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Módulo III - 3.

Estratégias e técnicas de investigação


Atividade I

Resumos das bibliografias

Amado, J., & Ferreira, S. (2017). Estudos (auto)biográficos e histórias de vida. In J. Amado,
Manual de investigação qualitativa em educação (3.ª edição, pp. 123-145). Imprensa da
Universidade de Coimbra.

II – 1. Estudo de Caso na Investigação em Educação


Os estudos de caso de investigação, o objeto do presente capítulo, podem ser de natureza
quantitativa, de natureza fenomenológica e inter-pretativa, ou mista (os que conciliam o uso de
técnicas e instrumentos próprios das abordagens qualitativas e quantitativas).
O estudo de caso pode consistir no estudo de um indivíduo, de um acontecimento, de uma
organização, de um programa ou reforma, de mu-danças ocorridas numa região, etc.
Podem ser exploratórios; interpretativos; explicativos; quasi -experimentais; de investigação-ação

citação boa: No dizer das autoras brasileiras Ludke e André (1986:17), “quando queremos
estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo, devemos escolher o estudo de caso”.
Yin (1989) “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenómeno
contemporâneo dentro de um contexto de vida real, quando as fronteiras entre o fenómeno e o
contexto não são claramente evidentes, e no qual são utilizadas múltiplas fontes de evidência” (p.
23).

critérios para a escolha de um caso:


– O estudo intrínseco: Este tipo de estudo está geralmente ligado a estudos de caso
avaliativos, quando determinados stakeholders encomendam a avaliação de programas, projetos ou
mudanças num sistema ou nas organizações educativas, por exemplo

– estudo instrumental: Neste caso estamos perante “um problema de investigação, uma
perplexidade, uma necessidade de compreensão global, e sentiremos que poderemos alcançar um
conhecimento mais profundo se estudarmos um caso particular” (ibid, 19).Estudos instrumentais de
caráter descritivo ou exploratório são escolhidos pela sua tipicidade, exemplaridade ou variabilidade

- Estudos de casos múltiplos: estudo de casos múltiplos poderão ainda ser do tipo ramificado ou
holístico. A opção por um estudo de casos múltiplos ramificado, em geral, requer o uso de
alguma abordagem quantitativa, designadamente o survey, em particular se se trata de casos
de grande dimensão e complexidade. Exemplo, Um estudo de casos múltiplos numa lógica de
replicação.

Merriam (2002:38) caracteriza os estudos de caso consoante os seus objetivos. Neste âmbito podem
ser descritivos, interpretativos ou avaliativos.
– Os descritivos procuram dar informação rica, completa e pormeno-rizada (thick description) do
fenómeno (incidente ou entidade) em estudo. Estes estudos são, de algum modo, ateóricos.
– Os interpretativos, assentando na descrição igualmente rica, visam desenvolver categorias
conceptuais ou ilustrar, suportar ou desafiar hipóteses ou teorias estabelecidas antes da colheita de
dados.
– Os avaliativos têm como finalidade primeira formular julgamentos e estabelecer diagnósticos a
partir da descrição e informação. Eles podem, ainda, visar a prescrição de terapêuticas ou promover
mudanças.
Podemos fazer estudos de caso de organizações numa perspetiva: As histórias de vida, e segundo os
autores citados (p. 93) envolvem a possibilidade de se elaborar um estudo de caso com base
sobretudo nas características (ou natureza) do sujeito potencial. Adiante desenvolveremos o tema
das autobiografias como estratégia investigativa.

Ainda em relação aos diferentes tipos de estudo de caso, Stenhouse (1994:49 -50) identifica
quatro estilos possíveis: estudo de caso etnográfico, de avaliação, educacional e de investigação -
ação. E caracteriza -os deste modo:
–Estudo de caso etnográfico – estudo em profundidade de um único caso, através da observação
participante, apoiada pela entrevista; em geral, não se foca diretamente nas necessidades
práticas dos atores, mas preocupa -se com as interpretações e significados que estes atribuem aos
contextos em que participam e isso pode ser motor de desenvolvimento. No capítulo seguinte
desenvolveremos o tema da etnografia como estratégia em si mesmo.
–Estudos de caso avaliativos – neste tipo de investigação um único caso ou um conjunto de casos
são estudados em profundidade, no sentido de facultar informação útil aos educadores ou aos
deciso-res políticos que permita ajuizar do valor de políticas, programas, instituições, etc.
–Estudos de caso educacionais – recorrendo às palavras do autor atrás citado, “muitos
investigadores que usam o método de estudo de caso não estão preocupados nem com a teoria social
nem com o juízo avaliativo, mas com a compreensão da ação educativa” (ibid., 50) e, nesse
sentido, adotam ora uma estratégia próxima do etnógrafo, ora próxima do avaliador.
–Estudo de caso de investigação -ação – aqui a preocupação do in-vestigador é a de contribuir
para o desenvolvimento do caso ou dos casos em estudo “através do feedback de informação
que pode guiar a revisão e refinamento da ação” (ibid.). A investigação -ação será motivo de
desenvolvimento em próximo capítulo

A abordagem holística dos estudos de caso, procurando compreender os comportamentos e


(ou) atitudes, perspetivas, etc., dos atores em determinadas situações e em interação com os
contextos, e tendo em conta que essa interação é determinada por fatores culturais e
subjetivos, implica a existência de uma matriz metodo.

O estudo de caso, mormente o de investigação -ação tem ainda a particularidade de unir diferentes
planos, o epistemológico (compreensão), o pragmático (ação) e o ético.

II -1.4. Acesso ao campo, recolha e análise de dados


seguintes estratégias:
–Triangulação de fontes de dados, de analistas e de teorias – usar métodos variados e
procurar garantir a consistência dos resultados encontrados.
–Integridade contextual – descrever o contexto no qual o fenómeno objeto do estudo de caso se
desenrola: a história, o ambiente físico e social, atividades, rotinas, eventos significativos, perceções
dos seus membros, etc

cuidado posto na recolha:


–Exaustividade das fontes – as fontes de dados (e.g.,, informantes--chave, ficheiros institucionais)
podem ser consultados muitas vezes, mas a certa altura torna -se claro que pouco mais informações
re-levantes se poderão obter a partir dessas fontes.
–Saturação das categorias – quando as categorias utilizadas para codificaros dados parecem
satisfatórias e exaustivas, e/ou quando a continuação da recolha de dados produz apenas
pequeníssimos incrementos de nova informação acerca das categorias em compa-ração com os
esforços despendidos.
–Emergência de regularidades – a determinada altura o investiga-dor observa consistências
suficientes nos dados que lhe permitem inferir que o fenómeno representado por cada construto
ocorre regularmente ou então ocasionalmente.
–Sobreextensão (overextension) – quando, mesmo que capte nova informação, sente que esta
está a afastar -se do núcleo central da in-vestigação e não contribui para a emergência de categorias
relevantes

Citação: á que ter em conta, como diz Stake (2007) que “o verdadeiro objetivo do estudo de caso é
a particularização, não a generalização.

Síntese As características fundamentais dos estudos de caso qualitativos são, seguindo um esquema
de Ludke e André (1986:18 -20), as seguintes:
–visam a descoberta: o que se fundamenta no caráter aberto e revi-sível do conhecimento;
–enfatizam a interpretação em contexto: há que levar sempre em consideração o contexto em
que cada caso se situa. Se o caso se centra numa escola, há que ter em conta a história dessa escola,
a situação geral no momento da pesquisa, etc.;
–visam retratar a realidade de forma completa e profunda: tem -se em conta a complexidade natural
das situações e as relações entre as suas partes;
–usam uma variedade de fontes de informação, de abordagens e técnicas, resistindo à tirania
do dogma metodológico;
–permitem generalizações naturalistas e ecológicas: isto é, um leitor do relatório final fica apto a
estabelecer relações entre as conclusões da análise e a sua própria experiência em situações
semelhantes;
–procuram representar os pontos de vista diferentes e, às vezes em conflito, presentes numa dada
situação. Para tal, a pessoa do in-vestigador tenta trazer para o estudo essa divergência de opiniões,
revelando, ainda, o seu ponto de vista sobre a questão e justificando devidamente a sua opção.

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As narrativas autobiográficas como fonte e método de pesquisa qualitativa em Educação Maria


Passeggi, Gilcilene Nascimento & Roberta de Oliveira

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ATIVIDADE I – EM GRUPO ANÁLISE - Análise do design metodológico de uma tese
doutoral (trabalho em grupo, a realizar até 30 de dezembro de 2023):
fazer a análise do respetivo design metodológico, comparando-o com a bibliografia sugerida
ou outra (relacionar os conceitos teóricos com a sua operacionalização numa investigação
concreta, permitirá identificar e justificar pontos de convergência ou divergência entre teoria
e prática e, de algum modo, também estimular a redação deste tópico na própria tese).

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ATIVIDADE I – INDIVIDUAL - RECENSÃO - Recensão de artigo

Sá, P., Costa, A.& Moreira, A. (Coords.) (2021). Reflexões em torno de metodologias de
investigação: recolha de dados (vol. 2). Universidade de Aveiro. https://doi.org/10.34624/ka02-
fq42

TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS O


Inquérito por questionário: O inquérito por questionário, sendo mais comum a sua
utilização em estudos de grande escala, permite auscultar um número significativo de sujeitos face a
um determinado fenómeno social pela possibilidade de quantificar os dados obtidos e de se
proceder a inferências e a generalizações.
“testes e escalas de atitudes e opiniões, que visam aferir um certo tipo de comportamentos,
reacções, e avaliar a intensidade com que se dá determinada opinião ou atitude”
Procedimentos:
 Tal como para o início de uma investigação, também para a planificação de um inquérito por
questionário é necessário que previamente se defina o problema, o(s) objetivo(s), a(s)
hipótese(s) de estudo (quando necessário), o método, a população em estudo e a amostra
(Brito, 2012;
 Coutinho, 2011; Gonçalves, 2004; Hill, 2014). E também os recursos materiais e humanos
necessários e disponíveis para o estudo.
 estabelecimento da revisão da literatura sobre a problemática
 É neste momento que se deve definir a população a estudar e/ou inquirir – que apresenta
uma determinada característica em comum e que constitui o objeto de estudo
 métodos de amostragem aleatórios para viabilizar a possibilidade de garantir a
representatividade dos indivíduos inquiridos.
o desenho do questionário:
listagem das variáveis e características dos casos; especificação do número de perguntas e tipologia
para cada uma das variáveis; estabelecimento de uma versão inicial para cada pergunta;
delineamento de hipóteses e operacionalização - para medir cada uma das variáveis; reescrita, no
caso de se aplicar, das primeiras versões das perguntas; verificação das versões finais no sentido de
verificar se estão adequadas para testar as diferentes hipóteses operacionais; escrita das instruções
associadas a cada pergunta; e por fim planeamento do questionário.
Em regra, um questionário estrutura-se em três secções distintas: a primeira diz respeito à
introdução na qual se faz a apresentação do investigador, do tema, do(s) objetivo(s) e da
problemática, de forma clara e simples, mostrando o valor acrescentado que o inquérito pode trazer
à investigação com as respostas do entrevistado (Morgado, 2013)

Inquérito por entrevista: é muitas vezes associado a estudos de caráter interpretativo e a planos
de investigação de natureza qualitativa na recolha e análise de dados ou informações, dado o caráter
descritivo e pormenorizado dos mesmos.
a, já que pode incidir sobre atitudes, sentimentos, valores, opiniões ou informação factual –
dependendo da(s) questão(ões), do(s) objetivo(s) e finalidade(s) do estudo
Paralelamente, o investigador deve perceber e definir o tipo de interação/relacionamento que
pretende estabelecer com o entrevistado
A questão da escolha da data, local e preparação do(s) entrevistado(s) para a entrevista
propriamente dita, assume igual centralidade e alcance na condução do(s) objetivo(s) da
investigação.
Sugestões de planeamento na utilização da técnica da entrevista:
Antes:
- Definir o objetivo e finalidade.
- Elaborar o protocolo de consentimento informado para participação na entrevista.
- Construir o guião da entrevista.
- Selecionar os entrevistados.
- Definir a data, hora e local.
- Preparar os entrevistadores, se for o caso (formação técnica).
Durante:
Explicar quem pretende recolher os dados e as razões da recolha.
- Saber escutar para não condicionar as respostas.
- Evitar perguntas indutoras.
- Demonstrar interesse pelas respostas, informações e pontos de vista expressados pelo entrevistado.
- Enquadrar as perguntas que possam colocar o entrevistado numa posição desconfortável ou a
sentir desconforto
- Não emitir juízos de valor (declarações/posições).
- Manter o controlo com diplomacia.
- Utilizar perguntas de introdução e focagem que permitam ao entrevistado estar confortável.
- Pedir esclarecimentos adicionais, quando necessário
Depois:
- Registar as observações sobre o comportamento do entrevistado e o ambiente em que ocorreu a
entrevista.
- Transcrever os registos e entregar cópia ao(s) entrevistados (assegurar a veracidade/exatidão
das informações.

ATIVIDADE I – INDIVIDUAL - RECENSÃO - Recensão de artigo


Artigo para enviar para análise dos professores

Comprehensive Exploration of Digital Literacy: Embedded with Self-Regulation and


Epistemological Beliefs (Exploração abrangente da alfabetização digital: incorporada à
autorregulação e às crenças epistemológicas)

https://link.springer.com/article/10.1007/s10956-020-09887-9#Abs1

ETAPAS PARA FAZER A RECENSÃO

https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/5135/1/Como%20se%20faz%20uma%20Recens
%C3%A3o%20Cr%C3%ADtica.pdf

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