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As Infecções Respiratórias Agudas na


infância como problema de saúde pública
no Brasil

Antônio Augusto Moreira Barbosa Maria Clara Costa de Oliveira


Centro Universitário Euroamericano - UNIEURO Centro Universitário Euroamericano - UNIEURO

Daniel Soares da Silva Maria Eduarda Gonzaga Zotti


Centro Universitário Euroamericano - UNIEURO Centro Universitário Euroamericano - UNIEURO

Luisa Bandeira Castilho Flávia Perassa de Faria


Centro Universitário Euroamericano - UNIEURO Centro Universitário Euroamericano - UNIEURO

'10.37885/220709304
RESUMO

Introdução: As infecções respiratórias agudas (IRA) são processos infecciosos autolimita-


dos que acometem o aparelho respiratório com elevada incidência e taxa de mortalidade na
primeira infância, constituindo um relevante problema de saúde pública. Objetivo: Descrever
de que forma as infecções respiratórias agudas na infância impactam na saúde pública do
Brasil. Métodos: Revisão integrativa de literatura, por meio do levantamento bibliográfico e
síntese dos artigos encontrados nas bases de dados Scielo, MEDLINE e BVS. Resultados:
Constatou-se a relação entre a alta prevalência e morbimortalidade das IRA em crianças
menores de 5 anos e o reconhecimento e tratamento adequados dessas enfermidades por
parte dos profissionais de saúde, assim como o impacto dessas ações nos gastos em saúde
pública no país. Conclusão: infecções respiratórias agudas são um problema de saúde pú-
blica no Brasil, o qual está diretamente associado à qualidade dos serviços de atendimento
à saúde, à indicação correta de exames e a implicação financeira desses fatores.

Palavras-chave: Infecções Respiratórias, Criança, Saúde Pública.


INTRODUÇÃO

As infecções respiratórias agudas (IRA) são processos infecciosos autolimitados que


acometem o aparelho respiratório e são classificadas, de acordo com o Manual de Normas
para Controle e Assistência das Infecções Respiratória Agudas (BRASIL, 1993), confor-
me a região anatômica que afetam: infecções das vias aéreas superiores (rinofaringite,
faringite, amigdalite, otite média, sinusite e laringite) e infecções das vias aéreas inferiores
(bronquite, bronquiolite e pneumonias), sendo que as últimas levam a quadros mais gra-
ves (FILHO, 2017).
As manifestações clínicas e a gravidade dos sintomas dessas infecções variam de
acordo com o tipo de IRA, mas de modo geral são caracterizadas por quadros leves a mode-
rados (FILHO, 2017). As IRAs têm como agentes infecciosos mais comuns os vírus – como
Vírus Sincicial Respiratório (VSR), vírus do sarampo, vírus da parainfluenza humana de tipo
1, 2 e 3 (PIV -1, PIV -2 e PIV -3), vírus influenza e vírus da varicela – e as bactérias – como
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e Staphylococcus aureus
(BELINI et. al., 2021).
A imunização através das vacinas representa uma importante medida de prevenção
para as infecções respiratórias agudas e seus agravos. Atualmente, o calendário de vacina-
ção infantil contempla as seguintes vacinas: BCG, hepatite B, rotavírus, pentavalente, DTP,
VIP/VOP, pneumocócica 10, meningocócica C, febre amarela, tríplice e tetra viral, varicela
e hepatite A (JUNIOR, et. al., 2018).
Idosos, crianças e populações em situação de vulnerabilidade social são mais susce-
tíveis a essas infecções (CARDOSO, 2010). As IRAs na infância representam de 30 a 40%
dos motivos de consultas médicas e hospitalizações (PEDRAZA, 2017), sendo que crianças
que frequentam creche ou escola apresentam uma taxa de infecção referente a 88,88%
(BELINI, et al., 2021). As IRAs são uma das principais causas de morbidade e mortalidade
em crianças menores de 5 anos, e têm fatores de risco como a prematuridade, o baixo peso
ao nascer, as condições socioeconômicas e sanitárias, a desnutrição e o desmame precoce,
dentre outros (BELINI et al., 2021). Nesse âmbito, em 2015 as infecções respiratórias do
trato inferior ocupavam a 5ª posição no ranking das principais causas de mortalidade em
menores de 5 anos (FRANÇA et al., 2017), sendo a pneumonia adquirida na comunidade
(PAC) a principal responsável pela morte de crianças nessa faixa etária, resultando em cerca
de 921 mil mortes no ano de 2015 (CARVALHO, 2020).
Portanto, devido a sua elevada incidência e taxa de mortalidade na primeira infância,
além da consequente pressão sobre os serviços de saúde, as IRAs constituem um relevante
problema de saúde pública no Brasil (BENGUIGUI, 2002). Ademais, de acordo com Prato,
no âmbito nacional, as doenças respiratórias “tornam-se um grande desafio e exigem ações

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como pesquisas e estratégias governamentais para lidar com essa problemática” (PRATO
et al., 2014, p. 37).
Desse modo, diante da magnitude do problema e da importância da produção literária
a seu respeito, o objetivo deste trabalho foi descrever de que forma as infecções respira-
tórias agudas na infância impactam na saúde pública do Brasil, por meio de uma revisão
integrativa da literatura.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, por meio do levanta-
mento bibliográfico e síntese das pesquisas disponíveis (SOUZA, 2010), sobre as infecções
respiratórias agudas na infância como um problema de saúde pública no Brasil. O tema e a
pergunta norteadora foram definidos com base em conhecimentos teóricos prévios e através
da pesquisa de definições, para a formulação de uma questão relevante acerca do tema e
da área escolhida.
Para a elaboração do estudo, formulou-se a seguinte pergunta norteadora: De que
forma as infecções respiratórias agudas na infância impactam na saúde pública do Brasil?
A seleção de artigos ocorreu após a leitura do título, métodos e resumo. Foram sele-
cionados documentos produzidos a partir de 1993, obtidos na EBSCO contendo as bases de
dados: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), MEDLINE e Biblioteca Virtual da Saúde
(BVS), nos meses de abril e maio de 2022, utilizando os descritores: infecções respiratórias
agudas na infância, epidemiologia, prevenção e Brasil.
Foram usados como critérios de inclusão: artigos disponíveis na íntegra e online, do-
cumentos escritos em português e inglês, textos relacionados à temática de interesse e
como critérios de exclusão: artigos com acesso restrito, textos que não tinham relação com
o tema e artigos duplicados.
Para a filtragem dos resultados da pesquisa, foram usados os operadores booleanos
AND, que provê a união entre os descritores e NOT para excluir termos e tópicos não rela-
cionados ao tema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram selecionados 9 artigos e 2 manuais, publicados no período entre 1993 e 2020,


sendo 2 artigos e 2 manuais publicados na BVS e 7 artigos na Scielo. Para facilitar a leitura
e a compreensão, os artigos foram separados por temas: sete artigos abordam sobre as
infecções respiratórias agudas na infância como causa de mortalidade e problema de saúde
pública, um manual trata sobre o calendário nacional de vacinação infantil, um artigo descreve

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as análises de situações em clima e saúde, um artigo aborda sobre a pneumonia e por fim,
foi utilizado o manual de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância. (Tabela 1)

Tabela 1. Relação de artigos e manuais incluídos.

Base de Dados Título do Artigo Autor Periódico (vol., n°, p., ano) Considerações Temáticas
Aponta os motivos pelos quais as infecções
respiratórias agudas são um problema de
As infecções respirató-
saúde pública, sendo uma das principais
rias agudas na infância Bol. Pneumol. Sanit., v.
Scielo Benguigui, Yehuda causas de morbimortalidade na infância.
como problema de 10, n° 1, p. 13-22, 2002
Relata que estratégias para melhorar a as-
saúde pública
sistência em saúde são o melhor caminho
para o controle adequado do problema.
Descreve os principais agentes etiológicos
A persistência das para as infecções respiratórias agudas e, a
infecções respiratórias Cadernos de Saúde partir de dados epidemiológicos, classifica
Cardoso, Andrey
Scielo agudas como problema Pública, v. 26, n° 7, p. o Brasil como um dos países com mais
Moreira
de saúde pública no 1270-1271, 2010 casos de IRAs em menores de 5 anos de
Brasil idade e que a doença mais prevalente é a
pneumonia.
Community-acquired
Apresenta evidências atualizadas sobre
pneumonia among
Carvalho, Cristiana M. Jornal de Pediatria, v. 96, a pneumonia adquirida na comunidade
Scielo children: the latest
Nascimento suppl 1, p. 29-38, 2020 em crianças e o manejo adequado dessa
evidence for an updated
infecção.
management
Infecções Respiratórias Revista Faculdades Inte- Descreve as principais infecções respirató-
Filho, Edivá Basilio da
BVS de Importância Clínica: gradas Aparício Carvalho, rias quanto à epidemiologia, tipo de infec-
Silva, et al.
uma Revisão Sistemática v. 4, n° 1, p. 7-16, 2017 ção e agentes etiológicos mais prevalentes.
Principais causas da
Apresenta a diminuição do número de
mortalidade na infância
Revista Brasileira de Epi- óbitos em menores de 5 anos de 1990 para
no Brasil, em 1990 e França, Elizabeth
Scielo demiologia, v. 20, suppl 1, 2015. Aponta para o fato de que as mortes
2015: estimativas do Barboza et al
p. 46-60, 2017 em 2015 estão associadas à falta de políti-
estudo de Carga Global
cas públicas e de gestão em saúde.
de Doença
A evolução histórica
Revista Enfermagem Apresenta a evolução do calendário vacinal
BVS do calendário vacinal Junior, Morais, et al.
atual, v.85 n. 23, 2018 infantil no Brasil
brasileiro infantil
Internações das crianças
Pedraza, Dixis Figue- Descreve as causas de internações nas
brasileiras menores de Epidemiol. Serv. Saúde, v.
Scielo roa; Araujo, Erika crianças brasileiras menores de cinco anos
cinco anos: revisão siste- 26, n°1, p. 169-182, 2017
Morganna Neves de relatadas na literatura.
mática da literatura
Este artigo de revisão integrativa, teve
como objetivo analisar as produções
científicas da área da saúde a respeito
Prato, Maria Izabel das infecções respiratórias na infância.
Revista da Sociedade
Doenças respiratórias Claus; Silveira, Como resultado, foi revelado o nível de
Brasileira de Enfermeiros
Scielo na infância: uma revisão Andressa da; Neves, evidência seis, sugerindo que as pesquisas
Pediatras, v. 14, n. 1, p.
integrativa Eliane Tatsch; Bu- desenvolvidas na área não retratam fortes
33-39, 2014
boltz, Fernanda Luisa evidências.
Logo, foi recomendado a promoção de
práticas educativas que compreendam um
cuidado integral.
Souza, Marcela Tava- Instituto Israelita de Apresenta as fases constituintes de uma
Revisão integrativa: o res de; Silva, Michelly Ensino e Pesquisa Albert revisão integrativa e os aspectos relevantes
Scielo
que é e como fazer Dias da e Carvalho, Einstein, v. 8, p. 102-106, a serem considerados para a utilização
Rachel 2010 desse recurso metodológico.
Este manual constitui o primeiro de um
conjunto de módulos contendo o material
didático utilizado nos cursos de capaci-
AIDPI tação em Atenção Integrada às Doenças
Atenção Integrada às Prevalentes na Infância (AIDPI), tem por
BVS Ministério da Saúde 2. ed. rev., p. 1-34, 2002.
Doenças Prevalentes na finalidade promover uma rápida e signifi-
Infância - Módulo 1 cativa redução da mortalidade na infância,
caracterizando-se pela consideração simul-
tânea e integrada do conjunto de doenças
de maior prevalência na infância.

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Base de Dados Título do Artigo Autor Periódico (vol., n°, p., ano) Considerações Temáticas
Descreve os tipos de IRA, seus sinais e
Manual de Normas para
sintomas. Aponta as estratégias de preven-
Controle e Assistência
BVS Ministério da Saúde 3 ed., p. 1-17, 1993 ção e manejo dos casos, de acordo com a
das Infecções Respirató-
avaliação e conduta preconizada para cada
ria Agudas
um.
Fonte: Dados da pesquisa.

As IRA como causa de morbidade e mortalidade na infância

As infecções que causam obstrução da passagem de ar dos tratos respiratórios su-


perior e inferior representam um grave problema de saúde pública (FILHO, 2017). Isso se
deve ao fato de aumentarem a morbidade, a mortalidade e os custos a elas relacionados,
além de afetar de forma negativa a segurança do paciente e a qualidade dos serviços de
atendimento à saúde da população (BENGUIGUI, 2002).
A incidência de IRA em menores de 5 anos apresenta-se de forma relativamente
homogênea nos países, contrapondo-se às incidências de formas graves (bronquiolite e
pneumonia clínica), das hospitalizações e dos óbitos, que se dão de forma heterogênea
(CARVALHO, 2020). Em países em desenvolvimento, como o Brasil, estima-se 151,8 milhões
de novos casos anualmente, o que corresponde a 95% da incidência mundial em menores
de 5 anos. Destes, de 7 a 13% resultam em internação e mais de 2 milhões evoluem para
óbito (CARDOSO, 2010). Tais dados exorbitantes, posicionam o Brasil no ranking dos 15
países com maior número de casos anuais de IRA nessa faixa etária. Nesse grupo, por
volta de 50% das consultas ambulatoriais, mais da metade das hospitalizações e 15% dos
óbitos são atribuídos a esta causa, sendo 80% destes por pneumonia (CARVALHO, 2020).
Segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM/CENEPI/MS), as infecções
respiratórias agudas fazem parte de 5,8% das causas de mortalidade infantil e mais de
750.000 internações anuais de crianças no Brasil, além disso são responsáveis por mais de
40% dos gastos hospitalares, o que demonstra o impacto significativo que essas infecções
têm sob os gastos em saúde no país (FRANÇA, 2017).

Aspectos do atendimento às IRA em crianças nos serviços públicos de saúde

A frequência com que as crianças sofrem de doenças do trato respiratório superior,


além do reconhecimento e tratamento adequados dessas enfermidades, determina quanto
as famílias e os serviços de saúde devem investir na assistência aos casos. Fatores como
a identificação imediata ou tardia da doença por parte dos cuidadores da criança, a bus-
ca por atendimento, a propedêutica médica e o tratamento estabelecido têm repercussão
direta na morbimortalidade das IRA, uma vez que determinam a qualidade da assistência
prestada e podem contribuir para a redução da ocorrência de casos graves e de mortes por

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essa causa, bem como para a garantia de um atendimento mais eficaz, tanto nos serviços
de saúde como em casa e na comunidade (BENGUIGUI, 2002).
É relevante destacar que, por diversas vezes, quando os casos de IRA chegam aos
serviços de saúde, o atendimento prestado não é o mais eficiente (PRATO, 2014). O diag-
nóstico de muitos tipos de IRA é clínico, ou seja, pode ser feito com base na análise dos
sinais e sintomas apresentados pelo paciente, durante a anamnese e o exame físico feitos
pelo médico. Entretanto, devido a um despreparo do profissional de saúde, nem sempre o
diagnóstico clínico é feito, consequentemente, são investidos recursos em testes complemen-
tares, como radiografias de tórax e exames laboratoriais, e em medicamentos inadequados
ou que não são imprescindíveis para o tratamento, culminando em uma sobrecarga desne-
cessária do sistema de saúde e dos recursos financeiros familiares. (BENGUIGUI, 2002)
Devido a tais fatores, foi implementada a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes
na Infância (AIDPI), que tem como pilares: a capacitação de recursos humanos no nível
primário de atenção, com a consequente melhoria da qualidade da assistência prestada; a
reorganização dos serviços de saúde, na perspectiva da AIDPI; e a educação em saúde,
na família e na comunidade, de modo que haja uma participação de todos na identificação,
condução e resolução dos problemas de saúde dessa família, especialmente os menores
de 5 anos de idade (BRASIL, 2002).
Tendo em vista a prevalência das IRA nas crianças brasileiras sem tratamento ade-
quado, a AIDPI criou um sistema para diagnóstico das infecções respiratórias agudas, a
partir de um questionário feito durante anamnese, que tem como objetivo classificar o tipo
e a gravidade da doença. Por meio dessa classificação, são sugeridos os tratamentos e as
orientações para cada paciente, fazendo com que o uso de exames complementares fique
restrito aos casos mais graves (BRASIL, 2002).

A segurança do paciente pediátrico atendido com IRA

Muitas crianças com menos de cinco anos de idade, levadas para consulta devido a
uma infecção respiratória aguda, são submetidas a radiografias de tórax, as quais não for-
necem elementos para determinar o melhor tratamento (PEDRAZA, 2017).
Da mesma maneira, foi demonstrado haver uma grande proporção de casos de IRA
tratados desnecessariamente com antibióticos com base nos achados da avaliação clínica
do caso (PEDRAZA, 2017).
Em alguns estudos observou-se que a proporção de casos de IRA tratados com an-
tibióticos foi de 40% ou mais em crianças com menos de um ano de idade e de 60% no
grupo de um a quatro anos. De acordo com as classificações ou os diagnósticos desses

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casos, estima-se que em ambos os grupos etários, não mais de 20% deveriam ter recebido
tratamento com antibióticos (BENGUIGUI, 2002).
A atenção primária dispões de recursos de baixa densidade tecnológica para prevenir
esse grupo de doenças, por meio de imunizações (JÚNIOR, 2019) e antibióticos, evitando
as hospitalizações (PEDRAZA, 2017). Porém, mesmo naqueles casos em que o antibiótico
era necessário, também se observou uma escolha pouco eficiente do medicamento a ser
usado, como também indicações inadequadas a respeito da dose, frequência e duração do
uso dos antibióticos (BENGUIGUI, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos argumentos apresentados, a pergunta norteadora foi respondida. Assim,


fica evidente que as infecções agudas na infância, principalmente em menores de 5 anos,
são um problema de saúde pública no Brasil, visto que a qualidade dos serviços de aten-
dimento à saúde exige não só um claro reconhecimento dos quadros pelos profissionais
que ali trabalham, mas também a indicação de exames que são efetivamente necessários
para evitar o diagnóstico errôneo e a iatrogenia (causada por irradiação desnecessária ou
medicamentos que em nada contribuem).
Ademais, a visão integrada das doenças da infância é, indiscutivelmente, um fator que
contribui para a condução e resolução desses casos. Com a implementação da Atenção
Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), a melhor qualidade da assistência às
infecções infantis do trato respiratório superior pode contribuir para a redução da ocorrência
de casos graves e de mortes por essa causa, bem como garantir que os casos recebam o
atendimento mais eficiente, nos serviços de saúde, sem exposições radioativas ou trata-
mentos desnecessários, levando a resolução do problema de forma rápida e eficaz, com
um menor custo aos cofres públicos.

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