que
normalmente possui 2,5% de cloro ativo (ou seja, 2,5 gramas para cada 100 mL de solução, que corres-
ponde a 25.000 ppm). Para preparar soluções cloradas, pode-se utilizar a seguinte fórmula:
VxC
= g ou ml do produto
% cloro ativo x 10
IODO E DERIVADOS: O poder germicida do iodo é conhecido há muito tempo na área médica.
Sua aplicação na área de produção ou manipulação de alimentos foi possível a partir de combinações
com agentes tensoativos que deram origem aos “iodóforos”, que são compostos em que o iodo se
apresenta de forma relativamente estável, podendo ser manipulado na forma de soluções aquo-
sas. O iodo pode ser utilizado como sanitizante de ambientes, sendo aspergido ou nebulizado; em
equipamentos, por imersão ou circulação; na higiene pessoal dos manipuladores. A concentração
recomendada é de 25 ppm.
[108]
Vantagens
» Coloração: O iodo livre apresenta coloração marrom, o que facilita o controle visual da efi-
ciência (concentração) das soluções.
» Não sofre influência da dureza da água.
» Menos corrosivo que o cloro.
» Não irritante nas concentrações de uso.
» Largo espectro germicida.
Desvantagens
» Ativo numa faixa estreita de pH – em torno de 3,0.
» Menos eficiente contra esporos que o cloro.
» Pode afetar a coloração ou o sabor de alguns alimentos, como laticínios.
» Pode alterar a coloração de equipamentos e utensílios.
» Temperatura de uso restrita. Perde eficiência acima de 50ºC e passa a ser corrosivo.
aderem entre si e à superfície. Depois liberam uma camada viscosa (um polis-
sacarídeo) que lhes oferece melhor proteção. As bactérias em um biofilme não
são efetivamente removidas com os procedimentos normais de limpeza com água
e sabão neutro. Chegam também a ser mil vezes mais resistentes aos sanifican-
tes comuns, em comparação com as que se encontram em estado livre. Deve-se
seguir uma rotina de limpeza sistemática, ou seja, rotineira e criteriosa, para re-
mover esses biofilmes e outras sujidades mais resistentes. São exemplos de bio-
filmes as limosidades aderidas em mangueiras de filtros de água, torneiras, canos
etc., requerendo uma higienização específica por escovação ou simplesmente sua
substituição.
A frequência da higienização das superfícies em contato com alimentos
deve ser a seguinte:
» Depois de cada uso da superfície.
» Quando trocar de alimento na mesma superfície.
» Após alguma interrupção do serviço.
» A cada quatro horas (tempo que corresponde à fase de adaptação bacteriana
– fase Lag), se for uma superfície de utilização constante para um mesmo pro-
duto, por exemplo: cortador de frios, afiador de facas, tábuas de corte, facas,
talheres utilizados para porcionar ou servir alimentos etc.
PRÉ-LAVAGEM
O objetivo desta etapa é reduzir a quantidade de resíduos presentes nas super-
fícies. Pode ser realizada primeiramente pela remoção e descarte das partícu-
las residuais e posterior rinsagem com água corrente, imersão ou jateamento.
A pré-lavagem deve preferencialmente ser realizada com água pura e morna,
em torno de 40ºC. Se for muito quente, pode desnaturar as proteínas e causar
mau cheiro. Se for muito fria, pode solidificar as gorduras nas superfícies.
LAVAGEM
Nesta etapa ocorre a aplicação dos detergentes. A concentração do produto quí-
mico, a temperatura da água utilizada, o tempo de contato do produto químico
com a superfície a ser lavada e a ação mecânica (força aplicada na superfície a
ser lavada) são os quatro fatores que interferem na eficácia da lavagem. Quando
algum desses fatores não é “eficiente”, os outros devem compensar a perda de
qualidade. Por exemplo, se a temperatura da água não for suficientemente quen-
te (de 43ºC a 45ºC), deve-se usar mais ação mecânica e/ou aumentar o tempo de
contato, e/ou aumentar a concentração do produto químico para compensar.
ENXÁGUE
Após a lavagem com detergentes, as superfícies devem ser enxaguadas para
remover os resíduos suspensos e as soluções detergentes. Quando possível,
a água de enxágue deve ser usada em temperatura mais alta para favorecer a
eliminação dos microrganismos e facilitar a evaporação da água das superfí-
cies, limitando o crescimento microbiano.
[113]
SANIFICAÇÃO
Esta etapa é indispensável nos procedimentos de higienização. Para realizar
a sanificação, a superfície deve estar eficientemente limpa, pois os resíduos
podem proteger os microrganismos da ação do agente sanificante. Pode ser
realizada por borrifamento ou imersão. O enxágue posterior pode ou não ser
necessário, dependendo do tipo de produto utilizado e a sua concentração.
ATENÇÃO!
» Para evitar a contaminação dos alimentos, não é recomendado o uso de es-
covas de metal, lã, palha de aço, madeira e amianto durante a ação mecânica
na lavagem dos utensílios. Por exemplo: dar preferência a escovas de cabos
plásticos e cerdas de náilon àquelas com cabos de madeira (pois a madeira é
putrescível, favorecendo a contaminação por fungos) e cerdas de piaçava (pois
podem soltar pedaços). Recomenda-se usar fibras sintéticas ao invés de pa-
lhas de aço, lãs ou escovas de metal durante a lavagem, pois estes materiais
podem soltar partículas de alumínio que permanecem na superfície dos mate-
riais e contaminam os alimentos.
» As esponjas não devem ser mantidas em recipientes com detergente diluído.
É preferível manter o detergente em embalagem com bico dosador e utilizá-lo
direto na esponja.
» As embalagens de produtos químicos não devem ser reaproveitadas para
outras finalidades.
» Borrifadores e outros recipientes que contenham produtos químicos devem
ser identificados.
» Para evitar contaminação cruzada entre superfícies ou setores incompatíveis,
como entre áreas de produção e banheiros, pode-se utilizar o recurso de cores
diferenciadas para cabos de rodos e vassouras, luvas de borracha, panos de
limpeza etc.
[114]
Silva Júnior
Silva Júnior (1993) e
Harrigan &
OPAS APHA (1993) – Tiedman Bioqualitas
Maccance
(Moreno, 1982) (Speck, 1984) utensílios de (1994) – para (2000)
(1976)
preparação utensílios de
mesa
<100: satisf.
0-10:
>100: insatisf.
Contagem- excelente
<5: satisf. (ausência:
padrão em 11-29: bom <2: satisf. <50: satisf. Até 100: satisf.
5 – 25: relavar excelente;
placas 30-49: regular >2: insatisf. >50: insatisf. >100: insatisf.
>25: insatisf. 1-50: bom;
(em cm2) 59-99: mau
51-100:
>100: péssimo
regular)
Nota 1: Todas as referências citadas recomendam como satisfatório a ausência de bactérias do grupo coliformes em
100 cm2 da amostra.
Nota 2: Silva Jr. recomenda a ausência de coliformes fecais S. aureus, B. cereus e P. aeruginosa em 50 cm2 de amostra.
ESTADO DE SAÚDE
Os profissionais que manipulam alimentos não devem apresentar afecções
cutâneas, feridas e supurações, infecções respiratórias, gastrointestinais e ocula-
res. Caso sejam portadores de agentes que possam ser transmitidos por alimentos,
devem ser afastados das áreas de manipulação.
Se afetados por diarreia, vômito, febre, infecções nasofaríngeas com febre,
infecções de pele, cortes infeccionados, lesões e feridas, secreções nos ouvidos,
olhos ou nariz ou amarelamento da pele (hepatite), devem comunicar imediata-
mente essa condição ao responsável técnico, que deve dispor de uma sistemática
de informação que garanta o controle.
Os estabelecimentos devem realizar o PCMSO (Programa de Controle
Médico e Saúde Ocupacional) cumprindo os requisitos estabelecidos pela NR-7
(Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho), a fim de avaliar e prevenir
a ocorrência de doenças adquiridas no exercício da profissão. Este controle deve
ser realizado por um profissional médico especializado em Medicina do Traba-
lho, que pedirá exame médico admissional, periódico, demissional, de retorno ao
trabalho e na mudança da função, emitindo os atestados de saúde ocupacional
(ASOs) mantendo registros dos mesmos.
O controle de saúde clínico exigido pela Vigilância Sanitária objetiva a saú-
de do trabalhador e a sua condição para estar apto ao trabalho, não podendo ser
portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas ou parasitárias, a fim de
evitar a contaminação dos alimentos. Quando aplicável, devem ser pedidos exa-
mes laboratoriais, tais como:
» Hemograma: exame de sangue que permite diagnosticar doenças como a
anemia, alteração na coagulação sanguínea, infecções bacterianas, virais ou
parasitárias, além de indicar o estado imunológico do indivíduo.
» Coprocultura: exame de cultura de fezes, no qual são isolados microrganis-
mos patogênicos, como Salmonella e outras que acometem os indivíduos e os
tornam portadores mesmo que não apresentem sintomas e sejam transmis-
sores através dos alimentos. Este exame é fundamental para os manipulado-
res de alimentos.
» Coproparasitológico: exame de fezes que detecta parasitos intestinais que
deixam o indivíduo fraco, nervoso, com tonturas e podem provocar desmaios.
Este exame também é fundamental para manipuladores de alimentos. A maio-
ria das empresas que realiza o PCMSO já o inclui na lista de exames, porém,
com objetivo de avaliar se o local de trabalho causou o problema.
» VDRL: diagnostica sífilis crônica ou aguda, preservando o indivíduo de futuro
comprometimento letal e problemas de distúrbios neurológicos.
» Cortes na pele são um dos problemas mais comuns em ambientes onde se
manipulam alimentos. Se o corte for superficial, o profissional deve tratar o local,
colocar um curativo, proteger o curativo de forma que não se solte. Poderá con-
tinuar a trabalhar ou ser remanejado para outras funções de acordo com o caso.
HÁBITOS HIGIÊNICOS
Os manipuladores de alimentos devem lavar cuidadosamente as mãos para
não veicular de forma direta (bactérias corporais) ou indireta (contaminantes de
outras superfícies) para os alimentos ou superfícies tocados. As mãos devem ser
lavadas várias vezes ao dia e em algumas situações específicas:
[116]
Cartazes de orientação para a correta lavagem das mãos devem ser afixa-
dos em locais estratégicos do estabelecimento, como próximo às pias de lavagem
de mãos e nos banheiros de funcionários. A seguir vamos listar alguns cuidados
de higiene e recomendações que ajudam a garantir a segurança e a qualidade dos
alimentos.
RECOMENDAÇÕES
» Não falar, tossir, cantar, assobiar ou espirrar sobre os alimentos.
» Não mascar gomas ou palitos, não chupar balas ou comer nas áreas onde
existam alimentos.
» Não cuspir.
» Não experimentar alimentos com a mão.
» Não assoar o nariz, colocar o dedo no nariz ou nos ouvidos, mexer no cabelo
ou pentear-se perto dos alimentos.
» Não enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça da vestimenta.
» Não tocar em dinheiro enquanto estiver manipulando alimentos.
» Não fumar.
» Tocar as maçanetas com as mãos limpas.
[118]
USO DE LUVAS
As luvas descartáveis são as indicadas para a manipulação de alimentos,
porém melhor do que o uso de luvas é lavar bem as mãos e utilizar utensílios lim-
pos e sanitizados. Caso o estabelecimento prefira o uso de luvas, alguns cuidados
devem ser seguidos:
» Lavar as mãos antes de calçar as luvas e depois de retirá-las.
» Substituir as luvas sempre que uma função é interrompida ou em caso de
mudança de tarefa.
» Não utilizar as luvas perto de fontes de calor e nem quando estiverem rasgadas.
Não há necessidade de o manipulador utilizar luvas para abrir uma gela-
deira ou ao abrir uma embalagem, por exemplo. As luvas são recomendadas em
casos específicos, tais como:
» Na manipulação de alimentos prontos que já sofreram tratamento térmico.
» Na preparação e manipulação de alimentos prontos para o consumo que não
sofrerão tratamento térmico.
» Na manipulação de folhas e tubérculos usados em saladas, que já foram
adequadamente lavados e higienizados.
USO DE MÁSCARAS
A utilização de máscaras durante a manipulação de alimentos não é reco-
mendada como mecanismo de prevenção da contaminação. Depois de 20 ou 30
minutos de uso, a máscara torna-se úmida e permite a passagem de microrganis-
mos, além de tornar-se desconfortável e provocar coceira (causando mais conta-
minação das mãos decorrente do ato de coçar).
[119]
CAPACITAÇÃO
Os estabelecimentos precisam capacitar toda a equipe de manipuladores e
realizar reciclagens constantes para mantê-los atualizados quanto aos temas higie-
ne e saúde pessoal. A capacitação é fator determinante para o sucesso da implanta-
ção das Boas Práticas. Aconselha-se manter os registros dos treinamentos.
A capacitação dos manipuladores pode-se dar de várias formas: leitura, aula
expositiva, recursos audiovisuais (filmes, slides, fotos, internet). Profissionais especia-
listas podem ser contratados para ministrar aulas, fornecedores de produtos de lim-
peza podem dar palestras ou montar programas internos de capacitação, promover
debates, trabalhos de grupos, estudo de casos etc. Qualquer que seja a metodologia
utilizada, o importante é que se aplique na rotina de trabalho o que foi aprendido.
CALIBRAÇÃO
Deve-se estabelecer um sistema de calibração periódica para os equipa-
mentos, em geral para termômetros e balanças. Existem empresas/laboratórios
que realizam o serviço de calibração de equipamentos – devem ser credenciados
pelo Inmetro e fazer parte da Rede Brasileira de Calibração (RBC). A relação des-
sas empresas pode ser encontrada no site do próprio Inmetro.
» Colocar tampos de fechamento nos ralos, que devem ser sifonados para
maior garantia.
» Colocar molas nas portas e ajustá-las aos batentes, colocando barreira na
parte inferior das portas de acesso às áreas externas.
» Vedar as frestas, buracos, partes quebradas do piso ou azulejos ou qualquer
outro local que possa abrigar pragas.
» Excluir os animais das áreas de estocagem, preparo, manipulação e venda
de alimentos.
» Não guardar equipamentos ou utensílios fora de uso nem entulhos e pedaços
de madeira.
» Limpar com frequência as caixas de gordura e mantê-las sempre vedadas.
» Substituir as lâmpadas fluorescentes da área externa próximas às portas de
entrada por luz de sódio para evitar a atração de insetos noturnos.
» Quando aplicável, instalar cortinas de ar nas portas de maior movimentação.
Podem ser utilizadas cortinas em tiras de PVC na cor âmbar em locais que
necessitem isolamento contra insetos. A cor amarela age como um repelente
natural.
» Cumprir distanciamento mínimo nas áreas de estocagem (forro: 60 cm; entre
piso e estrado ou primeira prateleira: 20 cm; entre parede e paletes: 30 cm).
Essas medidas são importantes para identificar a origem dos insumos que
serão comercializados, obtendo respostas para questões fundamentais que ga-
rantam a segurança e a qualidade dos produtos, tais como:
[128]
[129]
[129]
COMÉRCIO DE ALIMENTOS
Aspectos específicos
de Boas Práticas por
tipo de estabelecimento
capítulo
5
[130]
» Hipermercados
» Supermercados
» Mercados e minimercados
» Lojas de conveniência
» Açougues e casas de carnes
» Peixarias
» Quitandas ou hortifrutigranjeiros (FLV)
» Padarias e confeitarias
» Mercearias
» Rotisserias, lanchonetes, delicatessens e seções de pratos prontos
» Feiras livres
MERCEARIAS
Quitanda, mercearia ou venda é uma pequena loja tradicional que ven-
de produtos de grande consumo, sobretudo alimentos, podendo complementar a
oferta com produtos de higiene, bebidas e objetos de uso doméstico.
Nas grandes capitais, nas quais o cliente possui poder aquisitivo maior e
busca um “algo mais”, donos desse tipo de comércio estudam a demanda local e
buscam diferenciais para sobreviver diante da concorrência, como comercializar
produtos orgânicos, por exemplo.
Em geral, os tipos de alimentos vendidos nesse segmento necessitam de
precauções mais básicas, pois, em sua maioria, são produtos de prateleira está-
veis, como cereais, açúcar, sal, enlatados. Quase sempre são produtos com va-
lidades longas e que não requerem grandes cuidados no manejo. Os cuidados
necessários referem-se à garantia da integridade da embalagem, proteção contra
umidade, calor excessivo, controle de pragas e controle das validades.
As Boas Práticas específicas a serem aplicadas nas mercearias devem se-
guir os critérios estabelecidos nas etapas:
COMPRA E RECEBIMENTO
» Os produtos devem ser recebidos devidamente embalados e rotulados. É impor-
tante conhecer a origem do produto, as condições de cultivo ou captura, industria-
lização, armazenamento e transporte dos insumos utilizados nos produtos.
» Os veículos devem ser fechados (se forem abertos, devem ser cobertos com
lona) e mantidos em bom estado de conservação e limpeza. Os produtos de-
vem ser protegidos de contaminações ambientais e de acordo com as condi-
ções do veículo.
» Os cereais, farinhas e leguminosas devem ser recebidos isentos de sujida-
des, umidade, parasitos, sinais de emboloramento e vestígios de insetos e em
embalagens íntegras.
» Produtos em conserva (latas e vidros) não devem apresentar estufamento,
ferrugem, danos mecânicos, vazamentos, rachaduras, formação de espuma,
coloração duvidosa ou qualquer outra alteração. Produtos que apresentem
qualquer não conformidade devem ser separados e identificados claramente
para a devolução.
ARMAZENAMENTO
» Os produtos devem ser armazenados sobre prateleiras de material liso, re-
sistente e impermeável ou estrados, nunca diretamente sobre o chão. Respei-
tar os distanciamentos mínimos de: 25 cm do piso, 10 cm das paredes e entre
pilhas e 60 cm do forro. Em grandes depósitos, os estrados ou paletes devem
estar distantes 45 cm da parede, evitando a obstrução dos cantos.
» Os produtos devem ser posicionados de forma a respeitar o sistema PVPS
(Primeiro que Vence é o Primeiro que Sai).
» Os produtos com prazo de validade vencido ou com alteração no produto ou
na embalagem devem ser desprezados.
» Recipientes de produtos de limpeza não podem ser reutilizados, mesmo que
tenham sido bem lavados.
» Os produtos de limpeza devem ser mantidos em local separado dos alimen-
tos e dos descartáveis.
[133]
EXPOSIÇÃO À VENDA
» As prateleiras e gôndolas de exposição dos produtos devem obedecer a um
leiaute que facilite o acesso dos clientes. Os produtos alimentícios devem ser
afastados dos produtos de higiene e de limpeza ou de produtos tóxicos.
» Os produtos expostos à venda devem estar identificados e mantidos sobre
estrados, prateleiras ou gôndolas. E protegidos de possíveis contaminações
químicas e físicas. De acordo com o caso, protegidos também de contaminação
biológica.
» Produtos a granel (farinhas, grãos, cereais, temperos, biscoitos, entre ou-
tros) devem ser identificados com o nome do fornecedor, data da embalagem
e validade. Devem ser acondicionados em recipientes adequados, tampados,
de material lavável, afastados do piso e parede, contendo pegadores laváveis
para cada produto.
» As balanças utilizadas devem estar calibradas.
» Produtos avariados que tenham a sua qualidade comprometida (latas amas-
sadas, estufadas, enferrujadas etc.) ou com prazo de validade vencido não de-
vem ser reaproveitados. Separá-los e identificá-los de acordo com o destino.
» Deve haver constante supervisão do sistema PVPS nos produtos expostos,
para que não haja perdas e não sejam colocados produtos vencidos à venda.
bilizadas até o teto, podendo ser revestidas com cerâmica azulejada ou outro
material similar, sendo proibida a cor vermelha e seus matizes (o mesmo
para o piso e teto) para evitar mascarar colorações indevidas dos produtos
cárneos.
As bancadas, placas de corte, facas e outros utensílios devem ser sepa-
rados para cada grupo de produtos (carnes vermelhas e brancas cruas e even-
tualmente para carnes prontas para o consumo). No caso de não ser possível
tal separação, deve haver garantia da lavagem entre um produto e outro. Em
[134]
caso de uso contínuo, as superfícies devem ser higienizadas a cada quatro ho-
ras (placas de corte, serra-fitas, facas, afiadores, moedores, balanças, entre
outros).
É importante garantir o abastecimento de água corrente em quantidade
suficiente. A tubulação deve ser eficiente e mantida em boas condições para o
deságue na rede de esgoto. Nos locais em que não houver rede de esgoto, é impor-
tante solicitar orientação ao órgão técnico competente para encontrar a alternati-
va mais adequada.
Para a lavagem das mãos, devem ser disponibilizados pia exclusiva, sabo-
neteira, sabão inodoro, papeleira, papel toalha, instruções afixadas do procedi-
mento de lavagem de mãos e lixeira com tampa de acionamento não manual.
É importante também que haja equipamentos de refrigeração em número
suficiente para evitar a contaminação cruzada entre os diferentes tipos de produ-
tos, além de possibilitar o descongelamento correto dos produtos sob refrigeração.
É fundamental a manutenção da higiene rigorosa das superfícies em geral
e o controle integrado de pragas, de forma a evitar a presença de moscas, baratas
e roedores.
É proibida a utilização de lâmpadas ou superfícies que possam interferir na
coloração original dos produtos cárneos, mascarando problemas ou melhorando
falsamente seu aspecto.
COMPRA E RECEBIMENTO
» Os produtos devem ser adquiridos de frigoríficos legalmente habilitados, com
registro no órgão de inspeção oficial, nunca clandestinos, para garantir que
não haja contaminação advinda de animais doentes, da presença de resíduos
de drogas veterinárias ou de procedimentos inadequados durante o abate.
[135]
PRODUTO TEMPERATURA
Carne bovina resfriada 0 a 7ºC
Carne de aves e suínos resfriada 0 a 4ºC
Carne de bovinos, aves e suínos congelada -18 a -23ºC, com tolerância até -12ºC
Produtos cárneos embutidos 0 a 7ºC
Produtos cárneos salgados Ambiente
ARMAZENAMENTO
» Os produtos refrigerados devem ser armazenados rapidamente, com
temperatura inferior a 4ºC. Os congelados devem ser mantidos de prefe-
rência em temperaturas menores que -12ºC. O importante é garantir que a
temperatura mais fria requerida pelos fornecedores seja usada como re-
ferência.
» Os produtos podem permanecer em suas caixas de origem, nos estabeleci-
mentos de distribuição, quando os equipamentos de armazenamento forem
específicos para produtos fechados.
» Os produtos devem ser armazenados em prateleiras ou paletes, sem contato
direto com o piso.
» A arrumação deve possibilitar o respeito ao sistema PEPS (Primeiro que En-
tra é o Primeiro a Sair) ou PVPS (Primeiro que Vence é o Primeiro a Sair).
[136]
DESCONGELAMENTO
» Os produtos congelados devem ser descongelados sob refrigeração – retira-
dos com antecedência suficiente para garantir a temperatura final de -1 a 4ºC;
isso pode levar até dois ou três dias.
» Os produtos congelados devem ser retirados das embalagens cartonadas
para que não molhem, pois se tornam fonte de fungos. Devem ser mantidos
em suas embalagens primárias e acondicionados de forma a evitar o derrame
de sangue. Deve-se garantir que os produtos mantenham todas as informa-
ções de origem.
MANIPULAÇÃO/DESOSSA
» Recomenda-se retirar de refrigeração apenas a quantidade exata de produto
para proceder a manipulação e a desossa. Em temperatura ambiente, o traba-
lho deve ser feito em 30 minutos. Caso o ambiente seja climatizado de 15ºC a
18ºC, a manipulação pode se dar por até duas horas.
» É recomendada a utilização de bancadas específicas ou distintas para cada
tipo ou classe de produtos, principalmente entre as aves e demais carnes. Os
utensílios como facas, placas de corte, chairas etc. e equipamentos com balan-
ças também devem ser distintos para cada tipo de produto.
» Deve-se cuidar para que não haja contaminação química ou física.
» Os manipuladores devem utilizar uniforme de cor clara (calça, camisa, meias,
bota em PVC, touca descartável e avental) e utilizar EPI (Equipamento de Prote-
ção Individual) como luvas de malha de aço ou similar e avental de napa.
» A equipe deve ser orientada a lavar as mãos a cada mudança de tarefa.
» A equipe deve proceder à higienização dos utensílios e equipamentos de
acordo com o método determinado pelo estabelecimento e com os produtos
químicos adequados. Não usar nenhum produto odorizante. É recomendável
que o local de higienização seja tal que não cause contaminação química para
os produtos.
[137]
EMBALAGEM
» As embalagens devem ser atóxicas e permitidas pelos órgãos fiscalizadores.
É vetado o uso de jornais, papéis usados ou revistas para embrulhar os pro-
dutos cárneos.
» Os materiais de embalagem devem ser mantidos protegidos de contaminação.
» A etapa de embalamento, quando realizada em temperatura ambiente, não deve
ultrapassar 30 minutos. Quando em área climatizada, não mais de duas horas.
» Podem ser utilizadas embalagens como sacos plásticos, isopor ou outros
materiais adequados. A utilização de dry-loc evita que o sangue derrame, pois
sua função é absorver esses resíduos líquidos.
ROTULAGEM
» Depois de embalados, os produtos são pesados e etiquetados.
» As balanças devem estar calibradas e apresentar lacre ou etiqueta que com-
provem a realização do serviço.
» As informações nas etiquetas devem informar: procedência, data de produ-
ção, prazo de validade, declaração de ingredientes e condições de conservação.
» O estabelecimento deve indicar a origem dos produtos (sobretudo os SIF, SIE
ou SIM), a identificação do registro do estabelecimento fornecedor (que pode
estar no próprio carimbo da embalagem). Em caso de produtos fracionados,
deverá retransmitir esta informação.
» Nos estabelecimentos varejistas, os produtos são pesados e precificados de-
pois de embalados.
» Na Portaria 304, de 22/04/96, do Ministério da Agricultura há informações
específicas sobre as exigências para carnes transportadas e comercializadas.
[138]
ARMAZENAMENTO REFRIGERADO
» Os produtos preparados (cortes) devem ficar sob refrigeração, por até 4ºC,
devidamente protegidos e identificados, aguardando o abastecimento por até
seis horas, quando não forem levados de imediato para exposição à venda.
EXPOSIÇÃO À VENDA
» Os produtos cárneos expostos à venda devem ser protegidos do contato dire-
to com o consumidor e de contaminação química e física.
» Os produtos devem ser retirados da exposição de acordo com os critérios de
validade.
» Dependendo do local de exposição, após o fechamento da loja, os produtos
devem ser armazenados em equipamentos de refrigeração segura.
» Ao retornarem da exposição, a arrumação dos produtos na câmara deve se-
guir critérios que garantam o sistema PEPS.
» Deve-se proibir o recongelamento dos produtos descongelados.
» As carnes manipuladas/processadas (moídas, picadas, cortadas em bifes
etc.) não devem ultrapassar o prazo de exposição à venda.
» Os produtos expostos devem estar devidamente identificados.
» Os produtos devem ser rotulados com as seguintes informações: procedên-
cia, data de produção, prazo de validade, declaração de ingredientes, condições
de conservação e registro do órgão competente.
» As balanças utilizadas devem estar calibradas.
» Produtos cárneos e dinheiro não podem ser manipulados pela mesma pessoa.
» As gôndolas ou vitrines de exposição à venda devem possuir termômetro
que possibilitem a visualização pelo consumidor; a temperatura não deve ser
superior a 5ºC (para refrigerados) e -18ºC (para congelados).
PEIXARIAS
As peixarias devem possuir área mínima de 20 m2, a largura não deve ser
inferior a 3 m, exceto nos mercados e supermercados, em que a área total não
pode ser inferior a 15 m2. É importante que haja disponibilidade de água corrente
em quantidade suficiente e facilidades para lavagem das mãos e superfícies em
geral.
Os balcões podem ser de aço inox ou alvenaria, revestidos com azulejos de
cor clara ou outro material liso e impermeável desprovido de molduras. As pias
das áreas de produção devem possuir uma peneira para a retenção dos resíduos,
evitando entupimentos. Devem ser instaladas barreiras físicas para evitar a pre-
sença de moscas e outros vetores.
[139]
COMPRA E RECEBIMENTO
» A seleção dos fornecedores é fundamental para garantir a comercialização
de produtos isentos de perigos potenciais à saúde do consumidor. Deve-se
conhecer a origem dos pescados em relação ao local de captura (água limpa,
longe de fontes de contaminação como esgotos e de algas tóxicas), formas
de acondicionamento nos barcos, cumprimento da cadeia fria, evisceração e
condições de higiene aplicadas até o recebimento.
» Os produtos industrializados devem ser adquiridos de fornecedores idôneos,
cujas condições higiênico-sanitárias e de segurança devem ser conhecidas.
Os peixes frescos não possuem data de validade e, portanto, devem ser inspe-
cionados com rigor.
» Em relação ao transporte, a cabine do condutor deve ser isolada da cabine
dos produtos. Deve possuir certificado de inspeção sanitária específico para o
transporte de pescados. Os veículos podem ser isotérmicos ou refrigerados.
Os isotérmicos devem ter cobertura e revestimento de alumínio com isolante e,
quando refrigerados, ser revestidos e ter um forçador de ar para a manutenção
da temperatura até 4ºC. Os veículos refrigerados devem ser utilizados para
transporte em distâncias mais longas.
» O veículo deve possuir dispositivos de segurança que impeçam o derrame de
resíduos líquidos em vias públicas durante o transporte.
» Os procedimentos de descarga e recepção devem ser feitos de forma rápida
para manter a temperatura de refrigeração.
[140]
» Peixes
» Carne: firme, consistência elástica, firmemente presa à espinha. Quando
se desprega com facilidade, indica deterioração.
» Olhos: córneas transparentes, pupilas negras, brilhantes e salientes, ocu-
pando completamente as órbitas. Não podem estar fundos porque indica
deterioração.
» Guelras: róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes.
» Escamas: brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando
resistência aos movimentos provocados.
» Vísceras: íntegras, perfeitamente diferenciadas.
» Ventre: roliço, firme, não deixando impressão duradoura à pressão dos
dedos.
» Ânus: fechado.
» Superfície do corpo: deve ter relativo brilho metálico.
» Carne: cor própria da espécie.
» Odor: característico, lembrando o das plantas marinhas.
» Crustáceos
» Corpo: curvo, não deixando escapar facilmente as pernas e o cefalotórax.
» Carapaça: transparente, deixando visualizar coloração dos músculos,
aderente ao corpo e libertando-se sem aderência muscular quando for-
çada.
» Olhos: de cor negra e bem destacados.
[141]
PESAGEM
» Após o recebimento, os pescados devem ser transferidos para as caixas
plásticas próprias do estabelecimento e pesados de forma rápida para não
elevar a temperatura.
PRIMEIRA LAVAGEM
» Após a pesagem, os pescados devem ser lavados em água, de preferência
refrigerada e clorada entre 5 ppm e 10 ppm.
ARMAZENAMENTO REFRIGERADO
» Após a lavagem, os pescados devem ser refrigerados em equipamentos de
0ºC a 1ºC ou em caixas com gelo na proporção adequada (1,5 kg de gelo para
1 kg de peixe, sendo a primeira e a última camada de gelo e as demais inter-
caladas com pescado).
» As caixas devem ser separadas por espécies e a arrumação deve garantir
o respeito ao PEPS. É recomendável a identificação dos lotes com a data de
recebimento.
SEGUNDA LAVAGEM
» Antes da manipulação, os pescados refrigerados podem ser lavados, colo-
cando-se água gelada no próprio monobloco, agitando e descartando a água.
Repetir a operação mais uma vez. Dessa forma se reduz a chance de deterio-
ração dos produtos.
» Para os produtos vivos, não é necessário que a água seja refrigerada.
[142]
MANIPULAÇÃO/EVISCERAÇÃO
» Esta etapa consiste no corte, evisceração, filetagem ou posteamento.
» O estabelecimento deve criar um mecanismo de organização para que os
pescados mais velhos sejam usados primeiro.
» O tempo de manipulação não deve exceder 30 minutos em temperatura am-
biente e duas horas em sala climatizada.
» Evitar a manipulação química e física dos produtos e utilizar utensílios devi-
damente higienizados.
» Não é permitido o preparo de conservas ou outros produtos nesse setor.
» Em algumas localidades, a legislação só permite o corte em filé e postas no
momento da compra.
ARMAZENAMENTO REFRIGERADO
» Os produtos manipulados devem ser acondicionados em recipientes higie-
nizados e mantidos cobertos com filme plástico para evitar oxidação e res-
secamento. Devem ser armazenados sob refrigeração por até 24 horas. É
recomendável a utilização de etiqueta com três informações: nome, data de
manipulação e validade, para garantir o respeito ao PEPS.
EMBALAGEM/PESAGEM/ROTULAGEM
» Os pescados podem ser embalados em sacos transparentes do tipo cristal,
não reciclados, ou serem colocados em bandejas de isopor cobertas com filme
plástico.
» Para evitar vazamentos, pode-se utilizar o dry-loc.
» Após a embalagem, devem ser pesados e etiquetados (incluindo a preci-
ficação).
» Não usar jornais, revistas e papéis usados para embrulhar os pescados.
EXPOSIÇÃO À VENDA
» A exposição pode ser feita em balcões de aço inox ou alvenaria, revestidos
com azulejos, preferencialmente de cor clara ou outro material similar, liso e
impermeável.
» Os produtos devem ser identificados com o tipo, o preço por quilo e a origem.
» O balcão deve ser forrado com gelo até o nível desejado. O gelo em escamas
deve ser acondicionado com água para dar liga. A frente do balcão deve ficar 10
cm mais baixo que o fundo e deve, de preferência, possuir um dreno.
» Para que permaneçam frescos, os produtos expostos devem receber gelo
salpicado com frequência, exceto os filés e postas.
» Deve-se respeitar uma ordem padrão na arrumação dos produtos no balcão,
para que a reposição seja realizada respeitando-se o PEPS.
» Deve-se cuidar para não haver contaminação química e física dos produtos
expostos.
» Para peixes frescos e inteiros, a exposição deve ser feita de modo que meta-
de de um peixe seja coberto pelo peixe seguinte. Os olhos devem ficar à vista
do consumidor.
» É recomendada a retirada do produto do balcão de venda após dois dias de
exposição (a cada final de turno, os pescados devem ser armazenados sob re-
[143]
EMBALAGEM
» O pescado escolhido pelo consumidor deve ser eviscerado e manipulado
de acordo com a solicitação do cliente. Depois, embalado em saco plástico.
Recomenda-se colocar em outro saco plástico contendo gelo para a melhor
conservação do produto.
GELO
» A alta perecibilidade dos pescados tem explicação em diversos aspectos
característicos das espécies, tais como: a composição química, a camada de
muco que recobre os pescados e que forma a mucina, a presença de guelras, o
grande volume intestinal, o rápido rigor mortis. Por essa razão, é fundamental
realizar a refrigeração rápida por gelo artificial (podendo ser em blocos, brita-
do, em escamas) por água refrigerada e por equipamentos.
» O gelo em escamas, por ser mais leve e sem pontas, prejudica menos a tex-
tura dos pescados do que o gelo britado.
» Alguns produtos químicos, inclusive antibióticos com função bactericida, são
adicionados ao gelo para aumentar sua ação de conservação, mas deve-se
condicionar essa utilização à legislação da localidade.
» O gelo deve manter o produto entre 0ºC e 2ºC para retardar a atividade enzimá-
tica e de microrganismos. Já a água fria banha os pescados removendo muco,
sujidades e sangue. A proporção de gelo/pescado varia entre 1/4 e 1/1, de acordo
com a fase produtiva, sendo importante mais gelo no início do processo.
» No transporte, os peixes são refrigerados por salmouras refrigeradas, gelo
seco, refrigeração mecânica ou bolsas com salmoura refrigerada (pode ser
água do mar). Para longos trajetos se introduz CO2 no caminhão isotérmico.
» Os estabelecimentos comerciais devem adquirir gelo de boa procedência. O
gelo deve ser fabricado com água potável, embalado em sacos plásticos inco-
lores e transparentes e com a identificação da origem e do tipo. O veículo de
transporte deve ser isotérmico, com boas condições estruturais e de higie-
ne; o manejo de transporte e entrega deve ser realizado com procedimentos
adequados e supervisionado pelo comprador. Esse controle tem o objetivo de
corrigir falhas como: colocar as caixas na rua diretamente no chão e depois no
caminhão; pisar nos sacos de gelo ou diretamente no gelo, ao serem transfe-
ridos; utilizar inadequadamente a pá etc.
» Caso o gelo seja de fabricação própria, é importante garantir as boas condi-
ções das máquinas, com a troca das unidades filtrantes de acordo com o prazo
[144]
QUITANDAS OU HORTIFRUTIGRANJEIROS
Os vegetais são alimentos perecíveis e podem ser classificados em grupos
segundo suas características e resistência à ação do frio. A perecibilidade dos ve-
getais atinge entre 30 e 40% da totalidade produzida. Nos setores de vendas, es-
tes produtos são conhecidos pela sigla FLV (Frutas, Legumes e Verduras).
no local de venda. Pode ser causada por insetos como caramujos e lesmas; bacté-
rias; fungos; vírus oriundos de água contaminada ou fezes; manipuladores; equi-
pamentos; embalagens; ou ainda por pesticidas.
As perdas dos FVL podem ocorrer por situações como:
Nos vegetais folhosos, pode haver defeitos causados por ataques de pragas,
amarelamento ou queima das folhas, podridão, presença de sujidades do campo
ou por falhas no transporte. Alterações de sabor e cor podem ocorrer por falta de
chuva, falhas do plantio, iluminação inadequada na exposição à venda.
[146]
SELEÇÃO/COMPRA
»»»
RECEBIMENTO
»»»
ARMAZENAMENTO
»»»
EMBALAGEM
»»»
EXPOSIÇÃO À VENDA
SELEÇÃO E COMPRA
» Deve-se dar preferência a produtos classificados, ou seja, separados por va-
riedade, tamanho, cor e qualidade. Dessa forma os produtos à venda serão
mais uniformes. Sem esse gerenciamento, os consumidores acabam por cau-
sar avarias mecânicas nos produtos expostos, causando mais perdas.
» É importante comprar de fornecedores que tenham as Boas Práticas agríco-
las implantadas e que utilizem veículos adequados para o transporte.
» Os veículos de entrega podem ser fechados ou abertos. Estes últimos devem
usar lona para a cobertura dos produtos. Os veículos devem se apresentar em
bom estado de conservação e limpeza.
RECEBIMENTO
» É importante observar se os produtos são entregues sem umidade exagera-
da, sem manchas, bolores, danos mecânicos, no grau de maturação requerido,
em embalagens plásticas. As frutas nobres (mais sensíveis) podem ser entre-
gues nas embalagens de origem, até mesmo de papelão, para evitar o excesso
de manuseio e perdas.
» No recebimento devem ser observadas as características inerentes a cada
produto. Veja o quadro a seguir:
[147]
Acelga As folhas devem ser novas, de cor verde-clara e talo verde esbranquiçado.
Consistência firme, parecida com a do repolho.
Folhas internas sem manchas ou marcas de insetos.
Quando o talo está mole, é sinal de que está passada.
Agrião Folhas verdes, bem escuras, brilhantes, firmes e tenras, sem manchas nem marcas de
insetos.
Alface Folhas viçosas, limpas, de cor brilhante, sem manchas ou marcas de insetos.
Ameixa Embora a ameixa seja uma fruta macia, ela só é boa para o consumo enquanto está firme,
com aparência fresca e cor viva, sem partes moles, manchadas ou machucadas.
Arroz Prefira os grãos longos ou médios e com pouca quantidade de grãos quebrados.
O de cor muito branca é o menos nutritivo e o que mais empapa.
Banana Casca bem amarela e pequeninas manchas marrons, aspecto firme, sem partes moles ou
manchadas ou machucadas.
Batata Casca lisa e fina, não deve ceder à pressão dos dedos.
Não deve ter manchas ou pontos escuros, sem brotos, não esverdeada (a cor verde indica a
presença de solanina, que tem efeito tóxico caso a batata seja consumida crua).
Bertalha Cor verde bem escura, tenras e limpas, sem manchas nem marcas de insetos.
Brócolis Flores, talos e folhas de cor verde-escura, sem manchas, nem marcas de insetos.
Flores amareladas indicam verdura velha.
Cebola Casca brilhante, seca, firme, lisa, sem machucados ou manchas e sem brotos verdes.
Cenoura Firme, com superfície limpa e lisa, cor bem alaranjada, sem partes verdes.
Cogumelo fresco Cor clara (entre o amarelo pálido e o branco), sem manchas nem partes escuras.
Bordas lisas, sem fendas.
Espinafre Folhas frescas, de cor verde-escura brilhante, tenras, limpas e sem marcas de insetos.
Figo Consistência macia, cor firme, sem bolor ou partes muito moles ou amassadas.
Maçã Cor acentuada, firme, casca lisa e limpa, sem depressões ou machucados na casca.
Mamão Não deve ter rachaduras, partes escuras ou manchadas nem picadas de insetos.
A casca deve estar bem firme e limpa.
Manga Se tiver batidas, rachaduras ou estiver coberta com um líquido grudento, o consumo não é
aconselhável, pois são sinais de que a fruta está passada. Quando está muito verde não tem
sabor agradável.
A manga boa para consumo deve mostrar-se macia, mas sem que a casca se rompa pela
pressão dos dedos.
Milho verde Folhas de cor verde bem viva e de cabelo marrom-escuro (quanto mais amarela e seca a
casca, mais o milho vai estar duro).
Ao descascar, verifique a parte de baixo da espiga: se estiver macia, o milho é fresco. Se
estiver dura ou cortada, o milho já está velho.
Morango É uma fruta delicada e deve ser manipulada o mínimo possível. Convém adquirir o produto
acondicionado em caixinhas.
Devem ser bem vermelhos, sem manchas ou partes amolecidas.
Pêssego Deve ser fresco, de cor creme, amarelada, branca ou avermelhada e de consistência firme,
mas não dura.
Pera A casca dura indica que a fruta foi colhida antes do tempo e logo ficará murcha.
Deve ser lisa sem cortes ou rachaduras, sem manchas e picadas de insetos.
Quiabo É bom quando é tenro, bem cheio e firme e sua ponta se quebra com facilidade.
Não deve ser muito deformado ou manchado.
Dar preferência aos verdes mais claros, pois a cor amarelada indica que já estão maduros
demais.
[149]
Salsão As folhas devem estar bem abertas e ser de um verde bem forte e brilhante.
ARMAZENAMENTO
» O armazenamento deve garantir a preservação dos produtos para serem ex-
postos à venda em boas condições.
» A cada 10ºC de redução de temperatura, reduz-se entre duas a quatro vezes
a atividade respiratória dos produtos. Por exemplo: maçãs a 21ºC amadurecem
em um dia; mas, a 1ºC, chegam no mesmo estado de maturação em dez dias.
Deve-se, portanto, evitar temperaturas elevadas no armazenamento.
» Os hortifrútis verdes não devem ser armazenados sob frio, tampouco os mui-
to maduros.
» É importante que a câmara fria de estocagem mantenha temperatura homo-
gênea e umidade relativa controlada, para que a maturação dos produtos ocor-
ra simultaneamente, evitando perdas entre produtos pela proximidade. Para
isso existem equipamentos como termômetros, higrômetros etc.
EMBALAGEM
» As embalagens utilizadas para os FVL são em geral: engradados, caixas,
pacotes, redes, pratos de isopor com envoltório plástico, papelão, entre outros.
O importante é que proteja o produto, preserve sua qualidade, não transmita
contaminantes, facilite o manuseio e operações de carga e descarga.
» Existe uma Instrução Normativa (IN 009, de 12/11/2002), publicada em ação
conjunta entre Sarc/Anvisa/Inmetro, que regulamenta as embalagens para
acondicionamento, manuseio e comercialização de produtos hortículas in
natura. Ela foca tanto a proteção, a conservação, a integridade dos produtos
quanto a necessidade de informação sobre classificação, qualidade e quan-
tidade. A IN 009/02 indica que as embalagens devem ser utilizadas sobre es-
trados (paletes), rotuláveis e, quando descartáveis, devem ser recicláveis ou
permitirem higienização a cada uso.
[151]
EXPOSIÇÃO À VENDA
Alguns cuidados devem ser respeitados para garantir maior vida de prateleira,
qualidade e beleza dos FVL:
» Evitar excesso de mercadorias expostas para não prejudicar sua conser-
vação pela falta de circulação de ar ou peso exagerado.
» Evitar incidência direta de sol, locais quentes ou iluminações que emitam
calor ou alterem a cor dos produtos.
» Retirar produtos que estejam injuriados ou com bolores para evitar que
prejudiquem os demais.
» Controlar a temperatura (e umidade, se possível) dos balcões, realizando
registro.
» Fazer reposições frequentes e cuidadosas, respeitando a regra PEPS.
» Identificar adequadamente os produtos.
» Usar estrados para não deixar os produtos diretamente no chão.
» Manter limpos as gôndolas e os balcões expositores, assim como os ar-
redores.
» Os materiais usados para embalagem dos produtos devem ser mantidos
protegidos de contaminação.
» Os proprietários dos estabelecimentos devem conhecer e orientar seus
funcionários para que as gôndolas sejam organizadas de modo a proteger
e a aumentar a validade dos produtos.
CUIDADOS EM GERAL
» Manter facas limpas, sanificadas e protegidas para a utilização dos cortes.
» Garantir a higienização das placas de corte. Usar diferentes placas para pro-
dutos brutos não higienizados e para produtos já higienizados.
» Higienizar as caixas plásticas (monoblocos). Cada estabelecimento deve uti-
lizar suas próprias caixas, devolvendo as do fornecedor usadas no transporte.
» Demais superfícies também devem ser lavadas ou higienizadas (estrados,
balanças, câmaras frigoríficas, balcões, gôndolas, prateleiras etc.).
» As balanças e os termômetros devem ser periodicamente calibrados. As ba-
lanças devem ter o selo ou lacre comprobatório do serviço de calibração.
[152]
OVOS
Os ovos são classificados segundo a coloração da casca, qualidade e peso. A
casca pode ser branca ou da cor avermelhada. Segundo a qualidade, os ovos
podem ser classes A, B ou C. Por fim, de acordo com o peso, são classificados
em Tipo 1 extra, Tipo 2 grande, Tipo 3 médio, Tipo 4 pequeno (veja o quadro).
Segundo o Decreto 56.585 de 20/07/65 – MAPA, para as classes A e B é tolerada
a presença de uma porcentagem de até 5% de ovos da classe imediatamente
inferior nas embalagens. E para os tipos 1, 2 e 3 é tolerada a presença na
embalagem de uma porcentagem de até 10% de ovos do tipo imediatamente
inferior.
Classe B Devem ser uniformes, íntegros, limpos e de casca lisa, permitindo-se ligeira deformação e manchas
discretas.
Ter câmara de ar fixa e com, no máximo, 6 mm de altura.
Apresentar gema translúcida, firme, consistente, ligeiramente descentralizada e deformada, mas
com contorno bem-definido e sem germe desenvolvido.
Apresentar clara transparente, límpida, relativamente consistente e com a chalaza intacta.
Classe C Devem ser íntegros, limpos, tolerando-se defeitos de contorno, textura e manchas.
Ter câmara de ar solta e com no máximo 10 mm de altura.
Apresentar gema descentralizada e deformada, com contorno definido e sem desenvolvimento do
germe.
Apresentar clara com ligeira turvação, relativamente consistente e com a chalaza intacta.
Tipo 1 extra Peso mínimo de 60 gramas por unidade ou 720 gramas por dúzia.
Tipo 2 grande Peso mínimo de 55 gramas por unidade ou 660 gramas por dúzia.
Tipo 3 médio Peso mínimo de 50 gramas por unidade ou 600 gramas por dúzia.
Tipo 4 pequeno Peso mínimo de 45 gramas por unidade ou 540 gramas por dúzia.
EMBALAGEM
» Os ovos devem ser acondicionados em embalagens específicas e devida-
mente identificados com as seguintes informações: data da embalagem, prazo
de validade de acordo com as condições de armazenamento (temperatura am-
biente ou sob refrigeração), grupo, classe, tipo e cor.
COMPRA
» Exigir o cumprimento dos requisitos legais do serviço de inspeção sanitária
do Ministério da Agricultura e atentar para as condições supracitadas quanto à
classificação do produto.
ARMAZENAMENTO/EXPOSIÇÃO À VENDA
» A validade menor está indicada para o armazenamento em local seco e fres-
co; a validade maior para locais refrigerados. A refrigeração retarda a multipli-
cação dos microrganismos e deve ser mantida de preferência abaixo de 10ºC.
» Em outros países, a refrigeração já é bastante utilizada, para evitar a pre-
sença de Salmonella spp. na gema. A recomendação da cadeia fria evita a sua
multiplicação.
» As pilhas de caixas não devem ultrapassar a altura de cinco delas. É impor-
tante garantir as informações sobre o produto na unidade de venda comercia-
lizada.
» Retirar da exposição as caixas de ovos que estiverem fora do prazo de
validade.
[154]
FRIOS
Dentre os frios estão incluídos os embutidos, os produtos cozidos (com e sem
cura) e os crus (curados ou maturados).
QUEIJOS
Denominação dos produtos, fermentados ou não, obtidos pela coagulação do
leite – integral, padronizado ou desnatado – seguido de dessoragem. Veja as
classificações dos queijos:
ASPECTO EXTERNO
» Com casca seca: emmental (suíço), parmesão.
» Com casca lavada: moleson, raclette, gruyère, port-salut.
» Com mofo branco: cammembert, friburguinho.
» Sem casca: mozarela, prato.
» Pastoso: petit-suisse, boursin, requeijão.
ASPECTO INTERNO
» Com olhaduras de fermentação: tipos suíços, tilsit, raclette, moleson.
» Sem olhaduras ou poucas de origem mecânica: minas, prato, mozarela.
» Com mofo azul ou verde: gorgonzola, roquefort.
» Com ingredientes: ervas, frutas, condimentos.
TECNOLOGIA
» Tipo de coagulação: coalho, lático ou misto.
» Tratamento térmico: massa crua, semicozida ou cozida.
TIPO DE MASSA
» Massa obtida pelo coalho: ação das enzimas do coalho (minas, gruyère,
mozarela etc.).
» Massa obtida por fermentação ácida: a precipitação do leite é obtida pela
fermentação ácida do leite (quark).
[156]
Nem todos os produtos passam por todas as etapas operacionais que estão
descritas a seguir. Há diferenças nos processos de venda por autosserviço e a
granel (produtos porcionados e vendidos no balcão de atendimento).
SELEÇÃO DE FORNECEDORES/COMPRA
» Os produtos devem ser adquiridos apenas de fornecedores idôneos e que
estejam devidamente registrados nos órgãos competentes. Dar preferência
aos que tenham as Boas Práticas implementadas em seus estabelecimentos.
É recomendável uma visita técnica para realizar a escolha dos fornecedores.
» Deve-se considerar a capacidade de armazenamento ao se realizar um
pedido, para que não haja desperdícios pela queda da cadeia fria, ou seja, a
manutenção fria deve ser contínua ao longo de todas as etapas envolvidas no
processo.
RECEBIMENTO
» Observar as condições de transporte, a integridade e higiene das embala-
gens, os dizeres de rotulagem, incluindo validades e temperatura.
» É importante realizar registro das temperaturas, quando aplicável. Deve-se
cumprir a temperatura de recebimento indicada pelo fabricante.
» As características sensoriais devem ser conferidas. Por exemplo, para os
salgados e defumados, a aparência de “molhado” pode indicar fraude (ressal-
ga). Verificar com atenção a presença de manchas vermelhas (vermelhão) e de
ranço, além de larvas e bolores na superfície.
» Não havendo informação sobre a temperatura ideal do produto, receber até
no máximo 5ºC (para os produtos que requerem refrigeração).
» Os produtos salgados e defumados podem ser recebidos à temperatura am-
biente ou refrigerados de acordo com a especificação do fabricante.
» Após o recebimento, os produtos que requerem refrigeração devem ser ra-
pidamente armazenados (mantidos em temperatura ambiente por no máximo
20 minutos).
» O manejo dos produtos deve ser cuidadoso para evitar danos na embalagem.
ARMAZENAMENTO
» Cumprir o critério do rodízio PVPS. A supervisão deve ser rigorosa quanto à
validade, pois existe uma grande variedade de produtos cuja vida de prateleira
é bem reduzida, ainda mais para os produtos que já foram manuseados, como
os pré-fatiados.
» O equipamento de refrigeração deve ser mantido com a porta sempre fecha-
da para evitar a perda de frio.
Onde houver produtos manipulados não devem ser mantidas caixas de
papelão.
» Manter os produtos mais frágeis nas prateleiras superiores (iogurtes, re-
queijão) e os mais pesados nas de baixo (peças de queijo, frios). Atentar para
[157]
a organização dos produtos de forma que não ocorra absorção de odores e
sabores de um produto para outro.
» Seguir as recomendações dos fabricantes quanto ao empilhamento máximo,
para que não haja danos aos produtos ou às embalagens. Também devem ser
seguidos os critérios quanto à temperatura de armazenamento (o equipamen-
to deve ser regulado para a temperatura do produto que requer o frio mais
intenso).
» Os produtos, mesmo em caixas ou monoblocos, devem ser mantidos sobre
prateleiras ou estrados/paletes, nunca diretamente no chão.
» Manter os produtos salgados e defumados em local seco e fresco. Não de-
vem ser expostos à luz solar e nem à ventilação forçada. Os defumados podem
ser pendurados em ganchos. Devem ser realizadas rotações frequentes nos
defumados e salgados.
PESAGEM
» Os produtos devem ser pesados e precificados antes de serem expostos à
venda.
MANIPULAÇÃO/FATIAMENTO/FRACIONAMENTO
» Respeitar o tempo de manipulação em relação à temperatura do local: até
30 minutos em temperatura ambiente; até duas horas se for área climatizada
entre 12 e 18ºC. Os produtos devem voltar ao equipamento assim que forem
manipulados, devendo ser mantidos protegidos por filmes plásticos ou outra
forma segura.
» É importante lavar as embalagens antes da abertura dos produtos para corte
ou fracionamento.
[158]
EMBALAGEM/PESAGEM/PRECIFICAÇÃO
» As embalagens devem ser protegidas em local apropriado, para que não
sejam contaminadas por perigos físicos, químicos e biológicos.
» De acordo com o pedido do cliente, os produtos são cortados, pesados e
embalados em sacos plásticos, bandejas ou outras embalagens apropriadas.
Depois devem ser precificados. A etiqueta que acompanha o produto deve ter
as seguintes informações: nome, marca, registro do fabricante (quando aplicá-
vel), razão social do fabricante, produtor ou fracionador, ingredientes, data da
embalagem e validade, peso e preço.
Muitos mercados também estão optando por ofertar aos consumidores pro-
dutos prontos em espaços diferenciados, tais como: cafés, doceria, lanchonetes,
pizzarias, serviços de café da manhã e outras especialidades.
Esses estabelecimentos/setores necessitam de instalações físicas específi-
cas, assim como dos mesmos equipamentos e utensílios usados por cozinhas de res-
taurantes. Devem ainda conhecer as exigências legais, inclusive no que se refere
aos cuidados de manipulação para garantir a segurança dos alimentos.
Considerando que esses espaços estejam alocados dentro de supermercados
e similares, é fundamental planejar e estruturar as áreas de trabalho, baseando-se
nas exigências das Boas Práticas, principalmente nos seguintes aspectos:
» Vedar as possíveis entradas de vetores contaminantes. É necessário instalar
barreiras como ralos sifonados e com tampos escamoteáveis mantidos sempre
fechados, telas nas aberturas com malha de 2 mm, cortinas de ar com inclinação
levemente para fora, instaladas nas portas de entrada desses espaços.
» Garantir que caixas de papelão não entrem nos espaços de preparação de alimen-
tos, devendo ser previamente descartadas. Os conteúdos devem ser transferidos
para caixas plásticas limpas e nunca colocadas no piso sem que haja estrado ou car-
rinho. E as informações de origem devem ser mantidas nos produtos para garantir a
rastreabilidade. Por exemplo, pode-se recortar a parte da caixa de papelão que con-
tém as informações do produto (nome do produto, produtor, data de postura, data de
validade etc.) e colocá-la acondicionada em uma caixa plástica junto com o produto.
Outra alternativa seria transcrever as informações para uma etiqueta.
» Manter a equipe de profissionais treinada quanto às Boas Práticas e à manipu-
lação segura de alimentos.
» Exigir a troca de uniformes diariamente. Os aventais de manuseio não devem sair
do ambiente de trabalho. Ao ir ao banheiro, por exemplo, os profissionais podem
pendurar os uniformes em local adequado e recolocá-los ao voltar a trabalhar.
» Instalar pias e facilidades para a lavagem frequente das mãos, em número
suficiente para atender a todos os manipuladores. Disponibilizar também as ins-
truções de procedimento.
» Cumprir os procedimentos adequados de higienização de instalações, equipa-
mentos e utensílios (já descritos no capítulo 4).
» Garantir que a água usada para o preparo de sucos e outros alimentos seja po-
tável. Instalar um filtro e trocar a unidade filtrante no período correto (de acordo
com o fabricante). Deve-se manter uma etiqueta no filtro com a indicação da data
de troca e da próxima troca.
[161]
ARMAZENAMENTO
» Os produtos podem ser armazenados em temperatura ambiente (estoque
seco), sob refrigeração ou congelamento. É importante garantir o respeito ao
critério de rodízio PVPS, seguindo uma arrumação adequada (os mais velhos
na frente dos mais novos).
PRÉ-PREPARO
» Estão incluídos nesta etapa os procedimentos de descongelamento, dessal-
gue, corte, tempero, lavagem, sanificação (para produtos hortifrútis de consu-
mo cru), mistura de ingredientes entre outros.
» A higiene das superfícies e dos equipamentos é de fundamental importância,
assim como o tempo de exposição em temperatura ambiente, que deve ser
reduzido para os produtos que requerem refrigeração (no máximo, 30 minutos
para cada lote em manipulação).
[162]
PREPARO
» Nesta etapa os produtos são tratados termicamente ou são montados (sala-
das, sanduíches, sucos e similares).
» A temperatura usada nos produtos assados, cozidos, grelhados ou fritos deve
ultrapassar 70ºC em todas as partes para garantir a segurança para o consumo.
» No caso de frituras, não se deve usar óleo com níveis de ácidos graxos livres
elevados. Cuidar para que a temperatura não ultrapasse 180ºC e que não haja
formação de fumaças escuras e nem de espuma. Pode-se verificar o nível de
ácidos graxos livres com kits vendidos no mercado.
» Na montagem das saladas e sanduíches, deve-se respeitar o tempo de ex-
posição em temperatura ambiente. Para as saladas e pastas, é mais seguro
realizar as misturas com os ingredientes previamente refrigerados. A higiene
das superfícies e das mãos é fundamental nesta etapa.
[163]
RESFRIAMENTO
» Algumas preparações precisam ser resfriadas para o consumo. A forma
mais segura é o resfriamento forçado. Podem ainda ser usados resfriador
(blast-chiller), câmara ou freezer, banho de gelo ou banho por redução de por-
ções com refrigeração ou congelamento posterior. O importante é que o critério
de segurança seja cumprido de acordo com o estabelecido pela legislação.
» Os produtos devem ser colocados para resfriar antes de atingir 60ºC. Em
menos de duas horas devem alcançar 10ºC. Nessa temperatura podem então
ser cobertos e etiquetados e levados para a manutenção fria ou congelamento.
ENVASE
» Os recipientes nos quais serão acondicionados os produtos devem ser la-
vados e sanificados (a sanificação pode ser realizada por borrifamento ou
imersão em solução clorada ou álcool a 70% – ver detalhes sobre métodos de
lavagem e sanificação no capítulo 4). Os produtos devem ser protegidos por
filmes plásticos, tampas ou outras formas alternativas. Os utensílios devem
ser trocados com frequência, em geral a cada quatro horas.
PADARIAS E CONFEITARIAS
A função das padarias, a princípio, é o preparo de pães, bolos e massas. O
pão apresenta baixo risco de contaminação em função da atividade aquosa redu-
zida. No entanto, com o aumento da variedade de pães com recheios e coberturas,
houve a necessidade de criar critérios mais seguros para o processo de fabricação.
Hoje, as padarias fazem parte de vários setores da cadeia produtiva de ali-
mentos. Podem ser indústrias, minimercados, lanchonetes, lojas de conveniência
e até restaurantes, demandando grande variedade de profissionais com conheci-
mentos técnicos específicos. As padarias devem, então, estruturar as edificações,
instalações e equipamentos em função da sua produção.
Para enfrentar a concorrência e acompanhar a evolução do setor de ali-
mentação, as padarias buscaram inovar implantando as Boas Práticas para pro-
porcionar aos clientes maior confiança quanto à segurança dos alimentos.
ESTRUTURA FÍSICA
As padarias e confeitarias necessitam de uma área entre 60 m2 e 100 m2. A
manipulação ocupa 50% desse espaço e, além da comercialização, é importante
prever a recepção de mercadorias, que deve ficar próxima ao estoque para criar
um fluxo de trabalho linear.
A farinha de trigo, muito usada nesses dois estabelecimentos, requer con-
dições específicas de armazenamento, já que pode entrar em combustão espontâ-
nea e é 14 vezes mais explosiva que o carvão. A área de armazenamento deve ser
arejada, possuir paredes duplas, estrados/paletes para o apoio dos fardos de fari-
nha, que não podem ultrapassar pilhas de dez. É importante evitar que produtos
inflamáveis permaneçam próximos aos sacos de farinha. Extintores de incêndio
devem ficar estrategicamente alocados.
Toda a edificação deve ser planejada para não possibilitar a entrada de pra-
gas e vetores. As aberturas devem possuir telas, preferencialmente metálicas de
malha de 2 mm, à prova de roedores. De acordo com a localização, as telas devem
ser removíveis para possibilitar a limpeza.
[165]
EQUIPAMENTOS
Os equipamentos variam de acordo com o tipo de produção. São masseiras,
cilindros (para sovar massas), fornos, batedeiras, modeladoras, divisoras, assadei-
ras, câmaras de fermentação, balanças, balcões refrigerados, sistema de refrige-
ração de água, entre outros.
Em relação aos móveis, o material preferencial é o inox para mesas de pre-
paro, balcões, prateleiras, estantes etc. O mármore é recomendável para confei-
tarias por ter uma superfície mais fria e boa condutividade térmica, favorecendo
a abertura de massas e manuseio de chocolate derretido.
É importante manter rigorosa manutenção dos equipamentos, verificando
se não há vazamentos de óleo, necessidade de reposição do óleo, verificar tensão
de correias, lubrificar os rolamentos e engrenagens, colocar graxa nos graxeiros e
outras peças que necessitem manutenção, limpeza ou substituição. A periodici-
dade de manutenção é recomendada pelo fabricante.
Os equipamentos de medição, como termômetros, balanças e dosadores
devem ser calibrados de tempos em tempos por empresa devidamente creden-
ciada pelo Inmetro. Devem ser mantidos os registros comprobatórios.
Os utensílios utilizados em padarias e confeitarias devem ser preferencialmente
de materiais de fácil limpeza, devendo ser mantidos em bom estado de conservação.
200 ppm, enxaguar em água corrente e deixar secar naturalmente em local sem
riscos de recontaminação. Se o material for de pano, após o enxágue pode-se secar
em forno morno desligado. Depois de limpos, os sacos de confeiteiro devem ser
guardados protegidos de contaminação, mantidos sob refrigeração, envolvidos em
filme plástico ou saco plástico.
PRODUÇÃO: ÁGUA
A água é extremamente importante nas padarias por ser utilizada como in-
grediente e a sua dureza pode interferir na fermentação. Por isso, o ideal é que
ela tenha uma proporção de sais de cálcio e magnésio entre 50 ppm e 100 ppm,
auxiliando o processo de fermentação.
A água também necessita ter um pH mais ácido, pois, se for alcalino, pode
neutralizar os ácidos formados durante a fermentação, não permanecendo com o pH
ótimo para a atividade enzimática. Para resolver essa questão, pode-se adicionar
ácido acético ou lático ou fosfato monocálcico até reduzir o pH. Caso se queira
acidificar a água, a alternativa é utilizar leveduras com maior tolerância à alcalinidade.
Escolha de fornecedores
Recebimento
de matérias-primas
Armazenamento
de matérias-primas
Mistura Mistura
Divisão Cocção
Adição de recheio
Moldagem
ou cobertura
Descanso/Fermentação
Tratamento térmico
Desmoldagem/Esfriamento Distribuição
Embalagem/Rotulagem
Distribuição
[167]
Escolha de fornecedores
Recebimento
de matérias-primas
Armazenamento
de matérias-primas
Pré-preparo Pré-preparo
Mistura Mistura
Esfriamento Esfriamento
Desenformagem
Montagem/Decoração
Embalagem/Rotulagem
Distribuição
FEIRAS LIVRES
Numerosos produtos são comercializados nas feiras livres, podendo ser
agrupados de acordo com suas características:
» Frutas e hortaliças.
» Ovos.
» Aves, coelhos, carnes suínas, bovinas, caprinas, entre outras, abatidas ou
refrigeradas.
» Pescados (peixes, crustáceos, moluscos, entre outros, vivos ou mortos).
» Massas alimentícias, cereais, produtos enlatados e farinhas.
» Balas, doces e biscoitos embalados ou a granel.
» Produtos salgados, defumados e embutidos.
» Produtos pré-preparados (coco ralado, hortifrútis cortados etc.).
» Laticínios.
» Condimentos (moídos na hora, a granel ou embalados).
» Salgados fritos ou assados, entre outros (inclusive tapioca etc.).
AQUISIÇÃO OU COLHEITA
É fundamental o cuidado na aquisição dos produtos, pois a contaminação para
o consumidor final ocorre principalmente devido à origem dos produtos, ou
seja: garantia do local produtor, da colheita, do solo, das chuvas, do local de
captura, entre outros.
ACONDICIONAMENTO
» Os produtos devem ser acondicionados em contentores limpos, preferencial-
mente caixas plásticas, evitando o uso de caixotes.
» No caso de utilização de caixotes, cuidar para que pregos e farpas não dani-
fiquem os produtos, assim como o excesso deles nas caixas (frutas e horta-
liças que são mais sensíveis podem ser danificadas e iniciar um processo de
deterioração).
» Evitar apoiar as caixas diretamente no chão, preferindo apoiá-las em estra-
dos ou sobre caixas vazias.
» Sempre que possível, os produtos devem ser protegidos de contaminação
pelo ambiente, podendo-se utilizar sacos plásticos transparentes.
» O excesso de terra e sujidades também deve ser retirado dos produtos com
antecedência.
TRANSPORTE
Os veículos devem ser mantidos limpos. Não se deve transportar produtos quí-
micos, animais ou outros itens juntamente com os alimentos, para evitar con-
taminação. Os perecíveis necessitam de refrigeração. Deverão ser mantidos
em temperaturas seguras para evitar deterioração e perigo para o consumo.
[173]
EXPOSIÇÃO À VENDA
O ambiente, as superfícies de apoio, assim como os utensílios empregados e
as mãos dos feirantes influem diretamente nas condições higiênico-sanitárias
dos alimentos expostos. Eis alguns cuidados a serem considerados nesta etapa:
» Montar a barraca mantendo os produtos protegidos no veículo (limpar,
tirar acúmulo de resíduos e água empoçada).
» Utilizar materiais lisos e laváveis para apoiar alimentos.
» As balanças devem ser mantidas limpas, sendo higienizadas ao final do
dia e sempre que necessário.
» Utilizar placas de corte e facas limpas. Será necessário dispor de água
potável, detergente neutro e esponja para a correta lavagem dos utensílios.
» Evitar exposição direta ao sol ou a chuvas e poeira.
» Os feirantes deverão utilizar jalecos ou uniformes de cores claras, pro-
teção nos cabelos (bonés, toucas, redes ou similares), manter as unhas
curtas, limpas e sem esmaltes.
» Os profissionais devem estar em bom estado de saúde, não apresentan-
do feridas supuradas, doenças respiratórias, dermatológicas e gastrintes-
tinais.
» Os produtos como balas, biscoitos e bebidas, devem ser adquiridos de
empresas registradas nos órgãos competentes. Acondicionados em invó-
lucros adequados e rotulados, os produtos devem ser protegidos da poeira
por filós limpos ou plásticos, quando abertos para a venda.
» Os pescados poderão ser eviscerados, limpos e fracionados, se o feirante
possuir viatura adequada e equipamentos que mantenham os produtos em
temperatura correta (0ºC a 2ºC). Os filés e postas também devem ser man-
tidos frios, mas sem contato direto com o gelo (podem ser utilizados sacos
ou filmes plásticos sobre o gelo).
» Os feirantes devem possuir carteira de saúde, carteira profissional e pro-
va de que o veículo foi vistoriado pela autoridade sanitária (quando aplicá-
vel). Com esses documentos, pode-se solicitar o pedido de licença sanitária
ou de renovação (quase sempre anual).
» Cada feirante deve cuidar da limpeza da rua e da área ao redor da barraca,
dispondo lixo e resíduos em sacos de lixo para descarte adequado, visto
que o lixo pode se tornar um problema de saúde pública, atraindo pragas e
entupindo bueiros.
» Não usar jornais, revistas ou papéis usados para embrulhar os alimentos.
» Dispor de água potável para aspersão das hortaliças.
» O feirante pode improvisar um galão com torneira para ser utilizado como
reservatório de água e ‘pia’ para possibilitar a lavagem das mãos. A água
pode ser reposta em algum estabelecimento nas proximidades da feira.
» Dar preferência a utensílios de cabos longos ao invés das mãos para ma-
nipular alimentos prontos para o consumo.
» Usar filme plástico ou similar para auxiliar o corte de peças prontas para
o consumo.
» A barraca deve ter uma pessoa específica para cuidar do pagamento e
tocar em dinheiro, principalmente no caso de comercialização de produtos
prontos para o consumo.
[174]
[175]
[175]
DOCUMENTOS, REGISTROS
E PROCEDIMENTOS
DAS BOAS PRÁTICAS
capítulo
6
[176]
» Controle de pragas.
» Higienização de reservatórios (caixas d’água ou cisternas).
» Manutenção de equipamentos.
» Trocas de filtros.
» Limpeza de caixas de gordura.
» Limpeza do sistema de exaustão.
» Calibração de balanças e termômetros.
» Atestados de saúde.
» Atestados de saúde ocupacional (ASO).
» PCMSO (documento do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional).
» Registros de treinamentos.
» Registros de garantia de qualidade, como laudos de análises microbiológicas
de alimentos, de avaliação da higiene dos utensílios, dos equipamentos ou de
manipuladores etc.
» Registros de reclamações de clientes.
[177]
BENEFÍCIOS DA ELABORAÇÃO
DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS
Além do fato de a elaboração do Manual ser uma exigência legal, os respon-
sáveis vão se dando conta do quanto ele auxilia na padronização dos procedimen-
tos e facilita tanto a supervisão como a execução das tarefas. Seu uso evita falhas
nos processos de manipulação que possam causar contaminações, proliferações
microbianas e, consequentemente, doenças transmitidas pelos alimentos.
Seguem abaixo outros benefícios advindos da elaboração do Manual de
Boas Práticas:
CABEÇALHO E RODAPÉ
Recomenda-se colocar nas páginas do Manual cabeçalho e rodapé, com in-
formações que identifiquem o documento e a revisão (significa que é necessário
colocar no cabeçalho se foi a primeira elaboração – zero – ou revisão 1, 2, 3 etc.). O
rodapé deve ser apresentado, pelo menos, na primeira e na última página e deve
conter o nome, o cargo e o número da identidade de quem elaborou o Manual e
do proprietário ou preposto do estabelecimento, com o local para assinatura. Caso
seja elaborado por terceiros (consultoria), deve constar em algum local a infor-
mação de que o Manual foi “Elaborado com orientação de...”. Os consultores não
devem assiná-lo por não fazerem parte da empresa; afinal, a responsabilidade le-
gal em relação ao documento é exclusiva do estabelecimento, e não do consultor.
TEMPO VERBAL
Recomenda-se usar o presente do indicativo na redação do Manual, por
exemplo: “Os gêneros são adquiridos de fornecedores idôneos”. O objetivo é rela-
tar o que realmente ocorre na rotina, e não o que deveria ocorrer.
REGISTROS COMPROBATÓRIOS
Na descrição de certos procedimentos, pode ser necessário anexar regis-
tros, laudos, ordens de serviços, cópias de contratos etc. que comprovem a sua
realização efetiva. É importante frisar que alguns desses documentos do Manual
são de apresentação obrigatória em casos de fiscalização ou de auditorias.
ATUALIZAÇÕES DO MANUAL
O Manual deve ser atualizado com frequência previamente estabelecida
e indicada no próprio corpo do texto. As mudanças que ocorrerem na estrutura
física ou na operação do estabelecimento devem ser descritas no Manual, substi-
tuindo os textos obsoletos. As modificações devem ser registradas em uma plani-
lha no próprio Manual e/ou ser anotadas (escritas à mão) no conteúdo até serem
[179]
ROTEIRO 1
“Roteiro para Elaboração do Manual de Boas Práticas de Fabricação de
Produtos da Indústria de Alimentos:
2 Recursos Humanos
2.1 Qual o procedimento na admissão de funcionários?
» número total de funcionários (por sexo)
» número de funcionários das linhas de produção
» número de funcionários qualificados
2.2 Qual o procedimento para treinamento sanitário (conduta ou práticas
de higiene pessoal etc.)?
[180]
4 Instalações e Edificações
4.1 Descrever
4.2 Tipo de construção e material empregado em cada setor
4.3 Distribuição das áreas (discriminada por setores e em m2)
4.4 Sistema de exaustão
4.5 Sistema de ventilação
4.6 Sistema de água e outros fluidos
4.7 Sistema de esgoto
4.8 Sistemas elétrico e de iluminação
4.9 Temperatura das salas de produção
4.10 Lixo e dejetos (local da guarda e destino)
4.11 Anexar o layout da empresa (localização do maquinário e processo
fabril)
5 Equipamentos
5.1 Descrever os equipamentos existentes e suas especificações
5.2 Quais os procedimentos quanto à limpeza, esterilização, ao uso cor-
reto e especificar a manutenção, aferição dos equipamentos de produ-
ção e controle?
6 Sanitização
6.1 Quais os procedimentos quanto à sanitização de utensílios, do ma-
quinário, do ambiente (programas, metodologia aplicada, produtos etc.)?
6.2 Controle de pragas (ratos, insetos etc.)
6.3 Quais os procedimentos adotados (periodicidade)?
6.4 Que empresa executa o serviço, seu número de registro junto à
Feema*?
Nota: Em 4 de outubro de 2007, pela lei n. 5.101, o Governo do Estado do Rio de Janeiro
criou o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) que unificou e ampliou a ação dos três órgãos
vinculados à Secretaria de Estado do Ambiente (SEA): A Fundação Estadual de Engenharia
[181]
e Meio Ambiente (Feema), a Superintendência Estadual de Rios e Lagos (Serla) e o Insti-
tuto Estadual de Florestas (IEF).
7 Produção
7.1 Matéria-prima
7.2 Procedimento adotado (procedência, registro, transporte, recepção,
acondicionamento, estocagem e controle de qualidade)
7.3 Processo de fabricação
7.4 Quais os procedimentos adotados para a fabricação de produtos?
7.5 Fazer constar do Manual o fluxograma da produção de cada catego-
ria de produtos e as medidas de controle correspondentes
7.6 Citar as etapas críticas do processo de produção de cada categoria
de produtos e as medidas de controle correspondentes
8 Embalagem e Rotulagem
8.1 Qual o procedimento na aquisição das embalagens e rótulos
8.2 Qual o sistema utilizado para embalar os produtos (manual, automa-
tizado, terceirizado etc.)
8.3 Qual o procedimento no controle de qualidade das embalagens
8.4 Armazenamento e distribuição do produto final
8.5 Qual o procedimento adotado no armazenamento (temperatura,
aeração, ventilação, iluminação, empilhamento etc.)
8.6 Qual o procedimento adotado na distribuição (registro de distribui-
ção segundo o lote, partida, data de expedição, meio de transporte, des-
tino etc.)
9 Controle de Qualidade
» Qual o procedimento no controle de qualidade do produto final (são
realizadas análises em laboratório? É próprio? Credenciado? Qual a
frequência e quais os tipos das análises, métodos analíticos utilizados,
registro das análises etc.)
10 Controle no Mercado
10.1 Qual o procedimento adotado para a retirada imediata do produto
do mercado?
10.2 Qual o destino dos produtos recolhidos (se possui área separada e
devidamente identificada para o armazenamento dos produtos recolhi-
dos; se os produtos recolhidos são reprocessados; se os produtos re-
colhidos são inutilizados; se existem comprovantes de inutilização dos
produtos e materiais reprovados etc.)?
11 Recomendações Finais
» Muito importante: o Manual de Boas Práticas deverá ser assinado
pelo(s) proprietário(s) da indústria/empresa/estabelecimento (nome le-
gível e número da carteira de identidade) ou por seu preposto – desde
que conste no Manual a procuração reconhecida em cartório.”
[182]
ROTEIRO 2
“Superintendência de Controle de Zoonoses, Vigilância e Fiscalização Sa-
nitária – Coordenação de Vigilância e Fiscalização Sanitária.
Roteiro para elaboração do Manual de Boas Práticas (MBP) e Procedimen-
tos Operacionais Padronizados (POPs) para serviços de alimentação.
5 Manejo de resíduos
5.1 Descrição do número, modelo e distribuição de coletores
5.2 Área e modo de manutenção de resíduos sólidos e líquidos (óleo etc.)
para coleta
5.3 Método de higienização de coletores e áreas de manutenção
5.3 Firma responsável pela coleta
6 Manipuladores
6.1 Saúde dos manipuladores (POP)
6.1.1 Especificar as medidas adotadas nos casos em que os manipu-
ladores apresentem lesão nas mãos, sintomas de enfermidade ou
suspeita de problema de saúde que possam comprometer a segu-
rança do alimento
6.1.2 Especificar os exames aos quais os manipuladores são sub-
metidos e a periodicidade da execução (apresentar atestado de saú-
de ocupacional)
6.2 Higiene pessoal (POP)
6.2.1 Frequência e princípios ativos usados para lavagem e antissep-
sia das mãos
[184]
7 Matérias-primas
7.1 Citar critérios adotados na avaliação e seleção de fornecedores
7.2 Citar condições de transporte das matérias-primas recebidas
7.3 Citar condições de recebimento (área protegida, avaliação dos produtos)
7.4 Medidas adotadas para os casos de devolução, manutenção e/ou
descarte dos produtos inadequados
7.5 Condições de armazenagem
8 Processo de produção
8.1 Citar procedimentos relacionados ao fluxo produtivo por grupo
de produtos (saladas verdes, saladas mistas, pratos quentes, salgados,
sobremesas etc.)
8.2 Fluxo operacional, forma de manipulação e demais cuidados na
prevenção da contaminação cruzada
8.3 Sanitização de vegetais consumidos crus
8.4 Tempo de exposição à temperatura ambiente
8.5 Controle de tempo e temperatura durante o preparo, cocção, reaque-
cimento, resfriamento, descongelamento, dessalgue, manutenção
e distribuição (registros do controle de temperatura)
8.6 Manutenção dos produtos fracionados (tipo de embalagens, identifi-
cação, data de fracionamento e validade)
8.7 Controle do óleo de fritura (temperatura, periodicidade da troca)
10 Exposição
10.1 Cuidados com a área de consumação quanto à organização, higiene
e manipulação dos alimentos
10.2 Cuidados com a exposição ou distribuição de alimentos quanto à
higiene, proteção de superfície e ao controle de tempo e temperatura
[185]
11 Documentação e Registro
» Forma de disponibilização do Manual de Boas Práticas (MBP) e dos
Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) aos funcionários, as-
sim como os registros (planilhas de controle de tempo e temperatura,
recebimento de mercadorias etc.).”
Número da Revisão: 00
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS Data: 22/22/22
Açougue Boi Bom
Identificação da Empresa Seção: 01
Página: 1/1
1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
1.1 Razão Social
» Açougue Boi Bom
» CNPJ: 00.000.000/0001-01
1.2 Endereço
» Estrada João Pessoa, 86 – Tucuruí
» Campos – RJ
» Cep: 11.111 – 111
» Tel: 00-2222-2222
» E-mail: boibom@acougueboibom.com.br
1.3 Responsável Técnico
» João Antônio do Nascimento
» Cargo: Proprietário
» (Cópia da capacitação em Boas Práticas em anexo)
1.4 Autorização de Funcionamento
1.4.1 Alvará
» Cópia em anexo
1.4.2 Certificado de Inspeção Sanitária
» Cópia em anexo
1.4.3 Caderneta Sanitária
» Cópia em anexo
1.4.4 Taxa de Inspeção Sanitária
» Cópia em anexo
1.4.5 Horário de Funcionamento
» De 2ª a 6ª feira – das 8 às 19:00 horas
» Sábado – das 8 às 13:00 horas
1.5 Produtos Comercializados
» São comercializadas carnes in natura – bovinas, suínas e de aves,
inspecionadas pelo órgão competente do Ministério da Agricultura.
Elaborado por:
Aprovado por:
Pedro Calvino – Gerente
João Antônio do Nascimento – Proprietário
RG.: 555555-5
RG.: 8888888-8
Número da Revisão: 00
Procedimento Operacional Padronizado Data: 22/22/22
Mercado dos Doces
Controle de Pragas POP 06
Página: 1/1
1 OBJETIVO
Impedir que pragas ambientais tenham acesso, abrigo e alimento e causem
danos às instalações ou comprometam a segurança dos alimentos comercia-
lizados.
2 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
Resolução RDC 275, de 21/10/2002 – Anvisa e a Portaria 326 – SVS/MS, de
30/07/1997.
3 CAMPO DE APLICAÇÃO
Todas as áreas do mercado.
Nota: No verso da ordem de serviço encontram-se informações adicionais que podem ser segui-
das, se houver mudança na forma de aplicação, de acordo com a informação do fornecedor.
5 Monitorização
6 Ações Corretivas
Sempre que forem observadas não conformidades nos monitoramentos
pode ser necessário tomar alguma das seguintes ações corretivas:
» Solicitação para substituição dos produtos químicos usados na aplicação.
» Solicitação de reforço.
» Solicitação de manutenção predial (tapar buracos etc.).
» Colocação ou substituição de tela.
» Solicitação de certificado de garantia do serviço na validade ou emissão
de ordem de serviço.
7 Verificação
O QUE VERIFICAR QUANDO QUEM DOCUMENTO ENVOLVIDO
Validade dos documentos e
Ordem de serviço e certificado e
preenchimento da planilha de controle Sr. Alexandre
Mensalmente planilha de registro de ocorrência de
da ocorrência de pragas e efetiva Proprietário
pragas
ausência de pragas
Elaborado por: Aprovado por:
Francisca Figueiredo – Responsável Técnico Alexandre Gonçalves – Proprietário
Número da Revisão: 00
Instrução de Trabalho Data: 22/22/22
Hortifrúti Só Fresquinhos
Higienização de Hortifrútis IT 01
Página: 1/1
Nota: Não colocar os alimentos diretamente nas pias ou tanques, usar escorredores.
PLANILHAS DE MONITORAMENTO
OU REGISTROS DE CONTROLE
Para todos os procedimentos que requerem monitoramento, deve-se
realizar registros em planilhas específicas, utilizadas para avaliar as condições da
segurança e possibilitar a tomada de ações corretivas em casos de desvios.
As planilhas podem ser utilizadas, por exemplo, para registro da ocorrência
de pragas; avaliação das condições de manutenção e limpeza dos reservatórios
de água; registro de temperatura de equipamentos térmicos (vitrines, geladeiras,
câmaras, balcões, gôndolas, freezers etc.); avaliação de higiene pessoal etc.
[192]
Número da Revisão: 00
Data: 22/22/22
Supermercado Vem que Tem Planilha de registro de temperatura de equipamento
Planilha 01
Página: 1
DIA HORA TEMPERATURA RESPONSÁVEL OBSERVAÇÕES
01
02
03
04
05
06
07
CHECK-LIST
Número da Revisão: 00
Delicatessen Data: 22/22/22
Check-list de Higiene Pessoal
Sabor Suave Check-list 01
Página: 1
SISTEMA APPCC
E NORMAS DE SEGURANÇA
DE ALIMENTOS
capítulo
7
[196]
CODEX ALIMENTARIUS
A Comissão do Codex Alimentarius executa o Programa Conjunto da FAO/OMS
sobre Normas Alimentares, cujo objetivo é proteger a saúde dos consumidores
e garantir práticas equitativas no comércio de alimentos. O Codex Alimentarius
(do latim, Lei ou Código dos Alimentos) é uma coletânea de normas alimen-
tares adotadas internacionalmente e apresentadas de modo uniforme. Inclui
ainda disposições de natureza consultiva na forma de códigos de práticas, di-
retrizes e outras medidas recomendadas, destinadas a alcançar seus objeti-
vos. A Comissão do Codex considera que tais códigos de práticas poderiam ser
utilizados como listas de verificação (check-lists) de requisitos por autoridades
nacionais encarregadas do controle dos alimentos.
A publicação do Codex Alimentarius tem por objetivo orientar e promover a
elaboração de definições e o estabelecimento de requisitos aplicáveis aos ali-
mentos, auxiliando a sua harmonização e, consequentemente, facilitando o
comércio internacional.
Número da Revisão: 00
Formulário de formação Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul
da Equipe APPCC Seção: 01
Página: 1/1
Nota 1: A equipe APPCC foi treinada em Boas Práticas e Sistema APPCC com carga horária de 40 horas.
Cada membro recebeu um certificado. A lista de presença encontra-se em anexo a este formulário que
indica a equipe formada.
Nota 2: As tarefas e responsabilidades de cada membro estão descritas no documento em anexo intitula-
do Responsabilidades da equipe APPCC.
Número da Revisão: 00
Formulário de descrição do produto/Grupo de Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul
produtos e uso pretendido/Consumidores específicos Seção: 01
Página: 1/1
REFERÊNCIA
MICRORGANISMO
Resolução RDC 12 – 02/01/01 Anvisa
Salmonella sp. Ausência/25g
Estafilococos coagulase positiva 103UFC/g
Número da Revisão: 00
Fluxograma do processo e descrição Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul
das etapas Seção: 01
Página: 1/1
Pescados em filés
»»»
RECEBIMENTO
»»»
ARMAZENAMENTO
REFRIGERADO
»»»
MANIPULAÇÃO/EVISCERAÇÃO
»»»
EMBALAGEM/PESAGEM/
ROTULAGEM/ PRECIFICAÇÃO
de acordo com o POP 1), intercalando-se com o pescado nas caixas próprias
brancas, devidamente higienizadas e identificadas com a data de recebimento,
possibilitando o cumprimento do sistema PEPS.
Número da Revisão: 00
Formulário de análise de perigos na Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul
matéria-prima/Ingredientes Seção: 01
Página: 1/1
MATÉRIA-PRIMA/
PERIGOS JUSTIFICATIVA MEDIDAS PREVENTIVAS/CONTROLE
INGREDIENTE
- Selecionar fornecedores que conheçam
Químico: Toxinas marinhas Contaminação de origem
o local de captura e evitem a pesca em
(ciguatoxinas de algas (da água no local de
áreas com algas tóxicas, garantindo a
marinhas azuis e verdes) captura).
entrega sem estes perigos.
Biológico: Bactérias: Vibrio
parahaemolyticus;
Pleisiomonas sp.;
Aeromonas sp.; Salmonella - Garantir fornecedor com Boas Práticas,
spp.; com captura em águas limpas e longe de
Shigella sp. contaminação por esgoto.
- Manutenção da cadeia fria (para evitar
Contaminação de origem.
Parasitas: Giardia lamblia multiplicação bacteriana).
Pescados marinhos (ou outros parasitas - Cozimento adequado.
intestinais humanos ou de - Evitar contaminação cruzada.
animais de sangue quente) - Congelamento (para os parasitas).
Vírus: da hepatite A
Vírus Norwalk
- Inspecionar durante os manuseios dos
pescados a permanência de fragmentos
Físico: Espinhas Contaminação de origem. de ossos ou espinhas.
- Treinar colaboradores para as corretas
manipulações.
Qualidade: Produto sem - Solicitar ações ao fornecedor de origem.
Contaminação de origem.
padrão ou classificação - Suspender a compra.
[204]
Número da Revisão: 00
Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul Formulário de análise de perigos nas etapas de processo
Seção: 01
Página: 1/1
ETAPA DO
PERIGOS JUSTIFICATIVA SEVERIDADE RISCO MEDIDAS PREVENTIVAS/CONTROLE
PROCESSO
Químico: Toxinas marinhas (ciguatoxinas
Q - Selecionar fornecedores que conheçam o local de captura
de algas marinhas azuis e verdes)
e evitem a pesca em áreas com algas tóxicas, garantindo a
entrega sem estes perigos.
Biológico: Bactérias: Vibrio
parahaemolyticus;
B - Garantir fornecedor com Boas Práticas, com captura em
Pleisiomonas sp.;
águas limpas e longe de contaminação por esgoto.
Aeromonas sp.; Salmonella spp.;
- Manutenção da cadeia fria (para evitar multiplicação
Shigella sp.
Q – alta Q – baixo bacteriana).
Q, B, F, Qual – B – média B – médio - Cozimento adequado.
Parasitas: Giardia lamblia (ou outros
1 - Recebimento contaminação de F – baixa F – alto - Evitar contaminação cruzada.
parasitas intestinais humanos ou de
origem. Qual – baixa Qual – - Congelamento (para os parasitas).
animais de sangue quente)
baixo
F - Inspecionar, durante os manuseios dos pescados a
Vírus: da hepatite A
permanência de fragmentos de ossos ou espinhas.
Vírus Norwalk
- Treinar colaboradores para as corretas manipulações.
Físico: espinhas
Qual - Solicitar ações ao fornecedor de origem.
Qualidade: Produto sem padrão ou
- Suspender a compra.
classificação
Químico: nenhum Q: -
B: Garantir a temperatura adequada.
Biológico: Bactérias: Vibrio Q: - - Manutenção da cadeia fria (para evitar multiplicação
parahaemolyticus; Biológico: bacteriana).
Pleisiomonas sp.; Bactérias: - Cozimento adequado pelo consumidor.
Aeromonas sp.; Salmonella spp.; multiplicação. - Evitar contaminação cruzada pelo consumidor.
Shigella sp. - Congelamento (para os parasitas) pelo consumidor.
Q: - Q: -
Parasitas e vírus:
B – média B – médio F - Inspecionar durante os manuseios dos pescados a
2 - Armazenamento Parasitas: Giardia lamblia (ou outros contaminação de
F – baixa F – alto permanência de fragmentos de ossos ou espinhas.
refrigerado parasitas intestinais humanos ou de origem.
Qual – baixa Qualidade: - Treinar colaboradores para as corretas manipulações.
animais de sangue quente)
Qualidade: - -
Físico:
Vírus: da hepatite A; contaminação de Qual -
Vírus Norwalk origem.
Qualidade: nenhum
Físico: Espinha
Biológicos:
Bactérias: Vibrio parahaemolyticus;
Pleisiomonas sp.; B: Bactérias –
B: Bactérias – Garantir manutenção da cadeia fria e
Aeromonas sp.; Salmonella spp.; multiplicação
cozimento efetivo no consumidor.
Shigella sp. devido à problemas
de temperatura e
4 – Embalagem/ Parasitas – Congelamento ou cozimento efetivo pelo
Parasitas: Giardia lamblia (ou outros tempo. B – média B – médio
rotulagem/ consumidor.
parasitas intestinais humanos ou de Parasitas e vírus – F: - F: -
precificação
animais de sangue quente) contaminação de
Vírus – Cozimento efetivo e evitar contaminação cruzada.
origem.
Vírus: da hepatite A
F: -
Vírus Norwalk F:
Físico: nenhum
Data: 00/00/00
Aprovado por: Antônio Carlos da Silva (Coordenador)
[207]
Exemplos:
TIPO DE PERIGO JUSTIFICATIVA DO PERIGO NA ETAPA
Formação da toxina por falhas de tempo e temperatura na
Toxina estafilocócica
etapa.
Bactérias vegetativas (Salmonella sp., Listeria
Multiplicação por falhas de temperatura do equipamento.
monocytogenes etc.)
Contaminação de origem ou permanência por falhas
Parasitas (Entamoeba histolytica, Ascaris lumbricoides) no processo de lavagem do produto (obs.: lembrar que
parasitas não se multiplicam nos alimentos).
Germinação dos esporos que sobreviveram ao tratamento
térmico, transformando-se em células vegetativas (Bacillus
cereus) que se multiplicam por falhas no controle de tempo
Bacillus cereus (esporos) e de temperatura na etapa (obs.: lembrar que o real perigo
é o Bacillus cereus em taxas elevadas e não os esporos,
e que os esporos não se multiplicam nos alimentos, eles
germinam).
Contaminação de origem ou permanência por falha na etapa
Vírus entéricos (Rotavírus, vírus da hepatite)
(obs.: lembrar que vírus não se multiplicam nos alimentos).
Contaminação de origem ou permanência por falhas no
Perigos físicos (fragmentos de insetos, terra) processo de lavagem do produto (obs.: lembrar que os
perigos físicos não se multiplicam nos alimentos).
Perigos químicos (drogas veterinárias, agrotóxicos, Contaminação de origem ou permanência por falhas no
resíduos de detergente) processo de enxágue do produto.
FORMULÁRIO A
Número da Revisão: 00
Determinação da criticidade das Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul
matérias-primas/Ingredientes Seção: 01
Página: 1/1
QUESTÃO 2 -
QUESTÃO O PROCESSO
1 – O PERIGO ELIMINARÁ
MATÉRIA-PRIMA/ CRÍTICA/
PERIGOS IDENTIFICADOS (Q, B, F, QUAL.) OCORRE ACIMA OU REDUZIRÁ
INGREDIENTE NÃO CRÍTICA
DOS NÍVEIS O PERIGO A
ACEITÁVEIS? UM NÍVEL
ACEITÁVEL?
Químico: Toxinas marinhas (ciguatoxinas
Não - Não crítica
de algas marinhas azuis e verdes)
Biológico: Bactérias: Vibrio
parahaemolyticus;
Pleisiomonas sp.; Aeromonas sp.;
Salmonella spp.;
Shigella sp. Sim (no
Pescados Sim consumidor) Não crítica
marinhos Parasitas: Giardia lamblia (ou outros
parasitas intestinais humanos ou de
animais de sangue quente)
Data: 00/00/00
Aprovado por: Antônio Carlos da Silva (Coordenador)
[209]
ÁRVORE DECISÓRIA 1
SIM NÃO
Não é crítica
Q2. O processo ou o
usuário eliminará o perigo
SIM ou o reduzirá a um nível NÃO
aceitável?
Número da Revisão: 00
Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul Determinação dos pontos críticos de controle (PCC) no Processo
Seção: 01
Página: 1/1
Questão 4:
O perigo é Questão 1:
Questão 3: O Uma etapa
controlado pelo Existem medidas Questão 2: Esta
perigo pode subsequente
programa de pré- preventivas/ etapa elimina ou
Etapa do processo Perigos ocorrer ou eliminará ou PC/PCC
requisitos nesta controle para reduz o perigo a
aumentar a níveis reduzirá o
etapa? Se SIM, é o perigo no níveis aceitáveis?
inaceitáveis? perigo a níveis
efetivo? processo?
aceitáveis?
Químico: Toxinas marinhas
(ciguatoxinas de algas marinhas
azuis e verdes)
Físico: espinhas
Físico: espinha
Qualidade: nenhum
Biológico: Bactérias: Vibrio
parahaemolyticus;
Pleisiomonas sp.;
Aeromonas sp.; Salmonella spp.;
Shigella sp.;
Staphylococcus aureus (toxina) e E.
coli patogênica
B: não B: sim B: não B: sim B: sim B: não é PCC
3 – Manipulação/
Parasitas: Giardia lamblia (ou outros
evisceração
parasitas intestinais humanos ou de F: sim/não F: sim F: sim F: - F: - F: PCC 1 (F)
animais de sangue quente)
Vírus: da hepatite A
Vírus Norwalk
Físico: espinha
[211]
Questão 4:
O perigo é Questão 1:
Questão 3: O Uma etapa
[212]
Vírus: da hepatite A
Vírus Norwalk
Físico: nenhum
Data: 00/00/00
Aprovado por: Antônio Carlos da Silva (Coordenador)
[213]
ÁRVORE DECISÓRIA 2
SIM
NÃO
Existem, no processo,
Modificar etapas no
medidas preventivas
processo ou no produto
para o perigo?
SIM
SIM
NÃO
NÃO
PC*
SIM SIM
Uma etapa
subsequente eliminará
SIM
ou reduzirá o perigo a
níveis aceitáveis?
NÃO
Não é PCC* (pode ser
considerado ou
não como um PC)
PCC
[214]
FORMULÁRIO C
Número da Revisão: 00
Perigos que não são controlados no Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul
estabelecimento Seção: 01
Página: 1/1
Vírus: da hepatite A
Vírus Norwalk
Data: 00/00/00
Aprovado por: Antônio Carlos da Silva (Coordenador)
Número da Revisão: 00
Data: 00/00/00
Peixaria Mar Azul Resumo do Plano APPCC
Seção: 01
Página: 1/1
MEDIDAS CORREÇÃO/
PC OU LIMITE
ETAPA PERIGO PREVENTIVAS/ MONITORAMENTO AÇÃO REGISTRO VERIFICAÇÃO
PCC CRÍTICO
DE CONTROLE CORRETIVA
O quê? Se os
pescados são
oriundos de
fornecedores
O quê? Qualificação
Selecionar qualificados
de fornecedor
fornecedores Como? Checando
Como? Questionário
que conheçam o Questionário o questionário ou
Q: toxinas ou visita técnica Substituir o
Recebimento PC (Q) local de captura ou check-list relatório de visita
marinhas Quando? A cada fornecedor
e evitem pesca de visita Quando?
novo fornecedor
em áreas com Mensalmente
Quem? O monitor
algas tóxicas. Quem? O
José Freitas
coordenador da
equipe APPCC,
Antônio Carlos da
Silva
O quê?
Preenchimento
O quê? Presença de de planilha e
espinhos acompanhamento
Inspecionar
Como? Visualmente Planilha de do processo
durante o
Manipulação/ PCC Quando? A cada Retirar monitoramento Como?
F: espinhas manuseio se Ausência
evisceração (físico) processo espinhas de perigos Visualmente
há espinhas
Quem? físicos Quem? O
residuais.
O monitor Alberto coordenador da
Lima equipe APPCC,
Antônio Carlos da
frequência para revisão do Plano APPCC, incluindo a revisão de registros etc.
Silva
trada por meio de um “visto” nos documentos utilizados nos monitoramentos.
listas de presença de treinamentos etc. A verificação também pode ser regis-
vários, como por exemplo: laudos de análises, ordens de serviço de calibração,
É fundamental indicar no resumo do plano APPCC quem fará a verificação,
críticos utilizados, programação de auditorias internas, estabelecimento de
mentos de medição, manutenção de equipamentos, reavaliação dos limites
tação de preenchimento de planilha, programação de calibração dos equipa-
1 OBJETIVO
A Norma ABNT NBR ISO 22000 especifica requisitos para o sistema de ges-
tão da segurança de alimentos, em que uma organização precisa demonstrar
sua habilidade em controlar os perigos, garantindo que o alimento está seguro
no momento do consumo. É aplicável a todas as organizações, independente-
mente do seu porte, e especifica requisitos que permitam a uma organização:
a) Implementar um sistema de gestão da segurança do alimento;
b) Demonstrar a conformidade com os requisitos estatutários e regulató-
rios da segurança de alimentos aplicáveis;
c) Atender as exigências do cliente relacionadas à segurança;
d) Comunicar eficazmente assuntos de segurança aos fornecedores, clien-
tes e outras partes interessadas;
e) Assegurar que a Organização está em conformidade com sua política de
segurança de alimentos declarada;
f) Demonstrar esta conformidade às partes interessadas relevantes;
g) Buscar certificação, ou registro, ou autoavaliação ou autodeclaração da
conformidade com esta Norma.
2 REFERÊNCIA NORMATIVA
As referências normativas são os documentos que necessariamente devem
ser utilizados em paralelo à presente norma, para garantir sua compreensão.
Está citada na ABNT NBR ISO 22000 a seguinte referência normativa: ABNT
NBR ISO 9000:2000 – Sistemas de gestão da qualidade. Fundamentos e voca-
bulário.
Obs.: Para referências datadas, aplica-se a última edição do referido docu-
mento, incluindo emenda.
3 TERMOS E DEFINIÇÕES
a) Há 17 termos e definições nesta Norma.
b) Aplica-se a terminologia da ABNT NBR ISO 9000, exceto outras especifi-
cadas na Norma.
c) Para termos não definidos, mantém-se a definição do dicionário.
d) O uso de negrito indica uma referência cruzada com outro termo definido
na seção, dada entre parênteses.
5 RESPONSABILIDADE DA DIREÇÃO
Esta seção estabelece quais são os requisitos a serem cumpridos para com-
provar o comprometimento da direção em relação ao sistema de Gestão da
Segurança de Alimentos. As evidências a serem apresentadas e como serão
[220]
6 GESTÃO DE RECURSOS
Esta seção estabelece os requisitos a serem cumpridos sobre os recursos
destinados a garantir a implantação, manutenção e atualização do sistema de
Gestão da Segurança de Alimentos.
6.1 Provisão de recursos
6.2 Recursos humanos
6.3 Infraestrutura
6.4 Ambiente de trabalho
9 ANEXOS A, B E C
O anexo A estabelece referências cruzadas entre a ABNT NBR ISO 22000 e a
ABNT NBR ISO 9001. O anexo B estabelece as referências cruzadas entre o sis-
tema APPCC e a ABNT NBR ISO 22000. O anexo C fornece uma lista de códigos
e diretrizes do Codex Alimentarius para serem utilizados como referência.
ABNT/NBR 15635
Apesar de a norma ABNT NBR ISO 22000 ser aplicável a todos os tipos de
organizações do setor de alimentos, há milhares de empresas de pequeno porte,
principalmente em serviços de alimentos (muitas dos setores atacadista e varejis-
ta), que estão longe de perceber e entender que poderiam buscar essa implanta-
ção, sobretudo aquelas que não pretendem exportar.
Em 2007, foi realizada uma pesquisa junto aos hotéis, bares, restaurantes
e similares de todo o Brasil pelo Sindicato da Federação da classe sobre a nor-
ma ABNT NBR ISO 22000 – Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos. O
resultado da pesquisa indicou que 90% dos associados tinham grande interesse
de certificar seus estabelecimentos, porém desejavam que houvesse uma norma
mais aplicável ao setor de serviços de alimentação que focasse principalmente as
Boas Práticas e a garantia de seus alimentos para consumo, já que a ISO 22000
lhes parecia complexa.
Dessa forma, foi elaborada a Norma ABNT NBR 15635 – Requisitos de
Boas Práticas Higiênico-Sanitárias e Controles Operacionais Essenciais (COE).
Esta norma estabelece os requisitos e seus cumprimentos relativos às Boas Prá-
ticas e ao POP (Procedimentos Operacionais Padronizados), que já são exigidos
pela legislação sanitária do país e ainda incluem outros requisitos que reforçam
a garantia da qualidade dos alimentos produzidos, pois se referem a controles de
etapas consideradas fundamentais no processo seguro.
O diferencial desta Norma está justamente na inclusão de controles em
cinco etapas do processo. Estas etapas são:
1 ESCOPO
a) A quem a norma se destina, ou seja, a quais tipos de empresa se aplica.
b) Quais os objetivos da norma e os resultados alcançados com sua implan-
tação, implementação e manutenção.
Esta norma se aplica a todos os estabelecimentos prestadores de serviços
que realizam atividades tais como: manipulação, preparação, fracionamento,
armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de ali-
mentos preparados para o consumo.
Estes estabelecimentos, independentemente do porte, desde que não regula-
mentados por legislação específica, incluem: cantinas, bufês, lanchonetes, pa-
darias, pastelarias, bares, restaurantes, rotisserias, comissarias, confeitarias,
delicatessens, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, cozinhas hospita-
lares, cozinhas escolares e similares.
Esta norma pode ser utilizada por todos os estabelecimentos que desejam
assegurar e demonstrar que as Boas Práticas e os controles operacionais es-
senciais estão implantados, implementados e mantidos conforme requisitos
desta norma, e buscar certificação de Boas Práticas higiênico-sanitárias e de
controles operacionais essenciais.
2 REFERÊNCIA NORMATIVA
Na seção “documentos de referências” são citadas as literaturas, normas ou le-
gislações imprescindíveis para auxiliar a compreensão da Norma em questão
– ou seja, ao ler esta Norma, é importante ter ao lado a RDC 216, de 15/09/04:
“O documento relacionado a seguir é indispensável à aplicação deste docu-
mento. Para referências datadas, aplicam-se somente as edições citadas. Para
referências não datadas aplicam-se as edições mais recentes do referido do-
cumento (incluindo emendas).
BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Reso-
lução RDC 216, de 15 de setembro de 2004, dispõe sobre Regulamento Técnico
de Boas Práticas para serviços de Alimentação.”
3 TERMOS E DEFINIÇÕES
A Norma ABNT NBR 15635:2008 estabelece 14 definições de termos. Vale
ressaltar que o significado dos termos se aplica a este documento, podendo
apresentar significados diferentes em outros. Termos não mencionados nesta
seção mantêm sua definição de dicionário. Quando abaixo do termo houver a
citação de outro documento entre chaves, indica que se trata da mesma defini-
ção utilizada no documento citado.
[223]
4 REQUISITOS GERAIS
Esta seção cita as responsabilidades dos estabelecimentos perante a norma,
que são:
» Documentos a serem apresentados.
» Comprometimento das empresas, demonstrado e comprovado com evi-
dências.
» Provisão de recursos destinados ao atendimento da norma, incluindo re-
cursos humanos necessários.
4.1 Generalidades
4.2 Requisitos de documentação
Este requisito indica quais documentos os estabelecimentos devem pos-
suir. Por exemplo, Manual de Boas Práticas, planilhas de monitoramento
etc. Esta subseção estabelece também que a documentação deve ser da-
tada e assinada, sendo conveniente criar um método de controle dos docu-
mentos para que versões obsoletas não sejam utilizadas.
4.3 Responsabilidades da administração
4.3.1 Comprometimento da administração
Nesta subseção, a norma indica quais as responsabilidades da admi-
nistração da empresa:
» Fornecer evidências do seu comprometimento na implantação das
Boas Práticas e COE, garantindo a disponibilidade de recursos.
» Definir responsabilidades e comunicar a todos.
» Indicar o coordenador de Boas Práticas.
» Prover recursos.
4.3.2 Provisão de recursos
5 PRODUÇÃO DE ALIMENTO
Esta seção é o coração da norma. É onde está descrito todo o programa de Boas
Práticas e o controle das cinco etapas essenciais para a produção de alimentos
com boas condições higiênico-sanitárias. Para facilitar a localização dos requi-
sitos das Boas Práticas na norma, são dadas as seguintes orientações:
» Da subseção 5.2.1 até 5.2.15 estão descritos os requisitos das Boas Práti-
cas e os quatro Procedimentos Operacionais Padronizados (POP).
» Na subseção 5.3 estão descritas as etapas da produção de alimentos,
desde o recebimento até a entrega ao consumidor. Nem todas as etapas
mencionadas são aplicáveis a todas as empresas.
» Na subseção 5.4 estão descritas quais etapas produtivas são essenciais
e devem ser controladas. Também descreve como esses controles devem
ser estabelecidos.
5.1 Generalidades
5.2 Programa de Boas Práticas
5.2.1 Edificação, layout e instalações físicas apropriadas
5.2.2 Suprimento de água
5.2.3 Descarte de efluentes, esgoto ou fossa séptica e caixa de gordura
[224]
Número da Revisão: 00
Restaurante CONTROLE OPERACIONAL ESSENCIAL Data: 00/00/00
Flor de Lis Higienização de hortifrútis Seção: 01
Página: 1/1
PROCEDIMENTOS DE MONITORAMENTO/REGISTROS
» O que monitorar: a concentração da solução clorada e tempo de imersão.
» Como monitorar: observação visual da fita dosadora, comparando com a co-
loração-padrão; controle do tempo de imersão com relógio.
» Frequência do monitoramento: diariamente com registro para quatro
produtos.
» Monitor responsável: monitoras Maria Leda ou Josiane.
» Registro: planilha de lavagem e desinfecção de hortifrútis.
» O limite crítico utilizado no monitoramento é: mínimo 100 ppm e máximo 200
ppm por 15 minutos.
AÇÕES CORRETIVAS
Sempre que forem verificadas não conformidades relativas a higienização,
identificadas durante os monitoramentos, poderá ser necessário realizar as
seguintes ações corretivas:
» Realizar nova lavagem.
» Proceder a nova desinfecção (refazer a solução clorada).
» Manter mais tempo na imersão.
» Retreinar a equipe.
PROCEDIMENTOS DE VERIFICAÇÃO/REGISTROS
» O que verificar:
a) o preenchimento da planilha de lavagem.
b) acompanhamento da etapa de desinfecção de hortifrútis.
c) programação da coleta de amostra para análise microbiológica.
» Como verificar:
a/b) visualmente na rotina e colocando um visto nas planilhas.
c) avaliando o laudo da análise microbiológica.
» Frequência da verificação:
a/b) semanalmente.
c) duas amostras a cada mês.
» Responsável pela verificação: coordenador.
» Registro:
a/b) planilha de lavagem e desinfecção de hortifrútis.
c) laudo da análise microbiológica.
Data: 00/00/00
Aprovado por: Renata Paiva (Coordenadora)
[227]
CERTIFICAÇÃO
Adquirir a Norma
Estudar a Norma
Contratar um organismo
certificador para envio de proposta
Avaliar a proposta
Enviar as documentações
solicitadas na proposta
Agendar auditoria
GLOSSÁRIO
[230]
Ação corretiva4neste livro, a expressão tem o sentido de “correção”, ação para eli-
minar uma não conformidade detectada. Esta acepção é utilizada pelo Sistema
APPCC. Já a ABNT NBR ISO 9000:2000 a define como “ação para eliminar a
causa da não conformidade detectada ou outra situação indesejável. Pode exis-
tir mais de uma causa para a não conformidade. Ação corretiva inclui análise
da causa e é realizada para evitar a recorrência”.
Dispneia4dificuldade na respiração.
Dureza (da água)4parâmetro que indica o nível de sais minerais dissolvidos na água
(magnésio, potássio, cálcio etc.).
Hepatomegalia4aumento do fígado.
Hidrolizar4tornar líquido.
Implantar4estabelecer, introduzir.
Senescência4processo de envelhecimento.
Soluto4substância dissolvida.
REFERÊNCIAS
[236]
SITES CONSULTADOS
http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/alimentos/codex_alimentarius.pdf. [cap-
turado em jun. 2010].
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/SAC_alimentos.pdf. [capturado
em 9 jun. 2010].
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/telemarketing/call-
-centers-telemarketing-atendimento-consumidor-sac-reclamacoes.shtml. [captura-
do em 9 jun. 2010].
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/ecoli_enteropato.htm. [capturado em
31 maio 2010].
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_TN_STO_070_501_11886.pdf.
[capturado em 5 jul. 2010].
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?679. [capturado em 23 jul. 2009].
http://www.nutrimais.com/nutri/trabalho/alerg_alim.asp. [capturado em 23 jul.
2009].
http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/pag_conhec/FMEAv2.
html. [capturado em 5 jul. 2010].